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Modelos de Negócios
e Inovação
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; NETO, Waldemar Barroso Magno.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Empreendedorismo, Modelos de Negócios e Inovação. Wal-
demar Barroso Magno Neto. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Graduação
152 p. e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de
“Graduação - EAD”.
Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de
1. Empreendedorismo. 2. EaD. I. Título. Design Educacional Débora Leite, Head de
Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
CDD - 22 ed. 658 Filho, Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros,
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima, Gerência de Projetos Especiais Daniel
F. Hey, Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
Impresso por: Ribeiro Garcia, Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira, Supervisão do
Núcleo de Produção de Materiais Nádila de
Almeida Toledo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães Cripaldi, Fotos Shutterstock.
8
Na Unidade 4, veremos os Canais do modelo de negócio, que servem para
levar a proposta valor aos clientes, durante o processo de desenvolvimen-
to do cliente. Ainda, terá a oportunidade de saber um pouco mais sobre
o Relacionamento com o Cliente e as formas para atraí-los, mantê-los e
expandi-los.
Na Unidade 5, conheceremos sobre as Parcerias Principais necessárias
para fornecer recursos ou complementar a capacidade da startup. Serão
também apresentados à Estrutura de Custo com seus componentes mais
importantes. Como o desenvolvimento do cliente envolve experiências,
você verá como testar a Solução Proposta junto ao cliente.
Caro(a) aluno(a), antes de iniciar os estudos, lembre-se do seguinte: você é
único, você é fantástico. Acredite que o trabalho em equipe, supervisionado
pelo time da Unicesumar, o surpreenderá, pois, ao final da disciplina, verá
o quanto é capaz de criar e de inovar. Você se tornará uma pessoa autocon-
fiante para empreender e solucionar problemas que lhe serão apresentados.
Sucesso! Conte conosco!
CURRÍCULO DOS PROFESSORES
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15
Modelo
de Negócios
43
Modelo de Negócio:
Segmento de Cliente
e Proposta de Valor
73
Modelo de
Negócio: Canais
e Relacionamento
105
Desenvolvimento
de Cliente: Parcerias
Principais, Estrutura
de Custo e Avaliação
do Modelo de
Negócio
127
22 Tipos de Personalidade
46 Modelo de Negócios
92 Pirâmide
131 Hierarquia da Parceria
com Fornecedores
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Introdução ao
Empreendedorismo
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
UNIDADE 1 17
Vale a pena enfatizar que vocês são capazes de quando o produto ou serviço estiver em um es-
empreender. Muitas vezes, faltará apenas o apoio tágio que possa ser vendido. Para a criação de um
do superior funcional. Para isso, não desista de novo negócio, o fundador contará com o esforço
sua ideia. Em determinado momento, inúmeros pessoal e de outros sócios para que, com pequeno
fatores convergirão para ela ser colocada em prá- investimento, desenvolva o cliente e busque um
tica. Você poderá se tornar um empreendedor ou negócio sustentável.
intraempreendedor. Como você pode ver, o empreendedorismo é
Tive uma experiência quando eu dirigi uma passível de ser praticado por qualquer um, desde
organização militar de manutenção e fabricação. que esteja atento às oportunidades e esteja dis-
Logo que assumi a direção, identifiquei um en- posto a correr risco. E quais seriam estas oportu-
genheiro comprometido, motivado, competente, nidades? São aquelas relacionadas ao cliente com
que possuía mestrado em Engenharia de Produ- suas necessidades e suas dores. E os riscos, quais
ção. Passado um período, verifiquei a necessidade seriam? São aqueles inerentes ao investimento de
de se introduzir o Planejamento, Programação e recursos com a incerteza do retorno.
Controle da Produção (PPCP). Ao comentar com Como futuro profissional da saúde, você de-
ele, fiquei sabendo que já possuía dados estatísti- verá investir em seu próprio negócio, como em-
cos de tempos de processos internos de produção preendedor ou internamente em determinada
e que seria capaz de implementar, no curto prazo, empresa, como intraempreendedor, criando no-
o PPCP, pois havia preparado o processo quando vos produtos ou novos serviços, pois, nesta área,
fez uma disciplina da pós-graduação, porém não temos lançamentos de equipamentos e produtos
foi possível implementar na época. Com conhe- constantemente.
cimento disso, dei todo o apoio para a adoção da Você já deve ter ouvido falar sobre resistência
nova prática de planejamento. Após a introdução a mudanças, pois bem, quem toma a iniciativa de
do novo modelo, chegamos a ter um aumento de criar algo enfrenta a descrença de outras pessoas,
produtividade em determinado processo em cer- pelo desconhecimento ou pelo medo de mudan-
ca de 500%. Isso ocorreu há mais de 10 anos e, até ça do status quo. Para minimizar essa descrença,
hoje, o modelo de planejamento está em utilização pense grande e comece pequeno. Faça experiên-
na organização e já foi aperfeiçoado. cias e mude o plano, se necessário, em função da
Sobre risco, deve-se minimizá-lo na fase inicial aprendizagem obtida.
do negócio, a fim de evitar o dispêndio desneces- Muitas vezes esta resistência é devido ao fato
sário de recursos até que o negócio se sustente. de já estar trabalhando na área a muitos anos, mas
Na empresa, muitas vezes na fase inicial, o cola- devemos lembrar que somar a experiência clínica
borador toma a iniciativa de um novo negócio e com novos saberes é fundamental para se manter
nem mostra a seu chefe. O chefe ficará sabendo no mercado.
18 Introdução ao Empreendedorismo
Similaridades e Diferenças uma pessoa que acredita que o empreen-
Entre Empreendedorismo e dimento é viável.
Intraempreendedorismo • Um e outro necessitam ter proatividade
e persistência.
Adiante, veremos algumas diferenças e similari- • Em ambos, deve-se aprender ao longo da
dades entre Empreendedorismo e Intraempreen- implementação e mudar rumos em fun-
dedorismo (MORRIS; KURATKO, 2000 apud ção do aprendizado adquirido.
MAIER; POP ZENOVIA, 2011). • Em ambos deve-se criar valor e prestar
contas ao cliente.
• Em ambos, há riscos que devem ser ge-
Similaridades renciados, a fim de serem superados e
• Em ambos os processos há a identificação minimizados.
de oportunidades. • Em ambos, deve-se vender a ideia para
• Os dois exigem um conceito inicial de captar recursos.
negócio que tomará a forma de produto, • Em ambos exige-se que o empreen-
processo ou serviço. dedor desenvolva estratégias criativas
• Nos dois casos, há um indivíduo ou uma para captar recursos para alavancar o
equipe movida pela paixão, liderados por negócio.
Diferenças
Quadro 1 - Diferença entre Empreendedorismo e Intraempreendedorismo
UNIDADE 1 19
Perfil do
Empreendedor
20 Introdução ao Empreendedorismo
vir. Daí, eu mesmo me dei a ordem de liderar a organização, de modo a Vocação
ela servir com qualidade as organizações militares apoiadas. Ordenei a Empreendedora
mim mesmo utilizar o estado da arte em gestão e empreender, inovar,
transformar, enfim, realizar-me, fazer algo que fosse significativo. Uma das teorias sobre o perfil
À época, adotamos um modelo tradicional para a produção em empreendedor é a Vocacional.
série e para a manutenção. Mais uma vez, consultei aquele engenheiro Holland (1997), em seus es-
competente, comprometido e ele me recomendou estudar o Sistema tudos, caracterizou as pessoas
Toyota de Produção. Após o estudo, selecionei pessoas motivadas e, por suas semelhanças a 6 (seis)
juntos, introduzimos esse sistema no Parque Regional de Manutenção tipos de personalidades: Rea-
da 5ª Região Militar em Curitiba. lista, Investigativo, Artísti-
É lógico que tive todo apoio de meus chefes, pois o Exército é uma co, Social, Empreendedor,
instituição de Estado, que depende do apoio do escalão superior em e Convencional, como você
termos de recursos e de colocação de pessoal. poderá ver logo a seguir na Fi-
Como líder, temos algumas obrigações. Uma delas é proporcionar gura 1. Quanto mais a pessoa se
condições para que nossos subordinados (colaboradores) estejam assemelha a um tipo, mais ela
motivados, pois a motivação é o combustível para o trabalho bem vai procurar trabalhar naquela
feito. No empreendedorismo, somente pessoas motivadas serão ca- área. Assim, uma pessoa com a
pazes de estarem atentas às oportunidades e dispostos a correr risco personalidade empreendedora
com determinado objetivo. Somente pessoas que acreditam no que buscará empreender e montar
estão fazendo são capazes de liderar equipes. Então, para falarmos novos negócios.
do perfil do empreendedor, temos que falar de motivação, liderança, Como estamos falando de
confiança e de capacidade. ambiente favorável, no traba-
lho também haverá ambien-
tes caracterizados por aqueles
6 (seis) tipos, ou seja: Realista,
Investigativo Investigativo, Artístico, So-
cial, Empreendedor e Con-
vencional. Assim, obtemos as
Realista Artístico condições favoráveis ao em-
preendedorismo quando há a
paridade entre ambiente em-
preendedor e a personalidade.
Outro aspecto a ser lembra-
Convencional Social
do é que a personalidade não se
limita a apenas um tipo dentre os
6 (seis). Normalmente, um pre-
Empreendedor
domina e, ainda, estão visíveis e
presentes mais 2 (dois). A com-
binação desses três determina
Figura 1 - Modelo Hexagonal dos 6 (seis) tipos de Personalidade a própria escolha da profissão.
Fonte: Holland (1997).
UNIDADE 1 21
Elétrica, predomina o tipo Investigativo, seguido de Realista e
Empreendedor (HOLLAND, 1997, p. 269). Pode-se inferir que o
engenheiro será emprendedor se houver um ambiente favorável
a esse comportamento.
As linhas internas que ligam os vértices representam possibi-
lidades de predominância de tipos de personalidades. Observe o
exemplo do Engenheiro de Produção. Há ligação de Empreende-
dor a Investigativo, por uma linha interna e entre Investigativo e
Convencional.
Pessoas com personalidade empreendedora possuem as seguin-
tes características: preferência por atividades que permitam liderar
equipes, destinadas a traçar objetivos organizacionais que tragam
ganhos econômicos. Seu comportamento é voltado para a liderança,
Tipos de Personalidade relacionamento interpessoal, competência para persuadir, habili-
dade para falar em público, elevada autoestima, competência para
Como a personalidade é única, solucionar problemas.
constata-se, também, que carac-
terísticas dos 6 (seis) tipos estão
presentes na personalidade em Capacidade Criativa
maior ou menor grau.
Para lembrar, vocês escolhe- Relembrando a ideia que temos de que o empreendedor é um super
ram uma área de atuação que homem, já começamos a compreender que é possível empreender,
pressupõe um perfil empreen- desde que haja um ambiente favorável para desenvolvermos nossas
dedor, pois o seu curso se des- potencialidades.
tina a solucionar problemas da Como já visto, há a necessidade de o empreendedor ser criativo
sociedade com criatividade e para encontrar uma solução única para um problema inédito. Ro-
coragem para correr riscos. bison (2011, p. 3-4) declarou: “o meu ponto de partida é que todo
Segundo o modelo de Hol- mundo tem vasta capacidade criativa como resultado natural de ser
land (1997, p. 270), na carreira um ser humano. O desafio é desenvolvê-los. A cultura da criativida-
de Engenheiro de Produção, de tem que envolver a todos”. Como vemos, a cultura da criatividade
em um teste vocacional, há a envolve todos e não uns poucos selecionados.
predominância do tipo Em- Outro aspecto a ser destacado é a Era que vivemos. De forma
preendedor, seguido de Investi- simplificada, progredimos de uma sociedade agrícola para a so-
gativo e de Convencional. Tam- ciedade de trabalhadores industriais - e dela para os trabalhadores
bém estão presentes os outros da era do conhecimento. Atualmente, estamos progredindo para a
3 (três) tipos em menor grau. era da sociedade dos inventores e empáticos, que é a era conceitual,
Já para outras profissões como onde se enfatiza o uso do lado direito do cérebro, que é não-linear,
Engenharia Civil e Engenharia e instintivo (PINK, 2006).
22 Introdução ao Empreendedorismo
Características dos Empreendedores e
Intraempreendedores de Sucesso
Nos itens a seguir, você verá quais são os traços • Ficam ricos: acreditam que o dinheiro não
que definem o perfil do empreendedor e do in- seja o objetivo principal.
traempreendedor de sucesso. • São líderes e formadores de equipes: sa-
bem que a liderança é fundamental. Tam-
Empreendedores de Sucesso bém sabem, muito bem, formar e liderar
equipes. Possuem a humildade de buscar
Dornelas (2017) apresenta 16 (dezesseis) caracte- ajuda em áreas que não dominam. Possuem
rísticas dos empreendedores de sucesso, conforme capacidade de identificar e atrair talentos.
mostrado a seguir: • São bem relacionados (networking):
• Visionários: possuem visão de futuro e ha- são habilidosos em identificar e construir
bilidade para implementar suas aspirações. redes de relacionamento, a fim de empre-
• Sabem tomar decisões: tomam decisões gá-las na formação de parcerias, no rela-
oportunas e as implementam de imediato. cionamento como os clientes, no contato
• São indivíduos que fazem a diferença: com fornecedores.
agregam valor aos produtos e/ou serviços • São organizados: para atingir os objetivos
que disponibilizam aos clientes. do negócio, sabem captar e alocar pessoas,
• Sabem explorar ao máximo as oportu- recursos tecnológicos e financeiros.
nidades: são curiosos e atentos às infor- • Planejam, planejam e planejam: com
mações que as transformam em conheci- base na visão do negócio, os empreende-
mentos para aproveitar as oportunidades dores planejam suas ações e as atualizam
em seus negócios. conforme o aprendizado ao longo da exe-
• São determinados e dinâmicos: com- cução dos planos.
prometem-se com suas ações e as imple- • Possuem conhecimento: possuem capaci-
mentam. dade de aprender continuamente pelo estu-
• São dedicados: são pessoas comprometi- do teórico e pela prática. Não se restringem
das com valores e seus encargos. Dedicam- a aprender por conta própria. Buscam os
-se e sabem conciliar demandas familiares, conhecimentos necessários pelo autoaper-
de saúde e de trabalho. feiçoamento em cursos, com outras pessoas.
• São otimistas e apaixonados pelo que • Assumem riscos calculados: esta, talvez,
fazem: a paixão pelo que fazem é o com- seja umas das características mais eviden-
bustível para superar as dificuldades e tes do empreendedor. Ele possui capaci-
enfrentar os riscos. Acreditam em seus dade para identificar o risco de modo a
objetivos e conseguem vender suas ideias. gerenciá-lo, a fim de se ter chances reais
• São independentes e constroem o pró- de sucesso.
prio destino: querem criar algo novo e • Criam valor para a sociedade: usam sua
liderar a conquista de seus objetivos. Natu- criatividade para melhorar a vida das pes-
ralmente, contam com apoio de parceiros, soas, pela geração de empregos, inovação,
superiores e membros da equipe. oferta de bens e serviços.
UNIDADE 1 23
Intraempreendedores
de Sucesso
Possuem Características
pensamento visual de Intraempre- Eles pivotam
endedores
Eles buscam continuamente de sucesso: Essa característica de pivotar
as soluções para os empreen- demonstra humildade para
dimentos de várias maneiras. reconhecer que o processo não
Consideram as vantagens e está atendendo as expectati-
desvantagens das linhas Concentram nas vas, capacidade de apren-
de ação e decidem visões dizado com uma nova
pela mais apro- ação, espírito de
priada. Os intraempreendedores são fo- decisão para
cados em suas visões. Passam gran- mudar.
de parte do tempo pensando em como
irão solucionar os problemas e necessidades
dos clientes para colocar em prática seus proje-
tos na primeira oportunidade.
24 Introdução ao Empreendedorismo
Universidade
Empreendedora
UNIDADE 1 25
A Inovação Tecnológica
A Tripla Hélice
26 Introdução ao Empreendedorismo
GOVERNO INDÚSTRIA
UNIVERSIDADE
A Universidade
Classe Mundial
Quando assumi o Comando (também na fun- mesmo com menos recursos financeiros em relação
ção de reitor) do Instituto Militar de Engenha- às estrangeiras, foram preparados com capacidade
ria (IME), em maio de 2014, recebi alunos que de se integrarem em igualdade de condições com
vieram do exterior por terem participado do alunos das melhores universidades do mundo.
Programa do Governo Federal denominado Além disso, trouxeram sugestões para que me-
Ciência sem Fronteiras. Nossos alunos tiveram lhorassem a nossa Educação (por isso que acredito
a oportunidade de frequentar universidades de em vocês e nessa geração), no que fosse aplicável,
todas as partes do mundo. Por serem capazes utilizando as melhores práticas daquelas universi-
e comprometidos, vieram com sugestões para dades que são classificadas como Classe Mundial e
melhoria da Educação do nosso IME. O inte- também Universidades Empreendedoras.
ressante é que eles, no início do programa da- De forma simplificada, as universidades clas-
quelas universidades, tiveram dificuldades na se mundial são aquelas que, segundo Altbach e
aplicação dos conhecimentos para a condução Salmi (2011), possuem Abundância de Recursos,
de projetos e de experimentos em laboratórios. Governança Favorável e Concentração de Talento:
Entretanto, em pouco tempo, já se equipararam Abundância de Recursos está relacionada à
aos alunos estrangeiros na solução de proble- oferta de recursos e à alta qualidade do ensino e
mas, com a “vantagem” de possuírem níveis da pesquisa.
mais elevados no conhecimento das ciências Já a Governança Favorável permite o exer-
fundamentais (Física, Matemática, Química, cício da liderança, a capacidade de se estabelecer
Ciências da Computação). a visão estratégica, a inovação e a flexibilidade
Também achei interessante que eles me relata- para se tomar e gerenciar recursos decisões sem
ram que sentiram orgulho de nossa instituição, pois, entraves burocráticos.
UNIDADE 1 27
A Concentração de Talentos diz respeito aos missões: desenvolvimento econômico e social,
integrantes da universidade: alunos, professores, além do ensino e da pesquisa.
pesquisadores, pessoal da administração. Na universidade empreendedora, os profes-
sores buscam projetos junto a empresas, recebem
financiamentos para pesquisa e produzem bens
A Universidade e serviços. O montante envolvido, muitas vezes,
Empreendedora é elevado. Os alunos participam dos projetos e
passam a ter a oportunidade de conhecer sobre
Caro(a) aluno(a), você observa inúmeras univer- finanças e necessidades dos clientes. Frequente-
sidades e constata que algumas delas possuem um mente, o conhecimento gera o registro de paten-
excelente ensino, outras uma excelente pesquisa e tes, que podem ser comercializadas.
ainda há aquelas que produzem bens e serviços para Na área da saúde, por exemplo, podemos fazer
a sociedade. A universidade que executa esses três parcerias com indústrias de cosméticos, cosme-
papéis é denominada Universidade Empreendedora. cêuticos, equipamentos elétricos e não elétricos
Etzkowitz (2003), que formulou a teoria sobre e todos os outros recursos que são utilizados no
a tripla hélice, posteriormente, escreveu sobre atendimento clínico, auxiliando com projetos
a universidade empreendedora. Segundo ele, que melhore os insumos usados na área, bem
houve duas revoluções acadêmicas. A primeira, como ampliando o conhecimento do acadêmico.
no final do século 19, quando a universidade Há, ainda, a possibilidade de se criar novas em-
passou a ter também a missão de realizar pes- presas, por alunos, durante o curso de graduação.
quisa. A segunda revolução ocorreu quando se São as incubadoras de empresas. A universidade dá
tornou empreendedora e promotora, também, todo suporte técnico, jurídico, financeiro, quando o
de desenvolvimento econômico. aluno decide abrir seu próprio negócio. Uma outra
A Universidade somente voltada para o Ensi- iniciativa que tem dado excelentes resultados é a
no preserva e dissemina o conhecimento. Já a de empresa júnior da universidade, em que os alunos
Pesquisa possui as duas missões: ensino e pesqui- a administram como uma entidade privada. Essas
sa; e a Universidade empreendedora possui três empresas prestam serviços para clientes externos.
Muito se tem discutido sobre a qualidade do ensino a distância. Percebi que existe preconceito em
relação ao aprendizado e gostaria de dizer que o aprendizado do conteúdo dependerá muito da
dedicação de vocês. Existe um outro desafio que vocês devem se preocupar que é o de desenvolver
valores. Lembrem-se de que, para serem empreendedores, vocês deverão trabalhar em equipe e isso
depende muito do convívio e do contato pessoal. Não se esqueçam de expandir valores e habilidades
interpessoais, elas são bastante exigidas durante o período acadêmico e muito mais na vida profissional.
28 Introdução ao Empreendedorismo
Startup
Enxuta
UNIDADE 1 29
O conceito Startup Enxuta se originou da Manufatura Enxuta, que é um modelo de gestão originário
no Japão com o Sistema Toyota de Produção. Esse modelo adota o princípio de melhoria contínua pela
redução de desperdício. A valorização das pessoas por suas ideias proporciona ganhos na produção.
A Startup Enxuta,
segundo Ries
Segundo Ries (2012, p. 24),“uma Startup é uma insti- A questão da incerteza, presente em uma Star-
tuição humana projetada para criar novos produtos tup, também está presente em outros negócios.
e serviços sob condições de extrema incerteza.” A abordagem de montagem de uma Startup irá
Com esse entendimento simples e abrangente, prepará-los para trabalhar com incertezas. Esses
o autor nos deu a flexibilidade para nos sentirmos conhecimentos também serão úteis para outros
empreendedores, caso criemos novos produtos ou modelos de negócios tradicionais, pois também
serviços sob condições extremas de incertezas. Isso trabalham com incertezas.
é muito bom para a autoestima.
Também está aberta ao tipo de negócio: pode ser
uma instituição pública ou privada. Da instituição Definindo Startup, Segundo
pública pode ser uma organização civil ou militar. Steve Blank e Bob Dorf
Pode ser um pequeno ou um grande negócio. Pode
ser empreendedorismo interno (intraempreende- Blank entende que “Startup é uma organização
dorismo) ou externo. Também é admissível uma temporária em busca de um modelo de negócio
instituição com ou sem fim lucrativo. Pode ser com escalável, recorrente e lucrativo” (BLANK; DORF,
pequeno ou grande investimento. 2014, p. 17).
Por ser uma instituição, deve estar dentro da lega- No início, o modelo de negócio de uma Star-
lidade - seguir todos os instrumentos legais exigidos tup não tem clientes e nada se sabe sobre eles. As
para se criar uma empresa. A burocracia deve ser Startups se dividem em quatro categorias básicas,
entendida como regras que garantem a segurança conforme elas:
no negócio. • lançam um novo produto em um mercado
A criação de novos produtos e serviços também existente;
nos dá flexibilidade, pois pode abranger produtos de • lançam um novo produto em um novo
alta tecnologia, como serviços ou processos inovado- mercado;
res. Você, na sua empresa, na sua comunidade, pode • lançam um novo produto em um mercado
criar novos produtos que facilitem, por exemplo, a existente e tentam ressegmentá-lo como
mobilidade de pessoas idosas. Pode criar proces- um operador de baixo custo;
sos ágeis para se ter acesso a refeições caseiras. Da • lançam um novo produto em um mercado
mesma forma que pode criar um novo sistema de existente e tentam ressegmentá-lo como
comunicação rápido e barato. um operador de nicho.
30 Introdução ao Empreendedorismo
Uma Startup deve compreender bem as necessi- do cliente, se somos essenciais para os clientes,
dades do cliente (aquilo que lhe traz benefício e conhecemos bem nosso produto para que ele seja
o que elimina a dor). O conhecimento do clien- rentável e se as vendas são escaláveis.
te deve ser rápido, a fim de que, se necessário, o Prezado(a) aluno(a), veremos uma breve en-
modelo de negócio seja modificado, também, trevista com o professor Aderson Passos, profes-
rapidamente. Não se deve ter medo de errar, pois sor da disciplina Empreendedorismo do Instituto
são os erros que trazem a aprendizagem e evitam Militar de Engenharia (IME), sobre o significado
prejuízos futuros com a não aceitação pelo preço de uma Startup, diferença de uma empresa tradi-
ou por suas características. Deve estabelecer um cional e sua importância para a nossa disciplina.
processo de venda para o cliente e um modelo
financeiro que traga rendimento.
Deve-se medir o progresso do desenvolvimen-
to de uma Startup. Para isso, há a necessidade de Tenha sua dose extra de
se entender bem o cliente, saber quanto ele está conhecimento assistindo ao
disposto a pagar pela solução do seu problema, vídeo. Para acessar, use seu
quais são os diferenciais competitivos do nosso leitor de QR Code.
UNIDADE 1 31
Empreendedorismo
no Brasil
Um Pouco da História do
Empreendedorismo no Brasil
32 Introdução ao Empreendedorismo
nas empresas, em conformidade com as políticas em instituições de ensino superior. Pela lei 13.267,
nacionais de desenvolvimento, particularmente as que Disciplina a criação e a organização das as-
relativas às áreas industrial, comercial e tecnológi- sociações denominadas empresas juniores, com
ca. Esta iniciativa trouxe liberdade de ação para o funcionamento perante instituições de ensino
órgão e ele tem contribuído com a capacitação de superior, os alunos matriculados em cursos de
empreendedores com conhecimentos relacionados graduação poderão criar empresa júnior com a
a empreendedorismo, montagem de modelo de finalidade de executar projetos para o desenvol-
negócio e abertura de empresa vimento de habilidades para desenvolver projetos
Uma outra iniciativa foi a criação da Sociedade junto a clientes externos à universidade, por in-
Brasileira para Exportação de Software (Softex) termédio da prática de sua profissão. Essa prepa-
(2017), criada em 1996, Organização Social Civil ração para o mercado de trabalho contribui para
de Interesse Público (OSCIP) que desenvolve ações o desenvolvimento de empreendedores.
para promover a melhoria da competitividade da Caro(a) aluno(a), acabamos de ver nossa pri-
Indústria Brasileira de Software e Serviços de TI meira unidade didática: Introdução ao Empreen-
(IBSS), bem como a disponibilidade de recursos dedorismo. Se pudesse resumir o que esperamos
humanos qualificados, tanto em tecnologias como de você, eu diria que gostaria que tivesse autocon-
em negócios. Gestora do Programa para Promoção fiança para empreender. Primeiro, como vimos,
da Excelência do Software Brasileiro – Programa empreendedorismo significa que pessoas utilizam
Softex, considerado prioritário pelo Ministério da suas ideias e aproveitam oportunidades para via-
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações bilizar um negócio de sucesso. Vimos, também,
(MCTIC). Capacita empreendedores para o desen- que elas devem ser apaixonadas pelo que fazem
volvimento de negócios inovadores. Contribui com e estarem dispostas a correr riscos.
a abordagem da tripla hélice, integrando indústria, Na sequência, falamos sobre os empreende-
governo e universidade. dores, que conduzem negócios próprios, e os
Outro movimento que tem contribuído com o intraempreendedores, que lideram empreendi-
crescimento do empreendedorismo é o da criação mentos internos à organização que eles traba-
de incubadoras de empresas, que dão suporte aos lham. Embora sejam ações distintas, dentre outras,
empreendedores para viabilizar a transformação possuem similaridades como seus agentes serem
de uma ideia inovadora em produto utilizado pelo movidos pela paixão, possuem proatividade e per-
consumidor. Disponibiliza infraestrutura, suporte sistência, além de voltarem seus negócios para os
técnico, orientação quanto a assuntos financeiros e clientes. Por outro lado, têm diferenças como a
jurídicos. Acompanhamento das iniciativas quanto visão que para o empreendedor é a própria e do
ao modelo de negócio da empresa. intraempreendedor é a da empresa. Além disso,
A iniciativa do ensino de empreendedorismo as recompensas para o empreendedor dependem
se disseminou em diversas universidades. Ele visa do sucesso dele e a do intraempreendedor do que
fornecer ferramentas e práticas para que se crie a a empresa estabelecer.
cultura empreendedora e a competência para se Após esses conceitos, vimos um pouco mais
criar novos negócios ou modificarem seus am- sobre o perfil do empreendedor e intraempreen-
bientes de trabalho. dedor. Contudo, também mostramos que todos
O Brasil possui um movimento das empresas nascem com capacidade criativa e que ela pode-
juniores que promove a cultura empreendedora rá ser colocada em prática se houver ambiente
UNIDADE 1 33
favorável. Sobre a vocação, há
seis tipos e um deles é o tipo
empreendedor. Para o perfil,
podemos citar como presentes:
a determinação, dinamismo,
otimismo, paixão pelo que faz,
liderança. Como se vê, todas
estas habilidades são passíveis
de vocês desenvolverem na Uni-
cesumar, pois ela se dedica a ser
uma Universidade Empreende-
dora. Com vimos nesta unidade,
as universidades modificaram
seus conceitos passando pela
fase inicial de transmitir os co-
nhecimentos, desenvolver pes-
quisa e, atualmente, empreende-
dora, a qual se dedica a também
entregar produtos e serviços
para a sociedade no conceito da
tripla hélice, que reúne Gover-
no, Indústria e Academia.
Mais adiante, vimos o con-
ceito da Startup, que trata de
um agrupamento humano que
cria produtos ou serviços em
ambiente com muitas incerte-
zas, como é o mundo atual. Para
enfrentar estes desafios, vocês
viram que o Brasil conta com
o Sebrae, dentre outros órgãos,
para capacitar e incentivar o
empreendedorismo e as univer-
sidades com suas incubadoras e
cursos de empreendedorismo,
como este que vocês iniciaram.
Assim, quero dizer que acre-
ditamos e desejamos o sucesso
de vocês. Contem conosco.
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
35
3. Caro(a) aluno(a), determinada universidade pretende se tornar uma universida-
de classe mundial e empreendedora. Com base no que foi apresentado nesta
unidade, você considera como sendo Falsa (F) ou Verdadeira (V), as seguintes
afirmativas?
(( ) Ela deve ter um ensino de qualidade para atrair professores e alunos de qua-
lidade.
(( ) Ela só deve realizar pesquisa que produza bens e serviços para a sociedade.
(( ) Os alunos só poderão participar de pesquisas se forem abrir suas próprias
empresas.
(( ) A universidade deverá integrar com indústria para desenvolver a inovação
tecnológica.
36
LIVRO
37
ALTBACH, P. G., SALMI, J. The Road to Academic Excellence The Making of World-Class Research
Universities. Washington: World Bank, 2011.
BLANK, S.; DORF, B. Startup: Manual do Empreendedor - o guia passo a passo para construir uma grande
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______. Lei n⁰ 13.267, de 6 de abril de 2016. Disciplina a criação e a organização das associações denominadas
empresas juniores, com funcionamento perante instituições de ensino superior. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/L13267.htm>. Acesso em: 24 jan. 2018.
EISENMANN, T. R. Entrepreneurship: A Working Definition. Harvard Business Review Web Digital. Dispo-
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ROBISON, K. Out of Our Minds: Learning to be Creative. 2. ed. rev. West Sussex: Capstone Publishing Ltda, 2011.
39
1. D. F-V-F.
2. O aluno deverá argumentar a posição com base em 5 (cinco) características do empreendedor citadas
por Dornelas (2017): 1. Visionários; 2. Sabem tomar decisões; 3. São indivíduos que fazem a diferença; 4.
Sabem explorar ao máximo as oportunidades; 5. São determinados e dinâmicos; 6. São dedicados; 7. São
otimistas e apaixonados pelo que fazem; 8. São independentes e constroem o próprio destino; 9. Ficam
ricos; 10. São líderes e formadores de equipes; 11. São bem relacionados (networking); 12. São organiza-
dos; 13. Planejam, planejam e planejam; 14. Possuem conhecimento; 15. Assumem riscos calculados e 16.
Criam valor para a sociedade.
3. C. V-F-F-V.
V: No modelo da tripla hélice, deve ter a integração da universidade com indústria e governo.
40
41
42
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Modelo
de Negócios
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Identificar os componentes do Modelo de Negócios. • Conscientizar-se de que fora do prédio que se descobrirá
• Formular Hipóteses para o Modelo de Negócio. o cliente.
• Experimentar as Hipóteses do Modelo de Negócio. • Liderar Equipe e contribuir com o trabalho em equipe.
Inovação em
Modelo de Negócios
UNIDADE 2 45
Por outro lado, o modelo de negócio apresenta nove componentes
em um organograma. Lembremos que o modelo de negócios per-
mite que haja comunicação entre formuladores da estratégia do
negócio com clientes, parceiros. Portanto, deve ser simples, de fácil
compreensão de como o negócio está estruturado para fornecer
valor para o cliente:
Para auxiliar a compreensão sobre os componentes, apresen-
taremos, ao final da explicação de cada um, considerações sobre
um negócio similar ao Uber Eat, que foi criado a partir do Uber e
oferece o serviço de entrega de alimentos e bebidas para os clientes.
Modelo de Negócios
Figura 1b –
Visão sistêmica
46 Modelo de Negócios
mento tos de
s Princip
ais
e Princip
ais de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Proposta com os Clie Clientes
Recursos
Principais Canais
quem?
Para
Como? O que ?
s
de Custo e Receit
a
Estrutura Fontes d
Quanto?
O primeiro aspecto a lembrar é que o empreen- Da mesma forma, pode-se segmentar os nos-
dedor deverá atender às necessidades dos clientes. sos clientes pelo atendimento em um mercado
Falando de outra maneira, o cliente não existe de massa, quando não se faz diferença entre os
para que adquira seus produtos ou serviços, mas segmentos de clientes; em nicho de mercado,
você quem irá montar um negócio (startup) para quando o atendimento é especializado; no seg-
fornecer uma proposta de valor para o cliente. mentado, quando a diferença na segmentação é
Como fazemos quando elaboramos um proto- imperceptível; diversificada, quando as deman-
colo de tratamento. Avaliamos o cliente/paciente das dos clientes são bastante diferentes (OSTER-
e verificamos, dentro de suas necessidades, quais WALDER; PIGNEUR, 2011).
recursos (técnicas manuais ou não, produtos e Voltando ao nosso caso da startup com mo-
equipamentos) usaremos para cada caso clínico. delo similar ao Uber Eat – nesse caso, pode-
O segmento distingue os subconjuntos de ríamos ter uma segmentação de mercado de
pessoas físicas ou jurídicas que o empreendedor massa, quando não se faria distinção entre os
busca para entregar seus produtos ou serviços, ou segmentos dos clientes na prestação do servi-
seja, aqueles que iremos entregar valor. ço. Tanto faria se fossem clientes corporativos,
Conforme Tiffany e Peterson (1999 apud DOR- individuais, pois a proposta de valor seria a
NELAS, 2017), os clientes poderão ser segmentados mesma, sem qualquer tipo de diferenciação. Da
por aspectos geográficos (região, estado, cidade, mesma forma, poderia direcionar os serviços
bairro), estilo de vida (distração, prática desportiva, para determinados bairros que não possuem
frequência a clubes), perfil (sexo, faixa etária, nível de restaurantes, clínicas, salões e outros comércios
escolaridade, renda, prática religiosa), personalida- no entorno. Assim, seria uma segmentação por
de (adeptos a risco, conservadores, líderes). área geográfica.
UNIDADE 2 47
Componente 2 Proposta de Valor
A Proposta de Valor é que faz o cliente escolher o positivo pequeno e bem mais prático de transportar
produto ou serviço de uma empresa em detrimento que o seu antecessor, o CD; personalização, quando
de outra. Ela deve ser vista em conjunto. Vocês mes- o produto ou serviço é dedicado ao indivíduo, no
mos podem perceber quando recebem um pacote de caso da compra de lembrança de festa de criança que
produto e/ou serviços. Imaginem a compra de um você pode acessar um site e montar o seu kit; preço,
computador ou equipamento eletrotermoterapêuti- quando um novo produto ou serviço é lançado com
co que possua boa rede de assistência técnica e que, um preço mais baixo que as concorrentes – temos
quando há algum problema de desempenho, você exemplo de empresa aérea que modificou o mercado
liga para o serviço e ele repara o problema pronta- lançando passagens mais em conta, porém com re-
mente. Agora imagine o valor que isto tem se você se duzido serviço de bordo; redução de risco, como no
encontra na véspera de entrega de um trabalho para caso de aquisição de eletrodomésticos com garantias
a escola ou para um cliente e o computador é seu estendidas (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011).
único instrumento de trabalho. Portanto, pensem em A Proposta de Valor trata do problema que re-
montar negócios que tragam valor para os clientes. solvemos do cliente e que satisfaz suas necessidades.
A proposta de valor é direcionada para um cliente Voltando ao nosso caso hipotético, o serviço de en-
específico e representa o conjunto de produtos e ser- trega de refeições para pessoas em casa ou empresas,
viços destinados a determinado segmento de cliente. por intermédio do uso de veículos de transporte,
Cheguei a ver um projeto final do curso de Engenha- inicialmente, de passageiros e alimentos preparados
ria Mecânica, em que o aluno desenvolveu um ma- por restaurantes. A Proposta de Valor poderia ser:
caco hidráulico para elevar automóvel para a troca rapidez na entrega, variedade nos cardápios (comi-
de pneus, utilizando um sistema elétrico acionado das simples, comidas sofisticadas, lanches, comidas
pela energia que vinha do acendedor de cigarros do regionais, bebidas), baixo custo para a entrega, faci-
automóvel. Segundo o modelo de negócio propos- lidade no pagamento (cartão de crédito ou de débito,
to, estava direcionado para o segmento feminino. dinheiro, cheque), facilidade de obtenção, convergên-
Naturalmente, poderia ser utilizado pelo segmento cia no acesso aos vários restaurantes disponíveis em
masculino, mas, segundo os alunos da pesquisa de um único site.
mercado, o produto tinha valor para este segmento
específico.
Propostas de Valor podem estar em uma inova-
ção ou em produtos existentes, porém com carac-
terísticas diferenciadas. Elas podem incluir, dentre
outras; uma novidade, quando temos características Caro(a) aluno(a), um dos casos mais conhecidos
de desempenho inéditas e até mesmo de desconheci- de modelo de negócios foi a criação do negócio
mento dos clientes, como o caso clássico do iPhone do café em cápsula, Nespresso. Ricardo Ferreira,
que trouxe convergência de funções internet, tele- Sócio-Fundador da Richards, nos fala um pouco
fone sem fio, câmera fotográfica, funções que mui- sobre o assunto no artigo publicado pela endea-
tos não imaginavam em possuir equipamento com vor, no seguinte endereço: <https://endeavor.
todas essas características; desempenho, como no org.br/valores-intangiveis/>.
caso de pen-drive, que armazena dados em um dis-
48 Modelo de Negócios
Componente 3 Canais
Caro(a) aluno(a). Já vimos sobre o segmento do entrega e dos restaurantes, para que o usuário pos-
cliente e sobre a proposta de valor; agora, veremos sa escolher qual é a melhor proposta de valor que
um pouco sobre como os canais estabelecem a co- satisfaz sua necessidade.
municação com o cliente, a distribuição e a venda
para o cliente (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011).
Os canais permitem que se mantenha relacio- Componente 4
namento com os clientes e que os clientes conhe- Relacionamento com Clientes
çam os produtos e serviços. Também propiciam a
oportunidade de os clientes avaliarem a proposta O Relacionamento com o cliente descreve
de valor que estão recebendo. Possibilitam ainda “como atrair clientes para o seu canal de ven-
que os clientes adquiram os produtos ou serviços. das, mantê-los nessa condição e obter crescen-
Também exercem a função de entregar os produtos tes receitas deles ao longo do tempo” (BLANK;
ou serviços aos clientes. Acrescenta-se a possibili- DORF, 2014, p. 117).
dade de realizar o pós-venda, que inclui a assistên- Cada vez mais se torna importante o estreito
cia técnica (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). relacionamento com o cliente. Com o advento
Observamos que há atualmente dois canais: os das tecnologias digitais, é possível se relacionar
físicos e os virtuais. Tempo atrás, só se comprava diretamente com os clientes e obter deles avalia-
livros pelos canais físicos indo em uma livraria; hoje, ções sobre produtos e serviços (BINDER; HANS-
você acessa um site e compra um livro que poderá SENS, 2015). Há alguns anos, para adquirirmos
ser no formato físico ou digital. Da mesma forma, uma cadeira, tínhamos que visitar várias lojas,
você pode receber o livro físico pelo correio ou por experimentá-las, conversar com pessoas que a
uma transportadora. Já o digital será enviado por possuíam para garantir uma boa compra. Ou-
software que você poderá baixar para seu compu- tro dia, fui adquirir uma cadeira ergonômica e
tador, dispositivo móvel, smartphone ou mesmo acessei o site da Amazon. Lá, pude comparar as
acessar o conteúdo que poderá estar em uma nu- especificações técnicas e ler as observações de
vem, desde que você esteja conectado ao site. consumidores sobre questões do relacionamento
Portanto, há inúmeras formas de se ter um ca- com as marcas concorrentes. Pude ver como a
nal com os clientes. Com a possibilidade de con- empresa se relaciona com o cliente para a venda,
tato imediato, pela existência de inúmeros meios para o pós-venda. Fiz a escolha com base nas in-
de comunicação entre a organização e o cliente, formações da marca, da funcionalidade por vídeo
observa-se que o cliente se torna cada vez mais e, principalmente, pela percepção da qualidade
exigente na rapidez de resposta a sua demanda. da assistência ao cliente, que é o relacionamento.
Daí que os canais possuem relevância em um mo- Estou bastante satisfeito com a aquisição que foi
delo de negócios. feita totalmente de forma virtual.
No nosso caso hipotético, os canais seriam o Para atração dos clientes, eles precisam conhecer
aplicativo para acesso e conhecimento dos tipos o produto e constatar que possui proposta de valor
de restaurantes, das refeições que cada restaurante para sua necessidade ou solução de problema. Isso
oferece, do preço total que inclui a taxa de entrega, pode ser feito acessando um site, por visita de um
o tempo para entrega e até a avaliação de quem representante comercial, por promoção, propaganda.
UNIDADE 2 49
Para manutenção do cliente, é possível ter o Há várias formas de obter receitas; certamente,
acompanhamento da satisfação do cliente com a vocês as conhecem, pois adquirem bens e serviços.
utilização do produto ou serviço, por intermédio São elas:
do contato direto, de ligações telefônicas, envio • Pela venda, quando obtemos os bens ou
de e-mail. serviços que passam a nos pertencer, como
No caso do aumento das vendas, pode-se con- a compra de um livro, de um software, de
ceder um bônus para de indicar um novo cliente, uma refeição, de um corte de cabelo. Encer-
fazer promoções em datas especiais. rada a venda, o produto ou serviço passa a
Para o caso do modelo de negócio hipotético, pertencer a quem o adquiriu.
a empresa poderia atrair o cliente enviando men- • Por uma proporção pela utilização, em
sagens para aqueles que já fossem cadastrados que o pagamento está atrelado ao uso do
no serviço de transporte oferecendo o serviço e serviço. Assim, quanto mais o cliente usa,
concedendo para o primeiro pedido de entrega mais ele paga, como no caso dos serviços
de refeição um desconto no serviço de entrega de telefonia móvel, que se paga por minu-
ou até mesmo a liberação de taxa. tos utilizados em ligações; de fornecimento
Para manter o cliente, poderia criar um progra- de energia elétrica, que pode ter tarifas di-
ma de fidelidade em que haveria descontos para o ferenciadas pela faixa de consumo ou pelo
caso de uso sistemático do serviço de entrega. horário de utilização.
Já para aumentar a demanda, seria possível • Por aluguel, quando o bem permanece
promover descontos para usuários que indiquem sob o uso e responsabilidade de quem o
o serviço para novos clientes. alugou por determinado período; como
O relacionamento com o cliente poderia tam- no caso de aluguel de automóvel, pelos
bém incluir sistema de avaliação das entregas e dias de uso e pela quilometragem rodada.
da qualidade das refeições, a fim de que os clien- Nesse caso, pode haver um preço diferen-
tes pudessem melhorar a escolha dos serviços de ciado para números maiores de dias e de
entrega e dos restaurantes. Ainda poderia ter um quilometragem, para estimular o cliente a
processo de compartilhamento de indicação, por permanecer com o veículo mais tempo e
parte dos clientes de restaurantes para serem par- reduzir o custo da locadora no ato de re-
ticipantes do serviço. cebimento do automóvel com limpeza e
medidas burocráticas.
• Por assinatura, quando o acesso ao servi-
Componente 5 ço é adquirido para determinado período.
Fontes de Receita Nesses casos encontram-se as assinaturas
de revistas, tanto por edições digitais, nor-
Caro(a) aluno(a), o negócio pode ser visto como malmente mais baratas, como por edições
um sistema orgânico que necessita de alimentação, físicas que chegam à residência do assi-
de energia. Assim, precisa de receita para se manter nante. Também estão nesta forma as as-
e se expandir. O modelo de receita vai mostrar sinaturas de bibliotecas virtuais que mais
como que pretendemos receber o pagamento pela em conta que as físicas e também possuem
entrega de valor para cada segmento do cliente. reconhecimento institucional.
50 Modelo de Negócios
• Por publicidade, por utilizar anúncios em Os recursos humanos representam para algu-
mídias de divulgação para públicos gerais mas organizações seus recursos mais importantes.
ou específicos. Nesses casos se encontram Vocês se lembram da Unidade 1, em que vimos a
jornais, revistas, sites, cartazes de propa- universidade classe mundial com a concentração
ganda. O preço é estipulado pela duração, de talentos e a universidade empreendedora, que
época, período, dimensão e outros critérios. devem possuir professores de alto nível e pesqui-
• Por comissão, cada vez que é efetivada a sadores também qualificados para que promovam
venda de produto ou serviço quem inter- o ensino, a pesquisa e resultados para a sociedade.
mediou ou possui participação nos lucros Também, empresas de consultoria que possuem
recebe percentual sobre o montante envol- em seus quadros recursos humanos com conheci-
vido. É o caso de venda de veículo de tercei- mento teórico e prático para poder ajudar a outras
ros em que a loja de automóvel recebe um empresas alcançarem o sucesso.
percentual por permitir que o carro seja Os recursos físicos são os mais importantes
deixado na loja e a empresa providencia em organizações que produzem bens e serviços
o anúncio e o trâmite legal. Na venda de que dependam de infraestrutura física. Temos
imóvel, que normalmente é vendido por vários exemplos. Aquelas instituições de ensino
corretor, que cobra taxa de corretagem. superior que realizam pesquisas dependem de
laboratórios atualizados e disponíveis. Para as
O modelo de receita pode abranger mais de uma empresas fabricantes de impressoras, as máqui-
forma (BERTINI; TAVASSOLI, 2015). Como nas são seus recursos principais. Para empresas
exemplo, temos empresas de tecnologia da infor- transportadoras que pretendem ter um diferencial
mação (TI) que possuem mais de uma forma. Elas de armazenar os itens de mudança, seus galpões
alugam computadores, impressoras, softwares. fazem parte de seus recursos físicos. Para pres-
Da mesma forma, vendem esses equipamentos. tadores de serviço de transporte de pessoal, os
Também podem vender o serviço de assessora- veículos são seus recursos principais.
mento para a montagem do sistema de TI. Os recursos financeiros são os mais importan-
Voltando ao nosso caso suposto, a empresa tes para organizações tipo banco que necessitam
poderia cobrar por proporção, pois seria estabe- desses recursos para conceder empréstimos. Há
lecido um percentual em relação ao valor total do empresas de produção que possuem seus próprios
serviço de entrega, que inclui uma taxa e a refeição. bancos para que possam conceder empréstimos
para interessados em adquirir seus produtos.
Intelectuais são aqueles relacionados à pro-
Componente 6 priedade intelectual, que são gerados pela inteli-
Recursos Principais gência humana e que podem garantir a reserva
para a exploração econômica de quem as possui
Aluno(a), é possível ver que o negócio possui inú- e proteger o conhecimento. Incluem as marcas,
meros recursos, mas em um modelo de negócios, patentes, desenhos industriais. Um caso bem co-
devem ser descritos apenas os principais, que são nhecido foi das capsulas da cafeteira Nespresso,
agrupados em quatro categorias: humanos, físi- a qual, enquanto esteve sob proteção de sua pa-
cos, financeiros e intelectuais (OSTERWALDER; tente, nenhuma outra empresa poderia fabricá-las
PIGNEUR, 2011). e eram apenas vendidas pela própria Nespresso.
UNIDADE 2 51
Atualmente com a “quebra da patente” (licença que permite comparar características e preços
compulsória) outras empresas passaram a pro- de produtos, acessar opiniões de clientes sobre o
duzir as cápsulas e vendê-las. desempenho do produto. Por outro lado, há pla-
No nosso caso hipotético, a plataforma da tec- taformas que trazem um mercado diferente do
nologia da informação seria um recurso principal, físico que está exposto em prateleira. Ela pode
pois permite que se conecte o desejo do cliente em utilizar algoritmos que estipulam preços variáveis
obter uma refeição, a disponibilidade do veículo conforme oferta e demanda, como é o caso de em-
e os itens disponíveis nos restaurantes. presas aéreas que oferecem preços de passagens
variáveis. Você acessa o site em horas distintas do
dia e os preços podem variar conforme histórico
Componente 7 de compras (HUQUE, 2016).
Atividades-Chaves Atividade de Produção é clássica, fabrica bens
físicos para os segmentos dos clientes. A atividade
Sob o enfoque do modelo de negócios, as ativi- principal é a manufatura. A atividade produtiva
dades-chaves são aquelas mais importantes que exige máquinas, equipamentos, prédios que são
transformam os recursos principais em produtos projetados para em ciclos produtivos transformar
ou serviços que trazem valor para segmentos dos matéria-prima em produto final para o cliente. Os
clientes. Cada tipo de organização possui ativida- processos devem ser descritos em procedimentos,
des-chaves distintas em seus modelos de negócios. a fim de que atenda requisitos de qualidade espe-
Uma universidade possui, por exemplo, a pesquisa cificados pelos clientes.
como uma das atividades-chaves. Emprega seus Atividade de prestação de serviços esta ati-
pesquisadores, que são seus recursos principais vidade compreende as várias exercidas por pro-
(humanos) para conduzir pesquisa de interesse fissionais que atendem às demandas intelectuais
do governo (segmento de cliente), interagin- dos segmentos dos clientes. Compreendem, por
do com ele para compreender suas necessidades exemplo, elaboração de projetos, atividade de as-
(relacionamento) pelo contato direto entre in- sistência técnica durante o período de pós-ven-
tegrantes das instituições (canais) e entregar o da; atendimento médico. Essas atividades exigem
conhecimento (proposta de valor), quando re- recursos humanos competentes e especializados.
cebe recursos de financiamento para a pesquisa No nosso caso suposto, teríamos como ativi-
(fonte de receita). dade principal o gerenciamento da plataforma de
Vamos iniciar com a atividade principal que tecnologia da informação. Essa plataforma servirá
vem revolucionando o mercado: a Plataforma. de interface entre o serviço dos restaurantes com
Nela, o modelo de negócio gerencia sistema de os clientes que desejam consumir.
Tecnologia da Informação, interface entre o pro-
duto ou serviço e o usuário. Observe que esta pla-
taforma no mercado virtual com um mercado Componente 8
físico. Você pode acessar um site tipo Amazon e Parcerias Principais
adquirir livros, softwares, dispositivos eletrônicos.
Essas aquisições também podem ser compradas Como se sabe, cada vez mais os clientes estão
em lojas físicas. Além de trazer a facilidade de exigentes e estão diante de meios de informa-
não sair de casa, tem relacionamento conosco ção que permitem escolher produtos e serviços
52 Modelo de Negócios
até sem sair de casa. A concorrência é acirrada Mais uma vez voltando ao caso hipotético, po-
e a redução de custos é constante, a fim de se deríamos ter como parcerias principais do negó-
oferecer produtos ou serviços com preços que cio os restaurantes e os motoristas dos veículos
os clientes estão dispostos a pagar. Daí ser ne- para entrega.
cessário, na maioria das vezes, obter recursos de
fornecedores, fazer alianças estratégicas, estabe-
lecer “coopetição” e se esforçar para desenvolver Componente 9
negócios conjuntos (OSTERWALDER; PIG- Estrutura de Custo
NEUR, 2011). Essas parcerias reduzem custos
e elevam a qualidade e a produtividade, além Caro(a) aluno(a), chegamos ao nono componente do
de reduzir riscos. modelo de negócios: a estrutura de custos.
A parceria cliente-fornecedor é fundamental. Como sabemos, as empresas e as startup encon-
Na maioria das vezes a Startup ou a empresa consta- trarão mercado competitivo. Para aquelas que criam
tam que não compensa produzir ou se especializar um mercado, a qualquer momento haverá a presença
em determinado produto, pois vale mais a pena da concorrência se o negócio for rentável. Isto ocor-
terceirizar o serviço ou adquirir peças ou compo- reu após o lançamento do smartphone da Apple, que
nentes de empresas parceiras. Para uma atividade- foi seguido por outras marcas como Samsung. Para
-chave de produção, como uma fábrica de pneus, um mercado existente, também ocorrerá concor-
ela deve adquirir a borracha de outra empresa, pois rência. Na atualidade, o modelo Uber ameaçou os
não compensa desenvolver estrutura própria. táxis, que procuraram melhorar seus serviços devido
Na aliança estratégica, as empresas se associam à concorrência.
para obterem um produto ou serviço diferenciado Basicamente, há duas formas de disputar com
e com o valor não da soma das competências das a concorrência: pelo preço ou pela diferenciação.
empresas, mas de uma terceira competência que é Produtos ou serviços similares ao dos concorrentes,
a sinergia das competências originais. Isto ocorre porém mais baratos, possuem vantagem competitiva.
quando empresas de Engenharia de projeto e de Por outro lado, produtos ou serviços com caracterís-
Engenharia de construção se associam para formar ticas de desempenho superiores possuem diferencial
um consórcio que projeta e constrói. competitivo em relação aos concorrentes. Assim, os
Na “coopetição”, empresas concorrentes se modelos de negócio poderão ser direcionados pelo
associam para compartilhar bens ou serviços. Isto custo ou pelo valor que entrega aos segmentos de
ocorre, por exemplo, quando se organiza uma feira clientes.
de materiais em que os concorrentes contratam um Para se calcular os custos, há alguns modelos,
grande espaço e cada uma ocupa seu próprio es- mas, normalmente, utilizam-se estruturas de cus-
tande de exposição. Também podem compartilhar tos que incluem os custos fixos, que independem
os serviços de divulgação, de operação do evento. da quantidade produzida ou do serviço prestado e
No desenvolvimento de negócios conjun- os custos variáveis, dependentes das quantidades
tos, as empresas entram com suas competências produzidas ou dos serviços prestados.
e compartilham recursos humanos e físicos para Para economizar nos custos, as empresas ou
otimizarem os resultados e reduzirem custos. Isto startup podem obter vantagens pela economia de
ocorre, por exemplo, quando universidades e em- escala ao adquirir seus recursos em grandes quan-
presas cooperam no desenvolvimento de novos tidades e obter as vantagens de descontos de seus
produtos. fornecedores.
UNIDADE 2 53
Acrescenta-se outro tipo de economia, a de escopo, quando
são racionalizados recursos por intermédio do compartilhamento
de recursos da empresa, tal como ter um mesmo setor de compras
para várias unidades fabris distribuídas geograficamente.
No nosso caso hipotético, poder-se-ia considerar a vantagem
competitiva pelo Valor que é oferecido, pois teria os seguintes di-
ferenciais de desempenho: rapidez na entrega, variedade de restau-
rantes, qualidade na alimentação.
A economia está no escopo, pois a plataforma atende a vários
parceiros do serviço de entrega de refeições.Teriam a estrutura de
custos fixos para manter a plataforma em funcionamento e os va-
riáveis pela quantidade de pedidos aos restaurantes.
Aluno(a), você já teve uma visão do Canvas de Modelo de Ne-
gócios com os seus 9 (nove) componentes. A partir de agora, você já
pode utilizar esses conhecimentos para montar seu próprio modelo
de negócios.
Kavadias, Ladas e Loch (2016) apresentam seis critérios que
poderão servir de referência para avaliar a qualidade de seu modelo
de negócios:
• Personalização: quando o produto ou serviço atendem às
necessidades individuais dos segmentos de clientes.
• Reciclagem: quando os produtos não seguem um ciclo li-
near e são descartados ao final, mas são reaproveitados ao
final.
• Participação de ativos: isto ocorre quando compartilhamos
recursos. Como exemplo, o sistema de aluguel de imóvel por
temporada, quando o imóvel que poderia estar desocupado
estará sendo utilizado por quem aluga.
• Preços baseados em uso: reduz o custo para o cliente pois
ele só paga pelo uso.
• Ecossistema colaborativo: utilizado nos negócios colabo-
rativos para reduzir custos e riscos.
• Organização ágil e adaptativa: com a velocidade das mu-
danças, para sobreviver e crescer, deve-se ser ágil na adaptação
ao mercado.
54 Modelo de Negócios
Hipóteses no
Modelo de Negócios
UNIDADE 2 55
Quando você elabora o Canvas do Modelo de Assim, sugere-se que a equipe elabore o Canvas
negócios, você parte de suposições sobre os seg- do modelo de negócios em um quadro que possa
mentos dos clientes: quais são suas necessidades e ser observado por toda equipe, utilizando papéis
assim poderem supor qual é a proposta de valor; colantes, tipo post it. Elabore o modelo Canvas,
quais são os canais, o tipo de relacionamento e o coloque na parede, faça o desenho do seu modelo
modelo de receita. Passando para o lado esquer- de negócios com os papéis colantes, conforme
do do Canvas, teremos os recursos principais, as mostrado a seguir com as hipóteses do nosso caso
atividades-chaves imaginadas, as parcerias ne- suposto.
cessárias e a estrutura de custos. Como trata de Ao longo do processo, vá guardando os Can-
hipóteses, esses componentes se modificaram ao vas, a fim de identificar a evolução da aprendi-
longo do período de desenvolvimento do cliente. zagem.
mento tos de
s Principa
is
e Princip
ais
a de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Propost com os Clie Clie s
nte
7.
4.
Gerenciamento
da plataforma Avaliação
8. 2. 1.
Rapidez da Clientes
Restaurantes
entrega corporativos
Principais Canais
Recursos
1. 3.
Plataforma Aplicativo
tos a
a de Cus e Receit
Estrutur Fontes d
9. 5.
Valor Proporção
56 Modelo de Negócios
Experimentos no
Modelo de Negócios
Identificação de Clientes
UNIDADE 2 57
Deve-se lembrar que tratam de pessoas e não de Estabelecimento de Contato
funções. Você deve obter dados que permitam com os Clientes
se comunicar com elas. Por existirem inúmeros
meios de comunicação e tipos de mídias sociais, Observe que foram identificados clientes de várias
você pode utilizar: formas e, como vocês podem constatar, muitos
• Pela busca no Google por perfis de interes- deles são seus desconhecidos. Com isso, o esta-
se para o seu modelo de negócios. belecimento de contato é algo sensível e deve ser
• Em Facebook, em que se encontra o perfil feito de forma cuidadosa para não se perder a
desejado. oportunidade. Como experiência, a maioria não
• No Linkedin, pela rede de conexões suas estará disposta a receber vocês para as entrevistas
e de amigos. (BLANK; DORF, 2014). Portanto, elabore uma
• Em Twitter, pela comunicação com os forma de comunicação que passe credibilidade e
usuários. que demonstre o quanto o entrevistado é impor-
• Ida a seminários e encontros profissionais em tante para o negócio. E ainda: não demonstre que
que haverá presença de possíveis usuários. você quer vender um produto ou serviço.
• Por indicação de amigos ou conhecidos de Se o cliente foi indicado por um conhecido
trabalho que poderão indicar pessoas com seu, peça que ele faça o contato e o apresente. Se
o perfil do segmento de cliente desejado. não for possível, não deixe de fazer referência à
• Pela identificação de pessoas nas estruturas indicação dele para a pessoa que você irá conta-
de empresas do segmento desejado, por tar. Se foi por qualquer outro sistema de busca,
intermédio de busca na internet. prepare uma mensagem que pode ser por e-mail,
• Pelo acesso a site de empresas concorren- por WhatsApp, pelo Facebook.
tes, em que é possível identificar clientes A mensagem deve identificar você, o motivo
que deixam comentários. do contato (ressalte que não é para vender), diga
que quer saber a opinião dele sobre o serviço ou
No momento da identificação das pessoas de seu produto e se há algo a melhorar ou algo que o
interesse, você deve descrever o perfil delas. As- incomoda. Destaque que você pretende resolver
sim, deverá constar aspectos possíveis de serem um problema ou que quer criar algo novo que as
obtidos com antecedência, a fim de direcionar e pessoas necessitam possuir. Diga que entrevista
facilitar a entrevista, dentre outros julgados perti- pessoal é mais rica que por troca de mensagens
nentes por vocês ao longo do processo de apren- ou videoconferência. Procure escolher um local
dizagem, conforme mostrado a seguir: neutro fora do local de trabalho dele. Ainda so-
• Nome do cliente. licite a melhor data para o encontro e estabeleça
• Empresa ou instituição que trabalha. que será um encontro breve de cerca de 15 a 20
• Função na empresa/organização. minutos.
• Perfil: idade, sexo, formação. Estabeleça meta de visitas e busque cumpri-la.
• Forma que foram obtidos os dados (indi- Feito isso, você estará em condições de realizar a
cação, linkedln). entrevista, que é o próximo passo.
58 Modelo de Negócios
Vá Para a Rua e
Conheça o Cliente
UNIDADE 2 59
Ida para a Rua e
Conhecimento dos Clientes
Você sairá em campo para entender o que o clien- • Observe a reação do entrevistado pelos
te deseja. Deve identificar o que ele necessita e gestos e, se necessário, solicite outros es-
não algo que seja apenas prazeroso de se ter. Este clarecimentos.
aprendizado sobre as necessidades dos clientes • Procure obter indicação de outras pessoas
fará com que você modifique seu modelo de ne- para serem ouvidas.
gócio até que ele seja validado. O processo será
progressivo e contínuo. No início, será testada a Com esses procedimentos e pela prática, você
Proposta de Valor, seguido dos canais e fontes de verá o quanto aprendeu e que o seu modelo de
receita, para verificar se suas hipóteses podem se negócio inicial era um conjunto de hipóteses e
tornar em fatos. Assim será sucessivamente e às que realmente teriam que ser testados junto aos
vezes simultaneamente com todos os componen- clientes, parceiros.
tes do modelo de negócios. Prezado(a) aluno(a), veja o depoimento do En-
Durante a entrevista: genheiro Mecânico Marcos Mattana, empreen-
• Esteja consciente da hipótese que você está dedor e um dos diretores da PaperX, Startup de
verificando. tecnologia educacional com foco em exercícios
• Faça uma apresentação sobre você e o que e avaliação. Neste vídeo, Marcos Mattana irá nos
você deseja, ressaltando que não deseja contar um pouco sobre a importância de se co-
vender e sim conhecer os problemas e as nhecer os clientes pelo contato direto com eles.
necessidades.
• Deixe claro que o cliente é o centro do negócio
e que você está ali para interagir e aprender.
• Deixe o cliente se expressar livremente. Tenha sua dose extra de
• Busque deixá-lo à vontade para que se ob- conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
tenha dele respostas que permitam definir
leitor de QR Code.
exatamente o que eles precisam e o que os
incomoda nas coisas críticas.
• Esforce-se para que as informações sejam
qualitativas. Como é notado, este processo traz aprendizado e
• Tente puxar o fio da meada por perguntas modificações no modelo de negócios até que ele
seguidas de “Por quê?’. seja validado. Para cada período de um ciclo de
• Evite obter dados sobre as características visitas aos clientes, você deve fazer o que chamamos
do produto ou serviços. de “Análise Pós-Ação” daquilo que foi observado do
• Ao final, pergunte se ele deseja acrescentar contato com os clientes. Relaciona as modificações
algo. no modelo de negócio, estabelece novas hipóteses,
• Faça anotações das respostas. novos experimentos e “Vá para a Rua” até validar.
60 Modelo de Negócios
Conversei com dois professores que estiveram na
Universidade de Berkeley em 2016 para acompa-
nhar a apresentação final de alunos do curso de
empreendedorismo daquela universidade e ele
constatou que o curso enfatiza o desenvolvimento
do espírito de equipe e liderança. Da experiência
que tive com alunos em curso de empreendedo-
rismo, também observei problemas de relacio-
namento interpessoais que poderiam ter sido
evitados se houvesse o espírito de equipe. Com
este aprendizado, passamos a dar importância a
este aspecto. Como resultado, todos os grupos
conseguiram cumprir suas missões com forte li-
derança dos chefes.
Por isso, a seguir, vocês verão como liderar
uma equipe e como contribuir com o trabalho
em equipe.
UNIDADE 2 61
Liderança e Trabalho
em Equipe
62 Modelo de Negócios
Liderança
Sobre o tema Liderança, há inúmeras teorias. Para motivar as pessoas, sugere-se: remover os
Ao longo da minha vida, estudei algumas delas, controles e manter a responsabilidade, aumentar
procurando praticá-las. Também observei as pes- a responsabilidade dos indivíduos para seus pró-
soas, as quais tentei seguir seus exemplos ou evi- prios trabalhos, dar ao funcionário tarefas com-
tar comportamentos indesejados. Uma coisa que pletas, dar mais autonomia para os funcionários,
aprendi foi que a teoria ajuda, mas é a prática que tornar os relatórios periódicos diretamente dispo-
faz com que verifiquemos quando ela é aplicável e níveis para os próprios trabalhadores, introduzir
de que maneira, coisas que os livros não ensinam. desafios mais complexos e dar oportunidade para
A seguir, veremos algumas teorias e conside- que os colaboradores se tornem especialistas.
rações sobre a utilização. March e Weil (2005) nos dizem que líderes de-
MacGregor (1999) entendia que o chefe liderava vem proporcionar grandes ações, grandes visões e
segundo seus pressupostos em relação às pessoas. grandes expectativas. A ação deve ser intencional
Por um lado, na Teoria X, pressupõe-se que as pes- com base na avaliação de expectativas e conse-
soas não querem assumir responsabilidades, não quências. Daí as expectativas terem que ser gran-
desejam desafios, possuem pouca capacidade para des para justificar o grande esforço que traz riscos
resolver problemas. Daí o líder ter que exercer a di- atrelados. Devem ser capazes de acreditar na visão
reção e o controle sobre seus subordinados, ou seja, e transmitir com segurança a seus seguidores.
estabelece o que deve ser feito e fiscaliza. Por outro Goleman (2013) acrescenta uma ideia interes-
lado, na Teoria Y, o pressuposto é de que o colabo- sante e apropriada para o mundo atual. Segundo
rador quer responsabilidade, deseja enfrentar desa- ele, o líder deve ter foco, pois somos bombardeados
fios, quer se realizar e possui criatividade. Então, a de estímulos que desviam nossas atenções 24 horas
liderança compreende na obtenção da integração por dia, 7 dias por semana, tais como a internet e
de objetivos individuais aos organizacionais. outros meios de comunicações. Todos contribuin-
Herzberg (2003) estabeleceu a teoria dos dois do para nos distrair. Daí que, para alcançarmos
fatores: Higiênicos e Motivacionais. Nos fatores nossa visão, devemos nos concentrar no objetivo.
higiênicos, a sua ausência traz insatisfação no tra- Por outro lado, também devemos nos desligar para
balho a sua presença não proporciona motivação podermos viver nossas vidas pessoais e também
no profissional. Os fatores motivacionais, quando sermos criativos e inovadores. Este é um grande
presentes, trazem motivação, mas, quando ausen- desafio e os líderes devem possuir capacidade de
tes, não trazem desmotivação. se adaptarem a essas duas demandas emocionais.
Fatores higiênicos seriam: segurança, status, Há vários estilos de liderança; mas então, qual
relacionamento com subordinados, vida pessoal, está correto? Caros alunos, pensemos na situação.
relacionamento com pares, salário, condições de Podemos adotar um estilo denominado líder
trabalho, relacionamento com superiores, super- dominante quando, para atingir os objetivos, há a
visão, política da companhia e administração. promoção de bônus e de incentivos na carreira, às
Para os fatores motivacionais, teríamos cresci- vezes de forma coercitiva e com punição. Por outro
mento pessoal, avanço na carreira, responsabili- lado, o líder pode utilizar o estilo denominado de
dade, trabalho com autonomia, reconhecimento influência, quando se permite a distribuição de
e realização. poder, mesmo com a ausência da autoridade formal.
UNIDADE 2 63
Se a instituição já tiver a visão definida, já hou- • Qual é o local de trabalho em conjunto.
ver uma estratégia para alcançar a visão e for exi- • Como será o processo decisório.
gida rapidez nas ações, seria cabível uma atitude • Como será a comunicação e o comparti-
dominante. Por outro lado, se houver necessidade lhamento das informações.
de criatividade, inovação, delegar poder para subor- • Como cada um deverá auxiliar os outros
dinados, a atitude de prestígio seria mais apropriada. integrantes do grupo.
Assim, o líder deve ser capaz de entender o • Deverá ter comunicação franca.
contexto, a missão e liderar com predominância • Valores deverão ser compartilhados.
de uma das duas atitudes: de dominância ou de • Deverão ser externadas as expectativas
prestígio (MANER, 2016). individuais em relação ao grupo.
64 Modelo de Negócios
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
65
LIVRO
O Monge e o Executivo
Autor: James C. Hunter
Editora: Sextante
Sinopse: James C. Hunter apresenta uma obra literária completamente restau-
radora, emocionante e transformadora. O Monge e o Executivo é uma história
sobre a essência da liderança e quem lê descobre como se tornar uma pessoa
melhor na sociedade, no trabalho, na família e em várias ocasiões. Nele, você
terá os conhecimentos de como se relacionar com as pessoas e fazer com que
uma equipe tenha segurança em você para seguirem pelo mesmo caminho.
66
BERTINI, M; TAVASSOLI, N. T. Case Study: Can One Business Unit Have 2 Revenue Models? Har-
vard Business Review, v. 93 n. 3. p. 121-123, mar. 2015.
BLANK, S.; DORF, B. Startup - manual do empreendedor: o guia passo a passo para construir uma grande
empresa. Rio de Janeiro: Alta books, 2014.
DORNELAS, J. Empreendedorismo: Transformando ideias em negócios. 6. ed. São Paulo: Empreende/Atlas, 2017
GOLEMAN, D. What Makes a Leader: Why Emotional Intelligence Matters. MA: More Than Sound, 2013.
HAQUE, U. To Manage Platform: Think of It as a Micromarket. Harvard Business Review Web Digital. 13
abr. 2016. Disponível em: <https://hbr.org/2016/04/to-manage-a-platform-think-of-it-as-a-micromarket> .
Acesso em: 30 jan. 2018.
HERZBERG, F. One More Time: How Do You Motivate Employees? Harvard Business Review. 2003, p. 31- 41.
KAVADIAS, S; LADAS, K; LOCH, C. The Transformative Business Model. Harvard Business Review. 27 out.
2016, p. 90-98.
MACGREGOR, D. O Lado Humano da Empresa. 6. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 1999.
MANER, J. Good Bosses Switch Between Two Leadership Styles. Harvard Business Review Web Digital.
5 dez. 2016. Disponível em: <https://hbr.org/2016/12/good-bosses-switch-between-two-leadership-styles>.
Acesso em: 30 jan. 2018.
O’BRIEN, K.; RIORDAN, C. M. For Great Teamwork, Start with a Social Contract. Harvard Business Review
Web Digital.17 abr. 2012. Disponível em: <https://hbr.org/2012/04/to-ensure-great-teamwork-start>. Acesso
em: 30 jan. 2018.
OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios. Rio de
Janeiro: Alta Books, 2011.
WHITEHURST, J. 3 Ways to Encourage Smart Teamwork. Harvard Business Review Web Digital. 7 set. 2015.
Disponível em <www.hbr.org>. Acesso em: 30 jan. 2018.
REFERÊNCIA ON-LINE
Em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/quadro-de-modelo-de-negocios-para-criar-recriar-
1
67
1. Você deverá montar um canvas do modelo de negócio com 9 componentes: 1. Segmentos dos Clientes, 2.
Proposta de Valor, 3. Canais, 4. Relacionamento com Clientes, 5. Fontes de Receitas, 6. Recursos Principais,
7. Atividades-Chaves, 8. Parcerias Principais, 9. Estrutura de Custos.
2. Você deverá apresentar o que foi pedido, incluindo no perfil, no que for aplicável:
• Nome do cliente.
• Empresa ou instituição que trabalha.
• Função na empresa/organização.
• Perfil: idade, sexo, formação.
• Forma que foram obtidos os dados (indicação, linkedln).
3. Você deve avaliar um modelo de negócios no mínimo sobre dois dos seguintes critérios:
• Personalização
• Reciclagem
• Participação de ativos
• Preços baseados em uso
• Ecossistema Colaborativo
• Organização ágil e adaptativa
68
69
70
71
72
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Modelo de Negócio:
Segmento de Cliente
e Proposta de Valor
PLANO DE ESTUDOS
Segmentos Proposta
de Clientes de Valor
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Blank (2014) apresenta um modelo de Desenvolvi- quando as hipóteses do modelo de negócio forem
mento do Cliente em 4 fases, como pode ser visto confirmadas, por intermédio do contato com o
na Figura 2. Observa-se que todas as fases estão re- cliente. O símbolo “Pare” representa este momento.
presentadas por círculos e setas que possuem movi- A rearticulação caracteriza o retorno à fase anterior
mentos recursivos, a fim de mostrar que o processo quando, já na validação, for identificado que o cliente
dentro de cada fase só avança para a fase seguinte ainda não foi descoberto satisfatoriamente.
Busca Execução
Rearticulação
UNIDADE 3 75
Primeiro Passo:
Descoberta do Cliente
Segundo Blank (2014), a visão do fundador sobre dio de suas aspirações e problemas é uma parte do
o negócio deve ser comprovada pelos clientes. desenvolvimento do produto bastante negligen-
Assim, os fundadores devem sair da empresa e ciada. Inúmeras empresas dedicam período curto
juntar-se aos clientes para testar as hipóteses do para esta fase, deixando de conhecer bem quem
modelo de negócio. Quando os fundadores pas- são seus clientes e quais são suas reais necessida-
sam a conhecer os clientes, suas necessidades e des. Nesta fase, é importante ter uma definição
suas dores, a startup terá condições de produzir clara de qual é o problema a ser resolvido para
soluções para o cliente. poder concentrar esforços no que é importante.
Deve-se fazer uma descrição do mercado e Ainda, segundo os autores, deve-se imergir onde
dos clientes, pelo conhecimento de quem são os o produto ou serviço será usado para se ter uma
clientes, quais são seus problemas, como usam o compreensão clara das condições que o produto
produto ou serviço, que preço os clientes estão será utilizado e quais clientes devem ser até des-
dispostos a pagar. Esse conhecimento será possível considerados no processo de desenvolvimento.
pela opinião dos clientes quando experimentarem Caro(a) aluno(a), você pode compreender
os produtos ou serviços. muito bem o que estamos falando. Você já viu
Dornelas (2017) fala sobre a necessidade de produtos sofisticados que possuem excelentes
conhecer o cliente. Deve-se conhecer as necessi- características de desempenho e que, de fato,
dades e de que maneira elas estão sendo satisfei- algumas dessas características não interessam
tas, a fim de oferecer os produtos o serviços que ao cliente. Tome como exemplo alguns equi-
superem os desejos dos clientes. Ao conhecer o pamentos rádios para veículos. Para se regular
que os clientes estão buscando, você terá melhores o som de acordo com nossa preferência, exis-
condições de atendê-los. tem inúmeros botões de controle para serem
Finn e Ashkenas (2016) nos fala sobre alavan- ajustados. São tantos que, ao final, utilizamos
car o aumento da receita pela identificação de poucas vezes os recursos. Por outro lado, já vi-
uma quantidade reduzida de clientes de interesse mos equipamentos rádios que possuem ajustes
e, posteriormente, por intermédios do contato, de padronizados e simples de serem manuseados.
conversas, e de se colocar no lugar deles, é pos- São justamente estes que preferimos. É possível
sível levantar quais são os desafios e dores que inferir que os idealizadores especificaram os
eles enfrentam. Entretanto, não pense que é fácil produtos pela consulta a especialistas e não aos
identificar as necessidades dos clientes. Você de- clientes. Às vezes, retirar requisitos de desem-
verá sair em campo e conversar com eles diversas penho desnecessários é tão ou mais importan-
vezes. No início, sentirá dificuldades, mas, com te que incluir requisitos desejados, pois reduz
a prática, logo aprenderá como fazê-lo. Ao final, tempo e custo no desenvolvimento e melhor
será possível desenvolver o produto ou serviço atendem aos clientes. O custo de desenvolvi-
apropriado para as necessidades dos clientes de mento será repassado ao cliente. Será que ele
forma segura e rápida. está disposto a pagar?
Segundo Thomke e Reinertsen (2012), a defi- Isso somente seria detectado se houvesse a
nição das necessidades dos clientes por intermé- validação pelo cliente.
Blank e Dorf (2014, p. 24) assim caracterizam a fase Caro(a) aluno(a), nesta fase do processo de de-
de validação do cliente,“se verifica se o negócio tes- senvolvimento do cliente, a startup entra na fase
tado repetidamente na descoberta do cliente é um de execução, pois as hipóteses relacionadas ao
modelo de negócio que, de modo recorrente e sus- modelo de negócio já foram testadas e confir-
tentável, é capaz de prover um volume de clientes madas como sendo escaláveis. Os passos, nesta
tal que se possa construir uma empresa lucrativa”. fase, assemelham-se muito ao planejamento tra-
Nesta fase, a startup deve realizar novos expe- dicional de geração de demanda, como veremos
rimentos para verificar se o negócio é escalável. a seguir.
Com o aprendizado da fase anterior, de descober- A geração da demanda segue algumas práti-
ta do cliente, já é possível apresentar ao cliente o cas das estratégias tradicionais para se lançar um
produto ou serviço com as principais característi- produto. Deve-se estimular os clientes para que
cas desejadas pelos clientes. Com isso, são realiza- busquem os canais de distribuição da empresa para
das verificações sobre a disposição dos clientes em compra.
pagar pelos produtos ou serviços, sobre os canais A equipe de marketing poderá dispender re-
de distribuição, sobre o tamanho do mercado. cursos vultosos para a campanha, pois já houve a
Este processo é recursivo e pode retornar à fase confirmação da viabilidade do negócio nos pas-
anterior para modificar o modelo de negócio. O sos anteriores. Deve-se conhecer bem o mercado
importante é que, a cada passo, os empreendedo- com seus clientes e concorrentes, a fim de veri-
res da startup conheçam melhor a aplicação do ficar se entrará em um mercado já existente ou
modelo de negócio, que iniciou com uma série de se será aberto um novo nicho, tendo vantagem
hipóteses. Desse modo, os fundadores constatarão competitiva pelo preço ou pela diferenciação.
se o negócio é viável e escalável. Se confirmado, Para cada estratégia haverá ações distintas para
poderão seguir para a fase seguinte do Processo a geração da demanda (BLANK, 2012).
de Desenvolvimento do Cliente.
Após a geração da demanda, é chegada a hora de se criar uma empresa com a cultura e valores de seus
fundadores. Para isso, deve-se ter uma grande liderança para estruturar a empresa que deverá ser ágil
e economicamente viável. A seleção do pessoal, capacitação e desenvolvimento de valores serão os
grandes desafios.
UNIDADE 3 77
Segmentos
de Clientes
Como já visto na unidade anterior, no caso do em- preende as pessoas que necessitam o produto ou
preendedorismo, o modelo de negócio deve trazer serviço. Para determiná-lo, consulte ou estime
retorno financeiro. Assim, uma das informações a quantidade de pessoas que possuem recursos
que deve ser levantada é a do tamanho do merca- financeiros para adquirir e que pode ser feito
do-alvo, pois implicará no faturamento, conforme pela consulta a dados disponíveis em pesquisas.
modelo de fontes de receitas. Para o nosso caso suposto, que se trata de en-
Para se calcular o mercado-alvo, deve-se iniciar sino a distância, é possível que nem todos os can-
pelo Mercado Total Possível, que compreende a didatos possuam recursos computacionais com
quantidade de usuários possíveis. Para calculá-lo, acesso à internet para que possam acompanhar
você pode pensar em quantas pessoas poderiam o curso, representando o MTD por aqueles que
adquirir os produtos ou serviços, e qual seria o possuem recursos de TI.
montante envolvido se todos comprassem. Agora, você, Mercado-alvo, compreende as
Suponha que você esteja desenvolvendo um pessoas que irão adquirir os produtos ou serviços
sistema de ensino a distância para preparação ao nos próximos anos. No nosso caso, poderia dire-
acesso à Instituição de Ensino Superior no nível cionar para aqueles que se candidatam ao acesso
graduação. Para se ter o Mercado Total Possível em determinada região geográfica para iniciar seu
(MTP), você poderia obter os dados de Número negócio. Para entender melhor e poder estimar com
Total de Candidatos Inscritos no site do Institu- propriedade, poderia ir a cursos preparatórios e
to Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais conversar com os proprietários, professores, alunos.
Anísio Teixeira (INEPE). Lá, você encontraria o Assim, utilizando o conceito da Teoria dos
número total de candidatos inscritos para cursos de Conjuntos, O Mercado-alvo está contido no
instituições públicas e privada de ensino superior. Mercado Total Disponível, que está contido no
O mercado que está contido no MTP é o Mercado Potencial Total, conforme mostrado na
Mercado Total Disponível (MTD), que com- figura a seguir.
Mercado
Mercado Total
Potencial O Mercado-alvo
Disponível
Total
UNIDADE 3 79
Acesse o site do INEPE e desenvolva um pouco mais sua habilidade de pesquisa e descubra algumas
estatísticas sobre o ensino superior no Brasil.
Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior>.
Fonte: o autor.
Como você pode ver, há inúmeras fontes de dados sobre o negócio que você quer montar. Elas servem
de parâmetros para se ter uma ideia da possibilidade de se tornar repetitivo, rentável e escalável.
Segmentação do Mercado
Aqui, cabe uma discussão sobre a segmentação Assim, poderia existir diferenças em compor-
dos clientes. Embora tenhamos estimado o tama- tamentos dos clientes e, consequentemente, de
nho do mercado, ele deve ser segmentado para propostas de valor. O comportamento poderia
que possamos entregar a proposta de valor dife- direcionar a segmentação pelo poder aquisitivo
renciada. Procure estratificar os segmentos por que distinguiria um grupo disponível a obter mais
categorias que sejam homogêneas (BARNETT, benefícios do serviço e poder pagar por suas de-
1988) para racionalizar recursos e obter um ne- mandas. Da mesma forma, poderia haver diferen-
gócio escalável. ça em disponibilidade de tempo para a realização
A segmentação de clientes deve ser bem pen- das atividades. Também teríamos segmentos de
sada de modo a startup ou organização poderem clientes com capacidade de obter conjuntos da
atender segmentos diferentes de forma adequada. proposta de valor.
Deve-se estratificar os clientes, pois desejam pro- Para Meer e Yankelovich (2006), a segmenta-
postas de valor distintas. Alguns aspectos devem ção do cliente deve determinar aqueles que ge-
ser considerados, tais como: poder de compra, ram lucros, os quais se tornam mais lucrativos;
preferências por compras e renda. Essa segmen- deve-se observar o comportamento real dele
tação só será possível muitas vezes após o contato pelo acompanhamento e contato direto; assim,
com os clientes (WAASER et al., 2004). serão identificadas propostas de valor que estão
Para o mercado-alvo, é possível segmentá-lo dispostos a pagar; convém que a segmentação seja
conforme características específicas. Por exemplo, clara para que se possa ser compreendida pelos
alunos que se preparam para o ENEM e alunos membros da equipe e estes possam contribuir em
que se preparam para vestibulares específicos. boas condições para a definição dos componentes
UNIDADE 3 81
Ganhos e Dores
dos Clientes
Relacionamento entre
Necessidades dos Clientes e Proposta
de Valor
UNIDADE 3 83
Assim, para cada segmento, deve-se identificar os próprios ganhos
e dores, além das tarefas para que sejam levantados os analgésicos
para dores e criadores de ganhos para os ganhos. Por fim, serão
definidos os produtos e serviços que, no início, será um MVP (Mí-
nimo Produto Viável) (BLANK; DORF, 2014), que será visto na
próxima unidade.
Este relacionamento poderia ser representado por qualquer
outra forma, como a ferramenta da qualidade matriz de relacio-
namento (BRASSARD, 1989) - uma para as dores e outra para os
ganhos. Poderia ser introduzido o quanto aquele criador de ganho
ou analgésico está relacionado aos ganhos e dores, respectiva-
mente, por intermédio de símbolos que representem: fortemente
relacionado, relacionado e fracamente relacionado.
A seguir, é apresentado uma matriz exemplo para o relaciona-
mento entre ganhos e criadores de ganho, em que as linhas hori-
zontais encontram-se os ganhos representados pela abreviatura G e
índices de 1 a n. Assim, de G1 a Gn. Nas colunas, estão os criadores
de ganhos também, por hipótese de 1 a n. Assim, de CG1 a CGn.
Fracamente relacionado
Ferramentas da Qualidade são técnicas que po- Há décadas, observa-se que há um grande esforço
dem ser utilizadas para identificar, medir, anali- para se obter a inovação tecnológica, que compreen-
sar e propor solução para problemas encontra- de o processo desde a ideia, passando pelo protótipo
dos em processos (MOURA, 1994). As básicas são e pela comercialização do produto ou serviço, po-
em número de 7 e compreendem: rém, poucos são os casos de sucesso. Um dos fatores
• Fluxograma. que contribui para esse resultado indesejado é que os
• Cartas de controle. desenvolvedores se preocupam muito com o perfil
• Diagramas de causa-efeito (espinha de peixe dos usuários, tais como idade, sexo e localização
ou diagrama de Ishikawa). geográfica, mas não dão ênfase ao que realmente os
• Folhas de verificação. clientes desejam realizar. Por outro lado, constata-se
• Histogramas. que inovadores de sucesso acompanham as tarefas
• Gráficos de dispersão. sendo realizadas pelos clientes e, a partir dessas ob-
• Diagrama de Pareto. servações, identificam desempenhos indesejados e
necessidades. A partir daí, projetam soluções para
os problemas e que atendam necessidades (CH-
Para se priorizar os ganhos e as dores, há inú- RISTENSEN, 2016). Quando você conhece o que
meras formas. Uma simples seria identificá-los o cliente realiza e deseja, você passa a ter condições
por anotações em “post it” e colá-los em um qua- de levantar o que é prioritário e racionalizar sua
dro branco. A partir daí, os integrantes do grupo proposta de valor a um custo menor e a um preço
iriam colocar em posições mais altas as que forem melhor para o cliente.
consideradas prioritárias; em seguida, outro in- Para se compreender as necessidades dos
tegrante poderia se aproximar e manter ou não a clientes, não se deve apenas dar atenção ao de-
posição colocada por se colega. Isso prosseguiria sempenho funcional de requisitos tangíveis, fe-
com todos os integrantes do grupo. Como have- ve-se prestar a atenção a dimensões emocionais
ria divergências, seria necessárias discussões até e sociais.
UNIDADE 3 85
Quando morei na Bélgica, no início dos anos me chamou a atenção e veio se confirmar depois,
2000, verifiquei que poucos profissionais utiliza- quando em um almoço com um amigo, este fez
vam celular. Isso só era possível observar quando uma ligação pra mim (estavamos juntos na mes-
havia intervalo no trabalho e uns poucos o uti- ma mesa) apenas para mostrar o celular novo,
lizavam em uma área de descanso, inclusive eu. como símbolo de status, ou seja, social.
Isso também era observado fora do trabalho. O As tarefas dos clientes dizem respeito aos tra-
que me chamou a atenção foi que, quando che- balhos que eles realizam ou querem realizar, os
guei no Brasil, notei no aeroporto um grupo de problemas que querem resolver ou mesmo me-
pessoas, que parecia ser da mesma família, e todos lhorias que querem implementar. Há três tipos de
utilizando seus celulares simultaneamente. Aquilo tarefas (OSTERWALDER, 2014):
2
ou cumprir uma atividade. Normal- marcas que representem alto poder aqui-
mente, são tangíveis no resultado; sitivo, também podem ser marcas que re-
podem incluir o aumento da rapidez presentem seriedade e uso de tecnologia.
no atendimento ao cliente: quando foi
1 criado o Sedex para a entrega de en-
comendas pelo Correios; como uma As tarefas pessoais/emocionais, relacio-
videoaula para melhorar o desempe- nadas ao bem-estar e autoestima. Com-
nho do aluno; como um serviço tipo preendem serviços que atuam no emo-
Uber que gerencia frota de veículos 3 cional das pessoas, como corte de cabelo
para transporte, oferecendo pratici- e maquiagem, ou o serviço de agência de
dade no pedido. emprego.
Quando os clientes compram os produtos ou ser- Os resultados indesejados são percebidos por vá-
viços, eles estão interessados em obter uma solu- rias formas. Por medição direta ou indireta, perce-
ção para uma tarefa que ele esteja realizando ou be-se a baixa qualidade quando confrontado com
desejam realizar. As dores dos clientes represen- uma meta, por exemplo. Às vezes, só se nota a baixa
tam resultados indesejados, problemas, obstáculos qualidade quando se compara com outra tarefa
e riscos (OSTERWALDER, 2014). similar e se verifica a diferença no desempenho.
UNIDADE 3 87
Por outro lado, há ganhos que
já são esperados, embora não
comprometam o desempenho
do produto ou serviço. Nesse
rol, poderia ser incluído, por
exemplo, uma cadeira de es-
critório com ajuste de altura,
pois seria admissível o uso por
pessoas de várias estaturas e por
longos períodos. Ao contrário,
para cadeiras de mesas de jan-
tar, não seria esperado que ela
Figura 5 - Modelos de tomadas: antiga e atual possuísse esses tipos de ajuste.
Há também os ganhos que superam o que espe- por recebermos um ganho que ultrapassa nossa
ramos de uma solução. Seriam os ganhos de- vontade de possuí-lo - são os ganhos inespe-
sejados. Imagine que as cadeiras de escritório rados. Agora, imagine que, após ter comprado
viessem com um descanso de cabeça que poderia a cadeira de escritório, a loja te informa que será
proporcionar um pequeno descanso quando as- concedido uma garantia de 6 anos e que haverá
sociado à inclinação da cadeira. revisão dos mecanismos a cada dois anos; você
Por fim, existem os ganhos que surpreendem, fica satisfeito por receber um serviço que não era
não seríamos capazes de imaginar a solução ou esperado.
UNIDADE 3 89
um negócio repetível e escalável, deve-se reduzir, que poderiam tornar a entrega do produto ou
inicialmente, o número de segmentos e a quanti- serviço sem o princípio da oportunidade e/ou
dade de itens da proposta de valor àqueles con- com custo elevado que o cliente não queira pagar.
siderados mais importantes e que venham a ala- Mais uma lembrança: como há vários segmen-
vancar o negócio. Só se deve expandir requisitos e tos de clientes, você deverá iniciar por poucos
segmentos quando os anteriores forem validados, segmentos, a fim de validar a solução para, so-
é trabalhar no conceito da simplicidade em que mente depois, expandir para outros segmentos
“menos é mais”; saber excluir itens da proposta de com novas propostas de valor.
valor faz parte do processo de decisão da equipe.
Uma reflexão que deve ser feita é a distinção
entre duas necessidades do cliente: uma o “precisa Criadores de Ganhos
ter” e outra o “seria bom ter”. Deve-se dar mais
atenção ao “precisa ter”, pois trará mais benefícios Da mesma forma que foram levantadas as dores,
à execução de tarefas pelos clientes. Os negócios foram também identificados os ganhos dos clien-
trazem valor para os clientes, principalmente, tes, que poderão ser funcionais, emocionais, que
quando eles desejam algo, estão pensando em tragam mudanças de vida e de impacto social.
uma solução, e a startup ou empresa mostram ao Adiante, veremos um pouco mais sobre esses
cliente que somente com elas será possível aten- ganho. Deveremos criar proposta de valor que
der as necessidades. Com a prática, você verá o proporcionem os ganhos necessários, esperados,
quanto isto é importante para manter um negócio desejados, inesperados.
sustentável (BLANK; DORF, 2014). Inicialmente, deverão ser priorizados para
poucos segmentos, para, depois, expandir com
novas propostas de valor e para novos segmentos.
Analgésicos
ESTIMA
SOCIAL
SEGURANÇA
FISIOLÓGICAS
UNIDADE 3 91
Por outro lado, há um aspecto da teoria que é pouco estudado e
diz respeito à forma de pirâmide. Esta nos mostra que a base é maior,
assim, essas necessidades são mais fáceis de serem definidas, obtidas
e medidas. Ao contrário, na parte superior que é menor, significa que
são necessidades mais difíceis de serem definidas, serem alcançadas
e serem medidas. Por exemplo, imagine que você esteja com sede e
queira tomar um suco de uva. Não foi difícil definir o que se deseja
beber. Também será simples obter um suco de uva e saber se o sabor
o satisfez ou não.
Agora, imagine a autorrealização. Você já sabe exatamente qual é
sua vocação? Você sabe como irá se autorrealizar? Você sabe como e
quando saberá que se realizou ou não? Viu? É também por isso que a
teoria se apresenta na forma de pirâmide. Este conceito é importante
porque passaremos a ver os elementos de valor também na forma
de pirâmide.
Os Elementos de Valor
Fornece Autorealização
Esperança
A relevância dos elementos não é absoluta, pois Também se percebe que certos elementos en-
dependem dos ramos do negócio e da cultura. Por contram-se presentes com maior incidência em
exemplo, imagine um veículo potente, de luxo, em determinados tipos de indústrias. Por exemplo, nas
uma cidade de campo com poucos moradores, não indústrias de alimento e de bebidas, encontramos o
teria o mesmo valor que em uma cidade de praia apelo sensorial como elemento de valor. Já para um
para veraneio. Entretanto, ficou constatado que em- segmento de seguro de veículos, teríamos a tradição
presas que entregam maior quantidade de elemen- como elemento de valor desejado pelos clientes.
tos de valor com bom desempenho percebido pelos Tjan (2009) recomenda que os líderes se preo-
clientes obtêm maior fidelidade com seus produtos cupem em entregar aos clientes quatro tipos de
ou serviços. Ainda, essas empresas possuem maio- propostas de valor: melhor qualidade, repre-
res taxas de crescimento da lucratividade. sentada por desempenho superior dos produtos
UNIDADE 3 93
ou serviços; melhor relação custo-benefício,
por exemplo, teríamos pilhas com preços supe-
riores, mas com duração também superiores; luxo
e aspiração, que representam sucesso e promessa
de experiência única, como as oferecidas por au-
tomóveis de luxo; e deve ter, representado por
proposta de valor que são essenciais para que os
clientes executem suas tarefas, por exemplo, uma
proposta de valor de um curso de ensino à dis-
tância que apresente questões de prova para trei-
namento para o ENEM, os alunos exigirão que as
questões possuam respostas para que eles possam
se exercitar e realizar a correção da aprendizagem.
Quando você estiver ouvindo os clientes, dê bas-
tante atenção ao que deve ter, pois, normalmente,
levarão mais ganhos para eles.
UNIDADE 3 95
Avaliação das Hipóteses do Aspectos Humanos da
Modelo de Negócios Entrevista com Clientes
Continuando a pensar que, no início, possuímos Vamos lembrar que o processo de busca do clien-
hipóteses do modelo de negócios que deverão ser te serve para verificar se a visão do fundador se
testadas juntos aos clientes, você deverá adotar encaixa nas necessidades dos clientes. Para isso, o
uma abordagem que lhe traga insights sobre a processo de entrevista deverá ser conduzido pelo
validade ou não junto aos clientes. Para isto, Os- próprio fundador e fora do prédio, pois até da
terwalder (2014) propõe que se elabore perguntas observação das reações físicas dos entrevistados
para ajudar na entrevista com os clientes e, após pode-se obter informações, pois muita da comu-
o encontro pessoal ou por outro meio de comu- nicação passa pelos gestos.
nicação, seja feita uma análise para ver o que foi Se puder levar uma pessoa para ajudar e tomar
aprendido, ratificado, invalidado no modelo de notas, você poderá ficar livre para conduzir as per-
negócio. guntas; se não for possível, você terá que arranjar
Poderiam incluir as seguintes para se obter uma forma de também anotar; se necessário e
informações sobre dores dos clientes: autorizado, você poderá gravar as vozes para ouvir
• O que o incomoda na execução de sua ta- posteriormente.
refa? Como teremos que nos comunicar com pes-
• Você identifica quais riscos na execução soas desconhecidas, deveremos ter uma boa pre-
de suas tarefas? paração para não causarmos perda de tempo para
• Quais propostas de valor são indesejadas? eles e nem para nós. Poderá constituir de uma
• Quais são os obstáculos que você está en- folha de verificação para garantir que você seguirá
frentando para executar a sua tarefa? um roteiro.
Peça para o cliente contar uma história, pois
Para identificar os ganhos para os clientes, você ele irá falar livremente sobre os desejos e proble-
poderia questionar o seguinte: mas; evite perguntas que proporcionem respostas
• Qual seria o nível de qualidade desejado? tipo sim ou não; faça perguntas abertas; ouça os
• Quais são suas expectativas para execução clientes e não fique falando, você foi ao encontro
da tarefa? dele para aprender.
• O que traria facilidade na execução de sua Durante a entrevista, para se obter mais escla-
tarefa? recimentos, você poderá utilizar uma pergunta
• Como você mede o sucesso ou resultados que facilita bastante para obter mais informações.
insatisfatórios na execução de sua tarefa? Trata- se de perguntas seguidas de Por que? Após
• Se você tivesse um poder sem limite, o que a obtenção dessas informações, você deverá trans-
você desejaria para executar sua tarefa? formá-las em conhecimentos para decidir. Você
tem algo mais a apresentar?
UNIDADE 3 97
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
1. Agora que você compreendeu um pouco mais sobre o perfil do cliente, identifi-
que um segmento de cliente e descreva pelo menos um tipo de tarefa que ele
esteja ou deseje realizar.
3. Para o mapa de valor do clientes e com base nas dores e ganhos da questão,
levante hipóteses de analgésico e criadores de correspondentes para cada dor
e ganho.
98
LIVRO
99
ALMQUIST, E.; SENIOR, J.; BLOCH, N. The Elements of Value. Harvard Business Review, 2016.
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1
101
1. Deve identificar as tarefas dos clientes que dizem respeito aos trabalhos que eles realizam ou querem
realizar, os problemas que querem resolver ou mesmo melhorias que querem implementar .
2. Devem elaborar o conjunto de hipóteses com, no mínimo, 3 dores e 3 ganhos para o segmento de clientes
escolhido e que estejam correlacionados com as tarefas.
102
103
104
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Modelo de Negócio:
Canais e Relacionamento
PLANO DE ESTUDOS
Relacionamento:
como atrair os clientes
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Identificar os canais existentes com o cliente. • Sugerir formas para atrair, manter e expandir clientes.
• Descrever os tipos de relacionamentos com o cliente.
Canais
UNIDADE 4 107
FASE 1: CONHECIMENTO
fases
A maneira como nós fazemos para
que os clientes possam conhecer
e seus
passar do tempo de uso, como po-
deríamos atualizá-los em relação a
FASE 2: AVALIAÇÃO
FASE 3: AQUISIÇÃO
De que modo auxiliamos os usuários
Como possibilitamos aos clientes ad-
a fazerem a avaliação da Proposta de
quirirem nossos produtos ou serviços
Valor que é recebida de nossa orga-
utilizando canais físicos ou digitais.
nização. Podem ser feitas por meios
Por exemplo, um site da empresa,
físicos ou digitais. Por exemplo, uma
integrado com o sistema bancário e
pesquisa do cliente por mensagem
que permita a compra com cartão de
de e-mail ou um grande cliente pela
crédito.
visita a suas instalações.
FASE 4: ENTREGA
FASE 5: PÓS-VENDA
De que forma a Proposta de Valor é
De que modo fornecemos assistên-
entregue aos clientes, incluindo modo
cia técnica para nossos clientes. Por
digital ou físico. Exemplificando, a en-
exemplo, quando um cliente adqui-
trega pode ser feita por uma empresa
re um computador pessoal, de que
de transporte, no caso do canal físi-
forma ele é atendido no caso de de-
co. Por outro lado, pode ser feito um
feito no equipamento. Ele leva para
download (envio de arquivo de um
um serviço autorizado, ou recebe um
servidor para outro computador via
técnico no domicílio?
internet) de um software.
108 Modelo de Negócio: Canais e Relacionamento
Tipos de Canais Físicos
de Distribuição
UNIDADE 4 109
Venda Direta • Vantagens: por conhecerem os produtos
ou serviços, os vendedores podem, rapi-
Quando a entrega é executada pelo próprio pes- damente, atingir várias áreas geográficas.
soal da empresa, diretamente ao cliente final. Por dependerem de nossos produtos para
• Vantagens: a empresa pode controlar e su- integrarem, tornam os parceiros interessa-
pervisionar efetivamente o serviço de en- dos no sucesso de nossas vendas.
trega. Ainda, pode ouvir do diretamente do • Desvantagens: os vendedores necessitam
cliente a opinião sobre produtos ou serviços. de treinamento e são difíceis de serem mo-
• Desvantagens: o custo é elevado para man- nitorados.
ter equipe de vendas. Também necessita ca-
pacitar pessoa constantemente no uso dos
produtos ou serviços. Precisa ter pessoal em Revendedores
inúmeras áreas geográficas.
São aqueles que vendem quantidades pequenas
ou média dos produtos fabricados pela empresa.
Representante de Vendas • Vantagens: por venderem quantidades
significativas, podem valorizar bastante o
Quando utiliza pessoas que não pertencem aos negócio da empresa fornecedora de pro-
quadros da empresa, como vendedores autônomos, dutos que eles consideram de qualidade.
normalmente, especialistas em vendas e no próprio • Desvantagens: o custo é elevado e difi-
negócio. Também podem representar outras empre- cilmente estabelecem parcerias represen-
sas fabricantes de produtos similares, mas não con- tativas. É comum que só remunerem a
correntes. Geralmente, encontram-se em áreas não empresa produtora quando suas vendas
abrangidas pelos vendedores diretos. São remunera- são concretizadas.
dos, na maioria dos casos, por comissão, mas podem
receber algo fixo para suas despesas operacionais.
• Vantagens: possibilidade de abranger vá- Varejistas
rias áreas ocupadas pelos segmentos dos
clientes. Os custos são proporcionais às Adquirem os produtos e os comercializam com
fontes de receita. elevada margem de lucro a fim de custear suas
• Desvantagens: os representantes podem despesas operacionais.
se dedicar mais a outras empresas que re- • Vantagens: valorizam os produtos que
presentam ou mesmo a seus clientes em vendem e podem até realizar campanhas
vez de a nossas empresas. de marketing dos produtos. Por venderem
quantidades significativas, podem valori-
zar bastante o negócio da empresa forne-
Revendedores Integradores cedora de produtos que eles considerem
de Sistemas/Montadores de qualidade.
Esse tipo de vendedores agrega valor ao produto ou • Desvantagens: torna-se um negócio arris-
serviço de sua empresa, pois prestam assessoramen- cado se depender, prioritariamente, deste
to, realizam treinamento, integram componentes. canal.
UNIDADE 4 111
Observamos que todos os componentes são im-
portantes para o modelo de negócio. Muitos for-
necedores preocupam-se apenas com a qualidade
do produto, e não com os serviços associados,
como o canal. Quando é percebido que o canal de
distribuição não atende com qualidade os clientes,
empresas procuram compartilhar com outras em-
presas o serviço, ou procuram parceiros, segundo
Anderson e Narus (1996, on-line)2. A busca de
parceiros que executem a atividade de distribui-
ção não é uma tarefa fácil, pois nem sempre eles
incorporam a cultura da empresa em relação aos
clientes. Ainda, necessitam de capacitação para
poder fazer parte da cadeia de distribuição. O
processo de captação de parceiros deve ser pro-
gressivo e contínuo.
Como se vê, a ligação com o cliente é significa-
tiva para o sucesso no negócio. Outro componente
que está relacionado ao canal é o Relacionamento
com o cliente, como veremos a seguir.
UNIDADE 4 113
Relacionamento com Cliente Conhecimento
UNIDADE 4 115
Relacionamento:
Como Manter e
Aumentar os Clientes
UNIDADE 4 117
atenção recebida, o cliente fica propenso a • Elevação do custo de troca do produto
manter-se fiel à determinada marca. A fim de inibir que o cliente troque o pro-
Tive a oportunidade de comprar sistemas duto ou serviço por uma marca concor-
de ares condicionados em uma empresa. A rente, é possível elevar o custo desta troca,
instalação foi feita por uma empresa dife- por intermédio da elaboração de contratos
rente. Passado um tempo, recebia ligação da por períodos maiores, tecnologia restrita.
primeira empresa para saber se estava tudo Isso é comum em contratos de prestação de
bem e se eu estava satisfeito com o produto. serviços em que a fidelidade é obtida por pe-
Realmente estava, pois o produto foi entre- ríodo maior a um custo menor. No caso de
gue em excelentes condições, recebi todo academias de ginásticas que realizam con-
assessoramento técnico, e o preço de compra tratos anuais, com custos menores que os
era bastante competitivo. Passado um tem- mensais, mas que, se paga adiantado ou com
po, tive que adquirir outro produto relacio- compromisso de, ao se cancelar o contrato,
nado. A primeira empresa que procurei foi algum valor fica retido para a academia.
ela, pois me senti assistido pelo fornecedor.
UNIDADE 4 119
Como Aumentar
os Clientes
Dado que uma empresa ou startup já atraiu cliente Se escolher um livro de empreendedo-
e o reteve, é desejável que ela queira aumentar as rismo, por exemplo, em seguida, aparece
receitas com o aproveitamento dos clientes exis- um sugestão de outros livros que foram
tentes. Para isso, há inúmeras táticas que incluem comprados por clientes que obtiveram o
o aumento da receita advinda dos clientes existen- mesmo produto que você.
tes ou a da atração de novos clientes. Veremos nes-
ta unidade: Indicação, Venda Cruzada, Upsell • Upsell
e Vendas em Datas Especiais. Isso ocorre quando vendemos o mesmo
produto com um adicional de volume, de
• Indicação características, com acréscimo pequeno no
A Indicação ocorre quando o cliente exis- preço inicial. Como estamos seguindo a
tente indica um novo cliente e recebe al- linha da academia de ginástica, imagine
gum benefício para isso. Por exemplo, para que você, ao buscar contratar o serviço de
certas assinaturas, como Clube do Livro, uso de aparelhos, seja oferecido o uso da
são criados dias ou períodos do amigo, piscina com um pequeno preço adicional.
quando o assinante cadastrado pode re- Ou, ao adquirir um computador com de-
ceber um bônus, caso indique um amigo terminada capacidade de memória e pou-
como possível assinante. Também é feito co acréscimo no preço receba a capacidade
para serviços quando o cliente pode ter de memória em dobro.
uma mensalidade grátis de determinada
academia de ginástica se indicar um amigo. Prezado(a) aluno(a), para compreendermos
melhor a utilização dos canais e/ou do tipo de
• Venda Cruzada relacionamento com os clientes, vocês poderão
A Venda Cruzada ocorre quando a empre- assistir ao vídeo em que Adriano Albano, dono do
sa oferece um produto ou serviço a mais, polo da Unicesumar, em Blumenau, brinda com
correlato ao que se está adquirindo, para um pouco de seus conhecimentos sobre canais e
aumentar a proposta de valor para o cliente relacionamento com os clientes, fruto de expe-
e a sua receita. Exemplificando, no mesmo riências e estudos acumulados ao longo dos anos.
caso da academia de ginástica, o atendente
poderia oferecer, após fechar contrato para
a prestação do serviço de atividade física
um serviço de treinador pessoal. Com isso,
a academia estaria oferecendo um serviço Tenha sua dose extra de
a mais e receberia uma percentagem da conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
receita do treinamento pessoal.
leitor de QR Code.
Você também vê esta tática quando com-
pra livros ou objetos por sites de venda.
UNIDADE 4 121
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
122
LIVRO
WEB
123
BLANK, S.; DORF, B. Startup: manual do empreendedor: O Guia Passo a Passo para Construir uma Grande
Empresa. Rio de Janeiro: Alta Books, 2014.
ENDEAVOR BRASIL. As vendas diretas no mundo de múltiplos canais. out. 2016. Disponível em: <https://
endeavor.org.br/vendas-diretas-omnichannel/>. Acesso em: 30 jan. 2018.
OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios. Rio de
Janeiro: Alta Books, 2011.
REFERÊNCIAS ON-LINE
5
Em: <https://hbr.org/2010/07/stop-trying-to-delight-your-customers>. Acesso em: 30 jan. 2018.
124
1. O canal físico deverá incluir um ou mais dos seguintes tipos:
• Venda Direta;
• Representante de Venda;
• Revendedor Integrado de Sistemas/Montador;
• Revendedor;
• Varejista;
• Atacadista;
• Fabricante de Produtos Originais.
O(a) aluno(a) também deverá incluir as vantagens e desvantagens conforme o tipo escolhido e com base
no descrito no item 1.3.1.
2. O estudante deverá selecionar, dentre as mídias livres e as pagas, aquelas que melhor se adequem a seus
modelos de negócios.
• Programa de Fidelidade;
• Contatos Telefônicos;
• Início com pesquisa de satisfação do cliente;
• Remessa de boletins de atualização;
• Monitoramento e questões de atendimento ao cliente;
• Elevação do custo de troca do produto.
125
126
Me. Waldemar Barroso Magno Neto
Desenvolvimento de
Cliente: Parcerias
Principais, Estrutura de
Custo e Avaliação do
Modelo de Negócio
PLANO DE ESTUDOS
Estrutura de Custo
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
mento tos de
s Princip
ais
e Princip
ais de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Proposta com os Clie Clientes
Principais Canais
Recursos
s
de Custo e Receit
a
Estrutura Fontes d
UNIDADE 5 129
Razões Para se Estabelecer Parcerias
Não há dúvida de que para se produzir bens e a experiência de conhecer uma empresa que
se oferecer serviços há a necessidade de se ter chegava a comprar aço com a antecedência de
parceiros. Particularmente para a produção, as dois anos da data de uso dessa matéria-prima
empresas precisam de cadeia de suprimento ca- para a produção de seus produtos. Ela desco-
paz de entregar os componentes no tempo cer- briu que era o tempo necessário para se pro-
to para não gerar estoques e para que se atenda duzir a matéria-prima novamente ou se obter
às necessidades dos clientes com oportunidade. de outro fornecedor, caso o aço não atendesse
A capacidade dos fornecedores determinará a às especificações.
qualidade de nossos produtos, pois trata-se de Duas empresas que souberam muito bem esta-
uma cadeia. Uma sequência de passos para se belecer parcerias com seus fornecedores foram a
chegar ao produto final. Essa dependência dos Toyota e a Honda, as quais adotaram procedimen-
fornecedores faz com que as empresas cons- tos similares para se obter excelentes resultados do
tantemente avaliem sobre a necessidade de se relacionamento com eles, pelo uso de seis etapas
fabricar seus componentes ao invés de obtê-los distintas e hierarquizadas (CHOI; LIKER, 2004),
de fornecedores (CHOI; LIKER, 2004). Tive conforme mostrado a seguir.
6
5
4
3
2
1
Figura 2 - Hierarquia da Parceria com Fornecedores
Fonte: Choi e Liker (2004).
UNIDADE 5 131
Primeiro, eles entendem como seus fornecedores
funcionam: para isso, comparecem às instalações dos for-
necedores e verificam como eles trabalham. Também apren-
dem sobre o mercado que os fornecedores estão inseridos.
132 Desenvolvimento de Cliente: Parcerias Principais, Estrutura de Custo e Avaliação do Modelo de Negócio
Como Estabelecer uma Aliança Estratégica
2 Conheça a si mesmo
Como sabemos, há pessoas com baixa autoestima, que se julgam
inferiores e têm percepções negativas que diferem da realidade.
Da mesma forma, ocorre com empresas que não conhecem suas
capacidades, suas forças e dão muita atenção a suas fraquezas.
Para que se possa estabelecer aliança robusta e duradoura, pro-
cure entender quais são suas competências que os diferencia na
excelência da entrega de produtos e serviços, a fim de compar-
tilhar com os parceiros e também torná-los fortes. Se fizermos
parcerias com base nas fraquezas, as alianças não prosperam.
As alianças bem-sucedidas são criadas com a junção de forças.
UNIDADE 5 133
4 Trate “toda a família” respeitosamente
Como costumamos dizer: “Quando se casa, casa-se com a
família”. Isso também ocorre com as alianças: quando se es-
tabelece um relacionamento com um outro grupo (empresa),
muitos ou todos os integrantes da organização passarão a
interagir e é desejável que estejam predispostos a colaborar,
ao invés de tratar com indiferença a nova aliança. O ser hu-
mano gosta de participar de novos empreendimentos, desde
que seja esclarecido sobre o que está ocorrendo. Portanto,
não se limite a um grupo reduzido no processo de parceria;
informe e coloque o máximo de pessoas, contribuindo com
o sucesso do novo negócio.
134 Desenvolvimento de Cliente: Parcerias Principais, Estrutura de Custo e Avaliação do Modelo de Negócio
7 Não se restrinja apenas ao que está no contrato
Quando estabelecemos o acordo formal, temos as primeiras
intenções. Com a interação, começamos a identificar novas
oportunidades que poderão ser acrescentadas com aditi-
vos ao acordo inicial. Tive experiência de um acordo que
compreendia pesquisas. Durante a vigência, constatamos
a oportunidade de se criar uma disciplina conjunta com
professores e alunos de ambas as instituições na mesma
sala de aula, a fim de compartilharmos as competências nas
áreas de Engenharia e de Administração. Todo o processo de
preparação foi feito anteriormente à assinatura de aditivo.
UNIDADE 5 135
Para que se tenha mais pessoas contribuindo com o rela-
cionamento, há a necessidade de se formar um grupo e se
difundir a visão sobre o novo negócio. Deve-se buscar que
mais pessoas participem do novo empreendimento, a fim de
que se comprometam. Para elas realmente contribuírem, po-
rém, há de se remover barreiras. Elas devem ser capacitadas
e receber liberdade para buscar novas oportunidades. Com
isso, podemos comemorar pequenas conquistas que farão
com que outros se motivem a novos projetos conjuntos.
11 Respeite as diferenças
Você sabe muito bem que o respeito é fundamental. Sabe-
mos também que as pessoas são únicas. O mesmo ocorre
com as organizações. Apesar de as empresas escolherem
parceiros que possuem similaridades nos valores e estejam
dispostas a construir um negócio que traga benefícios mú-
tuos, haverá momentos em que surgirão conflitos devido a
diferenças de pontos de vista, competências, padronização
de procedimentos, comportamento organizacional, crenças
e valores. Nesses casos, deve-se buscar a compreensão e a
solução das oposições de ideias para se obter o bem comum.
Como dito no item anterior, o sistema de governança seria
capaz de resolver essas questões.
136 Desenvolvimento de Cliente: Parcerias Principais, Estrutura de Custo e Avaliação do Modelo de Negócio
12 Ensine os parceiros; aprenda com os parceiros
Como já visto, a parceria deve ser boa para ambas as partes.
As organizações devem ainda se complementar em suas com-
petências. Quando dirigi uma organização de manutenção, O
Parque Regional de Manutenção/5 em Curitiba-PR, estabele-
cemos parceria com a América Latina Logística (ALL). Como
possuíam excelência em manutenção, trabalhamos juntos na
introdução do sistema “Just-in-Time” na organização militar,
cuja tradução para a expressão é “no momento certo” ou “no
tempo oportuno”. Just-in-Time significa produzir o produto
necessário na quantidade necessária no momento necessário.
Quando passei o comando do quartel, o representante da ALL
declarou que o maior compromisso dele era com o aprendi-
zado. Ele tem razão, pois o crescimento de nossa organização
deveu-se muito ao que trocamos com eles nas áreas técnicas
e de gestão de pessoas. Desenvolvemos habilidades no uso de
Círculos de Controle da Qualidade, de indicadores, trabalho
em equipe, gestão participativa e até programa de benefícios,
que são comuns em empresas privadas.
As pessoas que fazem parte da parceria devem estar dispostas
a ensinar e a aprender. Em inúmeras oportunidades, o valor
não está no patrimônio físico, mas no conhecimento e nas
competências das pessoas. As alianças estimulam a interação
e o compartilhamento de informações e de conhecimentos.
UNIDADE 5 137
14 Ajude a todos ganharem
Os ganhos com a parceria deve ser, em princípio, bom para
as partes e de forma equilibrada. Não faz sentido uma insti-
tuição apenas se beneficiar, enquanto a outra apenas contri-
bui. Entretanto, como é comum termos ganhos intangíveis
como o próprio ganho de conhecimentos, nem sempre é
fácil quantificar quanto que cada um está ganhando. No
curto prazo, fica mais difícil de se medir, pois não há critérios
claros de medição do andamento de projetos. Com o tempo,
porém, a própria aliança permitirá o acompanhamento.
Alianças de sucesso maximiza o valor do relacionamento
como um todo com o sucesso para cada parceiro.
138 Desenvolvimento de Cliente: Parcerias Principais, Estrutura de Custo e Avaliação do Modelo de Negócio
Estrutura de Custos
UNIDADE 5 139
Por isso, nos dois casos de opções para serem
competitivos pelo valor ou pelo preço, é necessá-
rio entender e ser capaz de montar uma estrutura
O termo custo é bastante utilizado e possui inú- de preços.
meros sentidos. Possui o significado usual do Neste módulo também veremos sobre a estru-
dinheiro que é gasto para obter matéria-prima tura de custos.
para o processo produtivo e do que é gasto para
a produção em si.
No que se refere à manufatura de produtos, há Estrutura de Custos
Custos da Qualidade, que estão relacionados:
à ausência de qualidade nos produtos ou servi- Primeiramente, vamos observar o modelo de
ços, como refugos, defeitos, falhas; negócio. Vemos que temos os custos relaciona-
ao empenho para se obter a qualidade, tal como dos à operação para a produção de bens e para
prevenção e avaliação. a prestação de serviços, ou seja, atividades prin-
Assim, você deverá estar sempre preocupado(a) cipais. Vemos ainda que para entregar o produto
com o custo para se obter a qualidade e aqueles de- ao cliente, ou seja, utilizar um canal terceirizado,
correntes da má qualidade do produto ou serviço. ele também terá custo. Acrescentam-se os custos
(Joira R. de Souza Carvalho) para se ter os recursos, para se obter produtos
ou serviços de parceiros.
mento tos de
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Parceria Atividad Proposta com os C
lie Clien s
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Principais Canais
Recursos
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a de Cust e Receit
Estrutur Fontes d
140 Desenvolvimento de Cliente: Parcerias Principais, Estrutura de Custo e Avaliação do Modelo de Negócio
Quando se monta a estrutura de custos do modelo e é possível receber um desconto pelo volume
de negócio, também serão hipóteses. Suponhamos da compra. Às vezes, o negócio chega a ser in-
que necessitemos contratar serviço de entrega de viável pelo custo de pequenas quantidades. Se
produtos que sejam passíveis de serem utilizados formos adquirir de um fornecedor poucas peças
táxis. Devemos estimar os custos, normalmente, para compor um sistema e estas tiverem que ser
pela distância. Também é admissível receber des- produzidas com novas especificações, haverá um
contos nas corridas de táxi. Como existem dife- custo alto para o projeto e para a preparação de
renças significativas no preço quando há descon- máquinas, os quais serão rateados pela quantidade
tos, deve-se verificar no terreno, fora do prédio, de peças que, no caso, são poucas. Assim, o custo
para validar ou não esta hipótese. será elevado por itens. Em contraste, para grandes
Para se montar uma estrutura de custos, utili- quantidades, o custo de projeto e de preparação
zam-se, normalmente, os custos fixos e os custos será igual ao de pequenos lotes; entretanto, para
variáveis. Os custos fixos são aqueles que não mu- os custos variáveis para cada peça também serão
dam, como o pagamento de salários dos funcioná- iguais. Assim, ao se dividir o fixo somados aos
rios, pois todos os meses tem-se que depositar em variáveis, teremos um custo por peças menor para
suas respectivas contas determinados valores. Os grandes quantidades com o subsequente preço
variáveis, por sua vez, mudam conforme a deman- menor e a economia de escala para o cliente.
da e a quantidade produzida. Em uma confecção Para a economia de escopo, há o comparti-
de roupas, quanto mais camisas se produz, mais lhamento de recursos na organização e a função
se utiliza tecidos e energia elétrica. é executada de forma centralizada em benefício
A estrutura de custos deve contabilizar todos de toda empresa.
os custos. Como no início da montagem do mode- A decisão pela forma de economia deverá ser
lo de negócio levantamos hipóteses dos aspectos definida na hipótese do modelo de negócio con-
principais, deveremos também estruturarmos os forme o benefício para a redução dos custos e para
custos com os itens mais importantes, mas que a qualidade da proposta de valor.
sejam suficientes para verificar se o modelo de
receita é suficiente para compensar os custos e
tornar o negócio viável. Outro aspecto que merece
destacar é que o negócio, no início, poderá ter
custo maior que as receitas. A estrutura de custo
deverá permitir a verificação do momento em que Caro(a) aluno(a), o termo centralização ou de for-
as receitas serão maiores que as despesas para que ma centralizada é muitas vezes entendido como
investidores possam decidir por investir ou não algo que é conduzido pela direção da organização.
no empreendimento. Uma atividade será centralizada quando ocorrer
Com o propósito de reduzir custos, Oster- em determinado setor, mas em prol de toda a
walder e Pigneur (2011) apresentam algumas organização, podendo ser realizada pela própria
estratégias a economia de escala ocorre quan- direção ou por outra unidade da empresa.
do se adquire recursos em grandes quantidades
UNIDADE 5 141
Exemplo de Estimativa de
Custos
Suponhamos que haja interesse em se criar um Agora vejamos o que ocorreria no 2º ano, quan-
negócio que tenha a proposta de valor comodi- do a empresa só necessitaria comprar para cada
dade no aluguel de filme em DVD. Para isso o cliente cerca de 40% dos títulos, pois alguns deles
empreendedor decide por um modelo de receita já haviam sido comprados para outros clientes.
com assinatura anual em que o assinante recebe- Para esta hipótese, poderíamos ter apenas a
ria em sua residência um filme por mês de sua modificação nos custo da compra de DVD. Para
escolha conforme catálogo disponível em site e o cálculo, teríamos 40% de R$ 60,00 = R$ 24,00.
pagaria R$ 120,00 anualmente. Também teríamos uma redução no custo do rela-
No modelo de negócio, o recurso principal cionamento, não mais para atrair, mas para man-
seria o sistema logístico e a plataforma como ati- ter com o valor de R$ 8,00.
vidade chave. Pelo modelo de negócio, o empreen- Voltando ao cálculo total teríamos:
dedor levantou as seguintes hipóteses: • Manutenção do cliente: R$ 8,00
• O custo para atrair o cliente foi estimado • Aquisição de DVD: 40% de R$ 60,00 = R$
em R$ 18,00. 24,00
• O preço da aquisição de cada DVD seria • Pedido: R$ 1,00 x 12 = R$ 12,00
de R$ 5,00, segundo um modelo de escala. • Remessa: R$ 3,00 x 12 = R$ 36,00
• O custo para fazer o pedido é estimado • Total = R$ 8,00 + R$ 24,00 + R$ 12,00 + R$
em R$ 1,00. 36,00 = R$ 80,00
• O custo de remessa do DVD seria de R$
3,00. Com estes dados, para cada assinante, qual seria
o resultado financeiro?
Vamos aos cálculos dos custos para o 1º ano por Receita Total - Custo total por cliente: R$
item de despesa: 120,00 – R$ 80,00 = R$ 40,00.
• Atração do cliente: R$ 18,00 Pelo modelo de negócio, ele seria viável a partir
• Aquisição de DVD: R$ 5,00 x 12 = R$ do segundo ano.
60,00, pois teremos que comprar um DVD
para cada mês.
• Pedido: R$ 1,00 x 12 = R$ 12,00
• Remessa: R$ 3,00 x 12 = R$ 36,00
• Total = R$ 18,00 + R$ 60,00 + R$ 12,00 + Caro(a) aluno(a), saiba um pouco mais sobre con-
R$ 36,00 = R$ 126,00 tabilidade de custo lendo o seguinte artigo da
Endeavor: “CMV: seu produto vendido
Com estes dados, para cada assinante, qual seria também tem um custo, você está prestando
o resultado financeiro? atenção nisso?” pelo endereço eletrônico:
Receita Total - Custo total por cliente: R$ https://endeavor.org.br/financas/cmv/
120,00 – R 126,00 = - R$ 6,00.
142 Desenvolvimento de Cliente: Parcerias Principais, Estrutura de Custo e Avaliação do Modelo de Negócio
Teste da Solução
com o Cliente
UNIDADE 5 143
Você deve ter certeza sobre quem é o Compute todos os dados financeiros. Estime os
cliente. Sua vida, sua rotina, a fim de en- custos para se atrair e manter clientes, dos canais,
tregar-lhe a proposta de valor de que ne- das aquisições das atividades. Faça uma estimativa
cessita. Há diferença na demanda de cada dos preços. Verifique e compare com os preços da
segmento? Como eles reagem aos produ- concorrência.
tos ou serviços? Com estes questionamentos e outros julgados
• Existe a possibilidade da empresa com seu necessários, faça a pergunta se é o caso de avançar
modelo de receita faturar o suficiente para ou pivotar, ou seja, alterar o modelo de negócio e
poder prosperar? Há previsibilidade neste prosseguir no teste de hipóteses junto aos clientes.
crescimento? Para avançar, é necessário que se tenha segurança
de que o modelo de negócio é capaz de entregar
a proposta de valor para o cliente e que é possível
crescer na proporção de 5 a 10 vezes.
mento tos de
s Prin cipais e Princip
ais de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Proposta com os C
lie Clientes
O produto se encaixou
no mercado?
Principais Canais
Recursos
tos a
a de Cus e Receit
Estrutur Fontes d
O modelo de receita
permite crescimento?
144 Desenvolvimento de Cliente: Parcerias Principais, Estrutura de Custo e Avaliação do Modelo de Negócio
Busca Execução
Rearticulação
Prezado(a) aluno(a), esta é a última parte da fase bastante confiança, relacionamento com todos os
de Descoberta de clientes antes da Validação membros e de modo formal com um modelo de
pelo cliente. Ela se caracterizou pela aprendi- governança que permita resolver conflitos.
zagem. Os fundadores transmitiram suas visões No que diz respeito à estrutura de custos, vi-
e, a partir dela, foram estabelecidas as hipóteses mos que há componentes fixos, que não mudam
para o modelo de negócio e que foram testadas mesmo com o aumento de quantidades, como
junto aos clientes. Este processo foi planejado de pagamento de salário de funcionários, e os va-
modo que transformou as hipóteses em fatos, riáveis, que alteram conforme a quantidade de-
pela experiência adquirida junto aos clientes. mandada, por exemplo: teríamos a matéria-prima
Chegamos ao fim de mais uma unidade e aca- para fabricação, pois dependem da quantidade
bamos de ver em detalhes os últimos componen- demandada.
tes do modelo de negócio, as parcerias principais Para o cálculo de custos, vimos o exemplo de
e a estrutura de custos. uma assinatura e como ele se relaciona com as
As parcerias são necessárias, pois não é possí- receitas, a fim de ver se determinado negócio é
vel produzir tudo ou mesmo prestar todos tipos viável ou não.
de serviços. Um dos aspectos mais importan- Por fim, vimos nesta unidade o teste da so-
tes da parceria é a confiança, pois haverá uma lução do cliente, quando verificamos se o mo-
relação tipo ganha-ganha. Vocês viram que os delo de negócio oferece a proposta de valor e é
fornecedores devem ser visitados, capacitados, passível de ser escalável e passar para a fase de
avaliados, para que estejam à altura da qualidade validação do cliente. Caso contrário, o empreen-
que é demandada. Nas alianças, é possível estabe- dedor deverá pivotar.
lecer de modo similar a um casamento, que exige
UNIDADE 5 145
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
146
LIVRO
Gestão de custos
Autores: Alfredo Augusto Gonçalves Pinto, André Luis Fernandes Limeira, Carlos
Alberto dos Santos Silva, Fabiano Simões Coelho
Editora: Editora FGV
Sinopse: atualmente, a administração de empresas exige uma visão multidis-
ciplinar dos gestores. Muito se fala de modernas técnicas de administração
financeira e operacional e, principalmente, da concorrência, interna e externa,
como fonte inesgotável de complexidade no crescimento dos negócios. Esse
livro proporciona ao leitor – sempre com enfoque gerencial – o entendimento
dos conceitos básicos para a gestão de custos, suas classificações, a estrutu-
ração das informações, os principais métodos de custeamento dos produtos,
os sistemas de acumulação de custos e os principais modelos gerenciais para
a tomada de decisão, como o modelo de margem de contribuição, ponto de
equilíbrio e formação de preços baseados em custos.
WEB
147
BLANK, S.; DORF, B. Startup - manual do empreendedor: o guia passo a passo para construir uma grande
empresa. Rio de Janeiro: Alta Books, 2014.
CARVALHO, J. R. S. et al. Custo da Qualidade: Modelo Aplicado à Prática. In: XXVIII Encontro Nacional de
Engenharia de Produção. out. 2008, Rio de Janeiro, Anais… Rio de Janeiro: ENEGEP, 2008.
CHOI, T. Y.; LIKER, J. Building Deep Supplier Relationship. Harvard Business Review, dec. 2004.
KANTER, R. M. 15 Steps for Successful Strategic Alliances. Harvard Business Review Web Digital, 1 jun.
2010. Disponível em: <https://hbr.org/2010/06/15-steps-for-successful-strate.html>
______ Three Reasons Everything Goes Better with Partners. Harvard Business Review Web Digital, Dis-
ponível em: <www.hbr.org>. Acesso em: 5 jul. 2011.
OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios. Rio de
Janeiro: Alta Books, 2011.
REFERÊNCIA ON-LINE
Em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/quadro-de-modelo-de-negocios-para-criar-recriar-
1
148
1. Parcerias Principais a serem estabelecidas:
Parceria cliente-fornecedor, quando se adquire subconjuntos ou peças de uma outra empresa, ou con-
trata-se serviço de um terceiro para complementar o conjunto de serviços a serem prestados.
Parceria aliança estratégica, ao se associar a outras organizações para se produzir produto ou fornecer
serviços de forma colaborativa com a utilização das competências complementares das empresas de forma
a obter a coesão do esforço conjunto.
Parceria “coopetição”, pela associação de empresas que competem, na busca de um objetivo comum.
Parceria desenvolvimento de negócios conjuntos, quando empresas entram com suas competências e
compartilham recursos humanos e físicos para otimizarem os resultados e reduzirem custos.
Os custos fixos são aqueles que não mudam, tal como o pagamento de salários dos funcionários, pois
todos os meses é necessário depositar em suas respectivas contas determinados valores.
Os variáveis, por sua vez, mudam conforme a demanda e a quantidade produzida. Em uma confecção de
roupas, quanto mais camisas se produz, mais se utiliza tecidos e energia elétrica.
O preço poderá ser fixo ou variável. No preço fixo, o valor não tem alteração e não se admite negociação;
no variável, há negociação.
O preço do produto ou serviço dependerá do modelo de receita estabelecido. Ele deverá estar coerente
com o valor que lhe é atribuído pelo cliente, com o custo, com o lucro que se deseja, dentre outros.
O preço baseado em valor trata de adicionar um valor no preço utilizado pela concorrente em determinado
segmento. Sendo que este valor representa o diferencial no produto ou serviço da concorrente.
149
3. Verificar junto aos clientes estas questões:
•• Seu produto soluciona o problema e os consumidores estão dispostos a pagar por ele?
•• Conhecemos os segmentos de mercado e os seus arquétipos com suas tarefas, dores e ganhos?
•• Conhece o cliente, sua vida, sua rotina, a fim de entregar-lhe a proposta de valor de que necessita?
•• Há diferença na demanda de cada segmento? Como eles reagem aos produtos ou serviços?
•• Existe a possibilidade da empresa com seu modelo de receita faturar o suficiente para poder prosperar?
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CONCLUSÃO
152 Desenvolvimento de Cliente: Parcerias Principais, Estrutura de Custo e Avaliação do Modelo de Negócio