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br
40
(a) Durante
60 Antes
Durante
Resistência a Tração (MPa)
50
40
30
20
10
0
0,25 0,50 0,75 1,00
As Figuras 4 e 5 apresentam exemplos de superfícies de Para as micrografias dos corpos de prova fraturados pelo
fratura observadas por MEV, evidenciando as diferenças contato da solução antes do tensionamento (Figura 4),
proporcionadas pelo método de aplicação da solução 1M. observa-se que a pouca quantidade de solução presente na
Observa-se que a falha teve início na superfície de contato superfície da amostra favorece a nucleação de trinca que se
com o fluido, caracterizada pela superfície espelho, e que a propaga com formação de três zonas distintas: zona de
forma de aplicação da solução influencia na quantidade de propagação lenta, zona mista (de transição) e zona de
trincas que se propagam para ocasionar a fratura. Na aplicação propagação rápida (Figura 4b). A zona de propagação lenta é
antes do tensionamento (Figura 4a), uma trinca atinge o caracterizada por uma pequena região lisa, mostrando o início
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da trinca, seguida de uma região ondulada, mostrando um região ondulada apresenta poros ao final de cada “onda”,
avanço da trinca em incrementos. A zona de transição tem o sugerindo uma localização preferencial dos crazes (Figura
mesmo padrão esférico da zona de propagação lenta, porém 4c). Na zona de transição esses crazes são observados com
com ausência de ondulações e superfície bem menos rugosa maior intensidade (Figura 4d).
que a região de propagação rápida. Ampliações dessas regiões
podem ser vistas nas Figuras 4c-d, onde se observa que a
(a) (c)
(b) (d)
Figura 4. Micrografias da superfície de fratura do PET ensaiado sob tração na presença de 1M de NaOH com aplicação antes
do tensionamento. (a) visão geral; (b) ampliação mostrando as três zonas de fratura distintas; (c) ampliação da zona de
propagação lenta (região ondulada) e (d) ampliação da zona de transição
(a) (c)
(b) (d)
Figura 5. Micrografias da superfície de fratura do PET ensaiado sob tração na presença de 1M de NaOH com aplicação durante
o tensionamento. (a) visão geral; (b) ampliação da parte inferior mostrada em “a”; (c) ampliação da região com perfil de rápida
propagação de trinca e (d) ampliação da região ondulada vista em “b”
Em estudo anterior [5] foi observado uma apreciável fluido no início da relaxação), o aumento de tensão favorece
redução na massa molar do PET durante os experimentos de ainda mais a degradação. Esse resultado está de acordo com
ESC, apesar de terem sido conduzidos à temperatura ambiente os estudos pioneiros de Zhurkov e colaboradores [10] sobre a
e em tempos muito curtos de exposição. Com o intuito de influência da tensão na cinética de degradação de polímeros,
averiguar se a forma de aplicação da solução seria capaz de onde demonstrou que a presença de tensão mecânica reduz o
afetar a degradação do polímero de forma diferenciada, fez-se termo energético para a reação química, favorecendo as
uso novamente de experimentos de viscosimetria. Os dados reações de degradação. Entretanto, o mesmo não se observa
estão reportados na Tabela 1 e evidenciam que na presença de quando se aplica o fluido durante a relaxação. Nesse caso, a
tensões mais baixas o ataque químico é mais pronunciado rápida propagação da trinca proporcionada pela maior
quando a solução é aplicada durante a relaxação, quantidade de solução é intensificada na presença de maiores
evidenciando, mais uma vez, a interação mais agressiva do tensões, mostrando que o efeito de concentração de tensão é
fluido com o polímero nessa metodologia de ensaio. Porém, mais significativo do que o de redução de energia para a
ao se aumentar a força tem-se uma inversão nos resultados, degradação. Assim, o corpo de prova rapidamente entra em
mostrando uma notável influencia da tensão mecânica: na colapso, sem tempo de haver maiores interações que
forma mais branda de interação fluido-polímero (aplicação do favoreçam o ataque químico.
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(b) (d)
Figura 6. Fotografias e microscopia ótica de superfícies de corpos de prova de PET submetidos ao ensaio de relaxação de
tensão na força de 1600N e em contato com 0,1M de NaOH com aplicação no início da relaxação (a-b) e durante a relaxação
(c-d)
Tabela 1. Massa molar ponderal média de amostras de PET propriedades tênseis inferiores e trincas mais instáveis. No
submetidas ao ensaio de relaxação de tensão em diferentes ensaio de relaxação a diferença quanto à metodologia só foi
forças e em contato com solução aquosa de NaOH na notória quando se utilizou concentrações muito baixas. O
concentração de 1M com aplicação no início e durante a ataque químico em presença de maiores quantidades de
relaxação. O PET na ausência de solução apresentou um Mw = solução foi mais significativo para baixas tensões. Sugere-se
42.700 ± 840 que a ocorrência de ataque químico simultaneamente aos
Mw efeitos de ESC é função tanto da quantidade de líquido a se
Força (N) difundir na amostra quanto da velocidade de propagação das
Início Durante
1300 30.340 ± 293 26.710 ± 17 trincas formadas.
1600 25.970 ± 189 32.670 ± 69
Referências
4. Conclusões
[1] Lustiger, A. Understanding environmental stress
Verificou-se que a forma de aplicação da solução de cracking in polyethylene. Medical Plastics and
NaOH na superfície de corpos de prova de PET durante o Biomaterials Magazine, July, 1996.
ensaio de ESC exerce forte influencia nos resultados obtidos. [2] Moskala, E. J. A fracture mechanics approach to
Acredita-se que isso esteja relacionado com as quantidades environmental stress cracking in poly(ethylene
diferenciadas de solução para ocasionar o dano. O terephthalate). Polymer, v.39, n.3, p. 675-680, 1998.
procedimento adotado influencia tanto na quantidade de
[3] Freure, C., Chen, G., Horton, J.H., Surf. Sci., v. 437, p.
trincas formadas quanto na sua velocidade de propagação.
Maiores quantidades de solução no ensaio de tração 231-238, 1999.
(aplicação durante o tensionamento) ocasionaram [4] Morrison, E. D., Malvey, M. W., Johnson, R. D.,
Stress cracking e ataque químico do poli(tereftalato de etileno) em soluções alcalinas ‐ influência da forma de aplicação da solução 147
Anacker, J. L., Brown, K. A. Effect of chemical hexafluoro-isopropanol-pentafluorophenol using SEC-
environments on stress cracking of poly(ethylene LALLS. Journal of Applied Polymer Science, v. 29, p.
terephthalate) beverage bottles. Polymer Testing, v. 27, 4353-4361, 1984.
p. 660-666, 2008. [9] Jansen, J. A. Environmental stress cracking - the
[5] Teófilo, E. T., Silva, S. M. L., Rabello, M. S. Stress plastic killer. Adv. Mat. & Processing, June, p. 50-53,
cracking and chemical degradation of poly(ethylene 2004.
terephthalate) in NaOH aqueos solutions. Journal of [10] Zhurkov, S., Zakrevsyi, V., Korsukov, V., Kuksenko,
Applied Polymer Science, v. 118, p. 3089-3101, 2010. V. Mechanism of submicrocrack generation in stressed
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[8] Berkowitz, S. A. Viscosity-molecular weight
relationships for poly(ethylene terephthalate) in