Você está na página 1de 282

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

BACIA DO RIO GRANDE

MAIO 2012
Revisão 02
SUMÁRIO
1 -DESENVOLVIMENTO DOS ESTUDOS..............................................................12
1.1 -IDENTIFICAÇÃO AMBIENTAL................................................................................................12
1.2 -ELABORAÇÃO DA CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL PRELIMINAR.........................12
2 -ASPECTOS METODOLÓGICOS GERAIS.........................................................13
2.1 -LEVANTAMENTO DE DADOS................................................................................................13
2.2 -ORGANIZAÇÃO DAS BASES OPERACIONAIS DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES
GEOGRÁFICAS – SIG................................................................................................................... 14
2.2.1 -Levantamento de Informações Disponíveis..........................................................................15
2.2.2 -Mapeamentos e Ajustes Baseados em Imagens..................................................................15
2.2.3 -Integração de Informações Estatísticas à base de Mapas...................................................15
2.2.4 -Cruzamentos de Informações e Avaliações Integrada..........................................................15
2.2.5 -Delimitação dos Reservatórios.............................................................................................15
2.2.6 -Mapa de Declividade............................................................................................................ 15
3 -METODOLOGIA..................................................................................................16
3.1 -RECURSOS HÍDRICOS E ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS...................................................16
3.1.1 -Climatologia......................................................................................................................... 16
3.1.2 -Recursos Hídricos Superficiais.............................................................................................16
3.1.3 -Águas Subterrâneas............................................................................................................. 17
3.1.4 -Qualidade das Águas Superficiais........................................................................................17
3.1.5 -Usos dos Recursos Hídricos................................................................................................17
3.1.6 -Ecossistemas Aquáticos.......................................................................................................17
3.2 -MEIO FÍSICO E ECOSSISTEMAS TERRESTRES.................................................................18
3.2.1 -Geologia e Recursos Minerais ............................................................................................18
3.2.2 -Geomorfologia...................................................................................................................... 18
3.2.3 -Solos.................................................................................................................................... 19
3.2.4 -Ecossistemas Terrestres......................................................................................................23
3.3 -ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS..........................................................................................26
3.3.1 -Modos de Vida..................................................................................................................... 26
3.3.2 -Organização Territorial......................................................................................................... 27
3.3.3 -Base Econômica.................................................................................................................. 27
3.4 -NORMAS TÉCNICAS E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL...............................................................27
4 -DIAGNÓSTICO AMBIENTAL..............................................................................28
4.1 -ESTUDOS CLIMÁTICOS........................................................................................................30
4.1.1 -Climatologia e Circulação Atmosférica.................................................................................31
4.1.2 -Caracterização Local............................................................................................................ 34
4.2 -RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS................................................................................36
4.2.1 -Caracterização geral e fisiográfica.......................................................................................36
4.2.2 -Regime Fluvial ..................................................................................................................... 37
4.2.3 -Comportamento Sedimentológico........................................................................................41
4.2.4 -Escorregamento de massa...................................................................................................41

2 de 256
4.2.5 -Qualidade da Água............................................................................................................... 44
4.3 -RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS...........................................................................54
4.4 -GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS.................................................................................55
4.4.1 -Coleta e análise da base de dados......................................................................................55
4.4.2 -Dados existentes e montagem do banco de dados..............................................................55
4.4.3 -Metodologia para cálculo das demandas de água – ONS....................................................56
4.4.4 -Definição de Cenários de Usos Múltiplos da Água na Bacia................................................60
4.4.5 -Conclusões e Recomendações............................................................................................66
4.5 -ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS..............................................................................................66
4.5.1 -Aspectos gerais.................................................................................................................... 66
4.5.2 -Padrões de qualidade da água.............................................................................................69
4.5.3 -Comunidades Planctônicas..................................................................................................79
4.5.4 -Comunidades Bentônicas.....................................................................................................83
4.5.5 -Ictiofauna.............................................................................................................................. 86
4.5.6 -Considerações................................................................................................................... 129
4.6 -GEOLOGIA........................................................................................................................... 129
4.6.1 -Mapeamento Geológico.....................................................................................................129
4.6.2 -Contexto Geotectônico.......................................................................................................129
4.6.3 -Descrição das Unidades Litológicas...................................................................................131
4.6.4 -Geologia Estrutural............................................................................................................. 132
4.6.5 -Fragmentação do maciço...................................................................................................134
4.6.6 -Detalhe da seção geológica...............................................................................................134
4.7 -RECURSOS MINERAIS........................................................................................................135
4.8 -GEOMORFOLOGIA.............................................................................................................. 139
4.9 -SOLOS.................................................................................................................................. 142
4.10 -ECOSSISTEMAS TERRESTRES.......................................................................................147
4.10.1 -Cobertura Vegetal............................................................................................................ 147
4.10.2 -Fauna............................................................................................................................... 156
4.11 -ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS......................................................................................172
4.11.1 -Contexto Regional............................................................................................................ 173
4.11.2 -Identidades Espaciais.......................................................................................................186
4.11.3 -Patrimônio........................................................................................................................ 218
4.12 -AÇÕES DE PLANEJAMENTO REGIONAL E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS...........229
4.12.1 -Estudos de Gestão dos Recursos Hídricos......................................................................230
4.12.2 -Estudos de Inventário Hidrelétrico....................................................................................231
4.12.3 -Estudos Acadêmicos........................................................................................................231
4.12.4 -Outras Fontes de Dados Consultadas..............................................................................236
4.13 -ÁREAS PROTEGIDAS E DE USO ESPECIAL...................................................................236
4.14 -LEGISLAÇÃO AMBIENTAL.................................................................................................236
4.14.1 -Aspectos Legais do Setor Elétrico....................................................................................236
4.14.2 -Recursos Hídricos............................................................................................................ 237
4.14.3 -Legislação sobre Uso do Solo..........................................................................................239
4.14.4 -Áreas de Preservação no Entorno dos Reservatórios......................................................240

3 de 256
4.14.5 -Legislação de Proteção à Fauna......................................................................................240
4.14.6 -Legislação de Proteção à Flora........................................................................................241
4.15 -CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS HIDRELÉTRICOS................................241
5 -RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DE CAMPO........................................................242
5.1 -VISITA TÉCNICA A BACIA DO RIO GRANDE.......................................................................242
5.1.1 -Participantes...................................................................................................................... 242
5.1.2 -Locais Visitados................................................................................................................. 242
5.2 -RELATÓRIO FOTOGRÁFICO...............................................................................................243
5.3 -RESULTADOS...................................................................................................................... 248
6 -CONCLUSÃO....................................................................................................249
7 -BIBLIOGRAFIA.................................................................................................250
7.1 -MEIO FÍSICO........................................................................................................................ 250
7.2 -MEIO BIÓTICO..................................................................................................................... 251
7.2.1 -Flora................................................................................................................................... 251
7.2.2 -Fauna terrestre................................................................................................................... 251
7.2.3 -Fauna aquática................................................................................................................... 252
7.2.4 -Fitoplancton........................................................................................................................ 254
7.3 - MEIO ANTRÓPICO.............................................................................................................. 255

ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Precipitação Média Mensal, em mm...............................................................................................31
Tabela 2: Temperaturas Médias Mensais, em 0C, para o Vale do Paraíba.....................................................33
Tabela 3: Temperaturas Normais Extremas Período 1931/60.........................................................................33
Tabela 4: Umidade Relativa Normal para o Vale do Paraíba (%)....................................................................33
Tabela 5: Evapotranspiração Potencial Calculada pelo Método de Thornthwaite (em mm)...........................34
Tabela 6: Estações Pluviométricas................................................................................................................. 35
Tabela 7: Precipitação Mensal das Estações da Área dos Estudos( 1966-2005)...........................................35
Tabela 8: Número Médio de Dias de Chuvas.................................................................................................. 35
Tabela 9: Precipitações máximas de 1 dia...................................................................................................... 35
Tabela 10: Características das Sub-Bacias Principais do Rio Paraíba do Sul................................................36
Tabela 11: Variáveis Representativas da Disponibilidade de Dados Fluviométricos da Bacia do Rio Paraíba
do Sul.............................................................................................................................................................. 37
Tabela 12: Disponibilidade Hídrica nas Sub-bacias do Rio Paraíba do Sul....................................................38
Tabela 13: Postos de medição descarga sólida.............................................................................................. 42
Tabela 14: Postos de medição descarga sólida utilizados no zoneamento....................................................44
Tabela 15: Produção específica por bacia...................................................................................................... 44
Tabela 16: Listagem dos parâmetros utilizados no cálculo do IQA e seus respectivos pesos........................47
Tabela 17: Classes de qualidade da água de acordo com os valores do IQA................................................47
Tabela 18: Caracterização dos poços encontrados em São Sebastião do Alto..............................................54
Tabela 19: Relação de poços encontrados na região da bacia do Rio Grande..............................................55
Tabela 20: Dados de Qualidade da Água da Estação BE-005 (Conselheiro Paulino)....................................71
Tabela 21: Valores dos parâmetros de qualidade da água (2003)..................................................................72
Tabela 22: Valores dos parâmetros de qualidade da água (2004)..................................................................73
Tabela 23: Valores dos parâmetros de qualidade da água (2005)..................................................................73

4 de 256
Tabela 24: Valores dos parâmetros de qualidade da água (2006 e 2007)......................................................74
Tabela 25: Violações CONAMA 357/2005 dos parâmetros de qualidade da água (2003)..............................74
Tabela 26: Violações CONAMA 357/2005 dos parâmetros de qualidade da água (2004)..............................74
Tabela 27: Violações CONAMA 357/2005 dos parâmetros de qualidade da água (2005)..............................74
Tabela 28: Violações CONAMA 357/2005 dos parâmetros de qualidade da água (2006 e 2007)..................75
Tabela 29: Classificação do IET – CARLSON (1977) através do fósforo total. ..............................................75
Tabela 30: Classificação da clorofila-a quanto ao IET CARLSON (1977).......................................................76
Tabela 31: Classificação das concentrações de metais pesados (mg/L) de acordo com CONAMA 357/2005.
........................................................................................................................................................................ 76
Tabela 32: Parâmetros Bacteriológicos........................................................................................................... 77
Tabela 33: Dados de Qualidade da Água da Estação DR-010 (Rio Dois Rios)..............................................78
Tabela 34: Dados de Qualidade da Água da Estações DR-350 (Dois Rios)...................................................79
Tabela 35: Números Mais Prováveis (ug/Litro) Valor Máximo, Mediana e Valor Mínimo de Clorofila a e
Feofitina a....................................................................................................................................................... 80
Tabela 36: Fitoplâncton amostrado na área de estudo (Fevereiro/2010) – M1 = Montante; R1 e R2 =
Reservatório; J1 e J2 = Jusante da casa de força.......................................................................................... 81
Tabela 37: Fitoplâncton amostrado na área de estudo – maio/2010 M1 = Montante; R1 e R2 = Reservatório;
J1 e J2 = Jusante da casa de força................................................................................................................ 82
Tabela 38: Unidades de amostragem da biota aquática da AAI da bacia do Rio Grande, RJ.........................83
Tabela 39: Insetos aquáticos coletados por unidade de amostragem da Avaliação Ambiental Integrada do
Rio Grande, RJ............................................................................................................................................... 86
Tabela 40: Unidades de amostragem da biota aquática da AAI da bacia do Rio Grande, RJ.........................87
Tabela 41: Características gerais de H. affinis e H. Luetkeni........................................................................102
Tabela 42: Presença (1) das espécies do rio Grande nas unidades ambientais...........................................112
Tabela 43: Processos de titularidade mineraria da bacia do Rio Grande.....................................................138
Tabela 44: Coordenadas UTM das unidades amostrais alocadas ao longo dos remanescentes florestais
ocorrentes nas áreas de influência das PCHs Bonança...............................................................................149
Tabela 45: Proporções entre os limites municipais e bacia do Rio Grande..................................................172
Tabela 46: Tribos Indígenas no Brasil........................................................................................................... 183
Tabela 47: Tribos indígenas no Rio de Janeiro, por município......................................................................183
Tabela 48: Quilombos................................................................................................................................... 185
Tabela 49: Principais atividades econômicas................................................................................................187
Tabela 50: Distribuição rural/ urbana............................................................................................................ 189
Tabela 51: Estabelecimentos por atividade econômica................................................................................190
Tabela 52: Estabelecimentos agropecuários por hectare.............................................................................191
Tabela 53: Principais Lavouras Permanentes/Quantidades produzidas.......................................................194
Tabela 54: Principais Lavouras Temporárias/Quantidades produzidas.........................................................195
Tabela 55: Efetivo de Rebanho..................................................................................................................... 197
Tabela 56: Produção agropecuária por município......................................................................................... 197
Tabela 57: PIB por município e setor econômico..........................................................................................198
Tabela 58: Receita por município.................................................................................................................. 199
Tabela 59: Geração de empregos por Atividade...........................................................................................199
Tabela 60: População Economicamente Ativa.............................................................................................. 200
Tabela 61: Índice de Desenvolvimento por Município...................................................................................200
Tabela 62: Taxa de pobreza.......................................................................................................................... 201
Tabela 63: Índice de Gini.............................................................................................................................. 201
Tabela 64: Estabelecimentos de ensino por município.................................................................................206
Tabela 65: Tabela Matriculas por rede de ensino. ........................................................................................ 206
Tabela 66: Taxa de alfabetização por município........................................................................................... 207
Tabela 67: Grupos de anos de estudo.......................................................................................................... 207

5 de 256
Tabela 68: Unidades ambulatoriais............................................................................................................... 209
Tabela 69: Número de Leitos Hospitalares .................................................................................................. 209
Tabela 70: Mortalidade infantil, Esperança de vida e IDH-Longevidade por município ................................210
Tabela 71: Causas de Morbidade nos Municípios........................................................................................210
Tabela 72: Percentual de saneamento básico por município........................................................................211
Tabela 73: Tipo de Abastecimento de Água.................................................................................................. 212
Tabela 74: Proporção de Moradores por tipo de Instalação Sanitária...........................................................212
Tabela 75: Destino do lixo por domicilio........................................................................................................ 213
Tabela 76: Frota de Veículos........................................................................................................................ 214
Tabela 77: Segurança Pública...................................................................................................................... 215
Tabela 78: Comunicação Geral e Sistemas Elétricos...................................................................................216
Tabela 79: Rádios Comunitárias Autorizadas...............................................................................................216
Tabela 80: Bens Culturais............................................................................................................................. 227

ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1: Fontes de Informações Cartográficas............................................................................................ 15
Quadro 2: Listagem dos parâmetros físicos, químicos e hidrobiológicos mensurados no rio Grande em
dezembro de 2008, na área de estudo........................................................................................................... 46
Quadro 3: Decápodes coletados na Avaliação Ambiental Integrada do Rio Grande, RJ................................84
Quadro 4: Decápodes coletados por unidade de amostragem da Avaliação Ambiental Integrada do Rio
Grande, RJ..................................................................................................................................................... 84
Quadro 5: Ictiofauna coletada na Avaliação Ambiental Integrada do Rio Grande, RJ....................................89
Quadro 6: Ictiofauna da bacia do rio Grande/rio Dois Rios. Espécies Nativas...............................................94
Quadro 7: Espécies de maior importância bioconservacionista....................................................................110
Quadro 8: Espécies de peixes introduzidas (ou exóticas) existentes na bacia do rio Grande......................117
Quadro 9: Espécies da ictiofauna coletadas entre março 2009 a dezembro de 2010, na AID da PCH Santa
Rosa II, bacia do rio Grande. Dados quali-quantitativos...............................................................................128
Quadro 10: Fauna característica de habitats campestres da área de influência direta do empreendimento.
...................................................................................................................................................................... 157
Quadro 11: Fauna característica de habitats paludícolas da área de estudo...............................................160
Quadro 12: Espécies registradas em fragmentos florestais – PCH Sossego...............................................163
Quadro 13: Associações por município......................................................................................................... 181

ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Diagrama de Representação do SIG...............................................................................................14
Figura 2: Tentativa de Regionalização de Disponibilidade Hídrica – Vazão Média de Longo termo...............38
Figura 3: Variação Mensal da Disponibilidade Hídrica....................................................................................39
Figura 4: Variação Mensal da Disponibilidade Hídrica – bacia do Rio Grande...............................................40
Figura 5: Regularização Natural dos rios da Bacia do Rio Paraíba do Sul.....................................................40
Figura 6: Permanência das Vazões Mensais nas PCHs do Rio Grande.........................................................41
Figura 7: Turbidez no rio Grande em dezembro de 2008, na área de estudo.................................................47
Figura 8: Condutividade elétrica no rio Grande em dezembro de 2008, na área de estudo...........................48
Figura 9: Ferro total no rio Grande em dezembro de 2008, na área de estudo..............................................48
Figura 10: Cádmio no rio Grande em dezembro de 2008, na área de estudo................................................49
Figura 11: Chumbo no rio Grande em dezembro de 2008, na área de estudo...............................................49
Figura 12: Cor Verdadeira das águas do rio Grande em dezembro de 2008, na área de estudo...................49

6 de 256
Figura 13: Concentrações de oxigênio dissolvido nas águas do rio Grande em dezembro de 2008, na área
de estudo........................................................................................................................................................ 50
Figura 14: Demanda bioquímica de oxigênio nas águas do rio Grande em dezembro de 2008, na área de
estudo............................................................................................................................................................. 50
Figura 15: Demanda bioquímica de oxigênio nas águas do rio Grande em dezembro de 2008, na área de
estudo............................................................................................................................................................. 51
Figura 16: Nitrogênio amoniacal total nas águas do rio Grande em dezembro de 2008, na área de estudo..51
Figura 17: Nitrito nas águas do rio Grande em dezembro de 2008, na área de estudo..................................52
Figura 18: Concentração de clorofila “a” nas águas do rio Grande em dezembro de 2008, na área de estudo
........................................................................................................................................................................ 52
Figura 19: Concentração de fósforo total no rio Grande em dezembro de 2008, na área de estudo.............53
Figura 20: Valores do Índice de Qualidade da Água do Grande em dezembro de 2008, na área de estudo. 53
Figura 21: Contaminação bacteriológica do rio Grande na área de estudo no rio Grande em dezembro de
2008................................................................................................................................................................ 54
Figura 22: Projeções para 2035...................................................................................................................... 61
Figura 23: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH Bonança..........................................62
Figura 24: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH Sossego..........................................62
Figura 25: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH Caju.................................................62
Figura 26: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH S. S. do Alto....................................62
Figura 27: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH Santo Antônio..................................63
Figura 28: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH Boa Vista.........................................63
Figura 29: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH Santa Rosa.....................................63
Figura 30: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima constante - PCH Bonança...64
Figura 31: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima constante - PCH Sossego. . .64
Figura 32: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima constante - PCH Caju..........64
Figura 33: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima constante - PCH São
Sebastião do Alto............................................................................................................................................ 64
Figura 34: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima constante - PCH Santo
Antônio............................................................................................................................................................ 65
Figura 35: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima constante - PCH Boa Vista. .65
Figura 36: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima constante - PCH Santa Rosa
........................................................................................................................................................................ 65
Figura 37: Unidades Ambientais do rio Grande.............................................................................................. 67
Figura 38: Paisagem fluvial representativa da Unidade 02.............................................................................67
Figura 39: Aspecto ilustrativo da Unidade 3.................................................................................................... 68
Figura 40: Aspecto ilustrativo da Unidade 3.................................................................................................... 68
Figura 41: Aspecto ilustrativo da Unidade 4.................................................................................................... 68
Figura 42: Aspecto ilustrativo da Unidade 4.................................................................................................... 68
Figura 43: Aspecto ilustrativo da Unidade 5.................................................................................................... 68
Figura 44: Aspecto ilustrativo da Unidade 5.................................................................................................... 68
Figura 45: Níveis de Integridade Ambiental do rio Grande (Laranja – Boa; Cinza – Ruim; Verde –
Intermediária).................................................................................................................................................. 70
Figura 46: Índice de Qualidade de água a jusante da casa de força da PCH Santa Rosa II. ........................77
Figura 47: Exemplo de corredeiras dominante nas unidades 4 e 5 e que contribuem para a melhora na
qualidade da água ao longo do rio Grande..................................................................................................... 78
Figura 48: Exemplo de corredeiras dominante nas unidades 4 e 5 e que contribuem para a melhora na
qualidade da água ao longo do rio Grande..................................................................................................... 78
Figura 49: Abundância dos decápodes coletados na Avaliação Ambiental Integrada do Rio Grande, RJ......85
Figura 50: Abundância relativa (%) dos decápodes coletados na Avaliação Ambiental Integrada do Rio
Grande, RJ..................................................................................................................................................... 85
Figura 51: Pontos de amostragem da ictiofauna. ..........................................................................................87

7 de 256
Figura 52: Detalhe da amostragem da ictiofauna........................................................................................... 88
Figura 53: Detalhe da amostragem da ictiofauna........................................................................................... 88
Figura 54: Detalhe da amostragem da ictiofauna........................................................................................... 88
Figura 55: Detalhe da amostragem da ictiofauna........................................................................................... 88
Figura 56: Oligosarcus hepsetus.................................................................................................................... 89
Figura 57: Rhamdia quelen............................................................................................................................. 89
Figura 58: Astyanax bimaculatus.................................................................................................................... 90
Figura 59: Hoplias malabaricus...................................................................................................................... 90
Figura 60: Leporinus copelandii...................................................................................................................... 90
Figura 61: Astroherus facetum........................................................................................................................ 90
Figura 62: Geophagus brasiliensis.................................................................................................................. 90
Figura 63: Harttia loricariformes...................................................................................................................... 90
Figura 64: Agrupamento das unidades de amostragem. (Coeficiente de correlação cofenética = 0,759)......91
Figura 65: Abundância da ictiofauna por unidade de amostragem da Avaliação Ambiental Integrada do Rio
Grande, RJ..................................................................................................................................................... 91
Figura 66: Riqueza da ictiofauna por unidade de amostragem da Avaliação Ambiental Integrada do Rio
Grande, RJ..................................................................................................................................................... 92
Figura 67: Diversidade (H’) da ictiofauna por unidade de amostragem da Avaliação Ambiental Integrada do
Rio Grande, RJ............................................................................................................................................... 92
Figura 68: Awaous tajasica coletado na AID da PCH Bonança......................................................................94
Figura 69: Representatividade das ordens de peixes presentes na bacia dorio Grande, RJ..........................95
Figura 70: Steindachneridion parahybae na AID da PCH Santa Rosa II........................................................96
Figura 71: Detalhe de gônada de Steindachneridion parahybae coletado na AID da PCH Santa Rosa II......97
Figura 72: Microglanis parahybae................................................................................................................... 97
Figura 73: Rhamdioglanis transfasciatus – Tributário da PCH Santa Rosa II.................................................98
Figura 74: Rhamdia quelen coletada na AID da PCH Santa Rosa II (Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2009).
........................................................................................................................................................................ 98
Figura 75: Parauchenipterus striatulus coletado na AID da PCH Santa Rosa II.............................................99
Figura 76: Glanidium melanopterum coletado na AID da PCH Bonança........................................................99
Figura 77: Scleromystax barbatus – Tributários da PCH Santa Rosa II........................................................100
Figura 78: Neoplecostomus variipictus – Rio Santo Antônio, afluente do rio Bengala..................................101
Figura 79: Harttia loricariformes – AID da PCH Sossego..............................................................................101
Figura 80: Rineloricaria sp.1 da AID da PCH Santa Rosa II.........................................................................102
Figura 81: Rineloricaria sp.2 da AID da PCH Sossego.................................................................................102
Figura 82: Hypostomus affinis da AID da PCH Santa Rosa II.......................................................................103
Figura 83: H. Luetkeni da AID da PCH Santa Rosa II...................................................................................103
Figura 84: Trichomycterus sp.1 coletada na AID da PCH Santa Rosa II quando do resgate da ictiofauna
durante o enchimento do reservatório.......................................................................................................... 104
Figura 85: Hoplias malabaricus coletada na AID da PCH Santa Rosa II......................................................104
Figura 86: Characidium sp. coletada na AID da PCH Santa Rosa II.............................................................105
Figura 87: Leporinus mormyrops (AID da PCH Sossego)............................................................................106
Figura 88: L. copelandii (AID da PCH Santa Rosa II)...................................................................................106
Figura 89: Cyphocharax gilbert..................................................................................................................... 106
Figura 90: Oligosarcus hepsetus coletado na AID da PCH Santa Rosa II....................................................107
Figura 91: Astyanax taeniatus....................................................................................................................... 108
Figura 92: A. intermedius.............................................................................................................................. 108
Figura 93: Eigenmania virescens coletada na AID da PCH Santa Rosa II...................................................109
Figura 94: Número de espécies por unidade ambiental do rio Grande. .......................................................111
Figura 95: Mapeamento das unidades ictiogeográficas................................................................................113

8 de 256
Figura 96: Agrupamento das unidades ambientais com base na similaridade (Jaccard) ictiofaunística
(Cluster por distância pareada; Correlação Cofenética = 0,91)....................................................................113
Figura 97: Percentual de espécies migradoras (M), sedentárias sem cuidado parental (SSCP) e sedentárias
com cuidado parental (SCCP)...................................................................................................................... 120
Figura 98: Exemplos de acidentes que podem representar barreiras à migração (queda),..........................123
Figura 99: Exemplos de acidentes que podem representar barreiras à migração (rampa)..........................123
Figura 100: Exemplo de corredeiras do rio Grande (AID das PCHs São Sebastião do Alto)........................123
Figura 101: Exemplo de corredeiras do rio Grande (AID das PCHs Caju)...................................................123
Figura 102: Migração das espécies de peixes no interior do rio Grande/Dois Rios......................................125
Figura 103: Domínio das ilhas fluviais.......................................................................................................... 126
Figura 104: Faixa Ribeira.............................................................................................................................. 130
Figura 105: Afloramento de Quartzito, de granulometria grossa intensamente fraturado.............................132
Figura 106: Estereogramas com os polos de foliação e acamamento, indicando direção predominante de
mergulho para o quadrante NW.................................................................................................................... 133
Figura 107: Granada Biotita Gnaisse, com alto ângulo de mergulho e strike das camadas cortando
transversalmente o canal do Rio Grande nas Corredeiras...........................................................................134
Figura 108: Fases dos processos de titularidade minerária na bacia do rio Grande (%)..............................135
Figura 109: Substâncias exploradas ( ou a ser explorada) na bacia do rio Grande (%)...............................135
Figura 110: Aspecto da paisagem de “Mares de Morros” (AB’SABER,2003) no planalto Atlântico Leste-
Sudeste, com a presença das concavidades nas cabeceiras de drenagem, denominadas complexos de
rampa por MEIS et al., (1982)....................................................................................................................... 139
Figura 111: Aspecto da paisagem ocupada por pastagens, considerando a malha de raízes pouco profunda
e o pisoteio do gado. Ainda nota-se na foto os remanescentes de mata ciliar do rio Grande.......................140
Figura 112: Aspecto das encostas com geometrias côncavas, concentradoras de fluxos e processos
erosivos........................................................................................................................................................ 142
Figura 113: Aspecto do talude de material friável proveniente da desagregação do quartzito.....................142
Figura 114: Rocha de composição quartzítica. Perfil de solo pouco desenvolvido CXa)..............................143
Figura 115: Detalhe de uma área adjacente onde houve remobilização de solo..........................................143
Figura 116: Afloramento solo CAMBISSOLO HÁPLICO (CXa).....................................................................144
Figura 117: Rocha de composição gnáissica. Afloramento de solo ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO
distrófico....................................................................................................................................................... 145
Figura 118: Perfil de solo NEOSSOLO FLÚVICO.........................................................................................146
Figura 119: Formação de depósitos aluvionares na área da construção da barragem.................................146
Figura 120: Perfil do parcela 3, localizada na margem esquerda do rio, próximo ao local proposto para
construção da PCH Bonança........................................................................................................................ 150
Figura 121: Perfil do parcela 8, localizada na margem esquerda do rio Grande, área de influência da PCH
Bonança........................................................................................................................................................ 150
Figura 122: Perfil do parcela 4, localizada próximo ao local proposto para construção da PCH Sossego.. .151
Figura 123: Perfil do parcela 8, localizada próximo ao local proposto para construção da PCH Sossego.. .151
Figura 124: Nectandra lanceolata Ness & Mart. Ex Ness.............................................................................151
Figura 125: Trichilia casaretti........................................................................................................................ 151
Figura 126: Matayba intermedia Radlk......................................................................................................... 152
Figura 127: Ficus insipida Willd.................................................................................................................... 152
Figura 128: Ipomea cairica,.......................................................................................................................... 152
Figura 129: Inga edulis................................................................................................................................ 152
Figura 130: Anemopaegma hilarianum Bur. et K.Schum..............................................................................152
Figura 131: Endlicheria sp............................................................................................................................ 152
Figura 132: Euplassa cantareirae Sleumer................................................................................................... 153
Figura 133: Ramisia brasiliensis Oliver......................................................................................................... 153
Figura 134: Tabebuia chrysotricha................................................................................................................ 153
Figura 135: Machaerium hirtum.................................................................................................................... 153

9 de 256
Figura 136: Distribuição do número de espécies arbóreas, na área amostral, por família nas áreas
estudadas - PCH Bonança........................................................................................................................... 154
Figura 137: Distribuição do número de espécies arbóreas, na área amostral, por família nas áreas
estudadas - PCH Sossego............................................................................................................................ 154
Figura 138: Formações de floresta ombrófila densa na unidade da Serra do Mar Fluminense....................154
Figura 139: Paisagem típica da unidade de mapeamento dominante (Interior Fluminense) da bacia do rio
Grande.......................................................................................................................................................... 154
Figura 140: Paisagem típica da unidade de mapeamento dominante (Interior Fluminense) da bacia do rio
Grande.......................................................................................................................................................... 155
Figura 141: Paisagem típica da unidade de mapeamento dominante (Interior Fluminense) da bacia do rio
Grande.......................................................................................................................................................... 155
Figura 142: Paisagem típica da unidade de mapeamento dominante (Interior Fluminense) da bacia do rio
Grande.......................................................................................................................................................... 155
Figura 143: Rio Dois Rios na unidade do Vale do Paraíba...........................................................................155
Figura 144: Taraguira (Tropidurus torquatus)................................................................................................160
Figura 145: Andorinha-serradora (Stelgidopterix ruficollis) ..........................................................................160
Figura 146: Sapo-cururú (Chaunus ictericus)...............................................................................................160
Figura 147: Pica-pau-verde (Colaptes melanochlorus).................................................................................160
Figura 148: Ferreiro (Hypsiboas faber)......................................................................................................... 162
Figura 149: Anú-coroca (Crotophaga major) ................................................................................................162
Figura 150: Pererequinha (Dendropsophus decipiens).................................................................................162
Figura 151: Capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) ......................................................................................162
Figura 152: Choca-riscada (Thamnophilus palliatus)....................................................................................166
Figura 153: Saí-azul (Dacnis cayana)........................................................................................................... 166
Figura 154: Gavião-cinza (Accipiter bicolor) na mata seca...........................................................................166
Figura 155: Mariquita (Parula pitiayumi)....................................................................................................... 166
Figura 156: Gaturamo (Euphonia chlorotica)................................................................................................166
Figura 157: Localização do Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar....................................................167
Figura 158: Localização dos Mosaicos Bocaina, Mata Atlântica Central Fluminense e Mantiqueira............169
Figura 159: Mosaicos Mantiqueira, Bocaina e Mata Atlântica Central Fluminense, formando o Corredor de
Biodiversidade da Mata Atlântica, em maior detalhe....................................................................................169
Figura 160: Detalhe das Unidades de conservação que integram o Mosaico da Mata Atlântica Central
Fluminense. ................................................................................................................................................. 169
Figura 161: Pico Maior de Friburgo - Ponto culminante da Serra do Mar - 2316m.......................................170
Figura 162: Situação Fundiária Indígena...................................................................................................... 183
Figura 163: Área dos Estabelecimentos Agropecuários por tipo..................................................................190
Figura 164: Tipo de estabelecimentos por município....................................................................................191
Figura 165: Produção da Lavoura Permanente. .......................................................................................... 192
Figura 166: Produção Agrícola por Municípios.............................................................................................193
Figura 167: Coreto da Praça João XXIII – Cantagalo...................................................................................227
Figura 168: Ponte Metálica sobre o rio Paraíba do Sul – São Fidélis...........................................................227
Figura 169: Igreja Matriz de São Fidélis de Sigmaringa – São Fidélis..........................................................228
Figura 170: Vista da margem direita do rio Grande a montante da usina Catete, podendo-se ver a erosão e
escorregamento de encosta e os danos na adução da barragem................................................................243
Figura 171: Vista das erosões de margem e alteração de calha na área urbana de Bom Jardim................243
Figura 172: Vista de uma via interrompida em Bom Jardim na margem esquerda do rio Grande................243
Figura 173: Vista do rio Grande a jusante da área urbana de Bom Jardim podendo-se notar o material
carreado e a erosão das margens................................................................................................................ 243
Figura 174: Instalação da barragem da PCH Santo Antônio........................................................................244
Figura 175: Vista da Usina de Santo Antônio - Barragem.............................................................................244

10 de 256
Figura 176: Vista a montante da barragem podendo-se notar as erosões nas margens e os danos na
barragem e casa de força - PCH Santo Antônio...........................................................................................244
Figura 177: Vista à montante da Usina de Santo Antônio.............................................................................244
Figura 178: Vista a jusante da barragem Santo Antônio podendo se notar a erosão das margens..............244
Figura 179: Vista do vertedor da PCH Santa Rosa II....................................................................................244
Figura 180: Reservatório da PCH São Sebastião do Alto.............................................................................245
Figura 181: Reservatório da PCH São Sebastião do Alto.............................................................................245
Figura 182: Vista de montante do eixo da PCH São Sebastião do Alto........................................................245
Figura 183: Vista de marcas da passagem da cheia no lago da PCH São Sebastião do Alto......................245
Figura 184: Vista da APP da PCH São Sebastião do Alto sem vegetação e uso de pastagem....................245
Figura 185: Vista a montante da barragem da PCH Caju com presença de log-boom.................................245
Figura 186: Reservatório da PCH Santa Rosa II..........................................................................................246
Figura 187: Reservatório da PCH Santa Rosa II..........................................................................................246
Figura 188: Local da futura barragem da PCH Bonança (à jusante)............................................................246
Figura 189: Local da futura barragem da PCH Bonança (à montante).........................................................246
Figura 190: Vista do local do futuro eixo da PCH Jambo..............................................................................246
Figura 191: Vista de montante do futuro reservatório da PCH Jambo..........................................................246
Figura 192: Vista de jusante do futuro eixo da PCH Sossego......................................................................247
Figura 193: Vista de montante da futura barragem da PCH Sossego..........................................................247
Figura 194: Vista do vertedor e casa de força da PCH Caju........................................................................247
Figura 195: Vista da barragem da PCH Caju................................................................................................247
Figura 196: Barragem da PCH Caju............................................................................................................. 247
Figura 197: Barragem da PCH Caju............................................................................................................. 247

11 de 256
1 - DESENVOLVIMENTO DOS ESTUDOS

1.1 - IDENTIFICAÇÃO AMBIENTAL

Essa fase dos trabalhos foi iniciada a partir da análise e discussão dos Estudos Ambientais
existentes na área de estudo, principalmente os Levantamentos de Recursos Naturais
(RADAMBRASIL), os Planos Diretores e Estudos do Zoneamento dos Municípios de São
Sebastião do Alto, e Trajano de Moraes, os Levantamentos de Reconhecimento dos Solos do
Estado do Rio de Janeiro, os Censos Demográficos do IBGE e os dados estatísticos do Estado do
Rio de Janeiro. Esses documentos, dentre outros, permitiram que a equipe técnica responsável se
familiarizasse com as características mais gerais da região, a partir das quais se estabeleceram
discussões sobre os elementos do socioambientais inerentes à localidade. Como resultado, foi
elaborada uma lista de verificação que serviu como ponto de partida para a orientação e o
estabelecimento do nível de aprofundamento dos estudos que foram desenvolvidos.

1.2 - ELABORAÇÃO DA CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL PRELIMINAR

No âmbito da elaboração da Caracterização Socioambiental Preliminar, destaca-se o esforço


analítico de sistematização dos conhecimentos disponíveis, reconstruindo, a partir de discussões
entre a equipe multidisciplinar, o diagnóstico ambiental da área de estudo.
Detalhes metodológicos sobre cada assunto tratado nesta Caracterização se encontram
apresentados nas Seções a seguir.

12 de 256
2 - ASPECTOS METODOLÓGICOS GERAIS

Esta seção apresenta os principais aspectos metodológicos associados às atividades


desenvolvidas nesta fase do estudo, especialmente no que diz respeito ao tratamento das
informações e aos procedimentos adotados.

2.1 - LEVANTAMENTO DE DADOS

A fase inicial dos estudos foi marcada pelo levantamento de informações e a formação do banco
de dados da bacia. As pesquisas foram realizadas entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011,
envolvendo levantamentos em fontes bibliográficas, bancos de dados digitais, fontes de dados
disponíveis na Internet e em contatos com entidades, órgãos e instituições públicas estaduais e
federais.
Foram, portanto, realizadas pesquisas em três fases distintas. Na primeira foram relacionadas
fontes bibliográficas e bases de dados disponíveis para a região em estudo. Os resultados desta
fase são apresentados no capítulo de Bibliografia e as principais Bases de Dados utilizadas foram
as seguintes:

• HIDROWEB – Banco de Dados Hidrológicas, ANA – 2010;

• HIDROGEO – Sistema de Informações Georreferenciadas de Energia e Hidrologia.


ANEEL, 2009;

• SNIS, Diagnóstico dos Serviços Água e Esgoto, Ministério das Cidades, 1995-2008;

• Série de Estudos e Informações Hidrológicas e Energéticas – ENERGIA. ANEEL, 2000;

• Série de Estudos e Informações Hidrológicas e Energéticas – ÁGUA. ANEEL, 2000;

• SNCR – Sistema Nacional de Cadastro Rural – INCRA, 2004;

• SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação de Dados Estatísticos. IBGE;

• Fundação CIDE – Centro de Informações e dados do Rio de Janeiro;

• IPEADATA – Banco de Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada;

• DATASUS – Banco de Dados do Sistema Único de Saúde;

• Perfil dos Municípios Brasileiros;

• FINBRA, Secretaria do Tesouro Nacional, Informações sobre Finanças Municipais – 1998-


2007;

• INMET, Instituto Nacional de Meteorologia. Informações sobre clima;

• DGI/INPE- Departamento de Geração de Imagens. Imagens de Satélite CBERS;

• SIGMINE – Banco de Dados de Recursos Minerais;

• Atlas do Desenvolvimento Humano. PNUD/IBGE, 2000;

• ESTATCART/IBGE – Sistema de Informações Estatísticas Georreferenciadas;

• SBE – Sociedade Brasileira de Espeleologia, Cadastro de cavernas;

13 de 256
• CPRM – Bancos de dados da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais;

• IQM-Verde: Mapeamento do Uso e Ocupação da Bacia do rio Paraíba do Sul.


Na segunda fase foram realizadas visitas a órgãos federais, estaduais, instituições de pesquisa e
organizações sociais visando a complementação das informações recolhidas inicialmente. Essas
inspeções e as pesquisas nestas instituições foram realizadas nas principais cidades da região ou
na capital estadual Rio de Janeiro. Foram realizadas pesquisas em órgãos ambientais estaduais
(MMA, INCRA, IBAMA, SNRH, FUNAI, Fundação Cultural Palmares), secretarias de recursos
hídricos, comitês e instituições dedicadas à pesquisa ligadas à universidades e aos governos dos
estados.
A terceira fase foi dedicada também a contatos com entidades, porém de maneira mais
direcionada, ou seja, contatos com autoridades e empresas atuantes na região com vistas a
identificar e solicitar informações mais direcionadas, nas quais se destacaram as seguintes:

• Agência Nacional de Águas (ANA), com vistas a obter informações sobre a gestão de
águas na bacia do Paraíba do Sul, usos múltiplos, monitoramentos etc;

• Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), com vista a obter as informações sobre os
estudos de inventário hidrelétrico dos diversos rios que compões a bacia.

2.2 - ORGANIZAÇÃO DAS BASES OPERACIONAIS DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES


GEOGRÁFICAS – SIG

O SIG da Avaliação Ambiental da Bacia foi concebido como um dos principais elementos de
organização das informações disponíveis sobre a bacia. Sua estrutura permitiu a agregação das
informações dos diversos temas estudados em uma base de dados única.
A Figura 1 ilustra, através de um diagrama, a organização do SIG da bacia do rio objeto deste
estudo.

Figura 1: Diagrama de Representação do SIG

14 de 256
Entre os principais procedimentos adotados para estruturação das bases do SIG, destacam-se os
seguintes:

2.2.1 - Levantamento de Informações Disponíveis


Fonte Escala de Mapeamento Apresentação
Milionésimo digital 1:1.000.000 Digital (shapefile)
Censo 2000 – Cartogramas digitais 1:1.000.000 Digital (shapefile)
IBGE/DSG 1:250.000 Digital (dgn)/ impresso
Mapeamento Temático CPRM 1:1.000.000 Digital (shapefile)
PROBIO/MMA (Áreas Prioritárias para Unidades de Conservação) 1:250.000 Digital (shapefile)
DNPM / GEOMINE 1:250.000 Digital (shapefile)
MMA/SNRH– Servidor de Mapas Variada Digital (Mapserver)
WWF (Áreas Prioritárias para Unidades de Conservação) 1:1000.000 Digital (shapefile)
Modelo Digital de Terreno - SRTM (Suttle Radar Topografic Mission) 1:150.000 Digital (shapefile)
Revisão das Séries de Vazões – Mapas 1:205.000 Digital (CAD)
SIGMINE 1:1000.000 Digital (shapefile)
GEOMINAS 1:1.000.000 Digital (shapefile)
LABGEO – Fundação CIDE
HIDROWEB 1:2500.000 Digital (shapefile)
HIDROGEO 1:2500.000 Digital (shapefile)
Imagens de Satélite Landsat 7 ETM – NASA, 2005 e 2006 1:100.000 Digital (Geotiff)
Imagens de Satélite CBERS - INPE, 2004, 2005 e 2006 1:100.000 Digital Geotiff
Quadro 1: Fontes de Informações Cartográficas
2.2.2 - Mapeamentos e Ajustes Baseados em Imagens
Como a disponibilidade de mapeamentos atualizados de alguns temas na escala apropriada ao
trabalho se restringiu a algumas áreas, foi necessária a concentração de esforços no sentido de
realizar novos mapeamentos temáticos, bem como complementações. Entre os principais temas
que necessitam de ajustes e complementações se destacam os seguintes:

• Solos, Aptidão Agrícola e Erodibilidade: Realização de ajustes à base planialtimétrica


utilizada, com o uso de Imagem de Satélite Landsat 7 ETM – NASA, disponibilizadas pelo
INPE para os anos de 2005 e 2011;

• Uso e Ocupação do Solo: Foram realizados mapeamentos baseados em imagens do


satélite Landsat 7 ETM – NASA disponibilizadas pela INPE para os anos de 2005/2011;

• Geomorfologia/Geologia: Realização de ajustes á base planialtimétrica utilizada e aos


mapeamentos temáticos disponíveis.

2.2.3 - Integração de Informações Estatísticas à base de Mapas


As análises dos dados estatísticos tiveram o apoio da incorporação de informações ao Sistema de
Informações Geográficas, realizado através da associação das bases de dados a elementos da
base cartográfica.

2.2.4 - Cruzamentos de Informações e Avaliações Integrada


A geração de informações a partir da integração de temas ambientais proporcionará o
desenvolvimento dos mapeamentos de sensibilidade.

2.2.5 - Delimitação dos Reservatórios


Foram utilizados mapeamentos utilizando um Modelo Digital de Terreno - SRTM (Suttle Radar
Topografic Mission) e delimitando automaticamente a partir da informação da cota máxima.

2.2.6 - Mapa de Declividade


Foram realizados mapeamentos baseados no Modelo Digital de Terreno.

15 de 256
3 - METODOLOGIA

3.1 - RECURSOS HÍDRICOS E ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS

3.1.1 - Climatologia
Para caracterização do clima foram realizados levantamentos de dados no banco de informações
da ANA (HidroWeb), basicamente dados de precipitação, e os registros e normais climatológicas
do INMET. Além disso, foram utilizados os estudos de viabilidade técnico-ambiental das usinas e
Avaliação Ambiental Integrada do rio Paraíba do Sul.
A caracterização climática foi elaborada a partir de uma coleta de dados regionais, de estudos de
circulação atmosférica e de registros observados das variáveis climáticas da superfície nas
estações da rede de medição, isto é, nos postos da rede da ANA e do INMET, de forma que se
pudesse compreender a gênese das chuvas e o clima da região. O trabalho foi focado para
atender as necessidades dos estudos no que tange a definição de variações nos eventos
chuvosos intensos para avaliação do potencial erosivo dos solos e no balanço hídrico visando a
definição dos déficits de água que possam gerar conflitos de uso.
Foi feita uma análise da distribuição espacial das estações, de seu histórico de dados e
consistência. Após uma análise dos registros foram elaboradas tabelas dos valores médios,
mínimos e máximos mensais dos diversos meteoros para que se pudesse realizar uma análise de
sua sazonalidade, das chuvas intensas, do balanço hídrico, dos déficits e de sua distribuição
espacial.

3.1.2 - Recursos Hídricos Superficiais


Os estudos dos recursos hídricos foram elaborados a partir dos registros hidrológicos do banco de
dados da ANA (HidroWeb) e do extenso volume de estudos realizados para as PCHs, planos de
recursos hídricos.
A caracterização dos recursos hídricos foi elaborada a partir de uma coleta de dados
hidrométricos e nos estudos hidrológicos regionais. Foram inventariados registros de séries de
vazões diárias e mensais, registros de transporte de sedimentos dos postos de controle
hidrológico das sub-bacias, reservatórios e suas áreas de contribuição.
Foram revisados e analisados os estudos e análises feitas, além da análise dos registros dos
bancos de dados da ANA, empresas do setor elétrico entre outros.
Com base na cartografia disponível e nos dados obtidos foram feitos estudos e análises de
consistência dos registros e pontos de controle, para que se pudessem gerar os seguintes
elementos de caracterização:

• Séries de vazões médias mensais nos postos de controle selecionados e nos


reservatórios;

• Descargas de sedimentos ou potencial de produção de sedimentos;

• Dados e caracterização fisiográfica com definição da densidade de drenagem, perfis dos


rios nos trechos lóticos, e vazões específicas e topologia dos reservatórios, pontos de
controle hídrico;

• Curvas de permanência de vazões e de regularização natural;

• Tempos de residência e capacidade de regularização de vazões dos reservatórios;

16 de 256
• Definição das disponibilidades hídricas superficiais nos pontos de controle e reservatórios.

3.1.3 - Águas Subterrâneas


Com o objetivo de identificar e delimitar as questões mais relevantes ligadas aos recursos hídricos
subsuperficiais na bacia, e sua interface com empreendimentos do setor hidrelétrico, foram
levantados e analisados os principais estudos já realizados sobre os aquíferos da região.
Além das revisões bibliográficas, foram feitas consultas ao Sistema de Informação de Águas
Subterrâneas (SIAGAS) da CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Esse sistema tem como objetivo
armazenar, sistematizar e disponibilizar todos os dados e informações georreferenciadas sobre
poços, para dar suporte à elaboração de mapas hidrogeológicos inseridos no Programa
Levantamentos Geológicos Básicos da CPRM e dar suporte ao cadastramento das fontes de
abastecimento de águas subterrâneas no Brasil.

3.1.4 - Qualidade das Águas Superficiais


Na avaliação da qualidade da água da bacia foram utilizados fontes e mapeamentos
(disponibilidade, utilização e qualidade dos recursos hídricos superficiais) executados para a
bacia.
Esses dados foram analisados e sua consistência verificada. Após esse trabalho inicial foram
caracterizadas os índices de qualidade da água, e os resultados dos principais parâmetros físico-
químico, bacteriológico e biológico com base nas campanhas realizadas pelo INEA e nas
executadas pelas empresas que realizaram estudos na bacia.

3.1.5 - Usos dos Recursos Hídricos


Os estudos realizados foram resultado dos levantamentos dos usos da bacia com base nas
informações disponíveis e nos levantamentos de dados nas viagens de inspeção à região,
procurando definir sua abrangência e principalmente seus conflitos atuais e potenciais.
Nesse contexto, seus recursos hídricos foram avaliados os usos tais como: abastecimento
humano e industrial, dessedentação do gado, geração hidrelétrica, irrigação e pesca.

3.1.6 - Ecossistemas Aquáticos


Para avaliação dos ecossistemas aquáticos, foi conferida principal atenção à composição e a
distribuição da ictiofauna na bacia do rio Grande.
Este grupo, por seu carácter sistêmico, tem sido empregado nas diversas avaliações ambientais
integrada empreendidas no Brasil, como principal elemento indicador.
Para a caracterização deste grupo, foram sintetizados os estudos existentes para a bacia,
contemplando os levantamentos apresentados em BIZERRIL & PRIMO (2001), os levantamentos
de dados primários que integram os EIAs das PCHs Bonança e Sossego, os resultados do
monitoramento da PCH Santa Rosa e levantamento primário desenvolvido especificamente para
esta avaliação.
Outros táxons que integram a biota aquática foi caracterizados a partir dos resultados mais
recentes dos monitoramentos em curso na bacia, visando trabalhar com informações mais
consolidadas do que aquelas passíveis de serem obtidas em campanha pontual eventualmente
conduzida para o presente estudo.
Apenas no caso da biota bentônica foi realizado levantamento de dados primários
especificamente para este documento face a ausência da dados sobre este segmento da fauna
aquática na bacia.

17 de 256
Para os bentos, foi conferida atenção especificamente à carcinfofauna, visto que este grupo
mantém espécies ameaçadas algumas das quais dependentes da manutenção da continuidade
fluvial para sua perpetuação.

3.2 - MEIO FÍSICO E ECOSSISTEMAS TERRESTRES

3.2.1 - Geologia e Recursos Minerais


De um modo geral, a metodologia adotada para a caracterização geológica da Bacia do rio
Paraíba do Sul adequa-se àquela proposta para as outras áreas de conhecimento integradas à
avaliação ambiental e, assim, reveste-se de importância estratégica para o estudo na Bacia do rio
Grande, pois visa à compreensão da situação atual da região, mas também busca a compreensão
de suas potencialidades e da medida em que a presença do setor elétrico pode se integrar de
forma harmônica às perspectivas de crescimento sustentável da região. Nessa etapa, a análise de
conflitos e a avaliação dos impactos decorrentes dos empreendimentos hidrelétricos existentes
serão integrados à caracterização de modo ainda preliminar, sendo desenvolvida e consolidada
em etapas posteriores do estudo.
A caracterização geológica e dos recursos minerais visa, em larga escala, a identificação de
unidades homogêneas existentes no interior da bacia, de forma a permitir que se concretize a
metodologia proposta para a análise de impactos ambientais. Esta metodologia tem como objetivo
fundamental avaliar os diferentes comportamentos dos impactos socioambientais de usinas
hidrelétricas implantadas, permitindo projetar o impacto potencial de novas usinas, e a eficácia do
uso de indicadores. Essa fase do plano de trabalho tem como principal meta o levantamento,
organização e sistematização de dados, de forma a fornecer elementos para subsidiar a avaliação
ambiental integrada atual e prospectiva da Bacia do rio Paraíba do Sul. Ela deverá fornecer as
informações necessárias à analise distribuída, à alimentação do Sistema Geográfico de
Informações – SIG e ao modelo de simulação de cenários.
No tocante à geologia, os aspectos a serem abordados envolvem a caracterização do arcabouço
geológico e definição das litologias e padrões estruturais da bacia com vistas a uma associação
com os padrões de drenagem, intemperismo, formas de relevo ou tipo de solos e regime
hidrológico subterrâneo. Com relação aos recursos minerais, os aspectos a serem abordados
envolvem a caracterização e mapeamento do potencial mineral da bacia com base no banco de
dados e informações do DNPM, haja vista as características de formação e importância histórica
da exploração mineral da bacia, subsidiando análises de possíveis interferências. No tocante à
metodologia de cunho estritamente geológico, o estudo foi feito com base na consulta de fontes
clássicas de informação geológica, como livros-texto, publicações científicas e atas de eventos
nacionais e internacionais, bem como de periódicos e revistas especializadas, dissertações de
mestrado e doutorado de diferentes programas de pós-graduação em Geologia das universidades
brasileiras, bancos de dados de agências governamentais, além de acervos de imagens de
sensoriamento remoto e de bases cartográficas em variadas escalas. Todos os dados consultados
foram então organizados de modo a atender os objetivos fundamentais da caracterização,
conforme expostos acima.

3.2.2 - Geomorfologia
Foram levantados e analisados dados secundários existentes, incluindo mapas temáticos,
principalmente do Radambrasil.
Foi realizada, em seguida, uma interpretação de imagens de satélite na escala 1:100.000 (Landsat
7 ETM+ em composição colorida - 3R 4G 5B) e eventualmente, de radar.
Foram utilizados os mesmos materiais e procedimentos metodológicos mostrados no subitem de
solos a seguir, referente ao material básico, aos procedimentos metodológicos para mapeamento
e cartografia, usando-se as cartas geomorfológicas.

18 de 256
O presente trabalho foi desenvolvido a partir do levantamento de material bibliográfico e dos
dados cartográficos existentes. Preliminarmente, foram definidos os domínios morfoestruturais e
morfoesculturais na região do planalto central goiano, em escala 1:250.000, e realizada a análise
da drenagem e dos tipos de modelados. Em seguida, foram identificadas as unidades
morfológicas correspondentes ao agrupamento de formas relativas aos modelados, que foram
distinguidas pelas diferenças da rugosidade topográfica ou das intensidades de dissecação do
relevo, por influência dos canais de drenagem temporários e perenes.
Delimitados os tipos de modelados, as informações obtidas se orientaram no sentido de agrupar
aqueles que tivessem uma evolução geomorfológica comum, traçando-se, desse modo, as linhas
preliminares das unidades morfológicas ou padrões de formas agradacionais (acumulação) e de
formas denudacionais (erosão).
As unidades geomorfológicas correspondem à compartimentação ampla do relevo mapeado. São
representadas como um conjunto de formas de relevo que apresentam certa similaridade ou
relacionamento direto entre si e uma posição altimétrica individualizada. Essas duas
características significam que os processos geomorfogenéticos que atuaram numa unidade são
únicos e diferem daqueles que atuaram em outras unidades distintas. Significam, ainda, que
alguns desses processos foram predominantes em decorrência de condições litológicas,
estruturais ou climáticas. A cobertura vegetal e os tipos de solos são também elementos
definidores de uma unidade geomorfológica.

3.2.3 - Solos
3.2.3.1 - Seleção e Incorporação de Dados Básicos e Mapeamentos
Primeiramente, foram selecionados e pesquisados os principais estudos antecedentes da região e
mais especificamente referentes à área da bacia, incluindo solos e geomorfologia. Entre os
trabalhos utilizados destacam-se os seguintes:

• CPRM/EMBRAPA – Projeto Rio de Janeiro. Levantamento de Solos e Aptidão Agrícola,


escala 1: 400.000. Janeiro de 2001;

• PROGRAMA NACIONAL DE IRRIGAÇÃO (PRONI). Trabalhos inéditos que constam do


acervo do PNUD, Projeto BRA 87/002 – apoio Hidrológico e Agrometeorológico ao
Programa Nacional de Irrigação, constando de Folhas 1:250.000 interpretadas conforme
delineamento de solos do Projeto Radambrasil;

• Projeto RADAMBRASIL. Escala 1:1.000.000. Rio de Janeiro, 1983. 780p. (Levantamento


dos Recursos Naturais, 32).

3.2.3.2 - Uniformização das Bases de Dados e de Classificações


Como se pode verificar pelo subitem acima, foi necessária a compatibilização de vários trabalhos,
com grande variedade de escalas de publicação, além de terem sido produzidos em anos
diferentes, com nomenclatura também diferente, em distintos níveis e grande volume de
informação e elevada deficiência de georreferenciamento das informações.
Com a utilização de metodologias mais avançadas houve a necessidade de ajustar as unidades
nos mapas, polígono a polígono, compatibilizando e uniformizando as legendas diferenciadas para
cada município, sendo redesenhados mais de 1000 polígonos, com um total de 160 unidades de
mapeamento.
Houve também, necessidade de ajustes cartográficos demorados, requerendo a interpretação de
imagens de satélites ortorretificadas, modelos digitais do terreno, modelos sombreados, curvas de
nível e mapas hipsométricos e de declividade.
Obtido um novo mapa, as unidades de mapeamento foram organizadas em uma única legenda e
transferidas para as bases cartográficas na escala 1:250.000 e 1:100.000.

19 de 256
Com base nos estudos acima citados, procurou-se, nesse mapeamento, aplicar as normas e
conceitos do novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa Solos, 2000) com
atualização das unidades de solos para o novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.
A partir do mapa de solos, procedeu-se à interpretação das informações de solos para a avaliação
da aptidão agrícola das terras da bacia e de sua suscetibilidade à erosão.
Para ambas, foram consideradas características inerentes ao solo e ao meio ambiente.
O principal objetivo desta análise é fornecer subsídios para os programas de minimização dos
impactos causados pela implantação dos diversos empreendimentos na bacia.

3.2.3.3 - Avaliação da Aptidão Agrícola dos Solos


A avaliação da aptidão agrícola das terras, de caráter essencialmente interpretativo, tem como
finalidade à indicação do potencial agrícola das terras para diferentes tipos de uso. Tenta-se
estabelecer uma relação custo/benefício favorável, sob os pontos de vista econômico e ambiental
(RAMALHO FILHO et al., 1983). Representa uma base para o planejamento agrícola, uma vez
que fornece várias opções de uso dentro do qual a escolha deve considerar ainda outros fatores,
como o socioeconômico, a legislação ambiental, o interesse do produtor etc., não sendo, portanto,
uma recomendação direta para os produtores rurais.
Tem como base à metodologia do sistema de interpretação desenvolvido pela Divisão de
Pedologia e Fertilidade do Solo, do Ministério da Agricultura (BENNEMA et al., 1965), atualmente
Centro Nacional de Pesquisa de Solos (CNPS), da Embrapa, e ampliada pela equipe da SUPLAN-
MA, com assessoria técnica da FAO (RAMALHO FILHO et al., 1983; 1995).

3.2.3.4 - Avaliação da Erodibilidade dos Solos


No presente estudo, o termo erodibilidade está relacionado à fragilidade das terras em relação às
perdas de solo devido aos agentes erosivos, em especial à erosão hídrica.
Foram considerados os principais fatores indutores da erosão para a definição das classes de
erodibilidade, conforme os graus de limitação adotados para classificação da aptidão agrícola,
aliados às comparações com o relevo, declividade, uso da terra e uma série de fatores de solos e
do meio ambiente que influenciam a ocorrência de processos erosivos.
A utilização dessa classificação é determinada pela escala do levantamento, 1:250.000 e
1:100.000, pequena, regional e generalizada e também devido à ausência de dados e
determinações locais que possam ser extrapolados, pelo menos, às unidades de mapeamento.
Os critérios utilizados, as classes de erodibilidade em relação aos solos e os resultados obtidos,
encontram-se descritos a seguir.

3.2.3.5 - Critérios para Classificação dos Solos


As definições, conceitos e critérios usados para o estabelecimento das classes estão de acordo
com as normas vigentes, adotadas pela Embrapa/Solos através do Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos.
A seguir, de forma sucinta, são apresentados os principais atributos diagnósticos, conceitos e
fases usados para o mapeamento dos solos.

3.2.3.5.1 - Atributos Diagnósticos

Para a subdivisão das classes de solos em níveis categóricos mais baixos, utilizaram-se os
seguintes atributos:

• Atividade da Argila: refere-se à capacidade de troca de cátions (valor T) da fração mineral.


Atividade alta designa valor igual ou superior a 24 cmol/kg de argila e atividade baixa, valor

20 de 256
inferior a esse, após correção referente ao carbono. Para essa distinção, é considerada a
atividade das argilas no horizonte B, ou no C quando não existe B.

• Eutrofismo e Distrofismo: eutrófico especifica distinção de solos com saturação por bases
(valor V) igual ou superior a 50%, e distrófico especifica distinção de solos com saturação
por bases inferior a 50%. Para essa distinção, é considerada a saturação por bases no
horizonte B, ou no C quando não existe .

• Caráter Alumínico: para indicar saturação por Al3 igual ou superior a 50%. Para essa
distinção, é considerada a saturação por alumínio no horizonte B, ou no C quando não
existe B.

• Caráter Sódico e Solódico: O termo sódico especifica saturação com sódio maior de 15% -
pelo menos na parte inferior ao horizonte B; na ausência do horizonte B, teores de 15% ou
mais são exigidos pelo menos na parte superior do horizonte C. Solódico quando a
saturação com sódio está entre 6 e 15%.

• Caráter Salino: refere-se à presença de sais mais solúveis em água fria que o sulfato de
cálcio (gesso), em quantidades que interferem com a maioria das culturas, expressas
através da condutividade elétrica do extrato de saturação (a 25ºC) que deve ser igual ou
maior que 4 mS/cm e menor do que 7 dS/m em alguma época do ano.

• Mudança textural abrupta: consiste em um considerável aumento no conteúdo de argila


dentro de pequena distância na zona de transição entre o horizonte A ou E e o horizonte
subjacente B.

3.2.3.5.2 - Horizontes Diagnósticos

• Horizonte A chernozêmico: horizonte mineral A espesso, escuro, saturado com cátions


bivalentes e saturação por bases (valor V) igual ou superior a 65%. A estrutura é
fortemente desenvolvida e a cor do horizonte é de croma inferior a 3,5, quando úmido;
valor mais escuro que 3,5, quando úmido, e 5,5, quando seco. Contém pelo menos 5,8 g
de carbono orgânico/kg de solo, em qualquer parte do horizonte. A espessura do horizonte
é de pelo menos 18 cm e maior que 1/3 da espessura do solum, se este tiver menos que
75 cm; ou mais de 25 cm, se o solum tiver mais que 75 cm. Não é simultaneamente
maciço e duro ou muito duro, quando seco.

• Horizonte A proeminente: horizonte A espesso, comparável ao horizonte A chernozêmico


quanto à cor, ao conteúdo de carbono orgânico, à consistência, à estrutura e à espessura,
diferenciando-se dele apenas por apresentar saturação por bases inferior a 65%.

• Horizonte A moderado: é um horizonte superficial que apresenta teores de carbono


orgânico variáveis, espessura e/ou cor que não satisfaçam as condições requeridas para
caracterizar um horizonte A chernozêmico ou proeminente.

• Horizonte B textural: é um horizonte mineral subsuperficial no qual há evidências de


acumulação, por iluviação, de argila silicatada. O horizonte B textural possui um acréscimo
de argila em comparação com o horizonte sobrejacente eluvial e, usualmente, apresenta
cerosidade.

• Horizonte B latossólico: horizonte mineral subsuperficial, com espessura mínima de 50 cm,


cujos constituintes evidenciam avançado estágio de intemperização, caracterizado pela
presença de quantidades variáveis de óxidos de ferro e alumínio, argilominerais do tipo 1:1
e minerais primários resistentes ao intemperismo, e pela ausência quase absoluta de
argilominerais do tipo 2:1.

• Horizonte B incipiente: horizonte mineral subsuperficial que sofreu alteração física e


química em grau não muito avançado, porém suficiente para o desenvolvimento de cor ou

21 de 256
de estrutura, e no qual mais da metade do volume de todos os suborizontes não deve
consistir em estrutura da rocha original.

• Horizonte glei: horizonte mineral subsuperficial ou eventualmente superficial caracterizado


pela intensa redução de ferro e formado sob condições de excesso de água, o que lhe
confere cores neutras ou próximas de neutras na matriz do solo, com ou sem
mosqueados. Esse horizonte é fortemente influenciado pelo lençol freático, sob
prevalência de um regime de umidade redutor, virtualmente livre de oxigênio dissolvido, em
virtude da saturação com água durante todo o ano ou pelo menos por longos períodos.

• Horizonte B plânico: é um tipo especial de horizonte B textural, subjacente a horizonte A ou


E e precedido por uma mudança textural abrupta. Apresenta estrutura prismática colunar,
ou em blocos angulares e subangulares grandes ou médios, e às vezes, maciça,
permeabilidade lenta ou muito lenta e cores acinzentadas ou escurecidas, podendo ou não
possuir cores neutras de redução, com ou sem mosqueados. Este horizonte é adensado e
com teores elevados de argila dispersa, responsável pela retenção de lençol de água
suspenso, de existência temporária.

3.2.3.5.3 - Grupamentos de Classes de Textura

A textura, em ciência do solo, corresponde à composição granulométrica da terra fina seca ao ar


(TFSA), obtida em laboratório.
Foram consideradas as seguintes classes de textura, conforme os teores de argila, areia e silte
determinados em laboratório:

• Textura muito argilosa: identifica solos com mais de 600 g de argila/kg;

• Textura argilosa: quando o solo tem entre 350 e 600 g de argila/kg;

• Textura média: quando o solo contém 350 g de argila e mais de 150 g de areia/kg,
excluídas as classes texturais areia e areia-franca;

• Textura arenosa: refere-se às classes texturais areia e areia-franca.


Para as classes de solos com significativa variação textural entre horizontes superficiais e
subsuperficiais, expressa em forma de fração - textura média/argilosa.
A caracterização efetuada em função da proporção de cascalhos (diâmetro de 2 a 20 mm) em
relação à terra fina (fração menor que 2 mm) separa os solos através das seguintes classes:

• Textura muito cascalhenta – quanto existe mais de 50% de cascalho na composição


granulométrica do horizonte;

• Textura cascalhenta – quando esse valor oscila entre 15 e 50% de cascalho; e

• Textura com cascalho – quando as quantidades de cascalho variam entre 8 e 15%.

3.2.3.5.4 - Fases

O critério de fases tem como objetivo fornecer informações adicionais sobre as condições
ambientais. São comumente empregadas fases de relevo, pedregosidade, rochosidade e de
vegetação, essa última utilizada quando não são elaborados mapas de uso e ocupação do solo,
como auxílio na avaliação de condições microclimáticas locais.

• Fases pedregosa e rochosa

22 de 256
Constam da classificação as fases pedregosa e rochosa, para caracterizar solos com quantidades
de calhaus e matacões, na parte superficial ou subsuperficial do solo, suficientes para impedir ou
restringir o uso de implementos agrícolas.

• Fases de relevo
O nome da fase de relevo acompanha a descrição da unidade de solos com o intuito de serem
fornecidos subsídios ao estabelecimento de limitações com relação ao emprego de implementos
agrícolas e, mediante avaliação da declividade e comprimento das pendentes, auxiliar na
determinação da susceptibilidade à erosão. As formas de relevo que acompanham a designação
da unidade de solos são as seguintes:

• Relevo plano: corresponde a superfícies de topografia esbatida ou horizontal, onde


os desnivelamentos são muito pequenos, com declividades variáveis entre 0 e 3%.

• Relevo suave ondulado: caracteriza superfícies de topografia pouco movimentada,


constituída por conjuntos de colinas (elevações de altitudes relativas até 100m),
apresentando declives suaves, entre 3 e 8%.

• Relevo ondulado: designa superfícies de topografia pouco movimentada,


constituídas por conjunto de colinas, com declives moderados, entre 8 e 20%.

• Relevo forte ondulado: corresponde a superfícies de topografia movimentada,


formadas por morros (elevações de 100 a 200 m de altitudes relativas) e raramente
colinas, com declives fortes, predominantemente variáveis de 20 a 45%.

• Relevo montanhoso: caracteriza superfícies com topografia vigorosa, com


predomínio de formas acidentadas, usualmente constituídas por morros, montanhas
e maciços montanhosos, apresentando desnivelamentos relativamente grandes
(superiores a 200 m) e declives fortes ou muito fortes, predominantemente variáveis
de 45 a 75%. Essa forma de relevo não está presente na área em estudo.

• Relevo escarpado: compreende áreas com predomínio de formas abruptas como


superfícies íngremes e vertentes com declives muito fortes, ultrapassando 75%.

3.2.4 - Ecossistemas Terrestres


3.2.4.1 - Elementos de Caracterização da Vegetação
O presente documento apresenta a caracterização da cobertura vegetal da bacia, reunindo as
classificações tipológicas propostas como formações vegetais no Mapa de Vegetação do Brasil do
IBGE (2004) e artigos científicos (MORELLATO e HADDAD, 2000; OLIVEIRA-FILHO et. al., 2005)
e a revisão de OLIVEIRA-FILHO e FONTES (2000).
Estando inserida numa das regiões mais desenvolvidas do Brasil, a bacia abriga diversas
universidades, centros de pesquisa com um razoável histórico de pesquisa sobre a biodiversidade
local. Esses estudos, somados àqueles realizados para os diagnósticos ambientais relativos aos
empreendimentos passíveis de licenciamento ambiental nas últimas décadas, proporcionam um
razoável corpo de conhecimento capaz de permitir uma boa caracterização dessa região, sendo a
base de dados para análises ambientais com potencial para alimentar prognósticos e processos
decisórios futuros, ainda que a carência de sínteses dessas informações pontuais dificultem
avaliações mais dinâmicas e mais integradas desse conjunto. Um exemplo é a síntese de Oliveira-
Filho e Fontes (2000) para vegetação, que reporta um razoável número de estudos na Floresta
Ombrófila Densa e relativa escassez de Floresta Semi-decidual neste conjunto, refletindo em certo
grau, a falta de áreas intactas nessa formação vegetal.
A abordagem relativa à cobertura vegetal embasa sua descrição no condicionamento
determinante do meio abiótico (relevo, clima e solo) sobre os elementos que compõem as feições
vegetacionais. A esse fim foram observadas as publicações do IBGE entre elas o Mapa de Climas

23 de 256
do Brasil do IBGE (2004) e o Mapa de Solos do Brasil do IBGE (2005), além da variação
altimétrica e a declividade geradas a partir do modelo digital do terreno (SRTM, NASA, 2000).
Assim, além da síntese descritiva enfatizando a distribuição das formações vegetais e suas
fitofisionomias particulares, são reportados traços da diversidade vegetal, estado atual e
estratégias de conservação além da análise da alteração dessas formações e usos atual.

3.2.4.2 - Elementos de Caracterização da Fauna


Dentro do âmbito de avaliações ambientais integradas faz-se necessário em um primeiro
momento, delimitar a escala de aproximação desejada para a ordenação de dados com vistas a
gerar conjuntos de informações que permitam, no nível de detalhamento aplicável a este tipo de
documento, a análise dos dados sem produção de cenários desprovidos de conteúdo informativo
ou de difícil espacialização.
Neste contexto, a fauna terrestre foi avaliada apenas no sentido de identificar, dentre as
informações existentes, a presença de grupos ameaçados e o estado geral de conservação deste
segmento da biota local.
Para tanto, foram agregados dados obtidos em Estudos e/ou Relatórios de Impacto Ambiental,
artigos de demais produtos científicos.
Ressalta-se que, face a escala de aproximação exigida por este tipo de avaliação, ao estado de
degradação da bacia do rio Grande e em vista da distribuição bastante localizada das informações
acerca da fauna, foi conferido maior atenção ao estudo da distribuição dos elementos da
paisagem na identificação de padrões de zoneamento biótico e nas discussões posteriores acerca
da sensibilidade da bacia.

3.2.4.3 - Mapa de Uso e Ocupação do solo


Para a composição do mapa de uso e cobertura do solo foram usadas cenas LandSat5 TM
imageadas entre 2004 e 2011. As cenas foram escolhidas pela data mais recente considerando a
menor cobertura de nuvens. Todas as cenas e/ou fusões foram cortadas pelo contorno da bacia.
Para a classificação digital foi usada uma composição de seis camadas, sendo as bandas 3, 4, 5
integrais, uma quarta camada extraída da PCA espacial (análise do componente principal) das
bandas 3, 4 e 5, uma quinta oriunda do índice NDVI (banda 4 – banda 3) / (banda 4 + banda 3) e
mais uma sexta com origem na filtragem que passa baixo da banda 5. Para a classificação foi
usado o programa Erdas Imagine 8.6, sendo o processo supervisionado, com o método do
Paralelepípedo com o Máximo de Ligações. Para cada cena foi amostrado em torno de 100
referências espectrais e sendo o processo de coleta da “verdade de campo” sido acompanhado
com a observação do imageamento de alta resolução, disponibilizado para alguns trechos da
bacia no domínio Google Earth. Para evitar distorções espectrais, as incorreções espaciais
verificadas para todas as cenas, somente foram corrigidas após a classificação digital. As imagens
foram espacialmente corrigidas pela hidrologia da base cartográfica disponibilizada pelo IBGE.
Para reduzir a super fragmentação das classes, o mapa resultante foi duplamente filtrado
estatisticamente pela média com área de 7x7 grãos de imagem (pixels).
Ao final as subclasses foram reagrupadas e as classes finais determinadas apresentadas no
mapeamento da bacia foram as seguintes:
1. Água (corpos d’água, rios, reservatórios, açudes e lagoas);
2. Lavoura (áreas com plantio de culturas temporárias e permanentes);
3. Mata (Áreas com formação florestal);
4. Pastagem (áreas com cobertura de vegetação de gramíneas e ...);
5. Solo exposto (áreas de erosão, voçorocamentos, mineração ou sem cobertura vegetal);
6. Rocha (afloramentos rochosos);

24 de 256
7. Misto (áreas de cobertura vegetal esparsa, campos sujos e/ou abandonados, capoeiras e
lavouras arbóreas);
8. Urbana (Áreas de uso urbano);
9. Outras (sombras, telhados, queimadas).
Na classe “água” estão inclusos os reservatórios, rios, açudes, tanques de rejeitos aquosos, cavas
alagadas de argila e areia e talhões alagados para o plantio de arroz, sendo esses dois últimos,
presentes no Vale do Paraíba.
Na classe “mata” podem estar potencialmente incluídas áreas de qualquer vegetação arbórea em
alta densidade, dentre as quais as matas secundárias em estágio avançado de regeneração,
glebas de silviculturas adultas, frequentes no Vale do Paraíba e outras formações arbóreas
densas, além das matas nativas. Devido a grande variação altitudinal das regiões serranas,
também podem estar inclusas na classe mata pequenos trechos de não mata, expressa na
imagem em sombras resultantes da angulação sol-objeto-satélite.
Na classe “mista” representa-se a vegetação arbórea de baixa densidade, as capoeira e os
“pastos sujos” e onde se entende que a vegetação é uma ocupação intermediária entre a
pastagem e a vegetação arbórea. Na prática, observa-se um gradiente de adensamento entre as
classes de pastagem suja e a mata densa propriamente dita. Esse gradiente é em parte conferido
pelo frequente abandono do manejo das pastagens, o que leva a deflagração da regeneração das
áreas desmatadas. Por esta razão, a delimitação metodológica entre a classe mata e a mista é em
parte arbitrária.
Na classe “pastagem” estão potencialmente representadas áreas de pasto de diversas
densidades, desde pastagens altas, como nas várzeas, até pastagens muito ralas. Podem estar
inclusas zonas naturais dos campos de altitude.
Na classe “rocha” estão preferencialmente distintas as exposições rochosas graníticas dos topos
de serra, potencialmente cobertas por uma muito rala vegetação nativa rupestre. Também podem
estar inclusas nessa classe, lavras de granito e outras rochas. Algumas coberturas de casas e
calçamento das cidades podem ser confundidas nessa classe, mas o processo de filtragem
elimina o aparecimento dos polígonos das classes localmente minoritárias.
A classe “solo” representa as exposições de solo, normalmente ocorrendo em manchas de
ausência de pastagem. Podem estar inclusas lavras de argila, aterros e cortes geotécnicos.
Na classe “outros” estão principalmente representadas as sombras, mas também podem conter
feições de pequena representação, como várzeas, corpos d’água muito rasos, complexos
urbanos-industriais, estradas, praias, areais, etc.
A mistura de todas as demais classes compõe a classe urbana que localmente corresponde a um
trecho de cidade. Isso se dá pela própria complexidade de ocupação urbana, que envolve
telhados de argila, amianto, cimento, alumínio e ferro, gramados, campos, terrenos abandonados,
praças arborizadas, calçamento de granito, asfalto ou terra batida, entre outros. Essa mistura
provoca uma mescla de respostas espectrais que impossibilita dentro do escopo metodológico
usado, a definição de uma classe espectral “Urbana” definitiva. Desta forma, núcleos urbanos de
tamanho expressivo ao longo da bacia, representados por cerca de 300 polígonos entre cidades e
localidades, foram traçados manualmente e sobrepostos à classificação final de uso e ocupação
apresentada.
Para construção do mapa de subdivisões na bacia sob a perspectiva dos ecossistemas terrestres,
toma-se por base a influência determinante da geomorfologia. Sob essa base, considera-se a
distribuição da vegetação subdivida nas formações Floresta Ombrófila Densa e Floresta Ombrófila
Semi-decidual e considera-se ainda a o desenvolvimento da socioeconomia, que tem a marcante
característica de substituição da vegetação nativa mas com a destinação de parte dessa áreas
para a preservação ambiental, delimitadas em Unidades de Conservação.

25 de 256
3.3 - ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS

Com o entendimento que a Avaliação Ambiental Integrada da bacia do rio Grande é um


desdobramento da Avaliação Ambiental Integrada do Paraíba do Sul, utilizou-se a metodologia
proposta para este documento homologado pela EPE, além da inclusão de informações
solicitadas no Termo de Referência.
Vale ressaltar que o Estudo Socioeconômico possui como base os dados municipais, mesmo
sabendo que para alguns deles, a área urbana não encontra-se na bacia, sendo relevante apenas
a área rural, ou vice-versa. Sendo assim, segue-se a metodologia da Avaliação Ambiental
Integrada do Paraíba do Sul, onde optou-se por incluir o estudo dos municípios cuja sedes
municipais encontram-se na bacia do Rio Grande.
De forma complementar, o Termo de Referência estabelece que deverá ser apresentado o total de
estabelecimentos a serem inviabilizados, quantificando as atividades agropecuárias afetadas,
contingente populacional atingido, contemplando não somente as terras mas também os seus
usos. Além disso, o Termo de Referência solicita a indicação do fluxo de pessoas atraída pela
implantação dos empreendimentos, a situação jurídica e de regularização das terras atingidas. Por
fim, a avaliação dos impactos em dois cenários visando perceber as interferências da implantação
sequencial e implantação concomitante dos empreendimento. Nesse caso, as informações
solicitadas são apresentadas nos Estudos de Impacto Ambiental de cada empreendimento. Ou
seja, estes temas serão abordados quando realizada a definição dos indicadores ambientais, e
suas integrações, em fase posterior ao Diagnóstico Ambiental.

3.3.1 - Modos de Vida


A caracterização dos Modos de Vida foi realizada com base na análise dos dados disponibilizados
pelos principais órgãos de pesquisa socioeconômica oficiais do país, apoiados por levantamentos
bibliográficos e pesquisa de campo. Entre as principais pesquisas utilizadas podem ser citadas o
Censo Populacional e a Pesquisa sobre Saneamento, realizadas pelo IBGE, as pesquisas de
Renda realizadas pelo IPEA e as informações disponíveis no Atlas de Desenvolvimento Humano
do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
Os estudos realizados buscaram caracterizar os principais aspectos sociais dos diversos
municípios que compõem a área da bacia, analisando os aspectos demográficos, o acesso a
serviços básicos, a existência de áreas legalmente protegidas ou diferenciadas. As informações
foram organizadas de forma a proporcionar um entendimento da conjuntura social da bacia e das
subáreas definidas para esta fase do estudo.
Além da divisão entre as subáreas, o estudo considerou para os diversos dados analisados um
período histórico que permitisse a avaliação das tendências municipais e regionais. Tais
informações foram ainda consolidadas por uma análise do processo de ocupação da região e o
histórico do desenvolvimento na bacia.
Os estudos sobre a presença de Terras Indígenas foi baseado nas informações fornecidas pela
FUNAI, que disponibilizou o mapeamento das Terras Indígenas demarcadas atualizadas do ano
de 2010.
A identificação de Comunidades Negras Remanescentes de quilombos, foi realizada a partir das
informações fornecidas pela Fundação Palmares. Tais informações mostram o registro de todos
os processos de reconhecimento legal dessas comunidades de acordo com a situação do ano de
2010.
Com base nestas informações foi produzido um cartograma, dispondo as informações sobre o
número de Comunidades Negras Remanescentes de Quilombo por município da Bacia do rio
Grande.

26 de 256
Os estudos sobre a presença de assentamentos rurais e a estrutura fundiária da região, bem
como a ocorrência de conflitos e a atuação dos movimentos sociais na bacia, foi baseada em
entrevistas realizadas junto à CPT (Comissão Pastoral da Terra), INCRA, Institutos estaduais de
terras, MST e outros movimentos sociais atuantes na bacia. Tais informações foram
sistematizadas de modo a compor um quadro das situações de conflito existentes na bacia,
mapeando suas ocorrências bem como traçando um perfil da situação fundiária.

3.3.2 - Organização Territorial


Os estudos sobre a organização territorial nas diversas subáreas da bacia foram baseados em
duas linhas metodológicas. Foram realizadas análises baseadas nos dados produzidos pelo IBGE,
através do censo agropecuário, Pesquisa Agrícola Municipal, Pesquisa Pecuária Municipal,
organizadas de modo a traçar um perfil dos diversos municípios quanto ao uso das terras, a
distribuição fundiária e outros aspectos.
Por outro lado foi realizado, para este estudo, um mapeamento com base em imagens de satélite
atualizadas observando a ocupação territorial da bacia segundo o tipo de cobertura vegetal ou uso
das terras.
O mapeamento das rodovias e ferrovias da bacia foi realizado com base nas informações
cartográficas disponíveis, ajustados a escala de apresentação do estudo através de imagens de
satélite.

3.3.3 - Base Econômica


Os estudos sobre a base econômica dos municípios, das subáreas e da bacia do rio Paranaíba
foram realizados tendo como base as informações disponíveis sobre o Produto Interno Bruto –
PIB, definido como o total das riquezas produzidas pelos setores Agropecuário, Industrial e de
Serviços. Como o índice é calculado pelo IBGE com a mesma metodologia para o país, estados e
municípios brasileiros, se torna um importante indicador para comparar o desempenho setorial e
total das diversas unidades federativas. O IPEA, por sua vez, ao deflacionar esses valores em R$
(2000), possibilitou a análise do crescimento total e dos setores do PIB nas unidades geográficas
estudadas.
As informações disponíveis e indicadores econômicos foram então analisados de forma a compor
um quadro das condições econômicas regionais, analisando as condições de desenvolvimento
apoiados por uma pesquisa sobre as empresas instaladas e as tendências e condições locais de
desenvolvimento econômico.

3.4 - NORMAS TÉCNICAS E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

Foi realizada uma ampla pesquisa sobre as estrutura normativa sobre o setor elétrico e sobre as
questões ambientais existentes na jurisprudência brasileira. A análise tem como finalidade
preparar um referencial básico que ajude na compreensão da natureza e dos objetivos dessa
Avaliação Ambiental Integrada, bem como os aspectos jurídicos associados aos aspectos
ambientais estudados.

27 de 256
4 - DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

A Bacia do rio Paraíba do Sul, onde se insere a Bacia do rio Grande, é uma das unidades
hidrográficas da Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, conforme descrito no Mapa da Região
Hidrográfica do Atlântico Sudeste. Possui uma área de drenagem de 55.500 km 2 e fica localizada
na região Sudeste entre os estados de São Paulo (13.900 km2), Minas Gerais (20.700 km2) e Rio
de Janeiro (20.900 km2).
É limitada ao Norte pelas Bacias dos rios Grande e Doce e pelas serras da Mantiqueira Grande e
Doce e pelas serras da Mantiqueira, Caparaó e Santo Eduardo. Na direção Nordeste, a Bacia do
rio Itabapoana estabelece o limite da bacia. Ao Sul, o limite é formado pela serra dos Órgãos e
pelos trechos paulista e fluminense da serra do Mar. A Oeste, pela Bacia do rio Tietê, da qual é
separada por meio de diversas ramificações dos maciços da serra do Mar e da serra da
Mantiqueira.
O rio Paraíba do Sul é formado pela união dos rios Paraibuna e Paraitinga, na serra da Bocaina,
no estado de São Paulo, a 1.800 metros de altitude, e o seu comprimento, calculado a partir da
nascente do Paraitinga até o seu deságue no norte fluminense, no município de São João da
Barra, é de mais de 1.100 km. Os principais afluentes da margem esquerda são: Paraibuna,
Jaguari, Pirapetinga, Pomba e Muriaé. Os principais afluentes da margem direita são: Una,
Bananal, Piraí, Piabanha, Dois Rios e Grande.
O rio Grande nasce na serra do Mar, no trecho conhecido como serra dos Órgãos nas altitudes
entre 1500 e 1600 metros, cerca de 10 km a sudoeste da cidade de Nova Friburgo, e desenvolve-
se ao longo de 220 km até juntar-se ao rio Negro, formando o rio Dois Rios que deságua pela
margem direita no rio Paraíba do Sul, a aproximadamente 84 km de sua foz. Por se tratar de uma
Caracterização Ambiental Preliminar, a área dos estudos ambientais foi considerada como a
região que abarca a Bacia do rio Grande, abrangendo os municípios de Trajano de Moraes,
Macuco, Cordeiro, Duas Barras, Bom Jardim, Nova Friburgo, Santa Maria Madalena, São
Sebastião do Alto e São Fidélis, no Estado do Rio de Janeiro.
Foram definidas e representadas as áreas dos estudos socioeconômicos e dos físico bióticos em
escala cartográfica 1:500.000.
Para a realização do diagnóstico, foi considerado como Área de Influência Indireta (AII) a Bacia do
Rio Dois Rios, composta pelos municípios de Duas Barras, Itaocara, Bom Jardim, Macuco,
Cantagalo, Cordeiro, São Sebastião do Alto, São Fidélis, Santa Maria Madalena, Trajano de
Morais, Campos dos Goytacazes e Nova Friburgo.
Para a Área de Influência Direta (AID) considerou-se a Bacia do Rio Grande, que é composta
pelos municípios Nova Friburgo, Bom Jardim, Trajano de Moraes, Santa Maria Madalena e São
Sebastião do Alto e para a Área Diretamente Afetada (ADA) estabelece-se a calha do Rio Grande.
A fase de Diagnóstico tem seu foco na necessidade de elaborar um cenário atual da bacia,
tentando identificar as áreas ambientalmente mais sensíveis às intervenções humanas, e iniciando
a identificação dos principais impactos associados à implantação das usinas.
O diagnóstico ambiental fornecerá subsídios para identificação dos temas mais relevantes para a
avaliação de impactos ambientais e para o estudo de cenários prospectivos, devendo permitir a
avaliação não apenas os aspectos socioambientais relativos à área estudada, mas, sempre que
pertinente, seus reflexos em processos macro regionais com que os empreendimentos estudados
se relacionam mais significativamente.
Da mesma forma, os conflitos identificados nessa etapa estarão principalmente voltados para a
escala regional (área da bacia), mas também podem se referir a escalas locais, ou a escalas

28 de 256
macro regionais, na medida em que sejam importantes para a tomada de decisão, tendo em vista
interesses regionais e locais.
Após consulta as bases disponíveis para o trabalho procedeu-se a definição das escalas de
trabalho dos principais temas e aspectos ambientais para definição dos indicadores de
sensibilidade.
Vale ressaltar que a escala de 1:10.000 solicitada pelo Termo de Referência não encontra-se
disponível, haja visto que nenhum mapeamento foi realizado com esta precisão, tampouco existe
cartografia nesta base. Em diversas reunião com o INEA, foi mencionado que a maior escala
topográfica disponível foi elaborada para os estudos de viabilidade técnica e ambiental das PCHs
estudadas. No entanto, está em curso a realização de um mapeamento das bacias do Estado do
Rio de Janeiro com uma escala maior, pelo menos 1:50.000, ou maior, porém atualmente
indisponível para esse trabalho.
Assim optou-se pelas seguintes escalas de trabalho na Caracterização (Diagnóstico) e Avaliação
Ambiental Integrada:
1. Meio Físico:

• Cartografia:
No Diagnóstico as escala disponíveis, IBGE, são: - 1:100.000 e 1:250.000
Na avaliação de efeitos ou impactos negativos a escala disponível nos estudos de impacto
ambiental de cada PCH ou mesmo a de inventário: 1:20.000 ou 1:25.000.

• Solos: 1:250.000

• Geologia:1:250.000

• Geomorfologia:1:250.000

• Recursos hídricos:1:100.000(bacias hidrográficas)


2. Meio Biótico:

• Uso e vegetação
Diagnóstico - Mapas de uso e vegetação: a partir de imagens: 1:50.000
Na avaliação de efeitos ou impactos negativos a escala disponível nos estudos de impacto
ambiental de cada PCH ou mesmo a de inventário: 1:20.000 ou 1:25.000, para cada reservatório.
3. Socioeconomia:

• No Diagnóstico - Limites municipais do IBGE

• Na avaliação de efeitos ou impactos negativos a escala disponível nos estudos de


impacto ambiental de cada PCH ou mesmo a de inventário: 1:20.000 ou 1:25.000,
para cada reservatório.
A seguir, apresenta-se o diagnóstico da bacia do Rio Grande, composta pelos municípios de Duas
Barras, Itaocara, Bom Jardim, Macuco, Cantagalo, Cordeiro, São Sebastião do Alto, São Fidélis,
Santa Maria Madalena, Trajano de Morais e Nova Friburgo.
Por fim, todos os mapas elaborados para a espacialização e visualização do descrito no
Diagnóstico Ambiental encontra-se disponível no ANEXO 1 – Caderno de Mapas.

29 de 256
4.1 - ESTUDOS CLIMÁTICOS

Os estudos foram realizados com base nas “Diretrizes para Elaboração de Projeto Básico” da
ELETROBRÁS/ANEEL. Os objetivos principais desses estudos é fornecer os elementos e
características hidrológicas sendo avaliada a climatologia da região e a circulação atmosférica dos
eventos geradores de chuvas intensas;
A Bacia do rio Paraíba do Sul situa-se na região de abrangência do bioma conhecido como Mata
Atlântica, onde predominam as formações florestais, com os ecossistemas associados
(manguezais, restingas, várzeas e campos de altitude). A Mata Atlântica que ocupava,
originalmente, cerca de 1,3 milhões de km², estendendo-se de norte a sul do país em uma faixa
de aproximadamente 300 km ao longo da costa atlântica, encontra-se hoje com menos de 7% de
sua extensão original e em contínuo processo de desmatamento.
A Região Sudeste, de maneira geral, é caracterizada por sua diversificação climática e por
apresentar um clima predominantemente tropical, quente e úmido, com variações determinadas
pelas diferenças de altitude e entradas de ventos marinhos. A Bacia do rio Paraíba do Sul
apresenta clima tropical com temperatura média anual que oscila entre 180C e 240C. As mais altas
temperaturas ocorrem na região de Itaperuna, na Bacia do rio Muriaé, com média das máximas
situada em torno de 320C.
Os maiores índices pluviométricos ocorrem no trecho paulista da serra do Mar, nas regiões do
maciço do Itatiaia e seus contrafortes e na serra dos Órgãos, trecho da serra do Mar que
acompanha a região serrana do estado do Rio de Janeiro, onde a precipitação anual chega a
ultrapassar 2.000 mm. Nessas três regiões de altitudes elevadas, a média das temperaturas
mínimas chega a menos de 10ºC.
As menores pluviosidades ocorrem em uma estreita faixa do Médio Paraíba (entre Vassouras e
Cantagalo, no estado do Rio de Janeiro) e no curso inferior da bacia (regiões Norte e Noroeste
fluminense), com precipitação anual entre 1.000 mm e 1.250 mm.
A Bacia do rio Paraíba do Sul recebe influência das perturbações extratropicais e dos sistemas
tropicais. As perturbações extratropicais que atingem a região são representadas principalmente
pelas incursões de massas de ar frio, provenientes do sul do continente americano. As
perturbações tropicais são representadas pelos sistemas convectivos oriundos dos contrastes
térmicos sobre o continente.
Estudos realizados na Universidade Federal do Rio de Janeiro (SILVA-MARQUES, 1987) mostram
que o fluxo de vapor que penetra nesta região através da circulação atmosférica, em situações de
chuvas intensas, é proveniente, predominantemente, de sudoeste e de noroeste. Isto é, parte
sudoeste é associada às penetrações de massa de ar frio do sul do continente e a noroeste,
interior do continente, com origem na região amazônica.
Em determinadas condições atmosféricas, configura-se a formação de uma estreita zona de
convergência, que às vezes se assemelha a uma frente fria de menores proporções. Esta
estrutura recebe a denominação de linha de instabilidade. Ela é responsável pela formação de
nebulosidade cumuliforme, acompanhada de chuvas e trovoadas, geralmente de curta duração
(máximo de 2 horas).
Os principais afluentes do rio Grande no trecho em estudo são: pela margem direita o ribeirão
Santo Antônio, o Ribeirão do Capitão e o rio Bengala, na margem esquerda os afluentes são
menos expressivos.
Um coeficiente de compacidade igual à unidade corresponderia a uma bacia teoricamente circular.
Se outras características da bacia permanecerem iguais, a tendência para maiores enchentes é
mais acentuada para coeficientes próximos da unidade.

30 de 256
4.1.1 - Climatologia e Circulação Atmosférica
A convecção local constitui-se num outro mecanismo de formação de nuvens do tipo cumulus,
podendo provocar chuvas fortes localizadas (geralmente em áreas de 10 a 20 km²), e de curta
duração (30 minutos a 1 hora).
A topografia exerce influência acentuada nos padrões climáticos da região em estudo,
especialmente no que se refere à precipitação e à temperatura. As serras do Mar e da Mantiqueira
apresentam-se orientadas quase transversalmente ao escoamento médio da baixa troposfera.
Esta situação, associada com as descontinuidades das perturbações extratropicais, provoca um
aumento considerável do regime pluviométrico em função da altitude. Nos dois rebaixamentos da
serra do Mar podem-se observar penetrações maiores de zonas de elevada pluviosidade.
O decréscimo de temperatura é de cerca de 0,6 a 1 0C para cada 100 metros de elevação,
dependendo das posições relativas do acidente geográfico e da direção predominante do
escoamento do ar na baixa troposfera. Dessa forma, o ar é, em geral, mais úmido e frio a
barlavento e mais seco e quente a sotavento, sempre considerando o mesmo nível topográfico.
A análise dos campos médios dos elementos climáticos sobre a Bacia do rio Paraíba do Sul
permite dividir a bacia em 2 setores.
• Setor 1: a oeste do meridiano de 43 graus e 30 minutos, mais chuvoso e frio;
• Setor 2: a leste do meridiano de 43 graus e 30 minutos, mais seco e quente.
Esses setores estão delimitados no Mapa de Isoietas de Precipitações Médias Plurianuais, que
retrata também as isoietas totais anuais médias da bacia.
Nos levantamentos de dados e nas viagens à região podem-se notar os efeitos de eventos
extremos na bacia associados á circulação de macroescala. Isto é, as massas de ar polar que
chegam a região e se encontram com as massas de ar quente vinda do interior do continente e
que estacionam sobre a bacia gerando eventos de curta duração e em alguns casos persistentes,
durando vários dias ou semanas.
São visíveis nas encostas da serra do Mar e da Mantiqueira os sinais de desbarrancamentos e
erosões, além de problemas de inundação nas cidades ribeirinhas do rio Paraíba do Sul seus
principais afluentes, causando muitos prejuízos, riscos de vidas humanas, e dificuldades de
operação para as usinas hidrelétricas.
Os dados utilizados nesses estudos foram obtidos no banco de dados e nas normais
climatológicas do INMET, pois são dados consistidos e já analisados. Apesar de não cobrir de
forma adequada toda a bacia, na escala desse trabalho mostram-se suficientes para
caracterização do mesmo.

4.1.1.1 - Precipitação
A análise das cartas de isoietas do Atlas Climatológico do Inmet permite construir a Tabela 1, a
seguir mostrando a distribuição anual da precipitação média na Bacia do rio Paraíba do Sul.
Meses
Setores Anos
O N D J F M A M J J A S
Setor 1 125 150 210 250 200 175 100 50 50 25 50 75 1.500
Setor 2 100 175 250 200 125 150 50 50 50 25 25 52 1.250
Fonte: Altas Climatológico (1961- 1990).
Tabela 1: Precipitação Média Mensal, em mm

Verifica-se que o Setor 1 apresenta maior índice pluviométrico: cerca de 1500 mm anuais contra
1250 mm do Setor 2. A distribuição anual mostra nitidamente a existência de uma estação
chuvosa (outubro a março) e de uma estação seca (abril a setembro).

31 de 256
Os valores médios anuais de precipitação na bacia foram caracterizados no Mapa de Isoietas de
Precipitações Médias Plurianuais. A conformação espacial das isoietas mostra que elas
acompanham o relevo, indicando que o efeito orográfico é determinante para a gênese das
chuvas na região. A razão para a ocorrência de maiores valores e diferenças na região da serra do
Mar reside em que, além do efeito orográfico, há a penetração de ar úmido proveniente do
oceano.
O regime de chuvas é caracterizado por um período seco, que se estende de junho a setembro, e
um período muito chuvoso, que abrange os meses de novembro a janeiro, quando ocorrem as
grandes cheias do rio Paraíba do Sul.
A análise dos mapas de isoietas permite definir os seguintes valores para o vale do Paraíba

Períodos mais Chuvosos

No setor 1, o trimestre chuvoso compreende dezembro, janeiro e fevereiro, com índice superior a
200 mm. No Setor 2, o trimestre chuvoso compreende novembro, dezembro e janeiro, com
precipitação acima de 175 mm.
Pode ser identificado, ainda, 6 meses com chuva acima de 100 mm, 4 meses com chuva entre 30
e 100 mm e 2 meses com chuva entre 20 e 50 mm, sendo este resultado mais nítido no Setor 2.

Dias de Chuva por Ano

• Setor 1: 150 dias/ano;


• Setor 2: 120 dias/ano.

Precipitação Máxima em 24 horas

• Setor 1: 100 a 150 mm;


• Setor 2: 75 a 125 mm.
Os valores mais altos são encontrados nas encostas das serras que ladeiam o vale.
A variação inter anual da precipitação pode ser observada na Estação de Moura Brasil, município
de Três Rios, aproximadamente na linha divisória dos dois subsetores.
Dos registros da estação, nota-se que no período observado foram registrados 5 anos com
precipitação bem acima da normal (1947, 1952, 1965, 1966, 1983 e 1985) e 4 anos com
precipitação bem abaixo do normal (1963, 1968, 1969, 1970 e 2001), numa faixa superior a +30%,
ou inferior a -30%, respectivamente. Deve-se notar ainda que o ano mais chuvoso do período
(1966), com cerca de 80% acima da normal, coincide com o grande temporal que ocorreu em toda
esta região.

4.1.1.2 - Temperatura
A Tabela 2, a seguir, mostra os valores de temperaturas médias mensais estimadas a partir das
Isotermas dos mapas normais climatológicos.
Mês Setor 1 Setor 2
Outubro 18-20 20-22
Novembro 20-22 22-24
Dezembro 18-20 20-24
Janeiro 22-24 24-26
Fevereiro 22-24 24-26
Março 22 24
Abril 20-22 22
Maio 18-20 20
Junho 16-18 18

32 de 256
Mês Setor 1 Setor 2
Julho 16 18
Agosto 16-18 20-22
Setembro 16-20 20-22
Fonte: Atlas Climatológico - 1961-1990.
Tabela 2: Temperaturas Médias Mensais, em 0C, para o Vale do Paraíba

Nota-se que o Setor 2 é caracterizado por temperaturas cerca de 2 graus Celsius mais altas que
no Setor 1. Isto deve ser interpretado como sendo a influência do efeito topográfico.
Os valores extremos da temperatura estimados são apresentados na Tabela 3.
Setores Mínima Absoluta (oC) Máxima Absoluta (oC) Amplitude Térmica Absoluta (oC)
Setor 1 0 40 40
Setor 2 2 40 38
Fonte: Atlas Climatológico - 1961-1990.
Tabela 3: Temperaturas Normais Extremas Período 1931/60

Observa-se que o Vale do Paraíba não apresenta temperaturas negativas, embora estas possam
atingir 0º Celsius, e não se encontram valores maiores que 40 graus Celsius como temperatura
máxima. O Setor 2 apresenta-se com temperaturas extremas ligeiramente mais elevadas.

4.1.1.3 - Umidade relativa do ar


A Tabela 4, a seguir, mostra a distribuição anual da umidade relativa que prevalece na área da
Bacia do Paraíba do Sul.
Meses
Setores Anos
O N D J F M A M J J A S
Setor 1 75 73 78 80 83 80 82 80 83 78 73 75 78
Setor 2 80 78 78 75 78 78 80 83 85 80 80 80 80
Fonte: Atlas Climatológico - 1961-1990.
Tabela 4: Umidade Relativa Normal para o Vale do Paraíba (%)

Pode-se observar que a umidade relativa mantém-se alta (acima de 70%), sendo praticamente
constante durante todo o ano e mostrando que há suficiente umidade no ar para sofrer o processo
de conversão em água precipitável, caso haja o mecanismo desencadeador do processo.

4.1.1.4 - Ventos
Os ventos do quadrante oeste são os mais representativos e ocorrem no período que vai de
meados da primavera a meados do outono, trazidos por linhas de instabilidade tropical (IT). O ar
de convergência dinâmica no seio de uma IT acarreta, geralmente, chuvas e trovoadas, por vezes
granizo e ventos de moderados a fortes, com rajadas de curta duração que atingem entre 60 km/h
e 90 km/h.
Tais fenômenos são mais frequentes no verão em decorrência da baixa generalizada de pressão,
devida ao intenso aquecimento no interior do continente.

4.1.1.5 - Evapotranspiração
Os valores da evapotranspiração potencial de duas estações (Paraíba do Sul e Anta), bem
próximas da linha divisória dos dois subsetores descritos são mostrados na Tabela 5. Os valores
da evapotranspiração mensal para as duas estações são bem semelhantes. Entre abril e
novembro têm-se valores menores que 100 mm e entre dezembro e março observam-se valores
superiores a 100 mm mensais.
Paraíba do Sul Anta
Mês
EP (1) P (2) P-EP (3) EP (1) P (2) P-EP (3)
Outubro 86,8 100,9 14,1 87,9 106,3 18,4
Novembro 95,7 155,1 59,4 97,1 168,3 71,2
Dezembro 114,8 239,2 124,4 116,5 226,1 109,6
Janeiro 128,5 243,0 114,5 130,7 231,6 100,9

33 de 256
Paraíba do Sul Anta
Mês
EP (1) P (2) P-EP (3) EP (1) P (2) P-EP (3)
Fevereiro 114,0 184,6 70,6 115,9 178,0 62,1
Março 110,5 155,2 44,7 113,4 142,6 29,2
Abril 83,5 54,9 -28,6 85,6 71,9 -13,7
Maio 64,9 27,8 -37,1 66,5 31,5 -35,0
Junho 52,9 29,9 --23,0 54,2 21,7 -32,5
Julho 51,1 14,4 -36,7 52,3 15,2 -37,1
Agosto 60,7 18,7 -42,0 62,1 20,8 -41,3
Setembro 70,9 40,5 -30,4 71,7 41,3 -30,4
Anual 1.034,3 1.264,2 229,9 1.053,9 1.255,1 201,4
Fonte: Inmet - Normais Climatológicas 1960-1990.
Notas: (1) EP - Evapotranspiração Potencial; (2) P - Precipitação; (3) P-EP Precipitação – Evapotranspiração.
Tabela 5: Evapotranspiração Potencial Calculada pelo Método de Thornthwaite (em mm)

4.1.1.6 - Balanço Hídrico


Fazendo-se o balanço entre a precipitação e a evapotranspiração, verifica-se que, em ambas as
estações, o período com déficit de água se estende de abril a setembro, e o excesso é observado
entre outubro e março. Nos totais anuais, os resultados mostram um excesso de água um pouco
acima de 200 mm para as duas estações. Entretanto, é preciso mencionar que este balanço levou
em conta que a única perda de água ocorreu pelo processo de evapotranspiração.

4.1.2 - Caracterização Local


O clima da região que compõe a área em tela é caracterizado por condições altamente
influenciadas pela variação das cotas altimétricas, pela disposição das linhas de relevo e pelo
traçado litorâneo, apresentando um regime pluviométrico com uma estação de precipitações
abundantes nos meses de outubro a março, com máximas em janeiro e fevereiro e por uma
estação mais seca nos meses restantes com mínimas registradas nos meses de agosto e
setembro.
A classificação climática da região é definida pelo clima tropical chuvoso, que domina nas áreas
de topografia mais homogênea, de menores cotas hipsométricas, e o clima tropical de altitude nas
vertentes das serras e planaltos.
O clima tropical chuvoso, Aw, segundo Köppen, apresenta-se quente e úmido, com uma estação
seca no inverno e um período de chuvas no verão. Caracteriza-se por apresentar temperaturas
médias sempre elevadas, em torno de 22º C, e pequena amplitude térmica. Apenas nas colinas de
maior altitude, as temperaturas são mais amenas, registrando-se médias inferiores a 18º C, no
mês mais frio.
Quanto ao regime de chuvas é notória a ocorrência de duas estações diferenciadas, verificando-
se no mês mais seco, uma precipitação total inferior a 60 mm, limite estabelecido por Köppen para
fazer a diferenciação entre este tipo e os mais chuvosos, Af e Am, ou seja, quentes e úmidos sem
estação seca, e quente e úmido com estação seca.
O clima tropical de altitude apresenta como principal característica, médias de temperaturas
inferiores a 18º C, no mês mais frio.
O regime de chuvas tropicais estende-se de forma generalizada por toda a área sujeita a este
clima, com exceção das zonas mais altas das regiões serranas onde as chuvas são frequentes
durante todo ano.
De uma maneira geral, verifica-se a diminuição progressiva das precipitações e o aparecimento de
estações secas com o afastamento da serra e decréscimo da latitude em direção ao vale do
Paraíba. Contrariamente ao que ocorre com as precipitações, verifica-se o aumento gradativo das
temperaturas com a descida para o vale.
Para subsidiar a caracterização local foram relacionadas as estações pluviométricas apresentadas
na Tabela 6, a seguir.

34 de 256
Estação
Operador Período
Código Nome
1 02242021 Bom Jardim Aneel 1941-1995
2 02242021 Faz Mendes Aneel 1949-1995
3 02242021 Conselheiro Paulino Aneel 1938-1983
4 02242021 Teodoro Alves Aneel 1966-1995
Tabela 6: Estações Pluviométricas

A caracterização pluviométrica da região foi feita com base na série histórica dessas quatro
estações pluviométricas, como apresentado na Tabela 7 e na Tabela 8.
Posto Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
Bom Jardim
Med 254,1 163,2 150,3 74,8 45,8
Máx 632,0 501,3 350,4 197,0 199,6 168,2 76,3 82,4 256,0 217,6 367,2 443,7 632,0
Min 44,7 0,0 11,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 12,6 66,2 61,2
Faz Mendes
Med 261,5 178,5 156,3 80,6 47,1 40,2 31,8 27,4 34,9 108,7 173,7 238,2 1.452,0
Máx 823,2 550,8 523,2 197,2 150,4 359,0 84,3 124,4 95,4 272,4 337,3 541,6
Min 39,9 9,9 21,5 6,2 3,3 0,5 0,0 0,0 0,0 8,5 19,1 43,2
Cons. Paulino
Med 272,3 178,4 153,5 67,1 35,4 22,7 23,1 21,4 41,0 92,1 158,8 265,7 1.337,0
Máx 1043,5 453,8 352,8 168,5 116,8 87,1 100,0 91,8 217,0 242,2 284,2 863,5
Min
Teodoro Alves
Med 30,8 0,0 9,7 4,2 1,6 0,0 0,0 0,0 0,0 11,6 14,8 34,8 30,8
Máx 734,6 610,8 631,4 619,4 334,8 284,2 299,8 263,8 546,8 646,8 560,4 812,6
Min 15,4 13,5 25,8 11,0 19,2 31,6 0,0 30,0 10,2 20,6 39,4 33,0
Tabela 7: Precipitação Mensal das Estações da Área dos Estudos( 1966-2005)

Meses Bom Jardim Faz Mendes Cons. Paulino Teodoro de Oliveira


Janeiro 15 20 16 17
Fevereiro 11 16 12 12
Março 12 18 12 15
Abril 8 14 8 12
Maio 6 13 6 10
Junho 4 12 4 8
Julho 4 13 4 9
Agosto 3 10 4 8
Setembro 5 12 6 12
Outubro 10 16 10 15
Novembro 13 18 14 17
Dezembro 16 20 17 17
Total/Ano 107 182 113 152
Tabela 8: Número Médio de Dias de Chuvas

O período chuvoso vai de novembro a março; e o período seco engloba os meses de junho, julho
e agosto. Abril e maio são os meses de transição para o período seco e os meses de setembro e
outubro representam a transição para o período chuvoso. O trimestre mais chuvoso na área é
representado pelos meses de novembro, dezembro e janeiro, quando ocorrem 56% do total anual,
em média. O trimestre mais seco acontece nos meses de junho, julho e agosto, quando chove
menos que 6% do total médio anual. As maiores precipitações ocorridas na Bacia do rio Grande,
medidas nas diversas estações pluviométricas, com um dia de duração dentro do período de
observação de cada posto, foram em ordem decrescente os seguintes:
Posto Precipitação máxima(mm) Data
Fazenda Mendes 162,0 06/02/79
Bom Jardim 136,4 15/11/73
Teodoro de Oliveira 126,2 24/12/79
Conselheiro Paulino 125,4 24/02/64
Tabela 9: Precipitações máximas de 1 dia

35 de 256
4.2 - RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS

4.2.1 - Caracterização geral e fisiográfica


A bacia do rio Grande é uma das sub-bacias hidrográficas mais importantes do rio Paraíba do Sul,
o quadro a seguir faz uma comparação no que tange as suas características fisiográficas.
Sub-Bacia Comprimento do Curso d’Água (km) Área de Drenagem (km)²
Alto Vale do Paraíba 186 4.272
Baixo Vale do Paraíba 130 2.174
Médio Vale do Paraíba 225 4.965
Médio Vale Inferior do Paraíba 133 4.335
Médio Vale Superior do Paraíba 371 9.093
Rio Dois Rios 210 3.150
Rio Muriaé 254 8.177
Rio Paraibuna 198 8.574
Rio Piabanha 65 2.061
Rio Piraí 111 1.126
Rio Pomba 274 8.582
Tabela 10: Características das Sub-Bacias Principais do Rio Paraíba do Sul

Esta bacia está situada em uma região de relevo muito acidentado, chegando a mais de 2.000 m
nos pontos mais elevados, onde se destaca o Pico das Agulhas Negras, ponto culminante na
bacia, com 2.787 m de altitude, situado no Maciço do Itatiaia.
O rio Paraíba do Sul é formado pela união dos rios Paraibuna e Paraitinga, na Serra da Bocaina,
no Estado de São Paulo, a 1.800 m de altitude, e o seu comprimento, calculado a partir da
nascente do Paraitinga até o seu deságue no norte fluminense, no município de São João da
Barra, é de mais de 1.100km. Os principais afluentes da margem esquerda são: Paraibuna,
Jaguari, Pirapetinga, Pomba e Muriaé. Os principais afluentes da margem direita são: Una,
Bananal, Piraí, Piabanha e Dois Rios, onde se insere o rio Grande. Este define-se como classe 4
utilizando-se o método Strahler e suas intervenções antrópicas são principalmente as PCHs
instaladas e com possibilidade de instalação, sendo responsáveis por barreiras.
A bacia está inserida na área de abrangência do bioma Mata Atlântica, reduzido hoje a 7% de sua
extensão original no território brasileiro. Na bacia, ocupa hoje cerca de 11%, e os remanescentes
mais expressivos estão restritos às áreas de mais difícil acesso, nas serras do Mar e da
Mantiqueira, parcialmente protegidos em Unidades de Conservação de importância nacional,
como os Parques Nacionais do Itatiaia, da Bocaina e da Serra dos Órgão, e internacional, como a
Reserva da Biosfera.
Ocupando maior área do que os remanescentes florestais, verifica-se a ocorrência da “vegetação
secundária”, compreendida por diversos estágios de sucessão da floresta, que podem ser
resultantes de cortes seletivos ou de regeneração de áreas desmatadas. Apesar das florestas da
bacia já terem sido drasticamente reduzidas, a destruição persiste, tanto por exploração de
madeira e lenha como por queimadas e substituição por pastagens ou agricultura.
A bacia hidrográfica do rio Grande, que junto com o rio Negro, forma a bacia do Dois Rios, que
deságua no Paraíba do Sul, no trecho inferior, pela margem direita, situa-se entre os paralelos
21º40’ e 22º25’, de latitude sul e os meridianos 41º55’ e 42º45’, de longitude oeste, como pode ser
visto na figura 6.8. Apresenta, na sua confluência com o rio Negro, uma área total de drenagem de
1.850km2.
O rio Dois Rios é o maior afluente do Paraíba do Sul pela margem direita e desemboca a
montante da cidade de São Fidélis. Possui uma vazão média anual em torno de 42,6m3/s
considerada baixa por ser um rio de “serras altas”. A causa principal da reduzida descarga é a
baixa pluviosidade média da bacia, em torno de 1.000 mm/ano.

36 de 256
Em cerca de 34 km de extensão, o trecho superior do rio Grande apresenta declividades
acentuadas com cotas variando de 1.100 a 600m, correspondendo ao trajeto entre a sua
cabeceira e a localidade de Banquete. Em seu trecho médio, apresenta curso menos íngreme,
atingindo a cota 200m após percorrer 84km, até a localidade de Manoel de Moraes. Deste ponto
em diante apresenta-se com pequena declividade, com altitude caindo para 100m em 26km. O
trecho final, de aproximadamente 34km, apresenta declividades mínimas.
Os principais afluentes pela margem direita são os córregos: Salinas, Serra Velha, da Lagoa,
Vargem Bonita, Roncador, do Funil, Bengala (rio), Boa Esperança, do Triunfo, da Buracada,
Capivari, São José e Santo Antônio (ribeirão), e pela margem esquerda os córregos: Três Picos,
João Grande, do Buracão, dos Mendes, do Valão, do Moinho, dos Pilões, Xuenk, Santo Antônio
da Limeira, São Miguel, do Rosário, da Floresta (rib.) e Águas Claras.

4.2.2 - Regime Fluvial


O conhecimento do comportamento hidrológico dos cursos d’água de uma bacia hidrográfica é
fundamental para avaliação dos recursos hídricos disponíveis e também para a gestão desses
recursos. Conhecer as vazões médias produzidas na bacia contribuinte, as vazões máximas
durante as cheias, as vazões mínimas nos períodos de estiagem e os sedimentos transportados
pelos rios é fundamental para implantação de qualquer empreendimento na bacia que envolva os
cursos d’água. Para caracterização do regime fluvial do rio Grande foi utilizada a série de
descargas médias mensais nos postos da bacia.
Mesmo quando determinado empreendimento não está relacionado com um uso consuntivo da
água, a segurança no posicionamento e no dimensionamento das estruturas hidráulicas está
estreitamente relacionada com a disponibilidade de dados fluviométricos e sedimentométricos.
A Tabela 11 apresenta as variáveis representativas da disponibilidade de dados fluviométricos.
Bacia Sub-bacias
Bacia do Bacia do
Bacia
Variável Baixo Médio Médio Médio Bacia do Bacia do Bacia do Bacia do
Alto Vale do Rio Bacia do
Par. Sul Vale Vale Vale Vale Rio Rio Rio Rio
ParSul Dois Rio Piraí
ParSul ParSul Inferior Superior Muriaé Paraibuna Piabanha Pomba
Rios
ParSul ParSul
Área (km²) 56509 4272 2174 4965 4335 9093 3150 8177 8574 2061 1126 8582
Número de
postos 528 27 42 43 82 121 26 32 52 19 25 59
fluviométricos
% postos
100% 5% 8% 8% 16% 23% 5% 6% 10% 4% 5% 11%
fluviométricos
Postos/1000
9,34 6,32 19,32 8,66 18,92 13,31 8,25 3,91 6,06 9,22 22,20 6,87
km²
Postos em
184 6 3 19 13 37 15 15 25 12 14 25
operação
% postos em
100% 3% 2% 10% 7% 20% 8% 8% 14% 7% 8% 14%
operação
Postos em
operação/ 3,26 1,40 1,38 3,83 3,00 4,07 4,76 1,83 2,92 5,82 12,43 2,91
1000 km²
Anos de
12111 742 650 1315 1592 2911 659 759 1252 614 795 822
registro
% anos de
100% 6% 5% 11% 13% 24% 5% 6% 10% 5% 7% 7%
registro
Anos de
22,9 27,5 15,5 30,6 19,4 24,1 25,3 23,7 24,1 32,3 31,8 13,9
registro/posto
Postos
18 - - 5 1 6 - 1 2 - - 3
sedimétricos
Tabela 11: Variáveis Representativas da Disponibilidade de Dados Fluviométricos da Bacia do Rio Paraíba do
Sul

37 de 256
A principal variável descritiva do regime fluvial é a vazão média de longo termo, indicativa da
disponibilidade hídrica superficial. Como a vazão média cresce com a área de drenagem, é
comum expressar a disponibilidade hídrica em termos de vazão específica média, que é a relação
entre a vazão média e a área de drenagem, expressa em l/s.km².
De uma forma geral, a disponibilidade hídrica específica decresce das cabeceiras para a foz, pois
normalmente as maiores precipitações ocorrem perto das nascentes, que possuem maiores
altitudes, temperaturas mais amenas e efeitos orográficos que intensificam os eventos pluviais
A bacia do rio Paraíba do Sul possui uma disponibilidade hídrica média de 13,5 l/s.km² em sua foz,
mas esse valor varia bastante ao longo das sub-bacias, podendo alcançar valores máximos da
ordem de 26 l/s.km², na sub-bacia do rio do Piabanha, e valores mínimos em torno dos 8 l/s.km²,
na sub-bacia do Médio Vale do Paraíba. A Tabela 12 resume a disponibilidade hídrica da bacia do
rio Paraíba do Sul, apresentando as vazões específicas médias de longo termo e com
permanência de 95% para todas as sub-bacias consideradas no presente estudo.

Comprimento do Curso Área de Drenagem Vazão Específica (l/s/km²)


Sub-Bacia / Subárea
d’Água (km) (km)² Média (QMLT) Permanência 95 (Q95%)
Alto Vale do Paraíba 186 4.272 16,5 7,75
Médio Vale Superior do Paraíba 371 9.093 17,1 6,43
Médio Vale do Paraíba 225 4.965 8,15 2,57
Médio Vale Inferior do Paraíba 133 4.335 18,7 7,50
Baixo Vale do Paraíba 130 2.174 13,5 5,45
Rio Dois Rios 210 3.150 13,8 5,05
Rio Muriaé 254 8.177 12,4 3,11
Rio Paraibuna 198 8.574 21,4 9,53
Rio Piabanha 65 2.061 26,6 9,08
Rio Piraí 111 1.126 22,3 7,87
Rio Pomba 274 8.582 15,4 5,86
Tabela 12: Disponibilidade Hídrica nas Sub-bacias do Rio Paraíba do Sul

A relação entre a vazão natural com 95% de permanência e a vazão média de longo termo pode
ser associada à capacidade de regularização natural da bacia. Deve ser registrado que a relação
Q95%/QMLT da bacia do rio Paraíba do Sul como um todo é de cerca de 37%, indicativo de que a
bacia possui boa capacidade de regularização natural.

35.0

30.0
Vazão Específica (l/s/km²)

25.0

20.0

15.0

10.0

5.0

0.0
100 1000 10000 100000
Área de Drenagem (km²)
ALTO PARÁIBA MÉDIO SUPERIOR MÉDIO PARAÍBA MÉDIO INFERIOR BAIXO PARAIBA PIRAÍ

PARAIBUNA PIABANHA POMBA MURIAÉ DOIS RIOS

Figura 2: Tentativa de Regionalização de Disponibilidade Hídrica – Vazão Média de


Longo termo

38 de 256
Foi estudada ainda a evolução da disponibilidade específica de algumas sub-bacias e ao longo
da calha principal do rio Paraíba do Sul. Os resultados são apresentados em forma gráfica na
Figura 2. O comportamento observado no conjunto da bacia foi o esperado, com as vazões
médias apresentando um padrão decrescente na medida em que se amplia a área de drenagem.
Entretanto, este comportamento não se confirma no curso médio superior, médio e médio inferior,
quando as vazões específicas ficam estáveis ou tendem a crescer com a área de drenagem. Deve
ser ressaltado, entretanto, que esse gráfico foi produzido com base em dados consistidos
localmente, mas não globalmente, ou seja, dados consolidados para cada posto fluviométrico ou
aproveitamento, mas não modificados em função de uma análise global da bacia, confrontando
alguns postos fluviométricos entre si.
Além da variação espacial, a disponibilidade hídrica também apresenta uma variação intra anual
(mensal), com vazões mais altas nos meses chuvosos e mais baixas durante a estiagem. As
vazões mínimas são particularmente importantes nas análises de regime fluvial, pois caracterizam
a maior ou menor necessidade de obras de regularização para racionalizar o uso dos recursos
hídricos.
A Figura 3 mostra a variação mensal de disponibilidade hídrica na bacia do rio Paraíba do Sul. As
sub-bacias dos rios Piabanha e Paraibuna, na porção central da bacia, se destacam pela maior
produtividade hídrica (maiores vazões específicas), enquanto que as sub-bacias do médio e baixo
Paraíba, do rio Muriaé e do rio Dois Rios se destacam pela sua produtividade hídrica inferior.
60,0

ALTO PARÁIBA

MÉDIO SUPERIOR
50,0 MÉDIO PARAÍBA

MÉDIO INFERIOR
Vazão Específica (l/s/km²)

BAIXO PARAIBA
40,0 PIRAÍ

PIABANHA

PARAIBUNA
30,0 POMBA

MURIAÉ

DOIS RIOS
20,0

10,0

0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Figura 3: Variação Mensal da Disponibilidade Hídrica

O regime fluvial, em termos de sazonalidade, é homogêneo em toda a bacia do rio Paraíba do Sul,
mais seco de maio a outubro e mais úmido de novembro a abril.
De forma complementar, a partir das séries de vazões disponibilizadas na bacia do rio Grande, a
Figura 4 mostra a variação mensal de disponibilidade hídrica. Da mesma forma que para o
Paraíba do Sul, pode-se perceber um regime homogêneo em toda a bacia.
Outro índice característico da capacidade natural de regularização de uma bacia hidrográfica é a
relação entre as vazões mínimas observadas e a vazão média de longo termo. Como
frequentemente a vazão mínima é mal avaliada, porque as curvas-chave apresentam pequena
precisão nesta faixa de vazões, é comum representar o índice de regularização como a relação
entre a vazão com permanência de 95% e a vazão média de longo termo. A vazão com
permanência de 95%, ou apenas Q95%, é a vazão cujo valor é ultrapassado por 95% dos valores
observados ao longo do registro histórico (sendo, portanto uma vazão muito baixa).

39 de 256
Da mesma forma que procedido em relação ao índice de disponibilidade hídrica, foi feita uma
tentativa de representar de forma gráfica o índice característico de regularização natural
(Q95%/QMLT), associando seus valores às áreas de drenagem das sub-bacias. Espera-se que a
capacidade de regularização natural de um curso d’água aumente das cabeceiras para a foz, pois
a capacidade de armazenamento da bacia aumenta com a área de drenagem. Além disso, a
distribuição temporal das chuvas é mais regular à medida que a área de drenagem cresce.

38

33
Vazão média mensal (l/s/km²)

28

23

18

13

3
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Meses
Bonança Sossego Caju São Sebastião do Alto Santo Antônio Boa Vista Santa Rosa

Figura 4: Variação Mensal da Disponibilidade Hídrica – bacia do Rio Grande

A Figura 5 mostra o gráfico regional associando o índice de regularização (Q95%/QMLT) com a


respectiva área de drenagem. Apesar do comportamento desordenado apresentado no gráfico
pelos pontos correspondentes a algumas das sub-bacias, pode-se notar que a regularização
natural do rio Paraíba do Sul parece ser, no geral, crescente à medida que aumenta a área de
drenagem, de acordo com o comportamento esperado. Entretanto, esta tendência se inverte no
caso do Médio Superior e do Médio Paraíba. O rio Muriaé apresenta um comportamento
diferenciado, com regularização natural muito inferior às demais sub-bacias. De fato, esta sub-
bacia é a de clima mais seco na bacia do Paraíba do Sul.

0.7

0.6
Vazão Específica (l/s/km²)

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0.0
100 1000 10000 100000
Área de Drenagem (km²)
ALTO PARÁIBA MÉDIO SUPERIOR MÉDIO PARAÍBA MÉDIO INFERIOR BAIXO PARAIBA PIRAÍ

PARAIBUNA PIABANHA POMBA MURIAÉ DOIS RIOS

Figura 5: Regularização Natural dos rios da Bacia do Rio Paraíba do Sul

40 de 256
Por fim, apresenta-se o gráfico das curvas de permanência na altura das PCHs da bacia do rio
Grande, conforme disponibilidade de dados (Figura 6).

60
Vazão média por área de drenagem (l/s/km²)

50

40

30

20

10

0
5 10 20 30 40 50 60 70 80 90 95

Permanência

Caju São Sebastião do Alto Santo Antônio


Boa Vista Bonança Sossego

Figura 6: Permanência das Vazões Mensais nas PCHs do Rio Grande

4.2.3 - Comportamento Sedimentológico


A bacia do rio Paraíba do Sul, situada na Zona Litoral Sul, é caracterizada, de uma maneira geral,
por um relevo íngreme e solos com erosividade entre média e alta. A erosão ocorre de modo
generalizado, desde a sua forma menos visível, a erosão superficial, até processos mais intensos
e de grande impacto visual como as voçorocas.
No ano de 2001, foi elaborado, pela COPPETEC em parceira com o CEIVAP, o Diagnóstico e
Prognóstico do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul. Um de seus objetivos
foi analisar a situação da bacia com relação à vulnerabilidade à erosão. Para isso, considerou-se
que as classes de muito alta e alta vulnerabilidade representam as situações mais críticas, ou
seja, áreas onde interagem relevos mais acidentados, solos mais erodíveis, cobertura vegetal
mais rala ou até mesmo ausente e formas de uso da terra mais inadequadas.
Como resultado dos estudos, a classe de média vulnerabilidade foi apontada como dominante na
bacia, indicando, ainda, uma tendência para situações de alta vulnerabilidade. As classes mais
críticas, de alta e muito alta vulnerabilidade representam cerca de 20% da bacia, metade disso no
Rio de Janeiro, 36% em São Paulo e 13% em Minas Gerais.
A atividade mineral, especialmente a extração de areia e argila, é responsável por grande parte da
produção de sedimentos nos corpos d’água da bacia. No trecho paulista esse é um dos mais
graves problemas ambientais. O aumento dessa atividade está relacionado tanto com as
demandas externas como ao próprio crescimento das cidades da bacia. Grande parte dessas
cidades vem enfrentando problemas de deslizamentos de encostas.

4.2.4 - Escorregamento de massa


O trecho fluminense da bacia do rio Paraíba do Sul é o mais vulnerável aos problemas
relacionados à ocorrência de erosão, devido às condições ambientais. De sua área total, metade é

41 de 256
ocupada pelas classes de alta e muita alta vulnerabilidade. Além disso, pelo fato de estar a
jusante dos trechos paulista e mineiro, acumula os efeitos negativos da erosão que ocorre a
montante. Embora o trecho fluminense apresente a maior área de florestas, a cobertura florestal
não é suficiente para atenuar a maior parte da condição de vulnerabilidade do meio físico à erosão
que é, nesse trecho, a mais elevada da bacia.
A rede de monitoramento hidrossedimentológico na bacia do rio Paraíba do Sul, como
normalmente acontece nas bacias brasileiras, tem uma densidade de observação muito reduzida.
Atualmente estão disponíveis no banco de dados da ANA (HidroWeb) registros de medições de
descarga sólida de apenas 17 postos sedimentométricos, que são apresentados no Quadro AAA,
a seguir:
Posto Rio Área de Drenagem (km²) Número de Medições Data de Início
Resende Rio Paraíba do Sul 13.882 22 18-abr-00
Santa Branca Rio Paraíba do Sul 4.930 19 13-jan-00
Pindamonhangaba Rio Paraíba do Sul 9.576 29 17-mai-94
Queluz Rio Paraíba do Sul 12.749 19 24-fev-00
Volta Redonda Rio Paraíba do Sul 15.980 5 25-mai-94
Barra do Piraí Rio Paraíba do Sul 17.639 61 10-mar-89
Barra do Piraí Rio Paraíba do Sul 16.690 6 11-set-99
Paraíba do Sul-RN Rio Paraíba do Sul 19.300 1 18-out-94
Juiz de Fora - Jusante Rio Paraibuna 981 121 17-jun-76
Anta (Anta G) Rio Paraíba do Sul 30.579 81 10-set-82
Cataguases Rio Pomba 5.858 75 23-jan-84
Santo Antônio de Pádua Rio Pomba 8.245 8 9-jun-94
Santo Antônio de Pádua II Rio Pomba 8.246 15 30-mai-01
São Fidélis Rio Paraíba do Sul 46.731 3 8-jun-94
Jussara Rio Paraíba do Sul 743 9 19-jun-89
Cardoso Moreira - RV Rio Paraíba do Sul 7.283 55 13-abr-89
Campos - Ponte Municipal Rio Paraíba do Sul 55.500 50 14-abr-89
Tabela 13: Postos de medição descarga sólida

Como pode ser visto, a maioria dos postos tem histórico relativamente recente (instalados a partir
de 1989) e controla áreas de drenagem entre 740 e 55.500 km². As exceções estão nos postos
Juiz de Fora - Jusante, Anta G e Cataguases, localizados nos rios Paraibuna, Paraíba do Sul e
Pomba e com dados desde 1976, 1982 e 1984, respectivamente. Por consequência, estes postos
possuem os mais extensos registros de medições da bacia.
Buscando fazer uma avaliação mais abrangente do comportamento sedimentológico da bacia,
optou-se por trabalhar também com avaliações regionais que incluíssem dados de postos com um
histórico maior de medições e que controlassem áreas de drenagem com escalas compatíveis.
Além disso, estudos regionais permitem a transposição de informações para os pontos de
interesse, como os locais de usinas hidrelétricas, onde não existam medições. Outro fator
importante é a utilização de registros de postos sedimentométricos em operação, ou até mesmo
desativados, que cubram períodos mais remotos, antes do início da operação de usinas
hidrelétricas na bacia.
Desta forma, optou-se por considerar dados e análises realizadas em estudos anteriores, como o
“Diagnóstico e Prognóstico do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul”,
elaborado pela COPPETEC em parceria com o CEIVAP, em 2001 e o Diagnóstico das Condições
Sedimentológicas dos Principais Rios Brasileiros” realizado pela Eletrobras, em 1992.
O Estudo realizado em 2001 para o CEIVAP apresenta também um diagnóstico sedimentológico
preliminar da bacia do rio Paraíba do Sul, como forma de identificar o comportamento ao longo da
mesma. Os resultados fornecem uma boa visão da dinâmica do movimento sedimentar do rio
Paraíba do Sul e de seus principais afluentes e o mapeamento, realizado em melhor escala,
permite uma interpretação mais adequada para os objetivos do presente trabalho.

42 de 256
Com o intuito de localizar e definir a produção de sedimento em suspensão ao longo da bacia, foi
elaborado um balanço simplificado das áreas de produção e deposição de sedimentos,
identificando as zonas homogêneas de comportamento sedimentológico. Devido à existência de
deficiências nos dados disponíveis para aquele Estudo (medições disponíveis com períodos
curtos e presença dos extratores de areia a montante das estações sedimentométricas), os
valores calculados devem ser considerados apenas como orientativos e indicativos do fenômeno
sedimentológico, não sendo possível obter uma conclusão quantitativa confiável.
A partir da análise realizada, o Estudo apresenta uma definição de 12 trechos distintos ao longo
da bacia do rio Paraíba do Sul, para os quais foram descritos seus comportamentos
sedimentológicos, incluindo produção e depósito anuais de sedimento.
Também foram utilizadas as avaliações regionais coletadas do “Diagnóstico das Condições
Sedimentológicas dos Principais Rios Brasileiros” realizado pela Eletrobras, resultante da
interpretação dos dados sobre descargas sólidas e fatores de erosão/sedimentação reunidos nos
bancos de dados governamentais na ocasião do Estudo. Datado de 1992, este Estudo ainda é,
reconhecidamente, uma importante referência na realização de estudos sedimentológicos em
nível regional.
No referido trabalho, foi realizado um zoneamento hidrossedimentológico superpondo
espacialmente as distribuições de três fatores:

• Descargas sólidas específicas totais, obtidas por medições diretas em postos que definam
bacias de tamanhos comparáveis;

• Riscos de erosão nos interflúvios, estimados indiretamente; e

• Acidentes e prejuízos decorrentes de excessos de carga sólida (assoreamento de


reservatórios, custos excessivos de operação e manutenção de tomadas d’água ou de
estradas).
O zoneamento foi elaborado com base nas Concentrações Médias Anuais de material em
suspensão (CMA) e na erosão potencial dos interflúvios, interpretada como uma Produção
Específica Mínima de Sedimentos – PEMS, expressa em ton/km²/ano.
Para o presente estudo, foram utilizadas medições dos postos listados na Tabela 14, a seguir, que
contemplam áreas de drenagem de 971 a 55.083 km². O quadro apresenta também os valores de
CMA e PEMS calculados nestes locais. Estes postos eram operados por agentes do Setor
Elétrico, sendo que para o presente trabalho não foi possível obter dados adicionais para atualizar
os valores calculados anteriormente, em 1992.
Posto Rio CMA (mg/l) PEMS (ton/km²/ano)
Fazenda Igaçaba Paraíba do Sul 55 26
Várzea do Paraíba Paraíba do Sul 114 59
Potim Paraíba do Sul 89 -
Guaratinguetá Paraíba do Sul 35 6
Bairro Rio Comprido Paraíba do Sul 91 39
Cachoeira Paulista Paraíba do Sul 131 67
Queluz Paraíba do Sul - -
Barragem do Funil Paraíba do Sul - -
Resende Paraíba do Sul - -
Floriano Paraíba do Sul 21 4
Barra Mansa Paraíba do Sul 49 50
Volta Redonda Paraíba do Sul - -
Barra do Piraí Paraíba do Sul 64 47
Paraíba do Sul Paraíba do Sul 25 6
Juiz de Fora - Jusante Paraibuna 199 126
Sapucaia Paraíba do Sul 75 34

43 de 256
Posto Rio CMA (mg/l) PEMS (ton/km²/ano)
Itaocara Paraíba do Sul 57 38
Cataguases Pomba 223 49
São Fidélis Paraíba do Sul 69 22
Campos Paraíba do Sul 72 49
Tabela 14: Postos de medição descarga sólida utilizados no zoneamento

A CMA média estimada em toda a bacia do rio Paraíba do Sul foi da ordem de 100 mg/l. A
degradação média (produção específica de sedimentos) foi estimada em 155 ton/km2 /ano.
A partir do zoneamento é possível obter, através de interpretação adequada, as produções
específicas mínimas (ton/km2/ano) para as diversas sub-bacias em estudo e, com base na área de
drenagem estimar o aporte potencial de sedimentos nos locais das usinas hidrelétricas estudas
nessa caracterização. A escala do mapeamento realizado, entretanto, não permite boa precisão.
De modo a reunir o conjunto de dados disponíveis utilizados na análise do presente Estudo, a
Tabela 15 a seguir, apresenta uma comparação entre os valores obtidos para a produção
específica média de sedimentos em cada sub-bacia, segundo os Estudos utilizados como
referência.
Produção Específica – PEMS (ton/km²/ano)
Sub-Bacia
COPPETEC Eletrobras
Alto Vale do Paraíba 50 50
Baixo Vale do Paraíba 600 100
Médio Vale do Paraíba 50 25
Médio Vale Inferior do Paraíba 50 100
Médio Vale Superior do Paraíba 200 100
Rio Dois Rios - 100
Rio Muriaé 100 150
Rio Paraibuna 100 125
Rio Piabanha 100 100
Rio Piraí - 50
Rio Pomba 50 50
Tabela 15: Produção específica por bacia

Segundo KANERVA e PROST [HORA, 1996], pode-se considerar 250 t/ano.km², um valor normal
de produção específica de sedimentos de rios do mundo inteiro. Diversas áreas mapeadas neste
estudo alcançaram produções específicas inferiores a esse valor, porém, isto não significa que
necessariamente estejam em boa condição de preservação. As áreas intermediárias podem ter
dimensões tais que contenham sub-bacias secundárias com grandes produções específicas não
detectadas. Para identificá-las é imprescindível o adensamento das estações hidrossedimentomé-
tricas e maior frequência de medições.
Já nos casos das regiões identificadas como de alta produção de sedimentos, pode-se dizer que
necessitam intervenções para controle de processos erosivos e/ou reordenamento da atividade de
extração de areia ou argila.

4.2.5 - Qualidade da Água


Esta parte trata da Qualidade das Águas de acordo com estudos ambientais anteriores.
A avaliação da qualidade das águas como uma medida do estado de saúde ambiental, pode ser
realizada por meio da análise de parâmetros físicos e químicos associados a informações
hidrobiológicas. Os parâmetros bacteriológicos e hidrobiológicos fornecem informações sobre os
impactos humanos, como por exemplo, a poluição causada pelo lançamento de efluentes
domésticos. Os efeitos desses impactos podem ser potencializados por diversas atividades e,
somados a outras interferências, podem causar grandes prejuízos à biota aquática dos
ecossistemas.
Uma avaliação pontual das condições de um ecossistema aquático pode ser obtida apenas pela
mensuração de suas condições físicas e químicas da água. Porém, muitas vezes, as amostragens

44 de 256
não refletem com exatidão a qualidade ambiental do ecossistema, refletindo suas condições
apenas no momento da coleta. Por isso, as amostragens abióticas da coluna d’água devem ser
realizadas periodicamente, para a identificação de variações cíclicas e de possíveis impactos que
ocorrem esporadicamente.
As densidades de bactérias na coluna d’água constituem um importante fator para a identificação
de contaminação dos ecossistemas aquáticos e também um parâmetro para a indicação dos tipos
de uso humano da água. As principais fontes de coliformes fecais são as fezes humanas, de gado
e animais silvestres, sendo muitas vezes indicativo de interferências humanas, como o
lançamento de esgotos no ecossistema aquático.
Alguns grupos de organismos possuem características que permitem sua utilização na avaliação
da qualidade ambiental, sendo denominados bioindicadores. Eles apresentam diferentes
tolerâncias aos diversos impactos antrópicos que podem ocorrer em um ecossistema aquático,
sendo que a avaliação pode ser feita por meio, por exemplo, de sua presença ou ausência,
densidades ou proporções entre os grupos tróficos.
Neste relatório técnico é apresentada uma caracterização da Limnologia e Qualidade da Água do
rio Grande, no município de Macuco (RJ).

4.2.5.1 - Procedimentos Metodológicos


As amostragens foram realizadas em duas estações no mês de dezembro de 2008, representativo
do período de chuvas, localizadas na área de estudo, de acordo com as características a seguir:

• BO01
Características físicas: leito composto por pedras e areia. Grandes trechos da mata ciliar
substituídos por pastagem. Presença de pontos com intensa erosão proporcionando maior
instabilidade às margens.
Características biológicas: não foram constatadas exemplares de macrófitas emersas, submersas
e/ou flutuantes. A presença de exemplares da malacofauna não foi constatada durante a coleta
bentônica.

• BO02
Características físicas: leito composto por pedras, areia e lama. Grandes trechos da mata ciliar
substituídos por pastagem. Presença de pontos com intensa erosão proporcionando maior
instabilidade às margens.
Características biológicas: não foram constatadas exemplares de macrófitas emersas, submersas
e/ou flutuantes. A presença de exemplares da malacofauna não foi constatada durante a coleta
bentônica.

4.2.5.2 - Metodologia
De acordo com o estudo ambiental de referência, em campo foram coletados parâmetros físico-
químicos, bacteriológicos e hidrobiológicos para a avaliação da qualidade da água. A relação
completa está listada na Quadro 2.

Parâmetros Descrição
Turbidez, temperatura, pH, Oxigênio dissolvido,
Condutividade elétrica, Cor, Íon amônio, Nitrito,
Nitrato, Nitrogênio orgânico, Nitrogênio total,
Físico-químicos Nitrogênio kjeldhal, Sólidos totais dissolvidos,
Sólidos fixos, sólidos totais em suspensão, sólidos
totais, Fósforo total, Ortofosfato, Ferro total, Cromo
total, Chumbo total, Cádmio total, Zinco total, DBO5,
DQO, Coliformes termotolerantes, Coliformes totais,

45 de 256
Parâmetros Descrição
Clorofila a.
Bacteriológicos Escherichia coli e coliformes totais.
Quadro 2: Listagem dos parâmetros físicos, químicos e hidrobiológicos mensurados no rio Grande em
dezembro de 2008, na área de estudo.
A orientação básica para o planejamento e execução das amostragens foi feita a partir das
diretrizes recomendadas pela ABNT, previstas nas normas: NBR 9897 (Planejamento de
amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores – Procedimento) e NBR 9898 (Preservação
e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores – Procedimento).

4.2.5.2.1 - Parâmetros Físico-químicos

Para amostragem dos parâmetros físicos e químicos, as coletas foram feitas com submersão de
um caneco de modo a não acarretar alterações nos locais de amostragem, como o revolvimento
de sedimento do fundo e das margens, o que poderia ocasionar contaminações à massa líquida. A
água coletada foi distribuída para os frascos respectivos aos parâmetros a serem analisados,
evitando a formação de bolhas de ar. Após a coleta as amostras foram imediatamente enviadas
para o laboratório para procedimentos analíticos.

4.2.5.2.2 - Parâmetros Bacteriológicos

A coleta do material para exame bacteriológico é sempre a primeira a ser realizada, a fim de evitar
o risco de contaminação do local de amostragem com amostrador não estéril. As amostragens
foram manuais, na profundidade subsuperficial, pela submersão direta dos frascos na água. Todas
as amostras foram imediatamente acondicionadas em caixas de isopor, contendo gelo picado e
em pedaços, suficiente para refrigerá-las a cerca de 4ºC.

4.2.5.2.3 - Índice de Qualidade da Água (IQA)

O Índice de Qualidade de Águas – IQA da National Sanitation Foundation, USA, foi desenvolvido
através de pesquisa de opinião junto a vários especialistas da área ambiental, quando cada
técnico selecionou, a seu critério, os parâmetros relevantes para avaliar a qualidade das águas e
estipulou, para cada um deles, um peso relativo na série de parâmetros especificados.
O tratamento dos dados da mencionada pesquisa definiu o seguinte conjunto de nove parâmetros
como mais representativos para a caracterização da qualidade das águas: oxigênio dissolvido,
coliformes fecais, pH, demanda bioquímica de oxigênio, nitrato, fosfato total, temperatura da água,
turbidez e sólidos totais. Para cada parâmetro foi atribuído um peso, de acordo com o seu peso no
cálculo do IQA.
O IQA multiplicativo é calculado pelo produtório ponderado das qualidades da água
correspondente às variáveis que integram o índice seguinte equação:
9


wi
IQA = qi
i= 1

onde:
qi = qualidade do parâmetro i obtido através da curva média específica de qualidade; e
wi = peso atribuído ao parâmetro, conforme indicado na sequência:

Parâmetro Peso - wi
Oxigênio Dissolvido – OD (%ODsat) 0,17
Coliformes Fecais (NMP/100ml) 0,15
pH 0,12
Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO (mg/l) 0,10
Nitratos (mg/l NO3) 0,10

46 de 256
Parâmetro Peso - wi
Fosfato (mg/l PO4) 0,10
Variação da Temperatura (°C) 0,10
Turbidez (UNT) 0,08
Sólidos Totais (mg/l) 0,08
Tabela 16: Listagem dos parâmetros utilizados no cálculo do IQA e seus respectivos pesos.

De acordo com os valores do índice, que variam entre 0 e 100, é atribuída a situação de qualidade
atribuída à água conforme especificado na Tabela 17.
Nível de Qualidade Faixa
Excelente 90 < IQA ≤ 100
Bom 70 < IQA ≤ 90
Médio 50 < IQA ≤ 70
Ruim 25 < IQA ≤ 50
Muito Ruim 0 ≤ IQA ≤ 25
Tabela 17: Classes de qualidade da água de acordo com os valores do IQA.

4.2.5.3 - Análise dos Resultados


• As águas do rio Grande, devido à inexistência de enquadramento enquadram-se na classe
2, que segundo as Resoluções 274/2000 e 375/2005 do CONAMA destinam-se:

• ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;

• à proteção das comunidades aquáticas;

• a recreação de contato primário como natação, esqui aquático e mergulho;

• a irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e parques, jardins e campos com os quais


possa haver contato direto; e

• a aquicultura e pesca.
Para a avaliação do trecho de interesse na sub-bacia do rio Paraíba do Sul foram considerados os
limites para águas de classe 2.

4.2.5.3.1 - Parâmetros Físicos e Químicos

A turbidez da água representa sua capacidade de atenuar a radiação sendo aumentada pela
quantidade de partículas em suspensão. Durante a estação chuvosa, devido ao aumento do
aporte de sedimentos por meio da erosão e do carreamento de efluentes para o ecossistema
aquático, suas águas tem a turbidez aumentada. Entretanto o rio Grande apresentou valores de
turbidez da água abaixo dos limites estabelecidos para águas de classe 2 (Figura 7).

120,0 LMP

100,0

80,0
Turbidez (UT)

60,0

40,0

20,0

0,0
P01 P02
Pontos amostrais

Figura 7: Turbidez no rio Grande em dezembro de 2008, na área de


estudo

47 de 256
A condutividade elétrica (Figura 8) representa a capacidade do ecossistema de conduzir corrente
elétrica. Representa a concentração de íons presentes na coluna d’água dos ecossistemas
aquáticos correspondendo a uma medida indireta da presença de poluentes. Valores superiores a
10 μS/cm podem corresponder a lançamentos de efluentes na coluna d’água.

60

50
Condutividade (µs/cm)

40

30

20

10

0
P01 P02
Pontos a mostrais

Figura 8: Condutividade elétrica no rio Grande em dezembro de


2008, na área de estudo

As concentrações de ferro dissolvido no rio Grande estiveram acima do limite estabelecido pela
resolução CONAMA 375/2005 em dezembro de 2008 em todas as estações amostrais (Figura 9).
O ferro é um constituinte natural dos solos na região bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul e o
aumento de suas concentrações pode ser um reflexo de intensos processos erosivos na área.

0,9 LMP

0,8
Ferro dissolvido (mg/L)

0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
P01 P02
Pontos amostrais

Figura 9: Ferro total no rio Grande em dezembro de 2008, na área


de estudo

O Cádmio nos ecossistemas aquáticos ocorre em baixas concentrações, sendo que a Resolução
CONAMA 357/2005 estabelece limite máximo de 0,01 mg/L para águas de classe 2. O rio Grande
apresentou baixas concentrações deste metal na área de estudo (Figura 10). Suas principais
fontes antrópicas são despejos industriais, inseticidas e combustíveis fósseis. Quando em altas
concentrações o cádmio pode ser tóxico à biota aquática e para o homem devido aos processos
de bioacumulação.

48 de 256
LMP
0,0012

0,001

Cádmio (mg/L)
0,0008

0,0006

0,0004

0,0002

0
P01 P02
Pontos amostrais

Figura 10: Cádmio no rio Grande em dezembro de 2008, na área de


estudo

O chumbo esteve presente no rio Grande em concentrações abaixo do limite estabelecido pela
Resolução CONAMA 357/2005 (Figura 11). Representa um importante indicador da qualidade da
água, pois ao se acumular nos tecidos da biota aquática pode causar uma intoxicação crônica de
peixes e invertebrados aquáticos.

0,012 LMP

0,01
Chumbo (mg/L)

0,008

0,006

0,004

0,002

0
P01 P02
Pontos amostrais

Figura 11: Chumbo no rio Grande em dezembro de 2008, na área de


estudo

A cor verdadeira da água pode indicar a presença de fontes difusas de poluição no rio Grande. Os
valores encontrados no rio Grande acima do limite estabelecido pela resolução CONAMA
375/2005 (Figura 12) podem representar um reflexo do assoreamento na área como
consequência da remoção da vegetação ciliar.

LMP
120,0

100,0
Cor (mgPtCo/L)

80,0

60,0

40,0

20,0

0,0
P01 P02
Pontos amostrais

Figura 12: Cor Verdadeira das águas do rio Grande em dezembro


de 2008, na área de estudo

49 de 256
As principais fontes de oxigênio dissolvido para os ecossistemas aquáticos são a atmosfera e a
produção primária autóctone. Baixas concentrações deste gás podem representar um incremento
na decomposição da matéria orgânica presente no ecossistema.
As concentrações de oxigênio dissolvido para águas de classe 2 devem ser superiores a 5,0 mg/L,
segundo a resolução CONAMA 357/2005. O rio Grande na área de estudo apresentou
concentrações de oxigênio dissolvido em conformidade com o limite estabelecido (Figura 13).
LMP
7
Oxigênio dissolvido (mgO2/L)

0
P01 P02
Pontos amostrais

Figura 13: Concentrações de oxigênio dissolvido nas águas do rio


Grande em dezembro de 2008, na área de estudo

A demanda bioquímica de oxigênio representa a quantidade de oxigênio necessária para


decompor a matéria orgânica em um ecossistema aquático por meio de processos biológicos. Os
compostos orgânicos são mineralizados com consequente consumo de oxigênio. Valores
elevados de DBO indicam um aporte de material orgânico cuja degradação pode levar à hipoxia
do ecossistema. A Demanda Bioquímica de Oxigênio apresentou baixos valores nas três estações
amostrais, não evidenciando a contaminação do trecho por descargas orgânicas. Como a DBO
apresentou baixos valores (Figura 14), no rio Grande, a Demanda Química de Oxigênio, que
indica a presença de compostos orgânicos que não são passíveis de degradação biológica,
também apresentou baixos valores (Figura 15). A DQO representa a quantidade total de oxigênio
necessária para oxidar quimicamente a matéria orgânica presente no ecossistema aquático. As
principais fontes de aumento na DQO são lançamentos de efluentes industriais.

6 LMP

4
DBO (mg/L)

0
P01 P02
Pontos amostrais

Figura 14: Demanda bioquímica de oxigênio nas águas do rio


Grande em dezembro de 2008, na área de estudo

50 de 256
25,0

20,0

DQO (mg/L)
15,0

10,0

5,0

0,0
P01 P02
Pontos amostrais

Figura 15: Demanda bioquímica de oxigênio nas águas do rio


Grande em dezembro de 2008, na área de estudo

As concentrações de nitrogênio amoniacal estiveram abaixo dos valores estabelecidos pela


resolução CONAMA 375/05 nas três estações amostrais em dezembro de 2008 (Figura 16). Do
mesmo modo as concentrações de Nitratos na coluna d’água estiveram muito abaixo dos limites
para águas de classe 2.
A presença de amônia em ecossistemas aquáticos pode indicar a presença de contaminação
orgânica recente por fontes como, por exemplo, despejos de efluentes industriais e de áreas
agrícolas.

4 LMP
Nitrogênio amoniacal (mgNH3/L em N)

3,5

2,5

1,5

0,5

0
P01 P02
Pontos amostrais

Figura 16: Nitrogênio amoniacal total nas águas do rio Grande em


dezembro de 2008, na área de estudo

O nitrito (Figura 17) um indicador de poluição orgânica recente é instável em ambientes


oxigenados. Quando em altas concentrações pode representar um reflexo de poluição orgânica do
ecossistema aquático, bem como a hipóxia devido à decomposição da matéria orgânica.

51 de 256
LMP
1,2

Nitrito (mgNO-2/L em N)
0,8

0,6

0,4

0,2

0
P01 P02
Pontos amostrais

Figura 17: Nitrito nas águas do rio Grande em dezembro de 2008,


na área de estudo

A clorofila “a” é a forma mais comum da clorofila em ecossistemas aquáticos, podendo representar
até 2% do peso seco da biomassa fitoplanctônica. Representa um indicador do estado trófico dos
ecossistemas e sua produtividade. Elevadas concentrações deste pigmento pode indica uma alta
produtividade e é relacionada ao processo de eutrofização do ecossistema. O rio Grande
apresentou baixas concentrações de clorofila “a” em dezembro de 2008 (Figura 18).

35 LMP

30

25
Clorofila (µg/L)

20

15

10

0
P01 P02
Pontos amostrais

Figura 18: Concentração de clorofila “a” nas águas do rio Grande


em dezembro de 2008, na área de estudo

As descargas de efluentes sanitários são a principal forma de poluição de ecossistemas aquáticos


por fósforo. Efluentes industriais apresentam fósforo em quantidades excessivas podendo
contaminar rios e lagos.
O rio Grande na área de estudo apresentou concentrações de fósforo acima do limite estabelecido
pela Resolução CONAMA 357/2005 (Figura 19), o que pode representar um forte indício de
lançamento de esgotos sanitários neste trecho de bacia.

52 de 256
0,12 LMP

0,1

Fósforo (mg/L)
0,08

0,06

0,04

0,02

0
P01 P02
Pontos amostrais

Figura 19: Concentração de fósforo total no rio Grande em


dezembro de 2008, na área de estudo

De acordo com o Índice de Qualidade da Água o rio Grande, na região de estudo, foi classificado
como médio (Figura 20).

IQA NO RIO GRANDE

100

80

60
IQA

40

20

0
SO01 SO02
PONTOS

Figura 20: Valores do Índice de Qualidade da Água do Grande em


dezembro de 2008, na área de estudo

4.2.5.3.2 - Contaminação Bacteriológica

O grupo de coliformes totais constitui-se em um grande conjunto de bactérias que têm sido
encontradas em amostras de águas e solos poluídos e não poluídos, bem como de fezes de seres
humanos e outros animais de sangue quente. Esses microrganismos podem ser indicativos da
presença de contaminação por efluentes domésticos e pecuários.
Os coliformes estão entre os principais indicadores de contaminações fecais, originadas do trato
intestinal humano e de outros animais. A determinação da concentração dos coliformes assume
importância como parâmetro indicador da possibilidade da existência de microrganismos
patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre
tifoide, febre paratifoide, disenteria bacilar e cólera.
Os estreptococos fecais incluem várias espécies ou variedades de estreptococos, tendo no
intestino de seres humanos e outros animais de sangue quente, o seu habitat usual. A presença
destas bactérias pode indicar a presença de organismos patogênicos na água, causadores de
doenças. E já que Escherichia coli é capaz de se reproduzir somente no intestino humano, sua
presença na coluna d’água dos ecossistemas aquáticos é um indicativo de contaminação recente.
De acordo com a Resolução CONAMA 357 de 17 de março de 2005, todos os pontos amostrados
durante o mês de dezembro de 2008 apresentaram coliformes fecais e totais abaixo do limite
estabelecido para águas classe 2 (Figura 21).

53 de 256
CONTAMINAÇÃO BACTERIOLÓGICA DO RIO GRANDE EM
DEZEMBRO DE 2008

COLIFORMES FECAIS COLIFORMES TOTAIS


LIMITE COLIFORMES FECAIS LIMITE COLIFORMES TOTAIS

6000

5000

4000
NMP/ML

3000

2000

1000

0
BO01 BO02
PONTOS

Figura 21: Contaminação bacteriológica do rio Grande na área de


estudo no rio Grande em dezembro de 2008.

4.3 - RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS

Ao estudarem a hidrogeologia da bacia do Rio Grande, o CPRM (2000) a classificou com


favorabilidade acima de mediana devido ao arcabouço geológico/geomorfológico existente na
área em questão. No entanto, deve ser levado em consideração que o índice de favorabilidade é
um atributo que avalia apenas os sistemas aquíferos cristalinos e que, por melhor classificação
que apresente esta área, a sua favorabilidade para a ocorrência de água subterrânea é
comparativamente menor que a de uma área sedimentar de boa potencialidade.
A bacia do Rio Grande possui aquíferos fissurais localizado nos fraturamentos das rochas. Estes
são explorados por poços profundos em São Sebastião do Alto, caracterizados na Tabela 18.
No do Poço Proprietário Localização (UTM) Profundidade N.E N.D. Vazão (m3)
687 Fazenda Santa Alda 7568175/798164 130.0 5.5 24.4 11.000
694 CEDAE-P01 7569331/795672 97.0 3.0 24.0 7.000
Tabela 18: Caracterização dos poços encontrados em São Sebastião do Alto.

De forma complementar e seguindo o desdobramento da Avaliação Ambiental Integrada do


Paraíba do Sul, na região serrana fluminense a média geral (para uma região de serras) é
elevada, sobretudo, pela ocorrência de um poço em Cordeiro com valores de vazão e capacidade
específicos muito altos, como mostra a Tabela 19 a seguir. A qualidade da água nessa região é
muito boa, tendendo a ocorrer águas leves. CAPUCCI et al. (2001) observaram a existência de
grandes pacotes de mármores na região, propiciando a circulação das águas através de
cavidades formadas por dissolução (aquíferos cársticos).

Município N de Poços Aquífero Captado Profundidade Vazão Média Capacidade Específica


média (m) (m³/h) Média (m³/h/m)
Bom Jardim 3 Fraturado 69.5 8.33 0.43
Cantagalo 16 Fraturado 97.8 9.75 0.39
Cordeiro 4 Fraturado 77.5 92.75 6.36
Duas Barras 4 Fraturado 103.25 6 0.19
Macuco 2 Fraturado 86 2.7 0.75
Nova Friburgo 13 Fraturado 83.48 7.52 0.27
Sta. Maria Madalena 1 Fraturado - - -
S. Sebastião do Alto 14 Fraturado 98.62 4.74 0.21
Trajano de Moraes 1 Fraturado 37 4 -
Itaocara 28 Fraturado 61.69 7.72 0.99

54 de 256
Município N de Poços Aquífero Captado Profundidade Vazão Média Capacidade Específica
média (m) (m³/h) Média (m³/h/m)
São Fidélis 5 Fraturado 66 9.74 0.45
4 Fraturado 115.5 3.73 0.18
Campos dos Goytacazes
44 Poroso 92.75 34.18 14.43
Fonte: CAPUCCI et al., 2001
Tabela 19: Relação de poços encontrados na região da bacia do Rio Grande.

4.4 - GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Os estudos de outros usos da água fazem parte do escopo dos estudos de inventário hidrelétrico
e ganham particular relevância por sua importância regional.
Os estudos foram desenvolvidos com base em:

• Coleta e análise de todo o material disponível sobre cálculo de demandas( Banco de


dados da ANA e ONS); e

• Usos da água no trecho inventariado por meio de Inspeções de Campo e levantamentos


complementares, quando necessário.
Mediante a metodologia adotada, foi desenvolvida uma sistematização do conhecimento sobre os
principais usos consuntivos e não consuntivos de modo a possibilitar a identificação e a avaliação
das interferências com a geração hidráulica nas usinas identificadas.

4.4.1 - Coleta e análise da base de dados


Na análise do sistema, foi adotada uma estrutura analítica composta por seis componentes -
síntese: Ecossistemas Aquáticos, Ecossistemas Terrestres, Modos de Vida, Organização
Territorial, Base Econômica.
Neste ponto é importante ressaltar que não se desenvolveu o item de População Indígena, pela
inexistência destas comunidades na região estudada.
A atribuição de valor aos impactos ambientais dos aproveitamentos foi realizada mediante a
elaboração de índices que, após um procedimento de quantificação, passaram a ser incluídos no
cômputo global de avaliação das alternativas de aproveitamento hidrelétrico da bacia hidrográfica,
isto é, passaram a compor a avaliação técnico-econômica, energética e ambiental de cada uma
das alternativas elencadas nos estudos de engenharia.

4.4.2 - Dados existentes e montagem do banco de dados


A fase inicial dos estudos foi marcada pelo levantamento de informações e a formação do banco
de dados da bacia. As pesquisas foram realizadas em 2010, envolvendo levantamentos em fontes
bibliográficas, bancos de dados digitais, fontes de dados disponíveis na Internet e em contatos
com entidades, órgãos e instituições públicas estaduais e federais.
Foram, portanto, realizadas pesquisas em fontes bibliográficas e bases de dados disponíveis para
a região em estudo. Os resultados e as principais Bases de Dados utilizadas foram as seguintes:

• HIDROWEB – Banco de Dados Hidrológicas, ANA – 2006;


• HIDROGEO – Sistema de Informações Georreferenciadas de Energia e Hidrologia.
ANEEL, 2000;
• Banco de Informações de Transporte, 2000;
• SNIS, Diagnóstico dos Serviços Água e Esgoto, Ministério dos Transportes, 1995-2001;
• Série de Estudos e Informações Hidrológicas e Energéticas – ENERGIA. ANEEL, 2000;
• Série de Estudos e Informações Hidrológicas e Energéticas – ÁGUA. ANEEL, 2000;

55 de 256
• SNCR – Sistema Nacional de Cadastro Rural – INCRA, 2004;
• Revisão das Séries de Vazões Naturais das principais bacias do SIN. ONS, 2005;
• SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação de Dados Estatísticos. IBGE;
• Fundação CIDE – Centro de Informações e dados do Rio de Janeiro;
• Fundação João Pinheiro – Informações Estatísticas de Minas Gerais;
• Fundação SEADE - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados - SP
• GEOMINAS – Sistema de Informações Geográficas de Minas Gerais, 1997;
• DATAMINAS – Banco de Dados Estatísticos de Minas Gerais;
• IPEADATA – Banco de Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada;
• DATASUS – Banco de Dados do Sistema Único de Saúde;
• Perfil dos Municípios Brasileiros;
• FINBRA, Secretaria do Tesouro Nacional, Informações sobre Finanças Municipais – 1998 –
2003;
• INMET, Instituto Nacional de Meteorologia. Informações sobre clima;
• DGI/INPE- Departamento de Geração de Imagens. Imagens de Satélite CBERS;
• SIGMINE – Banco de Dados de Recursos Minerais;
• Atlas do Desenvolvimento Humano. PNUD/IBGE, 2000;
• ESTATCART/IBGE – Sistema de Informações Estatísticas Georreferenciadas;
• SBE – Sociedade Brasileira de Espeleologia, Cadastro de cavernas.
• CPRM – Bancos de dados da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
• IQM-Verde: Mapeamento do Uso e Ocupação da Bacia do rio Paraíba do Sul
Numa segunda fase foram realizadas visitas a órgãos federais, estaduais, instituições de pesquisa
e organizações sociais visando a complementação das informações recolhidas inicialmente.
Foram realizadas pesquisas em órgãos ambientais estaduais e secretarias de recursos hídricos,
comitês e instituições dedicadas à pesquisa ligadas à universidades e aos governos dos estados.
Foi dedicada uma atenção também a contatos com entidades, porém de maneira mais
direcionada, ou seja, foram realizados contatos com autoridades e empresas atuantes na região
com vistas a identificar e solicitar essas informações mais direcionadas, nas quais se destacaram
as seguintes:

• Agência Nacional de Águas (ANA), com vistas a obter informações sobre a gestão de
águas na bacia do Paraíba do Sul, usos múltiplos, monitoramentos etc;

• Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), com vista a obter as informações sobre os
estudos de inventário hidrelétrico dos diversos rios que compões a bacia;

4.4.3 - Metodologia para cálculo das demandas de água – ONS.


A metodologia utilizada, até por coerência com os programas e cálculos realizados pela ANA/ONS
adota algumas definições, onde são denominados usos consuntivos aqueles para os quais se
retira ou capta água na bacia hidrográfica e que parte é consumida e não volta para a mesma.
Na maior parte das bacias hidrográficas brasileiras, ainda não estão implantados sistemas de
gestão dos recursos hídricos e de outorgas como ocorre na bacia do rio Araguaia, o que de certo
modo facilitaria estes estudos.

56 de 256
Para a avaliação dos usos consuntivos da água nesse estudo de inventário, foram consultados
dois documentos de planejamento:

• Plano de Recursos Hídricos para a Fase Inicial da Cobrança na Bacia do rio Paraíba do
Sul – COPPTEC - 2007;

• Estimativa das Vazões para Atividades de Uso da Consuntivo nas Principais Bacias do
Sistema Interligado Nacional, elaborada pelo Operador Nacional do Sistema – ONS –
2006.
Neste trabalho utilizou-se por coerência e facilidade os métodos e resultados apresentados no
estudo da ONS.
Foram consideradas vazões de retirada, de retorno e de consumo definidas como:

• vazão de retirada – somatório das vazões captadas pelos municípios e agregadas para as
bacias de contribuição de cada aproveitamento hidrelétrico (incluindo, também, as
captações nos próprios reservatórios), para atividades de uso consuntivo da água;

• vazão de retorno – somatório das vazões lançadas pelos municípios e agregadas para as
bacias de contribuição de cada aproveitamento hidrelétrico, decorrentes de despejo de
parcela remanescente da vazão de retirada para atividades de uso consuntivo da água
(parcela não consumida da vazão de retirada); e

• vazão de consumo – somatório das diferenças entre as vazões de retirada e de retorno,


nas bacias de contribuição de cada aproveitamento hidrelétrico.
As categorias de uso consuntivo abordadas por este estudo foram:
1. irrigação;
2. abastecimento urbano;
3. abastecimento rural;
4. criação animal; e
5. abastecimento industrial.

4.4.3.1 - Irrigação
Os parâmetros necessários para a obtenção da vazão de retirada para irrigação se baseiam na
avaliação das seguintes informações básicas:

• Área Irrigada (Ai);

• Evapotranspiração real das culturas (ETrc);

• Precipitação efetiva (Pef); e

• Eficiência de Aplicação (Ea) dos sistemas de irrigação

4.4.3.1.1 - Estimativa da evapotranspiração

O termo evapotranspiração foi utilizado pela primeira vez por THORNTHWAITE (1944), para
expressar a ocorrência simultânea da evaporação e da transpiração com uma comunidade vegetal
de pequeno porte que cobre totalmente o solo.
Segundo THORNTHWAITE e HARE (1965), citados por VAREJÃO-SILVA (2000), Thornthwaite
introduziu o termo evapotranspiração potencial (ETp) com o objetivo de estabelecer um parâmetro

57 de 256
comparativo, definindo-o como a perda de água por parcela de solo úmido, totalmente revestida
de vegetação e suficientemente extensa para eliminar o efeito oásis.
PENMAN, em 1956, citado por TANNER & PELTON (1960), modificou um pouco o conceito
original de evapotranspiração potencial, definindo-a como sendo a quantidade de água
transpirada na unidade de tempo, a partir de uma vegetação rasteira e verde, recobrindo
totalmente o solo, com altura uniforme e sem jamais sofrer limitações hídricas.
BERNARDO (1989) definiu:

• Evapotranspiração de Referência (ETo) como sendo a evapotranspiração de uma


superfície extensiva, totalmente coberta com grama de tamanho uniforme, com 8 a 15 cm
de altura e em fase de crescimento ativo, em solo com ótimas condições de umidade;

• Evapotranspiração Potencial da Cultura (ETpc) como a evapotranspiração de determinada


cultura quando há ótimas condições de umidade e nutrientes no solo, de modo a permitir a
produção potencial dessa cultura nas condições de capacidade de campo; e

• Evapotranspiração Real da Cultura (ETrc) como a quantidade de água evapotranspirada


por uma determinada cultura, sob condições normais de cultivo, isto é, sem a
obrigatoriedade de o teor de umidade do solo permanecer próximo da capacidade de
campo.
As séries de vazões para a irrigação obtidas no presente estudo tiveram como base a ETrc, com a
ETo estimada pelo método de Penman–Monteith–FAO. Para isso foram utilizados os seguintes
parâmetros meteorológicos:

• Temperatura média (oC);

• Umidade relativa (%);

• Velocidade do vento (m/s);

• Insolação (h).
Os parâmetros são obtidos das Normais Climatológicas do Instituto Nacional de Meteorologia –
INMET, dos períodos de 1931 a 1960 e 1961 a 1990. Como a irrigação passou a ser relevante a
partir da década de 60, as Normais do período 1961 a 1990 foram adotadas nas estações em que
estavam disponíveis. As do período 1931 - 1960 foram utilizadas nas estações em que não se
dispunha de Normais calculadas para 1961 a 1990. Além dos dados das Normais, e tendo como
objetivo adensar a malha de estações foram selecionadas algumas estações entre aquelas cujos
dados estão disponíveis na ANA (com dados do período 1961 a 1978) e se calculou a média de
longo período dos parâmetros necessários.

4.4.3.1.2 - Estimativa da precipitação efetiva

A precipitação efetiva foi obtida com base na metodologia estabelecida pelo USDA, descrita por
DOORENBOS & PRUIT (1992) no Boletim FAO no 24, a qual incorpora alterações no
comportamento da infiltração, em função da quantidade de água disponível no solo no momento
da precipitação. Valores de precipitação efetiva foram então obtidos tendo-se como parâmetros de
entrada a precipitação mensal observada e a evapotranspiração potencial da cultura.

4.4.3.1.3 - Estimativa da vazão de consumo e de retorno de irrigação

A estimativa da vazão de retirada para a irrigação teve como base, para os municípios
pertencentes à bacia, o balanço hídrico mensal dado pela equação:
Qi=(Ai,m x (ET0m x Kcm,m + Ks)-Pefm) x 10)/Ea m,m;

58 de 256
Onde:

• Qi= vazão de retirada para irrigação por município,em m3/mês;

• Ai,m = área total de cultivo do município por mês e por hectare;

• ET0m= Evapotranspiração potencial no município por mês;

• Kcm= Coeficiente dos cultivos;

• Ks,m = Coeficiente de umidade do solo;

• Pefm = Precipitação efetiva no mês;

• Ea,m= Eficiência de aplicação.

4.4.3.2 - Abastecimento urbano


Para a estimativa da vazão de retirada para o abastecimento urbano foram processados os dados
dos censos demográficos com a determinação, para cada município contido em cada área de
drenagem, das populações totais e urbanas do município e da população atendida pelo Sistema
Público de Abastecimento de Água.
Em seguida, procedeu-se a determinação do consumo per capita de cada Estado, para o ano de
2000, relacionando-se as informações contidas na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico –
PNSB (IBGE, 2000) referentes ao volume distribuído em cada município, com as dos censos
demográficos do IBGE, relativas ao número de domicílios atendidos pelo Sistema Público de
Abastecimento de Água e ao número de habitantes por domicílio.

4.4.3.3 - Abastecimento rural


Para o abastecimento rural considerou-se, além da população rural, também a urbana não
atendida.
No cálculo das vazões utilizaram-se, no caso das populações rurais e urbanas não atendidas por
rede geral, os coeficientes de retirada rural per capita. Considerou-se, portanto, que as duas
parcelas tendem a se abastecer de água de forma semelhante. No caso da população rural
atendida por rede geral, utilizaram-se os mesmos per capita da população urbana.
A estimativa da vazão retirada para abastecimento rural, por município, foi feita pela equação:
Qr=(Pop r,na + Pop u,na) x CPrur + Pop r,a x CP(Fxn), onde:
Qr= vazão retirada para abastecimento rural por município,l/dia;
Pop r,na = população rural do município não atendida por rede geral, habitantes;
Pop r,a = população rural do município atendida por rede geral, habitantes;
Pop u,na= população urbana do município não atendida por rede geral, habitantes;
CPrur= vazão per capita rural em l/hab.dia considerando o Estado em que se insere o município ;
CP(Fxn) = vazão per capita urbana em l/hab.dia considerando o Estado e a faixa populacional do
município.

4.4.3.4 - Abastecimento para a criação animal


A estimativa da série de vazões destinadas para a criação animal foi feita a partir do número de
cabeças, disponível nos Censos Agropecuários do IBGE dos anos de 1940, 1950, 1960, 1970,
1975, 1980, 1985 e 1995 / 1996/2006. Para os anos anteriores a 1940 adotou-se uma

59 de 256
extrapolação com a tendência observada entre os censos de 1940 e 1950. Nos anos posteriores a
1996, extrapolou-se a tendência observada entre 1985 e 1996.
Foram processados os dados censitários com a determinação, para os municípios contidos em
cada uma das áreas de drenagem, da população correspondente aos principais rebanhos
nacionais.
A estimativa da vazão retirada para criação animal por município foi feita pela equação:
Qa = ∑ ( Reb (esp anim) x q (esp anim), onde :

• Qa = vazão retirada para abastecimento animal por município, l/dia;

• Reb (esp anim) = rebanho do município para cada espécie animal obtida dos censos do IBGE;

• q (esp anim) = vazão per capita por espécie animal, l/animal. dia.

4.4.3.5 - Abastecimento industrial


A metodologia adotada para estimativa das séries de vazões relacionadas ao abastecimento
industrial consistiu de um processo em que é levado em consideração o valor da produção
industrial municipal, a quantidade produzida por tipo de indústria no ano de 2001 e a relação entre
essa quantidade e o volume de água necessário à produção de cada unidade – função do
processo industrial adotado.
Foram utilizados:

• Censos Industriais: 1940, 1950, 1960, 1970, 1975, 1980 e 1985; e

• Pesquisa Industrial Anual: 1990 1995 e 2001.


Assim, a estimativa da vazão de retirada para abastecimento industrial no município, dada pelo
somatório das vazões demandadas por cada classe de indústria presente, foi feita pela equação:
Qp = ∑ (VP (produto y) x V retirada(produto y))/31.536.000, onde:

• Qp = vazão total de retirada para abastecimento industrial em m3/s;

• VP (produto y) = valor da produção do produto y, convertido para US$;

• V retirada(produto y)= volume captado por unidade monetária produzida do produto y, m3/ US$.

4.4.4 - Definição de Cenários de Usos Múltiplos da Água na Bacia


4.4.4.1 - Usos Consuntivos
Para prospecção futura das demandas, que foram necessários para os estudos da ONS para o
Paraíba do Sul e que foram utilizados nos estudos de inventário e para a avaliação ambiental
integrada, a metodologia proposta definia três cenários: um cenário “A” tendencial; um cenário
com base no cumprimento das metas do setor público denominado “B”, normativo; e um cenário
“C” otimista, no qual se aceita que as metas planejadas pelo governo serão ultrapassadas. Na
presente avaliação propõe-se que seja adotado o cenário “B”, pois a atual tendência se coaduna
com as metas do governo, mesmo com a atual instabilidade internacional, e que se espera não
abale ou modifique estas tendências ou metas do governo.
“Assim o governo cumprirá as suas metas macroeconômicas, possibilitando o desenvolvimento
regional; não serão desenvolvidos planos programas e projetos além daqueles em andamento e já
previstos; as forças restritivas atualmente enfrentadas na implantação dos programas poderão ser
removidas, atingindo-se as metas; nos locais com aumento da atividade econômica se produzirá
um crescimento demográfico superior à média; as demandas de infraestrutura física e social serão
satisfeitas, não constituindo obstáculo para o crescimento. Os comitês e agências de bacia ainda

60 de 256
não terão alcançado o seu pleno funcionamento, mas a sua instalação progride nas bacias de
interesse. A cobrança terá aumentado e os recursos serão totalmente dirigidos para a recuperação
e preservação das bacias, regularização e aumento da disponibilidade de recursos hídricos para
todos os usos. Em locais específicos, os conflitos existentes agravar-se-ão, pois não será possível
aumentar a disponibilidade, sendo necessário o reordenamento da utilização da água; algumas
áreas atualmente irrigadas deverão reduzir o seu consumo, o que poderá, parcialmente, ser
conseguido pela modernização dos sistemas; é possível que alguma área, de expressão média,
seja alijada por falta de recursos hídricos; o crescimento da economia regional gerará empregos,
incorporando novos consumidores ao mercado, mas sem impacto apreciável na demanda.”
O cenário para a agricultura só poderá ser mais grave no deságua do rio Paraíba do Sul, ou seja,
a jusante da bacia do rio Grande, no caso da agricultura irrigada, que é a maior demanda
comparativamente as demais. Outro aspecto está relacionado ao aumento das demandas de
abastecimento de água devido ao aumento da população e das atividades dos diversos setores
econômicos. No entanto, como não se pode prever um aumento significativo na renda média do
trabalhador, o mercado poderá continuar reduzido para o crescimento da agricultura irrigada;
sendo que os blocos comerciais regionais ainda não terão se firmado, sem repercussões
significativas no comércio de produtos da agricultura irrigada e da indústria, e no abastecimento
de água urbano..
Dentro desse cenário a ONS estabeleceu taxas de crescimento para as vazões de consumo na
bacia e pontos estudados para operação de usinas. As Figuras 23, 24, 25, 26, 27, 28 e 29
apresentam os resultados do estudo por PCH analisada.
Com a análise dos gráficos mencionados anteriormente e com base nos cenários de crescimento
propostos elaborou-se uma progressão para avaliar as demandas para o cenário de 2030,
apresentada na Figura 22 a seguir.

Quso consuntivo = (0.00408*t - 7.9)*ADpor PCH (L/s)


700

600

500

400

300

200

100

0
2010 2015 2020 2025 2030 2035

Bonança Sossego Caju S.S. Alto San Anto Boa Vista Santa Rosa

Obs: AD = Área de Drenagem


Figura 22: Projeções para 2035.

Ainda no que diz respeito às demandas atuais e futura, foram elaborados gráficos permitindo a
visualização da vazão mínima (extraída de série histórica, conforme ANEXO 2 – Séries Históricas)
em relação à demanda de água (usos consuntivos), e suas respectivas projeções ao longo do
tempo. Percebe-se que os usos consuntivos não é impactado pela implantação das respectivas
PCHs do estudo. As Figuras 30, 31, 32, 33, 34, 35 e 36 a seguir apresentam estes gráficos.

61 de 256
PCH Bonança - Vazão média (l/s) x Mês PCH Sossego - Vazão média (l/s) x Mês
1600 1400

1400 1200
1200
1000
1000
800
800
600
600
400
400

200 200

0 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Retirada Retorno Consumo Retirada Retorno Consumo

Figura 23: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH Bonança Figura 24: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH Sossego

PCH Caju - Vazão média (l/s) x Mês PCH S. S. do Alto - Vazão média (l/s) x Mês
1800 1800
1600 1600
1400 1400
1200 1200
1000 1000
800 800
600 600
400 400
200 200
0 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Retirada Retorno Consumo Retirada Retorno Consumo

Figura 25: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH Caju Figura 26: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH S. S. do Alto
PCH Santo Antônio - Vazão média (l/s) x Mês PCH Boa Vista - Vazão média (l/s) x Mês
1800 1800
1600 1600
1400 1400
1200 1200
1000 1000
800 800
600 600
400 400
200 200
0 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Retirada Retorno Consumo Retirada Retorno Consumo

Figura 27: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH Santo Antônio Figura 28: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH Boa Vista

PCH Santa Rosa - Vazão média (l/s) x Mês


1200

1000

800

600

400

200

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Retirada Retorno Consumo

Figura 29: Vazões para Usos Consuntivos e não Consuntivos da PCH Santa Rosa
QMínima e Demanda ao longo do tempo - PCH Bonança QMínima e Demanda ao longo do tempo - PCH Sossego
12000 8000

7000
10000
6000
8000
5000

6000 4000

3000
4000
2000
2000
1000

0 0
2010 2015 2020 2025 2030 2035 2010 2015 2020 2025 2030 2035

Disponibilidade Futura Consumo Futuro Disponibilidade Futura Consumo Futuro

Figura 30: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima Figura 31: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima
constante - PCH Bonança constante - PCH Sossego

QMínima e Demanda ao longo do tempo - PCH Caju QMínima e Demanda ao longo do tempo - PCH São Sebastião do
12000 Alto
12000
10000
10000

8000
8000

6000
6000

4000
4000

2000 2000

0 0
2010 2015 2020 2025 2030 2035 2010 2015 2020 2025 2030 2035

Disponibilidade Futura Consumo Futuro Disponibilidade Futura Consumo Futuro

Figura 32: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima Figura 33: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima
constante - PCH Caju constante - PCH São Sebastião do Alto
QMínima e Demanda ao longo do tempo - PCH Santo Antônio QMínima e Demanda ao longo do tempo - PCH Boa Vista
8000 14000

7000 12000

6000
10000
5000
8000
4000
6000
3000
4000
2000

1000 2000

0 0
2010 2015 2020 2025 2030 2035 2010 2015 2020 2025 2030 2035

Disponibilidade Futura Consumo Futuro Disponibilidade Futura Consumo Futuro

Figura 34: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima Figura 35: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima
constante - PCH Santo Antônio constante - PCH Boa Vista

QMínima e Demanda ao longo do tempo - PCH Santa Rosa


8000

7000

6000

5000

4000

3000

2000

1000

0
2010 2015 2020 2025 2030 2035

Disponibilidade Futura Consumo Futuro

Figura 36: Prospecção dos Usos consuntivos do Rio Grande e Vazão mínima
constante - PCH Santa Rosa
4.4.4.2 - Usos não consuntivos

4.4.4.2.1 - Geração hidrelétrica

O trecho inventariado não tem ainda uso hidrelétrico, a não ser aquele relativo aos das PCHs
instaladas, e que já foram devidamente contabilizadas nos estudos hidrológicos como vazões não
afluentes ao trecho estudado.

4.4.4.2.2 - Navegação fluvial

O trecho estudado neste inventário não possui condições hidráulicas para navegação, nem
mesmo previsão de obras para tal sistema de transporte. Com exceção do trecho a jusante da
PCH Pimentel para embarcações de pequeno porte e na época das chuvas.

4.4.4.2.3 - Pesca

Essa atividade não traz maiores conflitos atuais com a geração hidráulica, a não ser aqueles
relativos aos impactos associados ás espécies reofílicas, que não estão presentes na bacia.
A pesca no trecho inventariado é praticada para lazer e complementação alimentar da população
ribeirinha. Não existem colônias de pescadores no rio Grande, apenas a jusante em São Fidélis.

4.4.4.2.4 - Turismo e lazer

Nesse uso da água o único conflito potencial refere-se à interferência dos futuros reservatórios
com as comunidades ribeirinhas. No entanto neste trecho de rio não se identificou nenhum
prejuízo a eventuais áreas de lazer, com exceção
O aproveitamento das usinas propostas na bacia deverá minimizar muito este problema. Pode-se
inclusive relatar que os reservatórios das barragens previstas deverão atenuar os efeitos na
paisagem e melhorar o atrativo de uso das águas para lazer.
Nas inspeções de campo foram verificados inclusive usos de lazer na APP do reservatório da PCH
Santa Rosa, mesmo com cerca e fiscalização.
Os Planos de Manejo das usinas devem ordenar e permitir o uso controlado para turismo e lazer.

4.4.5 - Conclusões e Recomendações


Após o levantamento dos usos da água no trecho inventariado se pode concluir que as usinas
identificadas não terão conflito com os usos atuais e futuros.

4.5 - ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS

4.5.1 - Aspectos gerais


O rio Grande nasce na serra do Mar, no trecho conhecido como serra dos Órgãos, nas altitudes
entre 1.500 e 1.600 m, cerca de 10 km a sudoeste da cidade de Nova Friburgo e, desenvolve-se
ao longo de 220 km até juntar-se ao rio Negro, formando o rio Dois Rios que deságua no rio
Paraíba do Sul.
Assim como todo o hidro sistema fluvial, o percurso longitudinal do rio em estudo não se dá em
um ambiente homogêneo.
Dessa forma, considerando as variações geomorfológicas do canal principal Bizerril (1997) e
Bizerril e Primo (2002) reconheceram cinco unidades geoambientais ao longo do rio Grande/Dois
Rios. Em linhas gerais, a primeira unidade caracteriza-se por ser um sistema com dimensões
reduzidas, fluindo em relevo declivoso e recebendo alta densidade de drenagem.

66 de 256
Figura 37: Unidades Ambientais do rio Grande
Este ambiente dá lugar, ao longo do gradiente lótico, a um rio com conformação menos encaixada
e levemente sinuosa, com menor declividade, e ao qual se associam poucos tributários (Unidade
2).

Fonte: AGRAR, 2003


Figura 38: Paisagem fluvial representativa da
Unidade 02
Segue por curso com forte condicionamento estrutural (Unidade 3) entrando em trecho bastante
declivoso dominado por corredeiras e com rede de drenagem afluente à margem direita mais
expressiva (Unidade 4).

67 de 256
Fonte: AGRAR (2002) Fonte: AGRAR (2002)
Figura 39: Aspecto ilustrativo da Unidade 3 Figura 40: Aspecto ilustrativo da Unidade 3

Fonte: Desenvix/ Np Consultoria Ambiental (2009) Fonte: Desenvix/ Np Consultoria Ambiental (2009)
Figura 41: Aspecto ilustrativo da Unidade 4 Figura 42: Aspecto ilustrativo da Unidade 4
Por fim há uma nova redução nas dimensões do sistemas afluentes e, conquanto ainda se
verifiquem corredeiras no canal principal, há gradual diminuição na declividade geral (Unidade 5).
Ao término desta unidade o rio Grande se une ao rio Negro formando o rio Dois Rios.

Figura 43: Aspecto ilustrativo da Unidade 5 Figura 44: Aspecto ilustrativo da Unidade 5
Como descrito em Bizerril (1997), a forma de uso do solo no entorno da bacia apresenta notáveis
diferenças ao longo do gradiente longitudinal. Neste contexto, o alto curso mostra baixa atividade

68 de 256
antrópica, a qual se limita, neste ponto, à atividade oreícola, concentrada nos alvéolos mais
expressivos.
O aumento gradual da olericultura culmina com o estabelecimento de extensas plantações, que
ocupam eficientemente todos os espaços disponíveis dentro do planalto no qual corre o rio
Grande, desde a metade posterior da Unidade 1 até o terço inicial de Unidade 3.
Essa forma de uso cede lugar gradualmente à atividade urbana, passando antes por pequenas
pastagens, campos abandonados e remanescentes florestais.
A bacia apresenta alto grau de desenvolvimento em alguns trechos, com a presença de grandes
concentrações humanas e industriais que utilizam suas águas para diversos fins, tais como
diluição de efluentes domésticos, industriais e agrícolas, irrigação, aproveitamento hidrelétrico,
entre outros menos significativos. Estes diferentes usos sem o planejamento integrado levaram ao
comprometimento na qualidade de suas águas (AGRAR, 2003).
Esta condição é particularmente notável a partir da PCH Xavier, onde efluentes urbanos tornam-se
mais expressivos, culminando na área de encontro do rio Grande com o rio Bengala.
Por se tratar de uma unidade geoambiental caracterizada pela presença de inúmeras corredeiras,
o processo de autodepuração parece se dar de forma eficiente, de tal modo que a partir do terço
posterior da unidade geoambiental 4 o aspecto geral do rio e suas condições de integridade
ambiental mostram-se bastante aceitáveis.
Observa-se, contudo, a ocorrência de processos de deposição localizados, provavelmente
favorecidos pelo incremento do aporte de sedimentos procedentes das pastagens e áreas
desmatadas existentes no entorno da bacia (BIZERRIL, 1997).

4.5.2 - Padrões de qualidade da água


Tomando como base os dados reunidos pela COOPERAÇÃO BRASIL-FRANÇA (cf. BIZERRIL,
1997), pode-se evidenciar, em síntese, um processo alternado de impacto ambiental, derivado de
contribuições domésticas e industriais, que alteram significativamente os níveis de diversos
parâmetros indicadores (e.g., Coliformes, cor, turbidez, transparência, etc..).
A análise integrada dos dados permite reconhecer três unidades de acordo com o grau de
integridade do ecossistema aquático, conforme descrito em Bizerril (1997) e ilustrado a seguir.
Área classificada como “boa” no que se refere a sua integridade geral é pouco representativa
dentro do comprimento total do rio Grande e consiste no alto curso do rio São Lourenço (ou
Grande) e do rio Santo Antônio.
Esta área ainda mantém em alguns locais vegetação ripariana mais integra e recebe menor carga
relativa de poluentes. Contudo não se configura em uma área prístina, face a diversos pontos
desmatados e a entrada de contaminantes, em especial defensivos, assim como certa carga de
esgoto doméstico.
A área considerada como mais crítica (“ruim”) recebe os efluentes domésticos e industriais dos
principais centros urbanos inseridos na bacia, que se soma ao material transportado pelo rio.

69 de 256
Figura 45: Níveis de Integridade Ambiental do rio Grande
(Laranja – Boa; Cinza – Ruim; Verde – Intermediária)
Caracteriza-se ainda pela remoção maciça da cobertura vegetal arbórea marginal. Por ser uma
área com relevo menos acidentado, os processos de eutrofização são bastante evidentes.
Por fim, o distanciamento dos maiores centros urbanos, associado com a formação de diversas
corredeiras devido ao relevo no qual flui o rio Grande tem como resultado uma progressiva
melhora na integridade geral do ambiente (Zona de Integridade “ Intermediária”). Aspecto crítico
desta área é a distribuição rarefeita da vegetação arbórea, resultado da forma de uso do solo que
historicamente se estabeleceu no local.
Muito desta classificação pode ser observada nos resultados dos levantamentos de qualidade de
água conduzidos na bacia.
De acordo com Mello (1997), o rio Bengala, um dos principais afluentes do sistema do rio
Grande/Dois Rios, pode ser apontado, na região de Conselheiro Paulino, como a estação de
medição de qualidade de água com maior nível de contaminação bioquímica de toda a bacia do
Paraíba do Sul, o que se expressa, dentre outros aspectos, na ocorrência de deformidades nas
espécies de peixes (BIZERRIL, 1997).
Segundo Agrar (2003), os efluentes líquidos lançados no rio Bengala constituem-se principalmente
de matéria orgânica biodegradável e poluentes tóxicos, estes formados pelos corantes e
pigmentos da indústria têxtil, ou por metais pesados, resultantes do setor eletromecânico e
metalúrgico.
O Estudo de Impacto Ambiental da PCH Caju (AGRAR, 2003) analisou a série histórica de dados
coletados pela COOPERAÇÃO BRASIL FRANÇA na Estação BE005, em Conselheiro Paulino
entre 09/93 e 10/95, totalizando 11 amostras.
A síntese dos resultados é apresentada na Tabela 20 abaixo.

Parâmetros Número de dados Valor máximo Valor mediano Valor mínimo


Temperatura da água 11 23 19,9545 18
PH 11 7 6,6545 6,2
Condutividade (25ºC) 11 278 176,4282 71,49
Turbidez 11 20 13 9
Sólidos em suspensão 11 150,51 36,92 14,88
Alcanidade 11 68 41,4782 13,09
DQO 11 99,09 47,9527 7,15
MBO 11 50,9 18,6764 4,1

70 de 256
Parâmetros Número de dados Valor máximo Valor mediano Valor mínimo
MO 11 66,963 16,8933 0
Sólidos voláteis 11 48 34,7273 21
Oxigênio dissolvido 11 5,15 1,7682 0,25
Fosfato total 11 1,1 0,6327 0,23
Nitrogênio total 11 8,24 4,2264 1,66
Nitrato 11 1,2 0,2518 0,04
Nitrito 11 0,024 0,0113 0,003
Nitrogênio amoniacal 11 8,16 3,8073 1,46
Cádmio 4 0,001 0,001 0,001
Mercúrio 9 0,0002 0,0002 0,0002
Arsênio 7 0,05 0,0229 0
Chumbo 7 0,02 0,0189 0,012
Ferro 11 2,9 1,723 0,85
Selênio 6 0,01 0,01 0,01
Cobre 11 0,025 0,0149 0,005
Zinco 11 0,097 0,0501 0,023
Cromo 11 0,179 0,0359 0,005
Manganês 11 0,145 0,1018 0,055
Heptacl 7 0 0 0
Óleos e Graxas 11 7 4,0818 0,3
Fenóis 9 0,41 0,052 0,001
Detergentes 11 1,46 0,7573 0,3
Coliformes totais 11 240000 23641,18 53
Coliformes fecais 10 240000 25760,7 7
Estreptococos fecais 11 24000 4363,64 2400
Alumínio 11 2 0,6634 0,157
Potássio 11 4,35 3.2002 1,6
Fluoretas 10 0,15 0,067 0,01
Bário 11 0,5 0,0936 0,05
Sulfatos 11 18,2 7,0364 2
Fonte: Projeto Paraíba do Sul – COOPERAÇÃO BRASIL FRANÇA, apud AGRAR (2003).
Tabela 20: Dados de Qualidade da Água da Estação BE-005 (Conselheiro Paulino)

Na estação de Conselheiro Paulino, no rio Bengala, a situação é de elevado índice de DBO,


devido à localização da mesma encontrar-se a jusante dos lançamentos de esgotos da cidade de
Nova Friburgo. Apresenta um número considerável de amostras que violaram os padrões de DBO.
A concentração média de OD ficou abaixo do limite mínimo considerado padrão. Esta situação é
critica devido às baixas vazões naturais para diluição dos efluentes lançados (AGRAR, 2003).
A estação Conselheiro Paulino, no rio Bengala, apresentou violação dos padrões da Classe 2,
com o valor médio de 0,63mg/l, devido às menores vazões e ao lançamento de esgotos da cidade
de Nova Friburgo.
O monitoramento da COOPERAÇÃO BRASIL FRANÇA denuncia uma ainda situação crítica de
concentrações de coliformes fecais nas águas do rio Bengala, com o valor médio de
25760NMP/100ml (AGRAR, 2003).
A jusante desta área, os estudos de monitoramento desenvolvidos inicialmente pela SIIF Energies
do Brasil e, até o presente pela Santa Rosa S/A, empresa com concessão para exploração do
potencial hidrelétrico da PCH Santa Rosa permitem avaliação da qualidade de água local.
Ressalta-se que este é o principal estudo de longo prazo desenvolvido para avaliação limnológica
e de qualidade de água do sistema.
Os resultados apresentados a seguir foram primeiramente detalhados no Estudo de Impacto
Ambiental da PCH Sossego (DESENVIX/NP Consultoria Ambiental, 2008).
Os quadros abaixo, obtidas através da consulta dos relatórios de monitoramento conduzidos pela
empresa Geodatum Geotecnologia e Consultoria Ambiental Ltda., sintetizam os principais
resultados obtidos entre janeiro de 2003 a março de 2007.

71 de 256
Parâmetros CONAMA 357/05 Jan/03 Abr/03 Ago/03 Nov/03
Clorofila-a (µg/L) 30 2 ND <0,01 0,57
Feofitina-a (µg/L) - <0,01 ND 2,3 <0,01
DQO (mg/L) - <10 ND <10 35
DBO (mg/L) 5 <2,0 2,4 <2,0 <2,0
Cor (uC) 75 >70 >10 25 30
Turbidez (UNT) 100 ND 5,5 5 10
Óleos e Graxas (mg/L) VA 6,6 <4 <4 <4
Sólidos suspensos total (mg/L) - 154 10 20 7
Ferro total (mg/L) 0,3 5 0,85 0,8 0,75
Cobre total (mg/L) 0,009 0,005 0,01 0,015 <0,005
Cromo total (mg/L) 0,05 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
Cromo hexavalente (mg/L) 0,5 ND ND <0,01 <0,01
Manganês total (mg/L) 0,1 0,06 0,065 0,085 0,075
Mercúrio total (µg/L) 0,0002 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1
Níquel total (mg/L) 0,025 <0,01 <0,01 0,02 <0,01
Zinco total (mg/L) 0,18 0,01 0,02 0,01 <0,005
Cádmio total (mg/L) 0,001 <0,001 <0,001 0,001 0,002
Chumbo total (mg/L) 0,01 <0,01 <0,01 0,04 <0,01
Nitrogênio Kjeldahl (mg/L) - 1,8 0,3 0,6 0,6
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 0,7 0,12 0,1 0,1 0,04
Nitrato (mg/L) 0,7 0,28 0,2 0,4 0,1
Nitrito (mg/L) 0,2 0,025 0,09 0,1 0,005
Nitrogênio Orgânico (mg/L) - ND ND ND 0,6
Nitrogênio Inorgânico (mg/L) - ND ND ND 0,2
Nitrogênio total (mg/L) - ND ND ND 0,8
Alcalinidade total (mg/L) - 13 25 15 10
Fósforo total (mg/L) 0,025 0,45 0,2 0,2 0,04
Ortofosfato (mg/L) - 0,03 0,08 0,08 0,01
Sílica solúvel (mg/L) - 12 14 14 13
Violações CONAMA 357/2005 - em vermelho
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Tabela 21: Valores dos parâmetros de qualidade da água (2003)

Parâmetros CONAMA 357/05 Mar/04 Jun/04 Ago/04 Dez/04


Clorofila-a (µg/L) 30µg/L 0,29 0,3 <0,01 1,93
Feofitina-a (µg/L) - 0,12 0,33 <0,01 <0,01
DQO (mg/L) - <10 <10 <10 <10
DBO (mg/L) 5 <2,0 <2,0 <2,0 <2,0
Cor (uC) 75 25 15 60 20
Turbidez (UNT) 100 20 7 22 10
Óleos e Graxas (mg/L) VA <4 8 6 <4
Sólidos suspensos total (mg/L) - 20 6 40 6
Ferro total (mg/L) 0,3 1,4 0,95 1,1 1
Cobre total (mg/L) 0,009 <0,005 <0,005 0,005 <0,005
Cromo total (mg/L) 0,05 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
Cromo hexavalente (mg/L) 0,5 <0,01 <0,01 <0,01 ND
Manganês total (mg/L) 0,1 0,075 0,06 0,07 0,05
Mercúrio total (µg/L) 0,0002 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1
Níquel total (mg/L) 0,025 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
Zinco total (mg/L) 0,18 0,02 <0,005 <0,005 <0,005
Cádmio total (mg/L) 0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001
Chumbo total (mg/L) 0,01 <0,01 0,02 <0,01 <0,01
Nitrogênio Kjeldahl (mg/L) - 0,3 ND 0,3 ND
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 0,7 <0,01 0,01 0,06 <0,01

72 de 256
Parâmetros CONAMA 357/05 Mar/04 Jun/04 Ago/04 Dez/04
Nitrato (mg/L) 0,7 0,15 0,15 0,15 0,1
Nitrito (mg/L) 0,2 0,004 0,002 0,006 0,006
Nitrogênio Orgânico (mg/L) - 0,3 0,2 0,24 0,7
Nitrogênio Inorgânico (mg/L) - 0,45 0,2 0,2 0,1
Nitrogênio total (mg/L) - 0,15 0,4 ND 0,8
Alcalinidade total (mg/L) - 10 20 20 10
Fósforo total (mg/L) 0,025 0,06 0,03 0,1 0,06
Ortofosfato (mg/L) - <0,01 ND <0,01 <0,01
Sílica solúvel (mg/L) - 16 14 25 16
Violações CONAMA 357/2005 - em vermelho
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Tabela 22: Valores dos parâmetros de qualidade da água (2004).

Parâmetros CONAMA 357/05 Mar/05 Jun/05 Set/05


Clorofila-a (µg/L) 30µg/L 3,08 0,67 <0,01
Feofitina-a (µg/L) - <0,01 <0,01 0,17
DQO (mg/L) - 80 <10 15
DBO (mg/L) 5 <2,0 <2,0 <2,0
Cor (uC) 75 30 25 40
Turbidez (UNT) 100 10 10 ND
Óleos e Graxas (mg/L) VA 4 <4 10
Sólidos suspensos total (mg/L) - 20 2 9
Ferro total (mg/L) 0,3 1,1 0,8 1,1
Cobre total (mg/L) 0,009 <0,005 <0,005 <0,005
Cromo total (mg/L) 0,05 <0,01 <0,01 <0,01
Cromo hexavalente (mg/L) 0,5 <0,01 <0,01 <0,01
Manganês total (mg/L) 0,1 0,065 0,065 0,075
Mercúrio total (µg/L) 0,0002 <0,1 <0,0001 0,0001
Níquel total (mg/L) 0,025 <0,01 0,01 <0,01
Zinco total (mg/L) 0,18 <0,005 <0,005 <0,005
Cádmio total (mg/L) 0,001 0,002 <0,001 <0,001
Chumbo total (mg/L) 0,01 <0,01 <0,01 <0,01
Nitrogênio Kjeldahl (mg/L) - ND ND ND
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 0,7 <0,01 <0,01 0,01
Nitrato (mg/L) 0,7 0,08 0,07 0,07
Nitrito (mg/L) 0,2 0,003 0,003 0,003
Nitrogênio Orgânico (mg/L) - 0,8 0,3 0,7
Nitrogênio Inorgânico (mg/L) - 0,1 0,07 0,1
Nitrogênio total (mg/L) - 0,9 0,37 0,8
Alcalinidade total (mg/L) - 10 8 10
Fósforo total (mg/L) 0,025 <0,07 0,04 0,03
Ortofosfato (mg/L) - <0,01 <0,01 <0,01
Sílica solúvel (mg/L) - 16 15 17
Violações CONAMA 357/2005 - em vermelho
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Tabela 23: Valores dos parâmetros de qualidade da água (2005).

Parâmetros CONAMA 357/05 Jun/06 Mar/07 Dez/07


Clorofila-a (µg/L) 30µg/L 1,32 1,93 0,30
Feofitina-a (µg/L) - <0,01 0,33 0,33
DQO (mg/L) - 50 250 20
DBO (mg/L) 5 <2,0 11 1
Cor (uC) 75 33 45 30
Turbidez (UNT) 100 7,5 10 0,91
Óleos e Graxas (mg/L) VA 4 VA VA

73 de 256
Parâmetros CONAMA 357/05 Jun/06 Mar/07 Dez/07
Sólidos suspensos total (mg/L) - 5 15 60
Ferro total (mg/L) 0,3 0,5 1,44 0,50
Cobre total (mg/L) 0,009 0,03 <0,1 0,03
Cromo total (mg/L) 0,05 <0,01 <0,05 <0,01
Cromo hexavalente (mg/L) 0,5 <0,01 <0,05 ND
Manganês total (mg/L) 0,1 0,35 <0,1 0,35
Mercúrio total (µg/L) 0,0002 <0,0001 <0,0002 <0,0001
Níquel total (mg/L) 0,025 0,02 <0,025 0,02
Zinco total (mg/L) 0,18 <0,005 <0,1 <0,005
Cádmio total (mg/L) 0,001 <0,001 <0,001 <0,001
Chumbo total (mg/L) 0,01 <0,01 <0,01 <0,01
Nitrogênio Kjeldahl (mg/L) - 0,3 ND ND
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 0,7 <0,01 0,07 0,08
Nitrato (mg/L) 0,7 0,15 0,23 ,29
Nitrito (mg/L) 0,2 0,002 <0,01 <0,01
Nitrogênio Orgânico (mg/L) - ND 2,28 1,15
Nitrogênio Inorgânico (mg/L) - ND 0,3 0,37
Nitrogênio total (mg/L) - 0,45 2,58 1,52
Alcalinidade total (mg/L) - 11 11 18
Fósforo total (mg/L) 0,025 0,01 0,15 0,32
Ortofosfato (mg/L) - - 0,07 0,07
Sílica solúvel (mg/L) - 15 7 4,57
Violações CONAMA 357/2005 - em vermelho
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Tabela 24: Valores dos parâmetros de qualidade da água (2006 e 2007)

As violações segundo a Resolução CONAMA 357/2005 para rios Classe 2 dentre os parâmetros
analisados no estudo estão sumarizadas abaixo:
Parâmetros/Campanha Jan/03 Abr/03 Ago/03 Nov/03
Turbidez X
Óleos e Graxas X X X X
Ferro total X X X X
Mercúrio total X X X X
Cádmio total X X
Chumbo total X
Fósforo total X X X X
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Tabela 25: Violações CONAMA 357/2005 dos parâmetros de qualidade da água (2003)

Parâmetros/Campanha Mar/04 Jun/04 Ago/04 Dez/04


Óleos e Graxas X X X X
Ferro total X X X X
Mercúrio total X X X X
Chumbo total X
Fósforo total X X X X
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Tabela 26: Violações CONAMA 357/2005 dos parâmetros de qualidade da água (2004)

Parâmetros/Campanha Mar/05 Jun/05 Set/05


Óleos e Graxas X X X
Ferro total X X X
Mercúrio total X
Cádmio total X
Fósforo total X X X
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Tabela 27: Violações CONAMA 357/2005 dos parâmetros de qualidade da água (2005)

Parâmetros/Campanha Jun/06 Mar/07 Dez/07


DBO X

74 de 256
Parâmetros/Campanha Jun/06 Mar/07 Dez/07
Óleos e Graxas X
Ferro total X X X
Cobre total X X X
Manganês total X X
Fósforo total X X
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Tabela 28: Violações CONAMA 357/2005 dos parâmetros de qualidade da água (2006 e 2007)

Percebe-se, portanto, que houve violação para óleos e graxas em todas as campanhas
analisadas, exceto em 2007. O ferro apresentou concentrações acima dos limites da legislação
ambiental em vigor para todas as campanhas realizadas. O fósforo total foi bem representativo
quanto à ultrapassagem dos limites estipulados para rios Classe 2, estando dentro do padrão
apenas em junho/06.
Para o mercúrio os resultados estiveram acima dos valores estabelecidos pela legislação no ano
de 2003 e 2004 e início de 2005. Houve violação de DBO apenas em março/07. Alguns metais
pesados também foram representativos, tais como: mercúrio, chumbo, cádmio e manganês.
Esse quadro demonstra uma certa variação no grau de eutrofização ao longo dos anos
amostrados, apresentando, em geral, um nível maior de eutrofização nos primeiros e últimos
meses do ano, acompanhando o período chuvoso.
Esses valores registrados nas concentrações desse parâmetro estariam associados à ação
antrópica, através de lançamentos de esgotos domésticos no rio, causando problemas de
eutrofização a médio e longo prazo.
Unidade de Amostragem IC Classificação
jan/03 84,86 Hiper eutrófico
abr/03 73,16 Eutrófico
ago/03 73,16 Eutrófico
nov/03 49,94 Mesotrófico
mar/04 55,79 Eutrófico
jun/04 45,79 Mesotrófico
ago/04 63,16 Eutrófico
dez/04 55,79 Eutrófico
mar/05 55,79 Eutrófico
jun/05 49,94 Mesotrófico
set/05 45,79 Mesotrófico
jun/06 29,94 Oligotrófico
mar/07 69,01 Eutrófico
Dez/07 79,94 Hiper eutrófico
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Tabela 29: Classificação do IET – CARLSON (1977) através do fósforo total.

A classificação por unidades de amostragem do índice de estado trófico de Carlson (1977)


utilizando-se dos valores obtidos quanto clorofila-a estão expostos no quadro abaixo.
De acordo com essa análise, o estado trófico do corpo d’água em questão foi caracterizado na
maioria das amostragens como hiper eutrófico
Unidade de Amostragem IC Classificação
jan/03 115,81 Hiper eutrófico
abr/03 ND -
ago/03 61,63 Eutrófico
nov/03 103,23 Hiper eutrófico
mar/04 96,45 Hiper eutrófico
jun/04 96,79 Hiper eutrófico
ago/04 61,63 Eutrófico
dez/04 115,45 Hiper eutrófico
mar/05 120,14 Hiper eutrófico
jun/05 104,85 Hiper eutrófico
set/05 61,63 Eutrófico
jun/06 111,65 Hiper eutrófico

75 de 256
Unidade de Amostragem IC Classificação
mar/07 111,45 Hiper eutrófico
dez/07 96,79 Hiper eutrófico
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Tabela 30: Classificação da clorofila-a quanto ao IET CARLSON (1977).

Os resultados obtidos para os metais pesados nas amostragens de 2003 a 2007 nas águas do rio
Grande demonstram um perfil com concentrações de ferro, mercúrio, cádmio, chumbo, cobre e
manganês acima do limite estipulado pela Resolução CONAMA 357/2005 para rios Classe 2. Vale
ressaltar que todas as campanhas analisadas apresentaram violações para ferro total, além de
praticamente todas apresentarem valores acima do estabelecido para mercúrio total até primeiro
semestre de 2005.
No geral, o sistema em estudo apresentou-se com altas concentrações de metais pesados,
caracterizando uma contaminação do ambiente.
Ferro Cobre Cromo Cromo Manganês Mercúrio Níquel Zinco Cádmio Chumbo
Campanhas
total total total hexavalente total total total total total total
jan/03 5 0,005 <0,01 ND 0,06 <0,1 <0,01 0,01 <0,001 <0,01
abr/03 0,85 0,01 <0,01 ND 0,065 <0,1 <0,01 0,02 <0,001 <0,01
ago/03 0,8 0,015 <0,01 <0,01 0,085 <0,1 0,02 0,01 0,001 0,04
nov/03 0,75 <0,005 <0,01 <0,01 0,075 <0,1 <0,01 <0,005 0,002 <0,01
mar/04 1,4 <0,005 <0,01 <0,01 0,075 <0,1 <0,01 0,02 <0,001 <0,01
jun/04 0,95 <0,005 <0,01 <0,01 0,06 <0,1 <0,01 <0,005 <0,001 0,02
ago/04 1,1 0,005 <0,01 <0,01 0,07 <0,1 <0,01 <0,005 <0,001 <0,01
dez/04 1 <0,005 <0,01 ND 0,05 <0,1 <0,01 <0,005 <0,001 <0,01
mar/05 1,1 <0,005 <0,01 <0,01 0,065 <0,1 <0,01 <0,005 0,002 <0,01
jun/05 0,8 <0,005 <0,01 <0,01 0,065 <0,0001 0,01 <0,005 <0,001 <0,01
set/05 1,1 <0,005 <0,01 <0,01 0,075 0,0001 <0,01 <0,005 <0,001 <0,01
jun/06 0,5 0,03 <0,01 <0,01 0,35 <0,0001 0,02 <0,005 <0,001 <0,01
mar/07 1,44 <0,1 <0,05 <0,05 <0,1 <0,0002 <0,025 <0,1 <0,001 <0,01
dez/07 0,50 0,03 <0,01 ND 0,35 <0,0001 0,02 <0,005 <0,001 <0,01
* ND: Não detectado ** Violações em vermelho
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Tabela 31: Classificação das concentrações de metais pesados (mg/L) de acordo com CONAMA 357/2005.

Os resultados obtidos para os parâmetros bacteriológicos nas campanhas de amostragem são


mostrados na Tabela 32 abaixo.
A Resolução CONAMA 357/2005 em vigor estabelece apenas os limites para os coliformes
termotolerantes como sendo 1000 NMP/100 mL.
De acordo com os resultados apresentados, pode-se verificar que todas as campanhas
apresentaram valores dos parâmetros bacteriológicos bem acima daqueles estabelecidos pela
resolução CONAMA, exceto em dezembro/07. Sugerindo-se, portanto, através dos laudos
laboratoriais, alto teor de contaminação por coliformes termotolerantes nessas águas, indicando
elevada concentração de matéria orgânica.
Campanhas Coliformes totais (NMP/100ml) Coliformes termotolerantes (NMP/100ml)
jan/03 300000 230000
abr/03 23000 23000
ago/03 23000 8000
nov/03 90000 5000
mar/04 Maior que 160000 24000
jun/04 50000 14000
ago/04 24000 3000
dez/04 Maior que 160000 Maior que 160000
mar/05 80000 23000
jun/05 30000 30000
set/05 160000 24000
jun/06 24000 13000

76 de 256
mar/07 130000 40000
dez/07 5400 330
* Violações CONAMA 357/2000 – em vermelho
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Tabela 32: Parâmetros Bacteriológicos

O perfil de contaminação bacteriológica do rio Grande está intimamente relacionado à


contaminação por coliformes termotolerantes e, consequentemente, alto teor de nutrientes e
matéria orgânica nas águas.
O Índice de Qualidade de Água (IQA), reflete a interferência de esgotos sanitários e outros
materiais orgânicos, nutrientes e sólidos presentes no curso d’água. O índice foi calculado a partir
dos resultados obtidos para coliformes termotolerantes, DBO, nitrogênio total, fósforo total,
turbidez e sólidos em suspensão.

Abaixo da Linha tracejada: IQA de qualidade ruim; Abaixo da linha contínua: IQA de qualidade péssima.
Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA AMBIENTAL, 2008
Figura 46: Índice de Qualidade de água a jusante da casa de força da PCH Santa Rosa II.
A Figura 46 mostra a situação da qualidade da água, através do indicador ambiental IQA,
calculados para o rio Grande ao longo de um gradiente temporal.
Através do gráfico é possível perceber que as águas do rio Grande, no trecho de coletada próximo
à área de implantação da PCH Sossego, apresentam nível de qualidade ruim, com aparente
melhora em dezembro/07.
Os parâmetros que contribuíram para reduzir o IQA foram os coliformes fecais, o DBO, o fósforo
total e os sólidos totais.
Os Estudos de Impacto Ambiental conduzidos para as PCHs Sossego, Bonança (DESENVIX/NP
Consultoria Ambiental, 2008 a,b) e Jambo (PLANAVE/ARCADIS, 2002) apontam para uma
pequena melhora na qualidade da água, notadamente no que se refere a DBO e coliformes fecais,
embora ainda acusem violações nos valores de fósforo total.
Mais a jusante, na área da PCH Caju, este quadro se repete, conforme resultados apresentados
em Agrar (2003) ressaltando-se o registro de violações ainda em relação a metais pesados
(chumbo, níquel e cobre). Neste local foram ainda verificadas violações para os parâmetros
bacteriológicos devido ao lançamento de esgoto doméstico (AGRAR, op. Cit.).
Áreas localizadas a jusante da segunda unidade ambiental reconhecida por Bizerril (1997) e por
Bizerril & Primo (2002), possuem pontos de acúmulo de poluentes, apresentando, contudo, um
quadro geral aceitável, refletido na própria regeneração da biodiversidade aquática, especialmente
devido a depuração e oxigenação do rio através da sequência de corredeiras existente no trecho.

77 de 256
Figura 47: Exemplo de corredeiras dominante nas Figura 48: Exemplo de corredeiras dominante nas
unidades 4 e 5 e que contribuem para a melhora na unidades 4 e 5 e que contribuem para a melhora na
qualidade da água ao longo do rio Grande. qualidade da água ao longo do rio Grande.
Abaixo encontra-se reproduzido o quadro apresentado por Agrar (2003) sintetizando os dados da
estação de monitoramento DR-010 e DR-050 (Rio Dois Rios) da COOPERAÇÃO BRASIL
FRANÇA e FEEMA, respectivamente, que abrangem o terceiro compartimento ambiental.
Parâmetros Número de dados Valor máximo Valor mediano Valor mínimo
Temperatura da água 28 27 22,6429 17
PH 28 7,8 7,1571 6,2
Condutividade (25ºC) 28 118,04 81,1775 53,44
Turbidez 28 100 24,2143 2
Sólidos em suspensão 28 151,27 46,0032 6,6
Alcanidade 28 25,68 19,6932 0,58
DQO 28 27,02 8,9911 0,61
MBO 28 15,45 3,2425 0,25
MO 28 9,41 2,7636 0
Sólidos voláteis 28 55 26,7143 9
Oxigênio dissolvido 28 9,6 7,8486 6,6
Fosfato total 28 0,15 0,0736 0,02
Nitrogênio total 28 1,83 0,3743 0
Nitrato 28 14 0,9461 0,07
Nitrito 25 0,04 0,0032 0
Nitrogênio amoniacal 26 1,04 0,2065 0,02
Cádmio 12 0,001 0,001 0,001
Mercúrio 21 0,0002 0,0002 0,0002
Arsênio 17 0,05 0,0235 0
Chumbo 19 0,04 0,0206 0,002
Ferro 28 6,7 1,8993 0,195
Selênio 18 0,01 0,01 0,01
Cobre 27 0,016 0,0052 0,003
Zinco 28 0,041 0,0134 0,002
Cromo 27 0,05 0,0077 0,005
Manganês 25 0,22 0,0739 0,014
Heptacl 21 0 0 0
Óleos e Graxas 21 1,3 0,519 0,1
Fenóis 14 0,01 0,0038 0,001
Detergentes 22 0,8 0,0718 0,1
Coliformes totais 27 110000 9091,852 70
Coliformes fecais 25 14000 1731,4 20
Estreptococos fecais 27 5400 847,1418 13
Alumínio 27 7,4 1,5318 0,082
Potássio 28 4,26 2,1904 0,05
Fluoretas 25 0,14 0,046 0,01
Bario 26 0,5 0,0685 0,05
Sulfatos 24 7,5 2,19585 0,1
Fonte: Projeto Paraíba do Sul - CONVÊNIO BRASIL FRANÇA, apud AGRAR (2003).
Tabela 33: Dados de Qualidade da Água da Estação DR-010 (Rio Dois Rios).

78 de 256
Parâmetros Número de dados Valor máximo Valor mediano Valor mínimo
Condutividade ( umho/Cm) 33 130 84 54
Temperatura da amostra (ºC) 32 30,0 24,0 19
Temperatura Ar (ºC) 29 34,0 27 20
0.D (mg/L) 32 10 8,2 6,2
D.B.O. (mg/L) 33 4,4 <2,0 < 2,0
D.Q.O. (mg/L) 32 35,00 < 10 < 10
pH (U.pH) 33 8,2 7,4 6,4
R.N.F.T (mg/L) 31 85 25 5
R. Filt Total (mg/L) 25 170 80 15
N.Kjedahl Tot.(mg N/L) 31 14,0 0,6 < 0,15
Nitrito (mg N/L) 26 0,200 0,003 0,001
Nitrato (mg N/L) 30 1,60 0,8 0,25
N. Amoniacal ( mg N/L) 32 0,2 <0,01 < 0,01
Orto Fosf. Diss. (mg/L) 20 0,05 0,015 <0,0,1
Fosf Filtr. Tot. (mg P/L) 14 0,05 0,03 0,02
Fosforo Total ( mg/ L) 33 0,35 0,1 0,04
Turbidez ( UT) 33 70 14 3
Fenois (mg/L) 26 0,020 < 0,001 < 0,001
Cianeto ( mg/ L) 31 0,02 < 0,01 < 0,01
Cloreto (mg/L) 5 8,00 5 4
Cromo (mg Cr/L) 15 < 0,01 < 0,01 < 0,01
Cromo Hexav. (mg Cr/L) 21 <0,01 <0,01 <0,01
Cromo Trival. (mg Cr/L) 18 0,01 <0,01 <0,01
Manganês(mg Mn/L) 31 0,20 0,08 < 0,01
Ferro (mg Fe/L) 9 3,50 1,1 < 0,02
Ferro Sol. (mg Fe/L) 20 0,65 0,11 <0,02
Niquel (mg Ni/L) 31 0,04 <0,01 <0,01
Cobre ( mg Cu/L) 31 0,09 <0,005 <0,005
Zinco (mg Zn/L) 31 0,09 0,015 < 0,005
Cádmio ( mg Cd/L) 31 0,030 0,002 <0,001
Mercúrio (ug Hg/L) 29 1,00 < 0,10 <0,10
Chumbo (mg Pb/L) 31 0,02 0,02 < 0,01
Coli. Fecais (NMPmil/100ml) 22 50000 3000 0,13
Fonte: FEEMA, apud AGRAR (2003)
Tabela 34: Dados de Qualidade da Água da Estações DR-350 (Dois Rios).

De acordo com os resultados obtidos nas estações no rio Dois Rios, DR-010 e DR-350, a
autodepuração permite que os rios Grande e Dois Rios consigam recuperar os teores de oxigênio
dissolvido antes de se lançarem no Paraíba do Sul.
As estações, DR-350 e DR-010 apresentam valores médios respectivamente menores aos
observados nos compartimentos mais a montante, 0,10 e 0,07 mg/l, mas que não deixam de violar
o padrão para Classe 2.
A estação da FEEMA no rio Dois Rios, apresentou um valor médio de coliformes 3.000 NMP / 100
ml. O rio Dois Rios ainda apresenta valores altos de alguns metais.
Em síntese, devido aos valores de alguns dos parâmetros físico-químicos, a qualidade da água
potencialmente atua como importante tensor ecológico no processo de estruturação da biota
aquática do rio Grande.
O sistema, a despeito da depuração sofrida ao longo do gradiente lótico, apresenta, em todo o seu
curso valores elevados de fósforo, fator este que propicia o estabelecimento de condições de
eutrofização.

4.5.3 - Comunidades Planctônicas


Foram analisadas as informações disponíveis acerca da comunidade planctônica com vistas a
verificar, principalmente, a existência e a abundância de organismos associados a produção de
cianotoxinas. Aspectos gerais acerca das comunidades planctônica, tais como riqueza,
diversidade e padrões sazonais, embora de grande relevância para outras abordagens encontra-
se fora do escopo da presente avaliação ambiental.

79 de 256
A principal fonte de informação acerca da comunidade planctônica da bacia é o estudo de
monitoramento desenvolvido desde 2003 na PCH Santa Rosa.
De um modo geral, as espécies dominantes nesta área são: Chroococcalles colonial,
Dictyosphaerium pulchellum, Pseudoanabaena spp, Aulacoseira granulata var.angustissima spp,
Aulacoseira distans, Coelastrum reticulatum, Cyclotella sp., Monoraphidium convolutum,
Crucigenia tetrapedia e Dictyosphaerium cf. Tetrachotomum Crucigenia tetrapedia,
Dictyosphaerium cf. Tetrachotomum.
Embora na fase pré-operacional tenham sido registrados organismos associados a produção de
cianotoxinas não foram documentadas florações dos mesmos.
A quantificação do pigmento clorofila-a e seu produto de degradação, a feofitina-a (clorofila
inativa), avaliação das concentrações de pigmentos fotossintéticos indica, e onde se pode,
também, constatar uma diferença significativa de biomassa algal entre os pontos amostrados, de
tal modo, que a maior relação entre o pigmento e clorofila inativa nas unidades amostrais foi
observada dentro do limite de detecção do método de análise, cabendo enfatizar com tento que as
variações em pontos específicos podem estar encerrando ciclos evolutivos da comunidade
fitoplanctônica, mesmo porque, trata-se de um ambiente lótico, com discretas transições de
regime hidráulico.
A Tabela 35 a seguir sintetiza os resultados obtidos durante o período 2003 a 2007.
Estatística Básica Clorofila a Feofitina a
Valor Máximo 1,93 3,39
Mediana 0,86 0,61
Valor Mínimo < 0,01 < 0,01
Tabela 35: Números Mais Prováveis (ug/Litro) Valor Máximo, Mediana e Valor Mínimo de Clorofila a e Feofitina a.

Os últimos estudos conduzidos após o enchimento da PCH Santa Rosa indicaram aumento na
riqueza de espécies, notadamente em fevereiro/2010.
O grupo Chlorophycea é o mais mais especioso no ambiente amostrado, observando-se maior
concentração de espécimes nas unidades de amostragem demarcadas no reservatório (R1 e R2).
Fitoplâncton M1 R1 R2 J1 J2
Classe Cyanophyceae (Cianobactérias)
Filamentosas
Spirulina sp. 80 536
Não identificadas 40 1675 402 134
Classe Bacillariophyceae (Diatomáceas)
Subclasse Centricas
Aulacoseira italica 13 7
Cyclotella sp. 7 34
Melosira varians 13
Não identificadas 13
Subclasse Penadas
Amphora ssp. 13 34 7
Diploneis sp. 7
Fragilaria spp 60 135 101 168 7
Fragilaria ulma 13 503 637 955 107
Fragilaria intermedia 80
Fragiliaria goulardii 13
Gomphonema spp 7
Pinnularia sp 20
Navícula sp 34
Não identificadas 87 101 34 54
Classe Chlorophyceae (Clorofíceas)
Não filamentosas
Crucigeniella sp. 27
Dictyosphaerim pulchellum 536 2144 1072 107
Dictyosphaerim sp 27

80 de 256
Fitoplâncton M1 R1 R2 J1 J2
Dictyosphaerim tetrachotomum 1072 429
Monoraphidium sp. 34
Monoraphidium tortile 7
Desmodesmus armatus 268 134 134
Desmodesmus alternans 27 402
Desmodesmus spiosus 134
Desmodesmus sp. 54
Chlorococcales colonial 27 134 134 27
Chlorococcales unicelular 7 134 402 268 27
Crucigenia tetrapedia 670 268
Raphidocelis sp. 27
Scenedesmus sp 67 26
Schroederia setigera 34 34 168
Micractinium sp 804 1608 134
Sphaerocystis sp. 804 1474
Pediastrum duplex 1072 532
Tetraedron minimum 17
Elakatothrix sp. 84 20
Flageladas
Chlamydomonas sp 27 369 50
Eudorina sp. 402 34 1608
Pandorina morum 536 2144 268
Pleodorina sp. 268
Fitoflagelados
Não identificados 127 201 168 369 188
Classe Cryptophyceae (Criptofíceas)
Cryptomonas spp. 13 503 101 34
Classe Crysophyceae (Crisofíceas)
Mallomonas sp. 34 67 7
Classe Dinophyceae
Peridiniales 50 7
Classe Euglenophyceae (Euglenofíceas)
Euglenas sp 7 7
Trachelomons Volvocina 34 34
Trachelomonas spp. 101 50 7
Trachelomonas hispida 34
Trachelomonas lacustres 13
Classe Zygnemaphyceae (Desmidiaceas)
Cosmarium sp. 34 7
Total (cel/ml) 649 8047 11863 7536 1550
Tabela 36: Fitoplâncton amostrado na área de estudo (Fevereiro/2010) – M1 = Montante; R1 e R2 = Reservatório;
J1 e J2 = Jusante da casa de força.

Fitoplâncton M1 R1 R2 J1 J2
Classe Cyanophyceae (Cianobactérias)
Subclasse
Pseudanabaena catenata 29 50 11
Não identificadas 40 67
Classe Bacillariophyceae (Diatomáceas)
Subclasse Centricas
Aulacoseira italica
Cyclotella sp.
Melosira varians
Não identificadas 7 2
Subclasse Penadas
Amphora ssp. 2 9
Eunotia flexuosa 3
Fragilaria spp 9 20 31 11
Fragilaria ulma 4
Fragilaria intermedia
Actinastrum hantzdchii 36
Synedra acus 2 11

81 de 256
Fitoplâncton M1 R1 R2 J1 J2
Pinnularia sp 11 7 2
Nitszchia sp 2 2
Não identificadas 25 13 33 2
Classe Chlorophyceae (Clorofíceas)
Não filamentosas
Crucigeniella sp.
Dictyosphaerim pulchellum
Dictyosphaerim sp 54
Dictyosphaerim tetrachotomum 6
Monoraphidium contortum 4 3 18 4 7
Monoraphidium tortile 2
Desmodesmus armatus 9 27
Desmodesmus alternans
Desmodesmus spiosus
Desmodesmus sp.
Chlorococcales colonial 9 40 58 44 154
Chlorococcales unicelular 4 3 4 20 11
Crucigenia tetrapedia
Raphidocelis sp.
Ankistrodesmus sp. 3 9 20
Elakatothrix sp. 2
Micractinium sp 13
Elakatothrix
Classe Prasinophyceae
Pyramimonas sp. 4
Não identificadas 7
Flageladas
Chlamydomonas sp 13
Eudorina sp. 36
Filamentosas
Não Identificadas 258
Fitoflagelados
Não identificados 4 112 163 47 40
Classe Cryptophyceae (Criptofíceas)
Cryptomonas spp. 13 20
Classe Crysophyceae (Crisofíceas)
Mallomonas sp.
Classe Dinophyceae
Peridiniales
Classe Euglenophyceae (Euglenofíceas)
Euglenas sp 4 2 2
Trachelomons Volvocina
Trachelomonas spp. 2
Trachelomonas hispida
Trachelomonas lacustres
Classe Zygnemaphyceae (Desmidiaceas)
Cosmarium sp.
Total (cel/ml) 107 619 321 269 380
Tabela 37: Fitoplâncton amostrado na área de estudo – maio/2010 M1 = Montante; R1 e R2 = Reservatório; J1 e
J2 = Jusante da casa de força.

Embora com menor duração, o monitoramento desenvolvido nas PCHs Santo Antônio, São
Sebastião do Alto e Caju também permitem evidenciar a ausência de concentrações elevadas de
organismos produtores de cianotoxinas.
Na área destes empreendimentos, as espécies Dictyosphaerium pulchellum, Scenedesmus
opaliensis, Monoraphilim irregulare, Mallomonas sp., Eunotia sp., Trachelomonas volvocina e
Trachelomonas sp. se destacam como as mais abudantes.

82 de 256
4.5.4 - Comunidades Bentônicas
Face a inexistência de informações acerca de alguns integrantes deste grupo que exibem valor
bioconservacionista (i.e., carcinofauna) nos estudos até o momento empreendidos na bacia, foi
realizado o levantamento de dados primários especificamente para esta avaliação ambiental
integrada.
Para o levantamento de insetos aquáticos foram coletados com amostrador do tipo Surber (900
cm² e malha de 250 micrômetros). O amostrador foi posicionado contra a correnteza, e todo o
perifíton contido na área coletado. Após coletadas as larvas foram fixadas em álcool 70 %.
Foram utilizadas armadilhas do tipo “covo” para captura dos pitus, lagostins e camarões-de-água-
doce e outros decápodes de água doce. As armadilhas foram montadas até um metro da margem,
no final da tarde, e permaneceram cerca de doze horas na água.
Também foi utilizada rede-de-mão na vegetação marginal a procura de pitus. Os crustáceos
capturados foram fixados em formalina 10 %.
A malha amostral adotada para este levantamento complementar é apresentada na Tabela 38
abaixo.
UNIDADES LOCAL COORDENADAS
P01 Rio Santo Antônio (Muri) 754.612 7.525.203
P02 PCH Xavier 752.875 7.543.672
P03 Rio Lourenço/ Bengala (Nova Friburgo) 754.413 7.538.731
P04 PCH Rio Grandina (Banquete) 760.097 7.544.322
P05 PCH Santo Antonio 773.833 7.549.412
P06 PCH Santa Rosa II (Reservatório) 776.695 7.551.169
P07 PCH Santa Rosa II (TVR) 781.574 7.554.638
P08 PCH Sossego 784.171 7.561.583
P09 PCH Sossego/ Bonança 790.241 7.562.625
P10 PCH Bonança 795.496 7.561.848
P11 PCH Jambo 797.995 7.565.999
P12 PCH São Sebastião do Alto 800.549 7.572.186
P13 PCH Caju 804.120 7.574.211
P14 PCH Boa Vista (Reservatório) 191.735 7.584.817
P15 PCH Boa Vista (TVR) 192.490 7.585.503
P16 PCH Pimentel 194.705 7.589.219
P17 Rio Negro/ Grande 196.137 7.592.903
P18 Rio Grande/ Paraíba do Sul 210.005 7.607.837
P19 Baixo Rio Negro (Valão do Barro) 799.187 7.584.848
P20 Médio Rio Negro (Euclidelândia) 780.447 7.574.214
P21 Alto Rio Negro (Duas Barras) 756.818 7.560.089
P22 Rio Paraíba do Sul (São Fidelis) 214.003 7.606.019
Tabela 38: Unidades de amostragem da biota aquática da AAI da bacia do Rio Grande, RJ.

As espécies capturadas foram identificadas e os dados levantados foram analisados seguindo os


princípios gerais de estudo de comunidades. Assim, foram efetuadas as seguintes análises:
Riqueza - Número de espécies.
Abundância – Número de exemplares de cada espécie.
Diversidade – Para estimativa da diversidade foi utilizado o índice de diversidade Shannon
(SHANNON 1949), representado por:
H = - ∑ pi Log pi
Pi = proporção de captura de uma determinada espécie em relação ao número total de espécimes.

Frequência de Ocorrência - É dada pela relação entre o número de vezes que uma dada espécie
esteve presente em uma série amostral e o total de amostras realizadas.

83 de 256
Abundância Relativa - É dada pela relação entre a abundância total de uma espécie e o número
total de espécimes capturados em um determinado ambiente. A partir desta relação pode-se
estimar a importância ecológica de cada táxon nos locais amostrados.
Distribuição das Espécies - Para descrever e identificar os padrões espaciais de distribuição das
espécies foi realizado uma análise de agrupamento utilizando o índice de similaridade Morisita-
Horn entre as unidades de amostragem considerando a abundância das espécies.
A partir da matriz de similaridades, foi realizada uma análise de agrupamento utilizando o método
de médias não-ponderadas (UPGMA), expresso na forma de um dendrograma.
O calculo da correlação cofenética foi efetuado com vistas a verificar o grau de correlação entre a
matriz de similaridade e a matriz cofenética, gerada a partir do dendrograma e, desta forma,
verificar a adequação do coeficiente de agrupamento adotado.
Para classificação do status ecológico de cada espécie (exótica, endêmica, cinegética, sobre
explotada ou ameaçada de extinção) foram utilizados os trabalhos de MACHADO (2008).
Foram coletadas cinco espécies (três famílias) de decápodes durante o Levantamento da Biota
Aquática da bacia do rio Grande. A lagosta-de-água-doce Macrobrachium carcinus consta na lista
de espécies ameaçadas (MACHADO et al. 2008).
Quadro 3: Decápodes coletados na Avaliação Ambiental Integrada do Rio Grande, RJ.
TÁXON NOME COMUM STATUS
SUBFILO CRUSTACEA
ORDEM DECAPODA
Família Palaemonidae
Macrobrachium potiuna (Müller, 1880) Pitú
Macrobrachium olfersi (Wiegman, 1836) Pitú
Macrobrachium carcinus (Linnaeus, 1758) Lagosta-de-água-doce AME
Família Atyidae
Potimirim sp. Pitú
Família Trichodactylidae
Trichodactylus fluviatilis (Latreille, 1828) Caranguejo

A espécie mais abundante foi Potimirim sp., com 19 indivíduos coletados. O caranguejo
Trichodactylus fluviatilis foi capturado uma vez.
Quadro 4: Decápodes coletados por unidade de amostragem da Avaliação Ambiental Integrada do Rio Grande,
RJ.
Táxon P02 P05 P08 P12 P13 P17 P18 P19 P22 Total
Macrobrachium carcinus 1 2 1 1 5
Macrobrachium olfersi 2 1 3
Macrobrachium potiuna 1 1 2
Potimirim sp. 10 3 6 19
Trichodactylus fluviatilis 1 1
Total 1 10 1 3 6 2 4 1 2 30

84 de 256
Trichodactylus fluviatilis

Macrobrachium potiuna

Macrobrachium olfersi

Macrobrachium carcinus

Potimirim sp.

0 5 10 15 20

Abundância

Figura 49: Abundância dos decápodes coletados na Avaliação Ambiental Integrada do


Rio Grande, RJ.

7% 3%
10%

17%
63%
Potimirim sp.

Macrobrachium carcinus

Macrobrachium olfersi

Macrobrachium potiuna

Trichodactylus fluviatilis

Figura 50: Abundância relativa (%) dos decápodes coletados na Avaliação Ambiental Integrada do
Rio Grande, RJ.

Entre os insetos aquáticos a família Chironomidae foi a mais abundante com 2673 indivíduos
coletados. A unidade P08 foi a mais abundante, com 306 espécimes; e a P04 a menos, com 65
indivíduos.
As larvas de Diptera - Chironomidae e Simuliidae - foram registradas em todas as unidades de
amostragem, salvo em P22, onde não foram registrados espécimes de nenhum dos grupos
estudados.

85 de 256
Táxon P01 P02 P04 P05 P06 P08 P09 P10 P11 P12 P13 P14 P15
Ordem Diptera
Chironomidae 83 138 65 70 227 306 69 125 213 189 145 153 100
Simuliidae 19 44 12 25 79 121 12 39 72 61 57 46 34
Ordem Ephemeroptera 15 26 19 9 27 51 26 45 26 17 14 25
Ordem Trichoptera 4 13 2 16 23 17 14 10 5 10
Ordem Coleoptera 9 3 7 13
Total 121 230 96 106 352 501 81 190 347 297 229 218 182
Tabela 39: Insetos aquáticos coletados por unidade de amostragem da Avaliação Ambiental Integrada do Rio
Grande, RJ.

Táxon P16 P17 P18 P19 P20 P20 Total

Ordem Diptera

Chironomidae 151 81 116 183 180 180 2673

Simuliidae 44 21 23 42 33 33 794

Ordem Ephemeroptera 24 6 19 31 21 21 403

Ordem Trichoptera 12 1 5 1 5 5 147

Ordem Coleoptera 33

Total 231 109 163 257 239 239 4050


Tabela 39: Insetos aquáticos coletados por unidade de amostragem da Avaliação Ambiental Integrada do Rio
Grande, RJ.

4.5.5 - Ictiofauna
A ictiofauna da Bacia do rio Grande/Dois Rios foi alvo de estudos diversos, que abordam aspectos
taxonômicos, faunísticos e ecológicos.
Dentro do âmbito de estudos ambientais associados ao aproveitamento hidrelétrico de Simplício,
que abrangeu diversos setores da Bacia do rio Paraíba do Sul, ENGEVIX\UFRJ (1991),
registraram a ocorrência de 47 espécies na Bacia do rio Grande.
Bizerril (1995) descreveu uma espécie de cascudo (Neoplecostomus variipictus) do alto rio
Grande; e Melo (2001), ao realizar revisão taxonômica das espécies de Astyanax da região da
serra dos Órgãos, relacionou as espécies presentes no rio Grande/Dois Rios.
No que se refere a levantamentos específicos desta bacia, Bizerril (1997) e Bizerril e Caffe (1997),
dentro do escopo dos estudos de bioindicação desenvolvidos pela COOPERAÇÃO BRASIL
FRANÇA, apresentaram estudo acerca da ictiofauna, associando os dados com aspectos relativos
à qualidade da água do sistema, tendo relacionado 60 espécies de peixes. Bizerril e Primo (2002)
integraram os estudos supracitados com o resultado de campanhas posteriores.
Outros levantamentos mais recentes foram realizados dentro do âmbito de processos de
licenciamento de algumas das Pequenas Centrais Hidrelétricas.
Assim, entre 2003 e 2009 foi realizado o monitoramento da PCH Santa Rosa II (em andamento) e
efetuados levantamentos pontuais nas áreas de influência direta das PCHs Sossego e Bonança,
para compor seus respectivos estudos de impacto ambiental. Lotes testemunho foram
depositados no Museu Nacional do Rio de Janeiro – MNRJ.
Mais recentemente, em atenção do Termo de Referência que norteou a avaliação ambiental
integrada, foram realizados levantamentos complementares da ictiofauna, tendo como base duas
amostragens realizadas de forma a abranger um período hidrológico.
A malha amostral adotada para este levantamento complementar é apresentada na Tabela 40 e
na Figura 51.

86 de 256
UNIDADES LOCAL COORDENADAS
P01 Rio Santo Antônio (Muri) 754.612 7.525.203
P02 PCH Xavier 752.875 7.543.672
P03 Rio Lourenço/ Bengala (Nova Friburgo) 754.413 7.538.731
P04 PCH Rio Grandina (Banquete) 760.097 7.544.322
P05 PCH Santo Antônio 773.833 7.549.412
P06 PCH Santa Rosa II (Reservatório) 776.695 7.551.169
P07 PCH Santa Rosa II (TVR) 781.574 7.554.638
P08 PCH Sossego 784.171 7.561.583
P09 PCH Sossego/ Bonança 790.241 7.562.625
P10 PCH Bonança 795.496 7.561.848
P11 PCH Jambo 797.995 7.565.999
P12 PCH São Sebastião do Alto 800.549 7.572.186
P13 PCH Caju 804.120 7.574.211
P14 PCH Boa Vista (Reservatório) 191.735 7.584.817
P15 PCH Boa Vista (TVR) 192.490 7.585.503
P16 PCH Pimentel 194.705 7.589.219
P17 Rio Negro/ Grande 196.137 7.592.903
P18 Rio Grande/ Paraíba do Sul 210.005 7.607.837
P19 Baixo Rio Negro (Valão do Barro) 799.187 7.584.848
P20 Médio Rio Negro (Euclidelândia) 780.447 7.574.214
P21 Alto Rio Negro (Duas Barras) 756.818 7.560.089
P22 Rio Paraíba do Sul (São Fidélis) 214.003 7.606.019
Tabela 40: Unidades de amostragem da biota aquática da AAI da bacia do Rio Grande, RJ.

Figura 51: Pontos de amostragem da ictiofauna.


A distribuição dos pontos de amostragem foi feita de forma a variação de ambientes existente na
bacia, incluindo na análise o rio Negro que, junto com o rio Grande forma o rio Dois Rios.
Nesta campanha complementar foram coletadas 44 espécies de peixes (16 famílias e seis
ordens). Apenas uma espécie coletada, a piabanha (Brycon insignis), está na lista das espécies
ameaçadas de extinção (MACHADO et al., 2008).
Neste levantamento não foi registrada nenhuma espécie endêmica, exótica ou reofílica conforme
indica o Quadro 5.

87 de 256
Figura 52: Detalhe da amostragem da ictiofauna. Figura 53: Detalhe da amostragem da ictiofauna.

Figura 54: Detalhe da amostragem da ictiofauna. Figura 55: Detalhe da amostragem da ictiofauna.
Em comparação aos levantamentos pretéritos, esta campanha complementar identificou apenas
duas nova ocorrência, representada por Bryconamericus tenuis, um lambari de pequeno porte
(i.e., menor que 5cm de comprimento padrão) e Brycon orbigmanus, espécie de ocorrência
esperada para a bacia (ENERGISA, 2010) porém ainda não coletada nos levantamentos
anteriores.
TÁXON NOME COMUM STATUS
ORDEM CHARACIFORMES
Curimatidae
Cyphocharax gilbert (Quoy & Gaimard 1824) Sairu
Anostomidae
Leporinus copelandii Steindachner 1875 Piau
L. mormyrops Steindachner 1875 Piau
Characidae
Brycon insignis Steindachner 1877 Piabanha AME
Astyanax bimaculatus (Linnaeus 1758) Lambari
Astyanax giton Eigenmann 1908 Lambari
Astyanax janeiroensis Eigenmann 1908 Lambari
Astyanax parahybae Eigenmann 1908 Lambari
Astyanax scabripinnis (Jenyns 1842) Lambari
Astyanax taeniatus (Jenyns 1842) Lambari
Oligosarcus hepsetus (Cuvier 1829) Piaba-cachorra
Bryconamericus tenuis Bizerril & Araujo 1992 Lambari
Crenuchidae
Characidium lauroi Travassos 1949 Charutinho
Erythrinidae
Hoplias malabaricus (Bloch 1794) Traíra
SILURIFORMES

88 de 256
TÁXON NOME COMUM STATUS
Auchenipteridae
Parauchenipterus striatulus (Steindachner 1877) Cumbaca
Glanidium melanopterum Miranda Ribeiro 1918 Cumbaca
Loricariidae
Neoplecostomus variipictus Bizerril 1995 Cascudinho
Hisonotus notatus Eigenmann & Eigenmann 1889 Cascudinho
Parotocinclus maculicauda (Steindachner 1877) Cascudinho
Schizolecis guntheri (Miranda Ribeiro 1918) Cascudinho
Hypostomus affinis (Steindachner 1877) Cascudo
Hypostomus luetkeni (Steindachner 1877) Cascudo
Harttia loricariformis Steindachner 1877 Caximbau
Loricariichthys castaneus (Castelnau 1855) Caximbau
Trichomycteridae
Trichomycterus sp. Cambeva
Callichthyidae
Hoplosternum littorale (Hancock 1828) Tamboatá
Scleromystax barbatus (Quoy & Gaimard 1824) Limpa-vidro
Heptapteridae
Acentronichthys leptos Eigenmann & Eigenmann 1889 Mandi
Imparfinis minutus (Lütken 1874) Mandi
Pimelodella lateristriga (Lichtenstein 1823) Mandi
Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard 1824) Jundiá
Rhamdioglanis frenatus Ihering 1907 Mineiro-branco
GYMNOTIFORMES
Gymnotidae
Gymnotus carapo Linnaeus 1758. Tuvira
Gymnotus pantherinus (Steindachner 1908) Tuvira
Sternopygidae
Eigenmannia virescens (Valenciennes 1836) Tuvira
MUGILIFORMES
Mugilidae
Mugil curema Valenciennes 1836 Parati
CYPRINODONTIFORMES
Poecilidae
Phalloceros leptokeras Lucinda, 2008 Barrigudinho
Poecilia reticulata Peters 1859 Barrigudinho
Poecilia vivipara Bloch & Schneider 1801 Barrigudinho
PERCIFORMES
Cichlidae
Australoheros facetus (Jenyns 1842) Acará-bandeira
Crenicichla lacustris (Castelnau 1855) Jacundá
Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard 1824) Acará
Gobiidae
Awaous tajasica (Lichtenstein 1822) Peixe-flor
Quadro 5: Ictiofauna coletada na Avaliação Ambiental Integrada do Rio Grande, RJ.

Figura 56: Oligosarcus hepsetus Figura 57: Rhamdia quelen

89 de 256
Figura 58: Astyanax bimaculatus Figura 59: Hoplias malabaricus

Figura 60: Leporinus copelandii Figura 61: Astroherus facetum

Figura 62: Geophagus brasiliensis Figura 63: Harttia loricariformes


O agrupamento pareado dos escores de similaridade (Jaccard) permite visualizar o padrão de
distribuição biogeográfico representado no dendrograma abaixo. Pela ordenação dos pontos
evidencia-se nítida diferenciação de algumas das unidades representativas do alto curso (P1 e
P3), em relação aos demais pontos, assim como compartimentos referentes ao alto e médio rio
Preto, médio rio Grande e baixo curso do rio Preto e Grande.

90 de 256
P20
P18

P16

P19

P11

P10
P15
P12
P17
P21
P13
P14
P2
P8
P9

P4
P5
P6

P7

P3
P1
0,96

0,84

0,72

0,6
Similarity

0,48

0,36

0,24

0,12

0 2,5 5 7,5 10 12,5 15 17,5 20


Figura 64: Agrupamento das unidades de amostragem. (Coeficiente de
correlação cofenética = 0,759).

Algumas das espécies estão amplamente distribuídas na bacia, como é o caso de Oligosarcus
hepsetus, Rineloricaria sp., Rhamdia quelen e Geophagus brasiliensis.
As espécies mais abundantes nas amostras foram Oligosarcus hepsetus, Rhamdia quelen e
Astyanax bimaculatus, as quais representaram 22%, 12% e 7% do total amostrado,
respectivamente.
Entre as unidades de amostragem, a riqueza foi maior na unidade P14, com 16 espécies. A menor
foi P04, com 1 espécie registrada. Na unidade P03 (Rio Lourenço/ Bengala) não foi coletada
nenhuma espécie.
250

200

150
A
d
n
u
b
âcia

100

50

0
P01 P02 P03 P04 P05 P06 P07 P08 P09 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 P22

Figura 65: Abundância da ictiofauna por unidade de amostragem da Avaliação


Ambiental Integrada do Rio Grande, RJ.

91 de 256
A abundância foi maior na unidade P06 seguido de P01 e representando, desta forma, duas
realidades ambientais nitidamente distintas visto ser P06 o ponto representativo do reservatório da
PCH Santa Rosa II e P01, a nascente mais preservada do rio São Lourenço. A unidade P09 teve o
menor valor observado.

18

16

14

12

10
uR
iq
eza

0
P01 P02 P03 P04 P05 P06 P07 P08 P09 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 P22

Figura 66: Riqueza da ictiofauna por unidade de amostragem da Avaliação Ambiental Integrada do
Rio Grande, RJ.
A diversidade de Shannon (H’) foi maior em P14 (H’ = 2,28) e menor em P04 (H’ = 0).

2,50

2,00

1,50

1,00
a(H
') D
iversd

0,50

0,00
P01 P02 P03 P04 P05 P06 P07 P08 P09 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 P22

Figura 67: Diversidade (H’) da ictiofauna por unidade de amostragem da Avaliação Ambiental
Integrada do Rio Grande, RJ.
Considerando a ictiofauna em toda a Bacia do rio Grande, nota-se que na unidade P01, localizada
no rio Santo Antônio (Mury), foram capturadas espécies típicas de riachos bem preservados como
Schizolecis guntheri, Scleromystax barbatus e Rhamdioglanis frenatus.
A P03, localizada na área urbana de Nova Friburgo, se mostrou a unidade com mais influência
antrópica, com margens e substrato submetidos a intervenções de concreto, e redes de drenagem
de efluentes domésticos.
A ictiofauna coletada na unidade P06, no reservatório da PCH Santa Rosa II, também se mostrou
pouco similar as demais unidades do estudo, sendo fortemente dominadas pela piaba-cachorra
(Oligosarcus hepsetus) e jundiá (Rhamdia quelen). Tal cenário pode ser favorecido pelas novas
condições hidrológicas encontradas no reservatório formado.

92 de 256
Integrando todos os resultados já obtidos na bacia chega-se a lista de espécies apresentada
Quadro 6 abaixo.
Taxon Nome Vulgar
CHARACIFORMES
Erythrinidae
Hoplias malabaricus Traíra
Hoplerythrinus unitaeniatus Jeju
Prochilodontidae
Prochilodus vimboides Curimbatá
Prochilodus lineatus Curimbatá
Curimatidae
Cyphocharax gilbert Sairu
Anostomidae
Leporinus copelandii Piau
L. mormyrops Piau
L. conirostris Piau
Chrenuchidae
Characidium interruptum Canivete
Characidium lauroi Canivete
Characidae
Brycon insignis Piabanha
Brycon opalinus Pirapetinga
Oligosarcus hepsetus Bocarra
Mimagoniates microlepis Lambari
Astyanax sp.
Astyanax bimaculatus Lambari do rabo amarelo
Astyanax parahybae Lambari do rabo vermelho
A giton Lambari
A.taeniatus Lambari
A.intermedius Lambari
Bryconamercus tenuis Lambari
Hyphessobrycon bifasciatus Lambari
SILURIFORMES
Auchenipteridae
Glanidium melanopterum Cumbaca
Parauchenipterus striatulus Cumbaca
Pimelodidae
Steindachneridion parahybae Surubim
Pseudopimelodidae
Microglanis parahybae Cumbaca
Heptapteridae
Acentronichthys leptos Bagre
Rhamdioglanis frenatus Mineiro branco
Pimelodella sp. Mandi chorão
P. lateristriga Mandi chorão
Imparfinis minutus Bagre
Rhamdia quelen Jundiá
Trichomycteridae
Trichomycterus sp.1 Cambeva, maria-mole, moréia
Trichomycterus sp.2 Cambeva, maria-mole, moréia
Trichomycterus florensis Cambeva, maria-mole, moréia
Loricariidae
Hypostomus affinis Cascudo
H. luetkeni Cascudo
Hisonotus notatus Sem nome vulgar
Parotocinclus maculicauda Sem nome vulgar
Schizolecis guntheri Sem nome vulgar
Neoplecostomus variipictus Sem nome vulgar
Harttia loricariformes Cascudo
Loricariichthys castaneus Caximbau
Rineloricaria sp.1 Caximbau
Rineloricaria sp.2 Caximbau
Callichthyidae
Hoplosternum litoralle Sassá-mutema
Scleromystax barbatus Ferreiro
Corydoras nattereri Ferreiro

93 de 256
Taxon Nome Vulgar
GYMNOTIFORMES
Gymnotidae
Gymnotus carapo Sarapó
G. pantherinus Sarapó
Sternopygidae
Eigenmannia virescens Sarapó
CYPRINODONTIFORMES
Poeciliidae
Poecilia vivipara Barrigudinho
Phalloceros leptkeras Barrigudinho
SYNBRANCHIFORMES
Synbranchidae
Synbranchus marmoratus Muçum
PERCIFORMES
Cichlidae
Crenicichla lacustris Joaninha
Astroherus facetum Acará-ferreirinha
Geophagus brasiliensis Acará, cará, caraúna
Scianidae
Pachypops adspersus
Centropomidae
Centropomus parallelus Robalo
Gobiidae
Awaous tajasica Peixe-flor
MUGILIFORMES
Mugilidae
Mugil curema Parati
Quadro 6: Ictiofauna da bacia do rio Grande/rio Dois Rios. Espécies Nativas.
Até o presente são conhecidas 60 espécies de peixes nativos no rio Grande, das quais 3 (robalo –
Centropomus parallelus – Taínha – Mugil curema e o Peixe-Flor – Awaous tajasica) são espécies
marinhas eurialinas que adentram o sistema como parte de suas estratégias bionômicas.
Algumas das espécies marinhas podem ser registradas até a região da casa de força PCH Santa
Rosa II, como é o caso do robalo, embora este táxon seja mais abundante no baixo curso.
O pequeno gobíideo eurialino Awaous tajasica foi registrado em estudo de impacto ambiental na
área do futuro eixo da PCH Bonança, o que ilustra o livre transito de grupos marinhos na bacia
(DESENVIX/NP Consultoria Ambiental, 2009 b).

Fonte: DESENVIX/NP Consultoria Ambiental, 2009


Figura 68: Awaous tajasica coletado na AID da PCH
Bonança.
Entrevistas realizadas com pescadores indicaram a possível presença de carangídeos (xareu) até
o curso médio do rio Grande, em um padrão muito similar ao observado no rio Paraíba do Sul.
Para as espécies diádromas1 e/ou estuarinas consideradas migradoras, como os robalos
(Centropomus spp.) e as tainhas (Mugil spp.) o rio é utilizado como área de alimentação. Para
estas espécies, cabe destacar a crença popular de que ambos os grupos efetuem desovas em
água doce. Esta crença faz-se presente inclusive na área em estudo.
Vasquez (1983) é taxativo ao demonstrar que não há reprodução de centopomídeos em
ambientes de água doce. Todas as fêmeas estudadas pelo autor apresentaram ovários atrofiados,
como resultado de choque osmótico. O mesmo padrão têm sido verificado por outros autores.
De fato, a desova e desenvolvimento das formas iniciais de robalos ocorre principalmente em
regiões de mangue (TUCKER & CAMPBELL, 1998).
1
espécies que passam parte de sua vida na água doce, e parte na água salgada.

94 de 256
Na família Mugilidae (tainhas/paratis) por exemplo, a desova ocorre no mar, porém uma fase
estuarial é obrigatória para os juvenis, à qual segue-se o período de migração reprodutiva para o
mar, geralmente associado a épocas de diminuição da temperatura e variações na salinidade
(BIZERRIL & COSTA, 2002).
Considerando apenas as espécies de água doce, verifica-se que a maioria delas pertence a
ordem Siuriformes, seguida dos Characiformes em um padrão comum a região leste brasileira,
unidade biogeográfica na qual se insere o rio Grande.
Os Siluriformes reúnem peixes conhecidos como bagres, mandis, cascudos, caximbaus,
tamboatás e cambevas.
São amplamente distribuídos no mundo, com mais de 30 famílias, aproximadamente 412 gêneros
e mais de 2400 espécies (NELSON, 1994). Ocorrem em praticamente todos os continentes, a
exceção da Antártica, onde há, contudo, registro fóssil destes organismos (GRANDE &
EASTMAN, 1986).
Grande parte das famílias de Siluriformes é dulciaquícola, salvo Ariidae e Plotosidae, de hábitos
marinhos. Apresentam o corpo sem escamas ou com grossas placas ósseas e possuem de um a
quatro barbilhões que, provavelmente guardam funções tácteis e gustativas. Algumas outras
especialização são a redução no número de ossos cranianos, modificações características no
aparato de Weber (ALEXANDER, 1964) e uma cintura peitoral modificada para formam um
mecanismo de trava dos espinhos peitorais (LAUDER & LIEM, 1983).

Figura 69: Representatividade das ordens de peixes presentes na


bacia dorio Grande, RJ
Esta ordem conta com 7 famílias dulciaquícolas na área em estudo, cuja diferenciação pode ser
realizada com auxílio da chave apresentada a seguir.
1) Corpo nu ...... 2
Corpo coberto por placas ósseas ..... 5
2) Com placas de espinhos (odontóides) na região opercular ..... Trichomycteridae
Sem espinhos na região opercular ........ 3
3) Abertura branquial ampla, membranas branquiais livres no istmo .... 4
Abertura branquial estreita, membranas branquiais unidas no istmo.. Auchenipteridae
4) Placa de Dentes no vômer ................ Pimelodidae
Sem esta característica .................. Heptapteridae + Pseudopimelodidae
5) Boca ventral, lábios formando um disco adesivo ..... Loricariidae

95 de 256
Boca ventral ou terminal, lábios nunca formando um disco adesivo .... Callichthyidae
A família Pimelodidae possui apenas uma espécie nativa na área em estudo (Steindachneridion
parahybae), que vêm a representar o maior bagre ocorrente no estado do Rio de Janeiro. Embora
o gênero Steindachneridion ocorra em outras bacias hidrográficas (cf. GARAVELLO, 1991, 2005),
o surubim fluminense é endêmico dos sistema do rio Paraíba do Sul, onde sua população está em
acelerado declínio.
Esta espécie tem como localidade tipo o rio Paraibuna – Juiz de Fora (GARAVELLO, 2005) e
registro de ocorrência em outros pontos da bacia, porém sempre em baixa quantidade.
Embora outrora abundante na porção paulista do rio Paraíba do Sul, onde chegou a ser capturado
em quantidades superiores a 1.000kg/ano (MACHADO & ABREU, 1952), atualmente a espécie é
considerada extinta em São Paulo (SÃO PAULO, 2008).
Honji et al. (2009) listam como fatores de comprometimento da espécie a construção de barragens
no rio Paraíba do Sul, que interferem com a migração e dispersão, a destruição da vegetação
ripariana, a poluição das águas e a sobrepesca.
Alguns dados ecológicos sobre S. parahybae foram apresentados por Moraes & Caramaschi
(1993). O exame do conteúdo estomacal de 5 espécimes registraram a presença de bagres
(Pimelodella sp.), cascudos (Rineloricaria sp.), caranguejos (Trichodactylus sp.) e resíduos de
vegetais superiores.
Quanto a reprodução, é uma espécie migradora, com pico de atividade reprodutiva ocorrendo no
verão (HONJI et al., 2009).
Desde 2003, a unidade de hidrobiologia e aquacultura de CESP (Paraibuna/SP), vem
desenvolvendo programa de estocagem da espécie (CANEPPELE et al., 2004) com financiamento
da ANEEL (ANEEL, 2006; HONJI et al., 2009).
Relatos de moradores e pescadores da bacia do rio Grande são unânimes em relatar o declínio da
espécie também nesta sub-bacia. O único registro oficial da espécie no local ocorreu durante o
monitoramento da PCH Santa Rosa II. Ao longo de 5 anos de estudo, foi coletado um único
exemplar o que denota a baixa abundância da espécie no local do empreendimento.

Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2009


Figura 70: Steindachneridion parahybae na AID da PCH Santa
Rosa II.
O espécime foi coletado em janeiro/2008, apresentando gônadas maduras, o que concorda com a
delimitação de período reprodutivo apresentado por Honji et al., (op. cit.).

96 de 256
Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2009
Figura 71: Detalhe de gônada de Steindachneridion
parahybae coletado na AID da PCH Santa Rosa II.
A família Pseudopimelodinae é igualmente pouco representada na Bacia do rio Grande, com
apenas um gênero (Microglanis) e uma espécie (M. parahybae).
A espécie compreende organismos de pequeno porte (CP usualmente menor do que 7 cm) de
hábitos noturnos e crepusculares, ocultando sob troncos ou outros objetos submersos durante o
dia. Nesta situação o colorido atua como eficiente camuflagem. Vivem em remansos dos rios,
onde podem ser bastante comuns.
Não há dados sobre a ecologia das populações do rio Grande. Bizerril (1995) analisou a
alimentação da espécie na Bacia do rio São João.
Nos 30 espécimes examinados de M. parahybae (CP entre 30,9 e 44,7 mm) observou-se dieta
com itens constantes, larvas de insetos [Chironomidae (90%), Odonata (83,33%), Plecoptera
(50%), Trichoptera (50%), Ephemeroptera (53,33%)] e sedimento (100%). Os itens acessórios e
acidentais estiveram representados por algas filamentosas (10%), algas unicelulares (10%), restos
vegetais (25%), restos de peixes (6,66%) e escamas (10%).
Heptapteridae reúne a maior parte das espécies de bagres, as quais podem ser diferenciadas
como segue:

Fonte: BIZERRIL & PRIMO (2002


Figura 72: Microglanis parahybae
1) Olhos sem margem orbital livre ...... 2
Olhos com margem orbital livre .... 3
2) Cabeça cônica; barbilhões usualmente ultrapassando a base das peitorais. Imparfinis
(I.minutus)
Cabeça deprimida no sentido dorso/ventral; barbilhões curtos; usualmente não ultrapassando a
base das peitorais. Rhamdioglanis (R. transfasciatus)
3) Processo occipital encontrando-se com a placa dorsal; Corpo de coloração clara, em geral com
uma faixa longitudinal escura. Pimelodella
Sem essa característica, corpo acinzentado. Rhamdia

97 de 256
Rhamdioglanis apresenta como ambiente de ocorrência o alto curso dos rios, sendo usualmente
encontrados em águas límpidas entre a vegetação ou sob pedras e demais objetos submersos. O
exame do conteúdo estomacal de 6 espécimes de R. transfasciatus do rio Macaé revelou a
ocorrência de caranguejos (Trichodactylus sp.) e larvas de insetos em 100% dos exemplares
(BIZERRIL & PRIMO, 2002).
No rio Grande esta espécie está restrita ao alto curso do rio São Lourenço e em tributários que
deságuam no rio Grande até a altura do futuro eixo da PCH Jambo.
Imparfinis minutus é mais comum nos trechos médio inferiores de rios, notadamente em
ambientes rasos e com fundo de cascalho. Sabino & Castro (1990) caracterizaram a alimentação
de pimelodídeos identificados como pertencentes à espécie Rhamdella minuta (= I. minutus) do rio
Indaiá, SP como composta predominantemente por insetos aquáticos. Esse resultado é
concordante com aqueles obtidos por Bizerril (1995), na Bacia do rio São João. Não há
informações para as populações do rio Grande.
O gênero Rhamdia conta com uma espécie na Bacia do rio Grande. Embora o nome Rhamdia
parahybae seja o mais antigo disponível para a área, Sylvergip (1996) em revisão do gênero,
considerou R. parahybae como sinônimo júnior de Rhamdia quelen.

Fonte: NP Consultoria Ambiental (2009)


Figura 73: Rhamdioglanis transfasciatus –
Tributário da PCH Santa Rosa II.
Rhamdia quelen do rio São João foi identificada como insetívora e bentófaga (BIZERRIL, 1995).
Os dados apresentados por Viana & Caramaschi (1990) sobre a população da região de Angra
dos Reis, revelaram se tratar de espécie carnívora, com hábitos crepusculares.
Na Bacia do rio Paraíba do Sul, foi observado longo período reprodutivo para esta espécie, tendo
sido encontrados machos reprodutivos de abril a dezembro (ENGEVIX/UFRJ, 1991), este dado foi
igualmente observado no rio Grande (NP Consultoria Ambiental, 2005-2009).

Figura 74: Rhamdia quelen coletada na AID da PCH


Santa Rosa II (Fonte: NP Consultoria Ambiental,
2009).

98 de 256
Outras espécies desse gênero foram citadas como predominantemente insetívoras (ANGENMEIR
& KARR, 1983, UIEDA, 1983). Schoroeder-Araujo (1980) apresentou dados que caracterizaram
uma população da Bacia do Paraná como composta por espécimes ictiófagos. Romanini (1989)
apontou uma tendência à ictiofagia que está positivamente correlacionada com o crescimento dos
espécimes o que não pode ser analisado no presente estudo visto não terem sido capturados
exemplares com comprimento padrão maior que 98 mm.
Rhamdia quelen coletada na AID da PCH Santa Rosa II (Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2009).
O gênero Pimelodella possui duas espécies na bacia que podem ser diferenciadas, com base no
trabalho de Guazzelli (1997), como segue:
Margem interna do acúleo peitoral com serrilhas bem desenvolvidas e numerosas (7 a 21
serrilhas). P. lateristriga.
Margem interna do acúleo peitoral com serrilhas delicadas e em pequeno número (5 a 9 serrilhas),
mesmo em indivíduos com comprimento padrão acima de 80mm. Pimelodella sp.
A alimentação de P. lateristriga no rio Ubatiba (Bacia da lagoa de Maricá) foi estudada por Costa
(1987), que caracterizou a espécie como generalista. Tal proposta não foi corroborada por Soares-
Porto (1991) que, estudando a mesma população analisada por Costa (op. cit.), classificou a
espécie como bentófaga e carnívora, fato esse igualmente constatado por Bizerril (1995), para a
população de P. lateristriga do rio São João.
Na Bacia do rio Ubatiba foi verificada existência de desova múltipla em P. lateristriga, e de um
período reprodutivo contínuo, com ocorrência de indivíduos maduros durante todo o ano
(SOARES-PORTO, 1991).
Uma quarta família de bagres é a dos Auchenipteridae, conhecidos popularmente como
cumbacas. Consiste em um grupo menos diversificado do que a família anterior, contando com
cerca de 20 gêneros e 70 espécies, dos quais apenas Parauchenipterus striatulus e Glanidium
melanopterum ocorrem na área em estudo, podendo ser diferenciados como na chave a seguir.
Anal longa, com mais de 30 raios ..... Parauchenipterus
Menos de 30 raios na nadadeira anal; olhos em posição lateral, bem desenvolvidos. Largura do
corpo quase igual ao tamanho da cabeça. .....

Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2009.


Figura 75: Parauchenipterus striatulus
coletado na AID da PCH Santa Rosa II.
São peixes de hábitos noturnos ou crepusculares, que se alimentam principalmente de insetos,
podendo ainda ingerir peixes e mesmo itens de origem vegetal.

Fonte: DESENVIX/NP Consultoria Ambiental, 2009


Figura 76: Glanidium melanopterum coletado na AID
da PCH Bonança

99 de 256
Ambas as espécies são mais capturadas em áreas calmas e remansosas dos rios. P. striatulus é
um dos taxa mais abundantes, por exemplo, no reservatório de Ribeirão das Lajes, tendo
representado cerca de 40% do total capturado neste ambiente por Araujo et al., (1999). Estes
autores estudaram indicadores reprodutivos da espécie no reservatório em questão, observando
um longo período de reprodução, com altos valores do índice gonadossomático de outubro a
janeiro e uma fase de inatividade entre abril e setembro.
O ciclo reprodutivo de G. melanopterum na Bacia do rio Paraíba do Sul foi estudado dentro do
convênio ENGEVIX/UFRJ (1991), tendo sido observado maior frequência de machos e fêmeas em
reprodução em agosto, com picos reprodutivos nas fêmeas em agosto e novembro.
Peixes das famílias Callichthyidae, Loricariidae, Trichomycteridae e outras não ocorrentes no
estado (i.e., Nematogenyidae, Scoloplacidae e Astroblepidae) compõem o maior grupo
monofilético de bagres da região neotropical, os Loricarioidea.
Destes, os Callichthyidae são os que contam com menor número de representantes em águas
interiores do estado do Rio de Janeiro e na Bacia do rio Grande. São capazes de absorver ar
atmosférico pela mucosa do aparelho digestivo, o que os habilita a ocuparem ambientes com
baixa concentração de oxigênio dissolvido na água. O ar engolido neste processo também
desempenha importante papel no balanço hidrostático.
Os gêneros ocorrentes na região podem ser diferenciados pela chave abaixo:
1) Barbilhões curtos, não atingindo a base das nadadeiras peitorais; diâmetro interorbital menor
que a altura da cabeça .... 3
Barbilhões atingindo a base das peitorais; diâmetro interorbital igual ou maior que a altura da
cabeça ..... Hoplosternum
2) Machos com cerdas nas laterais da cabeça ................ Scleromystax
Sem esta característica .............. Corydoras
Scleromystax barbatus é facilmente reconhecida não só pela coloração como pela presença de
placa de espinhos dérmicos próximos a região bucal dos machos, estrutura que não ocorre nos
demais taxa listados. Vive no curso médio ou superior dos rios, formando cardumes.
Na Bacia do rio Grande foi registrada em áreas fortemente impactadas por esgoto, como o baixo
curso do rio Santo Antônio e no rio Grande entre Bom Jardim e Friburgo.
Alimenta-se de pequenos invertebrados bentônicos. Sua reprodução no rio Grande ocorre ao
longo de todo o ano (NP Consultoria Ambiental, 2008).

Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2009.


Figura 77: Scleromystax barbatus –
Tributários da PCH Santa Rosa II.
Corydoras nattereri é mais comum no curso inferior do rio Grande. Assemelha-se a S.barbatus
nos demais aspectos de sua ecologia.
Hoplosternum litoralle é tipicamente encontrado em remansos do rio Grande ou em áreas
alagadas ou açudes existentes no baixo curso. Constroem ninhos de bolhas durante a época da
reprodução, formando o local no qual ocorrerá a desova (REIS, 1997).

100 de 256
Assim como se verifica em Callichthyidae, diversas espécies de Loricariidae apresentam
capacidade de respirar o ar atmosférico, engolindo-o e absorvendo no estômago, cujas
modificações anatômicas foram detalhadamente estudadas por Armbuster (1998).
Três subfamílias de Loricariidae ocorrem na Bacia do rio Grande. A primeira delas,
Neoplecostominae, possui apenas um gênero (Neoplecostomus) com uma espécie na área em
estudo, N. variipictus, conhecido apenas da Bacia do rio Santo Antônio, um afluente do rio
Grande, e de tributários que deságuam no reservatório da PCH Santa Rosa II.
É exclusiva de áreas com águas rápidas. São características marcantes do grupo a presença, no
lábio inferior de duas ou três séries de papilas bem desenvolvidas e proeminentes após cada
porção de dentes do dentário, mais conspícuas que as outras presentes no restante do lábio e o
ventre recoberto parcialmente por um escudo entre as nadadeiras peitoral e pélvicas formado por
pequenas placas.

Fonte: BIZERRIL, 1995.


Figura 78: Neoplecostomus variipictus – Rio Santo
Antônio, afluente do rio Bengala.
Alguns Loricariidae caracterizam-se pela posse de pedúnculo caudal fortemente deprimido. Estes
peixes, usualmente denominados caximbaus, integram a subfamília Loricariinae, cujos gêneros
presentes no estado são reconhecidos como segue:
1) Nadadeira caudal com 12 raios ramificados ..... Harttia
Nadadeira caudal com 10 raios ramificados ..... 2
2) Pré-maxila sem dentes, dentário com dentes diminutos; machos sem cerdas na cabeça, lábio
inferior em geral muito desenvolvido ..... Loricariichthys
Pré-maxila e dentário com dentes normais. Machos com cerdas na cabeça .... Rineloricaria
O primeiro dos gêneros relacionados acima (Harttia) conta com um espécie na bacia (Harttia
loricariformes). É usualmente encontrada em lajeados ou áreas com corredeiras.

Fonte: DESENVIX/NP Consultoria Ambiental, 2009.


Figura 79: Harttia loricariformes – AID da PCH
Sossego.
Loricariichthys sp. é comum nas áreas de fundo arenoso de rios, podendo ocorrem ainda em
ambientes lênticos. Apresenta uma peculiaridade que é a grande expansão do lábio inferior do
macho durante a época reprodutiva. Esta estrutura, ausente nas fêmeas, serve como área para
proteção e incubação dos ovos (DEVINCENZI, 1933).
Araujo et al., (1998) estudaram a reprodução de uma população deste gênero no reservatório de
Ribeirão das Lajes entre abril/96 e maio/97. As variações temporais nos valores dos índices

101 de 256
gonadossomáticos indicaram um amplo período reprodutivo, de agosto a novembro, com
descanso entre abril e junho. O tipo de desova observado foi o de desova parcelada. A
fecundidade média obtida foi de 240 ovócitos (mínimo = 78; máximo = 322).
Rineloricaria apresenta cerca de 8 espécies no estado do Rio de Janeiro. Duas morfoespécies
ocorrem no rio Grande.

Figura 80: Rineloricaria sp.1 da AID da Figura 81: Rineloricaria sp.2 da AID da PCH Sossego.
PCH Santa Rosa II
Machos deste gênero apresentam a cabeça e, em algumas formas, todo o corpo coberto por
cerdas. Vivem sobre o fundo arenoso e em cascalho, sendo mais conspícuas no trecho médio
inferior de rios.
Dentro da família Loricariidae, um quarto grupo (Hypoptopomatinae) pode ser reconhecido com
base em características como pequeno porte (Comprimento padrão em geral menor que 6mm) e
por apresentarem a cintura escapular exposta. Os Hypoptopomatinae presentes no rio Grande
diferenciam-se como segue:
1) Com nadadeira adiposa ....... Parotocinclus (P. maculicauda)
Nadadeira adiposa ausente .... 2
2) Extremidade do focinho coberta por placas largas, maiores que as do restante da cabeça ...... 3
Placas pequenas, um pouco menores que as do resto da cabeça cobrindo o focinho ......
Schizolecis (S. guntheri)
3) Olho maior que o espaço infraorbital ..... Otocinclus (O. affinis)
Olho menor que o espaço infraorbital ..... Hisonotus (Hisonotus notatus)
No rio Grande, estes grupos podem ser observados no alto curso do rio ou dos sistemas de
drenagem (S. guntheri) ou preferencialmente entre a porção submersa da vegetação marginal no
curso inferior (para H. notatus, P. maculicauda e O. affinis).
Os Hypostominae, embora muito diversificados possuem, até momento, apenas duas espécies de
Hypostomus registradas no rio Grande – H. affinis e H. luetkeni. Estas podem ser diferenciadas
seguindo a Tabela 41 abaixo.
Caracteres H. affinis H. luetkeni
Número de escamas ao longo do corpo 28-31 26-29
Número de placas pós-supraorcipital 1 2-3
Número de dentes (pré-maxila direita) Média de 30,5 Média de 54.2
Olho (proporção no comprimento da cabeça) Média de 7 Média de 6,2
Pedúnculo caudal (altura em relação com comprimento padrão) Média de 11,4 Média de 9,6
Fonte: MAZZONI et al., (1994)
Tabela 41: Características gerais de H. affinis e H. Luetkeni.

A reprodução de H. affinis e H. luetkeni foi estudada por Mazzoni (1993), Mazzoni e Caramaschi
(1995 e 1997). Em ambas as espécies, machos e fêmeas atingem a primeira maturação sexual
com comprimentos (C) similares, sendo C50 = 144,9 e 144mm respectivamente, em H. affinis, e C50
= 168 e 163mm, respectivamente, em H. luetkeni. Observou-se, também para ambas as espécies,
um decréscimo na abundância de espécimes machos durante o período reprodutivo, que dura a

102 de 256
maior parte do ano, com picos de setembro a fevereiro para H. luetkeni (cf. MAZZONI &
CARAMASCHI, 1997).
Resultados similares foram também obtidos na área de influência da PCH Santa Rosa II (NP
Consultoria Ambiental, 2009).
Quanto a fecundidade, estudada para H. luetkeni, verificou-se que a espécie, como a maior parte
dos Loricariidae, desova um pequeno número (446 - 936 óvulo/indivíduo) de óvulos de grande
porte (5.2mm) (MAZZONI & CARAMASCHI, 1997).

Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2007). Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2007).


Figura 82: Hypostomus affinis da AID da PCH Santa Figura 83: H. Luetkeni da AID da PCH Santa Rosa II
Rosa II.
A família Trichomycteridae possui apenas um gênero na Bacia do rio Grande - Trichomycterus. No
estado do Rio de Janeiro, onde são denominados cambevas ou moreias, são conhecidas 17
espécies. Para a Bacia do rio Grande foram reconhecidas 3 morfoespécies.
Embora se observe algumas variações quanto ao uso de microambientes pelas espécies, de um
modo geral, tendem a ser registrados em áreas de correnteza fraca a média, usualmente em
fendas, sob folhas ou entre troncos submersos. Juvenis costumam se enterrar. Com frequência
são as únicas espécies registradas na porção mais alta dos rios. Alimentam-se de insetos
aquáticos e outros pequenos invertebrados.
Não há informações sobre a reprodução das espécies do rio Grande. Para efeito de comparação,
pode-se citar o estudo acerca da reprodução de T. zonatus na Bacia do rio Parati-Mirim, realizado
por São-Thiago (1990), que registrou atividade reprodutiva durante todo o ano.

103 de 256
Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2009
Figura 84: Trichomycterus sp.1 coletada na AID da
PCH Santa Rosa II quando do resgate da ictiofauna
durante o enchimento do reservatório
A ordem Characiformes apresenta 6 famílias na Bacia do rio Grande, a saber: Erythrinidae,
Chrenuchidae, Anostomidae, Curimatidae, Prochilodontidae e Characidae.
A família Erytrhinidae, espécies conhecidas popularmente como traíras, jejus ou morobas. Apenas
duas espécies são nativas da bacia, Hoplias malabaricus (traíra) e Hoplerythrinus unitaeniatus
(jeju ou morobá). Ambos os taxa apresentam ampla distribuição na América do Sul, condição esta
que sugere se tratar de complexos de espécies, passível de ser desmembrado em diversas outras
novas espécies (cf. OYAKAWA, 1990).
Uma terceira espécie (Hoplias lacerdae) foi registrada na região, se tratando de um taxa
introduzido.
A diferenciação das espécies nativas pode ser efetuada considerando os caracteres abaixo:
Dorsal com 8 ou 9 raios ramificados ..... Hoplerythrinus unitaeniatus
Dorsal com 11 a 15 raios ramificados .... Hoplias malabaricus

Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2007


Figura 85: Hoplias malabaricus coletada na AID da
PCH Santa Rosa II
Tanto H. malabaricus com H. unitaeniatus são típicos de ambientes de baixada, ocorrendo tanto
em sistemas fluviais como em complexos palustres. Observações de Azevedo e Gomes (1943),
Romanini (1989); e Meni e Nimura (1993), dentre outros, demonstraram que Hoplias malabaricus
é planctófaga, durante a fase larval, insectívora, quando no estádio de alevino, e ictiófaga na fase
adulta. H. unitaeniatus insere-se na mesma guilda trófica.

104 de 256
Estudos efetuados especificamente com populações de traíras no estado do Rio de Janeiro foram
apresentados por Bizerril (1995) (enfocando organismos capturados na Bacia do rio São João) e
por Reis et al., (2000) (para espécimes capturados no reservatório da Represa de Ribeirão das
Lajes na Bacia do rio Paraíba do Sul). Na população da represa de Ribeirão das Lajes, o item
"peixes" agregou os seguintes conjuntos alimentares: peixes não identificado (FO = 40,62% e IIR
= 40,2%), restos de peixes (FO = 31,25% e IIR = 17,6%), Cichla monoculus (FO = 18,75% e IIR =
17,89%), Tilapia rendalli (FO = 6,24% e IIR = 11,37%), Siluriformes (FO = 6,24% e IIR = 3,38%),
Oligosarcus hepsetus (FO = 3,12% e IRR = 3,37%) e espécie não identificada do gênero Astyanax
(FO = 3,12% e IIR = 6,18%).
O estudo desenvolvido dentro da parceria ENGEVIX/UFRJ (1991) indicou que, na Bacia do rio
Paraíba do Sul, o período reprodutivo de H. malabaricus ocorre de agosto a dezembro, o que foi
também verificado no rio Grande (NP Consultoria Ambiental, 2009).
A segunda família de Characiformes tratada neste documento, os Chrenuchidae, é composta por
espécies de pequeno porte representadas, no estado do Rio de Janeiro e na Bacia do rio Grande,
apenas pelo gênero Characidium, um táxon de ampla distribuição na América do Sul, ocorrendo
desde o leste do Panamá até a província de Buenos Aires na Argentina e contando com 42
espécies válidas (BUCKUP, 1998).
Espécies do gênero Characidium apresentam hábito alimentar eminentemente insetívoro (COSTA,
1987; HALBOTH & CARAMASCHI, 1989; BIZERRIL, 1995). A maior parte ocorre em riachos,
preferencialmente nas áreas na qual a água exibe maior velocidade. São comumente verificados
entre pedras e troncos.
Duas espécies ocorrem na Bacia do rio Grande (Characidium sp. e C. interruptum), sendo C.
interruptum encontrada preferencialmente no baixo curso do rio, e em ambientes alagados. Esta é
facilmente diferenciada, além do aspecto ecológico, por apresentar linha lateral interrompida.

Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2009


Figura 86: Characidium sp. coletada na AID da
PCH Santa Rosa II
A família Anostomidae agrega formas omnívoras que na bacia em estudo estão agrupadas em
três espécies. A identificação é possível de acordo com as características apresentadas na chave
a seguir, elaborada a partir dos dados fornecidos por Géry (1977) e Garavello (1979).
1) Espécies com boca situada em posição terminal (35 escamas na linha lateral, anal com 10
raios, mancha vermelha lateral na boca) ...................... Leporinus copelandii
Espécies com a boca situada em posição inferior ........... 2
2) 36 ou 37 escamas na linha lateral; altura do corpo 4 no comprimento padrão ...... Leporinus
mormyrops.
34 escamas na linha lateral; altura do corpo 4.75 no comprimento padrão. Uma mancha no final
do pedúnculo caudal ............. Leporinus conirostris

105 de 256
Figura 87: Leporinus mormyrops (AID da PCH Figura 88: L. copelandii (AID da PCH Santa Rosa
Sossego) II)
A biologia reprodutiva de uma das espécies de anostomídeos fluminenses (Leporinus copelandii)
foi detalhadamente analisada na Bacia do baixo rio Paraíba do Sul por Costa (1999). Foi
observado desenvolvimento ovocitário caracterizando desova total para a espécie. Fêmeas aptas
a reprodução foram registradas entre agosto e fevereiro; e no período de fevereiro a julho
observou-se predomínio de fase de recuperação gonadal. Os dados obtidos no estudo sugerem
que a espécie realize migração reprodutiva.
Das espécies listadas, L. copelandii é a que apresenta distribuição mais ampla na bacia,
ocorrendo deste a área do remanso do reservatório da PCH Santa Rosa II até a confluência com o
rio Paraíba do Sul. Na sequencia estão L. mormyrops e L. conirostris, este último mais abundante
no curso inferior do rio Grande.
Os Curimatidae são peixes depositívoros iliófagos de médio porte (tamanho máximo usualmente
menor que 25cm), facilmente reconhecidos por sua coloração prateada e pela ausência de
dentes. Estes organismos, popularmente denominados sairus (Cyphocharax gilbert), figuram entre
itens mais comumente pescados nas regiões Norte e Noroeste fluminense, porém somente são
comuns no rio Grande no curso inferior.

Figura 89: Cyphocharax gilbert

Estudo desenvolvido por Menezes (1994) e Menezes & Caramaschi (1994) no curso médio e
inferior da Bacia do rio Paraíba do Sul (i.e., entre a cidade de Três Rios e o trecho próximo à
desembocadura) enfocou aspectos populacionais e reprodutivos de C. gilbert. A relação peso total
(Pt) / comprimento padrão (CP), foi expressa pela equação Pt=0,0317 Cp 2,99, para machos e
Pt=0,0264 Cp3,06 para fêmeas.
A variação cíclica das gônadas sugere que, após a eliminação dos gametas, estas possam
retornar à maturação ou entrar em processo de recuperação. As análises histológicas destas
estruturas indicaram que a espécie apresenta desova parcelada. A fecundidade absoluta individual
variou de 50196 a 468843 ovócitos com diâmetro igual ou superior a 400 micrômetros, sendo
considerada alta quando comparada com a de outros curimatídeos.
Dentro da bacia estudada, foi verificada uma dinâmica diferenciada dentro de sub-regiões, tanto
no que se refere a época de reprodução quando a aspectos relacionados a estrutura geral da
população. A integração dos dados apontou o trecho entre Três Rios e as proximidades de Além
Paraíba e a Bacia do rio Muriaé como áreas de reprodução da espécie e o setor restante da bacia
estudada (i..e, trecho entre Itaocara e Atafona e Bacia do rio Pomba) como área de alimentação.
No espaço entre Três Rios e o entorno da UHE Ilha dos Pombos, foi observado que C. gilbert
reproduz com maior intensidade de dezembro a abril. No espaço entre Itaocara e Ilha dos
Pombos, este momento foi identificado de setembro a dezembro. Na Bacia do rio Muriaé, maior
intensidade de reprodução ocorre de setembro a abril.

106 de 256
Não existem informações acerca da reprodução desta espécie no rio Grande.
Outro grupo de Characiformes que exibe hábito alimentar iliófago são os Prochilodontidae,
superficialmente similares aos Curimatidae dos quais diferem em aspectos como o tamanho (são
maiores) e a presença de pequenos dentes implantados sobre os lábios. Duas espécies ocorrem
no Rio de Janeiro – e na Bacia do rio Grande - (Prochilodus vimboides e P. lineatus (= P. scrofa)),
existindo uma controvérsia quanto a real origem de uma delas (P. lineatus).
Ambas as espécies apresentam distribuição no alto rio Paraná e em sistemas costeiros, sendo
que Prochilodus vimboides (curimbatá de lagoa) ocorre em uma ampla área no leste brasileiro,
com registros entre a Bacia do rio Paraíba do Sul e os rios presentes ao sul da Bahia. É o
representante do gênero Prochilodus que apresenta a menor contagem de escamas na linha
lateral (34 a 39 escamas) (Castro, 1993).
P. lineatus, com frequência denominado P. scrofa em diversos estudos realizados no estado do
Rio de Janeiro, é usualmente tratado como uma espécie introduzida no estado. Contudo, é
possível que consista em espécie nativa.
Proquilodontídeos ocorrem tipicamente nas áreas de deposição dos rios e muitos efetuam
migrações reprodutivas. Os trabalhos desenvolvidos por Godoy (1967) e Toledo-Filho et al.,
(1986), por exemplo, indicam que a população por eles denominada P. scrofa (Provavelmente P.
lineatus) realiza deslocamentos que envolvem um percurso longo, calculado, na Bacia superior do
rio Paraná, como aproximadamente 1.300km considerando a migração ascendente (i.e.,., rio
acima) e a posterior descida dos reprodutores (cf. TOLEDO-FILHO et al., op. cit.). Ainda não há
dados consistentes sobre as populações fluminenses.
Na Bacia do rio Grande, estas espécies ocorrem apenas a jusante do futuro eixo da PCH Jambo,
sendo consideradas raras acima deste local.
A família Characidae agrega a maior parte as espécies de Characiformes da área em estudo.
Consiste em um grupamento claramente artificial, portanto reúne espécies e gêneros que não
apresentam parentesco próximo.
Os peixes da subfamília Glandulocaudinae possuem apenas um representante no estado do Rio
de Janeiro (Mimagoniates microlepis). Além do colorido azul metálico, outro elemento que permite
o seu reconhecimento é a presença, nos machos de glândulas e escamas modificadas na cauda,
formando um mecanismo de lançamento de feromônio ao meio.
Mimagoniates microlepis ocorre em diversos ambientes, desde o curso médio superior de rios,
onde usualmente se encontram os espécimes de maior comprimento, até pequenas depressões
alagadas de baixadas (WETZMAN et al., 1988; MALABARBA & WEITZMAN, 2009). Alimenta-se
especialmente de insetos (COSTA, 1987).
Na Bacia do rio Grande foi registrado apenas no alto curso do rio Negro.

Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2009


Figura 90: Oligosarcus hepsetus coletado na AID da PCH Santa
Rosa II
A subfamília Tetragonopterinae representa um aglomerado polifilético que incluí grande parte dos
lambaris e piabas fluminenses, além de formas mais diferenciadas, como os peixes-cachorro ou

107 de 256
bocarras. Estas últimas pertencem a espécie Oligosarcus hepsetus e se distinguem facilmente
dos demais Tetragonopterinae por seu aspecto geral, com boca ampla, dotada de pequenos
dentes cônicos, com até três cúspides.
Como se supõe pelo aspecto de O. hepsetus, os espécimes possuem hábito alimentar
eminentemente predador, consumindo insetos, larvas e pequenos peixes, os quais capturam tanto
na coluna d'água quanto nas áreas próximas ao fundo (BIZERRIL, 1995). Sua atividade é
predominantemente crepuscular (VIANNA & CARAMASCHI, 1990).
Na Bacia do rio Paraíba do Sul, foram registradas fêmeas em estado de reprodução durante todo
o ano (ENGEVIX/UFRJ, 1991). O mesmo foi observado no monitoramento da PCH Santa Rosa II.
Ainda neste último local, O. hepsetus se destaca como a espécie que exibiu maior aumento
populacional após o barramento do rio Grande.
As demais Characidae do estado por apresentarem duas séries de dentes no pré-maxilar. A
diferenciação dos gêneros pode ser efetuada como segue:
Linha lateral completa, prolongando-se até a região caudal ... Astyanax
Linha lateral interrompida, não ultrapassando a metade do corpo .... Hyphessobrycon
O gênero Astyanax conta com as espécies Astyanax bimaculatus, A. giton, A. taeniatus, A.
parahybae, A. fasciatus, e A. intermedius na bacia além de uma espécie ainda não descritas
(MELO, 2001).

Figura 91: Astyanax taeniatus Figura 92: A. intermedius.


A espécie mais amplamente distribuída - A. bimaculatus – pertence a um subgrupo
(aparentemente não monofilético) de Astyanax que exibe um padrão característico de escamação.
Usualmente possuem mais escamas do que as demais espécies do gênero e uma linha dorsal
nua, pelo menos a frente da nadadeira.
Peixes como A. scabripinnis, A. intermedius e A. taeniatus ocorrem em trechos com águas
rápidas, em especial no curso médio superior dos rios. As demais espécies são mais comuns em
remansos e também em lagoas, notadamente no que se refere a A. bimaculatus.
Quanto a alimentação, as espécies são omnívoras generalistas, fato verificado por Costa (1987),
para A. taeniatus e por Bizerril (1995), para diversas espécies do rio São João. Contudo, pode-se
observar algumas mudanças quanto ao hábito alimentar de acordo com o ambiente ocupado.
Por exemplo, A. bimaculatus tem sido referida como espécie omnívora (ORTAZ & INFANTE, 1986;
ROMANINI, 1989, UIEDA, 1983), larvófaga (GODOY, 1975), zooplanctófaga facultativa (ARCIFA
et al., 1991) ou predominantemente insetívora (SAZIMA, 1983). Esta condição somente denota a
grande plasticidade trófica da espécie e do gênero como um todo.
Na Bacia do rio Paraíba do Sul como um todo e na do rio Grande especificamente, a reprodução
de A. bimaculatus foi registrada de outubro a fevereiro (ENGEVIX/UFRJ, 1991; NP Consultoria
Ambiental, 2007-2009).
Hyphessobrycon, representado apenas por H. bifasciatus, reúne espécimes de pequeno porte
ocorrendo preferencialmente em brejos, pequenos tributários e no baixo curso do rio Grande.
Peixes da subfamília Bryconinae (gênero Brycon) são facilmente reconhecidos pela disposição
única dos dentes, ordenados em três séries de dentes multicúspides no prémaxilar.

108 de 256
No estado do Rio de Janeiro e como um todo e na Bacia Paraíba do Sul (incluindo o rio Grande
em particular) populações de Brycon vem sofrendo progressivas reduções principalmente devido a
remoção da cobertura vegetal, as alterações nos ambientes fluviais e a competição com espécies
introduzidas.
Duas espécies (Brycon opalinus e B. insignis) ocorrem no rio Grande, com registros entre a área
do eixo da PCH Sossego e a confluência com o Paraíba do Sul, assim como no rio Negro.
A ordem Gymnotiformes reúne peixes sul e centro americanos que possuem mecanismos de
produção e de detecção de campos elétricos. Externamente, são reconhecidos por exibirem
morfologia altamente especializada, que consiste em uma coevolução com o processo de
produção e detecção de campos elétricos.
Verifica-se ausência de nadadeiras dorsal e pélvicas e, em contrapartida, grande desenvolvimento
da nadadeira anal, a qual usualmente conta com mais de 100 raios. A locomoção se dá pela
ondulação da nadadeira anal, enquanto o corpo mantém-se rígido. Desta forma gera-se distúrbio
mínimo no campo elétrico do organismo, não interferindo no sistema de eletrorrecepção.
São predominantemente noturnos, ocultando-se entre rochas, troncos ou na vegetação
escandente durante o dia. A alimentação consiste principalmente de insetos aquáticos, embora
pequenos peixes já tenham sido registrados no conteúdo estomacal de uma das espécies locais
(i.e., Gymnotus carapo).
Dois gêneros ocorrem na Bacia do rio Grande, podendo ser diferenciados pelas características
apresentadas a seguir:
Mandíbula inferior maior que a superior ................ Gymnotus
Sem esta características; Corpo comprimido, alto. Origem da nadadeira anal anterior ou no
mesmo nível da inserção da base das peitorais ..... Eigenmannia
Gymnotus possui duas espécies dentro da área estudada, uma mais comum em trechos com
águas rápidas (Gymnotus pantherinus) e outra encontrada principalmente em brejos ou em
remansos de rios (G. carapo).
Na Bacia do rio Grande Gymnotus panterinus é encontrado apenas no alto curso dos rios Santo
Antônio e São Lourenço.
As duas espécies são facilmente diferenciadas com base no colorido, visto que G. carapo
apresenta um arranjo característico de barras transversais claras e escuras e G. pantherinus
possui colorido mais homogêneo, com pequenas manchas. Além destas características, Albert &
Muller (1995) destaca as relacionadas abaixo:
Cabeça longa, seu comprimento maior que 11% do comprimento total .... G. carapo
Comprimento da cabeça menor que 11% do comprimento total ... G. pantherinus
As espécies de Gymnotiformes dos gêneros Eigenmannia e Gymnotus, são usualmente
consideradas insetívoras ou carnívoras (ELLIS, 1913; RINGUELET et al., 1967; KNOPPEL, 1970;
SAUL, 1975; ANGENMEIER & KARR, 1983; BARBIERI & BARBIERI, 1984; ROMANINI, 1989;
BIZERRIL, 1995, 1996).

Fonte: NP Consultoria Ambiental, 2009


Figura 93: Eigenmania virescens coletada na
AID da PCH Santa Rosa II

109 de 256
O hábito das espécies é relatado como noturno (SAUL, 1975; BULLOCK et al., 1979; SOARES,
1979), habitando microambientes formados sob objetos submersos (UIEDA, 1983), o que, no caso
particular do segundo aspecto, concorda com as observações de Bizerril (1995).
A ordem Synbranchiformes, que possui apenas uma espécie no estado do Rio de Janeiro
(Synbranchus marmoratus). Peixes deste táxon são popularmente denominados muçuns.
São facilmente reconhecidos pelo seu formato, pela ausência de nadadeiras pélvicas e peitorais,
pela posse de nadadeiras caudal, anal e dorsal vestigiais, não sustentadas por raios e por
apresentarem, na região gular, uma fenda respiratória.
Tais organismos, que apresentam hábitos fossoriais, São encontrados tanto em ambientes
lênticos como lóticos, no último caso ocupando áreas protegidas e com baixa correnteza. São
capazes de utilizar o oxigênio atmosférico.
A ordem Cyprinodontiformes tem como representantes mais conhecidos peixes de pequeno porte
(comprimento padrão usualmente menor que 10 cm) popularmente denominados como
"barrigudinhos" (Poeciliidae).
P. vivipara pode ser reconhecida de todas as espécies introduzidas por apresentar uma mancha
escura (ocelo) evidente na porção média do corpo, enquanto em Phalloceros o ocelo se posiciona
em setor posterior do corpo. Este último gênero foi revisado por Lucinda (2008) que atribui o
epíteto P. leptokeras às populações do médio Paraíba.
São espécies vivíparas e omnívoras. No rio Grande, P. vivípara é encontrada apenas no trecho
inferior do rio. Phalloceros leptokeras ocorre em toda a bacia.
A última ordem (Perciformes), conta com duas famílias na Bacia do rio Grande – Scianidae e
Cichlidae.
O scianídeo Pachypops adspersus (corvina de água doce) ocorre apenas na Bacia do rio Paraíba
do Sul, adentrando o curso inferior do rio Grande. Não há dados precisos sobre sua ecologia.
Os Cichlidae ocorrem em toda a Bacia do rio Grande, sendo a espécie G. brasiliensis
particularmente bem distribuída. Cichlasoma facetum é mais comum no baixo curso e em brejos
permanente e lagoas. Crenicichla lacustris ocupa preferencialmente áreas com maior dinâmica de
circulação de água, embora possa ser registrada em ambientes lênticos.
O hábito alimentar de G.brasiliensis tem sido apontado como omnívoro (NOMURA & CARVALHO,
1972; ROMANINI, 1989, VIANA & CARAMASCHI, 1990, PERRONE et al., 1993), concordando,
portanto, com os resultados alcançados por Bizerril (1995) na Bacia do rio São João.
Comportamento demersal, associado a ocupação de áreas com baixa energia hidrodinâmica, foi
observado por Uieda (1984) e por Bizerril (1995) para G. brasiliensis e C. facetum.
No caso específico do gênero Cichlasoma, Bizerril (1995, 1996) classificou a espécie como
omnívora. Exemplares maiores de C. lacustris podem consumir outros peixes.
Algumas das espécies presentes na Bacia do rio Grande apresentam especial importância
bioconservacionista seja por serem endêmicos, raros ou reconhecidos como ameaçados de
extinção.
Estes taxa encontram-se relacionados no Quadro 7 abaixo.
Quadro 7: Espécies de maior importância bioconservacionista.
Taxon Categoria Fonte
Brycon opalinus Ameaçada de Extinção Instrução Normativa MMA no 5 de 21 de maio de 2004
Steindachneridion parahybae Ameaçada de Extinção Instrução Normativa MMA no 5 de 21 de maio de 2004
Rhamdioglanis frenatus Ameaçada de Extinção Lista Estadual de Espécies Ameaçadas (D.O.RJ 5/06/98)
Trichomycterus sp.1 Distribuição restrita
Trichomycterus sp.2 Distribuição restrita

110 de 256
Taxon Categoria Fonte
Trichomycterus florensis Distribuição restrita
Neoplecostomus variipictus Ameaçada de Extinção Lista Estadual de Espécies Ameaçadas (D.O.RJ 5/06/98)

Duas espécies que constam no quadro foram reconhecidas como ameaçadas em nível federal
através da Instrução Normativa 5 do Ministério de Meio Ambiente.
A lista estadual de espécies ameaçadas (cf. MAZZONI et al., 2001) relaciona ainda
Rhamdioglanus frenatus (denominada Chasmocranus truncatorostris no documento) e
Neoplecostomus variipictus, esta última conhecida até o momento apenas da Bacia do rio Grande.
Peixes do gênero Trichomycterus, pelo seu pequeno porte e por ocorrerem preferencialmente na
cabeceira de rios, tendem a apresentar distribuição usualmente restrita a bacia hidrográfica
(COSTA, 1992), o que configuraria condição de endemismo.
Bizerril (1997), dentro do âmbito da COOPERAÇÃO BRASIL FRANÇA, mapeou a distribuição das
espécies pelas unidades ambientais reconhecidas pelo autor.
Atualizando estas informações com os estudos posteriormente desenvolvidos na bacia, incluindo
o levantamento complementar realizado verifica-se uma padrão crescente de riqueza de espécies
que acompanha o gradiente lótico.
O resultado obtido enquadra-se dentro da situação esperada dado ao usual aumento na
diversidade ambiental verificado ao longo de gradientes longitudinais (SOUZA, 1984) e a natural
correlação positiva existente entre a heterogeneidade ambiental e o número de espécies
(WERNER et al., 1977) que, no caso particular de sistemas fluviais, é explicada pelo conceito de
continuidade de rios (VANNOTE et al., 1980).

Figura 94: Número de espécies por unidade ambiental do rio Grande.


Soma-se a estes aspectos a conexão do rio Grande ao Paraíba do Sul, o que permite o ingresso
de espécies ao sistema em estudo.
Assim, pode-se considerar a existência de predomínio de processos de adição de espécies entre
as unidades 1 e 3, passando para um quadro de substituição de taxa no restante do estirão fluvial.
A Tabela 42 abaixo relaciona as espécies com sua ocorrência nas unidades ambientais.
Táxon Unidade I Unidade II Unidade III Unidade IV Unidade V
Hoplias malabaricus 1 1 1 1 1
Hoplerythrinus unitaeniatus 0 0 0 0 1
Prochilodus vimboides 0 0 0 1 1
Prochilodus lineatus 0 0 0 1 1
Cyphocharax gilbert 0 0 0 1 1

111 de 256
Táxon Unidade I Unidade II Unidade III Unidade IV Unidade V
Leporinus copelandii 0 1 1 1 1
L. mormyrops 0 0 0 1 1
L. conirostris 0 0 0 1 1
Characidium interruptum 0 0 0 1 1
Characidium lauroi 1 1 1 1 0
Brycon opalinus 0 1 1 1 1
Brycon insignis 0 0 0 0 1
Oligosarcus hepsetus 0 1 1 1 1
Mimagoniates microlepis 1 0 0 0 0
Astyanax sp.1 0 0 0 1 1
Astyanax bimaculatus 0 1 1 1 1
Astyanax parahybae 0 1 1 1 1
A giton 0 1 1 1 1
A.taeniatus 1 1 1 1 0
A.intermedius 1 1 1 1 0
Bryconamericus tenuis 0 0 0 1 1
Hyphessobrycon bifasciatus 0 0 0 1 1
Glanidium melanopterum 0 0 1 1 1
Parauchenipterus striatulus 0 0 1 1 1
Steindachneridion parahybae 0 0 0 1 0
Microglanis parahybae 0 0 0 0 1
Rhamdioglanis frenatus 1 1 1 0 0
Pimelodella sp. 0 0 0 1 1
P. lateristriga 0 0 0 1 1
Imparfinis minutus 1 1 1 0 0
Rhamdia quelen 1 1 1 1 1
Trichomycterus sp.1 1 1 1 0 0
Trichomycterus sp.2 1 0 0 0 0
Trichomycterus florensis 1 0 1 0 0
Hypostomus affinis 1 1 1 1 1
H. luetkeni 1 1 1 1 1
Hisonotus notatus 0 0 0 1 1
Parotocinclus maculicauda 0 0 0 1 1
Schizolecis guntheri 1 1 1 0 0
Neoplecostomus variipictus 1 1 1 0 0
Harttia loricariformes 0 0 1 1 1
Loricariichthys sp. 0 0 1 1 1
Rineloricaria sp.1 1 1 1 1 0
Rineloricaria sp.2 1 1 1 1 0
Hoplosternum litoralle 0 0 0 0 1
Scleromystax barbatus 1 1 1 0 0
Corydoras nattereri 0 0 0 1 1
Gymnotus carapo 0 0 1 1 1
G. pantherinus 1 1 0 0 0
Eigenmannia virescens 0 0 1 1 1
Poecilia vivípara 0 0 0 1 1
Phalloceros SP 1 1 1 1 1
Synbranchus marmoratus 0 0 0 0 1
Crenicichla lacustris 0 0 1 1 0
Cichlasoma facetum 0 0 0 1 1
Geophagus brasiliensis 1 1 1 1 1
Pachypops adspersus 0 0 0 0 1
Centropomus parallelus 0 0 0 1 1
Awaous tajasica 0 0 0 1 1
Mugil curema 0 0 0 1 1
Tabela 42: Presença (1) das espécies do rio Grande nas unidades ambientais.

Comparando, através do índice de Jaccard, os dados de presença e ausência das espécies


dentro das unidades ambientais, observa-se a formação de três unidades ictiogeográficas,
representadas pela unidade U1 (UI1), U2+U3 (UI2) e U4+U5 (UI3).
Estas unidades serão consideradas nas avaliações subsequentes que integram este documento.

112 de 256
No que se refere a amplitude de distribuição das espécies, observa-se que algumas, como
Hoplias malabaricus, Geophagus brasiliensis, Rhamdia quelen, Phalloceros leptokeras,
Hypostomus affinis e H. luetkeni ocorrem em toda a extensão do rio Grande.
Devido a menor diferenciação existente entre a Unidade 1 e 2, devido a compartilharem diversas
espécies, observou-se menor concentração de espécies passíveis de serem classificadas como
“preferentes” (sensu DAJOZ, 1975) nesta área em comparação com a Unidade 3, a qual é a única
área com registro de diversas espécies.
Esta última unidade por sua conexão com o rio Paraíba do Sul apresenta uma série de espécies
que indicam intercâmbio de fauna entre os sistemas do rio Grande e Paraíba. São exemplos os
grupos marinhos eurialinos e grandes migradores como aqueles pertencentes ao gênero
Prochilodus.

Unidade IV

Unidade III
Unidade V

Unidade II

Unidade I
1

0,9

0,8

0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0 0,6 1,2 1,8 2,4 3 3,6 4,2 4,8 5,4 6

Figura 96: Agrupamento das unidades ambientais


com base na similaridade (Jaccard) ictiofaunística
(Cluster por distância pareada; Correlação
Figura 95: Mapeamento das unidades ictiogeográficas Cofenética = 0,91)

Pela relativa similaridade entre as dimensões do sistema de drenagem e o canal principal,


observa-se na primeira unidade ictiogeográfica uma compartimentação espacial da ictiofauna mais
condicionada as diferentes formas de uso dos microambientes.
Esquematicamente, esta distribuição pode ser resumida conforme a ilustração abaixo.

113 de 256
Como se observa, nesta unidade a complexidade ambiental (logicamente associada a qualidade
da água) é um elemento chave na manutenção de riqueza biológica. Parte desta complexidade
deriva direta ou indiretamente da vegetação ripariana, o que torna a preservação destas uma
estratégia de especial importância para este trecho.
Ao longo do gradiente fluvial a diferenciação ambiental entre o canal principal do rio Grande e
seus tributários torna-se progressivamente mais marcada. Já na unidade ictiogeográfica seguinte,
pode-se verificar uma nítida separação das comunidades de peixes presentes neste sistemas.
Esta diferenciação é explicada em parte pelas limitações de exploração do habitat impostas pelo
tamanho geral dos organismos.
Estudos desenvolvidos acerca de atividades natatórias de peixes indicam que a velocidade de
natação aumentam em uma relação de cerca da raiz quadrada do comprimento e a potência de
0,17 da massa corporal. Em paralelo, a capacidade de manter natação sustentável aumenta com
acréscimos no tamanho (BEAMISH, 1978, apud NIELSEN, 1984), haja vista que a energia cinética
relaciona-se com o vetor geral de comprimento a quinta potência (GOULD, 1978).
O tamanho interage ainda com a profundidade, restringindo ainda mais o uso do sistema. Esta
condição foi verificada em outros rios de outras unidades icitiogeográficas (cf. BIZERRIL, 1995,
1996).
Neste contexto, formas juvenis de algumas espécies que tem o canal principal como ambiente
preferencial, como por exemplo Hypostomus spp., Geophagus brasiliensis e Rhamdia quelen,
utilizam a rede de drenagem aparentemente como área de crescimento, fato este observado por
outros autores (i.e. ROJAS-BELTRAN, 1986; TORLONI et al., 1988; GARUTTI, 1988; BIZERRIL e
ARAÚJO, 1992) que demonstraram a importância dos sistemas fluviais contribuintes como áreas
de reprodução e de manutenção dos estoques juvenis de diversas espécies de peixes presentes
na calha principal de diferentes complexos hidrográficos.
Este padrão geral de distribuição concorda com os resultados apresentados por Thompson e
Hunte (1930), Hynes (1970) e Wikramanayer (1990) para outras ictiocenoses, nos quais os

114 de 256
autores demonstraram que o tamanho médio dos espécimes aumenta ao longo do gradiente
longitudinal e com o incremento nas dimensões gerais do rio.
Pequenos Tributários (1a e
Canal Principal Tributários Maiores
2a ordens)

Hoplias malabaricus Characidium sp. Characidium sp.


Leporinus copelandii Imparfinis minutus Astyanax bimaculatus
Oligosarcus hepsetus Trichomycterus sp.1 Astyanax parahybae
Astyanax bimaculatus Trichomycterus florensis A giton
Astyanax parahybae Schizolecis guntheri A.taeniatus
A giton Phalloceros sp A.intermedius
A.taeniatus Rhamdioglanis frenatus
A.intermedius Imparfinis minutus
Glanidium melanopterum Rhamdia quelen
Parauchenipterus striatulus Hypostomus affinis
Rhamdia quelen H. luetkeni
Hypostomus affinis Schizolecis guntheri
H. luetkeni Neoplecostomus variipictus
Harttia loricariformes Rineloricaria sp.1
Loricariichthys sp. Rineloricaria sp.2
Rineloricaria sp.1 Scleromystax barbatus
Rineloricaria sp.2 Gymnotus carapo
Scleromystax barbatus G. pantherinus
Gymnotus carapo Phalloceros sp
G. pantherinus Geophagus brasiliensis
Eigenmannia virescens
Phalloceros sp
Crenicichla lacustris
Geophagus brasiliensis

A diferenciação entre as comunidades íctias torna-se bastante clara na última unidade quando há
uma nítida diferenciação das mesmas de acordo com o tipo de ambiente integrante da bacia.
Logicamente, pelo carácter dinâmico das ictiocenoses, algumas interpolações podem ocorrer em
situações específicas ao longo do ano, como por exemplo durante atividades de migração em que
espécies do canal principal podem adentrar a rede de drenagem, um aspecto que será detalhado
no item “Migrações”.
O esquema abaixo lista, de forma simplificada, a distribuição das espécies considerando seu
habitat preferencial dentro do esquema de compartimentação horizontal da drenagem.

115 de 256
a a
Pequenos Tributários (1 e 2
Canal Principal Tributários Maiores
ordens)

Hoplias malabaricus Characidium interruptum Hoplias malabaricus


Hoplerythrinus unitaeniatus Characidium sp. Leporinus copelandii
Prochilodus vimboides Hyphessobrycon bifasciatus Astyanax sp.1
Prochilodus lineatus Juvenis de Astyanax spp. Astyanax bimaculatus
Cyphocharax gilbert Microglanis parahybae Astyanax parahybae
Leporinus copelandii Poecilia vivipara A giton
L. mormyrops Phalloceros sp A.taeniatus
L. conirostris Juvenis de G. brasiliensis A.intermedius
Brycon opalinus Pimelodella sp.
Oligosarcus hepsetus P. lateristriga
Astyanax sp.1 Rhamdia quelen
Astyanax bimaculatus Hypostomus affinis
Astyanax parahybae H. luetkeni
A giton Hisonotus notatus
A.taeniatus Parotocinclus maculicauda
A.intermedius Harttia loricariformes
Glanidium melanopterum Loricariichthys sp.
Parauchenipterus striatulus Rineloricaria sp.1
Steindachneridion parahybae Rineloricaria sp.2
Pimelodella sp. Corydoras nattereri
P. lateristriga Gymnotus carapo
Rhamdia quelen Eigenmannia virescens
Hypostomus affinis Poecilia vivipara
H. luetkeni Phalloceros sp
Hisonotus notatus Synbranchus marmoratus
Parotocinclus maculicauda Crenicichla lacustris
Harttia loricariformes Cichlasoma facetum
Loricariichthys sp. Geophagus brasiliensis
Rineloricaria sp.1
Rineloricaria sp.2
Hoplosternum litoralle
Corydoras nattereri
Gymnotus carapo
Eigenmannia virescens
Poecilia vivipara
Phalloceros sp
Synbranchus marmoratus
Crenicichla lacustris
Cichlasoma facetum
Geophagus brasiliensis
Pachypops adspersus

Há de se destacar que neste trecho existem poucos tributários de maior porte 2, o que torna a
preservação dos mesmos especialmente relevante. Destes, destaca-se o Ribeirão dos Passos,
situado imediatamente a jusante do eixo da PCH Sossego, como o mais representativo.
No canal principal deste setor, a variação das condições geomorfológicas e de circulação
hidrodinâmica são aspectos de especial importância para a manutenção de comunidades de
peixes com alta riqueza, haja vista que favorecem a presença de organismos com distinta
demandas quanto a condições ambientais específicas.

2
Não incluindo do rio Negro nesta avaliação.

116 de 256
Neste contexto, ambientes de corredeiras, remansos e áreas de deposição atuam como habitat
ótimo para conjuntos diferenciados de organismos e a existência em um mesmo recorte
geográfico destas condições traduz-se na variedade de formas atualmente registrada no setor.
Como apresentado em Coelho & Zalewski (1995), bem como em Schiemer et al., (1995) e em
Bizerril (1996), dentre outros, aspectos como presença de bancos de areia, corredeiras,
variabilidade de sedimento, variedade de profundidade, atuam como elementos de quebra na
homogeneidade da paisagem fluvial, em um plano vertical, permitindo o estabelecimento de
populações de diferentes espécies ao longo do gradiente.
Na Bacia do rio Grande, foram registrados, até o presente, os grupos exóticos listados no Quadro
8 abaixo.
Quadro 8: Espécies de peixes introduzidas (ou exóticas) existentes na bacia do rio Grande.
TAXON VERNÁCULO ÁREA DE REGISTRO
CYPRINIFORMES
Cyprinidae
Cyprinus carpio Carpa Toda a bacia
Ctenopharyngodon idella Carpa capim Unidades ictiogeograficas 3, 4 e 5
CHARACIFORMES
Serrasalmidae
Piaractus mesopotamicus Tambaqui Unidades ictiogeograficas 3, 4 e 5
Characidae
Salminus maxilosus Dourado Unidades ictiogeograficas 4 e 5
Brycon sp. Matinxã Unidades ictiogeograficas 4 e 5
Leporinus macrocephalus Piau Açu Unidades ictiogeograficas 4 e 5
SILURIFORMES
Clariidae
Clarias gariepinnus Bagre africano Unidades ictiogeograficas 4 e 5
Pimelodidae
Pseudoplatystoma sp. Cachara Unidades ictiogeograficas 4 e 5
Pimelodus fur Bagre pintado Unidades ictiogeograficas 4 e 5
CYPRINODONTIFORMES
Poeciliidae
Poecilia reticulata Barrigudinho Toda a bacia
Xiphophorus helleri Espada Toda a bacia
PERCIFORMES
Cichlidae
Cicha sp. Tucunaré Unidades ictiogeograficas 4 e 5
Tilapia rendalli Tilapia Toda a bacia
Oreochromis niloticus Tilápia do Nilo Toda a bacia

A ausência de dados precisos acerca da real distribuição geográfica de espécies de peixes de


água doce da região neotropical pode conduzir a interpretações equivocadas quanto a eventuais
introduções. Oliveira (1991), por exemplo, considerou Hoplosternum litoralle uma espécie não
nativa da Bacia do rio Paraíba do Sul.
Considerando não se tratar de espécie criada em piscicultura que justificasse sua introdução
acidental ou intencional e por possuir ampla distribuição em outros setores do estado e do Leste
do Brasil (BIZERRIL e PRIMO, 2002), a mesma foi considerada como nativa da área em estudo.
Na mesma categoria está a tão controversa origem de Prochilodus lineatus (= Prochilodus scrofa).
Este táxon, que ocorre na Bacia do alto rio Paraná e em alguns sistemas fluminenses, é
usualmente apontado como um organismo introduzido no estado do Rio de Janeiro (cf.
NOMURA, 1978).
De fato, introduções de P. lineatus procedentes da Bacia do rio Paraná têm sido efetuadas, tanto
acidentalmente quando de forma intencional. Contudo, é possível que esta espécie estivesse
originalmente presente nas água interiores de nosso estado, exibindo, desta forma, um padrão de
distribuição geográfica similar ao apresentado por P. vimboides, que também ocorre no alto rio
Paraná, na Bacia do rio Paraíba do Sul e em sistemas costeiros do estado do Espirito Santo
(RICARDO MACEDO C. CASTRO, USP/Ribeirão Preto, comunicação pessoal).

117 de 256
Este fato não atenua o impacto que o processo de introdução de espécimes procedentes de
outras bacias hidrográficas, portanto com histórias evolutivas diferentes, pode potencialmente
acarretar aos taxa nativos.
A falta de dados precisos sobre as consequências que estes eventos podem acarretar sobre a
biota fluvial brasileira permite apenas que se especule quanto a possibilidade de introdução de
patógenos, hibridizações e comprometimento da identidade genética das populações
verdadeiramente nativas.
Das espécies listadas, algumas têm sido identificadas como importantes agentes de impacto em
outras regiões. Destas, destaca-se as espécies de Cichla, Cyprinus carpio, Clarias gariepinnus por
seu impacto negativo sobre populações derivado da predação ou competição (COURTENAY e
ROBINS, 1973; COURTENAY e STAUFER, 1984; AGOSTINHO e JÚLIO, 1996; BIZERRIL, 1999).
Ctenopharigodon idella é apontada como responsável, na América do Sul e no Sul do Brasil, pela
introdução de patógenos e parasitas causando a infestação de espécies nativas e peixes em
cultivo por Bothriocephalus acheilognathi, cestódeo endêmico da China (AGOSTINHO e JÚLIO,
1996.). Peixes bentófagos, como C. carpio, T. rendalli e O. niloticus parecem atuar como
catalisadores do processo de modificação ambiental (AGOSTINHO e JÚLIO, op. cit.).
Tomando como base os relatos de moradores, pode-se estabelecer uma cronologia de algumas
das introduções.
As mais antigas (i.e., já conhecidas desde os anos 70) incluem o dourado, a tilápia e as carpas.
O bagre africano começou a ser registrado no início dos anos 90, juntamente com tambaquis e a
forma híbrida tambaqui x pacu (popularmente tambacu). No final desta década registrou-se a
presença do Cachara (Pseudoplatystoma sp.), do piau Açu (Leporinus macrocephalus).
Mais recentemente (i.e., nos últimos 5 anos) vem sendo registrada a presença da matrinxã
(Brycon sp.).
O dourado (Salminus maxilosus) tem um histórico particular de introdução na bacia.
Como descrito em Bizerril e Primo (2002), A primeira tentativa de introduzir o dourado na Bacia do
rio Paraíba do Sul foi realizada no tempo de D. Pedro II, quando o vale ainda se encontrava em
pleno florescimento econômico. Foram particulares que lançaram dourados procedentes do rio
das Velhas ( Bacia do rio São Francisco).
Esta tentativa se realizou em redor de 1884 e não deu resultados práticos. Em 1931 foram soltos
de novo 5 machos e 4 fêmeas de dourado de 30-50 cm, provenientes da Cachoeira de Emas e de
Piracicaba (SP). Esta iniciativa deveu-se ao interesse do Dr. Rodolpho Von Ihering e do então
Diretor do Departamento da Indústria Animal, mas nunca mais houve notícias de captura de um
exemplar deste lote.
Em 1945, foi realizado pela Estação Experimental de Pirassununga (SP) em colaboração com a
Divisão de Proteção o Produção de Peixes e Animais Silvestres um transporte de 500 dourados
de cerca de 25 cm de comprimento em média para o rio Paraíba, soltos em dois pontos diferentes.
Um lote foi lançado rio trecho que banha a cidade de Pindamonhangaba e o segundo em
Guaratinguetá.
Já em 1947 conseguiram os pescadores apanhar os primeiros exemplares e em 1948 apareciam
os primeiros dourados nos mercados locais. O peso médio dos dourados apanhados em 1950 foi
de 2,5 kg e em 1951 foi de 2,8 kg. Em 1952 já se pescaram diversos exemplares de 1,8 kg
pesando o maior dourado 28,4 kg, apanhado na região de Cachoeira Paulista. Em 1948 foram
encontrados peixes jovens da primeira desova realizada.
Em 1951, a desova foi acompanhada pela Divisão de Proteção e Produção de Peixes e Animais
Silvestres. Entre 26 a 29 de novembro de 1951, houve corrida de dourados que se acumularam

118 de 256
junto à cidade de Paraibuna, no trecho compreendido entre a Usina Vigor e a confluência
Paraitinga-Paraibuna. A desova se deu em 28 de novembro, à noite.
Até o presente inúmeras outras introduções não documentadas ocorreram na Bacia do rio Paraíba
do Sul. Como resultado do processo, a espécie encontra-se, atualmente, plenamente aclimatada
ao sistema de tal forma que muitos moradores julgam se tratar de uma espécie alóctone.
Embora seja um peixe nobre e com valor econômico, trata-se de um fator de impacto para a Bacia
do Paraíba do Sul como um todo e para a do rio Grande em particular, aumentando a pressão da
predação sobre outras espécies.
Com base nos dados já disponíveis (na Bacia do rio Grande ou áreas próximas) acerca da época
de reprodução das espécies da área em estudo verifica-se que no rio Grande o momento de pico
reprodutivo da bacia se dá em sincronia com os picos de vazão, notadamente entre novembro e
fevereiro.
Foram feitas inferências acerca da estratégia reprodutiva das 57 espécies nativas de peixes de
água doce registradas no rio Grande. Estas inferências foram baseadas em informações
disponíveis na literatura especializada a nível específico ou genérico sendo, portanto, sujeita a
comprovação local.
Para a análise foi foram adotadas categorias de estratégia reprodutiva amplas, a saber:

• Sedentários Sem Cuidado Parental;

• Sedentários Com Cuidado Parental;

• Migradores.
As espécies sedentárias são aquelas aptas a desenvolver todas as atividades vitais (alimentação,
reprodução e crescimento) numa área restrita da bacia. Esta categoria é mais frequente em
ambientes lênticos, onde apresentam adaptações respiratórias a períodos de baixa oxigenação,
tolerando grandes variações térmicas (AGOSTINHO, 2003).
Espécies dessa categoria são também frequentes em riachos e ribeirões, onde apresentam
morfologia adaptada a uma existência em águas correntes, sendo neste caso sensíveis à baixas
concentrações de oxigênio.
A reprodução ocorre, geralmente, durante período prolongado e está associada a desovas
parceladas. Incluem-se nesta categoria as espécies com ovócitos grandes, baixa fecundidade e
são menos dependentes do regime de cheias. Alguns membros desta categoria são bem-
sucedidos na ocupação dos novos ambientes formados pelos represamentos ou mesmo em rios
de vazão controlada (AGOSTINHO, 2003).
Espécies migradoras realizam deslocamentos que antecedem a reprodução. Estes deslocamentos
podem se limitar a trechos reduzidos do canal principal ou de tributários, caracterizando pequenos
migradores.
As grandes migradoras, também conhecidas como espécies potamódromas, requerem amplos
trechos livres da bacia, onde se deslocam por grandes distâncias.
Embora os deslocamentos mais relevantes sejam os reprodutivos, é possível reconhecer outras
motivações. Assim, ocorrem também migrações de caráter térmico ou sazonal, trófico ou
nutricional, e ontogenético ou de crescimento, quase todas, de alguma forma, associadas ao
regime hidrológico (BONETTO & CASTELLO, 1985; AGOSTINHO, 2003).
Sete espécies reconhecidamente possuem cuidados parental, a saber: H. malabaricus, H.
unitaeniatus, H. litoralle, Loricariichthys sp., C. lacustris, C. facetum e G. brasiliensis. Mazzoni e
Caramaschi (1997) hipotetizaram que as espécies de Hypostomus da Bacia do rio Paraíba do Sul

119 de 256
também apresentassem cuidados parentais, tendo como base um decréscimo observado na
abundância de espécimes machos durante o período reprodutivo.
Embora cuidados parentais ocorrem em outras espécies de Hypostomus (cf. MENEZES &
CARAMASCHI, 1994), não há, até o momento, dados que assegurem este comportamento as
espécies presentes na Bacia do rio Grande.

Figura 97: Percentual de espécies migradoras (M),


sedentárias sem cuidado parental (SSCP) e
sedentárias com cuidado parental (SCCP).
São espécies migradoras: Prochilodus vimboides, Prochilodus lineatus, Cyphocharax Gilbert,
Leporinus copelandii, L. mormyrops, L. conirostris, Brycon opalinus e Steindachneridion
parahybae.
Quanto a este aspecto, destaca-se que não há unanimidade no enquadramento de algumas
destas espécies na categoria “migratória”.
Este fato ocorre para B. opalinus, classificada como sedentária por Gomiero & Braga (2007) e
migratória por outros autores (e.g. ARAÚJO & NUNAN, 2005). Em paralelo, nada se sabe sobre a
reprodução de L. mormyrops, sendo a espécie usualmente classificada como migratória (ARAÚJO
& NUNAN, 2005) provavelmente por ser este um comportamento comum ao gênero (NOMURA,
1970).
Ressalta-se ainda que pequenos deslocamentos podem ser realizados por diversas espécies de
Astyanax. Contudo estes tem sido usualmente classificados como migradores facultativos.
Destas espécies migratórias, apenas Prochilodus vimboides, P. lineatus e S. parahybae são
consideradas grandes migradores.
A existência de espécies migradoras em uma bacia tem sido um dos principais aspectos quando
da avaliação dos impactos provocados por barramentos, uma vez que. em diversos rios
brasileiros, dentre eles o Paraíba do Sul (ARAUJO e NUNAN, 2005), tem sido detectada
diminuição de estoques pesqueiros, atribuída, dentre outros fatores, a falhas no recrutamento por
interrupção da migração dos peixes.
Como descrito em Agostinho (2003), a migração exerce um papel fundamental no sucesso
reprodutivo dos peixes, porque ela promove o encontro de um elevado número de indivíduos de
ambos os sexos em uma área apropriada para a fertilização dos ovos, desenvolvimento (elevada
oxigenação) e baixa predação (pequena transparência da água). Então, a migração está atrelada
a adequação de ambientes para os ovos e a vantagem da reprodução coletiva, com o lançamento
simultâneo de grande quantidade de gametas, aumentando a fertilização e chances de
sobrevivência dos ovos.

120 de 256
Segundo Clay (1995), os peixes durante o seu processo de deslocamento rio acima (migração -
piracema), utilizam áreas onde a velocidade da corrente é menor, normalmente as regiões laterais
dos cursos d’água. Esta estratégia é utilizada, principalmente, quando a velocidade da corrente
suplanta a velocidade de natação dos peixes (PAVLOV, 1984).
Embora seja consenso que os grandes Characiformes (peixes de escama) desenvolvam
migrações ascendentes no início das cheias e com finalidade reprodutiva, essa generalização não
pode ainda ser estendida a todos os peixes migradores neotropicais. Mesmo para peixes de
escama, Bonetto e Castello (1985) relatam que uma considerável parte do cardume marcado de
espécies reconhecidamente migradoras (grumatã e dourado) permaneceu nos locais de soltura
por períodos prolongados. O fato levou esses pesquisadores a sugerir que os estoques dessas
espécies seriam compostos por “ecótipos” distintos, alguns requerendo amplos deslocamentos
para manter suas populações e reproduzir e outros podendo fazê-lo em áreas mais restritas
(AGOSTINHO, 2003).
A despeito desta consideração, algumas avaliações ambientais, voltadas a gerar subsídios para
licenciamento de empreendimentos hidrelétricos tem adotado valores fixos para estabelecer
condições ótimas ou aceitáveis para a manutenção de atividade reprodutiva de espécies reofílicas
em rios sujeitos a barramentos.
Dentro desta perspectiva linear, o MMA (2009) considerou, em estudo de caso no rio Uruguai, que
a condição ótima seria aquela em que sejam garantidos 250 km de rio livre de barramentos
enquanto que a aceitável implica em garantir 80 km de estirão fluvial sem barragens.
Estes valores foram baseados em estudos desenvolvidos na Bacia do Paraná (AGOSTINHO e
ZALEWSKI, 1996; VAZZOLER et al.,1997; NAKATANI et al., 1997; AGOSTINHO, 2004).
Consequentemente não são aplicáveis a Bacia do rio Grande (nem tampouco a qualquer outra
bacia que não seja a do Paraná).
Como destacado por Agostinho (2003), o trecho mínimo de rio necessário para que as atividades
vitais de peixes se realizem em toda a sua plenitude é desconhecido. Deve variar com a espécie
considerada, as condições ambientais do trecho e mesmo dentro de uma dada população.
A distribuição das espécies migradoras se dá de forma diferenciada na bacia. Esta distribuição
pelas unidades ictiogeográficas reconhecidas e apresentada abaixo.

• Unidade Ictiogoegráfica 1 – Nesta unidade não existem espécies migradoras. Cuidados


parentais ocorrem em Hoplias malabaricus e Geophagus brasiliensis;

• Unidade Ictiogoegráfica 2 – Apenas uma espécie migradora – Leporinus copelandii, que


realiza pequenas migrações. É importante destacar nesta unidade a espécie possui
registros apenas na área do reservatório da PCH Santa Rosa II, informação derivada dos
monitoramentos desenvolvidos para este empreendimento;
A única informação produzida a partir de dados primários para área a montante do
remanso da PCH Santa Rosa II refere-se ao resgate da ictiofauna ocorrida quando da
construção das ensecadeiras da PCH Santo Antônio. Nesta atividade não foram coletados
espécimes de L. copelandii (AGRAR, 2009).

• Unidade Ictiogoegráfica 3 – Esta unidade mantém a maioria das espécies migradoras do


rio Grande, que representam 18% da biodiversidade local.
Nas bacias do leste brasileiro, as espécies migradoras parecem estar amplamente distribuídas ao
longo dos rios, estando ausentes somente acima de grandes obstáculos naturais - cachoeiras ou
de barramentos que não mantiveram trechos lóticos significativos à montante (F. Vieira e P. S.
Pompeu obs. pes.).

121 de 256
Apenas o piau-vermelho (Leporinus copelandii) costuma ser encontrado a montante destes
obstáculos, o que sugere que esta espécie é capaz de completar seu ciclo de vida em pequenos
trechos de rio.
A conectividade entre fragmentos ambientais que compõem o mosaico ambiental de uma bacia
hidrográfica, conquanto se dê também em dimensão lateral (i.e., conectividade entre o canal
principal e sistemas afluentes ou entre o rio principal e ecossistemas periféricos), assume uma
percepção óbvia dentro do eixo longitudinal, pela possibilidade de que acidentes geográficos
venham a representar barreiras ao pleno deslocamento da ictiofauna.
A existência de irregularidades ao longo do canal fluvial, derivadas de erosão diferencial ou de
processos de reativação geológica, quando associadas às condições hidráulicas do rio
influenciam de forma direta o comportamento reprodutivo de peixes migradores, bem como podem
vir a ocasionar vicariância de populações, potencialmente desencadeando, desta forma,
processos de evolução alopátrica que poderão se refletir sobre a biodiversidade genética ou
morfológica das ictiocenoses (STUART, 1964; KOTTELAT, 1998).
Cabe destacar que a análise de barreiras físicas deve sempre inserir, em seu conteúdo, a
apreciação da escala temporal de longo prazo (i.e., superior a de uma geração humana). Assim,
uma condição comumente verificada em rios brasileiros, na qual há a ocorrência de determinadas
espécies tanto a montante como a jusante de acidentes geográficos intransponíveis pode indicar
tanto a ocorrência de processos de dispersão (montante-jusante) como a eficácia momentânea do
referido acidente como uma barreira ao deslocamento.
Esta observação encontra-se documentada, para rios brasileiros, na literatura científica desde
estudos de Haseman (1911).
Os parâmetros hidráulicos que influenciam a capacidade de transposição de rupturas de declive
são uma função de variáveis geomorfológicas e hidrológicas. Desta forma, considerando a
condição geomorfológica de uma determinada região como uma constante e a hidrologia como
variável, a análise da hidráulica relacionada às capacidades das diferentes espécies de peixes
podem determinar o impacto de barreiras no sucesso de transposição (POWERS e
OSBORNO,1985).
Em um sistema fluvial, as principais barreiras potenciais ao deslocamento reprodutivo são
representadas por quedas d'água e rampas.
Logicamente, barreiras não afetam apenas deslocamentos reprodutivos, representando, em
verdade, elementos que estruturam a distribuição da ictiofauna como um todo dentro da bacia
hidrográfica. Contudo, muito do enfoque adotado neste documento concentra-se na influência das
barreiras sobre a reprodução.
Este recorte conceitual foi adotado considerando-se que a reprodução representa um dos
aspectos mais importantes da biologia de uma espécie, visto que de seu sucesso dependem o
recrutamento3 e, consequentemente, a manutenção de populações viáveis.
Quedas d'águas (i.e. cachoeiras) em sua forma mais simplificada (i.e., queda única e homogênea)
apresentam-se transponíveis de acordo com a capacidade de salto das espécies de peixes.
Rampas, embora apresentem-se em ângulo de inclinação inferior ao de cachoeiras mostram-se
seletivos face a alta velocidade de circulação e, pela ausência de áreas de repouso. Como
destacado por Powers e Osborn (1985), a circulação verificada em rampas determina maior
aeração da água, fator que conduz a formação de mistura com menor densidade. A redução na
densidade do meio líquido, por sua vez, reduz a força propulsiva dos peixes e a capacidade de
flutuação.
Neste contexto, pode-se considerar as quedas e cachoeiras como barreiras altitudinais, enquanto
rampas representam barreiras de velocidade.
3
= incorporação de novos indivíduos à população.

122 de 256
Figura 98: Exemplos de acidentes que podem Figura 99: Exemplos de acidentes que podem
representar barreiras à migração (queda), representar barreiras à migração (rampa)
Soma-se a estas duas configurações do canal fluvial, a existência de corredeiras. Corredeiras
representam, para a ictiofauna, áreas com grande velocidade, turbulência excessiva e com
dificuldades de orientação.
Nestes ambientes, a presença de “boulders” usualmente cria áreas de descanso, favorecendo a
transposição dos mesmos.
É igualmente comum a associação entre corredeiras e remansos, criando áreas de agrupamento
de cardumes a jusante das corredeiras.
Dos elementos descritos acima, as corredeiras são as feições mais características no rio Grande,
não configurando em elemento de quebra no continun fluvial. Este fato pode ser evidenciado, por
exemplo, pelo livre trânsito de espécies marinhas eurialinas neste rio até a região da PCH
Sossego conforme registrado no estudo de impacto ambiental do empreendimento.

Figura 100: Exemplo de corredeiras do rio Grande Figura 101: Exemplo de corredeiras do rio Grande
(AID das PCHs São Sebastião do Alto). (AID das PCHs Caju).
Na área da PCH Santa Rosa II, um acidente geográfico, localmente denominado Cachoeirão
(AGRAR, 2009) conjuga queda com rampa e, para alguns moradores é considerado uma barreira
à migração dos peixes.
Embora este acidente não possa se configurar em uma barreira intransponível, especialmente
quando se considera as variações das vazões do rio em escalas de milênios, é um elemento de
filtragem.
Neste local atuam os seguintes aspectos críticos:

123 de 256
• Velocidade da água - Velocidades superiores a performance natatórias dos peixes podem
gerar uma "barreira de velocidade". A distância que um peixe pode nadar é uma função da
velocidade da água, velocidade do peixe e tempo de fadiga. Em um deslocamento ao
longo de uma rampa, a natação não é de cruzeiro e sim de aceleração rápida, baseada na
musculatura branca. Desta formas, o tempo necessário para atingir a fadiga é curto.
Não há base de dados para a biota neotropical que permita acessar o tempo necessário
para o estabelecimento de situação de fadiga. Adotando estudos desenvolvidos na região
Neártica, observa-se, por exemplo, que Bell (1973) sugeriu que a velocidade de
aceleração rápida pode ser mantida entre 5 e 10 segundos.
Esta variável é incorporada na equação gerando CNP = (VP - VA)TF, sendo CNP =
distância que o peixe pode nadar; VP = velocidade do peixe e VA = velocidade da água. TF
corresponde ao tempo necessário para atingir a fadiga.
Haja vista a ausência de dados passíveis de serem aplicados para peixes neotropicais,
pode-se concluir apenas que a velocidade da água apresenta correlação negativa com a
capacidade de transposição da rampa.

• Mistura - Irregularidades presentes em uma rampa, quando em um sistema de grande


fluxo de água, favorecem a mistura de água e ar. Jackson (1950) verificou que a
turbulência em uma rampa prejudica a natação dos peixes, determinando gastos
energéticos para resistir a movimentos de "upweling", vórtices, etc. Stuart (1964) destacou
que a redução na densidade da água em decorrência da mistura água + ar (i.e., águas
brancas) reduz a força de propulsão da cauda dos peixes.

• Abrigos – Powers e Osborn (1985), integrando aspectos de hidráulica e física, concluíram


que "Because of the violence in turbulent flow and the effect it has of reducing fish
capabilities, it will be assumed (...) that any waterfall that is steep enough to accelerate de
flow into turbulent white water is a total barrier to all fish attempting to swim up the barrier".
Contudo, como observado pelos autores, em situações como as relatadas, "Fish can only
pass if they leap and clear the area of turbulence before landing". Desta forma, a
passagem por rampas com alta turbulência é possível na presença de abrigos ao longo do
traçado, que permitam o deslocamento em saltos.

• Altura - A altura da queda d'água deve situar-se dentro do potencial de salto das espécies
ocorrentes nos rios.

• Profundidade crítica ao longo da queda - Esta variável encontra-se diretamente


correlacionada com a anteriormente descrita. Sistemas com relevo irregular porém com
baixa vazão não permitem que novo impulso seja realizado.

• Declividade - A ausência de profundidade para impulso saltatório pode ser compensada


pela baixa declividade que permita movimento ascendente magnificado pelo atrito entre o
peixe e o substrato (crawling). Assim, sistema com grande declividade são particularmente
limitantes.

• Profundidade a jusante da queda - De forma similar ao item c, a profundidade a jusante da


queda é fator chave para o salto

• Profundidade crítica na área a montante da queda - uma vez transposto o acidente


geográfico, o peixe pode ser novamente arremetido para jusante, caso a profundidade no
local de chegada seja muito baixa, magnificando a ação da vazão sobre o organismo.
Destaca-se ainda, que além de barreiras físicas, um sistema fluvial pode exibir barreiras químicas
que restrinjam ou impeçam o uso do mesmo como um unidade funcional plena. Estas barreiras
podem ser naturais derivadas, por exemplo, da penetração de cunha salina (no caso de rios

124 de 256
costeiros) ou de diferenças na qualidade da água como resultado da drenagem de diferentes
facies ecológicas da bacia hidrográfica.
Não é raro, contudo, que barreiras químicas sejam de origem antrópica. Em diversas bacias
brasileiras, as alterações na qualidade da água derivadas do lançamento de efluentes vêm
restringindo o uso de rios como rotas migratórias (cf. BIZERRIL & PRIMO, 2001), fato este
verificado em diversos rios do estado e provavelmente presente no rio Grande.
Integrando estes aspectos com as características ecológicas das espécies migratórias, pode-se
efetuar mapeamento das rotas de migração.
O primeiro mapeamento de rotas migratórias do rio Grande foi realizado pela Monasa (1984)
quando do inventário hidrelétrico do baixo rio Paraíba do Sul e do rio Itabapoana. Embora
realizado de forma expedita, este mapeamento vem se mostrando bastante preciso, sendo
corroborado pelos resultados que vem sendo obtidos nos novos estudos e levantamentos em
curso na bacia. Esta nova gama de informação tem indicado apenas a necessidade de algumas
adequações.

Fonte: MONASA (1986)


Figura 102: Migração das espécies de peixes no
interior do rio Grande/Dois Rios.
Com base neste trabalho, as migrações ocorrem tanto no rio Grande quanto no rio Negro. No
primeiro caso estando compreendida entre o eixo da PCH Sossego e a confluência com o Paraíba
do Sul e, no segundo, entre a PCH Euclidelândia e a foz do rio Dois Rios.
A área apontada como final de rota de migração no rio Grande conjuga as barreiras físicas e
químicas anteriormente descritas, visto que, além da existência do “Cachoeirão” é justamente a
montante do local apontado como final de rota de migração que a água do rio Grande passa a
apresentar níveis gradualmente mais baixos de integridade.
As novas observações realizadas permitem maior detalhamento do padrão migratório mapeado
sem, contudo, se configurar em um quadro definitivo, haja vista a necessidade de maior
aprofundamento dos estudos.
Pelo padrão de distribuição das espécies e pela integração dos resultados obtidos até o presente
com as informações fornecidas por moradores e pescadores da região, pode-se hipotetizar os
seguintes como áreas de deslocamentos:

• Baixo rio Grande e baixo rio Negro – Com deslocamentos de cardumes dos grandes e
pequenos migradores da registrados na bacia;

125 de 256
• Médio rio Grande entre o remanso da PCH São Sebastião do Alto e a casa de força da
PCH Santa Rosa II, incluindo o ribeirão dos Passos – Deslocamentos de pequenos
migradores.
Dentro da discussão de rotas migratórias é importante destacar que rio Grande não se configura
em um sistema fluvial isolado, estando o mesmo física e biologicamente integrado ao rio Paraíba
do Sul.
Neste contexto, o rio Grande/Dois rios associa-se ao baixo curso do rio Paraíba que exibe, até sua
desembocadura, três condições ambientais bastante diferenciadas, conforme descrito por Bizerril
e Primo (2001).
Os autores reconheceram 3 grandes domínios ambientais, descritos como:

• Domínio das ilhas fluviais – Dif: No trecho entre a cidade de São Sebastião do Paraíba e a
foz do rio Dois Rios, o rio Paraíba do Sul apresenta marcada dominância de ilhas fluviais,
caracterizando um novo domínio que exibe alta diversificação ambiental. A presença de
ilhas gera situações diferenciadas de hidrodinamismo e de batimetria, favorecendo a
ocorrência de inúmeras espécies íctias, dotadas de tamanhos diferenciados, englobando
tanto táxons de pequeno porte como grandes peixes de valor comercial.
Nesta região, o rio apresenta formato sinuoso com inflexões mais marcadas na região de Coronel
Teixeira, Cambuci em áreas próximas a Itaocara. Além das ilhas, ocorrem afloramentos e
corredeiras, notadamente no trecho entre Porto Marinho e Portela. A variação altimétrica é de 60
metros, passando da cota 80 para a cota 20, o que gera pequena declividade.

Fonte: BIZERRIL & PRIMO (2001)


Figura 103: Domínio das ilhas fluviais
A maior parte da rede de drenagem é composta por bacias de pequena ordem. Dentre os fluviais
da região, o rio Pomba é o único com dimensões elevadas, tornando-se, em termos de relevância
ambiental relativa, o principal ambiente fluvial associado a este domínio.

• Domínio dos depósitos fluviais - Ddf - A partir do encontro do rio Paraíba do Sul com o rio
Muriaé observa-se a progressiva redução da planície aluvial, com a eliminação das
grandes lagoas e brejais que marcavam o domínio anterior. A única lagoa remanescente é
a lagoa do Mel, próxima ao rio Morto, já na Bacia do rio Muriaé.
O canal fluvial, de aspecto sinuoso, com curvas alongadas e sem meandramentos bem marcados,
corre em área de pequena declividade, exibindo profundidade elevada e possuindo algumas ilhas.
O somatório destas condições e o efeito sinérgico gerado favorecem grandemente os processos
de deposição, com a formação de inúmeros areais, muitos dos quais associados as ilhas.

126 de 256
É justamente a dominância expressiva dos processos de deposição que caracteriza esta área,
delimitada a jusante pela foz do rio Muriaé e a montante pela foz do rio Dois Rios. As variações
altimétricas são pequenas, consistindo na passagem da cota de 20 m, na região do rio Dois Rios
para a cota 10, na foz do Muriaé. O curso como um todo apresenta extensão aproximada de 40
km.
A rede de drenagem torna-se gradualmente mais densa, ocorrendo diversas subbacias
associadas a este trecho. Apesar de abundantes, os sistemas integrados à Bacia do Paraíba do
Sul no trecho dos domínios dos depósitos fluviais são, em sua maioria, de pequena ordem e,
consequentemente, os nomes dos cursos d'água são conhecidos apenas pela população local.
Poucas são as bacias hidrográficas que, dentro do domínio considerado, apresentam uma
hierarquia fluvial superior a 4, demonstrando a pequena complexidade da maior parte dos
sistemas fluviais que ocorrem neste trecho.
Este aspecto se traduz em uma reduzida oferta de espaço para espécies de maior porte, as quais
tendem a se concentrar no canal principal e em rios maiores, no caso os rios Muriaé e Dois Rios
(BIZERRIL & PRIMO, 2001).
Dentre estes, o rio Muriaé, um sistema com reduzida declividade mostra particular importância por
atuar como uma rota migratória para diversas espécies de peixes (BIZERRIL & PRIMO, 2001).
A área encontra-se mantida por um equilíbrio entre processos de deposição e transporte.

• Domínio das Lagoas – Dla - Esta região, que se estende desde a foz do rio Paraíba do Sul
até a confluência com o rio Muriaé, é marcada pelo alargamento expressivo da planície
aluvial (planície dos Goytacazes). Nesta área destaca-se a presença de inúmeras lagoas,
associadas direta ou indiretamente ao rio principal. Os limites do domínio situam-se entre
as cotas 0 e 10 metros, exibindo extensão aproximada de 37 km. A declividade longitudinal
é pouco expressiva.
Nos estudos de Avaliação Ambiental Integrada da Bacia do rio Paraíba do Sul, coordenados pela
EPE (EPE, 2008), estas três unidades foram identificadas como de alta relevância ecológica, em
especial no que diz respeito a manutenção das rotas migratórias e reprodutivas de espécies
aquáticas.
Ocorre que neste setor estão previstos empreendimentos que, se implantados seccionarão o rio
Paraíba do Sul, com impactos diretos sobre a biota aquática. Neste cenário, a rede de drenagem,
da qual o rio Grande/Dois Rios é parte integrante, passará a assumir maior importância no que se
refere a manutenção da ictiofauna.
Santos e FRromagio (2000) verificaram que na cascata de empreendimentos do rio Grande ainda
persistem diversas espécies reofílicas, inclusive grandes migradores. Situação similar foi
verificada por Torloni et al., 1989, no rio Tietê.
Ambos os autores (e outros) são unânimes em afirmar que a manutenção dos grupos
supracitados é possível graças à existência de rotas secundárias não impactadas, condição de
certa forma verificada na Bacia do rio Paraíba do Sul nos rios Pomba (principalmente), Muriaé e
Grande/Dois Rios.
Esta condição, associada aos cenários previstos para o rio Paraíba do Sul, torna o curso inferior e
médio inferior do rio Grande uma área de especial relevância biológica.
No que se refere a interferências de reservatórios sobre as comunidades de peixes estabelecidas
na área de inundação, os resultados consolidados do programa de monitoramento da ictiofauna
no ano após o enchimento do empreendimento desenha um possível padrão para
empreendimentos com características similares.

127 de 256
Foram registradas 19 espécies pertencentes a 9 famílias e 4 ordens entre março de 2009 e
dezembro de 2010, ou quatro campanhas. A ordem Characiformes foi a mais freqüente com 50 %
das amostragens, seguida de Siluriformes, com 44 %. A família Characidae foi a mais
representativa, com 44 %, seguida de Loricariidae, com 31 %.
Quadro 9: Espécies da ictiofauna coletadas entre março 2009 a dezembro de 2010, na AID da PCH Santa Rosa II,
bacia do rio Grande. Dados quali-quantitativos.
TAXONS NOME COMUM
CHARACIFORMES
Anostomidae
Leporinus copelandii Steindachner, 1875 Piau-três-pintas
Characidae
INCERTAE SEDIS
Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) Lambari
Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) Lambari
Astyanax giton Eigenmann, 1908 Lambari
Astyanax taeniatus (Jenyns, 1842) Lambari
Astyanax sp. Lambari
Astyanax sp1 Lambari
Astyanax sp2 Lambari
Oligosarcus hepsetus (Cuvier, 1829) Piaba-cachorra
Erythrinidae
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Traíra
SILURIFORMES
Loricariidae
LORICARIINAE
Rineloricaria sp. Caximbau
HYPOSTOMINAE
Hypostomus affinis (Steindachner, 1877) Cascudo
Hypostomus luetkeni (Steindachner, 1877) Cascudo
Hypostomus sp. Cascudo
Heptapteridae
Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) Jundiá

Auchenipteridae
Glanidium melanopterum Miranda Ribeiro, 1918 Cumbaca
PERCIFORMES
Cichlidae
Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) Acará
GYMNOTIFORMES
Gymnotidae
Gymnotus carapo Linnaeus, 1758 Sarapó
CYPRINODONTIFORMES
Poecilidae
Phalloceros caudimaculatus (Hensel, 1868) Barrigudinho

Oligosarcus hepsetus foi a mais abundante com 362 indivíduos, seguido de Rineloricaria sp. com
286 e Rhamdia quelen com 150. As espécies que apresentaram os menores valores foram
Astyanax sp2 e Glanidium melanopterum (4 indivíduos); Astyanax sp. e Astyanax sp1 (2).
Especial referencia se dá ao grande aumento da abundância do jundiá Rhamdia quelen na área
do reservatório durante o período estudado.
Muitos autores citam que como consequência das alterações sofridas pelo ambiente em razão do
barramento, a comunidade de peixes e de outros organismos pode sofrer mudanças, com a
colonização bem sucedida do ambiente por determinadas espécies e diminuição, ou mesmo
perda, de outras (AGOSTINHO et al. 1999).

128 de 256
No caso específico deste empreendimento, o resultado verificado até então indica para a
manutenção das espécies originalmente presentes na área de inserção. Modificações foram
observadas essencialmente nos padrões de abundância.
É possível que este padrão venha ser verificado em outros empreendimentos implantadas na
bacia, tendo em vista o baixo tempo de detenção previsto para a maioria dos reservatórios. Neste
contexto, não há a formação de um ambiente verdadeiramente lêntico e sim a transformação de
um sistema lótico em outro ambiente lótico mais profundo.
Desta forma, não ocorrerem muitas as alterações de comunidades usualmente descritos para a
ictiofauna presente na área de influência de grandes empreendimentos hidrelétricos.

4.5.6 - Considerações
Tendo em vista que a caracterização com dados primários das colônias planctônicas e bentônicas
apresenta um resultado pouco significativo para a análise dos impactos ou efeitos cumulativos e
sinérgicos, serão considerados apenas os fatores referentes à ictiofauna para composição dos
indicadores ambientais do Ecossistema Aquático.
Sendo assim, para os futuros documentos, estarão contemplados apenas a análise da ictiofauna e
seus desdobramentos.

4.6 - GEOLOGIA

Esta parte do trabalho visa esclarecer os tópicos de Geologia, Mapeamento Geológico,


contextualiza a Geotecnia e elabora o Diagnóstico das Unidades Litológicas.

4.6.1 - Mapeamento Geológico


O mapeamento geológico realizado seguiu a metodologia adotada pelo Grupo de Pesquisa em
Geotectônica – Tektos, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi feita uma integração de
mapas produzidos pelo grupo que cobriu toda a Bacia do Rio Grande, incluindo unidades
tectônicas e litológicas, bem como feições estruturais maiores. Numa outra escala de maior
detalhe (1:10.000) foram levantados dados de campo. Este mapa realçou camadas de diferentes
litotipos orientadas na direção NE-SW e com mergulhos variando de baixos a altos, dependendo
das estruturas que alteram o ângulo de mergulho da foliação e dos contatos.
Durante o trabalho de campo foram também coletadas amostras de rochas que serviram para
uma descrição litológica complementar e medidas estruturais que foram tratadas e plotadas em
mapa e em diagramas estatísticos de orientação (estereogramas e diagramas de rosetas).

4.6.2 - Contexto Geotectônico


A área do projeto está inserida no contexto tectônico da Faixa Ribeira, que por sua vez pertence
ao Sistema Orogênico Mantiqueira. Esta Faixa, de idade neoproterozoica, foi formada por
sucessivas colisões diacrônicas durante a orogênese Brasiliana, esta foi responsável pela
aglutinação do Paleocontinente Gondwana Ocidental (HEILBRON et al., 2004).
A Faixa Ribeira compreende um complexo cinturão de dobramentos e empurrões de trend NE-SW
gerados na borda sul/sudeste do Cráton de São Francisco a partir da colisão deste com outras
placas e/ou microplacas, assim como com a porção sudoeste do Cráton do Congo, gerando
empilhamento de terrenos de E/SE para W/NW. Considerando a seção que inclui a área do
projeto, a Faixa Ribeira é compartimentada em cinco unidades tectono-estratigráficas principais:
Terrenos Ocidental, Oriental, Paraíba do Sul, Embu e Cabo Frio (Figura 104).
Estes terrenos são separados por zonas de cisalhamento oblíquas transpressivas, dentre elas a
zona de sutura denominada Limite Tectônico Central (ou CTB - Central Tectonic Boundary), que
limita os Terrenos Ocidental e Oriental. A Bacia do rio Grande e, mais especificamente a área do
sistema Bonança, encontra-se localizada no Terreno Oriental, numa região formada

129 de 256
essencialmente por metassedimentos de idade Neoproterozoica, conforme mostra o Mapa
Geológico da Bacia do rio Grande.

Figura 104: Faixa Ribeira

130 de 256
4.6.3 - Descrição das Unidades Litológicas
Os litotipos levantados no mapeamento geológico são predominantemente gnaisses de alto grau
metamórfico, associados a rochas como quartzito grosso impuro intercalado a sillimanita gnaisses,
rochas calcissilicáticas e anfibolito. Todo o conjunto litológico é afetado por fusão parcial, o que
confere aos gnaisses características migmatíticas de variadas extensões. Veios graníticos de
espessuras milimétricas a centimétricas cortam o conjunto, podendo estar associados à fusão
parcial e posterior realojamento ou a fases finas de magmatismo pós colisionais. Diques de
grandes espessuras (dezenas a centena de metros) de rochas subvulcânicas básicas (diabásio,
microgabros e gabros) cortam toda a sequência litológica. Esses diques têm orientação NE-SW e
são correlacionados ao magmatismo do Cretáceo Inferior (130 Ma) precursor da abertura do
oceano Atlântico.
Os gnaisses, os quartzitos e as rochas calcissilicáticas têm protólitos metassedimentares de
paleoambiente marinho e constituem a Unidade São Sebastião do Alto, pertencente ao Grupo São
Fidélis, que tem ampla ocorrência entre os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Abaixo
são descritos os litotipos:
Sillimanita-granada-biotita Gnaisse (metapelitos)
Esta rocha, de origem sedimentar, tem coloração acinzentada, granulometria fina a média,
composta por quartzo, feldspato, biotita, sillimanita e granada, possui bandamento gnáissico,
marcado pela orientação preferencial dos minerais, principalmente da biotita. Apresenta textura
granoblástica ou porfirítica, com porfiroblastos de feldspato de tamanho centimétrico. Pode ocorrer
associada a essa rocha, camadas de rocha calcissilicática, de composição mais quartzosa com
granada milimétrica. Esta rocha se apresenta sob a forma de lajedos a meia encosta ou cortes de
estrada, geralmente sã ou pouco intemperizada. É uma rocha coesa com baixa densidade de
fraturas (juntas), e que podem constituir serras alinhadas na direção da foliação principal (NE-
SW).
Granada-biotita Gnaisse (metarenitos arcoseanos a líticos ou metagrauvacas)
O granada-biotita gnaisse difere do litotipo anterior por seus protólitos que tendem a ser mais
areníticos e de composição lítica/feldspática, embora sejam muito semelhantes quanto ao
comportamento mecânico e resistência ao intemperismo. Tem afloramentos em lajedos a meia
encosta e belos cortes frescos na estrada. Ao longo do trecho de estrada que margeia o rio
Grande ao longo do futuro lago de Bonança, ocorrem afloramentos desta rocha com grande
continuidade lateral e relevo abrupto. É uma biotita gnaisse com feldspato quartzo e granada, com
raros níveis ricos em sillimanita e outros ricos em quartzo. Veios leucossomáticos e graníticos
miméticos a centimétricos cortam a rocha, geralmente subparalelos à foliação. No conjunto é uma
unidade homogênea, com baixa densidade de fraturas e afloramentos com formas arredondadas.
O produto de alteração intempérica é argiloso/síltico, avermelhado a arroxeado.
(hb) Biotita gnaisse (metadioritos a metagranodioritos)
Esta rocha aflora numa faixa de aproximadamente 500m de largura em mapa, a montante do lago
de Bonança, intercalada aos paragnaisses. Possui coloração acinzentada, granulometria média a
grossa e índice de cor mesocrática. É constituída de quartzo, feldspato, biotita e anfibólio
(hornblenda?). Possui textura porfirítica, com porfiroblastos de feldspato de até 3cm e de anfibólio
de até 1cm. Esta rocha também aflora sob a forma de lajedos e paredões e possui características
semelhantes aos paragnaisses em relação à susceptibilidade à erosão.
Quartzito (metarenitos quartzosos + metapelitos)
Rocha clara, constituída essencialmente por quartzo, com quantidades menores de feldspato e
biotita e raros cristais de muscovita. Possui granulometria muito grossa e acamamento de fino a
médio porte, o que confere à rocha uma forte anisotropia. Apresenta uma marcante lineação de
estiramento de aglomerados de grãos de quartzo e de orientação preferencial da sillimanita

131 de 256
(lineação mineral). Ocorrem intercalações de finas camadas pelíticas, muito micáceas, com grãos
de granada chegando a 3 cm de diâmetro, e sillimanita podendo também apresentar filmes de
sillimanita pura. Esta rocha é intensamente fraturada, o que favorece o intemperismo dos minerais
ao longo das fraturas e do acamamento, com exceção ao quartzo, que por ser resistente ao
intemperismo químico sobram como cristais isolados de tamanhos milimétrico a centimétrico que
se desprendem da rocha formando uma areia muito grossa, ou cascalho fino, quartzoso que é
utilizado como material de pavimentação (saibro). Uma camada de 150-200 m de largura em
mapa cruza o eixo do canal principal do rio Grande (Figura 105).

Figura 105: Afloramento de Quartzito, de


granulometria grossa intensamente fraturado.
Rochas calcissilicáticas (metamargas)
Este litotipo ocorre em finas (< 20cm) camadas intercaladas aos gnaisses e quartzitos. Tem
textura granular, estrutura finamente bandada e cores variando de verde a cinza esverdeado. São
mais resistentes ao intemperismo que as outras rochas a que estão associadas exceto aos
quartzitos. É composta essencialmente por quartzo, diopsídio, epidoto e granada. Foi observada
em dois afloramentos e em pequena proporção.
Anfibolitos (metavulcânicas ou metaplutônicas)
Rocha escura cinza a preta, ocorre geralmente em lentes decimétricas, podendo chegar a
métricas (boudins). É composta basicamente por anfibólio, feldspato e quartzo, podendo ter
pequena quantidade de biotita. O intemperismo químico gera uma crosta de alteração de cor ocre
característica, devido à alteração do anfibólio. Rara, foi observada em um afloramento.

4.6.4 - Geologia Estrutural


As rochas descritas acima ocorrem em camadas de espessuras variadas, desde alguns metros a
centenas de metros, alternadas e contendo intercalações de umas dentro das outras. Os contatos
litológicos são difusos a bruscos, localmente, e são dobrados por duas fases de dobramento. Uma
foliação tectônica pervasiva, traduzida por uma xistosidade grossa ou por bandamento tectônico
e/ou migmatítico (S1//S2) está sempre presente em todos os litotipos, exceto os diabásios e
gabros cretácicos. Esta foliação se desenvolveu inicialmente como uma foliação plano axial de
dobras fechadas a isoclinais, associadas a movimentos cisalhantes nos planos de foliação,
evidenciados por foliações tipo S-C em algumas partes mais micáceas. Após intensa deformação
compressiva a foliação S1//S2 se posicionou paralela a subparalela aos contatos litológicos,
ampliando a anisotropia já existente devido ao acamamento sedimentar. Dobras mais tardias,
atribuídas a fase de deformação D3 regional, fazem com que o conjunto S0//S1//S2 varie
consideravelmente seu ângulo de mergulho, de baixo-médio a alto, causando também uma
pequena variação na direção (strike) das camadas. Zonas de cisalhamento dúctil da fase D3
podem ocorrer na direção NE-SW, subparalelas à foliação, especialmente ao longo dos contatos
litológicos, sendo que, no entanto, não foram cartografadas na área de Bonança.

132 de 256
Em termos de deformação rúptil ou frágil as rochas reagem de formas distintas. A expressiva
deformação distensiva rúptil do Cretáceo Inferior é registrada na área na forma fraturas conduto
de diques de diabásio, além de falhas e fraturas. Outras deformações de caráter rúptil ocorreram
em tempos subsequentes, em consonância com eventos diastróficos no Paleógeno e no
Neógeno, como se conhece da literatura. Datar esses eventos só é possível em situações muito
específicas como, por exemplo, quando há preenchimento de material datável (ex: rochas
magmáticas, óxidos de manganês, etc.), o que não foi observado. As estruturas rúpteis foram
tratadas em conjunto nos diagramas de orientação. A ocorrência dessas estruturas é irregular e
dependente do litotipo. Rochas com forte anisotropia como os quartzitos e rochas calcissilicáticas,
além de rochas que têm geometria tabular como os anfibolitos e diabásios/gabros apresentam
maior densidade (até 15 fraturas/metro), enquanto que rochas mais homogêneas, mesmo quando
foliadas, apresentam densidade de fraturas consideravelmente menores (0.3 fraturas/metro). A
conectividade e a persistência das fraturas também são muito variáveis, em função do litotipo,
embora sigam a tendência de numa maior densidade é também maior a conectividade.
Descrição das Estruturas
Segue abaixo a descrição das estruturas e a sua análise de orientação, a partir das medidas
coletadas em campo, que foram tratadas posteriormente, utilizando o programa Stereonett, para
uma melhor visualização e confecção dos gráficos.
Tanto a foliação nos gnaisses quanto o acamamento nos quartzitos encontram-se mergulhando de
médio a alto ângulo para a direção NW como pode ser verificado no estereograma da Figura 106:

Rede Equiária de Schmidt


Hemisfério Inferior
N=12

Figura 106: Estereogramas com os polos de


foliação e acamamento, indicando direção
predominante de mergulho para o quadrante NW.

Esta foliação ocorre perpendicular à direção do canal principal, nas corredeiras. (Figura 107):

133 de 256
Figura 107: Granada Biotita Gnaisse, com alto
ângulo de mergulho e strike das camadas cortando
transversalmente o canal do Rio Grande nas
Corredeiras.
Foram observadas faixas de tamanho métrico de acamamento milonítico, nos ortognaisses, com
porfiroblastos de feldspato do tipo σ, indicando movimento direcional destral.
Lineações são raras, associadas às faixas miloníticas, geralmente de estiramento de minerais
como quartzo ou feldspato, variando sua direção de caimento de NW para NE, de baixo a médio
ângulo de inclinação.
As fraturas ocorrem predominantemente nos quartzitos com espaçamento centimétrico a
decimétrico, nos gnaisses, podem ocorrer fraturas irregulares e fraturas de alívio. A maioria das
fraturas medidas possui alto ângulo de mergulho, com predomínio de sets de direção NW-SE.
Diques de diabásio/gabro ocorrem na área, com espessuras podendo atingir até 100m, calculados
em função das áreas de ocorrência de blocos, na direção NE, com fraturamento interno e
esfoliação esferoidal característica. Quando alterado, adquire uma coloração ocre, gerando um
solo amarelado.

4.6.5 - Fragmentação do maciço


As áreas onde há o predomínio dos gnaisses, aparentemente não apresentam riscos, visto que
essas rochas se encontram muito coesas, devido principalmente à recristalização mineral dada
pelo metamorfismo de alto grau ao qual a rocha foi submetida. A baixa densidade de fraturas
também favorece a resistência do maciço, dificultando o processo de erosão e fragmentação. Os
gnaisses formam serras alinhadas segundo a direção das camadas, o que demonstra sua
capacidade de sustentação do relevo.
Os quartzitos se encontram muito friáveis, devido à fragmentação dada principalmente em
resposta à alta densidade de fraturas, o que deixa a rocha ainda mais exposta à atuação da
erosão. Apesar do mineral quartzo não sofrer intemperismo químico, as rochas associadas aos
quartzitos são preferencialmente intemperizadas, o que favorece a fragmentação e consequente
erosão. A intercalação com camadas pelíticas vem a contribuir para instabilidade da rocha, já que
estas costumam ser zonas preferenciais de erosão, devido à sua constituição mineral
essencialmente micácea, e, portanto mais suscetíveis aos processos intempéricos.

4.6.6 - Detalhe da seção geológica


A seção será descrita de E para W, com as feições observadas ao longo do rio Grande.
Nesta área, o rio Grande em sua porção mais E, é cortado transversalmente pela camada de
sillimanita-granada-biotita Gnaisse, de direção NE-SW. Neste segmento o rio corre ao longo de
um set de fraturas, com espaçamento métrico, de direção WNW – ESSE, aproveitando essa zona
de fraqueza. Logo acima o rio atravessa obliquamente uma camada de quartzito grosso

134 de 256
intensamente fraturada de direção NE-SW. O Metapelito então volta a aflorar em uma grande
porção da área. No segmento do rio mais à W, ocorre uma faixa do (Hb)-biotita gnaisse, que
aparece intercalado a um Granada-Biotita Gnaisse, com direção subparalela ao rio. A seção
termina com o Granada-Biotita Gnaisse (meta arcósio), com direção de strike transversal ao canal
do rio. A camada de quartzito é de 150-200 m, e ocorre dentro dos metapelitos, este é o litotipo
que apresenta maior suscetibilidade à erosão e ao intemperismo, conforme foi citado
anteriormente. O (Hb)-biotita Gnaisse, também se encontra intercalado aos sillimanita-granada-
biotita Gnaisse, em uma faixa de aproximadamente 500m, onde também foram observadas faixas
miloníticas de tamanho métrico, esta rocha apesar de fraturada não apresenta riscos. O
metapelito ocupa todo o resto da área, como foi dito, também não parece oferecer risco, dada sua
coesão e baixa densidade de fraturas.

4.7 - RECURSOS MINERAIS

De acordo com a consulta realizada ao banco de dados do SIGMINE, em fevereiro de 2011, indica
que a maior parte dos processos de titularidade minerária da bacia do rio Grande ainda está na
fase de autorização de pesquisa e requerimento de lavra (47 e 12 processos, respectivamente),
conforme pode-se verificar na Figura 108. Apenas 3 destes processos estão com a concessão de
lavra, o que corresponde a 3,4% da totalidade dos processos existentes e uma área de 1,05 Km²,
que é ínfima se comparada à área total da bacia hidrográfica do rio Grande.
A principal substância explorada (ou a ser explorada) é o granito, referente a 45 dos 89 processos
(51 %), seguido da água mineral, com 20 processos (22 %), conforme pode-se observar na Figura
109. Além dessas há ainda exploração de areia, argila, calcário, caulim, feldspato, gnaisse,
granulito e saibro, que juntos correspondem a 27% dos processos de titularidade minerária.

11%
Autorização de pesquisa
6%
Concessão de Lavra

Disponibilidade
14%
Licenciamento

3% Requerimento de Lavra

53% Requerimento de
10% Licenciamento
3%

Figura 108: Fases dos processos de titularidade


minerária na bacia do rio Grande (%)

4%
6% Água Mineral
1% Areia
22%
Argila
Calcário
Caulim
Feldspato
7%
Gnaisse
1% Granito
1%
1% Granulito
51% 1%
5% Saibro
Não Cadastrado

Figura 109: Substâncias exploradas ( ou a ser


explorada) na bacia do rio Grande (%)

135 de 256
Processo Número Ano Fase Substância Área (Km²) Nome

807026/1977 807026 1977 Concessão de Lavra Granito 1,00 Mineração Internacional do Brasil Ltda Samibra
890029/1979 890029 1979 Requerimento de Lavra Granito 3,58 Granigeo Mineração Ltda
890060/1985 890060 1985 Disponibilidade Granito 5,89 Wilson Caputo Soares
890465/1988 890465 1988 Autorização de pesquisa Granulito 2,63 Granbrasil Granitos do Brasil S A.
890934/1989 890934 1989 Autorização de pesquisa Granito 2,92 Mauro Chaves
890273/1989 890273 1989 Requerimento de Lavra Granito 9,91 Cajugram Granitos e Marmores do Brasil Ltda
891000/1989 891000 1989 Requerimento de Lavra Granito 5,36 Marvima Indústria e Comércio Ltda
890468/1990 890468 1990 Requerimento de Lavra Feldspato 10,01 Granitos Matatias Ltda.
890511/1990 890511 1990 Autorização de pesquisa Gnaisse 4,46 BTA Granitos e Mármores Ltda.
890418/1990 890418 1990 Licenciamento Gnaisse 0,19 Pedracom Pedreiras Ltda Epp
890373/1991 890373 1991 Concessão de Lavra Água Mineral 0,26 Jayme Almeida Filho
890422/1991 890422 1991 Disponibilidade Granito 0,26 Ilan Akherman
891076/1993 891076 1993 Requerimento de Licenciamento Areia 0,86 Areal e Com Mat. de Const. Ponte dos Bravo Ltda.
891357/1994 891357 1994 Licenciamento Areia 0,10 Gelson Louback Mat. de Construção
890213/1998 890213 1998 Autorização de pesquisa Caulim 1,40 Ilan Akherman
890212/1998 890212 1998 Autorização de pesquisa Granito 0,12 Ilan Akherman
890473/1998 890473 1998 Autorização de pesquisa Granito 0,50 R.C.Barbosa-Pedreira Ribeirão-ME
890466/1999 890466 1999 Concessão de Lavra Água Mineral 0,50 Mineradora Envasadora e Distribuidora Brea Ltda
890126/2000 890126 2000 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,50 Vany Rosselina Giordano
890478/2000 890478 2000 Autorização de pesquisa Granito 0,54 Vegastone Mineração e Comércio de Granito Ltda
890450/2000 890450 2000 Autorização de pesquisa Granito 0,50 César Farid Fiat
890449/2000 890449 2000 Licenciamento Granito 0,50 Empresa De Mineração Jequitibá de Bom Jardim Ltda
890155/2001 890155 2001 Requerimento de Lavra Saibro 0,50 Arco Lcm Construção e Pavimentação Ltda
890373/2002 890373 2002 Autorização de pesquisa Granito 4,71 Domingos Cardoso da Matta
890392/2002 890392 2002 Requerimento de Lavra Granito 0,49 Pedrinco SA Pedreiras e Indústria de Concreto
890575/2003 890575 2003 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,50 José Maria Matias
890576/2003 890576 2003 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,50 José Maria Matias
890577/2003 890577 2003 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,50 José Maria Matias
890578/2003 890578 2003 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,50 José Maria Matias
890609/2003 890609 2003 Autorização de pesquisa Gnaisse 8,97 Luiz Fabiano Barros Miranda
890606/2003 890606 2003 Autorização de pesquisa Granito 9,11 Luiz Fabiano Barros Miranda
890050/2003 890050 2003 Requerimento de Lavra Granito 0,42 Granigeo Mineração Ltda
890503/2004 890503 2004 Requerimento de Lavra Água Mineral 0,13 Sacarini e Guedes Indústria e Comércio de Água Mineral Ltda
Processo Número Ano Fase Substância Área (Km²) Nome

890503/2004 890503 2004 Requerimento de Lavra Água Mineral 0,31 Sacarini e Guedes Indústria e Comércio de Água Mineral Ltda
890015/2004 890015 2004 Autorização de pesquisa Granito 6,71 Vegastone Mineração e Comércio de Granito Ltda
890498/2004 890498 2004 Autorização de pesquisa Granito 1,69 Mares Geologia MineraþÒo e Engenharia Ltda
890608/2004 890608 2004 Autorização de pesquisa Granito 2,33 Orlando de Souza Cabral
890065/2006 890065 2006 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,36 Elbo Scarini Guedes
890077/2006 890077 2006 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,50 José Maria Matias
890080/2006 890080 2006 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,50 José Maria Matias
890319/2006 890319 2006 Disponibilidade Granito 3,36 Miguel Angelo Monnerat Erthal
890463/2006 890463 2006 Requerimento de pesquisa Granito 4,00 ENGEVIX Engenharia S/A
890489/2006 890489 2006 Requerimento de pesquisa Granito 0,15 Mineração Vista Alegre Ltda-Me
890489/2006 890489 2006 Requerimento de pesquisa Granito 0,30 Mineração Vista Alegre Ltda-Me
890489/2006 890489 2006 Requerimento de pesquisa Granito 1,34 Mineração Vista Alegre Ltda-Me
890114/2006 890114 2006 Requerimento de Lavra Saibro 0,50 Arco Lcm Construção e Pavimentação Ltda
890115/2006 890115 2006 Requerimento de Lavra Saibro 0,50 Arco Lcm Construção e Pavimentação Ltda
890210/2006 890210 2006 Requerimento de Lavra Saibro 0,50 Arco Lcm Construção e Pavimentação Ltda
890186/2007 890186 2007 Autorização de pesquisa Areia 0,50 Nilton Trali Pereira-Me
890289/2007 890289 2007 Autorização de pesquisa Granito 7,22 America Stone Granitos Ltda
890566/2007 890566 2007 Autorização de pesquisa Granito 2,91 Miguel Angelo Monnerat Erthal
890195/2008 890195 2008 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,50 Mineradora Amparo Ltda.
890057/2008 890057 2008 Disponibilidade Água Mineral 0,50 Jânio Silveira Condack
890200/2008 890200 2008 Autorização de pesquisa Granito 0,08 Pedrinco SA Pedreiras e Indústria de Concreto
890237/2008 890237 2008 Autorização de pesquisa Granito 1,38 Miguel Angelo Monnerat Erthal
890590/2008 890590 2008 Autorização de pesquisa Granito 2,30 Miguel Angelo Monnerat Erthal
890431/2008 890431 2008 Autorização de pesquisa Granito 0,49 Antônio Nc Portella Me
890251/2008 890251 2008 Requerimento de Licenciamento Granito 0,50 Antônio Nc Portella Me
890155/2009 890155 2009 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,49 Inbel Industria de Bebidas Linhares Ltda
890237/2009 890237 2009 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,49 Cláudio Pereira Ribeiro
890609/2009 890609 2009 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,50 Florin Piraccini Duchiade
890414/2009 890414 2009 Requerimento de Licenciamento Areia 0,50 Nilton Trali Pereira-Me
890007/2009 890007 2009 Autorização de pesquisa Argila 2,63 Pedrinco Pedreiras e Ind·stria de Concreto Ltda
890250/2009 890250 2009 Autorização de pesquisa Gnaisse 0,19 Pedracom Pedreiras Ltda Epp
890205/2009 890205 2009 Autorização de pesquisa Granito 6,25 Savio Silva Oliveira
890534/2009 890534 2009 Autorização de pesquisa Granito 2,35 Antônio Norberto do Carmo Portella
Processo Número Ano Fase Substância Área (Km²) Nome

890413/2009 890413 2009 Autorização de pesquisa Granito 0,04 Odilma e Antonio Silva Ltda
890384/2009 890384 2009 Autorização de pesquisa Granito 6,64 José Maria Filho da Silva
890573/2009 890573 2009 Autorização de pesquisa Granito 1,98 Miguel Angelo Monnerat Erthal
890294/2009 890294 2009 Disponibilidade Granito 0,61 Transportadora e Mineradora Jaspe Ltda
890398/2009 890398 2009 Requerimento de pesquisa Granito 9,21 José Maria Filho da Silva
890347/2009 890347 2009 Autorização de pesquisa Saibro 0,49 Arco Lcm Construção e Pavimentação Ltda
890291/2010 890291 2010 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,40 Alexandre Furtado
890335/2010 890335 2010 Autorização de pesquisa Água Mineral 0,50 Dr Administradora de Bens Móveis e Imóveis Ltda
890503/2010 890503 2010 Requerimento de pesquisa Água Mineral 0,35 Sebastião Rosa Sanglard
890401/2010 890401 2010 Autorização de pesquisa Areia 0,24 Extração de Areias Manoel de Moraes Ltda
890722/2010 890722 2010 Requerimento de Licenciamento Areia 0,50 Nilton Trali Pereira-Me
890609/2010 890609 2010 Autorização de pesquisa Calcário 1,42 Calmit Mineração e Participação Ltda
300099/2010 300099 2010 Disponibilidade Não Cadastrado 1,46 Não Cadastrado
300622/2010 300622 2010 Disponibilidade Não Cadastrado 0,68 Não Cadastrado
300798/2010 300798 2010 Disponibilidade Não Cadastrado 0,30 Não Cadastrado
300799/2010 300799 2010 Disponibilidade Não Cadastrado 1,90 Não Cadastrado
890042/2010 890042 2010 Autorização de pesquisa Granito 1,92 Pedracom Pedreiras Ltda Epp
890597/2010 890597 2010 Autorização de pesquisa Granito 3,83 Luciano Soares Menezes
890035/2010 890035 2010 Requerimento de Licenciamento Granito 0,49 Antônio Nc Portella Me
890036/2010 890036 2010 Requerimento de pesquisa Granito 2,70 Ernani Cecon
890036/2010 890036 2010 Requerimento de pesquisa Granito 0,39 Ernani Cecon
890036/2010 890036 2010 Requerimento de pesquisa Granito 0,18 Ernani Cecon
890012/2011 890012 2011 Requerimento de pesquisa Granito 0,61 Transportadora e Mineradora Jaspe Ltda
Tabela 43: Processos de titularidade mineraria da bacia do Rio Grande
Se fossem conferidas concessões de lavra a todos os processos de titularidade que atualmente
estão em trâmite, a área destinada à exploração mineral seria de 9,09% ou de 168,02 Km² em
relação a área da bacia. Desse percentual, 6,37% seria referente à área da bacia ocupada pela
exploração de granito, enquanto recursos como gnaisse e feldspato corresponderiam a
percentuais bem inferiores, de 0,72% e 0,54%, respectivamente.
Apesar da extração de minerais como granito e gnaisse causarem impactos ambientais
significativos, são muitas as formas de medidas mitigadoras e de controle que podem ser
desenvolvidas em áreas de mineração, que possivelmente estão sendo e/ou serão aplicadas nas
áreas exploradas.

4.8 - GEOMORFOLOGIA

Regionalmente a área de estudo encontra-se inserida na porção sudeste do país, na denominada


“Faixa Móvel Ribeira”. Essa “faixa móvel”, contida na província da Mantiqueira, possui rochas
geradas no ciclo Orogênico Brasiliano (Proterozoico Superior 700-450 Ma) caracterizado pelo
intenso metamorfismo e deformação das litologias supra crustais e extensas porções do
embasamento, seguido por consecutivos pulsos de granitização (sin, tarde e pós-tectônicos) com
estruturas geológicas preferencialmente na direção NE-SW (Nordeste-Sudoeste).
Localizando-se na porção reversa da serra do Mar, entre as abruptas escarpas rochosas
sustentadas pelo embasamento cristalino e o frondoso rio Paraíba do Sul, a Bacia do rio Grande é
um ambiente geomorfológico em que predominam colinas côncavo-convexas com uma média
amplitude do relevo, em que a distância entre os divisores de drenagem e o fundo de vale varia
em torno de duzentos metros. As encostas deste compartimento geomórfico caracterizam-se por
uma declividade média de trinta e cinco graus, denotando a alta probabilidade de ocorrência de
processos erosivos nesses terrenos. Em geral, o manto de intemperismo, fruto das intempéries
sobre o substrato geológico, ocorre em todas as vertentes da bacia em questão, resultando em
uma paisagem com poucos afloramentos rochosos e um recobrimento variável em espessura,
desde poucos centímetros nas altas encostas a poucos metros em direção aos fundos de vale. O
trabalho erosivo sobre o material intemperizado, provocado por processos hidrológicos que
respondem às estruturas do substrato geológico, geram uma morfologia no planalto intermontano
relativa à ocorrência de complexos de rampa e coalescência associadas (MEIS et al., 1982;
MOURA E SILVA, 1998). As rampas são formadas por um complexo de camadas coluvionares, às
vezes misturando-se a camadas aluvionares, concentradas no eixo de concavidades
convergentes de fluxos hidrológicos e sedimentos. Estes complexos de rampas e suas
coalescências formam o que Ab'Saber denominou “Mares de Morros” (Figura 110), formas que,
segundo o autor, se estendem por todo o Brasil Tropical Atlântico, presente em diversos níveis
topográficos (AB´SABER,2003).

Figura 110: Aspecto da paisagem de “Mares de


Morros” (AB’SABER,2003) no planalto Atlântico
Leste-Sudeste, com a presença das concavidades
nas cabeceiras de drenagem, denominadas
complexos de rampa por MEIS et al., (1982).

139 de 256
O rio Grande drena sob forte controle lito-estrutural, correndo em sua maioria no sentido nordeste,
o mesmo da foliação do arcabouço geológico (originado a partir dos eventos do ciclo Brasiliano)
dando assim um caráter consequente ao rio. Há também a presença de fraturas no sentido Norte-
Sul e Noroeste, que foram geradas após a ruptura crustal do continente Gondwana
(proporcionado pelos eventos tectônicos Meso-Cenozoicos). Neste evento, o movimento rúptil das
placas acabou por gerar um estresse que deu origem a falhamentos normais ao longo de linhas
de fraqueza pré-cambrianas. Este sistema influenciou sobremaneira a geomorfologia regional bem
como seu recobrimento sedimentar, ocasionando ao rio um eventual encaixe sob esses sets de
fraturas. Ao adotar este padrão de drenagem, em paralelo ao principal, o rio torna-se
subsequente. O escoamento de todos os córregos tributários que desembocam no rio Grande
adota predominantemente o padrão de drenagem dendrítico a treliça, conforme mostra o Mapa
Geomorfológico da Bacia do rio Grande.
Associados ao processo de gênese do relevo têm-se o fator clima, que junto à biota é responsável
por determinantes interferências na paisagem, alterando tanto estruturas como funções. O clima
caracteriza-se por duas estações principais durante o ano, sendo elas o inverno (seco) e o verão
(úmido). O verão caracteriza-se por chuvas de alta intensidade e concentradas, sendo comum a
instabilidade das encostas, caso não ocorra prevenção.
Essa complexidade de fatores e processos gerou, neste trecho, a ocorrência de compartimentos
colinosos com seções alveolares nos vales principais. Estes alvéolos, que se configuram
enquanto planícies sedimentares fluviais possuem um material muito friável e de fácil mobilização,
caso sofram algum tipo de distúrbio morfodinâmico por alterações na correnteza fluvial. Estas
instabilidades podem se originar também nas encostas, gerando um aumento da sedimentação
dos canais fluviais.
Esses processos podem ocorrer de ordem natural (como na transição Pleistoceno – Holoceno) ou
de forma antrópica, por exemplo, com a substituição das florestas originais por pastagens (Figura
111).

Figura 111: Aspecto da paisagem ocupada por


pastagens, considerando a malha de raízes pouco
profunda e o pisoteio do gado. Ainda nota-se na foto
os remanescentes de mata ciliar do rio Grande.
Neste ambiente de gramíneas com raiz fasciculada, ou seja, formadora de uma malha de raízes
finas de pouca profundidade, que acabam por acelerar processos erosivos por descontinuidade
hidráulica em subsuperfície e poro-pressão positiva na zona de saturação temporária do solo.
Este processo pode desencadear voçorocamentos nas encostas, sobretudo com a elevação do
nível freático. Somando-se a esse fator, a grande quantidade de depósitos de talus implica em um
risco real de grandes eventos de movimento de massa. O ambiente de pastagem associa ainda a
compactação do solo pelo pisoteio do gado, podendo provocar o fenômeno do “splash”, que
promove a desagregação das estruturas do topo do solo, escoamento superficial e,
consequentemente, erosão em sulcos e ravinamentos.

140 de 256
É necessário ressaltar que a maior parte destes terrenos passou por estes processos de
instabilidade morfodinâmica que, por consequência, acabou por deixar solos muito incipientes e
pouco desenvolvidos nas encostas, fragilizando-as ainda mais.
No local estudado o eixo de drenagem principal possui orientação Noroeste, coincidindo com as
estruturas do substrato geológico. O rio Grande, em seus primeiros 1,533km (segmento 1),
apresenta-se na direção Noroeste-Sudeste. Em seu próximo segmento, com 1,824km (segmento
2), o rio corre na direção subcolateral Oeste-Noroeste. Em sua parte final, com 1,502km de
extensão (segmento 3), o rio encaixa-se sob as estruturas na direção Nordeste-Sudoeste. O
entorno da drenagem, não apresenta quantidades de alvéolos significativos para caracterizar uma
planície de inundação. A planície intermontana é curta e quase não há a presença de diques
marginais ao rio, tampouco terraços fluviais.
As encostas apresentam do topo do divisor de drenagem até o fundo de vale uma extensão média
de 0,9 km, com uma amplitude de relevo de 350 metros em média, variando entre as cotas 600 e
250m.
As geometrias das encostas localizadas ao longo dos três segmentos são predominantemente do
tipo côncava (Figura 112), concentrando fluxos hidrológicos e, portanto com mais susceptibilidade
a processos erosivos. Essas feições geomorfológicas representam assim, uma probabilidade real
de assoreamento do rio. No segmento 1, as encostas são tomadas por doze concavidades, sendo
sete na direção Nordeste - Sudoeste, duas Leste-Oeste e Noroeste Sudeste e uma Norte-Sul. No
segmento 2, há a presença de doze concavidades, sendo três Leste-Oeste, cinco Noroeste-
Sudeste, duas no sentido Nordeste-Sudoeste e duas Norte-Sul. O segmento 3, conta com quinze
concavidades, sendo quatro na direção Leste-Oeste, sete Noroeste-Sudeste, três Nordeste-
Sudoeste e uma Norte-Sul.
Ao analisar esses dados fica claro o quanto as encostas ao longo da calha do rio estão
susceptíveis a processos erosivos acelerados, fazendo com que a evolução da paisagem se dê
através do recuo da rede de drenagem por meio das cabeceiras de drenagem. A baixa quantidade
de encostas retilíneas e o predomínio de pastagens como forma de cobertura vegetal, quando
somados à grande concentração de concavidades denotam a fragilidade do ambiente em questão.
É imprescindível mencionar o fato de que há um imenso talude de quartzito, com espaçamento
entre as fraturas muito próximos (denotando fragilidade) ao lado da estrada e próximo ao rio. No
caso da implantação de empreendimentos futuros, a transição da velocidade do rio de lótica para
lêntica haverá consequentemente uma maior perturbação de ondas nas margens do reservatório,
podendo atingir assim o sopé do talude, desestabilizando-o. Esta instabilidade poderá aumentar
drasticamente o processo de sedimentação do reservatório, com a injeção de notáveis
quantidades de areia quartzosa para o canal (Figura 113).

141 de 256
Figura 112: Aspecto das encostas com geometrias
côncavas, concentradoras de fluxos e processos Figura 113: Aspecto do talude de material friável
erosivos. proveniente da desagregação do quartzito

4.9 - SOLOS

A formação dos solos é dependente de alguns fatores, destacando-se as condições climáticas, o


material de origem, os organismos, o relevo e o tempo em que os materiais foram expostos aos
processos de intemperismo. Segundo EMBRAPA (1999), o solo é uma coleção de corpos naturais
constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por
materiais minerais e orgânicos. Ocasionalmente podem ter sido modificados por atividades
humanas.
A retirada da cobertura vegetal pode vir a resultar em aumento de erosão em certas superfícies,
ou seja, áreas que não apresentavam susceptibilidades à erosão podem vir a serem susceptíveis
aos processos erosivos com o passar do tempo.
Com a finalidade de se elaborar um diagnóstico preliminar dos solos da Bacia do rio Grande,
utilizou-se a base de dados do IBGE, na escala 1:450.000 do estado do Rio de Janeiro e, também
o mapa de solos da CPRM, na escala, 1:500.000.
No campo foi realizada a descrição e confirmação das classes de solos, tendo sido descritos 9
pontos ao longo da área. A partir disto, foi elaborado um mapa com a distribuição dos pontos ao
longo da região estudada. Buscou-se sempre que possível, realizar uma articulação dos domínios
pedológicos, geomorfológicos e geológicos. Os domínios pedológicos estão diretamente
relacionados às feições geomorfológicas e as litologias da área.
A Bacia do rio Grande apresenta predominantemente dois domínios geomorfológicos: a) Domínio
de Morros Elevados e b) Domínio Montanhoso. O primeiro domínio apresenta um relevo de
morros convexo-côncavos dissecados e topos arredondados ou aguçados com sedimentação de
colúvios, alúvios e depósitos de tálus. Há o predomínio de amplitudes topográficas entre 200 e
400m (DANTAS, 2001). Já o segundo domínio, apresenta um relevo muito montanhoso e
acidentado, localizado em geral, no reverso da escarpa da serra do Mar. Em geral, há a
ocorrência de compartimentos colinosos e/ou de morros, em seções alveolares nos vales
principais (DANTAS, 2001). De uma maneira geral, há o predomínio de amplitudes topográficas
superiores a 400 m e gradientes elevados a muito elevados.
No primeiro domínio geomorfológico (Domínio de Morros Elevados) há a formação de solos mais
evoluídos pedogeneticamente, em detrimento do segundo (Domínio Montanhoso e Acidentado),
onde verificam-se principalmente a presença de solos rasos e afloramentos de rocha.

142 de 256
Em relação aos solos da Bacia do rio Grande constata-se principalmente a presença de
CAMBISSOLOS, ARGISSOLOS e LATOSSOLOS (FILHO et al., 2001), sendo que as duas
primeiras classes ocorrem em maior proporção. Nas áreas estudadas em campo há
predominantemente a ocorrência de NEOSSOLOS, CAMBISSOLOS e ARGISSOLOS.
Domínio de CAMBISSOLOS HÁPLICOS alumínicos (CXa)
Foi observado um domínio de solos da família dos CAMBISSOLOS derivados de rochas
quartzíticas, que apresenta um predomínio de quartzo e, também, feldspatos e granadas. Estes
materiais são muito friáveis e resultam em perfis de solos pouco desenvolvidos, conforme mostra
o Mapa Pedológico.
Os CAMBISSOLOS apresentam-se como solos minerais, não hidromórficos, bem drenados,
pouco profundos a profundos e caracterizados por apresentarem um B incipiente. Devido à
heterogeneidade do material de origem, das formas de relevo e das condições climáticas, as
características destes solos variam muito. Esta classe apresenta solos fortemente até
imperfeitamente drenados, de rasos a profundos (EMBRAPA, 1999).
Há o predomínio de solos denominados de CAMBISSOLOS HÁPLICOS alumínicos (CXa), que
possuem m ≥ 50% (saturação por alumínio) e Al3+ ≥ 4 cmol/kg de solo na maior parte do horizonte
B (inclui BA) (PRADO, 2005). Verificou-se a presença de um horizonte diagnóstico Bi (incipiente -
pouco desenvolvido) e pouco evoluído (Figura 114). Constatou-se também em áreas adjacentes, a
presença de materiais que foram deslocados para a porção baixa da encosta. Talvez, isto esteja
associado à friabilidade do material parental e o baixo desenvolvimento pedogenético desta
porção da paisagem. Ressalta-se que também foi verificada a presença de sulcos ao longo do
perfil analisado e nenhuma presença de cobertura vegetal. Segundo relatos, a vegetação foi
retirada da área devido a extração mineral (Figura 115). Esta área está associada a relevo muito
íngreme com presença de solos rasos o que pode acarretar em períodos de chuvas intensas e
problemas de erosão.
Verificam-se em alguns pontos, solos muito rasos (< 50 cm) associados a encostas com alta
declividade. Além disso, apresentam material rochoso em subsuperfície, o que vai proporcionar
uma susceptibilidade à erosão forte.
O grau de susceptibilidade à erosão dos CAMBISSOLOS é variável, dependendo da sua
profundidade, da declividade do terreno, do teor de silte e do gradiente textural. De uma maneira
geral, os CAMBISSOLOS mais rasos, tendem a ser mais susceptíveis à erosão, devido a
presença de camada impermeável (rocha) mais próxima da superfície.

Figura 114: Rocha de composição quartzítica. Perfil


de solo pouco desenvolvido CXa). Figura 115: Detalhe de uma área adjacente onde
houve remobilização de solo.

143 de 256
Figura 116: Afloramento solo CAMBISSOLO HÁPLICO
(CXa).

Domínio de ARGISSOLOS distrófico (PVAd)


Observou-se outra tipologia de material parental com o predomínio de rochas gnáissicas, com
presença de feldspatos, granadas, quartzo, etc (Figura 117). Este material parental resultou no
desenvolvimento de solos denominados de ARGISSOLOS.
Os ARGISSOLOS são solos constituídos por material mineral, que apresentam argila de atividade
baixa e horizonte B textural (Bt), imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte superficial,
exceto o hístico. Parte dos solos desta classe apresenta um evidente incremento no teor de argila,
com ou sem decréscimo, do horizonte B para baixo no perfil. Há de uma maneira geral uma
transição entre os horizontes A e Bt, sendo usualmente clara, abrupta ou gradual (EMBRAPA,
1999).
Este solo apresenta além das características citadas acima uma baixa saturação por bases
(V<50%) na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA), resultando em solos
com baixa fertilidade natural.

144 de 256
Figura 117: Rocha de composição gnáissica.
Afloramento de solo ARGISSOLO VERMELHO-
AMARELO distrófico.
Observa-se um relevo íngreme, com presença de encostas côncavas, que associado à
característica de descontinuidade no perfil, ou seja, mais arenoso em superfície e argilosos em
subsuperfície, representa um obstáculo à infiltração da água, o que pode favorecer o escoamento
superficial. Apesar destes solos terem boas características de agregação e estruturação,
apresentam suscetibilidade à erosão que será mais intensa quanto maior for a descontinuidade
textural e estrutural ao longo do perfil.
Domínio de ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELO distrófico
Os ARGISSOLOS, conforme já exposto, apresentam uma diferenciação textural entre o horizonte
A e o horizonte diagnóstico Bt. Isto resulta num obstáculo à infiltração da água ao longo do
mesmo, proporcionando uma baixa condutividade hidráulica ao longo do perfil. Estes solos
apresentam alta susceptibilidade à erosão, e associada à baixa densidade de vegetação podem
acarretar em alta contribuição de partículas sólidas para o canal.
Dito isso, observou-se a presença de solos ARGISSOLOS VERMELHO AMARELO distrófico. Esta
classe está relacionada a solos minerais, não hidromórficos, normalmente profundos, bem
drenados, com uma sequência de horizontes A, Bt, C e marcante diferença textural entre os
horizontes A e Bt. Apresentam horizonte B textural, com fertilidade natural baixa (V<50%)
(EMBRAPA, 1999; PRADO, 2005).
A característica de descontinuidade no perfil deste solo, ou seja, mais arenoso em superfície e
argilosos em subsuperfície, representa um obstáculo à infiltração da água o que pode favorecer o
escoamento superficial. Estes solos apresentam naturalmente suscetibilidade à erosão que será
mais intensa quanto maior for a descontinuidade textural e estrutural ao longo do perfil. Este fato
associado à geomorfologia da área, que apresenta um predomínio de encostas côncavas, pode
resultar em problemas de processos erosivos intensos.
Domínio NEOSSOLOS
Os NEOSSOLOS apresentam seqüência de horizontes A-C (o B diagnóstico não ocorre), sendo
assim o horizonte A ocorre sobre o horizonte C. Verificou-se a presença de uma seqüência de
horizontes A-C-R, ou seja, sobrejacente a rocha. São solos minerais pouco desenvolvidos, não
hidromórficos, medianamente profundos ou mais espessos, textura normalmente arenosa.
Verificou-se a presença de minerais primários ao longo do perfil, denotando o estagio não muito
avançado de intemperização dos materiais, ao Norte da bacia. Mais ao Sul, o Neossolo apresenta
minerais primários ao longo do perfil, denotando o estagio não muito avançado de intemperização
dos materiais e, também blocos de rocha semi-intemperizada de diversos tamanhos.
Estes solos apresentam limitação em relação a susceptibilidade à erosão, pois tendo em vista a
pequena espessura e o substrato rochoso de baixa permeabilidade, dificulta a percolação da água

145 de 256
expondo esses solos aos efeitos da erosão. Ressalta-se ainda que este fator é mais sério nas
áreas acidentadas, desprotegidas de vegetação original, tal como a região estudada
Domínio de NEOSSOLOS FLÚVICOS (RU)
Observou-se, ao longo do canal, a presença de solos NEOSSOLOS FLÚVICOS (Figura 118).
Estes solos são constituídos por material mineral ou material orgânico com menos de 30 cm de
espessura, não apresentando horizonte diagnóstico. Esta classe apresenta-se como material
parental pouco desenvolvido e com baixa expressão dos processos pedogenéticos (EMBRAPA,
1999). Desenvolvem-se em planícies aluvionares, no caso específico em depósitos recentes de
origem fluvial.

Figura 118: Perfil de solo NEOSSOLO


FLÚVICO.

OS NEOSSOLOS FLÚVICOS foram diagnosticados ao longo do canal apresentando um baixo


grau de evolução e uma sucessão de camadas estratificadas sem relação pedogenética.
Apresentam estratificação, acompanhada por uma distribuição irregular de carbono em
profundidade. Além disso, verificou-se ao longo do canal do rio Grande a formação de depósitos
aluvionares em diferentes pontos (Figura 119), onde tal fato está relacionado ao carreamento de
sedimentos das encostas para o canal.

Figura 119: Formação de depósitos aluvionares na


área da construção da barragem.
Em regiões onde a cobertura original foi retirada e onde há presença de materiais parentais
friáveis associados a alta declividade, tal como a área de estudo, podem ocorrer processos

146 de 256
erosivos mais intensos. Salienta-se que a deposição de grandes volumes de materiais sólidos
pode vir a comprometer a vida útil da barragem.

4.10 - ECOSSISTEMAS TERRESTRES

4.10.1 - Cobertura Vegetal


A região de estudo se insere no domínio da Mata Atlântica representada por um complexo de
florestas com alta diversidade de espécies. Este bioma ocupava originalmente quase toda costa
brasileira, do sudeste do Rio Grande do Norte ao sudeste de Santa Catarina, englobando
topografias muito diferenciadas entre si (AB’SÁBER, 2003).
Altas taxas de desmatamento experimentadas pela Mata Atlântica reduziram sua cobertura
vegetal para 7,6% de sua área original (MORELLATO & HADDAD, 2000), levando a disposição de
seus remanescentes em pequenos fragmentos florestais (GASCON et al, 2000).
Em conformidade à classificação proposta por VELOSO et al. (1991) e adotada pelo IBGE (1992),
a região estudada possui uma mescla de fitofisionomias classificadas como Floresta Ombrófila
Densa e Floresta Estacional Semidecidual, conforme mapa fitogeográfico.
As formações de Floresta Ombrófila Densa, que cobrem a parte superior da bacia e divisores de
água, é também classificada como Floresta pluvial tropical. Este tipo de formação vegetal está
principalmente relacionado a fatores climáticos. Ocorre em regiões tropicais onde predominam
elevadas temperaturas (em torno de 25°C) e alta precipitação. Predominam os solos denominados
LATOSSOLOS com características distróficas (baixa concentração de nutrientes).
Esta formação pode ainda ser diferenciada em função da altitude, caracterizada por um estrato
dominante de aproximadamente 25 m com espécies como baguaçu (Talauma organensis), o
jequitibá (Cariniana sp), o pau-de-tucano (Vochysia tucanorum), além da presença generalizada
do grupo Palmae e epífitas que recobrem densamente os galhos, troncos e cipós em quase todos
os estratos da floresta, estas da família Bromeliaceae, destacando os gêneros Vriesea sp.,
Midullarium sp., Bilbergia sp., Tillandsia sp. e Aechmea sp., e da família Orquidaceae (Oncidium
sp., Pleurothalis sp., Cattleya sp. e Laelia sp.) além de um elevado número de lianas e
trepadeiras.
A formação dominante na bacia (Floresta Estacional Semidecidual) está relacionada com a
estacionalidade climática representada por duas estações bem marcadas: chuva e estiagem.
Parte das árvores que o compõe tem como característica a perda de suas folhas na época seca,
que ocorre no inverno, acompanhada de queda nas temperaturas. É comum encontrar neste tipo
de formação gêneros como: Pararaptadenia, Cainiana, Lecytus, Tabebuia, entre outros.
Sugere-se que a flora semidecídua constitui uma fração da flora tropical úmida, quando
considerada a grande diversidade das matas ombrófilas (OLIVEIRA-FILHO & FONTES, 2000).
Regionalmente, a Floresta Estacional Semidecidual revestia o vale do rio Paraíba do Sul e as
vertentes interioranas da serra do Mar. Segundo a classificação adotada pelo IBGE (op.cit.), este
tipo de vegetação subdivide-se em quatro categorias, de acordo com a altitude de ocorrência:
Floresta Aluvial - presentes nos terraços mais antigos das calhas dos rios; Floresta das Terras
Baixas – entre as altitudes de 5 a 50 m; Floresta Submontana – 50 a 500 m; Floresta Montana –
500 a 1.500 m.
Na região em estudo ocorrem as formações Submontana e Montana, sendo esta última a que
apresenta maior superfície coberta por remanescentes na área abrangida pela Floresta Estacional
Semidecidual. De um modo geral, caracteriza-se pela cobertura arbórea densa associada a
trepadeiras lenhosas, sendo as epífitas pouco representadas nestes ambientes.

147 de 256
Assim, originalmente, a maior parte do território abrangido pela macrobacia do rio Paraíba do Sul,
que engloba a Bacia do rio Grande, este um de seus grandes afluentes, exibia uma fisionomia
tipicamente florestal.
CARAUTA (1988) descreve que, no início do século XVI, as florestas nesta região exibia uma
pujança arbórea talvez superior à das florestas serranas e das planícies costeiras, constituindo
uma vasta comunidade arbórea com espécies de até 35 m de altura, cujos indivíduos de alto porte
apresentavam frequentemente raízes tabulares.
O dossel formava uma cobertura densa e fechada que conferia ao interior da mata um aspecto
sombrio, desfavorecendo a ocorrência de um estrato arbustivo, este abundante apenas nas áreas
mais iluminadas como margens dos rios e riachos.
A existência de diversas espécies caducifólias e a pobreza de epífitas refletiam as condições
climáticas locais, com uma estação seca bem demarcada. Eram característicos o grande número
de espécies e a abundância de cipós e palmeiras (KUHLMANN, 1961).
A partir de relatos de naturalistas que percorreram a região, e do material botânico herborizado
por estes, CARAUTA (1988) forneceu um esboço da composição florística das matas locais. Entre
os elementos arbóreos de maior porte, destacavam-se a sapopema (Sloanea monosperma), o
jatobá-jataí (Hymenaea altissima), a canela-abacate (Nectandra puberula), a gameleira-branca
(Ficus insipida), a pindaíba (Xylopia brasiliensis), a bicuíba (Virola oleifera), a canela-sassafrás
(Ocotea pretiosa) e o sapucaí (Lecythis lanceolata).
Entre as palmeiras nativas sobressaiam a macaúba (Acrocomia aculeata), a pindoba (Attalea
humilis) e o catolé (Syagrus picrophylla). Além destes, outros elementos arbóreos típicos do
dossel da mata eram representados pelas gameleiras (Ficus glabra, Ficus gomelleira, Ficus
cyclophylla), a bainha-de-espada (Sorocea guilleminiana), a tatajuba (Maclura tinctoria), o mata-
pau (Coussapoa microcarpa), a embaúba-branca (Cecropia hololeuca), a folha-de-serra
(Acantinophyllum ilicifolium), a uva-da-mata (Pourouma guianensis), a canela-azeitona (Ocotea
schottii), a canela-cheirosa (Endlicheria panicultata), a canela-inhoaíba (Aiouea saligna), o angico
(Anadenanthera peregrina), o coração-de negro (Swartzia flemingii), o guapuruvu (Schizolobium
parahyba), o jatobá-do-campo (Hymenaea martiana), o pau-roxo (Peltogyne confertifolium), o
araribá-rosa (Centrolobium tomentosum), o jacarandá-preto (Machaerium incorruptibile) e o pau-
d’alho (Gallesia integrifolia).
No estrato arbustivo ocorriam espécies como a palmeira iri (Astrocaryum aculeatissimum), o
velame (Croton urucurana) e a jurubeba (Solanum martii), além de espécies de mirtáceas,
melastomatáceas e acantáceas.
Nas margens dos rios e córregos estavam presentes espécies higrófitas, adaptadas a condições
de maior umidade do ar, como fetos arborescentes, ingás (Inga spp.), caiapiás (Dorstenia elata, D.
capricorniana), pacovás (Heliconia spp.), piperáceas, begoniáceas e marantáceas.
Levantamentos taxonômicos da flora da Bacia do rio Grande foram realizados especialmente
dentro do âmbito do processo de licenciamento dos empreendimentos hidrelétricos implantados
ou projetados para o sistema.
A caracterização fitossociológica de fragmentos de florestas estacionais foi realizada nas áreas de
influência da PCH Bonança (NP Consultoria Ambiental, 2009 a,b).
Em ambos empreendimentos para obtenção dos dados sobre a vegetação existente, foram
instaladas 10 unidades amostrais com dimensões de 4 m x 25 m, totalizando 100 m² (0,1 ha),
distribuídas nos remanescentes florestais ocorrentes ao longo das áreas de influência.
As unidades amostrais foram georreferenciadas e suas coordenadas são expressas na Tabela 44
a seguir.

148 de 256
Coordenada UTM
Parcela E N
1 794241 7562513
2 794263 7562424
3 794295 7562361
4 792675 7563803
5 792739 7563884
6 792789 7563884
7 793405 7563546
8 793451 7563530
9 795600 7562584
10 794663 7561773
Tabela 44: Coordenadas UTM das unidades amostrais alocadas ao longo dos remanescentes florestais
ocorrentes nas áreas de influência das PCHs Bonança.

Na área de influência direta da PCH Bonança foram amostrados no total, dentro das parcelas, 147
indivíduos arbóreos com DAP acima de 5 cm (1470 árvores/ha) dos quais um estava morto. Estes,
desconsiderando a árvore morta, foram representados por 53 espécies, 43 gêneros e 23 famílias.
Fora das parcelas foram registradas mais 44 espécies arbóreas.
No total, considerando os demais estratos, foram amostradas 106 espécies em 82 gêneros e 41
famílias, das quais 81% atingiram a identificação botânica ao nível de espécies, 16% ao nível de
gênero, 2% ao nível de família e 1 % dos táxons atingiu nenhum nível de identificação.
As dez espécies mais importantes, com seus respectivos valores de importância neste local
foram: Guarea guidonia (10,67 %), Anadenanthera macrocarpa (7,69 %), Pterocarpus violaceus
(4,54 %), Siparuna guianensis (4,13%), Ficus enormis (3,69 %), Apuleia leiocarpa (3,50 %),
Guapira opposita (3,49 %), Vochysia tucanorum (3,37 %), Sparattosperma leucanthum (3,05 %),
Inga edulis (2,96 %).
A Guarea guidonia e a Sparattosperma leucanthum são consideradas pela Resolução CONAMA
nº 6 de 4 de maio de 1994, espécies indicadoras e entre as mais comuns de estágio médio em
florestas secundárias. A Apuleia leiocarpa e o gênero Ficus são considerados indicadores de
estágio avançado.
Foram selecionadas duas unidades amostrais para representar o perfil da vegetação da área de
influência direta do empreendimento.
Na parcela 3 foi registrada a ocorrência de 14 indivíduos, sendo esses pertencentes a 11
espécies. A análise do perfil demonstra que a altura média da parcela ficou em torno de 8 metros,
sendo a Anadenanthera macrocarpa e Cabralea canjerana as espécies com maiores alturas, 11 e
12 metros respectivamente.
A parcela 8 apresentou menor ocorrência de espécies. Foram amostrados 6 indivíduos
pertencentes a 4 espécies. A altura média da parcela ficou em torno de 9 metros. Anadenanthera
macrocarpa foi o indivíduo mais alto, com 14 metros. Anadenanthera macrocarpa e Guarea
guidonia foram espécies comuns nas duas parcelas.
A representação do perfil da vegetação nas parcelas selecionadas pode ser observada nas
Figuras 120 e 121 a seguir.

149 de 256
Figura 120: Perfil do parcela 3, localizada na margem
esquerda do rio, próximo ao local proposto para
construção da PCH Bonança.
1 Anadenanthera macrocarpa; 2 Trichilia pallida; 3 Trithrinax brasiliensis; 4 Siparuna guianensis; 5 Cabralea canjerana; 6 Ramisia
brasiliensis; 7 Trichilia pallida; 8 Esenbeckia sp.; 9 Guarea guidonia; 10 Esenbeckia sp.; 11 Siparuna guianensis; 12 Casearia
sylvestres; 13 Siparuna guianensis; 14 Siparuna guianensis.

Figura 121: Perfil do parcela 8, localizada na margem


esquerda do rio Grande, área de influência da PCH
Bonança.
1 Guarea guidonia; 2 Guarea guidonia; 3 Anadenanthera macrocarpa; 4 Tapirira guianensis; 5 Tapirira guianensis; 6 Cecropia glaziovi.

No estudo desenvolvido para a PCH Sossego foram amostrados, dentro das parcelas, 168
indivíduos arbóreos (1680 árvores/ha). Estes foram representados por 47 espécies, 37 gêneros e
19 famílias. Fora das parcelas foram registradas mais 37 espécies arbóreas.
No total, considerando os demais estratos, foram amostradas 94 espécies em 74 gêneros e 36
famílias, das quais 80% atingiram a identificação botânica ao nível de espécies, 17% ao nível de
gênero, 2% ao nível de família e 1 % dos táxons atingiu nenhum nível de identificação.
Foram selecionadas duas unidades amostrais (parcelas 4 e 8) para representar o perfil da
vegetação da área de influência direta do empreendimento.
Na parcela 4 foram amostrados 12 indivíduos, sendo esses pertencentes a 11 espécies. A análise
do perfil demonstra a altura média da parcela, que ficou em torno de 7 metros, sendo Guarea
guidonia e Nectandra lanceolata as espécies com maiores alturas, 10 e 12 metros
respectivamente.

150 de 256
A parcela 8 apresentou uma menor diversidade, foram amostrados 20 indivíduos pertencentes a
11 espécies.
As espécies do gênero Trichilia representaram 10 indivíduos (50% do total), sendo T. pallida e T.
casaretti as espécies presentes, com 4 e 6 indivíduos respectivamente. A análise do perfil
demonstra que a altura média da parcela ficou em torno de 7,6 metros, sendo Copaifera sp. a
espécie emergente com 23 metros. Rollinia sylvatica, Trichilia casaretti e Trichilia pallida foram
espécies comuns nas duas parcelas.

Figura 122: Perfil do parcela 4, localizada próximo Figura 123: Perfil do parcela 8, localizada próximo
ao local proposto para construção da PCH Sossego. ao local proposto para construção da PCH Sossego.
FIGURA 33:
1 Indet 2; 2 Solanum sp.; 3 Esenbeckia sp.; 4 Rollinia sylvatica; 5 Nectandra lanceolata; 6 Endlicheria sp.; 7 Siparuna guianensis; 8
Apuleia leiocarpa; 9 Trichilia pallida; 10 Guarea guidonia; 11 Trichilia casaretti; 12 Trichilia pallida.

FIGURA 34:
1 Casearia sylvestris; 2 Tricililia pallida; 3 Trichilia pallida; 4 indet. 1; 5 Trichilia pallida; 6 Lecythis pisonis; 7 Rollinia sp.; 8 Andira
anthelma; 9 Sparattosperma leucanthum; 10 Trichilia casaretti; 11 Trichilia casaretti; 12 Aegiphyla sellowiana; 13 Rollinia sylvatica; 14
Trichilia casaretti; 15 indet. 1; 16 Trichilia casaretti; 17 Trichilia casaretti; 18 Copaifera sp.; 19 Trichilia casaretti; 20 Trichilia pallida.

Figura 124: Nectandra lanceolata Ness & Mart. Ex Figura 125: Trichilia casaretti
Ness

151 de 256
Figura 126: Matayba intermedia Radlk. Figura 127: Ficus insipida Willd.

Figura 128: Ipomea cairica, Figura 129: Inga edulis

Figura 130: Anemopaegma hilarianum Bur. et Figura 131: Endlicheria sp.


K.Schum.

152 de 256
Figura 132: Euplassa cantareirae Sleumer Figura 133: Ramisia brasiliensis Oliver

Figura 134: Tabebuia chrysotricha Figura 135: Machaerium hirtum


As cinco espécies mais importantes neste local e seus respectivos valores percentuais de
importância foram: Guarea guidonia (17,19%), Copaifera sp. (8,77%), Trichilia pallida (8,41%),
Sparattosperma leucanthum (8,14%) e Trichilia casaretti (7,66%).
Em ambos empreendimentos, a espécie que apresentou maior valor de importância foi Guarea
guidonia. De acordo com LORENZI (1992) este táxon apresenta alta dispersão em formações
florestais secundárias localizadas ao longo de rios, planícies aluviais e fundo de vales, sendo
menos frequente no interior de floresta densa. A descrição realizada pelo autor está de acordo
com a realidade local da área estudada e com os resultados obtidos no estudo fitossociológico.
A distribuição do número de espécies, dentro das parcelas demarcadas nos empreendimentos,
por família pode ser observada nas Figura 136 e 137 abaixo.

153 de 256
Figura 136: Distribuição do número de espécies Figura 137: Distribuição do número de espécies
arbóreas, na área amostral, por família nas áreas arbóreas, na área amostral, por família nas áreas
estudadas - PCH Bonança estudadas - PCH Sossego

Submetida desde o século XIX à intensa interferência antrópica, primeiramente na forma de


exploração madeireira, e posteriormente por atividades agrícolas (ciclos do café e da cana) e
pecuária, a vegetação original da região foi em sua maior parte substituída por campos de
pastagem e culturas como o café.
Atualmente, a cobertura florestal observada na Bacia do rio Grande apresenta-se fortemente
diferenciada, em termos de integridade geral.
Conforme apresentado, três grandes categorias de mapeamento podem ser reconhecidas, sendo
aquela nomeada “Interior Fluminense”, caracterizada por exibir cobertura vegetal fortemente
fragmentada, abrange a maior parte do recorte geográfico em estudo .

Figura 138: Formações de floresta ombrófila densa Figura 139: Paisagem típica da unidade de
na unidade da Serra do Mar Fluminense mapeamento dominante (Interior Fluminense) da
bacia do rio Grande.

154 de 256
Figura 140: Paisagem típica da unidade de Figura 141: Paisagem típica da unidade de
mapeamento dominante (Interior Fluminense) da mapeamento dominante (Interior Fluminense) da
bacia do rio Grande. bacia do rio Grande.

Figura 142: Paisagem típica da unidade de Figura 143: Rio Dois Rios na unidade do Vale do
mapeamento dominante (Interior Fluminense) da Paraíba.
bacia do rio Grande.
Há presença de fragmentos florestais em bom estado de conservação, nos municípios de Trajano
de Morais, Duas Barras, Bom Jardim e Nova Friburgo (AECOGEO, 2009). Estes fragmentos
florestais muitas vezes apresentam-se conectados por cursos d’água formando um corredor
biológico, conectando as unidades de conservação na porção Sul da bacia.
É observada a presença de duas Unidades de Conservação de proteção integral: Parque Estadual
do Desengano (Santa Maria Madalena) e o Parque Estadual dos Três Picos (Nova Friburgo).
Estas duas Unidades de Conservação de máxima proteção são consideradas importantes
remanescentes da Mata Atlântica em função de sua extensão, do bom estado de conservação, e
por abrigar diversas espécies da fauna e flora ameaçados de extinção.
Boa parte dos ambientes florestais observados no restante da bacia atualmente constituem matas
secundárias em diversos estágios de regeneração, como resultado do abandono do solo após a
ocupação e uso do mesmo.
Nos solos recentemente abandonados, predomina uma vegetação característica das fases iniciais
de sucessão, onde desenvolvem-se gramíneas invasoras associadas a diversas espécies
herbáceas ruderais. Nestas áreas, somente após decorridos alguns anos esta vegetação será
gradualmente substituída por componentes arbustivos, formando as chamadas capoeirinhas. Na
região, predominam espécies da família das compostas, principalmente dos gêneros Vernonia (ex.
V. polyanthes), Baccharis e Eupatorium, além de outras famílias como leguminosas (ex. Sesbania

155 de 256
virgata), solanáceas (Solanum spp., Brugmansia suaveolens), malváceas, tiliáceas, piperáceas,
amarantáceas e canáceas, entre outras.
Após esta fase, e dando continuidade ao processo sucessional, surge a popularmente conhecida
capoeira, caracterizada por uma vegetação mais desenvolvida onde predominam arbustos e
árvores, entre eles Trema micrantha, Aegiphila sellowiana, Cecropia glaziovii, Cecropia hololeuca,
Casearia sylvestris, Cupania oblongifolia, Sparattosperma leucanthum, Celtis cf. pubescens
(H.B.K.) Croton sp., associados a diversas trepadeiras ilustradas por Gouania blanchetiana ,
Adenocalymma sp., Passiflora sp. e Mikania sp., entre diversas outras.
CARAUTA (1988) mencionou a ocorrência de florestas remanescentes na Bacia do rio Grande, e
sua riqueza em madeiras de lei, destacando como árvores notáveis o vinhático (Plathymenia
foliolosa), o angico (Anadenanthera peregrina) e as gameleiras (Ficus spp.).

4.10.2 - Fauna
Dentro do âmbito de avaliações ambientais integradas faz-se necessário em um primeiro
momento, delimitar a escala de aproximação desejada para a ordenação de dados com vistas a
gerar conjuntos de informações que permitam, no nível de detalhamento aplicável a este tipo de
documento, a análise dos dados sem produção de cenários desprovidos de conteúdo informativo
ou de difícil espacialização.
Neste contexto, a fauna terrestre foi avaliada apenas no sentido de identificar, dentre as
informações existentes, a presença de grupos ameaçados e o estado geral de conservação deste
segmento da biota local.
Para tanto, foram agregados dados obtidos em Estudos e/ou Relatórios de Impacto Ambiental,
artigos de demais produtos científicos.
Ressalta-se que, face a escala de aproximação exigida por este tipo de avaliação, ao estado de
degradação da bacia do rio Grande e em vista da distribuição bastante localizada das informações
acerca da fauna, foi conferido maior atenção ao estudo da distribuição dos elementos da
paisagem na identificação de padrões de zoneamento biótico e nas discussões posteriores acerca
da sensibilidade da bacia.
Considerando, principalmente, ROCHA et al., 2003 e ALVES et al., 2000, o estado do Rio de
Janeiro possui mais de 1129 espécies de vertebrados terrestres. São listadas para a área do
estado, 166 espécies de anfíbios com 32 endêmicas, 127 espécies de répteis (arcossauros-
crocodilianos, lepidossauros e quelônios) com 5 endêmicas (ROCHA et al., 2004), 650 espécies
de aves (arcossauros) com 5 endêmicas e 183 espécies de mamíferos com 3 espécies
endêmicas.
Muitas dessas espécies possuem ocorrência histórica não sendo mais encontradas nos limites do
estado, especialmente, por eliminação de seus habitats preferenciais.
A lista estadual de animais ameaçados de extinção reflete essa degradação com 138 espécies de
vertebrados terrestres sendo 4 espécies de anfíbios, 9 de répteis, 82 de aves e 43 de mamíferos.
Como previamente abordado, grande parte das florestas originais da Bacia do rio Grande foram
devastadas entre 1810 e 1880 pelo que o autor DRUMMOND, 1997 chamou de exército verde – a
cafeicultura. Cita, ainda, VIANA, 1934: “Desde então – 1790 – a planície, prestigiosa durante o
ciclo do açúcar, perde sua hegemonia. O centro de gravitação econômica e social da região
fluminense se orienta progressivamente no sentido da montanha”.
Por conseguinte, a fauna terrestre ocorrente na bacia atualmente difere consideravelmente
daquela registrada para o passado. Registros efetuados por Euler em 1867 (WEINBERG, 1986)
incluem espécies de aves restritas a ambientes bem conservados e a muito desaparecidas da
região.

156 de 256
Os processos de degradação ambiental resultantes de ciclos econômicos e modelos de ocupação
agro-pecuária resultaram em habitats florestais alterados e novos ambientes campestres e
paludícolas que inexistiam no passado. Introduções recentes de espécies da fauna e novas
colonizações expontâneas derivadas de alterações ambientais criaram um mosaico de fauna
típica de ambientes antropizados especialmente espécies sinantropas.
A paisagem dominante na maior parte da bacia, conforme apresentado no mapa de uso do solo, é
o de formações antropizadas, seja pela formação de pastagens seja pela simplificação da
estrutura florestal em arranjo de baixa capacidade suporte.
São compostos por formações antrópicas do meio rural como pastagens de gramíneas
implantadas para a pecuária, construções humanas e florestas homogêneas de espécies exóticas
para reflorestamento (sem sub-bosque):
Os levantamentos conduzidos dentro do âmbito do licenciamento ambiental das PCHs Bonança e
Sossego, identificaram espécies mais características destas formações, grupos estes que podem
ser considerados como os de maior conspicuidade na bacia do rio Grande.
O Quadro 10 relaciona, a partir da avaliação comparativa das fontes sitadas, os grupos da fauna
que podem ser considerados indicadores deste tipo de situação ambiental na bacia em estudo.
Quadro 10: Fauna característica de habitats campestres da área de influência direta do empreendimento.
Nome Científico Nome Vulgar
ORDEM DIDELPHIMORPHIA
Famíla Didelphiade
Didelphis aurita gambá-de-orelha-preta
ORDEM CARNIVORA
Família Canidae
Chrysocyon brachyurus guará
ORDEM RODENTIA
Família Muridae
Akodon sp. rato
Família Erethizontidae
Sphiggurus villosus ouriço-caixeiro
ARCHOSSAURA (AVES)
Ordem Ciconiiformes
Família Ardeidae
Bubulcus ibis garça-vaqueira
Syrigma sibilatrix maria-faceira
Ordem Cathartiformes
Família Cathartidae
Cathartes burrovianus urubu-de-cabeça-amarela
Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta
Ordem Falconiformes
Família Accipitridae
Buteo albicaudatus gavião-campeiro
Heterospizias meridionalis gavião-caboclo
Parabuteo unicinctus gavião-asa-de-telha
Rupornis magnirostris gavião-carijó
Família Falconidae
Caracara plancus caracará
Milvago chimachima carrapateiro
Falco sparverius quiriquiri
Ordem Charadriiformes
Família Charadriidae
Vanellus chilensis quero-quero
Família Cariamidae
Cariama cristata seriama
Ordem Columbiformes
Família Columbidae
Columbina minuta rolinha-de-asa-canela

157 de 256
Nome Científico Nome Vulgar
Columbina talpacoti rolinha-roxa
Patagioenas picazuro pombão
Patagioenas cayenensis pomba-vermelha
Ordem Psittaciformes
Família Psittacidae
Forpus xanthopterygius tuim
Aratinga leucophthalmus araguari
Propyrrhura mararaca maracana
Ordem Cuculiformes
Família Cuculidae
Crotophaga ani anu-preto
Guira guira anu-branco
Tapera naevia saci
Ordem Strigiformes
Família Tytonidae
Tyto alba coruja-da-igreja
Família Strigidae
Athene cunicularia coruja-buraqueira
Ordem Caprimulgiformes
Família Caprimulgidae
Nyctidromus albicollis Bacurau
Hydropsalis torquata bacurau-tesoura
Ordem Apodiformes
Família Apodidae
Streptoprocne zonaris taperuçu-de-coleira-branca
Chaetura meridionalis andorinhão-do-temporal
Família Trochilidae
Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado
Eupetomena macroura beija-flor-tesoura
Colibri serrirostris beija-flor-de-orelha-violeta
Hylocharis cyanus beija-flor-roxo
Ordem Galbuliformes
Família Bucconidae
Nystalus chacuru joão-bobo
Ordem Piciformes
Família Picidae
Melanerpes candidus birro
Colaptes melanochlorus pica-pau-verde
Colaptes campestris pica-pau-do-campo
Ordem Passeriformes
Família Thamnophilidae
Família Dendrocolaptidae
Lepidocolaptes angustirostris arapaçu-de-cerrado
Família Furnariidae
Furnarius figulus casaca-de-couro-da-lama
Furnarius rufus joão-de-barro
Synallaxis spixi joão-teneném
Phacellodomus rufifrons joão-de-pau
Família Tyrannidae
Todirostrum cinereum ferreirinho-relógio
Phyllomyias fasciatus piolhinho
Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela
Camptostoma obsoletum risadinha
Myiophobus fasciatus filipe
Hirundinea ferruginea gibão-de-couro
Xolmis cinereus primavera
Xolmis velatus noivinha-branca
Fluvicola nengeta lavadeira-mascarada
Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro
Pitangus sulphuratus bem-te-vi
Empidonomus varius peitica
Tyrannus melancholicus suiriri

158 de 256
Nome Científico Nome Vulgar
Tyrannus savana tesourinha
Família Hirundinidae
Progne tapera andorinha-do-campo
Progne chalybea andorinha-doméstica-grande
Pygochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa
Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora
Família Troglodytidae
Troglodytes musculus corruíra
Família Mimidae
Mimus saturninus sabiá-do-campo
Família Motacillidae
Anthus lutescens caminheiro-zumbidor
Família Coerebidae
Coereba flaveola cambacica
Família Thraupidae
Schistochlamys ruficapillus bico-de-veludo
Thraupis sayaca sanhaçu-cinzento
Thraupis palmarum sanhaçu-do-coqueiro
Família Emberizidae
Zonotrichia capensis tico-tico
Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo
Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro
Emberizoides herbicola canário-do-campo
Volatinia jacarina tiziu
Sporophila caerulescens coleirinho
Coryphospingus pileatus tico-tico-rei-cinza
Família Icteridae
Psarocolius decumanus japu
Gnorimopsar chopi graúna
Molothrus bonariensis vira-bosta
Sturnella superciliaris polícia-inglesa-do-sul
Família Estrildidae
Estrilda astrild bico-de-lacre
Família Passeridae
Passer domesticus pardal
LEPIDOSSAURIA
ORDEM SQUAMATA
Sub-Ordem Lacertília
Família Gekkonidae
Hemidactylus mabouia lagarticha-de-parede
Família Teiidae
Tupinambis merianae teiú
Família Tropiduridae
Tropidurus torquatus calango
Sub-Ordem Serpentes
Família Colubridae
Oxyrhopus petola limpa-campo
Ordem Anura
Família Bufonidae
Chaunus ictericus sapo-cururú
Família Leptodactylidae
Leptodactylus fuscus rã

159 de 256
Figura 145: Andorinha-serradora (Stelgidopterix
Figura 144: Taraguira (Tropidurus torquatus) ruficollis)

Figura 146: Sapo-cururú (Chaunus ictericus)

Figura 147: Pica-pau-verde (Colaptes melanochlorus)

As figuras acima apresentam o detalhe de algumas espécies características das formações


antrópicas da bacia do rio Grande (Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA, 2009a,b).
Ainda com base nestes documentos, observa-se, como segundo ambiente relativamente comum
as formações paludícolas, compostas por conjuntos autóctones ou antrópicos como a calha do rio
Grande e seus tributários, brejos de taboa, brejos de ciperáceas, pastagens alagadas, açudes e
reservatórios.
Com base nas informações consultadas pode-se considerar como característicos destes
ambientes as espécies listadas abaixo.
Quadro 11: Fauna característica de habitats paludícolas da área de estudo.
Nome Científico Nome Vulgar
MAMMALIA
ORDEM RODENTIA
Família Hidrochaeridae
Hydrochoerus hydrochaeris capivara

160 de 256
Nome Científico Nome Vulgar
ARCHOSSAURA (AVES)
Ordem Anseriformes
Família Anatidae
Amazonetta brasiliensis pé-vermelho
Ordem Pelecaniformes
Família Phalacrocoracidae
Phalacrocorax brasilianus biguá
Ordem Ciconiiformes
Família Ardeidae
Butorides striata socozinho
Bubulcus ibis garça-vaqueira
Ardea alba garça-branca-grande
Syrigma sibilatrix maria-faceira
Ordem Cathartiformes
Família Cathartidae
Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta
Ordem Gruiformes
Família Rallidae
Porzana albicollis sanã-carijó
Pardirallus nigricans saracura-sanã
Gallinula chloropus frango-d'água-comum
Porphyrio martinica frango-d'água-azul
Ordem Charadriiformes
Família Charadriidae
Vanellus chilensis quero-quero
Família Jacanidae
Jacana jacana Jaçanã
Ordem Cuculiformes
Família Cuculidae
Crotophaga major anu-coróca
Ordem Coraciiformes
Família Alcedinidae
Ceryle torquatus martim-pescador-grande
Ordem Passeriformes
Família Furnariidae
Furnarius figulus casaca-de-couro-da-lama
Certhiaxis cinnamomeus curutié
Família Tyrannidae
Serpophaga nigricans joãozinho
Fluvicola nengeta lavadeira-mascarada
Arundinicola leucocephala freirinha
Família Hirundinidae
Tachycineta albiventer andorinha-de-rio
Família Donacobiidae
Donacobius atricapilla japacanim
Família Parulidae
Geothlypis aequinoctialis pia-cobra
Família Icteridae
Chrysomus ruficapillus garibaldi
ARCHOSSAURA (cROCODYLIA)
Família Alligatoridae
Caiman aff. latirostris jacaré
Ordem Anura
Família Bufonidae
Chaunus ictericus sapo-cururú
Chaunus ornatus sapo-cururú
Família Hylidae
Dendropsophus decipiens perereca
Dendropsophus minutus perereca
Dendropsophus bipunctatus perereca
Dendropsophus elegans perereca
Hypsiboas albomarginatus perereca

161 de 256
Nome Científico Nome Vulgar
Hypsiboas pardalis perereca
Hypsiboas faber perereca
Hypsiboas semilineatus perereca
Scinax fuscovarius perereca
Família Leptodactylidae
Leptodactylus ocellatus rã
Leptodactylus fuscus rã

Figura 148: Ferreiro (Hypsiboas faber) Figura 149: Anú-coroca (Crotophaga major)

Figura 150: Pererequinha (Dendropsophus


decipiens) Figura 151: Capivara (Hydrochaeris hydrochaeris)

As figuras acima apresentam o detalhe de algumas espécies características das formações


paludícolas da bacia do rio Grande (Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA, 2009a).
Os fragmentos florestais existentes apresentam-se fortemente concentrados nas porções
superiores da bacia, seja em sua nascente ou na de parte da drenagem associada, notadamente
aquela que drena par a margem direita do rio Grande.
Como previamente descrito, estas áreas encontra-se próximas ou dentro dos limites de unidades
de conservação.
No curso médio do Grande, concentrações de fragmentos ocorrem principalmente no entrono dos
empreendimentos planejados das PCHs Jambo e Sossego.
Para estes o levantamento mais amplo foi aquela apresentado para a PCH Sossego, que
relaciona as espécies listada como ocorrentes nas formações florestais remanescentes.
De acordo com o estudo ambiental conduzido para este empreendimento, os fragmentos florestais
de sua área de influência, que muito se assemelham ao arranjo geral observado no recorte
geográfico mais amplo de inserção, são compostos por formações secundárias da floresta
estacional (mata seca) e da floresta ombrófila densa (mata úmida) original . Existem formações

162 de 256
monoespecíficas de elementos arbóreos como angicos (Anadenthera sp.). No curso de tributários
do rio Grande, observam-se formações ombrófilas com presença de espécies da mata úmida e
fauna relacionada. Estão presentes, ainda, formações ciliares do rio Grande com Inga e Ficus.
As espécies registradas nestes fragmentos estão relacionadas abaixo. Considerando a bionomia
das mesmas e as condições dos fragmentos existentes no médio curso que, conforme
anteriormente afirmado, muito assemelham aos demais existentes neste setor, pode-se considerar
a listagem abaixo como uma referencia de ocorrência provável para outras áreas da bacia dentro
desta mesma unidade espacial.
Quadro 12: Espécies registradas em fragmentos florestais – PCH Sossego.
Nome Científico Nome Vulgar ADA AID
ORDEM Didelphimorphia
Famíla Didelphiade
Didelphis aurita gambá-de-orelha-preta x x
ORDEM Pilosa
Família Dasypodidae
Dasypus novemcintus tatu-galinha x x
Euphractus sexcinctus tatú-peba x
ORDEM PRIMATES
Família Cebidae
Alouatta guariba bugio x
ORDEM RODENTIA
Família Cricetidae
Akodon sp. rato x
Família Cuniculidae
Cuniculus paca paca x
Família Hidrochaeridae
Hydrochaeris hydrochaeris capivara x
Família Dasyproctidae
Dasyprocta cf. agouti cutia x
Família Erethizontidae
Sphiggurus villosus ouriço-caixeiro x x
ARCHOSSAURA (AVES)
Ordem Tinamiformes
Família Tinamidae
Crypturellus tataupa inhambu x
Ordem Cathartiformes
Família Cathartidae
Cathartes burrovianus urubu-de-cabeça-amarela x x
Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha x x
Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta x x
Ordem Falconiformes
Família Accipitridae
Ictinia plumbea sovi x
Accipiter bicolor gavião-cinza x
Rupornis magnirostris gavião-carijó x x
Família Falconidae
Micrastur ruficollis falcão-caburé x x
Ordem Columbiformes
Família Columbidae
Patagioenas picazuro pombão x x
Patagioenas cayenensis pomba-vermelha x x
Leptotila rufaxila juriti-gemedeira x
Leptotila verreauxi juriti-pupu x x
Geotrygon montana pariri x
Ordem Psittaciformes
Família Psittacidae
Forpus xanthopterygius tuim x
Aratinga leucophthalmus araguarí x x
Propyrrhura mararaca maracana x x
Amazona aestiva Papagaio (introduzido) x

163 de 256
Nome Científico Nome Vulgar ADA AID
Ordem Cuculiformes
Família Cuculidae
Coccyzus melacoryphus papa-lagarta-acanelado x x
Piaya cayana alma-de-gato x x
Crotophaga major anu-coróca x
Ordem Strigiformes
Família Tytonidae
Tyto alba coruja-da-igreja x
Família Strigidae
Megascops choliba corujinha-do-mato x x
Ordem Apodiformes
Família Trochilidae x x
Colibri serrirostris beija-flor-de-orelha-violeta x x
Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vemelho x
Ordem Galbuliformes
Família Galbulidae
Galbula ruficauda ariramba-de-cauda-ruiva x x
Ordem TROGONIformes
Família Trogonidae
Trogon viridis surucuá x
Ordem Piciformes
Família Ramphastidae
Pteroglossus aracari araçari-minhoca x
Família Picidae
Picumnus cirrhatus pica-pau-anão-barrado x x
Colaptes melanochlorus pica-pau-verde x x
Ordem Passeriformes
Família Thamnophilidae
Hypoedaleus guttatus choca-barrada x
Mackenziana severa chocão x
Thamnophilus palliatus choca-listrada x
Thamnophilus aff. ambiguus choca-bate-cabo x x
Thamnophilus caerulescens choca-da-mata x
Dysithamnus mentalis choquinha x x
Myrmotherula axilaris choquinha-de-bando x
Drymophila ferruginea pí-puí x
Herpsilochmus rufimarginatus chorozinho x
Pyriglena leucoptera olho-de-fogo x x
Família Formicariidae
Formicarius colma pinto-do-mato x
Família Dendrocolaptidae
Dendrocincla turdina arapaçu-turdina x
Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde x
Lepidocolaptes fuscus arapaçu x
Família Furnariidae
Automolus leucophthalmus barranqueiro-de-olho-branco x
Família Tyrannidae
Euscarthmus meloryphus barulhento x
Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta x x
Tolmomyias flaviventris bico-chato-amarelo x x
Colonia colonus noivinha x
Platyrinchus mystaceus patinho x
Myiophobus fasciatus filipe x x
Lathrotriccus euleri enferrujado x
Legatus leucophaius bem-te-vi-pirata x x
Myiozetetes similis bentevizinho-de-penacho-vermelho x x
Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado x x
Megarynchus pitangua neinei x x
Tyrannus melancholicus suiriri x x
Myiarchus ferox maria-cavaleira x x
Myiarchus tyrannulus tonta x x
Família Pipridae

164 de 256
Nome Científico Nome Vulgar ADA AID
Manacus manacus rendeira x
Chiroxiphia caudata tangará x
Família Tityridae
Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto x x
Família Vireonidae
Cyclarhis gujanensis pitiguari x x
Vireo olivaceus juruviara x x
Hylophilus thoracicus vite-vite x x
Família Troglodytidae
Troglodytes musculus corruíra x x
Tryothorus genibarbis pai-avô x
Família Donacobiidae
Donacobius atricapilla japacanim x x
Família Turdidae
Turdus rufiventris sabiá-laranjeira x x
Turdus amaurochalinus sabiá-póca x
Turdus leucomelas sabiá-barranco x x
Família Coerebidae
Coereba flaveola cambacica x x
Família Thraupidae
Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto x x
Thraupis sayaca sanhaçu-cinzento x x
Thraupis palmarum sanhaçu-do-coqueiro x x
Tangara cayana saíra-amarela x x
Tersina viridis saí-andorinha x
Dacnis cayana saí-azul x x
Conirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho x x
Família Emberizidae
Coryphospingus pileatus tico-tico-rei-cinza x x
Família Parulidae
Parula pitiayumi mariquita x
Basileuterus culicivorus pula-pula x
Família Icteridae
Cacicus haemohous guaxe x x
Psarocolius decumanus japu x
Família Fringillidae
Euphonia chlorotica fim-fim x x
LEPIDOSSAURIA
ORDEM SQUAMATA
Sub-Ordem Lacertília
Família Teiidae
Ameiva ameiva calango-verde x x
Tupinambis merianae teiú x x
Sub-Ordem Serpentes
Família Colubridae
Oxyhropus petola cobra-do-capim x
Spilotes pullatus caninana x
Ordem Anura
Família Brachycephalidae
Eleutherodactylus binotatus sapo-da-folha x x
Família Bufonidae
Rhinella ornata sapo-cururú x x
Família Hylidae
Scinax fuscovarius perereca x

165 de 256
Figura 152: Choca-riscada (Thamnophilus Figura 153: Saí-azul (Dacnis cayana)
palliatus)

Figura 154: Gavião-cinza (Accipiter bicolor) na mata seca

Figura 155: Mariquita (Parula Figura 156: Gaturamo (Euphonia chlorotica)


pitiayumi)

As figura anteriores mostram o detalhe de algumas espécies características das formações


florestais do curso médio da bacia do rio Grande (Fonte: DESENVIX/NP CONSULTORIA, 2009b).
Considerando as unidades homogêneas reconhecidas no estudo de uso do solo e cobertura
vegetal, observa-se que a presença de espécies ameaçadas de extinção é mais conspícua na
unidade ambiental da serra do Mar Fluminense, face a existência de fragmentos florestais mais
preservados e contínuos. O mesmo vale para os endemismos de mata atlântica, bem
representados, por exemplo nos limites do Parque Estadual do Três Picos.
Para o Parque do Desengano, MODESTO et al., (2008), por exemplo, destacam que 33,7% das
espécies de mamíferos com ocorrência prevista para o estado do Rio de Janeiro foram registrados
na referida UC. Dentre estas inclui-se o macaco muriqui – Brachyteles arachnoides – além de
outras quatorze espécies ameaças de extinção.
No Parque dos Três Picos (PETP) RODRIGUES & MARINHO (2009) registraram 24 espécies
globalmente vulneráveis ou quase ameaçadas, bem como 18 espécies ameaçadas ou
provavelmente ameaçadas de extinção no estado do Rio de Janeiro.
FBCN (2007) ressalta que nesta UC existem muitas espécies ameaçadas, especialmente de
grandes mamíferos como o porco do mato, a lontra e a jaguatirica ou aves como o gavião-pega-

166 de 256
macaco, que lá encontram refúgio. O PETP forma um grande corredor florestal contínuo com o PN
da serra dos Órgãos e com a EE do Paraíso, em Guapimirim.
O estudo destaca como espécies relevantes da fauna de mamíferos suçuarana ou onça-parda
(Puma concolor), maracajá (Leopardus wiedii), lontra (Lutra longicaudis), tamanduá-mirim
(Tamandua tetradactyla), preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), macaco–prego (C. nigritus),
muriqui ou mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides) (FBCN, 2007).
No segundo recorte geográfico considerado (Interior Fluminense), os estudos já desenvolvidos
dentro do processo de licenciamento de Pequenas Centrais Hidrelétricas registraram duas
espécies ameaçadas de extinção, o araçari (Pteroglossus aracari) e o jacaré-de-papo-amarelo
(Caiman latirostris).
Para o terceiro recorte geográfico (Vale do Paraíba), a ausência de levantamentos específico para
o trecho permite apenas apresentar, como de provável ocorrência no local, grupos como Caiman
latirostris e o cágado Mesoclemmys hogei. A forte descaracterização dos ambientes terrestres
neste local, e por consequente, a reduzida capacidade de suporte, tende a ter reduzido a
probabilidade de ocorrência de espécies com níveis mais elevados de exigência quanto a
integridade dos ambientes.
A bacia em estudo situa-se dentro do bioma da Mata Atlântica e, desta forma, sua área de
inserção encontra-se relacionada a diversas iniciativas que visam a garantir a conservação da alta
biodiversidade desta unidade geográfica.
O reconhecimento de espaços com relevância bioconservacionista se dá em diferentes escalas.
O mosaico de unidades de conservação (UC’s) denominado Mosaico da Mata Atlântica Central
Fluminense está parcialmente inserido na bacia em estudo.
Este mosaico está inserido no chamado Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica juntamente
com o Mosaico Bocaina, na região de Paraty (RJ) e Ubatuba (SP), e o Mosaico Serra da
Mantiqueira, composto por áreas de São Paulo, Rio de janeiro e Minas Gerais.

Fonte: http://www.conservation.org.br
Figura 157: Localização do Corredor de
Biodiversidade da Serra do Mar.
O Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense abrange uma área de cerca de 23.3710
hectares, 13 municípios e 22 unidades de conservação. São elas:
Sob a administração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais – IBAMA:

• Área de Proteção Ambiental Guapimirim;

• Área de Proteção Ambiental Petrópolis;

167 de 256
• Estação Ecológica Guanabara;

• Parque Nacional de Serra dos Órgãos;

• Reserva Biológica do Tinguá.


Sob a administração do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e da Secretaria Estadual do Meio
Ambiente e Desenvolvimento Urbano do Estado do e Desenvolvimento Urbano do Estado do Rio
de Janeiro (SEMADUR):

• Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio dos Frades;

• Área de Proteção Ambiental da Floreta do Jacarandá;

• Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio Macacú;

• Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima;

• Estação Ecológica do Paraíso.


Sob a administração do Instituto Estadual do Ambiente – INEA:

• Parque Estadual dos Três Picos;

• Reserva Biológica de Araras;

• Parque do Desengano.
Sob a administração da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de São José do Vale do Rio Preto:

• Área de Proteção Ambiental Maravilha;

• Parque Natural Municipal da Araponga;

• Monumento Natural Pedra das Flores;

• Estação Ecológica Monte das Flores.


Sob a administração da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Duque de Caxias:

• Parque Natural Municipal da Taquara.


Sob a administração privada – Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN’s:

• RPPN CEC – Tinguá;

• RPPN EL Nagual;

• RPPN Querência;

• RPPN Graziela Maciel Barroso.

168 de 256
Fonte: http://www.conservation.org.br
Figura 158: Localização dos Mosaicos Bocaina, Mata Atlântica Central
Fluminense e Mantiqueira.

Fonte: http://www.conservation.org.br
Figura 159: Mosaicos Mantiqueira, Bocaina e Mata Atlântica
Central Fluminense, formando o Corredor de Biodiversidade da
Mata Atlântica, em maior detalhe.

Fonte: http://www.conservation.org.br
Figura 160: Detalhe das Unidades de conservação que integram o
Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense.
Dentro deste contexto, destacam-se como espaços de maior dimensão situados dentro da bacia,
as seguintes unidades de conservação:

169 de 256
Parque Estadual dos Três Picos (PETP): O seu nome evoca os Três Picos de Friburgo, imponente
conjunto de montanhas graníticas que, elevando-se a de 2.316 metros acima do nível do mar, e é
o ponto culminante de toda a serra do Mar.
Com uma área aproximada de 46.350 hectares, é o maior parque estadual do Rio de Janeiro,
abrangendo porções dos municípios de Cachoeiras de Macacu (49,1% da área do PETP),
Teresópolis (19,9%), Nova Friburgo (19,7%), Silva Jardim (7,1%) e Guapimirim (4%).
O clima do parque varia do tropical Af (na escala de Köppen) nas partes mais baixas em
Cachoeiras de Macacu ao mesotérmico brando Cfb nas áreas acima de 1200m, com verões
brandos (média simples do mês de fevereiro entre 15°C e 18°C) e invernos frios (Média simples
do mês de julho abaixo de 10°C). O Parque Estadual dos Três Picos registra a maior incidência de
geadas no estado do Rio de Janeiro, perdendo apenas para o Parque Nacional do Itatiaia,
devendo a este fato a ocorrência de campos de altitude.
Frequentemente são verificadas temperaturas negativas nos picos e com menor frequência nos
vales ao redor.
A Pesagro já registrou a ocorrência de sincelo (nevoeiro congelado) na região, evento climático
típico de países de clima temperado, estes eventos ocorrem quando grande umidade proveniente
do mar eleva-se a grande altitude e encontra-se com ar seco abaixo do ponto de congelamento,
isso faz com que as gotículas de água em suspensão congelem e se precipitem.

Figura 161: Pico Maior de Friburgo -


Ponto culminante da Serra do Mar -
2316m.
A criação do parque representou um acréscimo de 75% em toda a área protegida por parques e
reservas estaduais, visando preservar o cinturão central de Mata Atlântica do Estado do Rio de
Janeiro, que já perdeu cerca de 83% de sua cobertura florestal original. Em suas densas matas
foram detectados os mais elevados índices de biodiversidade em todo o estado, isto é, a maior
variedade de espécies animais e vegetais em uma dada unidade de área, sendo por isso
considerada uma região da mais elevada prioridade, em termos de conservação, pelos
especialistas.
Muitas espécies ameaçadas, especialmente grandes mamíferos como o puma ou onça-parda,
porco do mato, a lontra e a jaguatirica ou aves como o gavião-pega-macaco, encontram refúgio,
pois o Parque Estadual forma um extenso contínuo florestal com o Parque Nacional da Serra dos
Órgãos e com a Estação Ecológica do Paraíso, em Guapimirim.

170 de 256
O Parque Estadual dos Três Picos representa ainda um estímulo ao desenvolvimento econômico
regional, pois favorece o turismo em todas as suas formas, em especial o ecoturismo, já que
oferece muitas possibilidades de trilhas, escaladas e cachoeiras de inigualável beleza. Entre os
pontos de atração turística encontram-se o Pico da Caledônia, a Pedra do Faraó, as Torres de
Bonsucesso, a Mulher de Pedra e os próprios Três Picos.
Destaca-se ainda que no município de Cordeiro foi criada Área de Proteção Ambiental (APA),
sobre o Decreto 13 de 06/03/2008. A APA da Mata do Posto Zootécnico fica no centro da cidade,
numa área de 113 hectares e mais 13 hectares para consolidação de um bairro.
O Parque Estadual do Desengano, com área de 22.400 hectares (224 quilômetros quadrados)
constitui o último remanescente contínuo de Mata Atlântica em ampla região, que abrange terras
dos municípios de Santa Maria Madalena (na região serrana), Campos e São Fidélis (no norte
fluminense).
O relevo do Parque se caracteriza por cristas de topos aguçados, pães de açúcar, morros,
pontões, escarpas com até 75 graus de inclinação e patamares escalonados. Na paisagem
sobressaem o Pico do Desengano, com altitude de 1.761 metros, o Pico São Mateus, com 1.576
metros, e a Pedra Agulha, com 1.080 metros.
A importância hídrica do Parque é inestimável. Numerosos cursos d’água têm nascentes no seu
interior, sendo alguns responsáveis pelo abastecimento de núcleos povoados nos municípios de
Santa Maria Madalena, São Fidélis e Campos.
São também valiosos atrativos a exuberância de cenários naturais e numerosas cachoeiras, entre
as quais estão Vernec, Bonita e Tromba d’Água.
Os rios mais conhecidos são o rio Grande e seus afluentes, os ribeirões Macapá e Santíssimo, o
rio do Colégio e os rios Segundo do Norte, Morumbeca, Aleluia e Mocotó, afluentes do rio Imbé.
Este deságua na lagoa de Cima que, por sua vez, por meio de um sangradouro formado pelo rio
Ururaí, flui para a lagoa Feia.
Através de compensação ambiental pela instalação da Usina Termoelétrica de Macaé, da El Paso,
está sendo realizado o Projeto de Consolidação do PED, que além de melhorias em sua
infraestrutura, inclui a elaboração do Plano de Manejo e o Programa de Educação Ambiental e
Práticas Sustentáveis. No dia 27 de março de 2004, foi inaugurado o Centro de Visitantes com
sala de exposições, auditório com sistema audiovisual, biblioteca, sala de reuniões, terminais de
consultas, cafeteria, anfiteatro e áreas de lazer com tratamento paisagístico e sinalização
direcional.
A cobertura vegetal é formada por Floresta Ombrófila Densa Montana e Submontana e por
campos de altitude. A Floresta Submontana reveste as terras até a cota altimétrica de 500 metros,
ao passo que a Floresta Montana, situa-se entre 500 e 1.500 metros. Os campos de altitude
ocorrem geralmente acima de 1.600 metros.
Das 283 espécies de avifauna encontradas nos campos de altitude, 22 são endêmicas e ocorrem
em populações reduzidas. Segundo MARTINELLI (1989), o Parque do Desengano apresenta os
campos de altitude mais conservados do estado, se comparados com os de Itatiaia, Frade, Morro
do Cuca e Antas.
O Clube de Observadores de Aves (COA) do Rio de Janeiro vem estudando as aves do
Desengano desde 1985, tendo sido encontradas na região cerca de 410 espécies, o que
evidencia a sua alta biodiversidade. Muitas delas estão ameaçadas de extinção, como jacutinga,
macuco, gavião-pomba, gavião-pato, e outras como jacu, inhambu, araponga, gavião-pega-
macaco e papagaio-chauá só remanescem nas áreas protegidas.
Entre os mamíferos, destacam-se: preguiça-de-coleira, onça-parda, quati, paca, barbado, tatu-
galinha, irara, cateto, queixada, sauá, cuíca, macaco-prego, furão e mão-pelada.

171 de 256
Em julho de 1999, foi observado também o muriqui, espécie de primata altamente ameaçada de
extinção. A descoberta do muriqui atraiu a atenção da comunidade científica nacional e
internacional e motivou investimentos em pesquisa e atividades conservacionistas, a exemplo do
que vem sendo realizado com o mico-leão-dourado nas Reservas Biológicas de Poço das Antas e
da União (ambas federais).
Os dispositivos legais específicos que protegem o Parque são o Decreto-Lei Estadual nº 250, de
13 de abril de 1970, que o criou, e o Decreto Estadual nº 7.121, de 28 de dezembro de 1983,
republicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro de 18 de janeiro de 1984, que instituiu
uma área de proteção ambiental (APA), incluindo em seus limites a área do Parque Estadual do
Desengano.

4.11 - ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS

Neste estudo procura-se oferecer uma visão mais atenta das maneiras de vivência das
localidades da bacia, onde abrange-se os municípios da Bacia do Rio Grande.
Conforme explicitado no capítulo 3 -Metodologia, a Avaliação Ambiental Integrada da bacia do rio
Grande é um desdobramento da Avaliação Ambiental Integrada do Paraíba do Sul, sendo então
utilizada a metodologia homologada pela EPE bem como foram incluídas informações solicitadas
no Termo de Referência.
Reforça-se também que o Estudo Socioeconômico possui como base os dados municipais,
mesmo sabendo que para alguns deles, a área urbana não encontra-se na bacia, sendo relevante
apenas a área rural, ou vice-versa. No caso da bacia do Rio Grande, desconsiderou-se a análise
de Campos dos Goytacazes como parte integrante da bacia, tendo em vista que sua área
territorial abrangida pela bacia é de 0,10% e cuja a sede municipal encontra-se distante de 60 km
do divisor de águas. Com a realização dos estudos utilizando-se a base municipal, é fundamental
para uma análise consistente da bacia, a verificação da homogeneidade da população perante a
bacia. Tendo em vista esta homogeneidade, optou-se por considerar como município integrante
mesmo aqueles que possuem sua sede municipal fora da bacia. Sendo assim, o diagnóstico
procurou estudar os municípios de: Nova Friburgo, Bom Jardim, Duas Barras, Cordeiro, Macuco,
São Sebastião do Alto, Trajano de Morais, Santa Maria Madalena Cantagalo, Itaocara e São
Fidélis. A seguir apresenta-se as proporções entre os limites municipais e bacia do Rio Grande.
NOME Sede na Bacia Área Total em km² Área abrangida pela bacia em km² %
Bom Jardim SIM 385,49 384,85 99,84%
Campos dos Goytacazes 4042,06 4,04 0,10%
Cantagalo SIM 749,62 249,02 33,22%
Cordeiro SIM 116,27 116,27 100,00%
Duas Barras SIM 375,69 314,24 83,64%
Itaocara NÃO 429,07 165,00 38,45%
Macuco SIM 77,10 77,10 100,00%
Nova Friburgo SIM 933,27 594,67 63,72%
Santa Maria Madalena SIM 816,98 277,83 34,01%
São Fidélis NÃO 1030,22 241,32 23,42%
São Sebastião do Alto SIM 397,70 397,70 100,00%
Trajano de Morais SIM 590,30 322,16 54,58%
Fonte: IBGE, 2007
Tabela 45: Proporções entre os limites municipais e bacia do Rio Grande

Vale ressaltar que as informações relativas à Campo dos Goytacazes, no que consiste todos os
dados levantados para os municípios integrantes da Bacia do Rio Grande, encontram-se
disponíveis no ANEXO 3 – Campos dos Goytacazes.
O Diagnóstico Socioeconômico deve se prestar a entender as dimensões constitutivas da formas
sociais, entendendo os padrões de ocupação da região, os regimes produtivos, as relações
sociais de parentesco, a história de vida e por fim as relações que ligam o homem ao espaço em
que vive e as relações que ele estabelece com os outros habitantes deste mesmo espaço,
visando embasamento para definição dos Indicadores Ambientais e estabelecimento dos Efeitos

172 de 256
Cumulativos e Sinérgicos das etapas posteriores da Avaliação Ambiental Integrada da bacia do
Rio Grande.
De forma complementar, o Termo de Referência estabelece que deverá ser apresentado o total de
estabelecimentos a serem inviabilizados, quantificando as atividades agropecuárias afetadas,
contingente populacional atingido, contemplando não somente as terras mas também os seus
usos. Além disso, o Termo de Referência solicita a indicação do fluxo de pessoas atraída pela
implantação dos empreendimentos, a situação jurídica e de regularização das terras atingidas. Por
fim, a avaliação dos impactos em dois cenários visando perceber as interferências da implantação
sequencial e implantação concomitante dos empreendimento.
Embora este Relatório tenha por finalidade apresentar o Diagnóstico Ambiental da bacia do Rio
Grande, no que consiste sua situação atual, as informações mencionadas acima fazem referência
à estudos pontuais de cada PCH, sendo apresentadas em seus Estudos de Impacto Ambiental e
respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima). Ou seja, estes temas serão abordados
quando realizada a definição dos indicadores ambientais, e suas integrações, em fase posterior ao
Diagnóstico Ambiental.

4.11.1 - Contexto Regional


4.11.1.1 - Processo Histórico de Ocupação
A compreensão do passado é de grande importância a fim de se entender o processo de
transformação social a partir do acúmulo de saberes do homem, responsável por mudanças
substanciais a nível tanto macro, como micro, nos modos de vida da humanidade e do homem,
que possibilita transformações na sociedade. Desta forma, o presente item apresenta, ainda que
resumidamente, as características históricas de ocupação territorial da região, e dos municípios,
localizados na área de influência do estudo, que compreende o rio Grande.
Tais informações foram elaboradas segundo informações do IBGE/CIDADES e informações
disponibilizadas pelas prefeituras e seguem abaixo.

4.11.1.1.1 - A Região

A Região é marcada por espaços singulares. O primeiro caracteriza-se dinamismo econômico, em


função das atividades industriais e turísticas, bem como pela produção de hortifrutigranjeiros, nos
vales intermontanos. A outra unidade, englobando o restante da Região, apresenta um fraco
desempenho econômico, em função da substituição da atividade cafeeira pela pecuária extensiva,
em solos empobrecidos, trazendo baixos índices de produtividade, o que tem servido para forçar o
êxodo de parcelas consideráveis da força de trabalho rural. Contudo, a atividade industrial como,
por exemplo, a produção cimenteira de Cantagalo, de grande importância para o município, não
possui o dinamismo suficiente para alterar este quadro.
O município de Nova Friburgo e de Petrópolis são os principais polos regionais de médio porte no
estado. Nova Friburgo desempenha as funções industrial, de comércio e de prestação de
serviços, exercendo influência sobre quase todos os municípios da região serrana. Apresenta
indústrias de gêneros diversos, como metalurgia, mecânica, matéria plástica, editorial e gráfica,
vestuário e têxtil. Predomina a indústria tradicional, representada por pequenas e médias
empresas, destacando-se as têxteis, com a produção de artigos diversos de armarinho e voltados
para o consumo feminino, atualmente em forte expansão.
O desenvolvimento do comércio e dos serviços é expressivo, estando relacionado a dar suporte
ao setor industrial. É igualmente observada a influência da função turística na sua economia,
apresentando rede de hotéis que crescem de padrão, principalmente com a abertura da estrada
Serra Mar, inaugurada por volta dos anos de 2006, que contribuiu para o maior fluxos de pessoas
entre a Região dos Lagos (Litoral Fluminense), mas principalmente com o município de Macaé.

173 de 256
O setor primário, embora tenha pouca participação na produção total do município, destaca-se
pela olericultura e pela floricultura, constituindo a agricultura uma atividade estável. A centralidade
de Nova Friburgo e o seu papel polarizador podem ser comprovados através da análise dos fluxos
de migração no estado, situando-se entre os que mais migrantes receberam no período
1970/1991.

4.11.1.1.2 - Bom Jardim

A ocupação das terras do atual município de Bom Jardim está diretamente ligada à ocupação das
terras auríferas de Cantagalo. Nos finais do século XVIII e no início do século XIX a Coroa
Portuguesa passou a distribuir cartas de sesmarias na região a fim de promover a sua ocupação.
Várias sesmarias foram solicitadas nas margens do rio Grande onde hoje se localiza o município
de Bom Jardim. Em 1819, já com a família Real do Brasil, foi instalada uma colônia suíça a
apenas quatro léguas da atual sede do município. Em 1824 uma colônia de alemães instalou-se
no mesmo local. Muitos desses colonos estabeleceram-se em terras pertencentes ao atual
município de Bom Jardim. Com o desenvolvimento da lavoura cafeeira na província fluminense,
Cantagalo tornou-se um grande polo produtor e Bom Jardim beneficiou-se como rota de trânsito
das tropas que transportavam o café para o Rio de Janeiro e também passou a ser produtor de
café. A autonomia do município de Bom Jardim começou a ser delineada em 1857, quando a
localidade de São José do Ribeirão (hoje 2º distrito de Bom Jardim), foi elevada a categoria de
freguesia do município de Nova Friburgo. Em 1875 foi inaugurado o ramal ferroviário até Bom
Jardim. Em torno da estação desenvolveu-se um povoado que em 1886 foi elevado a categoria de
distrito policial do município de Cantagalo. Com a Proclamação da República, a freguesia de São
José do Ribeirão foi transformada em município através do decreto nº 280 de 06 de Julho de
1891. Porém, com a promulgação da Constituição Estadual, no dia 09 de Abril de 1892 que criou
novos critérios para a existência de municípios, foram extintos 14 municípios entre eles São José
do Ribeirão. Entretanto, o distrito policial de Bom Jardim, juntamente com a freguesia de São José
do Ribeirão atendiam os critérios para a existência de um município. Assim, em 17 de Dezembro
de 1892 através da lei nº 37 foi restabelecido o município de São José do Ribeirão com o nome de
Bom Jardim e a sede na estação do mesmo nome. Porém, subordinado a comarca de Nova
Friburgo, vindo a emancipar-se em 05 de Março de 1893. No dia 31 de Dezembro de 1943, por lei
Estadual nº 1056 o município passou a chamar-se Vergel, denominação que perdurou até 20 de
Junho de 1947, quando uma nova lei Estadual devolveu ao município seu antigo nome de Bom
Jardim que continua até hoje.

4.11.1.1.3 - Cantagalo

Essa área chamada no início da colonização de Sertões do Leste era habitada até a chegada dos
portugueses por índios Puri também conhecidos como Coroados.
A colonização começa a se processar concomitantemente com a febre do ouro que estava
ocorrendo em vários locais de Minas Gerais.
Um aventureiro português de nome Manoel Henrique, conhecido como Mão de Luva , que
chefiava um grupo de contrabando de ouro, saiu percorrendo a região e buscando ouro nos rios
Macuco, Negro e Grande, apesar da proibição da Coroa Portuguesa.
Mão de Luva já havia escapado da perseguição do governo, quando fugiu de Vila Rica trazendo
para o Rio de Janeiro apetrechos de trabalho, mula cargueira, diamantes e gemas valiosas além
de pepitas de ouro, por volta de 1764.
A exploração do ouro era controlada severamente pelos portugueses e altas taxas eram cobradas
de todos os envolvidos na sua exploração.
Nessa fuga o grupo que acompanhava Mão de Luva chegou à nascente das Lavrinhas, cujo
acampamento foi o precursor da descoberta da terra de Cantagalo. Acampou no lugar onde existia
a Usina Borell, local que ficou marcado algum tempo por chafariz construído como memória.

174 de 256
4.11.1.1.4 - Cordeiro

Até o final do Século XVIII a região foi ocupada por índios Goitacá e Coroados. Com a passagem
dos Bandeirantes pela região à caminho de Minas Gerais e de forasteiros de todos os tipos à
procura de ouro e pedras preciosas, a população indígena foi afastada através de focos de
ocupação na mata e por combates e enfrentamentos.
Mão de Luva, o fora da lei que vindo fugido de Minas Gerais começou seu pequeno povoado em
Lavrinhas, havia sido atraído para Lavrinhas - como o próprio nome revela - pelo fato de ali ser
local para extração de ouro e pedras preciosas, e que se revelou um esconderijo seguro dentro da
mata para o seu bando. Foi ali o início do Município de Cantagalo.
O próprio Barão de Nova Friburgo, futuro proprietário de fazendas em toda região de Cantagalo,
iniciou sua fortuna em Lavrinhas com a extração de ouro. Como parece que o manancial ali já
tinha se esgotado, dirigiu seus esforços em outra direção, se transformando num poderoso
proprietário de fazendas de café. Lavrinhas é uma região que pertence a Cordeiro.
A ocupação do que é hoje a Cidade de Cordeiro começou por volta de 1855 com uma fazenda de
propriedade de Manoel Rosendo Cordeiro, do lado direito do rio Macuco.
Um casarão que possuía amplas salas e vários quartos e que era sua residência. A casa servia de
pouso para os condutores de tropas e negociantes que atravessavam a mata. O casarão foi por
muito tempo conhecido como Casa da Imigração. Haviam também algumas rústicas moradias em
torno desse pequeno núcleo.
A cultura do café que estava a pleno vapor no Vale do Paraíba, teve seu grande desenvolvimento
na região que compreende Cantagalo, Cordeiro, Bom Jardim e outras cidades por volta de 1883.
Fazendas foram se incorporando a essa cultura com a aquisição de mais escravos e aumentando
seus depósitos e armazéns. Por outra lado a estrutura toda necessária ao comércio do café, seu
transporte, distribuição e embarque provocou grandes mudanças na região inclusive com a
construção de novos de ramais na rede ferroviária. A ideia era trazer os trens cada vez mais perto
das plantações de café. As safras atingiram quantidades consideráveis enriquecendo os
municípios e atraindo novos moradores.
Em 1875 Manoel Rosendo Cordeiro cedeu faixa de terra de sua propriedade para a passagem da
via férrea.
A Estrada de Ferro que vinha até Cantagalo foi incorporada mais tarde a Estrada de Ferro
Leopoldina. O tráfego vinha de Nova Friburgo e mais tarde chegou até Campos e São Fidélis. D.
Pedro II passou por essa estrada quando inaugurou o ramal de Campos.
Cordeiro era um povoado que em 1890 já contava com 700 habitantes, possibilitando sua criação
como distrito de Cantagalo.
Com a abolição da escravatura, esgotamento do solo e o surgimento de novas áreas cafeeiras, a
atividade agrícola foi se transformando. Muitas fazendas passaram a se ocupar com pecuária e
com outros tipos de lavoura, enquanto ainda cultivavam café. Ainda existiam fazendas de café no
município durante quase toda a primeira metade do século XX.
A tendência pecuarista se acentuou e em 1921 foi inaugurado o Posto Zootécnico Dr. Raul Veiga.
Cordeiro passou a ser bastante conhecida então pela Exposição Regional de Gado e Produtos
Derivados. A exposição atraiu grandes produtores e criadores de gado da região e mesmo de
outros locais mais distantes.

175 de 256
4.11.1.1.5 - Duas Barras

O atual município de Duas Barras, constituiu-se a partir de um território desmembrado do


município de Cantagalo. O primeiro núcleo de população do qual se originou, formou-se em
princípio do século XIX na localidade denominada Fazenda Tapera.
A pequena povoação iniciou-se em torno de uma capela, contando apenas com isolados ranchos,
casa de palha ou pau-a-pique, destinados a oferecer abrigo a boiadeiros e viajantes. O nome
Duas Barras se deve ao fato de estar a cidade localizada entre as barras formadas pela junção
dos rios Negro com Resende e a deste com o córrego do Baú.

4.11.1.1.6 - Itaocara

Conforme elucidado pelo IBGE/Cidades, a Aldeia da Pedra, antigo nome de Itaocara, foi fundada
pelo capuchinho italiano frei Tomaz e era habitada pelos índios Puris e Coroados, que viviam em
constantes conflitos. Com o intuito de controlar a situação, seguiram para a localidade o frei
Ângelo Maria de Luca e frei Vitório Cambiasca, iniciando o processo de colonização. Durante
algum tempo essas terras ficaram sob jurisdição de Cantagalo.
O aldeamento, criado pelo esforço pacifista dos missionários, para separar os índios Puris dos
Coroados, veio a se tornar justamente o ponto de referência das duas tribos unidas pelo batismo.
Em 1850 foi criada a Freguesia de São José de Leonissa da Aldeia da Pedra, tendo sido anexada
ao recém criado município de São Fidélis. O surto de desenvolvimento da Freguesia fez com que
após a Proclamação da República, o então distrito de São José de Leonissa fosse elevado à
categoria de Vila em 28 de Outubro de 1890 com a denominação de Itaocara (Aldeia da Pedra), e
instalou-se o município em 1º de Janeiro de 1891.

4.11.1.1.7 - Macuco

A história de Macuco está intimamente ligada a construção da linha férrea, que, em 1860, foi
construída por Antônio Clemente Pinto, conhecido como Barão de Nova Friburgo, unindo suas
fazendas cafeeiras Boa Sorte, Gavião e Laranjeiras, localizadas na região, conhecida como
sertões do Macuco, de forma a facilitar o escoamento das grandes safras para o Rio de Janeiro.
A ligação das três fazendas do Barão através dos trilhos chamou a atenção do cantagalense
Bernardo Clemente Pinto que resolveu tomar para si a responsabilidade da construção de outro
ramal férreo dividido em três seções: de Vila Nova a Cachoeiras; de Cachoeiras a Nova Friburgo e
de Nova Friburgo a Cantagalo. E foi sob esse imenso veio de progresso que nasceu o povoado de
Macuco. Levados pelo alto valor das terras da região, muitos cafeicultores fixaram fazendas nos
limites à margem do rio Macuco.
O perímetro urbano, entretanto, começou a intensificar-se com a abertura do tráfego da Vila de
Nova Friburgo a Macuco, em setembro de 1876, com a extensão de 70.000 metros. Em janeiro
desse mesmo ano, foi ligado a essa linha tronco, na estação de Cordeiro, o ramal partindo da
cidade, com 6.600 metros. O trem, em agosto de 1883, vinha de Niterói, passava por Cordeiro e ia
ao ponto terminal em Macuco.
A linha férrea trouxe novos horizontes para Macuco, iniciando-se um perímetro urbano nos limites
dos terrenos que, na época, iam da Chácara de Francisco Bittencourt, margeando o rio Macuco;
passando pela Fazenda da Casa Branca pertencente a Gilberto Siqueira, Eduardo Teixeira e os
herdeiros de Manoel Machado Botelho; seguindo até o lugar denominado de Barreira, onde partia
em linha reta, até os fundos da igreja e descia ao ponto de início. A zona suburbana constituía-se
da Fazenda da Glória, Casa Branca e Barreira.
Em 1882, Macuco já era um povoado conhecido, tendo sido inclusive, o local escolhido pelo
professor Manuel da Costa Araújo Barros para fundar o conhecido Colégio Barros, que mais tarde
se transportou para a cidade de Cantagalo. Também a Estrada Tronco, construída no governo Ari

176 de 256
Parreiras, deu um grande impulso ao Distrito, que passou a possuir um comércio, fábrica de
bebidas e uma congelação (assim eram denominadas as usinas de laticínios). Nessa época, a
exportação de produtos de São Sebastião do Alto e São Francisco de Paula é realizada pela
estação terminal de Macuco.
Em 1883, a força animal foi finalmente substituída pela locomotiva, sendo suprimidos os bondes
de carreiras e manivelas por vagões. Assim, transformou-se em um trem misto porque à
composição de cargas ia ligado a um carro de passageiros. As passagens gratuitas foram
abolidas e instituíram-se taxas cobradas por cada passageiro. A linha férrea acabou promovendo
o desenvolvimento econômico de todos os Distritos de Cantagalo, do qual Macuco fazia parte; e a
região teve dias de fama, que começaram a declinar com a extinção da mão de obra escrava e
com o violento surto de febre amarela que dizimou famílias inteiras, enquanto outras fugiram para
regiões vizinhas.
Em 10 de setembro de 1890, o Governador Francisco Portella, baixou o Decreto de criação do
Distrito de Paz de Macuco, desmembrando de Santa Rita do Rio negro. Entretanto, pelo Decreto
n.º 249 de 09 de maio de 1891 foi criado o município de Macuco, desmembrando do município de
Cordeiro, tendo por sede a povoação de mesmo nome, elevada a categoria de Vila, com o nome
oficial de Vila Macuco. Em 08 de maio de 1892, no entanto, o Decreto n.º 01 suprimiu os
municípios de Macuco, Cordeiro e outros 12 municípios, por determinação contida no artigo 16
das Disposições Transitórias da Constituição de 1890 do Estado do Rio de Janeiro.
Após a queda da cultura de café, o que se viu foi a chegada de uma nova era para Macuco: a
produção leiteira. Em 1933, os produtores de leite da região já vendiam para Niterói e Rio de
Janeiro sua produção transportada em latas quadradas de um metro de largura por meio metro de
altura. O precursor foi o português Joaquim de Morais Cordeiro, proprietário da Fazenda Glória.
Ele remetia o leite através da estrada de ferro diretamente para a Leiteria Cordeiro, em Niterói, da
qual era dono. Seu pioneirismo se deu anos depois, quando os produtores de leite de Macuco se
uniram para criar, o que é hoje a conhecida Cooperativa Regional Agropecuária de Macuco.
Em 31 de dezembro de 1943, pelo artigo 5º do Decreto - Lei n.º 1055, foi criado o atual município
de Cordeiro, formado pelos Distritos de Cordeiro e Macuco, ambos integralmente desmembrados
do município de Cantagalo.
Finalmente em 28 de dezembro de 1995, em ato histórico e solene realizado no Palácio do Ingá,
em Niterói, o Governador Marcello Alencar sancionou a lei n.º 2497, criando o município de
Macuco, que abriga em seu território as maiores jazidas de calcário.

4.11.1.1.8 - Nova Friburgo

Em 1818, o Rei D. João VI autorizou o estabelecimento de uma colônia de suíços no Brasil, cuja
paróquia seria chamada de São João Baptista de Nova Friburgo em homenagem ao Rei. A
população inicial de imigrantes era de 2006 suíços, no entanto, apenas 1620 desembarcaram.
Pouco depois, em 1824 chegaram 342 alemães à vila e que, juntamente com os suíços,
mesclaram-se ao povo simples do lugar.
Nova Friburgo é um município de serra, turístico, conhecido como a Capital da Lingerie, por causa
de suas numerosas fábricas e lojas, e possui infraestrutura turística com bons restaurantes de
comida suíça e alemã, além de oferecer o serviço de café colonial de alta qualidade. Possui um
clima ameno e é muito procurada por turistas. Devido às origens de sua colonização, sua
arquitetura já é uma atração, mas fora da área urbana as atrações naturais impulsionam o turismo
ecológico e o de aventura. Os imigrantes desenvolveram a agricultura, depois as indústrias
têxteis, metalúrgicas, plásticas e metalmecânica, juntamente com o comércio. Desde o início do
século o turismo vem se desenvolvendo e hoje, Nova Friburgo conta com a segunda maior rede
hoteleira do estado do Rio de Janeiro. Atualmente, desenvolve a truticultura e a fabricação de
queijos com tecnologia Suíça.

177 de 256
4.11.1.1.9 - Santa Maria Madalena

A primeira notícia data do ano de 1835, com a penetração do sertanista português Manoel Teixeira
Portugal que pouco se demorou, e posteriormente do mateiro José Vicente, que construiu um
rancho nas proximidades, que em 1850 este foi trocado por uma espingarda de fogo central, com
o Padre Francisco Xavier Frouthé, que veio até esta região em trabalho de catequese, e ali
construiu uma capela dedicada a Santa Maria Madalena. Com este nome desenvolveu-se o
Arraial, o qual foi desmembrado de Cantagalo em 1861 e teve o seu desenvolvimento inicial em
torno da ferrovia e da Igreja Matriz, granças à prosperidade trazida pela cafeicultura.
Localizada na Região Serrana do estado do Rio em uma altitude de aproximadamente 632
metros, entre vales encantadores que se perdem entre as montanhas e no verde forte da Mata
Atlântica está a cidade de Santa Maria Madalena com uma característica de arquitetura colonial,
onde 70% dos casarios que formam o conjunto urbano da cidade, ainda preservam um estilo que
remonta o tempo áureo da época dos Barões do café dos séculos passados.
Aliado a isso, como um quadro de parede que está a ornamentar a beleza cotidiana do lugar, tem-
se um pôr do sol indescritível, que faz a todos filosofar, pensar na vida, na família, nos amigos, na
natureza... É como dizem os poetas: Santa Maria Madalena é um tributo à vida!

4.11.1.1.10 - São Fidélis

As primeiras notícias sobre o início da colonização do atual município de São Fidélis datam da
segunda metade do século XVIII. Habitadas por tribos de índios Coroados e Puris, suas terras
começaram a ser desbravadas em 1780. Com a instalação da primeira aldeia, foi construída uma
capela dedicada a São Fidélis de Sigmaringa, posteriormente substituída pela construção de uma
igreja, inaugurada em 1809, a atual matriz de São Fidélis. A economia da região baseava-se na
exploração de madeira e na agricultura. Em 1812 foi estabelecido o curado do núcleo urbano, que
passou a freguesia em abril de 1850. A efetiva instalação da vila, ocorrida em março de 1855, deu
novo impulso ao desenvolvimento da localidade que recebeu foro de cidade em 03 de dezembro
de 1870. A base econômica mais acentuada da região é a agricultura, destacando-se as lavouras
de cana-de-açúcar, a pecuária e a indústria.
O município tem no rio Paraíba do Sul, em suas características serranas e no seu folclore, a sua
potencialidade turística.

4.11.1.1.11 - São Sebastião do Alto

São Sebastião do Alto surgiu na metade do século XVIII. A região habitada por índios Coroados e
Goitacás foi desbravada devido à procura de ouro às margens dos rios Negro e Grande.
Os garimpeiros eram comandados por Manoel Henrique, entre os anos de 1779 e 1786. O vice-rei
D. Luís de Vasconcelos ao tomar algumas medidas que proibiam o garimpo, ocasionou a
desistência da atividade por muitos garimpeiros.
A criação do Arraial de São Sebastião ocorreu em 1852, esse foi elevado à categoria de freguesia
em 1855. O município de São Sebastião do Alto foi estabelecido em 7 de Dezembro de 1892.
“A história de São Sebastião do Alto vincula-se, em sua fase inicial, à história de Cantagalo, uma
vez que o arraial primitivo que deu origem ao primeiro município, surgiu dentro do território do
segundo (equivalente a uma verdadeira capitania)”. Esta vinculação compreende um período
longo, de 75 anos, pelo menos, desde as primeiras notícias sobre a prospecção de ouro nos rios
Negro, Macuco e Grande e seus afluentes, em 1786, até o desmembramento da freguesia de São
Sebastião do Alto, de Cantagalo, em 24 de outubro de 1861.
A ocupação das terras para fins agrícolas, se deu a partir de 1803, após constatação pela
Fazenda Real de que as lavras de ouro não compensavam o sacrifício dos garimpeiros, nem os

178 de 256
investimentos que fazia com o pessoal encarregado de fiscalizar a mineração, para a cobrança do
imposto do quinto.
Do ponto de vista da formação territorial de São Sebastião do Alto, pode-se também afirmar que o
ciclo do ouro proporcionou os caminhos de penetração que em pouco tempo seriam utilizados
para a colonização do município, de natureza agrícola. Ao enveredar pelas margens dos rios e
pelos córregos e vales adjacentes, os mineradores acabaram estabelecendo rotas de penetração
que posteriormente seriam perenizadas, constituindo as vias de comunicação da região com as
áreas vizinhas.
Consequência do esgotamento das jazidas, a redução da rigidez do controle de concessão de
terras por parte das autoridades, propiciou a vinda de novos moradores em busca de terras para
produção agrícola. Eram imigrantes portugueses pobres, mineiros e muitos habitantes do Rio de
Janeiro seduzidos pelas promessas de enriquecimento através do cultivo agrícola e escolhiam na
imensidão das terras virgens, aquelas onde pudessem se estabelecer. Esses Pioneiros eram
chamados de “sesmeiros”, uma vez que as concessões de terras eram feitas através do sistema
de sesmarias (medida agrária correspondente a 3.000 braças ou 6.600 metros. Uma sesmaria
quadrada correspondia a 3.000 x 3.000 braças, remanescente do início da colonização do Brasil.
O esgotamento das jazidas engendrou novas fonte de renda através do incremento da
agropecuária. No entanto, posteriormente a decadência da cultura do café em decorrência de
problemas de mercado, e agravado pelo baixo rendimento da rubiácea explorada de forma
extrativista, a maioria das áreas de produção foram abandonadas, cedendo lugar às pastagens
naturais. A pecuária, fora explorada de forma extensiva e também sem emprego de técnicas de
manejo, o que provocou um efeito ainda pior de degradação deixada pela cafeicultura.
A ínfima área remanescente de floresta foi derrubada para ceder lugar a novas pastagens. O
pisoteio intensivo dos animais nas áreas de encostas foi permitindo, ao longo dos anos, a abertura
de sulcos (caminhos) que favoreceram a formação de enxurradas. Os solos, já empobrecidos
pelos cultivos continuados, foram gradativamente perdendo a matéria orgânica de constituição
através de “queimadas” sucessivas, procedidas em busca da “rebrota” do capim para alimentação
dos animais, compactadas pelo pisoteio e desprotegidos da cobertura vegetal, foram
gradativamente perdendo sua capacidade de infiltração das águas das chuvas, tornando-se cada
vez mais áridas.

4.11.1.1.12 - Trajano de Moraes

O desbravamento do atual município iniciou-se por volta da primeira metade do século XIX, com o
núcleo formado em torno de uma capela destinada ao culto de São Francisco de Paula, onde se
estabeleceram os primeiros colonizadores no “Sertão da Ventania”, dedicados ao cultivo de café.
A antiga cidade de São Francisco de Paula, posteriormente se transformou no município de
Trajano de Morais, e começou a ser povoada em 1801, por fazendeiros que se ocupavam de
agricultura e da criação de gado de corte e leiteiro. Naquela época as povoações sempre
começavam em torno de pequenas capelas ou igrejas. O pequeno povoado se ergueu em torno
de uma casa de oração, cujo padroeiro era São Francisco de Paula e que pertencia ao Curato de
Santa Maria Madalena. Curato era um povoado pastoreado por um Cura, ou Vigário.
O município foi elevado à categoria de Freguesia, graças a influência de José Antônio de Morais,
rico proprietário nascido no Vale do Imbé e proprietário da Fazenda Aurora, em 1846. Ao mesmo
tempo terras de outro rico fazendeiro foram cedidas para a implantação da área urbana da cidade.
Foi dessa forma que foi feita a construção da Matriz de São Francisco de Paula - com recurso dos
irmãos fazendeiros José Antônio e Elias de Morais.
Em 1891 São Francisco de Paula foi transformado em município com a presença de autoridades e
nobreza da região, logo após a linha de trem chegou à estação de Aurora (hoje Visconde de
Imbé). O progresso foi então acelerado, a cidade ganhou prédios importantes, mansões, uma

179 de 256
praça, hotel de luxo e outros símbolos de riqueza e dinamismo, inclusive dois jornais de circulação
semanal.
Trajano de Morais era filho do Visconde de Imbé (José Antônio de Morais), tornou-se uma figura
influente de seu tempo, principalmente por seu espírito dinâmico e seu caráter empreendedor;
faleceu em 1911 e o reconhecimento por seus esforços em prol do desenvolvimento da região
chegaria anos mais tarde, em 1938 quando o município de São Francisco de Paula teve seu nome
mudado para Trajano de Morais numa homenagem a um homem que amou sua terra
profundamente.
Trajano é uma típica cidade do interior, com sua praça principal - Nilo Peçanha - ponto de
encontro de seus moradores e visitantes. Sua fazendas históricas do período imperial possuem,
na sua maioria arquitetura bem conservada e objetos de época que valem uma visita.
Essa localidade desenvolveu-se com tal rapidez que o governo transferiu para lá a sede
municipal, em 1915. Entre 1919 e 1923, a sede do município foi temporariamente alterada para a
localidade onde ficava a estação de Aurora, atual Visconde de Imbé.
Finalmente, por força da lei uniformizadora n.º 2.335, de 17 de dezembro de 1929, que passa a
considerar como cidade a sede do município, independente do número de seus habitantes,
alcança Trajano de Moraes seu status de cidade. Da antiga São Francisco de Paula, nada mais
resta que duas ou três casas, duas capelas e o tradicional cemitério.

4.11.1.2 - Organização Social e Entidades da Sociedade Civil

4.11.1.2.1 - Associações

Conforme elucidado por alguns moradores, nos municípios da área de influência a população local
não possui organização popular como característica. Ainda assim, foi encontrado um número
considerável de associações, no entanto não foi encontrado registro de associações comunitárias.
Há de se destacar ainda que, por exemplo, os agricultores de São Sebastião do Alto se reúnem
para discutir políticas agrárias, entre outros assuntos, constituindo desta forma uma exceção na
área de estudo. O Quadro 13 abaixo mostra as principais associações encontradas nos
municípios. Cabe destacar que Nova Friburgo e Bom Jardim possuem o maior número de
associações. De um modo geral, as associações registradas são especialmente associações
voltadas para atividades econômicas, questões trabalhistas e educacionais - nesta ordem
crescente de registros.
Bom Previ
Associação Comercial Industrial Rural de Bom Jardim
Associação Comunitária de Radiodifusão do Município Bom Jardim
Bom Jardim (RJ) Sindicato dos Trabalhadores Rurais
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bom Jardim
Sindicato Rural de Bom Jardim
Acirbj - Associação Comercial e Industrial e Rural de Bom Jardim
Associação Comercial Industrial de Agropecuária Cantagalo
Cantagalo (RJ) Associação Comercial Industrial Agropecuária Cantagalo
Associação Comercial Industrial e Agropecuária de Cantagalo
Sindicato Rural de Cordeiro -
Cordeiro (RJ) Sindicato Rural de Cordeiro
Associação Comercial Industrial Agrícola Cordeiro
Sindicato Rural de Duas Barras
Duas Barras (RJ)
Câmara de Dirigentes Lojistas de Duas Barras
Sociedade Pestalozzi
Itaocara (RJ)
Associação Beneficente o Bem comum de todos
Macuco (RJ) -
Conselho Municipal das Associações de Moradores de Nova Friburgo
ACIANF - Associação Comercial Industrial Agrícola de Nova Friburgo
Nova Friburgo (RJ)
Sindicato dos Trabalhadores nas Ind Vestuário de Nova Friburgo
Sindicato dos Empregados no Comércio de Nova Friburgo

180 de 256
Sindicato do Comércio Varejista de Nova Friburgo
Associação Hospital S. João Sta M. Madalena
Santa Maria Madalena (RJ)
Sindicato dos Servidores Público de Santa Maria Madalena
Associação Comercial Industrial e Agrícola de São Fidélis
São Fidélis Sindicato Rural de São Fidélis
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Fidélis
São Sebastião do Alto Associação de Apoio À Escola-Ciep 274 Maria a D Ferro
Trajano de Morais (RJ) Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Trajano de Morais
Fonte: Ministério das Comunicações, 02/2011.
Quadro 13: Associações por município
Além destas associações, há um número substancial de Conselhos Municipais, na área de
influência. Deve-se elucidar que Conselhos Municipais constituem ainda um importante indicativo
do nível de organização social no município, uma vez que se caracteriza como espaços legítimos
para a participação da sociedade civil nas definições das políticas públicas a serem
implementadas no mesmo. Os Conselhos Municipais são de grande valor, já que é através desses
conselhos, em paralelo a participação das associações, que as populações tomam conhecimento
das gestões públicas, e ainda podem manifestar suas demandas em locus e momento específico.

4.11.1.2.2 - Assentamentos rurais

Na década de 70 foi criado o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) com o
objetivo de gerir, mediar questões referentes à utilização de áreas desabitadas e a distribuição e
ocupação de terras - devolutas ou não – às populações rurais. Sobre a legislação referente ao
processo de posse de terra, o INCRA elucida que a Constituição Federal de 1988 estabelece que
os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de domínio
ou de concessão de uso, que são os instrumentos que asseguram o acesso a terra.
Segundo informado pelo INCRA, o contrato de concessão de uso transfere o imóvel rural ao
beneficiário da reforma agrária em caráter provisório e assegura aos assentados o acesso a terra,
aos créditos disponibilizados pelo INCRA e a outros programas do governo federal.
O título de domínio é o instrumento que transfere o imóvel rural ao beneficiário da reforma agrária
em caráter definitivo e é garantido pela Lei.8.629/93 quando verificado que a unidade familiar
cumpriu as cláusulas do contrato de concessão de uso e já tem condições de cultivar a terra e
pagar o título de domínio em 20 (vinte) parcelas anuais.
Além da garantia da propriedade da terra para os trabalhadores rurais assentados a titulação
efetuada pelo Incra contém dispositivos norteadores dos direitos e deveres dos participantes do
processo de reforma agrária, especialmente do poder público, representado pelo INCRA e dos
beneficiários, caracterizado pelos assentados.
Ao longo do tempo, o INCRA vem priorizando a implantação de um modelo de assentamento
baseado no desenvolvimento territorial. Há de se destacar que os estabelecimentos agropecuários
possuem majoritariamente 10 a 20 hectares, ou seja, são consideradas pequenas propriedades.
A desigualdade social é refletida inclusive na distribuição territorial do país, que por sua vez
fomenta intensos conflitos por terra, em especial, em todo o país. A principal reivindicação é pela
implantação da reforma agrária. Cabe lembrar que o êxodo rural foi iniciado nos anos oitenta.
Nos últimos anos, o Governo Federal tem promovido medidas, ainda que nem sempre sejam
eficientes, de amparo a trabalhadores rurais. Foi criado, por exemplo, o Programa Banco da Terra
(regulamentado em 1999), que tem assumido grande importância enquanto fonte de recursos, no
entanto o acesso aos mesmos ainda é limitado.
Ainda assim, segundo informado pelo INCRA, desde 2003 o volume de terras para a reforma
agrária cresceu 129%. Cabe elucidar que a Constituição assegura, conforme consta no Art. 184,
que “compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel
rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos

181 de 256
da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte
anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei”.
Segundo informado pelo INCRA, até o ano de 2008 haviam no estado do Rio de Janeiro 19
assentamentos rurais. A partir destes foram expedidos 1.059 títulos, que contemplava 1.085
beneficiários. Dentre estes, cabe elucidar que 26 títulos foram cancelados. Na área de influência
do estudo não foram encontrados assentamentos rurais.

4.11.1.2.3 - Comunidades Sensíveis

4.11.1.2.3.1 - Indígenas
No que se refere à situação das tribos indígenas no Brasil, conforme informado pela Fundação
Nacional do Índio (FUNAI), há uma extensão territorial de 851.196.500 hectares, ou seja,
8.511.965 km², no Brasil. Dentre este, as terras indígenas (TIs) somam 660 áreas que ocupam
uma extensão total de 110.421.021 hectares (1.104.210 km 2), ou seja, 13% das terras do país
encontram-se reservadas para a população indígena.
A maior parte das Tribos Indígenas se concentra na Amazônia Legal. Nesta região se encontra
409 áreas, 108.720.018 hectares, representando 21.67% do território amazônico e 98.61% da
extensão de todas as TIs do país. Desta forma, conclui-se que 1,39% das Tribos restante no Brasil
se encontram nas regiões Nordeste, Sudeste, Sul e no Estado do Mato Grosso do Sul.
A distribuição territorial das tribos indígenas no país se deve a colonização no Brasil ter sido
iniciada no litoral, o que levou a disputa direta entre colonizadores e a população indígena que
vivia no local. Com isto, a população indígena foi expulsa de suas terras. No Estado de São Paulo,
por exemplo, a terra Guarani Aldeia Jaraguá possui apenas dois hectares de extensão, o que
impossibilita a sobrevivência nesta terra.
Demais atores envolvidos em questões indígenas, entre estudiosos e defensores da causa
indígena, ratificam ser o tamanho das TIs na Amazônia, desproporcional ao número de índios. O
argumento é que as TIs não possuem terras agricultáveis, e sofrem, ou sofreram, diversos tipos
de impactos. Discussões a cerca da questão indígena tendem a ser estender ao longo do tempo.
Em fins da década de 1970, fora iniciada a organização de movimentos em prol da causa
indígena, pelos próprios indígenas. Cabe ainda lembrar que a Constituição de 1988 foi o
instrumento que proporcionou o fomento aos debates a cerca da questão indígena, se comparada
à forma com que era tratada anteriormente. Conforme elucidado por Motta (2006), nesta
constituição havia um capítulo dedicado à população indígena.
Atualmente, entende-se por índio qualquer membro de uma comunidade indígena, reconhecido
por ela como tal. Por sua vez, a comunidade indígena é reconhecida por ser fundada em relações
de parentesco ou vizinhança entre seus membros (incluem as relações de afinidade, de filiação
adotiva, de parentesco ritual ou religioso, e, mais geralmente, definem-se nos termos da
concepção dos vínculos), que mantém laços histórico-culturais com as organizações sociais
indígenas pré-colombianas.
Numa análise macro, a Tabela 46 mostra a conjectura das 611 terras indígenas do país, no que se
refere ao procedimento administrativo de regularização das mesmas. A maior parte destas está
regularizada (398), no entanto apenas 27 foram homologadas. Existe ainda um número
substancial de terras em processo de revisão. Para mais detalhes vide a Tabela abaixo.
Número de Tribos Indígenas (TIs) % Em processo de revisão
Em Estudo 123 ---- 0
Delimitada 33 1,66 1.751.576
Declarada 30 7,67 8.101.306
Homologada 27 3,4 3.599.921
Regularizada 398 87,27 92.219.200

182 de 256
Número de Tribos Indígenas (TIs) % Em processo de revisão
TOTAL 611 100 105.672.003
Fonte: FUNAI, 2010
Tabela 46: Tribos Indígenas no Brasil

Fonte: Incra, 2006.


Figura 162: Situação Fundiária Indígena.
Segundo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), há em todo o estado do Rio de Janeiro 330
indígenas da etnia guarani. Conforme mostra a Figura 162, pode-se ver que em todo o estado há
três áreas indígenas regularizadas, no entanto nenhuma destas de encontra na área de influência
do presente estudo. Para melhor entendimento da localização das Tribos Indígenas existentes no
Rio de Janeiro, vide a Tabela 47.
Terra Indígena Povo(s) Município Área da tribo (ha) População (1998 e ¹1994)
Arandu Mirim (Saco do Mamanguá) Guarani Mbya Parati - -
Guarani de Araponga Guarani Mbya Parati 213 7¹
Guarani do Bracuí Guarani Mbya Angra dos Reis 2.127 208¹
Guarani do Rio Pequeno Guarani Mbya Parati - -
Parati-Mirim Guarani Mbya Parati 79 120
Fonte: INCRA, 2010.
Tabela 47: Tribos indígenas no Rio de Janeiro, por município

4.11.1.2.3.2 - Quilombolas
Segundo a Fundação dos Palmares (2010), “as denominações quilombos, mocambos, terra de
preto, comunidades remanescentes de quilombos, comunidades negras rurais, comunidades de
terreiro são expressões que designam grupos sociais afro-descendentes trazidos para o Brasil
durante o período colonial, que resistiram ou, manifestamente, se rebelaram contra o sistema
colonial e contra sua condição de cativo, formando territórios independentes onde a liberdade e o
trabalho comum passaram a constituir símbolos de diferenciação do regime de trabalho adotado
pela metrópole”.
O Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, regulamenta o procedimento para identificação,
reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das
comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias:
Art. 2º Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste
Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica
própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra
relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.
§ 1º Para os fins deste Decreto, a caracterização dos remanescentes das comunidades dos
quilombos será atestada mediante autodefinição da própria comunidade.

183 de 256
§ 2º São terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos as utilizadas para
a garantia de sua reprodução física, social, econômica e cultural.
§ 3º Para a medição e demarcação das terras, serão levados em consideração critérios de
territorialidade indicados pelos remanescentes das comunidades dos quilombos, sendo facultado
à comunidade interessada apresentar as peças técnicas para a instrução procedimental.
Art. 3º Compete ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - INCRA, a identificação, reconhecimento, delimitação,
demarcação e titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos
quilombos, sem prejuízo da competência concorrente dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
§ 1º O INCRA deverá regulamentar os procedimentos administrativos para identificação,
reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas pelos remanescentes
das comunidades dos quilombos, dentro de sessenta dias da publicação deste Decreto.
§ 2º Para os fins deste Decreto, o INCRA poderá estabelecer convênios, contratos, acordos e
instrumentos similares com órgãos da administração pública federal, estadual, municipal, do
Distrito Federal, organizações não-governamentais e entidades privadas, observada a legislação
pertinente.
§ 3º O procedimento administrativo será iniciado de ofício pelo INCRA ou por requerimento de
qualquer interessado.
§ 4º A autodefinição de que trata o § 1o do art. 2o deste Decreto será inscrita no Cadastro Geral
junto à Fundação Cultural Palmares, que expedirá certidão respectiva na forma do regulamento.
Art. 8º Após os trabalhos de identificação e delimitação, o INCRA remeterá o relatório técnico aos
órgãos e entidades abaixo relacionados, para, no prazo comum de trinta dias, opinar sobre as
matérias de suas respectivas competências:
I. Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional - IPHAN;
II. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;
III. Secretaria do Patrimônio da União, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
IV. Fundação Nacional do Índio - FUNAI;
V. Secretaria Executiva do Conselho de Defesa Nacional;
VI. Fundação Cultural Palmares.
Em suma, o Decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003, em seu artigo 2º, considera os
remanescentes das comunidades dos quilombos, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de
autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com
presunção de ancestralidade negra, relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.
Dentre as medidas que assegure os diretos das comunidades quilombolas há de se destacar o
programa do Governo Federal denominado Brasil Quilombola. O governo buscou através deste
garantir a posse da terra e promover o desenvolvimento sustentável das comunidades
remanescentes dos quilombos. Além da regularização fundiária, os projetos buscam a construção
de escolas, a alfabetização, a melhoria das condições de saúde, de habitação, de saneamento, a
geração de emprego e renda, e a instalação de luz elétrica.
Algumas iniciativas são elencadas como prioritárias pela FCP, a fim de valorizar o patrimônio dos
remanescentes dos quilombos. As iniciativas seguem abaixo:
1. Apoio a projetos de revitalização e preservação dos terreiros de religiões de matriz
africana;

184 de 256
2. Apoio a confecção de inventários sobre manifestações socioculturais e religiosas;
3. Revitalização da Casa das Minas, em São Luiz, Maranhão;
4. Construção do Memorial dos Lanceiros Negros, na Serra de Porongos, município de
Pinheiro Machado, Rio Grande do Sul. Projeto realizado em parceria com a prefeitura de
Pinheiro Machado;
5. Construção do Monumento aos Lanceiros Negros, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Projeto realizado em parceria com a prefeitura de Porto Alegre;
6. Funcionamento, manutenção e preservação do sítio histórico da Serra da Barriga, em
União dos Palmares, Alagoas;
7. Desenvolvimento de ações do Programa de Ações Estruturantes, com a entrega de
equipamentos para o incremento da sustentabilidade econômica das comunidades
remanescentes dos quilombos;
8. Incremento da assistência jurídica às comunidades quilombolas. Diretamente, a Fundação
Cultural Palmares presta atendimento direto há 100 comunidades em todo o Brasil, e,
indiretamente, por contato telefônico, assistência há mais de 200 grupos;
9. Participação em iniciativas intergovernamentais, com os demais ministérios da esfera
federal em ações nas áreas de educação, trabalho e renda, saúde e cidadania para a
população quilombola.
Assim como o processo de legitimação das tribos indígenas, foi através da Constituição Federal
(CF) de 1988 que os quilombolas passaram tiveram seu direito reconhecido. Segundo consta no
Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
“Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a
propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos.”

Contudo, esse era um novo contexto ao qual muito ainda seria discutido e passaria por rejeições
políticas e conceituais. Desta forma, a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) buscou
orientar e auxiliar na aplicabilidade do Artigo 68 do ADCT. Foi divulgado pela ABA em 1994 um
documento elaborado pelo Grupo de Trabalho sobre Comunidades Negras Rurais no qual se
definia o termo “remanescente de quilombo”:
“Contemporaneamente, portanto, o termo não se refere a resíduos ou resquícios arqueológicos de
ocupação temporal ou de comprovação biológica. Também não se trata de grupos isolados ou de uma
população estritamente homogênea. Da mesma forma nem sempre foram constituídos a partir de
movimentos insurrecionais ou rebelados, mas, sobretudo, consistem em grupos que desenvolveram
práticas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida característicos num
determinado lugar.” (ABA, 2004. In. LEITE, 2000)

Segundo dados da Fundação Palmares, o município de São Fidélis possui um quilombo


registrado, sendo esta a comunidade São Benedito, certificada recentemente, no ano de 2009. No
entanto, este quilombo não encontra-se na área de influência da bacia do Rio Grande, podendo
ser verificado no mapa do Indicador Ambiental da Presença de Comunidade Sensíveis.
Município Comunidade Ano
São Fidélis São Benedito 2009
Fonte: FCP, 2010
Tabela 48: Quilombos

185 de 256
4.11.2 - Identidades Espaciais
4.11.2.1 - Organização e Dinâmica Territorial

4.11.2.1.1 - Dinâmica Territorial

A fim de se compreender a unidade espacial da Bacia do Rio Grande é importante considerar as


mudanças ocorridas nas formas de organização e dinâmica dos espaços rurais. Embora no senso
comum o rural qualifica tudo o que pertence ao campo – “espaço natural” -, deve-se elucidar que o
rural remete a uma forma de organização social com atividades e modo de vida específico. Desta
forma, pode-se definir “ruralidade” como as características de tudo aquilo que se relaciona à vida
rural, às condições materiais e morais da existência das populações rurais. Com isto, tem-se que
ruralidade é um conceito de natureza territorial, assim como se aplica à noção de urbano, pois as
cidades não são definidas pela indústria, nem o campo pela agricultura. No que se refere às
mudanças mencionadas, se impõe a necessidade de repensar a realidade rural, seus modos de
vida e sua composição.
Por volta dos anos 90, especialistas iniciaram o debate elucidado anteriormente, ratificando que a
perspectiva de análise dos espaços rurais tem se modificado e introduzido novas questões, uma
vez que tem sido comum o registro de espaços rurais que tem registrado a perda de
características de espaços tradicionais, homogêneos e de uma só função (produção agropecuária)
e se convertendo em espaços heterogêneos e multifuncionais, que podem ser enfocados a partir
de diversas óticas.
Sendo assim, nesta nova conjectura, a ruralidade até então caracterizada pelo rural, vem se
destacando como um espaço multifuncional, com diversificação das atividades realizadas, como
por exemplo, de serviços, agro industrialização, produção para nichos de mercado, condomínios,
pesque pagues, chácaras de recreio, indústrias, aumento das atividades não agrícolas,
pluriatividade da produção familiar. Há de se destacar ainda a tendência de atração de parte da
população urbana pelos espaços rurais, e a tendência para a convergência entre os modos de
vida, valores, padrão de consumo entre o rural e o urbano.
Nesse processo desaparecem algumas das tradicionais diferenças espaciais e sociais entre
campo e cidade, reduzindo, ou mesmo acabando com a tradicional dicotomia entre rural e urbano,
marcadas pelo isolamento e oposição, mas não para o fim de uma dessas realidades, no caso, do
espaço rural:
“a importância entre nós da agricultura não deve impedir uma definição territorial do desenvolvimento e do
meio rural. Esta definição não é útil apenas para as áreas mais desenvolvidas do país, ela pode revelar
dimensões inéditas das relações cidade-campo e, sobretudo mostrar dinâmicas regionais em que as
pequenas aglomerações urbanas dependem de seu entorno disperso para estabelecer contatos com a
economia nacional e global, seja por meio da agricultura, seja por outras atividades”. (ABRAMOVAY,
2000, p.28)4.

Através do reconhecimento das mudanças sociais, econômicas, culturais e espaciais, produto do


desenvolvimento urbano, contribui para compreender que o rural tem ao longo do tempo seu
significado alterado. Com isto, torna-se importante repensar o rural como um espaço que
contemple o agrário e o agrícola, e não que seja apenas sinônimo dessa atividade; ou seja a
despeito de sua importância para a população rural brasileira, como atividade econômica na
obtenção de renda, apesar da fragilidade econômica vivida por grande parte dos agricultores que
se dedicam exclusivamente à atividade agrícola, deve-se ratificar que a agricultura é apenas um
dos elementos definidores da ruralidade. Dito isto, tem-se que na Região do Vale do Paraíba, os
municípios da área de influência se enquadram no espaço territorial no qual o rural se destaca
como um espaço multifuncional.

4
ABRAMOVAY, R. Do setor ao território: funções e medidas da ruralidade no desenvolvimento contemporâneo. In: Inter-
relações entre as transformações demográficas e agenda social. São Paulo, Rio de Janeiro: FEA PROCAM/USP, 2000.

186 de 256
Integram essa área os seguintes municípios: Bom Jardim, Cantagalo, Cordeiro, Duas Barras,
Itaocara, Macuco, Nova Friburgo, Santa Maria Madalena, São Fidélis, São Sebastião do Alto e
Trajano de Moraes, todos localizados no Estado do Rio de Janeiro.
Para se entender a dinâmica do segmento espacial ao longo do vale do rio Grande, faz-se
necessário considerar a especificidade de algumas áreas. Inicialmente, tem-se um processo de
evasão das áreas rurais associado a diversas razões, históricas inclusive. Deve-se destacar
especialmente o uso inadequado das terras, que leva à degradação das condições mínimas de
produtividade dos solos; a falta de uma política agrária consistente, de longo prazo e que
considere as limitações impostas pela capacidade de uso das terras, dentre outras.
Dito isso, é possível compreender a dinâmica da base econômica da região, representada
principalmente pelo setor terciário da economia. Ainda assim há de se destacar a presença,
mesmo que discreta dos demais setores, primário e secundário. A Tabela 49, elucida que dentre
as principais atividades se destaca a indústria ligadas a vestuário, com destaque a Nova Friburgo,
conhecido amplamente como polo de confecção de moda íntima. Tem-se ainda na área de
influência, indústrias têxtil, de petróleo, mineração, além de metalurgia. Além desta destaca-se
também, a atividade agropecuária além do turismo rural. A Tabela 49 abaixo mostra as principais
atividades por município.
Município Principais atividades econômicas
Bom Jardim Agrícola, pecuária, confecções e indústrias
Cantagalo Agricultura, agropecuária e cimenteiras
Cordeiro Comércio, confecção de moda íntima, agricultura, serviços de metal/ metalurgia
Duas Barras Agricultura e pecuária
Itaocara Cultura da Cana de Açúcar, Hortifrutigranjeiros e Pecuária
Macuco Pecuária de corte, leite e derivados,polo cimenteiro ( mineração e fabricação ), moda íntima e turismo
Nova Friburgo Indústria de moda íntima, olericultura, capri indústria (têxteis, vestuário, metalúrgicas, etc)
Santa Maria Madalena Agricultura, pecuária e turismo rural
São Fidélis Agricultura e pecuária
São Sebastião do Alto Agropecuária
Trajano de Moraes Pecuária e agricultura
Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, 2010.
Tabela 49: Principais atividades econômicas.

Numa caracterização econômica por região, observando parâmetros gerais, pode-se considerar
que a Região Serrana – constituída por Nova Friburgo; Bom Jardim; Duas Barras; Cordeiro;
Macuco; Cantagalo; São Sebastião do Alto; Trajano de Moraes e Santa Maria Madalena - é
marcada por duas situações contrastantes; alguns municípios apresentam maior dinamismo, em
função de atividades industriais e turísticas, assim como pela produção de hortigranjeiros nos
vales intermontanos, abrangendo o município de Nova Friburgo e por outro lado, os demais
municípios, apresentam um ínfimo desempenho econômico, em função da substituição da
cafeicultura pela pecuária extensiva, em solos empobrecidos com baixos índices de produtividade.
O município de Nova Friburgo é um dos principais polos regionais de médio porte no estado.
Possui funcionalidade industrial, de comércio e de prestação de serviços, tendo influência sobre
quase todos os municípios da Região Serrana. Suas indústrias são de diversos segmentos, como
metalurgia, mecânica, matéria plástica, editorial e gráfica, vestuário e têxtil. Predomina a indústria
representada por pequenas e médias empresas. O destaque no município é a indústria têxtil,
especialmente a voltada para o consumo feminino, atualmente em expansão.
Por sua vez, o setor de comércio e serviços é expressivo, com desenvolvimento voltado para o
suporte ao setor industrial. Da mesma forma, o turismo tem se desenvolvido, com incremento da
rede hoteleira, em especial devido a abertura da estrada Serra Mar, após ser asfaltada e aberta a
circulação, favorecendo para o maior fluxo de pessoas entre a Região dos Lagos (Litoral
Fluminense) e Macaé. O setor primário, embora tenha pouca participação na produção total do
município, destaca-se pela olericultura e pela floricultura, constituindo a agricultura uma atividade

187 de 256
estável. A centralidade de Nova Friburgo e o seu papel polarizador é comprovado quando se
analisa os fluxos de migração no Estado, situando-se entre os municípios que mais migrantes
receberam no período 1970/1991 (Fundação CIDE, 2006).
Resumindo, a Região Serrana destaca-se pelo setor turístico e pela especialização em atividades
industriais, principalmente: fabricação de produtos têxteis; confecção de artigos do vestuário e
acessórios; fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares; fabricação de
móveis e indústrias diversas; fabricação de outros equipamentos de transporte; fabricação de
produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos; fabricação de produtos de madeira;
fabricação de celulose; papel e produtos de papel; fabricação de artigos de borracha e plástico,
fabricação de produtos alimentícios e bebidas; limpeza urbana e esgoto; comércio varejista;
comércio e reparação de veículos, fabricação e montagem de veículos automotivos, reboques e
carrocerias; extração de minerais não metálicos e saúde e serviços sociais.
Em Itaocara a agropecuária é a principal atividade, que tem provocado o esvaziamento econômico
da região em decorrência das limitações do processo de comercialização da produção, devido a
má utilização das terras, a pecuária extensiva, que assim como na Região Serrana, tem
contribuído para o êxodo rural, provocando uma diminuição dos efetivos populacionais da região.
Além destes fatores, a lenta expansão das atividades industriais e terciárias, produz um efeito
negativo na geração de trabalho e renda. Cabe destacar que nesta região, Itaperuna é o centro
polarizador.
Por fim, na Região Norte Fluminense se encontra o município de São Fidélis.
As mudanças em São Fidélis são provenientes da localização geográfica de Campos dos
Goytacazes, devido a à expansão da indústria do petróleo na região, resultando em fluxos
migratórios, decorrente da instalação de empreendimentos petrolíferos na mesma, mas também
para o crescimento do setor informal. Em resumo, o setor terciário possui grande participação na
economia da região.
Segundo dados do IBGE (2008), o município de Nova Friburgo é município da bacia do Rio
Grande com a maior participação no PIB estadual, com 0,66%. Por outro lado, os municípios de
Macuco, São Sebastião do Alto e Trajano de Moraes registraram em mesmo período uma ínfima
participação no PIB estadual, ambos com 0,02%. Os demais municípios registraram a seguinte
participação no PIB estadual: Santa Maria Madalena (0,03%), Duas Barras (0,04%), Cordeiro
(0,05%), Bom Jardim (0,08%), Itaocara (0,07), São Fidélis (0,10%), e Cantagalo com 0,11%.
Como principais características da Organização da Dinâmica Territorial da Bacia do Rio Grande,
têm-se:

• Grande número de municípios gravitando entorno de poucos polos regionais;

• Áreas com tendência a estagnação;

• Espaço urbano industrial consolidado;

• Fragilidade da rede urbana;

• Áreas rurais multifuncionais / áreas rurais estagnadas.

• Acentuada dependência rural urbana.

4.11.2.1.2 - Demografia

Para uma compreensão sobre a organização do território da Bacia do Rio Grande, é preciso
analisar os dados sobre a sua demografia, o processo histórico envolvido na região e a qualidade
de vida da população.

188 de 256
Os municípios compreendidos na Área de Estudo possuem população concentrada
majoritariamente na área urbana, com exceção de Trajano de Moraes que é basicamente rural,
tendo registrado, no ano de 2010, 729 habitantes a mais nesta área que na urbana (Tabela 50).
Cabe destacar que apesar disto Trajano de Moraes possui a menor discrepância entre sua
população urbana e rural, assim como São Sebastião do Alto que possui menor diferença quando
observado o contingente populacional por área.
Contrário a estes, Nova Friburgo possui maior diferença entre a população urbana e rural, tendo
136.654 a mais na área urbana de Nova Friburgo. A ocupação equilibrada por área em São
Sebastião do Alto pode ser explicada pela a atividade agropecuária na região ser uma das bases
principais da economia local.
Município Total Urbana Rural
Bom Jardim 25.398 15.281 10.117
Cantagalo 19.826 14.027 5.799
Cordeiro 20.403 19.835 568
Duas Barras 10.933 7.739 3.194
Itaocara 22.902 17.329 5.573
Macuco 5.269 4.593 676
Nova Friburgo 182.016 159.335 22.681
Santa Maria Madalena 10.321 5.932 4.389
São Fidélis 37.553 29.689 7.864
São Sebastião do Alto 8.906 4.623 4.283
Trajano de Moraes 10.281 4.776 5.505
Total 353.808 283.159 70.649
Fonte: Censo Demográfico de 2010.
Tabela 50: Distribuição rural/ urbana

Para melhor visualização do exposto, verificar os mapas 22 - Mapa de Densidade Demográfica da


Bacia do Rio Grande e 24 - Mapa de Taxa de Urbanização da Bacia do Rio Grande, no Caderno
de Mapas.

4.11.2.2 - Base Econômica

4.11.2.2.1 - Estrutura Fundiária

Conforme dito anteriormente, as atividades principais dos municípios da Bacia do Rio Grande tem
em sua maioria estabelecimentos registrados de atividade comercial, seguido pela indústria de
transformação, com exceção do município de Santa Maria Madalena, que registrou o segundo
maior número de estabelecimentos na educação (25). Quanto as atividade menos representativas
dos municípios, tem-se a agricultura, a pecuária, a silvicultura e a exploração florestal, assim
como a indústria extrativa, seguida ainda pela construção civil, em Bom Jardim, Duas Barras e
Trajano de Moraes.
A Tabela 51 mostra o número de estabelecimentos por tipo de atividade. Pode-se ver que o maior
número de estabelecimentos são de comércio; reparação de veículos automotores, objetos
pessoais e domésticos (6.186), seguido por estabelecimentos da indústria de transformação
(2.050). Dentre as atividades selecionadas e expostas na tabela, o menor número de
estabelecimentos são da indústria extrativa (54).
Agricultura, Comércio; reparação
pecuária, de veículos Saúde e
Indústrias Indústrias de
Município Total silvicultura e Construção automotores, objetos Educação serviços
extrativas transformação
exploração pessoais e sociais
florestal domésticos
Bom Jardim 792 6 8 115 6 425 19 19
Cantagalo 719 8 9 66 14 339 14 13
Cordeiro 836 3 - 106 27 431 20 18

189 de 256
Agricultura, Comércio; reparação
pecuária, de veículos Saúde e
Indústrias Indústrias de
Município Total silvicultura e Construção automotores, objetos Educação serviços
extrativas transformação
exploração pessoais e sociais
florestal domésticos
Duas Barras 305 4 2 40 5 156 4 3
Itaocara 728 7 - 56 11 444 15 12
Macuco 220 1 3 19 1 109 4 4
Nova Friburgo 8.073 17 13 1.520 161 3.590 231 147
Santa Maria Madalena 316 5 6 21 17 120 25 3
São Fidélis 764 5 9 84 6 392 17 11
São Sebastião do Alto 189 5 1 12 3 90 1 -
Trajano de Moraes 221 4 3 11 2 90 4 -
Total 13.163 65 54 2.050 253 6.186 354 230
Fonte: IBGE, 2006
Tabela 51: Estabelecimentos por atividade econômica

Conforme mostra a Figura 163, pode-se ver que grande parte dos estabelecimentos
agropecuários localizados na área de influência são pequenas propriedades, entre 1 e 5 hectares.
Ao todo, os estabelecimentos somam 7.525 hectares, onde a maior parte destes é registrada nos
municípios de São Fidélis e Itaocara. A análise da Estrutura fundiária de pequenas propriedades
permite uma compreensão sobre a Organização Social e Dinâmica Territorial da Bacia do Rio
Grande.

Mais de 200 ha

De 100 a menos de 200 ha

De 50 a menos de 100 ha

De 20 a menos de 50 ha

De 10 a menos de 20 ha

De 5 a menos de 10 ha

De 1 a menos de 5 ha

De 0 a menos de 1 ha

0 500 1000 1500 2000 2500

Trajano de Moraes São Sebastião do Alto São Fidélis Santa Maria Madalena
Nova Friburgo Macuco Itaocara Duas Barras
Cordeiro Cantagalo Bom Jardim

Fonte: IBGE, 2006.


Figura 163: Área dos Estabelecimentos Agropecuários por tipo.

A Figura 164 apresenta o setor com número mais expressivo de estabelecimentos ainda é o setor
têxtil e de confecções, com a maioria das empresas na área de confecções. É preciso elucidar a
tendência, ainda que discreta, à formação de um cluster industrial (acordo entre empresas visando
maior eficiência econômica) de confecções no eixo formado por Nova Friburgo, Bom Jardim,
Cordeiro, Duas Barras e Macuco. Na atualidade o polo existente na região ainda não possui essas
características devido ao baixo grau de cooperação entre as empresas de confecções tanto na
produção, como na formação de canais de comercialização nacionais e internacionais ou ainda na
cooperação tecnológica e mercadológica para o setor.

190 de 256
Saúde e serviços
Educação
Transporte
Comércio
Construção
Ind. de transformação
Ind. extrativas
Pesca
Agropecuária

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000

Trajano de Moraes São Sebastião do Alto São Fidélis


Santa Maria Madalena Nova Friburgo Macuco
Itaocara Duas Barras Cordeiro
Fonte: IBGE, 2006.
Figura 164: Tipo de estabelecimentos por município.

Os estabelecimentos de agronegócios estão principalmente concentrados em horticultura,


produtos de viveiro e pecuária bovina. Com relação ao turismo, o município de Nova Friburgo e
seu entorno tendem a explorar o turismo gastronômico, o turismo ecológico e o turismo de saúde
(spas e centros de autoconhecimento, entre outros) em contraponto ao turismo de massa (isto é
com baixo valor agregado). O turismo conta com a possibilidade de aproveitar os recursos
ambientais e com a existência de certo número significativo de hotéis e restaurantes.
É interessante notar que as atividades do setor metalmecânico da região chegaram a ocupar o
segundo lugar na produção de autopeças brasileira, contando com cerca de 12.000 empregados.
No entanto, atualmente este número tem se reduzido de forma considerável nos segmentos
relacionado à produção de ferragens para a construção civil e à produção de autopeças para
máquinas rodoviárias e automóveis.
Para mais detalhes ver a Tabela 52 e verificar o mapa 21 - Mapa de Estrutura Fundiária de
Pequenas Propriedades na Bacia do Rio Grande, no Caderno de Mapas.
Município De 0 a De 1 a De 5 a De 10 a menos De 20 a menos De 50 a menos De 100 a menos Mais de
menos de 1 menos menos de de 20 ha de 50 ha de 100 ha de 200 ha 200 ha
ha de 5 ha 10 ha
Bom Jardim 15 445 951 2 4 3 3 9
Cantagalo 4 290 997 3 6 8 11 19
Cordeiro 0 44 165 409 918 2 3 927
Duas Barras 0 93 365 1 4 4 5 11
Itaocara 27 1263 3 4 7 4 5 12
Macuco 0 0 1 74 203 2 1 1
Nova Friburgo 88 1577 2 3 5 3 3 4
Santa Maria Madalena 0 282 825 2 7 7 7 20
São Fidélis 95 2531 3 6 12 9 9 24
São Sebastião do Alto 6 284 826 2 7 6 6 7
Trajano de Moraes 12 716 1 2 4 5 7 13
Fonte: IBGE, 2006.
Tabela 52: Estabelecimentos agropecuários por hectare

4.11.2.2.2 - Uso e Ocupação do Solo

Conforme exposto anteriormente, as atividades na região estão concentradas no setor terciário.


No entanto, através do levantamento feito no IBGE, conclui-se que a parcela de agricultura
existente possui como principais culturas praticadas a cana-de-açúcar, o milho, o feijão e a
mandioca. Por sua vez, na pecuária a principal atividade é a pecuária leiteira, havendo também
gado de corte.

191 de 256
A seguir o detalhamento da produtividade agrícola e pecuária.
4.11.2.2.2.1 - Agricultura
No caso da produção agrícola essa pode ser dividida em duas modalidades: aquelas conhecidas
como lavouras permanentes, como o caso das árvores frutíferas e o café e as lavouras
temporárias de ciclo curto como as hortaliças e legumes.
Na lavoura permanente os principais cultivos são banana, coco-da-baía, café e caqui. Ao todo, a
lavoura permanente possui 4.877 ha na área de influência, que produziu 33.150 toneladas, que
gerou o valor de 22.153 mil reais. A Figura 165 ilustra a produção da Lavoura Permanente.
Conforme mostra a Tabela 53, pode-se ver que Duas Barras é o município com maior área
destinada ao plantio da lavoura permanente (1.372 ha). Contraposto a este, o município de
Macuco possui a menor área plantada na lavoura permanente (7 ha).
Quanto ao valor da produção, pode-se ver que Bom Jardim, embora não possua maior área
plantada, é o que angariou maior valor da produção (8.014 mil reais), seguido por Trajano de
Moraes (4.291 mil reais). Por outro lado, proporcionalmente, Macuco e Trajano de Moraes
possuem o menor valor da produção (43 e 197 mil reais, nesta ordem).
No que se refere a produção da lavoura temporária, os principais cultivos na área de influência
são de cana-de-açúcar, tomate e mandioca. Ao todo, dentre os produtivos pesquisados, e
apresentados na Tabela 54, tem-se que a área plantada total destinada a esta lavoura é de 11.325
ha. O município de São Fidélis possui a maior área plantada desta lavoura. Já Cordeiro e Macuco
possuem uma área ínfima destinada a este tipo de lavoura, se comparado aos demais municípios,
118 e 240 ha, respectivamente. Ao todo esta lavoura produziu 403.093 toneladas. O município que
mais produziu foi Itaocara. Contraposto a este, os municípios de Macuco e Cordeiro são os que
tiveram menor produtividade neste tipo de lavoura.

8,000

7,000

6,000

5,000

4,000

3,000

2,000

1,000

Banana (cacho) (Toneladas) Coco-da-baía (Mil frutos)

Fonte: IBGE, 2009.


Figura 165: Produção da Lavoura Permanente.

Esta lavoura gerou um valor total de 77.038 mil reais na área de influência. Proporcionalmente a
quantidade produzida, os maiores valores são encontrados nos cultivos que foram mais
produtivos, ou seja, a cana-de-açúcar, que ao todo consegui o somatório da quantia de 14.455 mil
reais, e o tomate que alcançou o número de 50.560 mil reais. A produção agrícola é em grande
parte vendida para atacadistas do CEASA da cidade do Rio de Janeiro. A Figura 166 ilustra a
produção da Lavoura Permanente.

192 de 256
140000

120000

100000

80000

60000

40000

20000

Cana-de-açúcar (Toneladas) Tomate (Toneladas)

Figura 166: Produção Agrícola por Municípios

193 de 256
Lavoura permanente
Município Variável
Total Abacate Banana (cacho) Café (grão) Caqui Coco-da-baía (frutos) Goiaba Laranja Limão Manga Maracujá Tangerina
Área plantada (Ha) 1.339 - 146 1.135 - - - 6 2 - 50 -
Bom Jardim - RJ Quantidade produzida 5.241 - 1.900 2.258 - - - 71 12 - 1.000 -
Valor da produção (Mil Reais) 8.014 - 665 6.774 - - - 38 7 - 530 -
Área plantada (Ha) 103 - 6 20 - 3 10 37 16 9 - 2
Cantagalo - RJ Quantidade produzida 1.192 - 60 18 - 27 200 494 181 180 - 32
Valor da produção (Mil Reais) 609 - 21 54 - 16 110 247 98 50 - 13
Área plantada (Ha) 23 - 5 - - - 18 - - - - -
Cordeiro - RJ Quantidade produzida 500 - 50 - - - 450 - - - - -
Valor da produção (Mil Reais) 267 - 19 - - - 248 - - - - -
Área plantada (Ha) 1.372 - 200 1.050 15 - - 92 3 - 10 2
Duas Barras - RJ Quantidade produzida 4.738 - 2.000 945 225 - - 1.233 45 - 250 40
Valor da produção (Mil Reais) 3.847 - 914 1.985 124 - - 651 22 - 138 13
Área plantada (Ha) 111 - 3 - - 6 3 - 4 90 5 -
Itaocara - RJ Quantidade produzida 2.166 - 30 - - 150 54 - 32 1.800 100 -
Valor da produção (Mil Reais) 1.221 - 15 - - 90 24 - 32 900 160 -
Área plantada (Ha) 7 - 4 - - - 3 - - - - -
Macuco - RJ Quantidade produzida 100 - 40 - - - 60 - - - - -
Valor da produção (Mil Reais) 43 - 13 - - - 30 - - - - -
Área plantada (Ha) 184 - 120 10 35 - 10 5 2 - - 2
Nova Friburgo - RJ Quantidade produzida 2.968 - 1.440 5 1.120 - 310 51 12 - - 30
Valor da produção (Mil Reais) 1.359 - 576 13 560 - 171 23 6 - - 10
Área plantada (Ha) 345 - 250 10 - 50 10 9 9 - 7 -
Santa Maria Madalena - RJ Quantidade produzida 2.654 - 1.751 10 - 500 60 112 81 - 140 -
Valor da produção (Mil Reais) 1.071 - 578 20 - 300 27 50 26 - 70 -
Área plantada (Ha) 314 3 208 50 - 21 - 13 2 15 - 2
São Fidélis - RJ Quantidade produzida 2.552 60 1.664 30 - 168 - 130 32 450 - 18
Valor da produção (Mil Reais) 1.234 30 707 90 - 101 - 59 13 225 - 9
Área plantada (Ha) 35 - 11 - - 8 10 6 - - - -
São Sebastião do Alto - RJ Quantidade produzida 402 - 110 - - 80 150 62 - - - -
Valor da produção (Mil Reais) 197 - 42 - - 48 75 32 - - - -
Área plantada (Ha) 1.044 - 800 150 68 - - 6 - - 20 -
Trajano de Moraes - RJ Quantidade produzida 10.637 - 8.000 135 2.040 - - 62 - - 400 -
Valor da produção (Mil Reais) 4.291 - 3.040 338 673 - - 37 - - 203 -
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2009.
Tabela 53: Principais Lavouras Permanentes/Quantidades produzidas
Lavoura temporária
Município Variável
Total Batata-doce Batata-inglesa Cana-de-açúcar Feijão (em grão) Mandioca Milho (em grão) Tomate
Área plantada (Ha) 883 275 7 10 200 35 230 126
Bom Jardim - RJ Quantidade produzida (Toneladas) 16.492 4.675 70 400 240 875 782 9.450
Valor da produção (Mil Reais) 14.048 1.964 32 22 468 350 250 10.962
Área plantada (Ha) 648 - - 400 38 10 200 -
Cantagalo - RJ Quantidade produzida (Toneladas) 16.878 - - 16.000 38 120 720 -
Valor da produção (Mil Reais) 1.254 - - 880 74 48 252 -
Área plantada (Ha) 240 - - 100 40 10 80 10
Cordeiro - RJ Quantidade produzida (Toneladas) 4.767 - - 4.000 37 170 160 400
Valor da produção (Mil Reais) 853 - - 200 70 66 51 466
Área plantada (Ha) 973 45 - 170 282 70 356 50
Duas Barras - RJ Quantidade produzida (Toneladas) 17.568 720 - 10.200 263 1.050 1.335 4.000
Valor da produção (Mil Reais) 7.725 328 - 581 518 431 467 5.400
Área plantada (Ha) 2.290 - - 2.000 30 30 150 80
Itaocara - RJ Quantidade produzida (Toneladas) 145.730 - - 140.000 30 600 300 4.800
Valor da produção (Mil Reais) 10.614 - - 5.320 44 300 150 4.800
Área plantada (Ha) 118 - - 50 30 2 12 24
Macuco - RJ Quantidade produzida (Toneladas) 3.961 - - 3.000 27 34 36 864
Valor da produção (Mil Reais) 1.178 - - 150 53 14 11 950
Área plantada (Ha) 359 40 45 - 28 61 35 150
Nova Friburgo - RJ Quantidade produzida (Toneladas) 12.962 680 450 - 25 1.220 87 10.500
Valor da produção (Mil Reais) 13.023 306 228 - 49 549 26 11.865
Área plantada (Ha) 905 - - 450 150 100 200 5
Santa Maria Madalena - RJ Quantidade produzida (Toneladas) 20.817 - - 18.000 157 2.000 260 400
Valor da produção (Mil Reais) 2.612 - - 882 302 800 88 540
Área plantada (Ha) 2.880 3 - 2.301 290 39 210 37
São Fidélis - RJ Quantidade produzida (Toneladas) 106.580 36 - 103.545 174 702 273 1.850
Valor da produção (Mil Reais) 6.142 16 - 4.349 348 351 153 925
Área plantada (Ha) 1.056 - - 600 14 100 152 190
São Sebastião do Alto - RJ Quantidade produzida (Toneladas) 41.893 - - 30.000 13 2.000 380 9.500
Valor da produção (Mil Reais) 14.901 - - 1.500 26 900 125 12.350
Área plantada (Ha) 749 70 15 164 200 120 130 50
Trajano de Moraes - RJ Quantidade produzida (Toneladas) 15.445 910 300 9.840 170 1.800 325 2.100
Valor da produção (Mil Reais) 4.688 373 135 571 357 828 114 2.310
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2009.
Tabela 54: Principais Lavouras Temporárias/Quantidades produzidas
4.11.2.2.2.2 - Pecuária
A atividade agropecuária é também muito expressiva na área de estudo, tendo por foco
especialmente a pecuária leiteira. Segundo dados do IBGE (2009), o maior efetivo de rebanho na
área de influência é bovino (308.699 cabeças), seguido por galos, frangos e pintos (166.910) e
galinhas(122.190). Para mais detalhes ver a Tabela 55.
A comercialização do leite tem como principal comprador na região a Cooperativa Regional
Agropecuária de Macuco Ltda., localizada na cidade de Macuco. A Cooperativa foi criada em
1939, época em que já era latente a decadência da cafeicultura na região, o que teve por efeito a
transformação de muitos produtores rurais agrícolas em pecuaristas.
Até o ano de 2008, a cooperativa obtinha aproximadamente 875 associados, com 376 tanques de
expansão, e cooperados nos municípios de Macuco, Trajano de Moraes, Santa Maria Madalena,
São Sebastião do Alto, Cordeiro, Cantagalo, Carmo, Conceição de Macabu, Quissamã, Monnerat
e Itaocara. O maior produtor de leite na área de influência é Trajano de Moraes. Além deste, a
cooperativa produzia ainda: manteiga, achocolatado, doce de leite em barra e pastoso, ricota,
queijo prato, queijo minas, mussarela, três tipos de iogurte, dois tipos de requeijão e três tipos de
leite.
Conforme dados do IBGE (2009), foi produzido 79.904 mil litros de leite e 1.209 mil dúzias de ovos
de galinha. Os maiores produtores de leite são São Fidélis e Itaocara. Por outro lado, Nova
Friburgo e Macuco tiveram a menor produção leiteira. Por sua vez, os maiores produtores de ovos
de galinha é Santa Maria Madalena e São Fidélis. O menor produtor de ovos de galinha é Itaocara
e Macuco. Quanto ao valor da produção do efetivo de rebanho, tem-se que a produção de leite, ao
todo gerou 48.185 mil reais, a passo que a produção de ovos de galinhas angariou 2.643 mil reais.
Em suma, estas produções gerou um valor de 50.828 mil reais. Para mais detalhes ver a Tabela
56.

196 de 256
Tipo de rebanho
Município Galos, frangas,
Total Bovino Equino Bubalino Asinino Muar Suíno Caprino Ovino Galinhas Codornas Coelhos
frangos e pintos
Bom Jardim - RJ 61.987 13.637 910 - 17 21 972 - 220 29.000 9.080 8.000 130
Cantagalo - RJ 66.111 52.280 2.700 22 9 300 2.170 380 850 4.900 2.500 - -
Cordeiro - RJ 20.715 9.350 420 - 3 37 2.630 130 155 4.150 3.600 - 240
Duas Barras - RJ 35.854 17.235 752 - 38 141 1.770 1.980 278 3.430 9.300 380 550
Itaocara - RJ 55.382 42.185 1.510 10 20 122 1.320 180 35 7.000 3.000 - -
Macuco - RJ 10.098 5.591 180 - 2 75 730 200 - 1.800 1.400 - 120
Nova Friburgo - RJ 47.856 6.432 982 - 67 200 7.430 1.410 300 19.275 8.180 1.230 2.350
Santa Maria Madalena - RJ 118.721 37.120 1.670 110 31 450 1.370 650 250 24.830 52.120 - 120
São Fidélis - RJ 134.831 80.000 2.500 60 11 160 4.100 320 1.300 28.500 17.500 200 180
São Sebastião do Alto - RJ 57.326 29.719 2.800 - 20 67 1.690 345 160 13.925 8.600 - -
Trajano de Moraes - RJ 58.049 15.150 2.180 9 20 520 2.700 460 - 30.100 6.910 - -
Total 666.930 308.699 16.604 211 238 2.093 26.882 6.055 3.548 166.910 122.190 9.810 3.690
Fonte: IBGE, 2009.
Tabela 55: Efetivo de Rebanho

Tipo de produto Bom Jardim Cantagalo Cordeiro Duas Barras Itaocara Macuco Nova Friburgo Santa M. Madalena São Fidélis São S. do Alto Trajano de Moraes Total
Produção de Leite (Mil litros) 2.169 15.650 1.705 6.903 11.221 2.479 1.212 8.920 17.000 8.654 3.991 79.904
origem animal Ovos de galinha (Mil dúzias) 72 17 36 161 3 6 53 511 225 66 59 1.209
Valor (Mil Leite 1.410 8.608 938 4.349 6.508 1.611 812 4.906 11.050 5.798 2.195 48.185
Reais) Ovos de galinha 217 34 72 482 8 19 158 1.021 315 199 118 2.643
Fonte: IBGE, 2009
Tabela 56: Produção agropecuária por município
4.11.2.2.3 - Finanças Pública

Em todos os municípios o valor adicionado bruto do setor de serviços é o que mais contribui para
o incremento do PIB municipal, conforme pode ser visualizado na Tabela 57. Em um outro nível de
análise por setor econômico, pode-se perceber que dentre os municípios, Nova Friburgo registrou
o maior valor na agropecuária, assim como na indústria e na área de serviços. Por sua vez, o
município de Cordeiro registrou o menor valor, se comparado aos demais municípios da área de
influência, na agropecuária. Já o município São Sebastião do Alto registrou o menor valor bruto
corrente na atividade industrial, enquanto que Macuco registrou o menor valor registrado no setor
de serviços. Cabe elucidar que há uma nítida concentração do dinamismo, como nos casos das
Regiões Norte Fluminense e do Médio Paraíba, com taxas de crescimento bem acima da média
estadual.
Produto Interno Valor adicionado Valor adicionado
Valor adicionado bruto a Valor adicionado bruto
Unidade da Federação e Bruto a preços bruto a preços bruto a preços
preços correntes da a preços correntes dos
Município correntes (Mil correntes total (Mil correntes da
agropecuária (Mil Reais) serviços (Mil Reais)
Reais) Reais) indústria (Mil Reais)
Rio de Janeiro 343.182.068 290.149.962 1.265.198 91.566.129 197.318.635
Bom Jardim 271.925 248.351 20.806 51.034 176.511
Cantagalo 392.281 326.456 14.166 114.046 198.244
Cordeiro 174.973 165.877 2.729 20.596 142.552
Duas Barras 120.546 107.149 27.675 7.529 71.944
Itaocara 246.643 226.438 16.023 17.539 192.876
Macuco 64.198 59.731 1.910 11.612 46.209
Nova Friburgo 2.266.242 2.078.209 44.718 273.471 1.760.020
Santa Maria Madalena 91.770 85.951 8.827 9.036 68.087
São Fidélis 343.749 325.563 21.912 41.698 261.954
São Sebastião do Alto 75.890 68.870 14.245 4.655 49.970
Trajano de Moraes 74.922 69.837 8.108 5.110 56.618
Fonte: IBGE, 2008
Tabela 57: PIB por município e setor econômico

No que se refere às finanças municipais, ou seja, receitas e despesas, conforme mostra a Tabela
58 abaixo, pode-se ver que os municípios da área de influência tiverem um total de R$ 547.546,90
mil reais de receita orçamentária. Por sua vez, a dívida ativa dos municípios no mesmo período
(2008), era de 5.664.112,85. Deve-se destacar que Nova Friburgo, por ter sua economia mais
estável, se comparado aos demais municípios, é quem registrou a maior receita orçamentária da
área de influência. Por sua vez, os municípios de Macuco e Trajano de Moraes registraram a
menor receita, com 21.382.302,43 e 22.874.615,69, respectivamente.
No entanto, Nova Friburgo é o município que registrou maior dívida ativa (4.281.133,11), assim
como São Fidélis (369.607,47), mesmo tendo o maior valor em Cota de ICMS. Já quanto a
arrecadação de impostos, Nova Friburgo mais uma vez registrou os maiores valores
(26.886.404,06), seguido desta vez pelo município de Cantagalo (3.147.555,40).
Cabe ainda destacar a Cota-parte de Royalties do Petróleo, importante atividade no município de
Campos dos Goytacazes, vizinhos aos demais, onde todos os municípios receberam Royalties por
esta atividade à exceção de: Cantagalo, Cordeiro, Nova Friburgo e São Sebastião do Alto. Os
municípios de São Fidélis, Santa Maria Madalena e Itaocara são os municípios com as maiores
cotas, com valores registrados de pouco mais de 5.500 milhões de reais. Para mais detalhes vide
a Tabela 58.
Rec Cota-parte
Rec Rec Rec Divida Rec de
MUNICIPIO Orçamentária Impostos Royalties Cota ICMS Cota IPVA
Correntes Tributária Ativa Capital
(mil reais) Petróleo
Bom Jardim 41.110,7 41.601.642 2.827.833 2.265.511 5.125.312 11.374.382 546.977 291.003 1.401.791
Cantagalo 49.376,4 48.439.500 3.489.864 3.147.555 0,00 19.889.870 419.326 132.259 2.830.185

198 de 256
MUNICIPIO Rec Rec Rec Impostos Cota-parte Cota ICMS Cota IPVA Rec Divida Rec de
Orçamentária Correntes Tributária Royalties Ativa Capital
(mil reais) Petróleo
Cordeiro 29.857,1 33.132.407 2.535.778 2.535.778 0,00 9.081.011 600.967 54.421 100.000
Duas Barras 27.990,5 29.294.180 775.950 747.338 3.983.964 10.706.224 131.156 73.999 1.200.453
Itaocara 37.705,4 39.946.303 1.633.651 1.463.389 5.037.175 10.928.388 515.815 165.253 38.183
Macuco 21.382,3 23.139.982 647.747 586.015 3.794.252 8.197.277 120.153 111.711 207.656
Nova Friburgo 213429,9 215.314.611 33.303.855 26.886.404 0,00 39.577.554 9.051.149 4.281.133 12.424.685
Santa Maria M. 29.523,3 32.465.075 714.652 609.131 5.125.452 14.662.826 123.256 109.063 780.070
São Fidélis 50.139,8 53.123.523 2.135.564 1.359.292 5.691.006 14.719.249 459.189 369.607 1.885.436
S. S. do Alto 24.156,9 25.690.931 414.158 384.657 0,00 10.641.609 105.645 58.525 436.564
Trajano de M. 22.874,6 25.668.785 631.522 605.299 3.790.845 12.149.158 78.399 17.134 0,00
Total 547.547,2 567.816.944 49.110.578 40.590.373 32.548.009 161.927.552 12.152.036 5.664.112 21.305.026
Fonte: Tesouro Nacional, 2008
Tabela 58: Receita por município

4.11.2.2.4 - Emprego e renda

Segundo dados do IBGE (2006), haviam em todo o estado do Rio de Janeiro, 10.124 pessoas
ocupadas em atividades agropecuárias, silvicultura e extração vegetal. Dentre estes, 472 estão
presentes nos municípios da Bacia do Rio Grande. Cabe destacar ainda que São Fidélis registrou
o maior número de pessoal ocupado nesta atividade, com 229. Contraposto a estes, os municípios
de Macuco e Cordeiro registraram os menores números de ocupação nesta mesma atividade,
menos de três registros em Macuco e quatro em Cordeiro.
No entanto, é preciso ainda elucidar a diversificação econômica destes municípios. A Tabela 59
abaixo mostra o número de pessoal ocupado em demais atividades econômicas. Pode-se ver que
dentre estas se destaca o comércio e a indústria de transformação, com o maior número de
pessoas ocupadas. A pesca é a atividade menos representativa na região, contribuindo com
preliminares informações de empregos em Nova Friburgo e São Fidélis.
Comércio;
Agricultura,
reparação de
pecuária, Ind. de Transporte, Saúde e
Indústrias Constru- veículos
Município silvicultura e Pesca transfor- armaz. e Educação serviços
extrativas ção automotores,
exploração mação comuni. sociais
objetos pessoais e
florestal
domésticos
Bom Jardim 24 - 35 949 14 1.217 143 118 51
Cantagalo 24 - 20 1.017 119 931 139 42 109
Cordeiro 4 - - 931 300 1.281 103 213 178
Duas Barras 16 - X 181 9 543 13 12 3
Itaocara 38 - - 326 22 1.358 97 57 111
Macuco X - - 221 - 305 17 14 8
Nova Friburgo 61 X 80 17.518 1.196 13.871 2.686 2.071 2.938
Santa Maria Madalena 30 - 11 122 18 201 8 2 2
São Fidélis 229 X 37 429 547 1.137 43 105 161
São Sebastião do Alto 26 - X 56 2 185 8 X -
Trajano de Moraes 20 - 7 26 X 234 17 20 -
Fonte: IBGE, 2006.
Tabela 59: Geração de empregos por Atividade

Conforme mostra a Tabela 60 abaixo, pode-se ver que a população economicamente ativa (PEA)
se encontra majoritariamente na área urbana, em todos os municípios estudados. Contudo, pode-
se constatar ainda que alguns municípios possuem maior discrepância entre suas áreas. Por
exemplo, em Bom Jardim, São Sebastião do Alto e Duas Barras há um relativo equilíbrio entre a
PEA da área urbana e rural. Já Nova Friburgo possui uma discrepância considerável entre sua

199 de 256
PEA por área. Observando-se números totais, pode-se ver que Nova Friburgo e São Fidélise são
os municípios com maior contingente de PEA.
Municípios PEA - Rural PEA - Urbana PEA - Total
Bom Jardim 4.986,45 5.972,72 10.959,17
Cantagalo 2.533,98 6.330,84 8.864,82
Cordeiro 337,93 8.460,13 8.798,06
Duas Barras 1.999,88 2.868,29 4.868,17
Itaocara 3.159,87 7.959,75 11.119,62
Macuco 431,75 1.715,96 2.147,71
Nova Friburgo 11.269,51 76.325,58 87.595,09
Santa Maria Madalena 2.112,46 2.858,40 4.970,86
São Fidélis 3.548,87 11.966,85 15.515,72
São Sebastião do Alto 2.091,87 1.880,77 3.972,64
Trajano de Morais 3.145,87 1.893,67 5.039,54
Fonte: IPEADATA, 2000
Tabela 60: População Economicamente Ativa

Conforme mostra a Tabela 61, pode-se ver que não há grande discrepância no IDH de renda na
área de influência, que fica entre 0,75 e 0,63, ou seja, ambos possuem um médio
desenvolvimento quanto a renda municipal. Os municípios com o maior IDH são Nova Friburgo e
Itaocara. Já São Sebastião do Alto e Duas Barras se destacam negativamente com o menor IDH
de renda.
Observando-se a renda per capita, num comparativo entre 1991 e 2000, pode-se ver que todos os
municípios tiveram crescimento. Ainda sim, cabe destacar Itaocara, Trajano de Moraes e Nova
Friburgo, que registraram maior crescimento na renda per capita. Por sua vez, São Sebastião do
Alto teve o menor crescimento na renda, entre todos os municípios da área de influência.
Índice de Desenvolvimento Humano
Município Renda per capita, 2000 Renda per capita, 1991
Municipal - Renda, 2000
Bom Jardim (RJ) 0,69 242,71 169,8
Cantagalo (RJ) 0,697 254,14 170,55
Cordeiro (RJ) 0,711 275,43 205,27
Duas Barras (RJ) 0,661 204,89 131,02
Itaocara (RJ) 0,718 287,5 146,93
Macuco (RJ) 0,681 230,85 151,31
Nova Friburgo (RJ) 0,758 366,84 268,41
Santa Maria Madalena (RJ) 0,66 203,24 111,12
São Fidélis (RJ) 0,668 212,84 151,89
São Sebastião do Alto (RJ) 0,631 171,43 114,42
Trajano de Morais (RJ) 0,665 209,26 104,17
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 61: Índice de Desenvolvimento por Município

Quanto à intensidade da pobreza e intensidade da indigência, deve-se elucidar que tais dados são
úteis para ilustrar o empobrecimento, ou não, dos municípios. O indicador de intensidade da
pobreza mostra o percentual que falta para um indivíduo alcançar uma renda mensal domiciliar
per capita acima de R$ 75,50; em suma, quanto falta para o indivíduo deixar de ser pobre. Dentre
os municípios da área de influência, os que possuem população mais pobre e propensa a se
tornar indigente é Macuco, com 43,01 percentuais, e Cordeiro, com 40,22. Em contraposição a
estes, os municípios que tiveram sua população mais distante da pobreza são Itaocara, com 31,82
e Santa Maria Madalena, com 32,44.
No que se refere à intensidade da indigência, ou seja, o percentual que falta para um indivíduo
alcançar uma renda mensal domiciliar per capita maior que R$ 37,75, passando de indigente a

200 de 256
pobre, tem-se Santa Maria e Itaocara como mais distantes da indigência. Já os municípios mais
propensos a terem sua população como indigente e mais distantes da linha da pobrezas são Nova
Friburgo e Macuco. Nota-se que há maior discrepância entre os municípios quanto à intensidade
da indigência, mas na intensidade da pobreza os indicadores não diferem tanto de um município
para outro (Tabela 62).
Município Intensidade da indigência, 2000 Intensidade da pobreza, 2000
Bom Jardim (RJ) 39,32 36,09
Cantagalo (RJ) 32,21 39,40
Cordeiro (RJ) 45,66 40,22
Duas Barras (RJ) 34,77 34,00
Itaocara (RJ) 25,95 31,82
Macuco (RJ) 48,89 43,01
Nova Friburgo (RJ) 51,05 35,63
Santa Maria Madalena (RJ) 19,83 32,44
São Fidélis (RJ) 31,26 37,80
São Sebastião do Alto (RJ) 27,23 37,20
Trajano de Morais (RJ) 37,13 38,19
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 62: Taxa de pobreza

O índice de GINI mede o grau de distribuição da renda (ou em alguns casos os gastos com o
consumo) entre os indivíduos em uma economia. Medido com referência ao desvio de uma
distribuição perfeita, um índice de GINI zero implica em uma perfeita equanimidade na distribuição
da renda, enquanto que um índice de 100 implica na perfeita desigualdade.
Conforme mostra a Tabela 63, pode-se ver que em praticamente todos os municípios da área de
influência houve uma queda na desigualdade de renda, no período de 1991-2000, com exceção
de Cordeiro, Duas Barras e Macuco, que mantiveram índices iguais no período (0,53; 0,52 e 0,55
respectivamente). Itaocara e Trajano de Moraes são os municípios com maior desigualdade na
distribuição de renda em 2000, a passo que São Sebastião do Alto possui a distribuição de renda
mais equilibrada entre a população, e desa forma, menos desigual. Por sua vez, São Fidélis
registrou maior crescimento na distribuição de renda, enquanto que Trajano de Morais registrou
crescimento na distribuição desigual da renda, assim como Itaocara. Vide a Tabela 63.
Município Índice de Gini, 1991 Índice de Gini, 2000
Bom Jardim (RJ) 0,60 0,54
Cantagalo (RJ) 0,56 0,57
Cordeiro (RJ) 0,53 0,53
Duas Barras (RJ) 0,52 0,52
Itaocara (RJ) 0,59 0,63
Macuco (RJ) 0,55 0,55
Nova Friburgo (RJ) 0,54 0,55
Santa Maria Madalena (RJ) 0,54 0,53
São Fidélis (RJ) 0,64 0,55
São Sebastião do Alto (RJ) 0,53 0,51
Trajano de Morais (RJ) 0,53 0,61
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 63: Índice de Gini.

Para melhor visualização do exposto, verificar os mapas 26 - Mapa de Taxa de Ocupação da


Bacia do Rio Grande, 27 - Mapa de Taxa de Participação da Bacia do Rio Grande e 28 - Mapa de
Taxa de Pobreza da Bacia do Rio Grande, no Caderno de Mapas.

201 de 256
4.11.2.2.5 - Unidades Espaciais

A diversidade de situações encontradas e a extensão territorial da bacia pode permitir uma análise
integrada e focada nas identidades espaciais identificadas. Esse procedimento possibilita a
percepção de que um mesmo município pode do ponto de vista de sua base econômica, integrar
mais de uma unidade espacial situação que não ocorre quando se avalia a organização e
dinâmica territorial e os modos de vida na bacia do rio Grande, tal qual um detalhamento da Bacia
do Paraíba do Sul. Em contrapartida, foi importante ter como horizonte das análises a
especificidade econômica de cada estado, de modo a poder refletir sobre a inserção do território
da bacia no contexto estadual.
É interessante destacar que apesar de a região ter sido uma das primeiras a ser ocupada pela
atividade agropecuária, atualmente nela se destacam as atividades industriais e de serviços, com
ênfase, em algumas áreas para o turismo. Porém, é relevante considerar a importância social das
atividades agropecuárias para o grande número de unidades produtivas de pequenas extensões
(até 50,0ha), e que geram postos de trabalho para o proprietário e familiares, fato que mostra a
importância da categoria social agricultura familiar no planejamento do desenvolvimento regional.
Em linhas gerais tem-se que hoje, em praticamente toda a bacia está presente a agricultura de
subsistência (milho, batata, feijão, mandioca e banana e a produção hortifrutigranjeira), embora a
pecuária seja a principal atividade no meio rural, se encontrando áreas de pasto distribuídas por
toda a bacia. É importante destacar que boa parte dessas áreas de pasto é de terras degradadas,
com pouca ou nenhuma atividade agropecuária.
Outras produções da região são o plantio de eucaliptos e pinheiros, que ocupam um espaço
pouco expressivo na bacia, plantados em locais montanhosos (região serrana do Rio de Janeiro),
no município de Nova Friburgo.
Com relação a produção industrial, esta vem se expandindo nas últimas décadas A expansão
industrial ocorrida na bacia desenvolveu-se autonomamente e a diversidade é sua principal
característica – indústria química, metalúrgica, produção de papel, etc. Em Nova Friburgo
predominam empresas têxteis e metalúrgicas.
As análises da base econômica privilegiaram a economia de cada município, sinalizando para as
interações entre os mesmos e entre as diferentes regiões que integram a bacia do Rio Grande. O
resultado daí decorrente pode ser apreciado nas a Unidades Espaciais em seguida apresentadas.
Para uma melhor visualização do exposto, verificar o mapa 36 – Mapa da Base Econômica da
bacia do Rio Grande.
4.11.2.2.5.1 - Base Econômica I – Espaço Caracterizado por uma Economia Estagnada e
Dominada pelo Setor Terciário, com a Presença Discreta dos Demais Setores
Os municípios de Macuco, São Fidélis e Trajano de Moraes integram esta definição de Base
Econômica.
O Noroeste Fluminense caracteriza-se economicamente pela importância dada à pecuária leiteira
e de corte e à produção agrícola, principalmente arroz, cana de açúcar e oleícolas (tomate e
pimentão), registrando-se, portanto, que a maior parte da população vive em função da atividade
primária. A industrialização aqui é incipiente, sendo que a agroindústria de produtos alimentares é
o ramo que desponta com maior potencialidade. Ao mesmo tempo, destaca-se a forte ocorrência
de diversos minerais na Região, gerando oportunidades industriais para o ramo de extração e
beneficiamento.
É importante destacar que essa é a região mais pobre do Estado. Aqui as atividades
agropecuárias estão depreciadas, o noroeste vive basicamente dos repasses dos governos
federal e estadual, bem como de recursos da assistência social, a exemplo da aposentadoria
rural. Esta situação tem acentuado a perda rápida de população para outras cidades do estado.
Em linhas gerais, tem-se que nesta região foram desmatados quase 100% das florestas

202 de 256
estacionais. Em função disso, os processos de erosão ocorrem de forma acentuada e são
consequência do desmatamento, da cafeicultura, da tomaticultura e da pecuária que contribuíram
de forma fundamental para a pauperização regional e para o êxodo rural.
Como a agropecuária ainda é a principal atividade, a Região vem apresentando um esvaziamento
econômico, causado por uma estrutura fundiária arcaica que, a exemplo de outras áreas do
Estado, baseia-se na associação latifúndio/minifúndio, na má utilização das terras e na pecuária
extensiva que, entre outras causas, são responsáveis pelo êxodo, provocando uma diminuição
nos efetivos populacionais da zona rural. Todos esses fatores, somados e associados à fraca
expansão das atividades industriais e terciárias, afetam negativamente a geração de emprego e,
consequentemente, a renda na Região.
Com relação aos municípios da região Norte Fluminense que integram esta unidade espacial, São
Fidélis e a proximidade do município de Campos dos Goytacazes tem contribuído para mudanças
significativas nessa região. Isto se deve principalmente a expansão da indústria do petróleo. A
economia açucareira caracterizou a Região Norte Fluminense até os anos 70. A partir daí, outros
dois produtos - o álcool e o petróleo têm apresentado importância crescente na economia
regional, colocando-a, assim, como uma das principais regiões do Estado. Contudo esta situação
não expressa a base econômica dos municípios citados, apenas vem contribuindo para o
crescimento do setor informal e da migração.
O padrão da economia do município de São Fidélis está centrado no Setor Terciário que é
responsável pelo maior número de estabelecimentos, situação que obedece ao comportamento
econômico da maioria dos municípios brasileiros. Nesse contexto se destaca a presença das
unidades produtivas do tipo micro empresas. É importante observar que no município a pesca é
uma atividade tradicional ainda mantida no rio Paraíba do Sul com leve migração para o Rio
Grande.
Têm-se como principais características da BE I:

• O setor terciário é o dominante na composição do valor adicionado e na concentração da


mão de obra;

• Predomina a tendência à estagnação se comparada a outras áreas da bacia;

• Esvaziamento acelerado das áreas rurais.


4.11.2.2.5.2 - Base Econômica II – Espaço Caracterizado por uma Economia que Agrega Serviços
(inclusive turístico) e Indústrias em Expansão
Esta definição abrange o município de Nova Friburgo, onde a concentração das atividades
industriais, ocorre através de pequenas e médias empresas com o comércio e serviços ligados às
atividades indústrias importantes.
Este município destaca-se pelo setor turístico e pela especialização em atividades industriais
principalmente: fabricação de produtos têxteis; confecção de artigos do vestuário e acessórios;
fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares; fabricação de móveis e
indústrias diversas; fabricação de outros equipamentos de transporte; fabricação de produtos de
metal - exclusive máquinas e equipamentos; fabricação de produtos de madeira; fabricação de
celulose; papel e produtos de papel; fabricação de artigos de borracha e plástico, fabricação de
produtos alimentícios e bebidas, limpeza urbana e esgoto, comércio varejista, comércio e
reparação de veículos, fabricação e montagem de veículos automotivos, reboques e carrocerias,
extração de minerais não metálicos e saúde e serviços sociais.
O município de Friburgo, segundo espacialização adotada pela Federação das Indústrias do
Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), ocupa a região centro norte fluminense juntamente com os
municípios de Bom Jardim, Cachoeira de Macacu, Cantagalo, Carmo, Cordeiro, Duas Barras,
Macuco, Sta. Maria Madalena, São Sebastião do Alto, Sumidouro, Trajano de Morais (todos
integrantes da Unidade Espacial I). O PIB do município de Nova Friburgo representava em 2008,

203 de 256
0,6% do PIB do Estado do Rio de Janeiro e 55% do PIB da região da bacia do rio Grande à
exceção de Campos dos Goytacazes. Quanto à composição do PIB de Nova Friburgo, o setor
primário era responsável por 2% do total do PIB do município em 2008; a indústria extrativa e de
transformação (12%); e o setor de serviços (78%).
Nesse contexto o setor com um número mais expressivo de estabelecimentos ainda é o setor
têxtil e de confecções, com a maioria das empresas na área de confecções. Observa-se aqui uma
discreta tendência a formação de um cluster industrial5 de confecções no eixo formado por Nova
Friburgo, Bom Jardim, Cordeiro, Duas Barras e Macuco. Na atualidade o polo existente na região
ainda não possui essas características devido ao baixo grau de cooperação entre as empresas de
confecções tanto na produção, como na formação de canais de comercialização nacionais e
internacionais ou ainda na cooperação tecnológica e mercadológica para o setor.
Os estabelecimentos de agronegócios estão principalmente concentrados em horticultura,
produtos de viveiro e pecuária bovina. E com relação ao Turismo o município de Nova Friburgo e
seu entorno tendem a explorar o turismo gastronômico, o turismo ecológico e o turismo de saúde
(Spas e centros de autoconhecimento, entre outros) em contraponto ao turismo de massa (isto é
com baixo valor agregado). Aqui o turismo conta com a possibilidade de aproveitar os recursos
ambientais e com a existência de certo número significativo de hotéis e restaurantes.
Como se pode observar Nova Friburgo é o município que apresenta a estrutura econômica mais
diversificada nessa região.
Têm-se como principais características da BE II:

• A condição de expansão e diversificação das atividades industriais;

• A presença de área consolidada de atividade turística;

• A importância secundária das atividades agropecuárias.


4.11.2.2.5.3 - Base Econômica III – Espaço onde Predominam as Atividades Agropecuárias e a
Estreita Dependência dos Municípios Polos Situados mais Próximos
Integram essa área os municípios de Duas Barras, Cordeiro, Cantagalo, Itaocara, dedicados
principalmente, aos agronegócios, dispondo de uma estrutura econômica pouco diversificada. As
áreas de maior concentração do número de estabelecimentos para estes municípios é a atividade
de pecuária bovina e a produção mista (lavoura e pecuária). Complementando, tem-se que nos
municípios de Bom Jardim, Cordeiro e Duas Barras estão instalados estabelecimentos voltados
para a exploração do café.
É importante destacar que nessa unidade espacial todos os municípios estabelecem estreitos
laços de dependência dos polos regionais próximos evidenciando uma situação na qual essa
dependência se estende aos serviços públicos nos termos da transferência de recursos.
Têm-se como principais características da BE III:

• Setor industrial incipiente e ou vinculado a produção agrícola;

• Estreita dependência dos polos regionais mais próximos evidenciando uma autonomia
relativa.

4.11.2.3 - Qualidade e Modo de Vida


A fim de se obter maior entendimento da conjectura socioeconômica de determinada sociedade,
se faz necessário conhecer os padrões de vida da mesma, avaliando sua qualidade. Desta forma,

5
O cluster industrial é definido como um conjunto de empresas e instituições relacionadas que formam um sistema de relações verticais
(compradores e fornecedores) e de relações horizontais (clientes, tecnologia, comércio exterior, canais de comercialização comuns),
que se apoiam mutuamente e representam vantagens competitivas a nível industrial para uma região (Escorsa e Camacho, 1999), por
permitir explorar as economias de aglomeração.

204 de 256
para o presente item é apresentado alguns indicadores da infraestrutura dos sistemas de
educação, saúde, água, esgotamento, resíduos sólidos, e transporte.
Cabe esclarecer que em conformidade com a Organização Mundial de Saúde (OMS), se entende
por qualidade de vida,
"A percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais
ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações" (WHOQOL GROUP,
1994 – Organização Mundial de Saúde).

Desta forma, além dos indicadores expostos anteriormente, será apresentado não apenas estes,
mas também um conjunto de elementos responsáveis por atender as demandas físicas e
psicológicas, que permite um sentimento de satisfação, segurança e conforto a determinado grupo
social.
Cabe ainda elucidar que as condições materiais de vida comumente são responsáveis por afetar a
percepção do indivíduo, e desta forma a sua agência, relacionada ao funcionamento diário de
dada comunidade, incluindo a qualidade da saúde física e mental dos homens.

4.11.2.3.1 - Educação

Para o presente item foi feito um levantamento de dados secundários junto ao Ministério da
Educação e ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
Através do Censo Escolar (2009), foi possível obter o entendimento da infraestrutura educacional
nos municípios da área de estudo, o número de estabelecimentos e matrículas. Além destes,
obteve-se ainda o nível de escolaridade da população e alfabetização.
É preciso elucidar que são utilizadas as denominações Ensino Fundamental e Ensino Médio para
os ensinos de 1º e 2º graus, respectivamente. A Educação Infantil pode ser oferecida em creche
ou equivalente, para crianças de até 3 anos; ou na pré-escola, para crianças de 4 a 6 anos de
idade. Os alunos da Classe de Alfabetização estão incluídos na Educação Pré-Escolar. A Classe
de Alfabetização é o conjunto de alunos que são reunidos em sala de aula para aprendizagem de
leitura e escrita, durante um semestre ou um ano letivo, que não sejam alunos da 1ª série do
Ensino Fundamental.
O número de estabelecimentos escolares e a oferta de matrículas para a Educação Infantil,
Classes de Alfabetização, Fundamental e Média, relativas ao ano de 2009, estão distribuídos por
rede de ensino conforme mostram as Tabela 64 e Tabela 65.
Pode-se ver, tendo em consideração a dimensão populacional de cada município, que Nova
Friburgo possui maior número de estabelecimentos educacionais público, municipal, assim como
estadual, seguido pelo município de São Fidélis e Trajano de Moraes, com contingentes bem
menores. Por outro lado, o município de Cordeiro registrou o menor número de estabelecimentos
da rede municipal, sendo ainda o segundo município que registrou o menor número de
estabelecimento educacionais da rede estadual. No entanto, deve-se ter em consideração a
proporção entre os estabelecimentos educacionais por rede.
Conforme mostra a Tabela 64, pode-se ver que o município Santa Maria Madalena registrou
apenas um estabelecimento de ensino da rede estadual. Com isto, pode-se concluir que toda a
população do município conta com apenas uma unidade de estabelecimento da rede pública que
ofereça o ensino médio, o que torna possível a migração da população para municípios vizinhos
em busca de ensino. Provavelmente, a população se direciona ao município de Nova Friburgo,
que possui melhor infraestrutura de serviços, se comparado aos demais municípios da área de
influência deste estudo. Cabe esclarecer ainda que em nenhum município da área de influência foi
identificado estabelecimentos de ensino privado que oferecesse o ensino médio.
Município Rede Municipal Rede Estadual
Bom Jardim 42 10

205 de 256
Município Rede Municipal Rede Estadual
Cantagalo 28 12
Cordeiro 16 8
Duas Barras 20 6
Itaocara 39 13
Macuco 10 3
Nova Friburgo 185 46
Santa Maria Madalena 40 1
São Fidélis 48 14
São Sebastião do Alto 22 6
Trajano de Moraes 52 11
Fonte: INEP/MEC, 2009
Tabela 64: Estabelecimentos de ensino por município

No que se refere ao número de matriculas, há de se destacar que proporcionalmente ao número


de estabelecimentos de educação, é o contingente de matrículas entre os municípios da área de
influência. Sendo registrado no município de Nova Friburgo o maior número absoluto. Contudo,
deve-se esclarecer ainda que Macuco, embora não seja o município com menor número de
estabelecimentos de ensino da rede municipal, possui o menor número de matrículas. Já na rede
estadual, é Santa Maria Madalena, o município que mais uma vez se destaca com o menores
números registrado na educação. Para mais detalhes ver a Tabela 65
Município Rede Municipal Rede Estadual
Bom Jardim 2.694 2.815
Cantagalo 2.114 2.176
Cordeiro 1.931 2.543
Duas Barras 1.831 1.108
Itaocara 1586 3161
Macuco 732 1.021
Nova Friburgo 19.736 12.819
Santa Maria Madalena 2.131 207
São Fidélis 3339 4882
São Sebastião do Alto 1.461 1.295
Trajano de Moraes 1.461 1.295
Fonte: INEP/MEC, 2009
Tabela 65: Tabela Matriculas por rede de ensino.

Uma vez exposto a infraestrutura educacional disponível nos municípios, tende-se a avaliar a
média de anos de estudos da população de 25 anos ou mais de idade. A média de anos de estudo
permite a visualização da capacitação da mão de obra ativa, por exemplo. Considerando que o
ensino fundamental encontra-se entre 8 e 9 anos de estudo, este índice permite compreender se,
em média, a população trabalhadora possui minimamente o ensino fundamental, que a habilita,
por exemplo para alguns cursos técnicos. Vale ressaltar que até os 25 anos a população tem
condições de completar o ensino de terceiro grau. Sendo assim, o índice permite avaliar a
escolaridade da população, de quem, em tese, já estaria fora da rede de ensino, completado ou
não o ensino médio.
Dito isso, pode-se perceber, que os municípios de Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto e
Trajano de Moraes registraram a menor média de anos de estudo da população adulta, não
chegando a cinco anos de estudos. Por outro lado, cabe destacar que Nova Friburgo e Cordeiro
registram a maior média de anos de estudo da população adulta, com pouco mais de seis anos de
estudo. Apesar disto, deve-se ainda esclarecer que tais números ainda não são os ideais, uma
vez que numa média, conclui-se que a população adulta não possui sequer o ensino fundamental
completo.

206 de 256
Quanto a taxa de alfabetização, pode-se ver que Nova Friburgo e Cordeiro registraram a maior
taxa de alfabetização (92,58 e 91,01 respectivamente). Contrário a estes, o município de Trajano
de Moraes se destacou negativamente com a menor taxa de alfabetização de toda a área de
influência (79,6), no ano de 2000, seguido pelo município de São Sebastião do Alto (81,65).
Média de anos de estudo das pessoas de 25 anos Taxa de alfabetização de pessoas com 15
Município
ou mais de idade anos ou mais (PEA)
Bom Jardim (RJ) 4,78 83,00
Cantagalo (RJ) 5,56 87,42
Cordeiro (RJ) 6,29 91,01
Duas Barras (RJ) 4,36 82,37
Itaocara (RJ) 5,43 86,68
Macuco (RJ) 5,61 89,85
Nova Friburgo (RJ) 6,23 92,58
Santa Maria Madalena (RJ) 4,48 82,07
São Fidélis (RJ) 4,99 84,01
São Sebastião do Alto (RJ) 4,48 81,65
Trajano de Morais (RJ) 4,1 79,60
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 66: Taxa de alfabetização por município

A Tabela 67, mostra com maior detalhamento os anos de estudo da população dos municípios. De
um modo geral, todos os municípios registraram maioria populacional com 4 a 7 anos de estudos.
No entanto, cabe chamar a atenção ao elevado contingente populacional de pessoas sem
instrução, e com menos de um ano de estudo. Para mais detalhes ver a Tabela 67.
Grupos de anos de estudo
Município Sem instrução e 1 a 3 4a7 8 a 10 11 a 14 15 anos Não
Total
menos de 1 ano anos anos anos anos ou mais determinados
Bom Jardim - RJ 16.636 2.110 3.940 5.951 2.053 2.067 445 69
Cantagalo - RJ 14.487 1.957 2.176 4.702 2.393 2.732 406 122
Cordeiro - RJ 13.771 1.171 1.887 4.509 2.701 2.890 561 51
Duas Barras - RJ 7.401 1.233 1.477 2.787 951 803 128 23
Itaocara - RJ 17.706 2.016 3.414 5.789 2.580 3.287 531 89
Macuco - RJ 3.637 396 565 1.121 659 780 97 19
Nova Friburgo - RJ 132.018 9.646 20.948 46.285 24.245 22.997 7.493 403
Santa Maria Madalena - RJ 7.707 1.365 1.684 2.453 1.003 1.026 148 28
São Fidélis - RJ 27.715 3.770 5.858 8.791 3.969 4.724 543 60
São Sebastião do Alto - RJ 6.191 914 1.422 2.144 635 949 68 59
Trajano de Moraes - RJ 7.501 1.309 2.009 2.361 767 863 122 70
Fonte: IBGE, 2000
Tabela 67: Grupos de anos de estudo

Para melhor visualização do exposto, verificar o mapa 25 - Mapa de Taxa de Alfabetização da


Bacia do Rio Grande, no Caderno de Mapas.

4.11.2.3.2 - Saúde

O sistema de saúde no país ao longo do tempo foi repassado a responsabilidade das secretarias
municipais de saúde, que trabalham especialmente como gestores municipais do Sistema
Unificado de Saúde – SUS. No que se refere a infraestrutura de saúde na região da área de
estudo, foram identificados 47 postos de saúde, e 18 hospitais totais, nos municípios da área de
influência deste estudo. O maior contingente de estabelecimentos de saúde se encontra no
município de Nova Friburgo (419). Contrário a estes, Macuco e São Sebastião do Alto registraram
o menor número de unidades hospitalares. Para mais detalhes ver a Tabela 68.

207 de 256
Quanto ao número de leitos hospitalares (Tabela 69), ao todo foram registrados 1.350 leitos
hospitalares. Proporcionalmente ao número de unidades hospitalares elucidadas anteriormente,
Nova Friburgo registrou o maior número de leitos. Contrário a Trajano de Moraes e São Sebastião
do Alto que registraram menos números de leitos entre todos os municípios da área de influência.
Cabe destacar que não foi encontrado registros de leitos hospitalares em Macuco.
Segundo dados do PNUD (2000), foi constatado que todos os municípios da área de influência
possuem uma taxa considerada relativamente baixa de mortalidade infantil. Ainda assim, cabe
destacar que o município com maior taxa é Duas Barras (27,62). Contrário a estes, Nova Friburgo
(14,04), Cantagalo e Cordeiro (ambos com 14,15) registram as menores taxas.

208 de 256
Duas Nova Santa M. São São S. do Trajano de
Estabelecimentos de Saúde Bom Jardim Cantagalo Cordeiro Itaocara Macuco
Barras Friburgo Madalena Fidélis Alto Moraes
Central de Regulação de Serviços de Saúde 1 1
Centro de Apoio à Saúde da Família 1
Centro de Atenção Hemoterapia e/ou Hematologia 1 1
Centro de Atenção Psicossocial 1 1 1 1 1 1 2 1
Centro de Saúde/Unidade Básica 10 11 6 4 3 3 19 4 15 2 5
Clínica Especializada / Ambulatório de Especialidade 3 4 1 1 3 37 4
Consultório Isolado 9 17 15 6 1 2 334 2 13 4
Farmácia 1
Hospital Especializado 2
Hospital Geral 1 1 1 1 2 5 1 2 1 1
Policlínica 1 1 2 5 2 1
Posto de Saúde 5 1 10 5 1 10 3 3 9
Pronto Atendimento
Pronto Socorro Especializado
Pronto Socorro Geral 1 2
Secretaria de Saúde 1 1 1 1 1 1 1 1
Unidade de Apoio Diagnose e Terapia (SADT ISOLADO) 4 5 9 3 2 11 1 5
Unidade de Vigilância em Saúde 1 1 1 1
Unidade Móvel de Nível Pré-Hosp URGENCIA/EMERGENCIA
Unidade Móvel Terrestre 1 1 2 1 1
Total 39 42 37 26 22 6 419 20 48 11 21
Fonte: CNES/Datasus, 09/2010.
Tabela 68: Unidades ambulatoriais.

Municípios Cirúrgico Clínico Complementar Obstétrico Pediátrico Outras Especialidades Hospital Dia
Bom Jardim 13 25 2 8 12 1 1
Cantagalo 8 44 0 8 0 2 0
Cordeiro 10 30 0 9 13 2 0
Duas Barras 25 31 3 18 23 0 0
Itaocara 18 38 8 10 15 - -
Macuco - - - - - - -
Nova Friburgo 127 223 45 45 29 208 0
Santa Maria Madalena 10 40 3 12 15 1 0
São Fidélis 19 55 9 15 24 0 0
São Sebastião do Alto 10 22 4 4 12 0 0
Trajano de Moraes 6 16 3 6 7 3 0
FONTE: CNES/Datasus, 09/2010.
Tabela 69: Número de Leitos Hospitalares
Quanto a esperança de vida ao nascer as maiores taxas são observadas em Cantagalo e
Cordeiro, ambos com 72,2. As piores taxas foram registradas nos municípios de Duas Barras
(65,98) e Bom Jardim (68,31), de acordo com o PNUD, 2000.
Numa análise geral, observando o IDH de longevidade (2000), pode-se concluir que todos os
municípios da área de estudo possuem um IDH considerado médio, uma vez que compreende
valores de 0,5 a 0,79. A maior taxa de IDH, é registrada nos municípios de Cantagalo e Cordeiro
(0,787). Já o município de Duas Barras registrou o menor IDH da área de influência (0,683). Para
mais detalhes ver a Tabela 70.
Mortalidade até um ano de Esperança de vida ao Índice de Desenvolvimento Humano
Município
idade, 2000 nascer, 2000 Municipal-Longevidade, 2000
Bom Jardim (RJ) 21,96 68,31 0,722
Cantagalo (RJ) 14,15 72,2 0,787
Cordeiro (RJ) 14,15 72,2 0,787
Duas Barras (RJ) 27,62 65,98 0,683
Itaocara (RJ) 17,26 70,54 0,759
Macuco (RJ) 17,29 70,52 0,759
Nova Friburgo (RJ) 14,04 72,26 0,788
Santa Maria Madalena (RJ) 18,42 69,96 0,749
São Fidélis (RJ) 20,29 69,07 0,734
São Sebastião do Alto (RJ) 17,97 70,18 0,753
Trajano de Morais (RJ) 18,42 69,96 0,749
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 70: Mortalidade infantil, Esperança de vida e IDH-Longevidade por município

Dentre as principais causas de morbidade registrada na área de influência, tem-se doenças do


aparelho digestivo, geniturinário e respiratório. Nova Friburgo e São Sebastião do Alto, registraram
os maiores percentuais de morbidade por doenças no aparelho circulatório. Quanto as doenças
do aparelhos digestivo, os maiores percentuais encontram-se também nestes mesmos municípios.
No entanto, observando-se os percentuais de morbidade por doenças no aparelhos geniturinário,
tem-se além de Nova Friburgo, o município de Santa Maria Madalena com os maiores percentuais
da área de influência. Vide a Tabela 71 para mais detalhes.
Doenças
Doenças doDoenças doDoenças doDoenças doDoenças Doenças Doenças sangue
endócrinas Neoplasia
Municípios aparelho aparelho aparelho aparelho do olho edo sistema órgãos hemat e
nutr. e (tumores)
circulatório digestivo geniturinário respiratório anexos nervoso transt imunitár
metabólicas
Bom Jardim 15,68 11,13 9,04 13,6 0,07 0,59 5,92 0,72 56,73
Cantagalo 17,56 10,85 5,75 13,01 0 9,26 8,7 0,72 65,84
Cordeiro 22,12 11,24 9,07 13,26 0,14 2,44 8,58 0,35 67,2
Duas Barras 22,06 7,12 12,63 12,99 0 1,96 9,07 1,78 67,62
Itaocara 14,89 5,93 11,66 16 0,29 4,58 12,56 3,81 69,72
Macuco 17,87 7,78 5,48 12,97 0 6,34 10,66 1,44 62,54
Nova Friburgo 18,86 12,65 6,79 11,8 0,23 2,27 2,73 0,81 56,15
S. M. Madalena 15,65 7,36 13,32 12,38 0 1,05 6,78 0,35 56,89
São Fidélis 16,41 7,41 7,32 26,84 0 3,26 6,41 0,7 68,35
S. Seb. do Alto 16 11,79 13,89 18,32 0 1,47 6,42 0,32 68,21
Trajano de Moraes 18,2 7,5 13,1 15,2 0 1,3 5,8 2,8 63,97
Total geral 195,32 231,29 207,24 166,36 100,72 34,54 83,65 21,22 1040,33
Fonte: SIH/SUS, 2009.
Tabela 71: Causas de Morbidade nos Municípios

Para melhor visualização do exposto, verificar os mapas 31 - Mapa de Esperança de Vida da


Bacia do Rio Grande e 30 - Mapa de Mortalidade Infantil da Bacia do Rio Grande, no Caderno de
Mapas.

210 de 256
4.11.2.3.3 - Saneamento Básico

Entende-se por saneamento básico um conjunto de procedimentos adotados numa determinada


região que visa proporcionar uma condição de vida saudável para os habitantes de uma dada
localidade. Dentre os parâmetros do saneamento básico, tem-se o tratamento da água, a
canalização e tratamento de esgotos, a limpeza pública de ruas e avenidas, a coleta e o
tratamento de resíduos orgânicos (em aterros sanitários regularizados) e materiais (através da
reciclagem).
A partir da aplicação destas medidas é que se torna possível garantir melhores condições de
saúde para as pessoas, evitando a contaminação e proliferação de doenças. Ao mesmo tempo,
garante-se a preservação do meio ambiente. Com isto, é de importância central analisar os
indicadores de abastecimento de água, esgoto e resíduos sólidos.
No entanto, antes disto, apresenta-se os dados referente ao número de domicílios com água
encanada e com coleta de lixo (para domicílios urbanos). Os municípios de Nova Friburgo e
Cordeiro registraram o maior percentual de pessoas que vivem em domicílios com água
encanada. Por outro lado, São Sebastião do Alto registrou o menor percentual de abastecimento
com água encanada. Do mesmo modo, São Sebastião do Alto e Trajano de Moraes registram
menor percentual de domicílios urbanos com coleta de lixo, nesta ordem. Com isto, conclui-se que
estes municípios são os que possuem sua população em pior condição de vida, observando estes
parâmetros. Já os municípios de Nova Friburgo e Cordeiro se destacaram com os melhores
percentuais, tanto no abastecimento com água encanada, quanto ao serviço de coleta de lixo em
domicílios urbanos. Para mais detalhes ver a Tabela 72.
Percentual de pessoas que vivem em Percentual de pessoas que vivem em domicílios
Município
domicílios com água encanada urbanos com serviço de coleta de lixo
Bom Jardim (RJ) 96,62 95,7
Cantagalo (RJ) 96,39 94,23
Cordeiro (RJ) 98,68 97,65
Duas Barras (RJ) 97,66 99,1
Itaocara (RJ) 95,18 93,34
Macuco (RJ) 97,29 96,69
Nova Friburgo (RJ) 98,95 98,44
Santa Maria Madalena (RJ) 94,86 95,49
São Fidélis (RJ) 94,74 94,71
São Sebastião do Alto (RJ) 89,26 90,42
Trajano de Morais (RJ) 91,12 84,46
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 72: Percentual de saneamento básico por município

4.11.2.3.4 - Abastecimento de Água

No que se refere ao sistema de abastecimento de água, segundo dados do IBGE (2000), numa
análise geral pode-se concluir que o abastecimento de água nos municípios da área de influência
do presente estudo é feito basicamente através da rede geral, tendo como segundo maior meio de
abastecimento o uso de poços artesianos ou nascentes. Cabe destacar que o município de São
Sebastião do Alto, contrário aos demais municípios, possui majoritariamente poços ou nascentes
como fonte de abastecimento de água, e não a rede geral.
Chama ainda atenção o elevado número de domicílios que não possuem uma forma canalizada
de abastecimento de água, como o caso registrado em São Fidélis (87). Os municípios de Duas
Barras e Macuco foram os que registraram o menor número de domicílios nesta situação, apenas
três e quatro registros, respectivamente. Para maior detalhamento ver a Tabela 73.

211 de 256
Poço ou nascente (na Outra Outra forma -
Município Total Rede geral
propriedade) forma não canalizada
Bom Jardim - RJ 6.502 3.357 3.078 67 16
Cantagalo - RJ 5.402 3.985 1.349 68 16
Cordeiro - RJ 5.289 4.819 457 13 8
Duas Barras - RJ 2.906 1.428 1.309 169 3
Itaocara - RJ 7.060 5.288 1.628 144 28
Macuco - RJ 1.256 1.141 110 5 4
Nova Friburgo - RJ 53.552 42.515 9.791 1.246 35
Santa Maria Madalena - RJ 3.015 1.596 1.398 21 6
São Fidélis - RJ 11.182 8.152 2.520 510 87
São Sebastião do Alto - RJ 2.364 956 1.371 37 24
Trajano de Moraes - RJ 2.837 1.452 1.253 132 15
Fonte: IBGE, 2000
Tabela 73: Tipo de Abastecimento de Água

Para melhor visualização do exposto, verificar o mapa 32 - Mapa de Acesso ao Abastecimento de


Água da Bacia do Rio Grande, no Caderno de Mapas.

4.11.2.3.5 - Esgotos

Analisando os dados referentes ao destino do esgoto, pode-se ver que positivamente a maior
parte dos municípios destinam seu esgoto a rede geral. O segundo maior destino do esgoto
domiciliar é a fossa rudimentar. Cabe destacar o elevado número de registros de destino do
esgoto despejado em rios e mares (9.699). Apenas o município de Nova Friburgo não possui este
como o secundo principal destino de seu esgoto. Chama ainda atenção o elevado número
registrado de domicílios que destinam seu esgoto a valas em Itaocara (1.053). (Tabela 74)
Em suma, pode-se considerar que o esgotamento sanitário na área de influência é relativamente
bom, sendo mais precário nos municípios onde predomina ou há maior equilíbrio entre a
população da área urbana e da rural, na qual o destino tende a ser feito de forma ilegítima, a rios
e valas, desta forma deteriorando o meio ambiente e proporcionando a proliferação de doenças.
Não tinham
Rede geral de Fossa Fossa Rio, lago Outro
Município Total Vala banheiro nem
esgoto ou pluvial séptica rudimentar ou mar escoadouro
sanitário
Bom Jardim 6.502 2.825 614 641 582 1.781 17 42
Cantagalo 5.402 3.399 240 416 655 540 28 124
Cordeiro 5.289 4.630 151 118 94 278 3 15
Duas Barras 2.906 999 310 270 244 1.048 11 24
Itaocara 7.060 4.199 504 431 1.053 438 226 209
Macuco 1.256 1.028 27 5 128 59 3 6
Nova Friburgo 53.552 37.916 7.069 3.847 811 3.664 42 203
Santa Maria Madalena 3.015 1.345 147 303 647 467 10 96
São Fidélis 11.182 7.216 420 963 1.233 725 230 395
São Sebastião do Alto 2.364 764 98 241 727 206 159 169
Trajano de Moraes 2.837 734 169 285 561 931 20 137
Fonte: IBGE, 2000.
Tabela 74: Proporção de Moradores por tipo de Instalação Sanitária

Para melhor visualização do exposto, verificar o mapa 34 - Mapa de Atendimento por


Esgotamento Sanitário da Bacia do Rio Grande, no Caderno de Mapas.

4.11.2.3.6 - Coleta de Lixo

Quanto aos resíduos sólidos, o destino é majoritariamente a coleta. Apenas o município de São
Sebastião do Alto não possui a coleta como principal destino para o lixo, sendo esta o segundo

212 de 256
maior destino dados aos resíduos sólidos do município. Observando os dados expostos na Tabela
75, pode-se ver que a queimada ainda é uma prática utilizada consideravelmente em todos os
municípios.
Coleta de lixo Coletado Queimado Enterrado Jogado em terreno baldio ou logradouro Outro destino
Bom Jardim 84,43 5,1 0,14 1,51 0,17
Cantagalo 76,09 21,23 0,76 1,52 0,42
Cordeiro 94,82 4,63 0,04 0,13 0,37
Duas Barras 74,22 21,4 1,38 2,24 0,76
Itaocara 66,91 28,94 0,31 2,8 2,21
Macuco 92,83 6,77 0,16 0,24 -
Nova Friburgo 94,79 4,47 0,28 0,2 0,26
Santa Maria Madalena 64,87 27,76 0,86 4,68 1,82
São Fidélis 71,15 25,19 0,36 2,9 0,4
São Sebastião do Alto 42,81 49,07 0,47 6,39 1,26
Trajano de Moraes 45,65 43,53 1,69 7,83 1,3
Fonte: IBGE, 2000
Tabela 75: Destino do lixo por domicilio

Para melhor visualização do exposto, verificar o mapa 35 - Mapa de Acesso aos Serviços de
Coleta de Lixo da Bacia do Rio Grande, no Caderno de Mapas.

4.11.2.3.7 - Sistema de Transporte

A região do empreendimento conta com a estrutura de importantes rodovias e ferrovias que


facilitam o acesso a várias regiões do país. Tais vias contribuem consideravelmente para o
escoamento da produção para os grandes centros, principalmente às capitais estaduais, como Rio
de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Vitória.
Dentre as principais rodovias que cortam a região no sentido SW/NE pode-se mencionar a BR-
393, que serve como importante ligação local e, principalmente, interestadual, possibilitando a
conexão da Região Sudeste com o Norte e o Nordeste do País.
Considerada como rodovia de 1a classe, pavimentada, com pista simples, duas faixas de tráfego e
acostamento, segue paralela ao rio Paraíba do Sul, funcionando também como importante
variante da BR-116, absorvendo um tráfego intenso. A sinalização é satisfatória. No entanto, o
fluxo de veículos pesados e o traçado sinuoso — com curvas compostas, pequenas declividades
longitudinais e de pouca visibilidade — impõem a necessidade de se criarem medidas
preventivas, como, por exemplo, sinalizações mais adequadas.
Cabe destacar ainda a BR-040, pavimentada e de pista dupla, que interliga as cidades do Rio de
Janeiro - RJ e Brasília – DF, com 1.148 km e, na sua extensão, propicia o acesso a Juiz de Fora -
MG e Belo Horizonte – MG, e que desta forma também é muito importante para a região. A
estrada é pavimentada, com pista simples, acostamentos irregulares e possui alguns trechos
sinuosos, com curvas compostas e pequenas declividades longitudinais. Embora possua um
tráfego pequeno, principalmente de caminhões que abastecem as comunidades locais e algumas
cidades, necessita de obras de melhoria, devido aos buracos existentes, e de sinalização
adequada.
Por sua vez, a Rodovia RJ-151 inicia-se na BR-040. A rodovia interliga as localidades de Monte
Serrat e Manoel Duarte, em 45 km de trecho pavimentado com pista simples e acostamento
irregular e, daí até o entroncamento com a RJ-137 (nas proximidades de Santa Isabel do Rio
Preto - RJ), em 78 km de trecho não-pavimentado. Desenvolve-se quase que paralelamente ao rio
Preto, apresentando, no seu traçado, trechos sinuosos e curvas compostas.
A frota de veículos presente nos municípios da área de influência está descrita na Tabela 76. A
maior frota total é de automóveis, seguida por motocicletas. Cabe destacar que nos menores

213 de 256
municípios a diferença entre o número de automóveis e o número de motocicletas é ínfima, como
por exemplo em São Sebastião do Alto, Trajano de Moraes, e em São Fidélis.
Município AUTOMOVEL CAMINHAO CAMINHONETE MICRO-ONIBUS MOTOCICLETA MOTONETA ONIBUS
Bom Jardim 4845 495 592 29 1642 268 29
Cantagalo 2837 149 275 25 1034 138 32
Cordeiro 4597 270 385 36 1260 198 41
Duas Barras 1327 94 150 17 423 93 6
Itaocara 3192 282 432 40 2849 1020 27
Macuco 1355 137 138 11 409 43 10
Nova Friburgo 55786 3266 4986 196 13596 1632 315
Santa Maria Madalena 1075 48 128 13 431 68 3
São Fidélis 4183 391 383 29 3481 1448 41
São Sebastião do Alto 969 89 104 11 923 95 5
Trajano de Moraes 995 48 116 11 439 42 11
Fonte: IBGE, 2010.
Tabela 76: Frota de Veículos

Não foi identificado aeroporto na área de influência, no entanto encontra-se em município vizinho
de Campos dos Goytacazes, sendo este o Aeroporto Bartolomeu Lisandro.
O sistema aeroviário da região é constituído por um campo de pouso particular em Trajano de
Moraes, localizado numa fazenda especializada em cavalos alapuza, não integrado nas rotas
comerciais regulares.

4.11.2.3.8 - Segurança Pública

Quanto as condições de segurança pública na área de influência, conforme dados expostos na


Tabela 77, pode-se ver que há relativo equilíbrio entre o número de homicídios e vítimas de
acidente de trânsito total na área de influência. Ainda assim, é superior o número de homicídios
(270), se comparado ao número de vítimas de acidente de trânsito. Os números elucidam a
conjectura do tempos atuais, nos quais registra-se o crescimento substancial da violência em todo
o país. Deve-se ter ainda em conta o maior acesso a bens de consumo, como por exemplo,
automóveis, especialmente nas grandes capitais do país. Com o crescente aumento da frota de
veículos, o aumento do trafego, as condições de vida no mundo moderno, com intensa pressão,
isto se reflete inclusive no transporte, com alto índice de violência nas vias terrestres.
Os municípios com maior contingente populacional, com maior aglomerado populacional, tendem
a ter os maiores registro de casos de violência na área de influência. Nova Friburgo é de longe o
município com os maiores indicadores de violência, em todos os tipos analisados (vitimas de
acidentes de trânsito, homicídios e suicídios). Cordeiro, Duas Barras e Macuco, municípios de
menor porte, com menor população registraram o menor número de casos de violência. Em
Cordeiro apenas um caso de vítima de acidente de trânsito. Em Duas Barras e Macuco, foram
registrados um caso de vítimas no trânsito e um caso de homicídio. Para maior detalhamento veja
a Tabela 77.
Municípios Vítimas de acidentes de trânsito Homicídios Suicídios
Bom Jardim 7 6 1
Cantagalo 3 4 1
Cordeiro 1
Duas Barras 1 1
Itaocara 11 1 3
Macuco 1 1
Nova Friburgo 30 69 12
Santa Maria Madalena 2 1 1
São Fidélis 6 8 3

214 de 256
Municípios Vítimas de acidentes de trânsito Homicídios Suicídios
São Sebastião do Alto 5 1 2
Trajano de Morais 5 1
Fonte: Ipeadata, 2002.
Tabela 77: Segurança Pública

4.11.2.3.9 - Comunicação Geral e Sistema Elétrico

Nos municípios da área de influência, os serviços de Correios e Telégrafos são oferecidos em


todas as sedes, contando com agências da EBCT. Quanto aos sistema televisivo, os municípios
contam com as imagens da TV Globo, TV Bandeirantes, Rede TV, SBT e TVE, que são captadas
através das estações repetidoras. A área de influência dispõem ainda de serviços telefônicos, a
cargo da companhia de telecomunicação TELEMAR.
Por sua vez, o abastecimento elétrico nos municípios fluminenses é realizado pela Ampla Energia
e Serviços S.A., e também pela Companhia de Eletricidade de Nova Friburgo (CENF) em Nova
Friburgo. Pode-se considerar o atendimento como bom, servindo não só à zona urbana como
também à rural, chegando à quase totalidade da população abastecida. Segundo dados do PNUD
(2000), pode-se considerar que os municípios da área de influência possuem um bom percentual
de pessoas que vivem em domicílios com energia elétrica. Nova Friburgo, município da área de
influência mais estruturado, com economia mais estabilizada, e com presença de alguns parques
industriais, possui os maiores percentuais de domicílios com energia elétrica acima de 99
percentuais. Por sua vez, o município de Trajano de Moraes registrou o menor percentual de
domicílios com energia elétrica (89,39). Cabe elucidar que este é um município basicamente rural
e que apesar da implantação do Programa Federal Luz para Todos, que deu um salto
considerável na qualidade de vida das pessoas, muitas localidades no Brasil continuam sem
energia elétrica.
Quando observado os percentuais de domicílios com energia e TV, o quadro tende a ser pior, com
registro de domicílios com TV inferior ao de domicílios com energia, ou seja, muitos domicílios
possuem energia elétrica, mas não possuem TV. Deve-se elucidar que a TV é atualmente um dos
principais meios de comunicação, que leva não apenas entretenimento, mas principalmente
informação. Com isto, conclui-se que em algumas localidades, da área de influência a população
continua desinformada com relação as noticias a nível estadual, federal e mundial.
O sistema de telecomunicação é ainda um importante elemento que tende a contribuir nesta
conjectura apresentada. Contudo, segundo os dados apresentados na Tabela 78, é ainda menor o
número de pessoas que vivem em domicílios com telefone. Mais uma vez, o município de Nova
Friburgo possui o maior percentual de pessoas que vivem em domicílios com telefone. Ainda
assim, cabe esclarecer que os indicadores desses municípios são considerados baixos, uma vez
que não chega sequer a 50 percentuais. Trajano de Moraes e Santa Maria Madalena registraram
novamente os piores percentuais de pessoas com acesso domiciliar aos meios de comunicação,
não chegando a nove percentuais de pessoas que vivem em domicílios com telefone. Para mais
detalhes ver a Tabela 78.
Percentual de pessoas que vivem Percentual de pessoas que Percentual de pessoas que
Município em domicílios com energia elétrica, vivem em domicílios com vivem em domicílios com
2000 energia elétrica e TV , 2000 telefone, 2000
Bom Jardim (RJ) 96,52 90,63 16,39
Cantagalo (RJ) 95,93 91,04 21,26
Cordeiro (RJ) 98,39 95,79 24,34
Duas Barras (RJ) 97,09 90,34 11,96
Itaocara (RJ) 97,92 93,07 25,61
Macuco (RJ) 97,19 94,68 19,9
Nova Friburgo (RJ) 99,18 96,34 45,25
Santa Maria Madalena (RJ) 90,12 81,03 8,89
São Fidélis (RJ) 95,66 89,12 16,76

215 de 256
Percentual de pessoas que vivem Percentual de pessoas que Percentual de pessoas que
Município em domicílios com energia elétrica, vivem em domicílios com vivem em domicílios com
2000 energia elétrica e TV , 2000 telefone, 2000
São Sebastião do Alto (RJ) 91,02 81,24 12,66
Trajano de Morais (RJ) 89,39 79,98 6,09
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 78: Comunicação Geral e Sistemas Elétricos

4.11.2.3.9.1 - Radiodifusão
Somente uma rádio foi mencionada nos municípios da área de influência, a rádio 94,3 FM. No
entanto, conforme mostra a Tabela 79 abaixo, há um número relativamente representativo de
rádios comunitárias na área de influência. Por outro lado, não foram encontrados dados referente
a presença de rádio comunitária no município de São Sebastião do Alto.
Município Radio Comunitária Autorizadas
Associação Comunitária de Radiodifusão do Município de Bom Jardim
Bom Jardim
Organização Cultural, Ambiental E de Saúde – Ocas
Cantagalo Associação Anuciação
Cordeiro Associação Comunitária Amigos da Vida
Duas Barras Associação Duobarrense de Radiodifusão Comunitária - Duas Barras - RJ
Itaocara Associação Comunitária Monte Sinai - ACMS
Macuco Associação Comunitária Nova Macuco
Rádio Comunidade Friburgo
Nova Friburgo
Associação Geral de Moradores do Loteamento Floresta
Santa Maria Madalena Rádio Comunitária Madalena FM
São Fidélis Associação Fidelense de Radiodifusão Comunitária - Afirc
São Sebastião do Alto -
Trajano de Moraes Rádio Comunitária Antena Jovem Fm
Fonte: Ministério das Comunicações, 02/2011.
Tabela 79: Rádios Comunitárias Autorizadas

4.11.2.3.9.2 - Jornais
Os municípios da área de estudo são servidos ainda pela mídia impressa, através de jornais de
abrangência nacional (O Globo, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, O Dia, Lance, Extra e Jornal
do Comércio) e da circulação de jornais locais. Foi encontrado os seguintes jornais locais em
Nova Friburgo:

• A voz da região;

• A voz da serra;

• Serrano online; e

• Friweb

4.11.2.3.10 - Modos de Vida

Representa-se o modo de vida da população através do mapa 37 – Mapa dos Modos de Vida na
Bacia do Rio Grande.
4.11.2.3.10.1 - MV I – Modos de Vida Tradicional Marcado pela Presença da Agricultura Familiar /
Assentamentos Rurais
Este Modo de Vida é constituído pelos municípios de Itaocara, Cantagalo, São Sebastião do Alto.

216 de 256
Entende-se por cultura “caipira”, segundo Diegues (2001)6: “Os caipiras são, hoje, em grande
parte sitiantes, meeiros e parceiros que sobrevivem precariamente em nichos entre as
monoculturas do Sudeste e Centro-Oeste, em pequenas propriedades em que desenvolvem
atividades agrícolas e de pequena pecuária, cuja produção se dirige para a subsistência familiar e
para o mercado.” Dessa forma, pode-se dizer que a cultura caipira sobrevive isoladamente em
pequenas famílias de sitiantes rurais ou em pequenos grupos em bairros rurais, preservando
tradições que remontam as origens e ao modo de vida nas fazendas e sítios.
Como principais características da MV I têm se:

• Condição de ruralidade em moldes tradicionais;

• Vínculos de dependência da terra.


4.11.2.3.10.2 - MV II – Modos de Vida que Associa Agricultura Familiar + Pluriatividade (vínculos
estreitos e dependentes entre o rural e o urbano)
Este Modo de Vida é constituído pelos municípios de Bom Jardim, Duas Barras, Macuco, Santa
Maria Madalena, Trajano de Moraes e São Fidélis, onde destacam-se as situações que
evidenciam os estreitos laços de complementaridade entre o urbano e o rural nos termos da
organização do trabalho, viabilização de mercados e trocas, rotina de circulação entre ambos os
espaços (moradia no rural/ trabalho na cidade; trabalho no rural/ comercialização na cidade;
moradia no rural/dependência dos serviços da cidade, etc.).
Como principais características da MV II têm se:

• Vínculos de complementaridade e ou dependência;

• Circulação continua e frequente entre os espaços.


4.11.2.3.10.3 - MV III – Modos de Vida Definido pela Convivência da População Local com a
População Flutuante
Corresponde aos municípios que sazonalmente recebem população de “fora”, definindo regras de
convivência com o “estrangeiro”, caracterizando Nova Friburgo, único município desta bacia a
receber esta classificação.
Como principais características da MV III têm se:

• Locais de recepção de circuitos turísticos;

• Municípios integrantes de circuitos turísticos;

• Municípios com percentual significativo de moradias de segunda residência;

• Municípios com mercado imobiliário para locação por temporada;

• Municípios com grande infraestrutura de serviços para o turismo (hospedagem,


alimentação, transporte).

4.11.2.3.11 - Conclusões

Em suma, no que se referem aos principais indicadores sociais, os municípios integrantes da


bacia do rio Grande dispõem das seguintes condições descritas abaixo:
Os serviços de saúde disponíveis para a população que vive na bacia são insuficientes se
considerados os parâmetros consagrados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Nessa
região predomina, por exemplo, a insuficiência de leitos que de acordo com a OMS minimamente
deve seguir a relação de quatro leitos para cada 1.000 habitantes, situação que ocorre apenas
6
Diegues, Antonio Carlos. In Simões L e Lino C.F. (Orgs) - Sustentável Mata Atlântica.

217 de 256
nos municípios Duas Barras, Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto e Trajano de Moraes.
É preciso esclarecer que os melhores indicadores da relação leito/mil habitantes se encontra
especialmente nos municípios de menor porte. Isto se deve a tendência de atração da população
de cidades vizinhas para os grandes municípios, em busca de melhor atendimento e serviços
especializados, por vezes não disponíveis em municípios pequenos.
Os melhores indicadores de renda correspondem aos municípios industriais localizados no Eixo-
Dutra, com destaque a Nova Friburgo;
No que se refere aos indicadores de educação, em termos das taxas de alfabetização e número
de anos de estudo, os municípios em pior situação estão situados nas regiões Norte e Nordeste
Fluminense;
O sistema de saneamento básico – abastecimento de água, disponibilização de rede de esgoto e
de coleta de lixo – encontram-se mais precários em alguns municípios do Norte (São Fidélis) e
Noroeste fluminense. As regiões industrializadas tendem a dispor de mais e melhores serviços.
A estrutura rodoviária para a área de estudo é extensa e possui rodovias de 1ª classe, como a BR-
116 e BR-040 no trecho Rio de Janeiro – Minas Gerais. No entanto, a rodovia RJ-151, que inicia-
se na BR-040, e permite acesso à RJ-137 não possui condições satisfatórias de tráfego,
apresentando trechos não pavimentados.
Em termos de sistema aeroviário, existe apenas o Aeroporto Bartolomeu Lisandro de Campos dos
Goytacazes, apesar de outro campo de pouso ter sido identificado em Trajano de Moraes
desintegrado de rotas comerciais.
No que consiste à Segurança Pública, os municípios com maior contingente populacional tendem
a ter os maiores registro de casos de violência na área de influência. Na área de estudo, o
crescente aumento na frota de veículos implica num maior registro de acidentes de trânsito.
Por fim, a comunicação geral e acesso à ergia elétrica na região estudada é satisfatória, servindo
não só à zona urbana como também à rural, chegando à quase totalidade da população
abastecida. No entanto, vale ressaltar que muitos domicílios possuem energia elétrica, mas não
possuem TV, esta sendo atualmente um dos principais meios de comunicação, que leva não
apenas entretenimento, mas principalmente informação.

4.11.3 - Patrimônio
4.11.3.1 - Lazer, Turismo e Cultura
A região de estudo apresenta variados patrimônios históricos e culturais, entendidos não apenas
como bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas
principalmente como bens valorizados pela sociedade local, que sejam representativos dos
valores culturais de sua população e/ou bens materiais e imateriais valorizados pela mesa.
Quanto às manifestações culturais e atividades de lazer, além das festas populares e/ou
religiosas, campeonatos de futebol e clubes sociais, localizados nas sedes municipais, apresenta-
se, a seguir, uma descrição das principais.

4.11.3.1.1 - Atrativos Naturais

4.11.3.1.1.1 - Bom Jardim


Cachoeira Banquete;
Cachoeira Maravilha: Localizada no rio Grande;
Cachoeira Pedregulho: Localizada no rio São José;

218 de 256
Furnas Mão de Luva: Localizada às margens do rio São José, nas proximidades da confluência
deste com o rio Grande e em terras da Fazenda Saudade;
Morro Bela Vista: 850 metros de altitude;
Parque Municipal Luiz Corrêa da Rocha Sobrinho;
Rio Grande: Com 35 km, atravessa o município de Bom Jardim desde o local denominado Barra
do Bengalas divisa com o município de Nova Friburgo, até a Fazenda Santa Rosa do Rio Grande
nas divisas do município de Cordeiro (margem esquerda) e Trajano de Morais (margem direita).
Não é navegável devido ao grande acúmulo de rochas em seu leito;
Rio São José: Nasce no Município de Nova Friburgo e entra no Município de Bom Jardim
banhando o distrito de São José do Ribeirão. Depois de um percurso, no município, de 25 Km,
deságua no rio Grande pouco adiante das Furnas Mão de Luva.
4.11.3.1.1.2 - Cantagalo
Cachoeira da Fazenda do Sossego: Localizado ao lado do Km-3 de Estrada Mauá-Votorantim,
com quatro metros de altura;
Cachoeira Ronca-Pau: Formada pelas águas do rio Negro, suas águas escuras e frias são
propícias para banhos. Em época de chuvas, as águas se tornam barrentas e não são
recomendadas para banhos. O acesso atual é pela estrada, cuja entrada se torna um mirante
bastante aprazível;
Corredeira Sete Quedas: Trecho encachoeirado do rio Negro. Possui um volume d’água
permitindo esportes como natação, boia-cross e canoagem. Rodeado de vegetação rasteira e, em
alguns pontos, bambuzais. Apoio de pequeno bar, que nos fins de semana serve bebidas e
petiscos. Pequena ponte sobre as corredeiras diante de duas palmeiras imperiais e vista dos
arredores;
Gruta da Pedra Santa: A gruta da Pedra Santa de formação calcária fica localizada num vale
entre montanhas de topos arredondados e altitudes em torno de 300 m. A gruta da Pedra Santa
apresenta uma dissolução de calcário em formas variadas e coloridas; nos diversos salões o chão
e o teto são formados por estalactites e estalagmites. A gruta não possui infraestrutura turística
como iluminação, corrimão, escadas ou passarelas;
Gruta Novo Tempo: Com 140 m comprimento e chama atenção pelas suas peculiaridades,
destacando-se: suas dimensões, a sua beleza interior e exterior, as artes cênicas (figuras)
presentes, a diversidade do seu entorno (rio, matas...) e salões com estalactites estalagmites.
Ecossistema da região razoavelmente preservado sem degradações. Bacias de Travertino, as
figuras se assemelham a lagoas ou represas;
Serra das Águas Quentes: Divisa das águas do rio Negro e do Ribeirão das Areias estendendo-
se até o município de Itaocara, está localizada a leste dos distritos de Euclidelândia e Boa Sorte.
Possui altitudes em torno de 500m e um relevo com curvas pouco mais acentuado que as demais
serras da região. A Serra das Águas Quentes tem extensão aproximada de 30 km, de formação
calcária e composta de vegetação rasteira e de pequeno porte. Circundando a serra pode se
avistar o rio Negro, o Ribeirão das Areias, parte de Euclidelândia, parte de Boa Sorte e o recorte
da Serra do Mar, mais ao fundo. O atrativo se identifica como local para se apreciar a paisagem
da região em torno;
Reserva Ecológica Municipal dos Cambucás: Criada pela Lei 18/89 - 12 outubro de 1989. Sua
localização fica na serra da fazenda Batalha circundada por uma vegetação com flora e fauna
abundante. O local possui 549.000 m² e está situada entre as fazendas da Batalha e Lavrinhas,
onde existe animais nativos de pequeno porte, aves variadas, árvores frondosas e madeiras de lei
ainda resquício da mata atlântica.

219 de 256
4.11.3.1.1.3 - Cordeiro
Cachoeira da Saudade: Junto a antiga Estrada de Ferro Leopoldina, a cachoeira possui uma
queda d'água de aproximadamente 15 metros, com volume alterando-se de acordo com a
incidência das chuvas. Suas águas são claras, transparentes e de temperatura fria. Registra-se a
seguir a formação de uma piscina e uma excelente ducha, naturais, que apresentam ótimas
condições para banhos;
Cachoeira do Ponto Frio: Com queda d’água de aproximadamente cinco metros de altura, com
águas transparentes, e frias e volume que se altera de acordo com a incidência das chuvas.
Destaca-se a formação de uma bela piscina natural logo após a queda d'água, que oferece
excelentes condições para banhos. A cachoeira acha-se em região de vales apresentando os
morros em torno recobertos de gramíneas e bambuzais;
Alto da Pena: Colinas, vales e morros em kms de impressionante beleza. Os passeios
motorizados para apreciação da paisagem não possuem um guia disponível;
Rio Macuco: O rio Macuco nasce em Monart, 2º distrito do município de Duas Barras, passando
por Cordeiro-distrito sede e por Macuco-2º distrito, e juntando-se ao Ribeirão Dourado vai
desaguar no rio Negro. Suas margens apresentam-se cobertas de gramíneas, onde se destaca o
capim-de-angola. Em torno registra-se a presença de capoeirão além de aglomerados de árvores
de médio e grande porte. Possui águas com temperatura amena, transparentes, que refletem a
cor escura das areias do fundo do rio. Em época de chuvas tornam-se barrentas. Não há registros
de praias fluviais e sua maior disponibilidade é para a prática de canoagem em alguns trechos de
seu curso.
4.11.3.1.1.4 - Duas Barras
Dentre os principais atrativos de Duas Barras, destaca-se os casarões e casas dos século XIX,
além dos rios que nascem no próprio município.
4.11.3.1.1.5 - Itaocara
Serra do Cândido: Com aproximadamente 630 metros de altura, a Serra do Cândido é o ponto
mais alto do município de Itaocara, proporcionando avistar grande parte do próprio município, a
Pedra da Bolívia (Santo Antônio de Pádua), a Serra Vermelha, Cantagalo, Santa Maria Madalena,
parte do município de Cambuci e outras localidades;
Rio Paraíba do Sul: Parte do rio Paraíba do Sul passa por todo o município de Itaocara. Contudo,
a cidade só se desenvolveu do lado direito de suas margens e do lado oposto apresenta ainda
uma vegetação abundante composta por muitas árvores, capim e arbustos, além de várias
espécies de aves. O rio possui águas com coloração barrenta e temperatura fria. Em todo o seu
curso, apresenta pequenas ilhas com vegetação rasteira e arbustos e apresenta também
pequenas praias em suas margens.
4.11.3.1.1.6 - Macuco
Cachoeiras, grutas (algumas ainda não exploradas), turismo rural (caminhadas e cavalgadas por
áreas de Mata Atlântica e fazendas históricas), ecoturismo e esportes radicais (rapel em grutas e
cachoeiras, caminhadas e trilhas de ARANHA [carro fabricado em Macuco] ou motocicletas).
4.11.3.1.1.7 - Nova Friburgo
Entre os atrativos turísticos do município, mais conhecidos tem-se: A Queijaria Escola FRIALP,
situada na RJ-130, o Parque de Furnas do Catete, na RJ-116 onde se localiza a Pedra do Cão
Sentado e a Pedra Riscada. O Instituto Politécnico Campus Regional da UERJ (IPRJ) antigo
Ginásio Nova Friburgo da Fundação Getúlio Vargas está localizado no Parque Ambiental Luiz
Simões Lopes, antigo Parque Cascata.

220 de 256
4.11.3.1.1.8 - Santa Maria Madalena
Cachoeira Monte Redondo: Formada pelo córrego Santa Bárbaro, tem um único salto de 12m de
altura, águas de temperatura média, com alguns poços e bancos de areia, que possibilitam o
banho;
Cachoeirão: Com corredeira de aproximadamente 50m. Termina em um lago em formato de S
com uma queda de seis metros de largura por um metro de altura. Suas águas são frias e não
muito claras. No local pode-se fazer piqueniques e até acampar. Sua vegetação é fechada, com
árvores de médio e grande porte.
Escorrega: Formado por uma queda d’água de aproximadamente três metros e logo após duas
pequenas piscinas naturais e dois degraus formados pela erosão das rochas, com um metro de
altura cada um. Após o último degrau tem-se a formação de um escorrega não muito íngreme e
uma pequena piscina com águas tranquilas. Em seguida há um segundo escorrega, com seis
metros de altura e outra piscina com profundidade de dois metros e cinquenta centímetros com
águas frias e pouco escuras. Do escorrega é possível avistar-se a Pedra do Desengano;
Parque Estadual do Desengano: A floresta mais densa do município, num total de 25 hectares,
situada a 12Km do centro da cidade. É uma área de proteção ambiental e preservação
permanente. A maioria das terras pertencentes ao PARQUE ESTADUAL DO DESENGANO,
encontra-se no município de SANTA MARIA MADALENA – 2/3 – o restante nos municípios de
SÃO FIDÉLIS e CAMPOS. A área é utilizada para acampamento, caminhadas e escaladas, muitos
de difícil acesso;
Represa Tudelândia: Formada pela união das águas dos rios Ribeirão Santíssimo e Vermelho,
este atrativo é conhecido como Represa de Cima e Represa de Baixo. Apesar de grandiosidade e
belíssima queda, não é aconselhável o banho devido a sua profundidade. No final desta queda,
encontra-se a ruína da antiga casa de Forças da Usina de Energia Elétrica, utilizada pelo
município no início de sua fundação;
Horto Florestal Joaquim dos Santos Lima: O Horto ocupa uma área de 12,5 hectares, tendo
sido fundado em julho de 1932 por Joaquim dos Santos Lima Junior. Ainda se encontram no horto
espécies e canteiros remanescentes daquele período. Seu portão em estilo neoclássico e os
graciosos prédios da administração são o testemunho do cuidado na instalação do horto em 1932.
4.11.3.1.1.9 - São Fidélis
Cachoeira do Oriente: Com aproximadamente 70 m e altura de dez metros, destacam-se no
atrativo três saltos, intercalados por pequenos patamares em rochas. Com águas claras,
transparentes e mornas, apresenta ótimas possibilidades para banhos em seus escorregas,
duchas e piscinas naturais. São várias piscinas, com a maior delas situada entre dois saltos da
cachoeira, cuja profundidade atinge, em alguns trechos, mais de três metros. Registra-se na área
a presença de uma praia, acima da formação da cachoeira, que também se identifica como
excelente local para banhos;
Cachoeira do Recreio: Com dois saltos principais, um deles com mais de 60 m, possui águas
límpidas, claras e frias. Logo após os saltos, há várias piscinas naturais propícias a banhos,
situadas entre densa vegetação e que estendem por uma extensão de 200 metros;
Cachoeira Pedra d'água: Encontra-se com trechos represados por pequenas muretas de pedra,
que formam três piscinas, além de pequenas barragens. Suas águas são muito claras,
transparentes e mornas. Próximo ao atrativo destaca-se, entre vegetação existente um frondoso
ficus sp. que sombreia parte da área do atrativo;
Rio do Colégio: Com profundidade variável e largura média entre cinco e dez metros, o rio do
Colégio percorre, no município, uma extensão aproximada de 35 Km, ao fundo de um vale
formado entre áreas serranas de altitude. Em diversos trechos, durante a estação da seca,
formam-se pequenas praias, próprias para banho.

221 de 256
4.11.3.1.1.10 - São Sebastião do Alto
Dentre os atrativos naturais da região destaca-se a cachoeira da Fazenda Santa Alda e do
Humaitá. A região conta ainda com o Horto Florestal de São Sebastião, com 25 ha e com a
cachoeira do Poço Fundo.
4.11.3.1.1.11 - Trajano de Moraes
Típica cidade do interior, possui a praça Nilo Peçanha, central da cidade, ponto de encontro da
população moradora. As fazendas históricas da região também se destacam como atrativo
turístico. Além das cachoeiras da região, com destaque a cachoeira Graças a Deus, que possui
altura aproximada de 80m e quatro quedas. Além destas, há também na região as cachoeiras do
Poço Fundo, do Charles, do Canto, do Campo, das Neves, da Roncadeira, da Ponte Nova, entre
outras. A região conta ainda com o Horto Florestal de Trajano de Moraes, que possui 17,1 ha.

4.11.3.1.2 - Atrativos Culturais e Históricos

4.11.3.1.2.1 - Bom Jardim


Igreja Nossa Senhora da Conceição;
Igreja São José Operário: A igreja foi edificada por escravos, em alvenaria de pedra, possuindo
uma torre sineira e em seu frontão triangular, um relógio. Seu altar-mor é em mármore, tendo nas
laterais as imagens de São José e Nossa Senhora da Conceição, em madeira. Nas paredes
laterais estão imagens da Via Sacra em gesso;
Casa da Cultura Mário Machado Nicoliglio: A Casa de Cultura também funciona como sede da
Biblioteca Municipal possuindo 3.500 volumes destes livros didáticos, romances, histórias,
dicionários, jornais e revistas. Possui ainda um auditório com capacidade para 80 pessoas e sala
para cursos semi profissionalizantes.
4.11.3.1.2.2 - Cantagalo
Igreja do Santíssimo Sacramento: A Paróquia do Santíssimo Sacramento foi criado em 1806,
por ato de D. Pedro I. A igreja atual foi construída em 1876 e dedicada ao S. Sacramento, no
reinado de D. Pedro em uma de suas visitas à Cantagalo ele determinou que se fizessem as
imponentes colunas do altar-mor e as três demais obras de entalhe. Construção do final do século
XIX, com nave única e altar-mor. Sua fachada principal é composta no primeiro pavimento de um
vão em arco pleno e porta principal em madeira recuada. No segundo pavimento, porta em verga
em arco pleno e sacada e corpo principal composto de vão em arco pleno encimado por relógio. O
acabamento da torre é composto de telhado em quatro águas encimado por uma cruz. Foi
restaurada em 1951 e 1989;
Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento: A Igreja Matriz foi construída por uma comissão
presidida pelo Barão de Cantagalo - Augusto de Souza Brandão - durante o período de 1867 e
1876. Construção típica do final do século XIX, com nave única e altar-mor. Sua fachada principal
é composta no 1º pavimento de um vão em arco pleno e porta principal em madeira recuada. No
2º pavimento, porta com verga em arco pleno e sacada e o corpo principal composto de vão em
arco pleno encimado por relógio. O acabamento da torre é composto de telhado em quatro águas
encimado por uma cruz. Foi restaurada em 1951;
Museu Casa Euclides da Cunha: Casa Euclides da Cunha, fundada em 03/10/1965, onde abriga
o encéfalo do grande escritor de Os Sertões, desde 10/09/1983 faz parte do arcevo do ilustre
escritor cantagalense todas as suas obras, documentos e pertences;
Memorial Euclides da Cunha: O memorial Euclides da Cunha, está localizado na Fazenda da
Saudade em Euclidelândia 3º Distrito de Cantagalo, onde o grande escritor de Os Sertões,
nasceu. Em 1996 foi inaugurado em sua homenagem no local do seu nascimento, o memorial. O
local é de propriedade da fábrica de cimento Mauá, CONCREBRÁS S/A. Grupo Lafarge.

222 de 256
4.11.3.1.2.3 - Cordeiro
Adro da Igreja de Nossa Senhora da Piedade: Parque construído em torno da Igreja, com
árvores esculpidas como animais, coreto, local de lazer.
4.11.3.1.2.4 - Duas Barras
Não foi encontrado informações junto a Prefeitura sobre a existência de possíveis potenciais
turísticos histórico e/ou cultural na cidade.
4.11.3.1.2.5 - Itaocara
Monumento à Geografia: Situado no centro da Praça da Geografia, circundado por árvores de
médio porte e chafariz. A praça por sua vez situa-se no Parque Carlos Faria Souto que possui
uma piscina pública. O monumento foi inaugurado em 1945 e é constituído de um globo terrestre
de um metro de diâmetro que está coberto por uma semi-calota de cimento armado que hoje
encontra-se coberta por trepadeira. O globo é originário do Colégio Anglo-Americano, da cidade
do Rio de Janeiro, e foi doado a Itaocara pela Faculdade de Ciências Econômicas da UFRJ;
Ponte Ary Parreiras: A ponte liga os municípios de Santo Antônio de Pádua da localidade de
Aperibé até o centro da sede, a Ponte Ary Parreiras atravessa o rio Paraíba do Sul, tendo ao
fundo a Pedra da Bolívia, que deu nome ao município. Fazem parte de seu entorno, a Igreja
Matriz de São José de Leonissa e o Parque Carlos Faria Souto. A ponte mede aproximadamente
1.000 m de extensão e 600 m de altura. Não foi possível obter informações sobre a sua data de
construção, entretanto, recentemente a ponte foi restaurada e reforçada para suportar melhor o
volume de automóveis com cargas pesadas que a atravessam diariamente.
4.11.3.1.2.6 - Macuco
Não foi encontrado informações junto a Prefeitura sobre a existência de possíveis potenciais
turísticos histórico e/ou cultural na cidade.
4.11.3.1.2.7 - Nova Friburgo
Praça Getúlio Vargas, a Praça Marcílio Dias, que é a porta de entrada da cidade. É considerada o
marco inicial da colonização, pois ali ficaram acampados os primeiros alemães, vindos da Europa.
Dá nome ao bairro boêmio do Paissandú, o qual é um ponto comercial dotado de um
entroncamento rodoviário que conduz à cidade do Rio de Janeiro e aos populosos bairros de
Olaria e Cônego. Há ainda a Praça do Suspiro: recanto onde se encontram o maior teleférico de
cadeiras do país, a Igreja de Santo Antônio, o Largo da Poesia, a Fonte dos Suspiros, o Tiro de
Guerra e o Corredor Cultural, construído em homenagem às dez colônias que formaram a
população da cidade.
Além destas há o Pavilhão das Artes no bairro do Cônego, os prédios construídos no estilo e
arquitetura alpina como o Hotel Bucksy, o Hotel Garlipp, o MuryShopping, o Restaurante Bräun &
Bräun, além do cemitério Luterano onde pode-se encontrar a sepultura de um friburguense que
morreu em um duelo pela disputa de uma bela senhora; a Catedral São João Batista, na praça
Dermeval Barboza Moreira, no Centro da Cidade. Nova Friburgo é considerada a "Capital nacional
da Lingerie", pois abriga fábricas dos mais variados portes. As peças podem ser encontradas em
diversas lojas e shoppings espalhados pela cidade. No entanto, o turismo em busca de compras
fica mais concentrado no bairro de Olaria e na Ponte da Saudade.
4.11.3.1.2.8 - Santa Maria Madalena
Praça Frouthé: Praça onde fica localizada a Igreja Matriz de Santa Maria Madalena, o obelisco
em comemoração ao Centenário do Município, o Busto do Coronel Tude Teixeira Portugal e o
Busto do Coronel Armando Farjado (1º presidente do Lions Club do Brasil). Possui parque infantil
arborizado, quadra poliesportiva, área de lazer, feira de artesanato, quiosque-lanchonete, área,
em areia, para eventos ao ar livre.

223 de 256
Museu Dercy Gonçalves: O museu foi reinaugurado em 07 de setembro de 1996, em sua
residência na Estrada do Bizzo. É uma construção moderna, feita em madeira pré-moldada com
ampla varanda envidraçada. O seu acervo conta com objetos pertencentes à atriz e ao teatro. O
museu retrata toda a vida da atriz em Madalena, quando menina. A mãe preta por quem foi criada,
a pobreza e simplicidade de onde vivia. Depois mostra a locomotiva em que fugiu, os troféus que
foi ganhando, centenas de entrevistas e histórias sobre a atriz. O Museu guarda ainda objetos
pessoas da atriz;
Mausoléu Dercy Gonçalves: O Mausoléu está localizado na entrada do Cemitério Municipal. Foi
projetado por Roberto Candineli e construído em 1991. Em forma de pirâmide, com três metros de
altura, todo em cristal e mármore, ocupando uma área de 120m² de construção, ao seu redor um
verde gramado e buganvília ornamentam o mausoléu, que é protegido por grades de ferro.
4.11.3.1.2.9 - São Fidélis
Igreja de São Sebastião: A Igreja, datada do século XIX, foi construída no alto de um outeiro,
circundado de flamboyants, localizado na margem esquerda do rio Paraíba do Sul. O adro da
Igreja é pavimentado, em blocos de concreto sextavado e, em torno dele e da rampa de acesso,
estão os cruzeiros de madeira, pintados de branco. No interior, merece destaque como
manifestação artística incorporada, a imagem de São Sebastião, em madeira policromada, do
século XIX;
Igreja Matriz de São Fidélis de Sigmaringa: Localizada defronte ao rio Paraíba do Sul. Sua
construção iniciou-se em 1799 e foi concluída em 1809. Em 1841, foi dado início às primeiras
obras de restauração da Igreja, quando foram consolidadas as colunas, abaladas pelas águas do
rio na enchente de 1833; e demolidos o sobrado, que estava por ser concluído e destinado a
moradia dos padres, e o cemitério nos fundos da Igreja. Em 1980, o templo sofreu outra reforma
inteira que, infelizmente, descaracterizou seu interior. Destaca-se no atrativo a cúpula da igreja,
com 15 metros de diâmetro, sustentada por sólidas colunas semelhantes a da Basílica de São
Pedro. Também merece destaque, como manifestações artísticas incorporadas, as quatro telas
pintadas pelos capuchinhos - Vitório de Cambiasca e Angelo Maria de Lucas - e algumas
imagens, como as de: São Fidélis, Santa Clara, São Francisco de Assis, Nossa Senhora das
Dores e Nossa Senhora da Glória.
4.11.3.1.2.10 - São Sebastião do Alto
Capela de Santa Irene: A capela está localizada em uma elevação, onde, do lado esquerdo,
pode-se avistar um vale profundo com a presença de vegetação exuberante e uma magnífica vista
da pedra de Santa Irene, local provável do aparecimento da Santa. Foi construída no ano de
1963. Sofreu algumas reformas, sendo a última em 1987. Conserva ainda suas linhas originais;
Igreja de São Sebastião: O livro de registro mais antigo da igreja data de 24 de agosto de 1855 e
era exclusivo das pessoas livres. O dos escravos data de 1857, o que se presume que a
construção da Igreja data do século XIX. A Igreja possui linhas simples, quase sem ornamentos;
Mosteiro da Ressurreição: O Mosteiro é da Ordem de São Bento e apesar de sua localização
ser na zona rural dista apenas 200 metros do centro de São Sebastião do Alto. É na entrada da
serra, com vista panorâmica belíssima. O mosteiro oferece hospedagem - extremamente simples,
como as irmãs gostam de ressaltar - para pessoas ou grupos que queiram fazer retiro.
4.11.3.1.2.11 - Trajano de Moraes
Capela Nosso Senhor dos Passos: A construção data da 1ª metade do século XIX. A capela é
pequena, simples e se encontra em precário estado de conservação. A construção é de pau-a-
pique, com a base em pedra e madeira. No interior, houve descaracterização, restando apenas o
teto em madeira, pia de água benta em mármore carara rosa, pequeno lustre em pingentes de
cristal e o altar de madeira com diversas imagens, destacando-se três: Nosso Senhor dos Passos,
Santo Antônio e Nossa Senhora de Paula, de madeira folheada a ouro;

224 de 256
Igreja São Francisco de Paula: Sua construção data da primeira metade do século XIX. A
primeira missa ocorreu em 09/02/1848. A igreja é de porte pequeno, com características
medievais e góticas. O altar-mor de madeira, em arco, possui pinturas, sendo que a mais
conservada lembra antigos azulejos portugueses. Apresenta ainda colunas em estilo grego, com
alto relevo em gesso. No alto, trabalho em ferro, ladeado a inscrição charitas. Possui diversas
imagens, sendo que duas em madeira: a de São Francisco de Paula e Nossa Senhora das Dores.
Nas laterais do altar, duas portas que dão acesso à sacristia. Em toda a Igreja há 12 óculos e 2
vitrais em ogiva com caixilhos de vidro.

4.11.3.2 - Patrimônio Cultural e Arqueológico


Neste item são apresentados os patrimônios histórico e cultural do município da área de
influência, quando existentes. O presente estudo será ainda acrescido da legislação vigente sobre
tais patrimônios. A atenção dada à legislação, neste item do estudo, se explica por se considerar
de grande valia para o entendimento das leis que regulamentam tais patrimônios a fim de
preservar os mesmo.
Através da Constituição Federal de 1988 teve-se a definição, no artigo 216, sobre o conceito e
especificações do termo patrimônio cultural brasileiro, que articula o seguinte:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I. as formas de expressão;
II. os modos de criar, fazer e viver;
III. as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV. as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico culturais;
V. os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
Em suma, referem-se às práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes,
ofícios e modos de fazer, assim como em celebrações. Manifestam-se ainda através de formas de
expressão, sejam estas cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas. Consideram-se ainda espaços,
tais como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas. Desta forma,
neste item do relatório serão apresentados separadamente os patrimônios material e imaterial
catarinense, com ênfase, quando existentes, aos patrimônios do município abrangido neste
estudo na área de influência.

4.11.3.2.1 - Patrimônio Material

Segundo consta na Lei nº. 5.846, que dispõem sobre a proteção do Patrimônio Cultural Material,
do estado e das outras providencias, o Capitulo I elucida, no artigo 1º, que Integram o patrimônio
cultural do estado, os bens móveis e imóveis que, pelo interesse público em sua conservação,
venham a ser tombados pelo órgão competente, devido a seu valor histórico ou artístico, como
consta no Art. 2º:
“Consideram-se de valor histórico ou artístico, para os fins desta Lei, as obras intelectuais no domínio da
arte e os documentos e coisas que estejam vinculados a fatos memoráveis da História ou que
apresentem excepcional valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico, artístico ou religioso, bem como
monumentos naturais, sítios e paisagens que importe conservar e proteger, pela feição notável com que
tenham sido dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana”.

Na busca por uma identidade o homem recorre, inicialmente, ao patrimônio material, a elementos
tangíveis, compostos por bens edificados e por objetos que tiveram significado na formação de

225 de 256
nossa identidade cultural. Estes possuem características do desenvolvimento das habilidades
humana ao longo da história, como por exemplo, através do incremento de técnicas utilizadas na
arquitetura.
O Capítulo II, de mesma lei referida anteriormente, elucida, no Art. 5º que a inscrição dos bens
possui órgãos competentes/diferenciados para cada especificidade de bem, dividida desta forma
em cinco Livros do Tombo:
I. Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Ecológico onde serão inscritas as coisas
pertencentes as categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular e,
também, os monumentos naturais dotados de valor ecológico;(*)
II. Livro do Tombo Histórico, onde serão inscritas as coisas de interesse histórico e as obras
de arte históricas;
III. Livro do Tombo das Belas Artes, onde serão inscritas as coisas da arte erudita, nacional ou
estrangeira;
IV. Livro do Tombo das Artes Aplicadas, onde serão inscritas as obras que se incluem na
categoria, sejam nacionais ou estrangeiras;
V. Livro do Tombo das Artes Populares, onde serão tombados os bens relacionados com
manifestações folclóricas características de épocas e regiões do estado.
Entende-se por tombamento,
“Palavra antiga que se referia aos documentos importantes que eram guardados e conservados na Torre
do Tombo, em Portugal, "tombamento" atualmente significa um ato administrativo realizado pelo Poder
Público com o objetivo de preservar, por intermédio da aplicação de legislação específica, bens de valor
histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que
venham a ser destruídos ou descaracterizados, culminando com o registro em livros especiais
denominados Livros de Tombo”.

Sobre a conservação de tais patrimônios o Art. 14 corrobora que “as coisas tombadas não
poderão, em caso nenhum, ser destruídas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização
do órgão competente, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de 50%
(cinquenta por cento) sobre o dano causado”. Já o Art. 15 ratifica que caso o proprietário do bem
tombado não possua recursos para realizar obras de conservação e reparação, deverá o mesmo
comunicar à FCC, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância do dano, em caso
de dano ao bem patrimonial.
Ainda sobre a conservação do patrimônio é importante ressaltar o Artigo 16, que pontua diretrizes
adicionais a serem seguidas, e que possui valor central para o presente estudo de viabilidade da
construção de um aproveitamento hidrelétrico. O artigo corrobora o seguinte:
“Sem a prévia autorização do órgão responsável pelo tombamento não se poderá na vizinhança da coisa
tombada, fazer construção que impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes,
sob pena de ser mandado demolir a obra ou retirar o objeto estranho”.

Segundo dados do IPHAN, no que se refere a bens materiais há no Rio de Janeiro 14 conjuntos
urbanos, 62 edificações, 13 equipamentos urbanos, seis jardins históricos e parques, 12
paisagens naturais, dez bens integrados e quatro coleções e acervos. Na área de influência do
presente estudo, foi encontrado o registro de três em Nova Friburgo. Conforme informação do
Patrimônio Material Tombado, pelo IPHAN

• Nova Friburgo
Bem / Inscrição Casa e Parque da Cidade - Jardim Parque São Clemente
Nº Processo 0444-T-51

226 de 256
Livro Belas Artes Nº inscr.: 440 ; Vol. 1 ; F. 082 ; Data: 28/11/1957
Bem / Inscrição Conjunto arquitetônico e paisagístico da Praça Getúlio Vargas
Nome atribuído Praça Getúlio Vargas: conjunto arquitetônico e paisagístico
Liv. Arq./Etn./Psg. Nº inscr.: 050 ; Vol. 1 ; F. 12 ; Data: 04/07/1972
Bem / Inscrição Prédio do Hotel do Parque São Clemente
Nº Processo 1109-T-84
Livro Belas Artes Nº inscr.: 570 ; Vol. 2 ; F. 009 ; Data: 30/09/1985
Foi feito ainda um levantamento junto ao Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC).
Segundo dados deste, há bens culturais registrado em Bom Jardim, Cantagalo, Duas Barras,
Nova Friburgo, São Fidélis, Santa Maria Madalena e Trajano Moraes, conforme mostra a Tabela
80.
Município Bens Culturais Ano
Bom Jardim Serra do Mar/Mata Atlântica 1991
Cantagalo Coreto da Praça João XXIII, incluindo o pequeno Largo que o cerca 1985
Duas Barras Coreto da Praça João XXIII, incluindo o pequeno Largo que o cerca 1986
Colégio Anchieta, na Rua General Osório, º 181 1978
Nova Friburgo
Coreto da Praça João XXIII, incluindo o pequeno Largo que o cerca 1985
Coreto da Praça João XXIII, incluindo o pequeno Largo que o cerca 1985
Igreja Matriz de São Fidélis de Sigmaringa, na praça Guilherme Tito; 2002
São Fidélis
Solar do Barão de Vila Flor, na praça Guilherme Tito; 2002
Ponte Metálica sobre o Rio Paraíba do Sul, na Rua Theófilo Machado. 2002
Santa Maria Madalena Coreto da Praça João XXIII, incluindo o pequeno Largo que o cerca 1985
Trajano de Moraes Coreto da Praça João XXIII, incluindo o pequeno Largo que o cerca 1985
Fonte: Inepac, 2009.
Tabela 80: Bens Culturais

Segue abaixo a ilustração de alguns dos bens culturais registrados.

Figura 167: Coreto da Praça João XXIII – Cantagalo. Figura 168: Ponte Metálica sobre o rio Paraíba do
Sul – São Fidélis.

227 de 256
Figura 169: Igreja Matriz de São Fidélis de
Sigmaringa – São Fidélis.

4.11.3.2.2 - Patrimônio Imaterial

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) contextualiza a definição de


patrimônio imaterial em consonância com a Convenção da Unesco a fim de salvaguarda o
Patrimônio Cultural Imaterial, ratificada pelo Brasil em março de 2006. Nesta se definiu como
patrimônio imaterial
"as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos,
artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns
casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural".

O Patrimônio Imaterial é comumente enraizado no cotidiano das comunidades, vinculado ao seu


território e às suas condições materiais de existência. É transmitido de geração em geração e
constantemente recriado e apropriado por indivíduos e grupos sociais como extraordinários
elementos de sua identidade.
Sobre a legislação competente, com o intuito de salvaguardar os bens imateriais, foi instituído pelo
Decreto 3551/00 o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial. Este é um instrumento legal
de preservação, reconhecimento e valorização do patrimônio cultural imaterial brasileiro,
composto pelos bens que contribuíram para a formação da sociedade brasileira. Consiste na
produção de conhecimento sobre o bem cultural imaterial em todos os seus aspectos
culturalmente relevantes.
Sobre o registro de bens imateriais, foi feita uma busca por esses registros junto ao IPHAN. No
entanto, segundo este órgão, não há nenhum patrimônio imaterial registrado nos municípios da
área de influência. Ainda assim, cabe destacar os bens imateriais registrados no Estado do Rio de
Janeiro. Segue abaixo o descritivo dos bens registrados.

228 de 256
4.11.3.2.2.1 - O Jongo do Sudeste
Inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão, em 15/12/2005, o Jongo é uma forma de
expressão afro-brasileira que integra percussão de tambores, dança coletiva e práticas de magia.
É comumente praticado nos quintais das periferias urbanas e em algumas comunidades rurais do
sudeste brasileiro.
Conforme informado pelo IPHAN, é comum sua realização nas festas de santos católicos e
divindades afro-brasileiras, nas festas juninas, nas festas do Divino, no 13 de maio da abolição da
escravatura. É uma forma de louvação aos antepassados, consolidação de tradições e afirmação
de identidades. Tem suas raízes nos saberes, ritos e crenças dos povos africanos, principalmente
os de língua bantu. São sugestivos dessas origens o profundo respeito aos ancestrais, a
valorização dos enigmas cantados e o elemento coreográfico da umbigada.
No Brasil, o jongo consolidou-se entre os escravos que trabalhavam nas lavouras de café e cana-
de-açúcar, no sudeste brasileiro, principalmente no vale do rio Paraíba. Trata-se de uma forma de
comunicação desenvolvida no contexto da escravidão e que serviu também como estratégia de
sobrevivência e de circulação de informações codificadas sobre fatos acontecidos entre os antigos
escravos por meio de pontos que os capatazes e senhores não conseguiam compreender. O
Jongo sempre esteve, assim, em uma dimensão marginal onde os negros falam de si, de sua
comunidade, através da crônica e da linguagem cifrada. É também conhecido pelos nomes de
tambu, batuque, tambor e caxambu, dependendo da comunidade que o pratica.
4.11.3.2.2.2 - Matrizes do Samba no Rio de Janeiro: Partido Alto, Samba de Terreiro e Samba-
Enredo
Tombado em 2005, tem-se que em inícios do século XX, a partir de influências rítmicas, poéticas e
musicais do jongo, do samba de roda baiano, do maxixe e da marcha carnavalesca,
consolidaram-se três novas formas de samba: o partido alto, vinculado ao cotidiano e a uma
criação coletiva baseada em improvisos; o samba-enredo, de ritmo inventado nas rodas do bairro
do Estácio de Sá e apropriado pelas nascentes escolas de samba para animar os seus desfiles de
Carnaval; e o samba de terreiro, vinculado à quadra da escola, ao quintal do subúrbio, à roda de
samba do botequim. Essas matrizes referenciais do samba no Rio de Janeiro distinguem-se de
outros subgêneros de samba criados posteriormente e guardam relação direta com os padrões de
sociabilidade de onde emergem. Há autoria individual, porém a performance é necessariamente
coletiva e se funda em comunidades situadas em áreas populares da cidade do Rio de Janeiro. O
improviso é outro aspecto importante dessa dimensão coletiva e ainda se encontra bastante
enraizado na prática amadora ou comunitária dessas formas de expressão – está vivo e presente
nos quintais dos subúrbios, nas rodas de samba e terreiros dos morros e bairros populares da
cidade.
O samba de partido alto, o samba de terreiro e o samba-enredo são expressões cultivadas há
mais de 90 anos por essas comunidades. Não são simplesmente gêneros musicais, mas formas
de expressão, modos de socialização e referenciais de pertencimento. São também referências
culturais relevantes no panorama da música produzida no Brasil. Constituído a partir dessas
matrizes, em suas muitas variantes, o samba carioca é uma expressão da riqueza cultural do país
e em especial de seu legado africano, constituindo-se em um símbolo de brasilidade em todo o
mundo.
Além destes, há os seguinte inventários de bens imateriais em andamento junto ao IPHAN do Rio
de Janeiro: a Festa do Divino em Paraty – Escritório Técnico II: Paraty, a Comunidade Mbyá-
Guarani, a Região do SAARA (Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega), a
Feira de São Cristóvão, e Mbyá-Guarani.

4.12 - AÇÕES DE PLANEJAMENTO REGIONAL E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS

Foi realizada uma ampla pesquisa sobre as estrutura normativa sobre o setor elétrico e sobre as
questões ambientais existentes na jurisprudência brasileira. Pelo documento em questão se tratar

229 de 256
de um desdobramento da Avaliação Ambiental Integrada do rio Paraíba do Sul, a análise teve por
base apresentar os documentos referenciais básicos para melhor compreensão da natureza e dos
objetivos dessa AAI, bem como os aspectos jurídicos associados aos aspectos ambientais
estudados.

4.12.1 - Estudos de Gestão dos Recursos Hídricos


Ao longo das últimas décadas, em especial a partir dos anos 90 e mesmo antes da constituição do
Comitê da Bacia do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP e da Promulgação da Lei Federal nº. 9.344/97,
que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, diversos estudos foram desenvolvidos para a bacia do rio
Paraíba do Sul objetivando a melhoria da qualidade e a conservação de suas águas.
Vale ressaltar que os Estudos de Gestão dos Recursos Hídricos poderão ser aplicados na bacia
do rio Grande e respectivo Comitê da sub-bacia dos rios Rio Grande/Dois Rios, criado pelo pelo
Decreto Estadual Nº 41.472, de 11 de setembro de 2008, fazendo parte do sistema de gestão do
Estado do Rio de Janeiro.
Dentre esses estudos podem ser relacionados:

4.12.1.1 - Fortalecimento Institucional – Fase III / Sistema de Gestão da Bacia do Rio


Paraíba do Sul (07/2000)
Esse estudo apresenta a complementação de algumas ações propostas no Projeto Preparatório
para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul. No contexto desse
estudo foram emitidos relatórios que abordam qualidade de água, enchentes, estudos
demográficos, sistema de informações, outorga e cobrança.

4.12.1.2 - Programa Estadual de Investimentos da Bacia do Rio Paraíba do Sul – RJ (PQA


– RJ)
A elaboração deste programa decorreu do convênio, celebrado em 30/05/1996, entre o Ministério
de Planejamento e Orçamento (MPO) e o Governo do Estado do Rio de Janeiro, tendo como
objetivo maior a elaboração do Programa de Investimentos desse estado, voltado para o
saneamento ambiental e o controle da poluição hídrica do rio Paraíba do Sul.
Além do aspecto econômico, o estudo trata da caracterização geral da bacia do rio Paraíba do
Sul, contemplando aspectos como qualidade de água e enchentes.

4.12.1.3 - Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba


do Sul
Esse trabalho teve por objetivo elaborar o “Projeto Inicial” mediante o qual se produziria um “efeito
demonstração” que motivasse todos os agentes intervenientes na bacia para o enfrentamento dos
problemas relacionados ao gerenciamento e recuperação dos recursos hídricos e, por
conseguinte, fortalecesse e consolidasse o CEIVAP.
Consta nesse trabalho a descrição do contexto atual da gestão dos recursos hídricos na bacia do
Paraíba do Sul.

4.12.1.4 - Estudo para Consolidar a Implementação da Gestão dos Recursos Hídricos da


Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul - Caderno de Ações: Área de Atuação do BNG-2
Os estudos resultaram do contrato celebrado em 01/10/2001 entre a ANA e a Fundação
Coordenação Projetos, Pesquisa e Estudos Tecnológicos (COPPETEC) tendo por objetivo o
desenvolvimento de estudos e projetos para consolidar a implementação da gestão dos recursos
hídricos da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul.

230 de 256
Nesse trabalho constam os estudos mais atualizados da bacia do rio Paraíba do Sul. Foram
emitidos 43 relatórios (PGRHs) que tratam de aspectos relevantes na gestão de recursos hídricos.
No que consiste à área de atuação englobando o rio Grande, foram definidos programas
referentes às ações de melhoria quali-quantitativa, orçados em cerca de R$ 268 milhões (referidos
a outubro de 2006), a saber:

• A: Redução de cargas poluidoras

• B: Aproveitamento e racionalização de uso dos recursos hídricos

• C: Drenagem urbana e controle de cheias

• D: Planejamento de recursos hídricos

• E: Projetos para ampliação da base de dados e informações

• F: Plano de proteção de mananciais e sustentabilidade no uso do solo

• G Ferramentas de construção da gestão participativa

4.12.2 - Estudos de Inventário Hidrelétrico


Revisão do Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – Fundação
COPPETEC – ANEEL
Para elaboração desse inventário, a bacia do Paraíba do Sul foi dividida em 16 segmentos,
listados a seguir, para os quais foram produzidos relatórios específicos. Para o Rio Grande, a
referência é o PRB-14 – Sub-bacia do rio Grande/Dois Rios;

4.12.3 - Estudos Acadêmicos


O entendimento de Estudos Acadêmicos publicados na época da Avaliação Ambiental Integrada
do rio Paraíba do Sul, permitiu um entendimento ampliado de diversos Programas e Planejamento
dos três estados brasileiros, a saber São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Sendo assim,
apresenta-se a seguir alguns estudos que poderão servir como base para futuros projetos na
bacia do rio Grande, tanto no setor de Planejamento governamental como efetivação empresarial.

4.12.3.1 - Proposta de uma Metodologia de Cobrança pelo Uso da Água Aplicável ao


Setor Hidrelétrico – Bruno Moczydlower (Março/2006)
Esta dissertação discute como a cobrança pelo uso da água deveria ser aplicada ao setor
hidrelétrico. Para tal, além de mencionar os inconvenientes da atual forma de se cobrar este setor
usuário, destaca uma série de conceitos da moderna gestão de recursos hídricos que devem
servir de base à cobrança de qualquer usuário, inclusive as UHEs.
A bacia do rio Paraíba do Sul foi escolhida para o estudo de caso por ser a que mais avançou em
termos de implementação de gestão de recursos hídricos no país, segundo os princípios da Lei no
9.433/97. Nela já existe um comitê de bacia ativo desde 1996 (CEIVAP), uma agência de bacia
instituída (AGEVAP) e a cobrança pelo uso da água está em vigor desde março/2003. Foram
escolhidas cinco UHEs da bacia, para as quais foram simuladas as cobranças que seriam geradas
pela metodologia proposta de acordo com dois cenários distintos de arranjos institucionais.

4.12.3.2 - Cobrança pelo Uso da Água nas Transposições da Bacia do Rio Paraíba do Sul
Envolvendo o Setor Elétrico – Jander Duarte Campos (Novembro/2001)
Esta tese discute a cobrança pelo uso da água nas transposições de bacias hidrográficas
utilizadas pelo setor elétrico, no âmbito da Política Nacional de Recursos Hídricos, ressaltando os
pontos polêmicos e contraditórios da legislação, sugerindo critérios para as autoridades que
arbitram os conflitos pelo uso da água e propondo uma metodologia de partição das vazões

231 de 256
outorgadas para os usuários baseada nos fundamentos dessa política, entre os quais se
destacam a gestão participativa e os usos múltiplos das águas. As proposições apresentadas
visam a dar legitimidade à implementação da política de recursos hídricos nas bacias
hidrográficas brasileiras e, em particular, na do rio Paraíba do Sul.

4.12.3.3 - O Impacto da Cobrança pelo Uso da Água no Comportamento do Usuário –


Marilene de Oliveira Ramos (Abril/2002)
A lei federal de Recursos Hídricos – Lei no 9.433/1997 – introduziu a cobrança pelo uso da água
no Brasil como um instrumento de gestão e como um instrumento econômico a ser aplicado tanto
para os usos quantitativos, quanto para os usos qualitativos. Neste trabalho é analisada a
capacidade do instrumento da cobrança de atuar como instrumento econômico, modificando o
comportamento do usuário, e de conferir sustentabilidade financeira aos sistemas de gestão de
recursos hídricos. Para isso são analisadas as experiências de quatro países europeus: França,
Alemanha, Holanda e Inglaterra/País de Gales.
Dentro das diretrizes gerais traçadas a partir destas análises, discute-se o que seria recomendável
considerar na implantação da cobrança pelo uso da água no âmbito do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, a adequação de duas propostas de cobrança existentes no
país: bacia do Paraíba do Sul e estado de São Paulo e da experiência de implantação da
cobrança no estado do Ceará.

4.12.3.4 - Proposta de uma Metodologia de Cobrança pelo Uso da Água Vinculada à


Escassez – Patrick Thadeu Thomas (Agosto/2002)
O objetivo central deste trabalho é propor uma nova metodologia de cobrança, que seja capaz de
considerar, de forma precisa e abrangente, o impacto de um determinado usuário sobre os demais
usuários da bacia hidrográfica.
Para quantificar esse impacto, é proposto um novo conceito denominado “escassez de outorga”,
calculado com auxílio de um sistema de análise de outorgas que determina, para qualquer trecho
da bacia, a vazão disponível para outorga.

4.12.3.5 - Demanda por Água e Custo de Controle da Poluição Hídrica nas Indústrias da
Bacia do Rio Paraíba do Sul (Abril/2005) – J. Feres, A. Thomas, A. Reynaud e R. S. da
Mota – IPEA-Texto para discussão
Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados da “Pesquisa sobre Utilização de Água
pelos Estabelecimentos Industriais na Bacia do Paraíba do Sul”. Esta pesquisa levantou
informações sobre 488 plantas industriais instaladas na bacia em questão e teve um duplo
objetivo: a) fornecer uma caracterização geral do papel da água nos estabelecimentos industriais;
e b) avaliar os impactos financeiros e ambientais decorrentes da introdução da cobrança pelo uso
da água na bacia, através da análise do comportamento da demanda de água dos usuários
industriais e da estimação dos custos de controle de poluição.
Os resultados do modelo de demanda sugerem que a cobrança pelo uso da água na bacia do Rio
Paraíba do Sul pode alcançar resultados satisfatórios em termos de economia de água e, ao
mesmo tempo, não acarretar aumento de custo expressivo para os usuários industriais. Por outro
lado, as estimativas do custo marginal de tratamento de efluentes mostram-se bem superiores ao
atual valor da cobrança por diluição de efluentes na bacia. Isso indica que a cobrança, pelo menos
nesse período inicial de sua implementação, não será um mecanismo eficaz de incentivo à
adoção de medidas de controle de poluição hídrica na bacia.

232 de 256
4.12.3.6 - O Impacto da Cobrança pelo Uso da Água na Lucratividade e no Custo dos
Principais Setores Usuários – Industrial, Agropecuário e Hidrelétrico – Lídia do Carmo
Sequeira da Mota (Agosto/2004)
A cobrança pelo uso da água é o instrumento com maior repercussão na sociedade, pois não faz
parte da cultura brasileira dar valor econômico à água. Há também a desconfiança natural de que
a cobrança possa vir a ser apenas mais um imposto que entrará nos cofres públicos sem destino
certo. Para que não haja resistências irracionais à cobrança, é necessário quantificar se ela
onerará o consumidor final de forma significativa.
No intuito de apoiar decisões dos comitês de bacias e/ou órgãos gestores quanto à cobrança pelo
uso da água, analisa-se neste trabalho o impacto econômico desta sobre a lucratividade e sobre
os custos dos principais setores usuários: industrial, agropecuário e hidrelétrico. A partir das
informações sobre uso da água e produção associada, obtidos através do cadastro dos usuários
situados na bacia do Paraíba do Sul, constituiu-se uma amostra de usuários/produtos considerada
representativa para os três setores. Para esta amostra aplicou-se tanto a metodologia de
cobrança aprovada para a própria bacia do rio Paraíba do Sul, como as propostas de metodologia
e valores em discussão para os estados de São Paulo e Paraná. Desta forma, pode-se comparar
o impacto relativo dos diferentes níveis/metodologias de cobrança sobre a lucratividade dos
produtos/setores selecionados.

4.12.3.7 - Avaliação do Impacto da Cobrança pelo Uso da Água em Alguns Setores


Industriais da Bacia do Rio Paraíba do Sul (Novembro/2003) – E. V. Pedras, P. C.
Magalhães e J. P. S. Azevedo
Considerando que o uso industrial da água, quer como insumo do processo produtivo quer como
meio de diluição de efluentes, é hoje, na bacia do Paraíba do Sul, passível de cobrança, é
indiscutível seu reflexo nos custos de produção das indústrias instaladas na bacia.
Este artigo apresenta os estudos e avaliações preliminares efetuados sobre o impacto da fase
inicial da cobrança pelo uso da água na bacia do rio Paraíba do Sul sobre alguns setores
industriais mais sensíveis àquela cobrança.
Pretende-se que os resultados alcançados possam subsidiar o comitê gestor da bacia, no caso o
Comitê para a Integração da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul (CEIVAP), no aprimoramento
dos critérios e bases da cobrança e, consequentemente, possibilitar uma melhor gestão da
cobrança pelo uso da água.

4.12.3.8 - Desafios do Gerenciamento dos Recursos Hídricos nas Transferências Naturais


e Artificiais Envolvendo Mudança de Domínio Hídrico – Jander Duarte Campos
(Julho/2005)
Nesta tese, pretende-se discutir alguns desafios na implementação do gerenciamento de recursos
hídricos em nível de bacia hidrográfica no Brasil, sobretudo aqueles decorrentes da Constituição
Federal de 1988 quanto à dominialidade dos corpos hídricos (águas de domínio da União e dos
Estados), tanto nas transferências naturais de água entre afluentes e rios principais em uma
mesma bacia hidrográfica, quanto nas transferências artificiais de água entre bacias hidrográficas
distintas (transposição). Os aspectos relacionados ao federalismo brasileiro serão igualmente
considerados, uma vez que diversos problemas da gestão das águas — de ordem técnica, legal
ou institucional — podem se relacionar às peculiaridades da organização federativa do Brasil ou
gerar problemas políticos entre os entes federados.

233 de 256
4.12.3.9 - Gestão Intergovernamental da Política de Recursos Hídricos: Estudo de Caso
da Dinâmica do Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul
(CEIVAP) - Walter Tedeschi (Janeiro/2003)
Esta dissertação direciona-se ao estudo das relações intergovernamentais e também da gestão
intergovernamental e seus impactos na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul.
São enumerados os inúmeros desafios enfrentados na “recriação”, em 1996, do Comitê para
Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, no que diz respeito ao seu
processo de implementação e consequentemente ao cumprimento de seu papel institucional.
Destacam-se a implementação dos instrumentos de gestão previstos na Lei das Águas e a
definição organizacional de sua agência de água.

4.12.3.10 - Avaliação de conflitos de usos múltiplos da água da Bacia Hidrográfica do Rio


Jaguari- SP, através de simulação computacional - Carlos Roberto Ruchiga Correa Filho
(Setembro/2004)
Este trabalho aborda a questão do rebaixamento dos níveis operacionais da represa do Jaguari,
causado pela crescente demanda da água.
Para tanto, utilizou-se o software DHI Mike Basin 2000. A bacia do Jaguari é representada em um
modelo matemático e são simulados quatro cenários distintos de usos de água na bacia.

4.12.3.11 - Conflitos Sociais em Torno dos Recursos Hídricos no Trecho Fluminense do


Médio Paraíba do Sul – Flavia Pires Nogueira Lima (Setembro/2000)
Este trabalho teve como objetivo central a identificação dos conflitos em torno da utilização da
água nos marcos do quadro legal-institucional criado pela nova legislação sobre recursos hídricos
e pela recente instalação do CEIVAP, no trecho fluminense do médio Paraíba do Sul.
A cobrança pelo uso da água, e de como ela irá modificar a utilização deste recurso vital e
escasso, tem sido objeto de inúmeras discussões, mas não são abordadas as formas sociais de
apropriação dos recursos hídricos. Optou-se, deste modo, por estudar as disputas existentes entre
esses diversos grupos sociais, pelo acesso e gestão dos recursos hídricos.

4.12.3.12 - Conceitos econômicos na gestão das águas do Brasil: o caso Guandu –


Guilherme Rocha Macedo (Março/2004)
Neste trabalho inicialmente são apresentados os conceitos econômicos básicos que normalmente
vêm sendo utilizados nas discussões, propostas e soluções relativas à disponibilidade da água
para uso humano, buscando a partir da visão mais genérica para, em seguida, discutir as
especificidades que cercam sua aplicação à questão da água. Depois se analisa a evolução no
Brasil da gestão das águas, passando da ação direta do estado para a nova Política Nacional de
Recursos Hídricos, que incorporou esses conceitos, introduzindo a cobrança associada à outorga
e a gestão descentralizada e participativa por bacia hidrográfica.
Avalia-se o caso prático da aplicação desses conceitos à bacia do rio Guandu, de grande
importância econômica e social para o país, com a característica particular de ter 90% de suas
águas provenientes por transposição da bacia do rio Paraíba do Sul.

4.12.3.13 - Hidrologia, Estocástica e Operação de Reservatórios - Ailton de Mesquita


Vieira (Maio/1997)
Este trabalho de pesquisa tem por objetivo o desenvolvimento de um modelo estocástico de
vazões e de um modelo de simulação/otimização de sistemas de múltiplos reservatórios. A
concepção de uma metodologia unificada de geração/previsão de afluência fluviais consistente
com todos os intervalos de discretização de tempo de tomada de decisões que atendem aos
objetivos estratégicos e táticos do planejamento da operação é o primeiro resultado apresentado.

234 de 256
Adicionalmente, a tese introduz o conceito do efeito telescópico, definido como a capacidade de
produzir resultados consistentes para diferentes discretizações de tempo. O segundo resultado é
alcançado através da agregação de dois modelos matemáticos: o modelo estocástico de vazões
proposto e um modelo geral de simulação/otimização da operação de sistemas de múltiplos
reservatórios.
O método adaptativo foi aplicado à operação do conjunto de reservatórios da bacia do rio Paraíba
do Sul e do denominado Sistema LIGHT, formado a partir da transposição de vazões do rio
Paraíba do Sul para vertente Atlântica da serra do Mar. A aplicação à bacia do rio Paraíba do
Sul/Sistema LIGHT é bastante oportuna em face da criação do CEIVAP.

4.12.3.14 - Estudo do Uso de Potenciais Hidrelétricos de Baixa Queda: O caso do Rio


Paraíba do Sul - Henrique Márcio Pereira Rosa (Junho/1997)
Este trabalho consta de um estudo de caráter informativo sobre o tema "Centrais Baixa Queda" , o
que possibilita, além de um conhecimento maior do assunto, realçar a importância dos
aproveitamentos de baixos desníveis. Apresenta-se um estudo sobre as turbinas mais adequadas
para este tipo de aproveitamento, tanto para pequena potência, quanto para potências mais
elevadas.
Apresenta-se também uma análise do potencial hidroenergético do rio Paraíba do Sul, onde para
tal foram estudadas as vazões do mesmo, e desenvolvida uma metodologia bastante simples para
consolidação dos dados fluviométricos que estão bastante fragmentados, no que se refere aos
períodos de medição das estações, que não é o mesmo para todas. A metodologia é baseada em
dados de campo e possibilita estimar o potencial hidrenergético de um rio.

4.12.3.15 - Sistemas Avançados de Previsão Hidrológica e Operação Hidráulica em


Tempo Real - Luciana Kindl da Cunha (Junho/2004)
Este estudo aborda as questões de previsão hidrológica e operação hidráulica para um sistema de
reservatórios que atende a três objetivos: (a) geração hidrelétrica, (b) abastecimento de água e (c)
controle de cheias. Neste estudo foi desenvolvido e calibrado um sistema integrado de previsão
hidrológica e operação hidráulica em tempo real, composto por seis macro-atividades que
envolveram hidrologia, hidráulica e informática: modelagem e implantação do banco de dados,
análise de consistência dos dados hidrológicos, calibração dos parâmetros do modelo hidrológico,
desenvolvimento de modelo de balanço hídrico para trechos com controle hidráulico,
desenvolvimento de cenários de previsão de chuva, e desenvolvimento da interface gráfica do
usuário. O sistema foi implantado para o Sistema Hidráulico da LIGHT, abrangendo parte da bacia
do rio Paraíba do Sul e a sub-bacia do rio Piraí.

4.12.3.16 - Reformulação da Metodologia de Strand sobre o Comportamento de


Sedimentos em Reservatórios – Marcos Borges Pereira (Março/1998)
Este trabalho analisa a metodologia proposta por STRAND (1974) para o estudo da sedimentação
em reservatórios. É apresentado um detalhamento dos procedimentos usados por este autor e,
também, uma nova forma de utilizá-los. Ao final, comparam-se as duas metodologias, a tradicional
e a revisada, através de seu emprego aos dados do Reservatório de Anta, no Rio Paraíba do Sul.

4.12.3.17 - Estudo dos Efeitos e Alterações no Uso e Ocupação do Solo sobre Séries
Hidrológicas - Lydiane Abdon Leal (Novembro/2000)
Neste estudo, séries fluviométricas e pluviométricas foram analisadas estatística e graficamente,
bem como através de um modelo chuva-deflúvio (TUPI), visando a captar as alterações pela
disponibilidade hídrica de uma bacia, devido a alterações no uso do solo, ocorrida ao longo dos
anos. Como objeto de estudo foram selecionadas as bacia dos rios Paraibuna e Paraitinga,
formadores do rio Paraíba do Sul, no estado de São Paulo. Estas bacias foram escolhidas por
apresentarem significantes alterações em suas ocupações nas últimas décadas e também pelo
fato dos dados disponíveis possuírem maior disponibilidade e confiabilidade.

235 de 256
4.12.4 - Outras Fontes de Dados Consultadas
A pesquisa realizada para obtenção de dados e informações para caracterização dos recursos
hídricos e dos aproveitamentos hidrelétricos existentes e previstos na bacia abrangeu também
inúmeros sites disponíveis na internet. Entre esses, são listados os endereços dos principais sites
consultados:
• Site da Agência Nacional das Águas: www.ana.gov.br;
• Site do Ministério de Meio Ambiente: www.mma.gov.br;
• Site da Empresa de Pesquisa Energética: www.epe.gov.br
• Site da Agência Nacional de Energia Elétrica: www.aneel.gov.br;
• Site do Ministério de Minas e Energia: www.mme.gov.br;
• Site do Operador Nacional do Sistema Elétrico: www.ons.com.br;
• Site da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior:
www.capes.gov.br;
• PNRH - Plano Nacional de Recursos Hídricos. Documento Base de Referência:
http://pnrh.cnrh-srh.gov.br.
• Site do Instituto Nacional do Ambiente – INEA: www.inea.rj.gov.br
• Site do Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul:
www.ceivap.org.br

• Site do Sistema Gestão Integrada da Bacia do Rio Paraíba do Sul:


www.ana.gov.br/gestin/index.asp

4.13 - ÁREAS PROTEGIDAS E DE USO ESPECIAL

Este item é abordado no capítulo 4.10 -Ecossistemas Terrestres em sua integralidade.

4.14 - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

4.14.1 - Aspectos Legais do Setor Elétrico


A exploração do serviço público de energia elétrica é da competência da União Federal nos
termos do art. 21, XII, b, da Constituição Federal. Entretanto, dispõe o art. 175 da CF que a
prestação de serviços públicos pode ser feita por meio de concessão ou permissão.
Nesse sentido, a União Federal, na condição de poder concedente, pode delegar a outrem a
atividade, que a assume como concessionária. Daí, quando a concessionária exerce o serviço
público de energia elétrica, é em nome do poder concedente que esse serviço será levado aos
usuários.
As regras do regime de concessão estão estabelecidas na Lei nº. 8.987/95. Dentre outras
competências, incumbe ao poder concedente: (i) regulamentar o serviço concedido e fiscalizar
permanentemente a sua prestação; (ii) aplicar as penalidades regulamentares e contratuais; (iii)
declarar de utilidade pública os bens necessários à execução do serviço ou obra pública,
promovendo as desapropriações, diretamente ou mediante outorga de poderes à concessionária,
caso em que será desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis; (iv) declarar de
necessidade ou utilidade pública, para fins de instituição de servidão administrativa, os bens
necessários à execução de serviço ou obra pública, promovendo-a diretamente ou mediante
outorga de poderes à concessionária, caso em que será desta a responsabilidade pelas

236 de 256
indenizações cabíveis; e (v) estimular o aumento da qualidade, produtividade, preservação do
meio ambiente e conservação.
A Lei nº. 9.074/95 estabelece as normas para outorga e prorrogação das concessões, definindo a
licitação como meio de obtenção das concessões.
Com relação ao serviço público de energia elétrica, a Lei nº. 9.427/96, regulamentada pelo
Decreto nº. 2.335/97, instituiu a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que tem por
finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia
elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do governo federal.
Esta mesma lei estabelece que compete à ANEEL, além de algumas atribuições previstas na Lei
nº. 8.987/95, promover, mediante delegação do poder concedente, os procedimentos licitatórios
para a contratação de concessionárias de serviço público para transmissão de energia elétrica e
regular o serviço concedido, e fiscalizar permanentemente sua prestação.
Em 1997, a Lei nº. 9.478 instituiu a política energética nacional e o Conselho Nacional de Política
Energética. Dentre os objetivos dessa política, cabe destacar a proteção do meio ambiente e a
promoção e conservação de energia.
Posteriormente, a Lei nº. 9.648/98 impôs à ANEEL a competência para declarar a utilidade
pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administrativa, das áreas
necessárias à implantação de instalações de concessionários, permissionários e autorizados de
energia elétrica.
A Lei nº. 9.648/98 também instituiu o Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS), responsável
pelas atividades de coordenação e controle da operação da geração e da transmissão de energia
elétrica. As regras de organização do ONS foram definidas pelo Decreto nº. 2.655/98, que também
regulamentou o mercado atacadista de energia elétrica.
O ONS foi regulamentado pelo Decreto nº. 5.081/04, que o autorizou a executar as atividades de
coordenação e controle da operação da geração e da transmissão de energia elétrica, sob
fiscalização e regulação da ANEEL.
O setor elétrico passou a contar com mais um órgão com a edição da Lei nº. 10.847/04,
regulamentada pelo decreto nº. 5.184/04, que autorizou a criação da Empresa de Pesquisa
Energética – EPE. De acordo com a referida lei, a EPE tem por finalidade prestar serviços na área
de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético.
O Decreto nº. 5.163/04, que regulamenta a comercialização de energia elétrica, o processo de
outorga de concessões e de autorizações de geração de energia elétrica, dispõe que os
participantes dos leilões de compra de energia elétrica deverão promover estudos de viabilidade
técnica e estudos ambientais, bem como deverão apresentar as licenças ambientais prévias.
A Lei nº. 10.848/04, que trata da comercialização de energia elétrica, instituiu o novo marco
regulatório do setor elétrico brasileiro, que foi regulamentado pelo Decreto nº. 5.163/04.
As novas regras de comercialização de energia elétrica definem o leilão como principal
instrumento licitatório para contratação de energia pelas distribuidoras e define a licença ambiental
prévia como uma das medidas para a construção eficiente de novos empreendimentos.

4.14.2 - Recursos Hídricos


A Constituição Federal de 1988 estabelece que todas as águas são públicas, sendo que, em
função da localização do manancial, elas são consideradas bens do domínio da União ou dos
Estados, sendo também competência exclusiva da União legislar sobre águas e energia segundo
o art. 22, IV, CF/88.
O Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934 que instituiu o Código de Águas, foi o primeiro
grande marco, a nível federal, cujo objetivo principal foi regular o uso das águas no Brasil.

237 de 256
Objetivou também dotar o País de uma legislação adequada que permitisse o poder público
controlar e incentivar o aproveitamento industrial das águas, bem como garantir medidas que
facilitassem o aproveitamento da energia hidráulica.
A Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 conhecida como a Lei das Águas, que instituiu a Política
Nacional de Recursos Hídricos, criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
(art. 32), regulamentando o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal. No artigo 5º da
Lei das Águas, encontram-se definidos os instrumentos da Política Nacional de Recursos
Hídricos, onde vale destacar o enquadramento dos cursos d'água (art. 9º) que tem por objetivos
assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas e,
diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes.
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos tem como objetivos coordenar a
gestão integrada das águas; arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os
recursos hídricos; implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; planejar, regular e
controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos, bem como promover a
cobrança pelo uso de recursos hídricos.
A Lei das Águas caracteriza-se por promover uma radical descentralização da gestão: da sede do
poder público para a esfera local da bacia hidrográfica, efetivando ainda uma parceria do poder
público com a sociedade civil organizada e tem como um dos seus objetivos assegurar à atual e
às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados
aos respectivos usos (artigo 2º) através de uma integração da gestão de recursos hídricos com a
gestão ambiental (artigo 3º), tendo a bacia hidrográfica como a unidade territorial para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos.
A Resolução CONAMA nº 20 de 18/06/86 em seu art. 1º classifica as águas doces, salobras e
salinas do Território Nacional segundo seus usos preponderantes, em nove classes.
A Resolução CNRH nº 12 de 19/07/00 estabeleceu os procedimentos para o enquadramento de
corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes por ela estabelecidos,
considerando que este enquadramento deverá ser estabelecido em conformidade com o Plano de
Recursos Hídricos da bacia e com os Planos de Recursos Hídricos Nacional e Estadual ou
Distrital e, a classificação é a qualificação das águas doces, salobras e salinas com base nos usos
preponderantes (sistema de classes de qualidade).
A Lei n º 9.984/2000 instituiu Agência Nacional de Água - ANA a cuja atuação obedece aos
fundamentos, objetivos, diretrizes e instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos e será
desenvolvida em articulação com órgãos e entidades públicas e privadas integrantes do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, cabendo, entre outras atribuições o de
supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do cumprimento da legislação
federal pertinente ao recursos hídricos.
A Resolução CONAMA nº 357, de 17/03/2005, dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões
de lançamento de afluentes. Classifica as águas doces, salobras e salinas do Território Nacional
de acordo com a qualidade requerida para seus usos preponderantes, em 13 classes de
qualidade e, no art. 4º classifica as águas doces.
A Portaria CNRH nº 122, de 15 de outubro de 2007 dispõe sobre procedimentos referentes à
emissão de Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica (DRDH) e de outorga de direito de
uso de recursos hídricos, para uso de potencial de energia hidráulica superior a 1 MW em corpo
de água de domínio do Estado e dá outras providências.

238 de 256
A Resolução CNRH nº 65 de 07 de dezembro de 2006, estabelece diretrizes de articulação dos
procedimentos para obtenção de outorga de direito de uso de recursos hídricos com os
procedimentos de licenciamento ambiental.
A Política Estadual de Recursos Hídricos no estado do Rio de Janeiro foi instituída pela Lei N.º
3.239 de 02 de agosto de 1999.
De um modo geral, a Lei N.º 3.239/99 apresenta uma conformidade, do ponto de vista técnico e
ambiental, com a Lei N.º 9.433 de 1997, no que se refere aos objetivos, princípios, e diretrizes
desta política, de gestão dos recursos hídricos de domínio do estado, com os dispostos na Lei das
Águas.
Como instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos estão estabelecidos na Lei nº
1.803/91 a outorga de direitos de uso e a cobrança pelo uso dos recursos hídricos de domínio do
Estado.
Também foi criado pela Lei n.º3.239/99 o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hídricos - SIGRH, visando a execução da Política Estadual de Recursos Hídricos e a formulação,
atualização e aplicação do Plano Estadual de Recursos Hídricos, congregando órgãos estaduais e
municipais e a sociedade civil.
Como órgãos colegiados, consultivos e deliberativos, foram criados o Conselho Estadual de
Recursos Hídricos - CRH, de nível central e os Comitês de Bacias Hidrográficas, com atuação em
unidade hidrográficas estabelecidas pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos - PERH.

4.14.3 - Legislação sobre Uso do Solo


A conservação do solo, parte integrante do meio ambiente é uma tarefa imposta pela Constituição
do Brasil à União e aos Estados, Distrito Federal e municípios (art. 23, inciso VII).
Seu artigo 24 estabeleceu que "compete concorrentemente à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislarem" sobre "defesa do solo". Evidentemente, a prática de conservação do solo se
insere entre os atribuições dadas ao Poder Público de prover o manejo ecológico dos
ecossistemas (art. 225, § 1°, inciso I).
A Lei n º 6.938/81 também considera o solo como um recurso ambiental. A utilização desse
recurso deve-se pautar entre outros, pela recuperação de áreas degradadas e pela proteção de
áreas ameaçadas de degradação (art. 2º, incisos VIII e IX). A principal norma federal que trata do
assunto é o Decreto nº 94.076/87, que instituiu o Programa Nacional de Microbacias
Hidrográficas, sob a supervisão do Ministério da Agricultura, visando promover "um adequado
aproveitamento agropecuário dessas unidades ecológicas, mediante a adoção de práticas de
utilização racional de recursos naturais renováveis".
Além da legislação sobre o uso do solo, convém mencionar também as normas que visam à sua
proteção, como as normas de proteção da vegetação (Lei nº. 4.771/65 – Código Florestal), as
normas que regulamentam as atividades agrícolas para prevenir a degradação do solo (Lei nº.
6.225/75, Lei nº. 4.504/64, Lei nº. 8.171/91), e as normas sobre resíduos e contaminação do solo
(Resolução CONAMA nº. 313/02 – Inventário Nacional de Resíduos Sólidos).
De fato, a Constituição Federal, em seu artigo 225, estabelece a proteção ao meio ambiente,
incluindo o solo. O §1º, III desse artigo prevê a possibilidade de o Poder Público criar espaços
especialmente protegidos (Lei nº. 9.985/00 – Institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação).
A Lei 10.257/01 institui o Estatuto da Cidade, tornando obrigatória, para os municípios com
população superior a 20 mil habitantes, a elaboração ou revisão de seus planos diretores até
outubro de 2006. Tendo em vista a grande quantidade de municípios incluídos nesta categoria que
não utilizavam este instrumento, o Ministério das Cidades lançou, em 2004, o Programa de
Fortalecimento da Gestão Urbana e a Ação de Apoio aos Municípios para a Implementação dos

239 de 256
Instrumentos do Estatuto da Cidade e à Elaboração dos Planos Diretores. A Resolução n° 15, de
03/09/2004, do Conselho Nacional das Cidades, deu início à Campanha Nacional de
Sensibilização e Mobilização visando à elaboração e à implementação dos Planos Diretores
Participativos.

4.14.4 - Áreas de Preservação no Entorno dos Reservatórios


A Resolução CONAMA nº 302 de 20 de março de 2002, dispõe sobre os parâmetros da área de
preservação permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno.
O artigo 3º desta resolução estabelece os parâmetros que constituem a Área de Preservação
Permanente e considera para a ampliação ou redução do limite das APP alguns critérios
elencados no §4º do mesmo artigo.
Caberá aos empreendedores, de acordo com o art. 4º desta Resolução, a elaboração de plano
ambiental de conservação e uso do entorno de reservatório em conformidade com a Instrução
Técnica expedida pelo órgão ambiental competente, cuja aprovação deverá ser precedida da
realização de consulta pública, sob pena de nulidade do ato administrativo, na forma da
Resolução CONAMA nº 09/87.
A Lei nº 3239/99, que dispõe sobre diretrizes e normas para a proteção e recuperação das bacias
hidrográficas dos mananciais de interesse regional do Estado do Rio de Janeiro e dá outras
providências, refere-se à proteção e recuperação dos mananciais, define diretrizes e normas
gerais, estabelece uma política de gestão descentralizada e participativa, por meio de um Sistema
de Planejamento e Gestão e remete no Art. 33 à proteção das margens e leitos de rios, lagoas e
lagunas à projetos de: Alinhamento de rio (PRA); e Projeto de Faixa Marginal de Proteção (FMP);
Delimitação da FMP; Determinação do uso e ocupação permitidos para a FMP.

4.14.5 - Legislação de Proteção à Fauna


A fauna é um dos elementos constitutivos da biota terrestre. A sua proteção legal se iniciou
quando a caça e pesca passaram nos últimos séculos a serem exercidas de forma predatória,
com graves efeitos sobre a biodiversidade.
A tutela da fauna só se tornou eficaz quando a legislação passou a proteger também a flora e os
ecossistemas, ambos indispensáveis para sua preservação.
A Constituição Federal de 1988, no art. 225, caput, §1º, VII, inclui a proteção à fauna, junto com a
flora, como meio de assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente equilibrado, estando
vedadas as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção de
espécies ou submetam os animais à crueldade.
Da legislação infraconstitucional, vale mencionar o Decreto-Lei no 221/67, que instituiu o Código
de Pesca, e a Lei no 5.197/67, que estabeleceu o Código de Caça. O Código de Pesca trata da
fauna aquática sob o prisma da atividade econômica, sem inserir a variável ambiental. De modo
diverso, o Código de Caça dispõe efetivamente sobre a proteção da fauna.
Os crimes contra a fauna previstos nos Códigos de Pesca e de Caça foram consolidados na Lei
de Crimes Ambientais, Lei no 9.605/98. Além disso, o Decreto no 3.179/99 prevê sanções
administrativas a várias condutas lesivas à fauna.
O Ministério do Meio Ambiente, considerando os compromissos assumidos pelo Brasil perante a
Convenção sobre Diversidade Biológica e a Convenção sobre o Comércio Internacional das
Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção; considerando o disposto na Lei de
Crimes Ambientais, no Código de Caça, no Código Florestal e no Decreto nº. 3.179/99; e
considerando os princípios e as diretrizes para a implementação da Política Nacional de
Biodiversidade, constantes do Decreto nº. 4.339, de 22/08/2002, promulgou a Instrução Normativa
MMA nº. 03, de 27/05/2003, dispondo sobre as Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de
Extinção.

240 de 256
As espécies constantes da lista, anexa à mencionada Instrução Normativa, ficam protegidas de
modo integral, de acordo com o estabelecido na legislação vigente. A inobservância desta
Instrução Normativa sujeitará o infrator às penalidades previstas no Código de Caça, na Lei de
Crimes Ambientais e no Decreto nº. 3.179/99.
4.14.6 - Legislação de Proteção à Flora
As florestas e demais formas de vegetação são protegidas de acordo com os dispositivos do
Código Florestal, Lei nº. 4.771/65, e de normas que cuidam de florestas ou vegetação específicas.
No que diz respeito à tutela jurídica da flora, chama a atenção o conceito de Área de Preservação
Permanente (APP) instituído pelo Código Florestal. Segundo esta lei, a APP é a área protegida,
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (Lei nº. 4.771/65, art.1, §2º, II). Cita-se
como exemplo a vegetação ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água; ao redor das lagoas,
lagos ou reservatórios d’água naturais e artificiais; no topo de morros, montes, montanhas e
serras; as encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°.
É importantíssimo respeitar a não supressão de áreas de preservação permanentes, tendo em
vista que a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº. 9.605/98) tipifica a ação de destruir ou danificar
floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la
infringindo as normas de proteção com pena de detenção e multa (art. 38 da Lei nº. 9.605/98). A
única exceção é a possibilidade de supressão nos casos de utilidade pública ou de interesse
social, quando não existir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto. Nestes
casos, deve haver um procedimento administrativo próprio para caracterizar e motivar esta ação
(art. 4º do Código Florestal introduzido pela Medida Provisória nº. 2.166-67/2001).
A supressão mencionada anteriormente dependerá de autorização do órgão ambiental estadual
competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou municipal de meio
ambiente. Além disso, o órgão ambiental competente indicará, previamente à emissão da
autorização para a supressão de vegetação em área de preservação permanente, as medidas
mitigadoras e compensatórias que deverão ser adotadas pelo empreendedor.
Ainda sobre supressão de vegetação, o Decreto nº. 750/93 proíbe o corte, a exploração e a
supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata
Atlântica, considerada pela Constituição Federal como patrimônio nacional.
Desta forma, deve o empreendedor ficar a atento quanto à necessidade de obter autorização
perante o órgão ambiental competente para supressão de vegetação em área de preservação
permanente ou de Mata Atlântica.

4.15 - CARACTERIZAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS HIDRELÉTRICOS

A caracterização dos empreendimentos será realizada em etapa posterior, tendo em visto a


necessidade de sistematização dos mesmos para definição da abrangência, importância e
significância dos efeitos na bacia do Rio Grande estudada.

241 de 256
5 - RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DE CAMPO

5.1 - VISITA TÉCNICA A BACIA DO RIO GRANDE.

Este relatório apresenta os resultados da vistoria técnica realizada para atender os objetivos da
AAI do rio Grande. Ela é integrante faz parte dos estudos e visa a atender o termos o Termo de
Ajuste de Conduta assinado pelo INEA com o Ministério Público de Cordeiro. Por este acordo
quando do início dos serviços de campo deveria ser realizada uma viagem de inspeção com os
técnicos do INEA e possivelmente com participação do MP.
Esta vistoria foi realizada nos dias 24, 25 e 26 de fevereiro, após uma apresentação ao INEA do
andamento dos serviços contratados.

5.1.1 - Participantes

Tarcísio Castro: tarcisio@psr-inc.com


PSR, AECOGEO e NP Ambiental. Bruno Bahiana: bruno@aecogeo.com.br
Carlos Bizerril: carlos@npambiental.com.br

Daniel Ferreira do Nascimento:


DESENVIX
daniel.nascimento@desengevix.com.br

Elizabete Lacerda Domingos :


elizabete@energisageracao.com.br
ENERGISA SOLUÇÕES
João Marcos Tavares Peixoto Simões:
joaomarcos@energisageracao.com.br

Arcadis Logos Energia S/A – PLANAVE Julio Cesar Biezus Neves - julio.biezus@arcadislogos.com.br

Aline Peixoto – alinepeixoto@inea.rj.gov.br


Sílvia Carneiro – silviacarneiro@inea.rj.gov.br
INEA Solange Regina de Souza
Rita Passos – ceam@inea.rj.gov.br; inea@gmail.com
Mariana Ramos

5.1.2 - Locais Visitados


Data: 23/02/2011
Nome da PCH Empresa Situação Localização
Em manutenção devido ao
PCH Xavier ENERGISA desastre ambiental ocorrido Nova Friburgo/RJ
na região.
PCH Santo Antônio ENERGISA Em construção. Bom Jardim/RJ
PCH Santa Rosa II DESENVIX Em operação. Bom Jardim e Cordeiro/RJ
São Sebastião do Alto e Trajano
PCH Bonança DESENVIX Em fase de licenciamento.
de Morais /RJ

Data: 24/02/2011

242 de 256
Nome da PCH Empresa Situação Localização
Santa Maria Madalena e São
PCH Jambo Arcadis Logos Energia S/A – PLANAVE Em fase de licenciamento.
Sebastião do Alto /RJ
PCH Sossego DESENVIX Em fase de licenciamento. Macuco e Trajano de Morais/RJ
Em fase de recuperação
PCH São Sebastião eletromecânica após as Santa Maria Madalena e São
ENERGISA
do Alto fortes chuvas ocorridas na Sebastião do Alto /RJ
região.
Santa Maria Madalena e São
PCH Caju ENERGISA Em operação.
Sebastião do Alto/RJ

5.2 - RELATÓRIO FOTOGRÁFICO

Figura 170: Vista da margem direita do rio Grande a Figura 171: Vista das erosões de margem e
montante da usina Catete, podendo-se ver a erosão alteração de calha na área urbana de Bom Jardim
e escorregamento de encosta e os danos na adução
da barragem

Figura 172: Vista de uma via interrompida em Bom Figura 173: Vista do rio Grande a jusante da área
Jardim na margem esquerda do rio Grande urbana de Bom Jardim podendo-se notar o material
carreado e a erosão das margens

243 de 256
Figura 174: Instalação da barragem da PCH Santo Figura 175: Vista da Usina de Santo Antônio -
Antônio Barragem

Figura 176: Vista a montante da barragem podendo- Figura 177: Vista à montante da Usina de Santo
se notar as erosões nas margens e os danos na Antônio
barragem e casa de força - PCH Santo Antônio

Figura 178: Vista a jusante da barragem Santo Figura 179: Vista do vertedor da PCH Santa Rosa II
Antônio podendo se notar a erosão das margens

244 de 256
Figura 180: Reservatório da PCH São Sebastião do Figura 181: Reservatório da PCH São Sebastião do
Alto Alto

Figura 182: Vista de montante do eixo da PCH São Figura 183: Vista de marcas da passagem da cheia
Sebastião do Alto no lago da PCH São Sebastião do Alto

Figura 184: Vista da APP da PCH São Sebastião do Figura 185: Vista a montante da barragem da PCH
Alto sem vegetação e uso de pastagem Caju com presença de log-boom

245 de 256
Figura 186: Reservatório da PCH Santa Rosa II Figura 187: Reservatório da PCH Santa Rosa II

Figura 188: Local da futura barragem da PCH Figura 189: Local da futura barragem da PCH
Bonança (à jusante) Bonança (à montante)

Figura 190: Vista do local do futuro eixo da PCH Figura 191: Vista de montante do futuro reservatório
Jambo da PCH Jambo

246 de 256
Figura 192: Vista de jusante do futuro eixo da PCH Figura 193: Vista de montante da futura barragem da
Sossego PCH Sossego

Figura 194: Vista do vertedor e casa de força da PCH Figura 195: Vista da barragem da PCH Caju
Caju

Figura 196: Barragem da PCH Caju Figura 197: Barragem da PCH Caju

247 de 256
5.3 - RESULTADOS

A vistoria foi realizada cerca de um mês após o evento de cheias extremas na região serrana do
estado do Rio de Janeiro, e que acarretou enormes danos materiais na parte superior da bacia do
rio Grande e em várias barragens já implantadas e em construção, e mais importante ainda,
inclusive com perdas de vidas humanas nas áreas urbanas afetadas pelo excesso de vazão nos
rios.
Na bacia os municípios mais afetados foram Nova Friburgo e Bom Jardim. Ao longo de todo o vale
se pode perceber os prejuízos e as enormes erosões de calha fluvial, e mesmo em alguns casos
de alteração da própria calha dos rios.
Após a vistoria se podem destacar os seguintes aspectos:

• A bacia está sujeita a eventos de chuvas de grande intensidade e curta duração que
podem gerar efeitos devastadores na bacia, notadamente nas suas cabeceiras;

• Como deverá ser mostrado no mapa de sensibilidade a erosão a bacia apresenta muitas
áreas com declives muito elevados e regiões propícias a erosão laminar e a
escorregamentos;

• Existem áreas com riscos geológicos que precisam ser melhor qualificados e
quantificados;

• Não se encontraram aparelhos de medição de chuva ou nível d’água com observação em


escala horária, o que é essencial para esta região sujeita a chuvas intensas de curta
duração e bacias de contribuição reduzida;

• Não se identificaram conflitos nos locais das usinas com a população local;

• A região dos reservatórios, existentes e implantados, apresenta-se muito degradada, com


poucos remanescentes de vegetação;

• Verificou-se muitos sinais de erosão de margens nestes reservatórios, o que requer um


menor planejamento e uso do entorno doa lagos implantados e a implantar.

248 de 256
6 - CONCLUSÃO

Após a conclusão da caracterização ambiental inicial da bacia do Rio Grande podemos destacar
os principais aspectos relevante que servirão de base para a construção dos indicadores
ambientais:

• A relevância da disponibilidade e da qualidade dos recursos hídricos superficiais e


subterrâneos e dos usos da água;

• A relevância dos solos agrícolas para as atividades de produção;

• A importância das precipitações e geomorfologia para avaliação da erosão e do transporte


de sedimentos;

• Os aspectos relativos a precipitações intensas e riscos de cheias e de riscos geológicos;

• A importância da biodiversidade dos ecossistemas aquáticos e terrestres já muito


pressionados na bacia;

• A importância da ictiofauna e rotas migratórias;

• A relevância das áreas prioritárias para conservação e das áreas protegidas legalmente;

• A importância da organização territorial no que tange a circulação de pessoas e


mercadorias;

• Os aspectos de infraestrutura de saneamento e saúde;

• Os aspectos de infraestrutura de energia e circulação viária;

• Os aspectos das comunidades sensíveis;

• Os aspectos de qualidade e condições de vida da população;

• A avaliação dos diversos planos e gestão da bacia.


Estes contornos relevantes permitirão, após a incorporação da análise conflitos, construir os
indicadores de vulnerabilidade e de potencialidade da bacia.

249 de 256
7 - BIBLIOGRAFIA

7.1 - MEIO FÍSICO

AGENDA 21 – Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 3. ed.
Brasília: Senado Federal, 2001. 598p.
ALMEIDA, F.F.M. de. Fundamentos geológicos do relevo paulista. São Paulo: IGEOC, 1964.
99 p. (Série Teses e Monografias, 14).
BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Projeto RADAMBRASIL. Folhas SF.23/24 Rio de
Janeiro/Vitória: geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação e uso potencial da terra. Rio de
Janeiro, 1983. 780 p. + 6 mapas. (Levantamento de Recursos Naturais, 32.)
BUBEL, A.P.M.; CALIJURI, M.C. Caracterização das águas de sistemas lóticos e as suas
relações com a litologia das bacias hidrográficas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
LIMNOLOGIA, 8., 2001, João Pessoa. Resumos... João Pessoa: SBL, 2001. p. 12.
CARDOSO, M. F. T. C. Organização e reorganização do espaço no Vale do Paraíba do Sul - uma
análise geográfica até 1940. Revista Brasileira de Geografia, v. 53, n. 1, jan/mar 1991, p. 81-
135.
CARVALHO FILHO, A. et al. Aptidão agrícola do Estado do Rio de Janeiro. Brasília: CPRM,
2000.
______. Os solos do Estado do Rio de Janeiro. Brasília: CPRM, 2000. 42 p.
EMBRAPA/SNLCS. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro, 1999. 412 p.
CETESB. Home page disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br
______. Critérios para distinção de classes de solos e de fases de unidades de
mapeamento: normas em uso pelo SNLCS. Rio de Janeiro, 1988a. 67p.
______. Definição e notação de horizontes e camadas do solo. Rio de Janeiro, 1988b. 54p.
______. Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro, 1979.
DNAEE. Projeto Paraíba do Sul. Fase B. Implantação da Agência Técnica e diagnóstico da Bacia
. Cooperação França-Brasil. Brasília, 1995.
FEEMA. Programa de recuperação da qualidade ambiental da bacia hidrográfica do Rio
Paraíba do Sul : Plano de Ações 1988/89. Rio de Janeiro, 1988.
FURNAS. Bacia do Rio Paraíba do Sul: subbacia II, inventário hidroenergético. Estudos
preliminares. Relatório final. Apêndice 2. Dados e estudos geológicos. Rio de Janeiro, 1985.
FURNAS. Bacia do Rio Paraíba do Sul: subbacia II, inventário hidroenergético: aproveitamentos
dos estudos. Aproveitamento de Monte Serrat. Relatório Geral. Rio de Janeiro, 1987.
_______. Estudos ambientais dos Aproveitamentos Hidrelétricos do Rio Paraíba do Sul:
qualidade da água. Rio de Janeiro, 1991. 2 v.
LEMOS, R.C.; SANTOS, R.D. dos. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 3. ed.
Campinas: SBCL/CNPS, 1996. 83 p.
MIOTO, J. A. Mapa de risco sísmico do sudeste brasileiro. 1983. Dissertação de Mestrado –
USP, São Paulo.

250 de 256
NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1989.
RAMALHO FILHO, A.; PEREIRA, E.G.; BEEK, K. J. Sistema de avaliação da aptidão agrícola
das terras. 2. ed. rev. Rio de Janeiro: SUPLAN/EMBRAPA-SNLCS, 1983. 57p.
______. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras. 3.ed. rev. Rio de Janeiro :
SUPLAN/EMBRAPA-SNLCS, 1995. 65p.
SPERLING, E. V. Morfologia de lagos e represas. Belo Horizonte: DESA/UFMG, 1999. 138 p.
STRASKRABA, M.; TUNDISI, J.G. Diretrizes para o gerenciamento de lagos. v. 9 -
Gerenciamento da qualidade da água de represas. São Carlos: ILEC; IIE, 2000. 280 p.
WETZEL, R.G. Limnologia. Lisboa: Ed. Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. 918p.
Plano de Recursos Hídricos para a Fase Inicial da Cobrança na Bacia dos rio Paraíba do Sul –
COPPTEC - 2007;
Estimativa das Vazões para Atividades de Uso da Consuntivo nas Principais Bacias do Sistema
Interligado Nacional, elaborada pelo Operador Nacional do Sistema – ONS - 2006.

7.2 - MEIO BIÓTICO

7.2.1 - Flora
AB'SABER, A. N. Os domínios morfoclimáticos na América do Sul. Primeira aproximação.
Geomorfologia, n. 52, p. 1-22, 1977.
BIODIVERSITAS. Lista de espécies da Flora Brasileira ameaçadas de extinção, 2008.
CARAUTA, J.P.P.; VALENTE, M. da C.; DORSTENIA L. (MORACEAE): notas complementares IV.
Atas da Sociedade de Botânica do Brasil, Rio de Janeiro, v.1, n.20, ago. 1983, p.111-122.
LAMEGO, A. O Homem e a serra. 2. ed. Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Geografia, 1950.
450 p.
MÜLLER-DUMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. John Wiley ;
Sons, New York, 1974

7.2.2 - Fauna terrestre


Alves, M. A. S.; Pacheco, J. F.; Gonzaga, L. P.; Cavalcanti, R. B.; Raposo, R. P.; Yamashita, C.;
Maciel, N. C. e Castanheira, M., 2000. Aves. In: Bergalo, H. G.; Rocha, C. F. D.; Alves, M. A. S. e
Van Sluys, M. (Orgs.). A Fauna Ameaçada de Extinção do Estado do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro, Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. P. 113-124.
Bergallo, H. G.; Rocha, C. F. D.; Alves, M. A. S.; Sluys, M. V. (org.). 2000. A fauna ameaçada de
extinção do Estado do Rio de Janeiro. Ed. UERJ, Rio de Janeiro, Brasil, 166pp
Concremat. 2007. Estudo de Impacto Ambiental – EIA, COMPERJ. Rio de Janeiro.
Fonseca, G. A. B.; Hermann, G.; Leite, Y. L.; Mittermeier, R. A.; Rylands, A. B. e Patton, J. L.,
1996. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. Occ. Pap. Cons. Biol. 4: 1-38.
Haddad, C. F. B. e Abe, A. S.; 2002. Anfíbios e répteis. Workshop Mata Atlântica e Campos
Sulinos. Conservation International do Brasil. <httt://www.conservation.org.Br/ma/rp.anfib.html>.
IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). 2003. Lista
das espécies da fauna ameaçada de extinção. Ministério do Meio Ambiente, IBAMA, Brasília,
Brasil.

251 de 256
Myers, N. Mittermeier, R. A.; Mittermeier, C. G.; Fonseca, G. A. B. e Kent., J., 2000. Biodiversity
hotspots for conservation priorites. Nature 430: 853-858.
Olifiers, N. (2002). Fragmentação, Habitat e as Comunidades de Pequenos Mamíferos da Bacia
do Rio Macacu. Dissertação de Mestrado, Departamento de Ecologia, Conservação e Manejo da
Vida Silvestre, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.
Pacheco, J. F. e Bauer, C., 2002.<http://www.conservation.org,br/ma/rfinais/rt_aves.htm>.
Rocha, C. F. D.; Bergallo, H. G.; Alves, M. A. S. e Geise, L.; Sluys, M. V., 2003. A Biodiversidade
nos Grandes Remanescentes Florestais do Estado do Rio de Janeiro e nas Restingas da Mata
Atlântica. São Carlos, RiMa.
Rocha, C. F. D.; Bergallo, H. G.; Pombal Jr., J. P.; Geise, L.; Sluys, M. V.; Fernandes, R. e
Caramaschi, U., 2004. Fauna de anfíbios, répteis e mamíferos do Estado do Rio de Janeiro,
Sudeste do Brasil. Publicações Avulsas do Museu Nacional 1(1945): 1-104.
São Paulo 2008. Prefeitura de São Paulo – Secretaria Municipal de Saúde: Animais Sinantrópicos.
Disponível em: <http://portal.prefeitura.sp.gov.br>. Acessado em: 16 de junho de 2008.
Steinmetz, S., 2004a. A Mata Atmântica. In: Steinmetz, S. e Martine, M. Animais da Mata Atlântica:
Patrimônio Natural do Brasil. São Paulo, Empresa das Artes. Pp. 13-20.
Steinmetz, S., 2004b. Histórico de ocupação da Mata Atmântica. In: Steinmetz, S. e Martine, M.
Animais da Mata Atlântica: Patrimônio Natural do Brasil. São Paulo, Empresa das Artes. Pp. 21-
28.
Taylor, E. H., 1968. Caecilians of the world. Lawrence, University of Kansas Press.

7.2.3 - Fauna aquática


Ab’Sáber, A.N. & bernardes, N. 1958. Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira e Arredores de São
Paulo. Rio de Janeiro, Conselho Nacional de Geografia. 303p.
Araujo, F.G. 1996. Composição e estrutura das comunidades de peixes do médio e baixo rio
Paraíba do Sul, RJ. Revista Brasileira de Zoologia, 56 (1): 111-126.
Azevedo, S.M.F.O. & Carmouze, J.P. 1994. Une mortalité de poissons dans une lagune tropicale
(Brésil) durant une période de dominance de Cyanophyceae. Coincidence ou conséquence? Ver.
Hydrobiol. Trop., 27 (3): 265-272.
Biodinâmica/BsBEnergética, 2002. Estudos de Impacto Ambiental da Pequena Central Hidrelétrica
de Santa Fé. Diagnóstico do meio biótico (Plâncton e Bentos), 35-58.
Bizerril, C.R.S.F. 1994. Análise taxonômica e biogeográfica da ictiofauna de água doce do leste
brasileiro. Acta Biologica Leopoldensia, 16: 51-80.
Bizerril, C.R.S.F. 1995b. Descrição de uma nova espécie de Neoplecostomus (Loricariidae,
Neoplecostominae) com uma sinópse da composição taxonômica dos Loricariidae no leste
Brasileiro. Arquivos de Biologia e Tecnologia (Curitiba), 38: 693–704.
Bizerril, C.R.S.F. 1998. A ictiofauna: Diversidade biológica e padrões biogeográficos. In: Bizerril,
C.R.S.F.; Araújo, L.M.M. & Tosin, P.C. 1998 – Contribuição ao conhecimento da bacia do rio
Paraíba do Sul (Coletânea de Estudos). ANEEL/CPRM, Rio de Janeiro. 15-48.
Boltovskoy, D. 1981. Estimación de la cantidad de agua filtrada. Em: Atlas del zooplâncton del
Atlantico Sudoccidental. Boltovskoy, D. (Ed). INIDEP, 635: 87-93.
Caramaschi, E.P. & Caramaschi, U. 1991. Taxonomic status of the trichomycterid catfish
Trichomycterus itatiayae. Copeia, Lawrence. 1: 222-224.

252 de 256
Carvalho, C.E.V. 1997. Distribuição e transporte de metais pesados na posição inferior da bacia
de drenagem do rio Paraíba do Sul. Tese de Doutorado, Universidade Estadual do Norte
Fluminense, Campos dos Goytacazes. 143p.
Chorus, I. & Bartram, J. 1999. Toxic cyanobacteria in water: a guide to their public health
consequences, monitoring and management. Toxic cyanobacteria in water: a guide to their public
health consequences, monitoring and management, 1999. Spoon Press.
CONAMA. 2005. Resolução n° 357 de 17 de marco de 2005. Brasília.
Engevix. 1990. Estudos de Impacto Ambiental (EIA) do Aproveitamento Hidrelétrico de Simplício -
Rio de Janeiro.
Engevix/Light. 2000. Estudos de Impacto Ambiental (EIA) da Usina Hidrelétrica Itaocara.
Diagnóstico do meio biótico. Rio de Janeiro.
Entwisle, T.J. 1990. Macroalgae in the upper Yarra and Watts River catchments: Distribution and
Phenology. Australian Journal of Marine and Freshwater Research, Wellington, 41: 505-522.
Koste, W. 1978. Rotatoria: die Radertiere Mitteleuropas begründet von Max Voigt. Berlin: Gebrüder
Borntraeger, I.Textbd.: 673p.; II.Tafelnbd.: 234p.
Magurran, A. E. 2006. Measuring Biological Diversity. Oxford, Blackwell Publishing. 256p.
Mello, C.S.B. 1997. Classificação das estações de qualidade de água da bacia do rio Paraíba do
Sul em função da análise de componentes principais. Rio de Janeiro, Relatório Técnico, Agência
Técnica da bacia do rio Paraíba do Sul. 7p.
Ministerio da Saude, Portaria n.º 518, de 25 de marco de 2004, Brasil
Nakatani, K.; Agostinho A.A.; Baumgartner, G.; Bialetzki, A.; Sanchez, P. V.; Makrakis, M.C.;
Pavanelli, C.S. 2001. Ovos e larvas de peixes de água doce. Desenvolvimento e manual de
identificação. Maringá, Editora da Universidade Estadual de Maringá-EDUEM. 378p.
Necchi Júnior, O. 1993. Distribution and seasonal dynamics of Rhodophyta in the Preto River
basin, southeastern Brazil. Hydrobiologia, Dordrecht, 250: 81-90.
Rojo, C.; Alvarez-Cobellas, M.; Araniz, M. 1994. An elementary structure analysis of the river
phytoplakton. Hydrobiologia, 285: 43-55.
Saldanha, R.V. 1987. Ocorrência da Atya scabra (Leach, 1815) (Crustácea, Decapoda, Atyidae) no
Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, SUDEPE. 12p.
SEMADS/GTZ. 2001. Bacias hidrográficas e rios fluminenses: Síntese informativa por
macrorregião ambiental. Projeto Planágua SEMADS/GTZ de Cooperação Técnica Brasil –
Alemanha. 73p.
Sheath, R.G. & Burkholder, J. 1985. Characteristics of softwater stream in Rhode Island. II:
Composition and seasonal dynamics of macroalgae communities. Hydrobiologia, Dordrecht, 128:
109-118.
Tanaka, S. 1973. Stock assessment by means of ichthyoplankton surveys. Rome, FAO Fish. Tec.
Pap., 122: 33-51.
Velho, L.F.M. & Lansac-Tôha, F. 1996. Testate Amoebae (Rhizopodea-Sarcodina) from
zooplankton of the High Paraná River Floodplain, State of Mato Grosso do Sul, Brazil: II. Family
Difflugidae. Stud. Neotrop. Fauna & Enrionments, 31: 179-192.

253 de 256
7.2.4 - Fitoplancton
- Bicudo, C.E.M.; Bicudo, D.C.; Castro, A.A.J. & Picelli-Vicentim, M.M. 1992. Fitoplâncton do
trecho a represar do rio Paranapanema (Usina Hidrelétrica de Rosana), Estado de São Paulo,
Brasil. Revista Brasileira de Biologia 52: 293-310.
- Bicudo, C. E. M. & Menezes, M. (orgs.) 2006. Gêneros de algas de águas continentais do Brasil
(chave para identificação e descrições). Segunda edição. Rima. São Carlos. 502p.
- Borges, P.A.F.; Rodrigues, C.L.; Pagioro, T.A. & Train, S. 2003. Spatial variation of phytoplankton
and some abiotic variables in the Pirapó River - PR (Brazil) in August 1999: a preliminary study.
Acta Scientiarium 25: 1-8.
- Câmara, F.M.M.; Moura, A.N. & Bittencourt-Oliveira, M.C. 2002. Ficoflórula palnctônica do rio
Parnaíba, estado do Piauí-Brasil. Revista Nordestina de Biologia 16: 3-21.
- Comas, A. 1996. Las Chlorococcales dulciacuícolas de Cuba. Biblioteca Phycologica, 99: 266p.
- Croasdale, H., Bicudo, C. E. M., Prescott, G. M. 1983. A synopsis of North American desmids, 2:
Desmidiaceae: Placoderm. Section 5. The filaments genera. London: University of Nebraska
Press. 117p.
- Croasdale, H., Flint, E. A. 1986. Flora of New Zeland desmids. Wellington: V. R. Ward,
Government Printer. 132p.
- Frizzo, E. E., Becker, V., Cardoso, L., Girardi, R., Alves, R. & Ekman, M.C.S. 2002.
Monitoramento da comunidade planctônica na área de instalação da ETE Dal Bó, na represa São
Paulo, Caxias do Sul, RS. Relatório anual da SEMAE (Serviço Autônomo Municipal de Água e
Esgoto), Caxias do Sul (RS). 2003.
- Iwata, B. F. & Câmara, F. M. M. 2007. Caracterização ecológica da comunidade fitoplanctônica
do Rio Poti na cidade de Teresina no ano de 2006. II Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte
Nordeste de Educação Tecnológica, João Pessoa (PB). 2007.
- Komárek, J. & Fott, B. 1983. Chlorophyceae (Grünalgen). Chlorococcales. In: Huber-Pestalozzi,
G. (ed.). Das phytoplankton des süssawassers: systematik und biologie, 7(1). E.
Schweizerbart’sche Verlagsbuchhandlung. 1044p.

- Lund, J.W.G., Kipling, C. & Lecren, E.D. 1958. The inverted microscope method of
estimating algal number and the statistical basis of estimating by counting. Hydrobiologia,
11: 143-170.
- Margalef, R. 1983. Limnologia. Ed. Omega, p.1009.
- Menezes, M. 1994. Fitoflagelados de quatro corpos d’água da região sul do município do Rio de
Janeiro, estado do Rio de Janeiro, Brasil. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São
Paulo. 707p.
- Musarra, M.L.; Monteiro, A.J.; Beyruth, Z. Novelli, J.L. & Viana, N.C. 1998. Limnological
characterization of lentic and lotic habitats of the Upper Paraná River system prior to the
inundation of Porto Primavera Reservoir. Verhandlunger der Internationale Vereinigung Limnologie
26: 1072-1079.
- Rodrigues, S.C., Torgan, L. & Schwarzbold, A. 2007. Composição e variação sazonal da riqueza
do fitoplâncton na foz de rios do delta do Jacuí, RS, Brasil. Acta Bot. Bras. v.21 n.3 São
Paulo jul./set. 2007
- Round, F. E., Crawford, R. M. & Mann, D. G., 1990. The diatoms. Biology & Morphology of the
genera. Cambridge University Press, Cambridge, 747p.

254 de 256
- Santos, M.J. & Rocha, O. 1998. Plankton community structure and its relation to water quality in
streams under urban impacts. Verhandlunger der Internationale Vereinigung Limnologie 26: 1266-
1270.
- Train, S. & Rodrigues, L.C. 1997. Distribuição espaço-temporal da comunidade fitoplanctônica.
Pp. 105-116. In: A.E.A.M. Vazzoler; A.A. Agostinho & N.S. Hahn (eds.). A planície de inundação do
alto rio Paraná: aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos. Maringá, EDUEM.
- Train, S. & Rodrigues, L.C. 1998. Temporal fluctuations of the phytoplankton community of the
Baía river in the upper Paraná river floodplain, Mato Grosso do Sul, Brazil. Hydrobiologia 361: 125-
134.
- Uhelinger, V. 1964. Étude statistique des méthodes de dénobrement planctonique. Archive of
science, 17:121-123.
- Uthermöl, H. 1958. Zur Vervollkomnung der quantitativen Phytoplankton – methodik. Mitt. Int. Ver.
Theor. Angew. Limnol., v. 9:1-38.
- Van den Hoek, C.; Mann, D. G. & Jahns, H. M., 1995. Algae: An introduction to phycology,
Cambridge University Press, 623 pp.

7.3 - MEIO ANTRÓPICO

ABRAMOVAY, R. Do setor ao território: funções e medidas da ruralidade no


desenvolvimento contemporâneo. In: Inter-relações entre as transformações demográficas e
agenda social. São Paulo, Rio de Janeiro: FEA PROCAM/USP, 2000.
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Relatório de Acompanhamento de Estudos e
Projetos de Usinas Hidrelétricas. Julho/2006;
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE)
Programa das Nações Unidas (PNUD)
Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil.
Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB).
Constituição Federal.
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Tesouro Nacional
TRIBUNAL DE CONTAS. Governo do Estado do Rio de Janeiro.
ABREU, J. C. Caminhos antigos e povoamento do Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Capistrano
de Abreu, Livraria Briguiet, 217p. 1930.
ARAÚJO, J. P. Memórias históricas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: INL, 1945.
BELTRÃO, M. C. Pré-história do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1978.
BERNARDES, L. M. C. Rio de Janeiro: cidade e região. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de
Cultura, Dep. Geral de Doc. e Inf. Cultural, Divisão de Editoração, 1995.
FORTES, J. M. M. Esboço de Geografia Econômica do Estado do Rio de Janeiro. In: Sexto
Congresso Brasileiro de Geografia, Belo Horizonte, Tipografia do Jornal do Commércio de
Rodrigues. 1919.
Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC)

255 de 256
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
Comissão Pastoral da Terra (CPT).
IPEADATA
Ministério da Saúde
Ministério das Comunicações
FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO (FUNAI).
FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES (FCP).
INSTITUTO DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA (INCRA).
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA (ABA).
DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRANSITO (Denatran).
Prefeitura de Bom Jardim
Prefeitura de Campos dos Goytacazes
Prefeitura de Cantagalo
Prefeitura de Cordeiro
Prefeitura de Duas Barras
Prefeitura de Itaocara
Prefeitura de Macuco
Prefeitura de Nova Friburgo
Prefeitura de Santa Maria Madalena
Prefeitura de São Fidélis
Prefeitura de São Sebastião do Alto
Prefeitura de Trajano de Moraes
www.prensamundo.com
www.feriastur.com.br
www.apontador.com.br

256 de 256
ANEXO 1 – Caderno de Mapas

1 de 2
Título Escala
01 Mapa de Localização da Bacia do Rio Grande 1:1.000.000
02 Mapa da Região Hidrográfica do Atlântico Sudeste 1:400.000
03 Mapa de Vias de Acesso da Bacia do Rio Grande 1:400.000
04 Mapa Hidrográfico da Bacia do Rio Grande 1:400.000
05 Mapa das Isoietas de Precipitações Médias Plurianuais da Bacia do Rio Grande 1:400.000
06 Mapa das Estações Pluviométricas da Bacia do Rio Grande 1:400.000
07 Mapa de Geologia da Bacia do Rio Grande 1:400.000
08 Mapa de Geomorfologia da Bacia do Rio Grande 1:400.000
09 Mapa de Recursos Minerais da Bacia do Rio Grande 1:400.000
10 Mapa de Solos da Bacia do Rio Grande 1:400.000
11 Mapa de Suscetibilidade à Erosão da Bacia do Rio Grande 1:400.000
12 Mapa de Aptidão Agrícola da Bacia do Rio Grande 1:400.000
13 Mapa de Altitude e Vegetação da Bacia do Rio Grande 1:400.000
14 Mapa de Unidades de Conservação da Bacia do Rio Grande 1:400.000
15 Mapa de Uso do Solo e Cobertura Vegetal da Bacia do Rio Grande 1:400.000
16 Mapa de Subdivisão de Ecossistemas Terrestres da Bacia do Rio Grande 1:400.000
17 Mapa de Subdivisão de Ecossistemas Aquáticos da Bacia do Rio Grande 1:400.000
18 Mapa de Uso e Área para Conservação da Flora na Bacia do Rio Grande 1:400.000
19 Mapa de Áreas com Fauna de Mamíferos, Aves, Répteis e Anfíbios da Bacia do Rio Grande 1:400.000
20 Mapa de Organização Territorial da Bacia do Rio Grande 1:400.000
21 Mapa de Percentual de Pequenas Propriedades - Estrutura Fundiária – na Bacia do Rio Grande 1:400.000
22 Mapa de Densidade Demográfica da Bacia do Rio Grande 1:400.000
23 Mapa do Índice de Desenvolvimento Humano da Bacia do Rio Grande 1:400.000
24 Mapa de Taxa de Urbanização da Bacia do Rio Grande 1:400.000
25 Mapa de Taxa de Alfabetização da Bacia do Rio Grande 1:400.000
26 Mapa de Taxa de Ocupação da Bacia do Rio Grande 1:400.000
27 Mapa de Taxa de Participação – 2000 na Bacia do Rio Grande 1:400.000
28 Mapa de Taxa de Pobreza da Bacia do Rio Grande 1:400.000
30 Mapa de Mortalidade Infantil da Bacia do Rio Grande 1:400.000
31 Mapa de Esperança de Vida da Bacia do Rio Grande 1:400.000
32 Mapa de Acesso ao Abastecimento de Água na Bacia do Rio Grande 1:400.000
34 Mapa de Atendimento por Esgotamento Sanitário na Bacia do Rio Grande 1:400.000
35 Mapa de Acesso aos Serviços de Coleta de Lixo na Bacia do Rio Grande 1:400.000
36 Mapa da Base Econômica da Bacia do Rio Grande 1:400.000
37 Mapa dos Modos de Vida da Bacia do Rio Grande 1:400.000
38 Mapa de Áreas de Interesse Arqueológico Histórico e Cultural na Bacia do Rio Grande 1:400.000

2 de 2
ANEXO 2 – Série de Vazões

1 de 9
Tabela 1: Série de Vazões da PCH Bonança

Ano jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Média
1934 7,93 12,80 17,68 48,38 21,70
1935 51,08 105,52 45,70 32,77 22,52 17,43 14,51 12,56 16,11 19,07 19,18 36,41 32,74
1936 19,41 30,67 44,64 38,31 21,76 15,40 12,15 10,60 11,51 14,16 18,96 35,68 22,77
1937 59,75 59,94 32,21 34,45 37,30 23,05 16,88 13,56 12,07 23,80 47,40 124,47 40,40
1938 99,25 74,72 67,08 54,05 36,43 28,70 22,19 26,82 18,78 21,09 27,88 63,11 45,01
1939 71,10 55,44 37,70 38,74 26,65 18,80 15,70 12,30 13,27 14,06 25,21 51,18 31,68
1940 81,51 90,30 75,85 43,19 31,99 24,32 18,01 14,57 14,14 17,82 40,79 69,19 43,47
1941 70,37 42,16 63,32 42,24 24,40 21,25 18,31 14,05 25,55 20,80 27,70 75,18 37,11
1942 64,94 34,14 57,21 35,02 27,17 18,73 24,29 18,62 15,00 29,27 36,71 63,22 35,36
1943 180,07 128,28 87,49 47,86 30,16 24,97 18,65 19,71 16,27 39,45 52,49 67,24 59,39
1944 49,14 134,69 95,12 48,70 35,74 24,36 23,39 14,90 12,02 14,02 18,18 50,76 43,42
1945 88,93 65,32 51,35 47,11 30,16 28,76 20,45 15,19 14,47 14,57 33,56 75,58 40,45
1946 94,28 40,39 48,98 37,10 23,29 18,14 14,05 11,16 10,35 19,69 38,80 33,35 32,46
1947 48,48 67,30 109,50 59,52 32,39 24,78 22,75 19,41 24,47 26,67 47,15 67,30 45,81
1948 49,48 69,21 75,29 42,36 29,27 21,73 17,76 17,08 15,05 16,56 27,78 85,97 38,96
1949 86,78 89,52 59,07 34,70 25,22 24,52 21,59 15,22 13,97 20,47 27,10 45,19 38,61
1950 77,93 85,04 49,70 43,19 30,82 21,04 16,34 12,96 11,86 15,22 29,00 40,96 36,17
1951 60,51 63,14 77,99 50,56 29,87 23,77 18,01 14,59 11,83 13,03 12,40 33,31 34,08
1952 92,23 150,94 90,10 59,98 36,66 31,30 23,48 19,84 22,81 19,28 49,74 75,23 55,97
1953 37,08 48,58 36,03 40,29 27,86 19,20 15,78 14,05 14,64 12,89 31,12 53,05 29,21
1954 28,52 26,25 18,04 27,74 23,48 17,50 15,13 13,26 11,44 11,45 14,67 23,83 19,28
1955 53,79 37,06 29,71 33,83 21,02 15,45 10,98 9,15 8,35 10,47 30,31 65,60 27,14
1956 56,01 26,88 38,34 25,77 23,65 20,06 15,19 16,98 11,73 11,64 25,90 61,72 27,82
1957 59,02 56,28 76,37 70,29 33,84 22,81 18,96 13,71 17,29 15,45 25,73 71,36 40,09
1958 32,11 36,46 29,40 35,13 29,23 21,59 17,73 12,52 19,03 23,57 41,82 36,64 27,94
1959 47,01 25,46 52,21 26,78 18,39 15,81 11,78 19,67 10,54 10,39 38,74 37,72 26,21
1960 47,57 77,28 129,23 49,81 31,02 22,10 17,77 14,78 13,01 14,45 21,31 41,85 40,02
1961 168,43 121,99 121,25 69,07 44,25 29,73 22,31 16,59 12,43 12,38 19,82 30,64 55,74
1962 55,30 86,20 46,24 30,53 25,73 21,69 17,37 14,73 15,81 19,49 30,57 42,21 33,82
1963 40,08 37,46 29,08 20,85 17,38 15,31 12,87 11,72 8,95 9,73 17,47 14,78 19,64
1964 78,97 101,32 54,39 41,18 28,60 20,80 23,60 16,57 15,37 21,49 42,54 94,86 44,98
1965 113,59 147,26 92,93 53,66 48,24 31,45 25,31 21,95 15,90 33,66 49,54 21,49 54,58
1966 51,62 22,94 20,90 19,89 14,80 9,67 9,70 9,03 7,64 10,62 27,68 26,39 19,24
1967 56,08 50,76 41,98 28,79 21,23 17,27 14,69 11,93 10,75 10,32 14,89 20,82 24,96
1968 22,66 16,48 23,08 13,91 10,72 9,33 9,51 9,03 9,05 10,60 8,74 17,73 13,40
1969 20,74 19,77 20,59 15,01 11,30 10,68 10,56 9,98 9,00 11,02 17,51 22,47 14,88
1970 16,45 12,38 12,26 11,01 8,92 7,63 8,11 7,78 10,74 11,11 14,52 13,47 11,20
1971 10,20 7,91 13,94 10,93 8,51 9,52 6,64 5,72 9,16 10,25 23,28 35,60 12,64
1972 23,99 25,34 38,36 23,80 16,47 12,73 12,69 11,00 10,13 14,73 17,99 28,22 19,62
1973 28,07 38,08 21,10 16,77 15,47 12,19 11,48 9,85 9,45 12,50 21,71 20,06 18,06
1974 19,24 14,95 16,80 17,64 12,55 12,41 9,75 7,81 6,57 9,45 10,43 19,18 13,07
1975 40,96 33,72 19,01 15,90 13,22 11,43 10,79 8,13 7,93 12,51 16,07 14,68 17,03
1976 13,02 14,90 12,81 10,66 9,68 7,95 8,23 8,23 11,71 13,98 18,41 33,09 13,56
1977 30,81 25,18 17,97 19,12 13,67 11,15 9,75 8,16 10,40 9,08 22,00 35,14 17,70
1978 42,74 33,44 22,90 17,94 15,98 14,10 12,10 10,91 9,57 9,33 17,80 18,44 18,77
1979 24,02 77,81 27,98 19,10 21,26 17,21 14,99 13,73 14,73 12,30 22,44 24,40 24,16
1980 48,61 38,28 21,85 22,79 17,07 13,85 12,13 10,92 10,15 12,79 16,03 47,09 22,63
1981 43,75 29,37 29,27 23,27 17,55 14,45 12,55 10,69 9,06 10,82 19,42 34,43 21,22
1982 35,37 19,32 48,01 68,81 39,58 16,57 13,57 13,39 11,04 14,03 12,13 28,91 26,73
1983 57,18 29,64 33,59 32,35 21,84 27,65 19,00 13,85 65,76 34,18 39,78 43,95 34,90
1984 30,76 20,68 19,20 18,40 15,13 11,93 10,43 10,53 9,94 9,24 13,74 19,72 15,81
1985 48,38 43,35 49,49 27,97 20,63 16,02 13,55 12,60 12,50 12,08 15,23 22,09 24,49
1986 31,63 25,09 20,77 16,14 12,63 10,53 10,31 9,51 9,04 7,82 9,96 19,88 15,28
1987 24,62 20,88 25,09 19,31 15,07 12,95 10,39 8,85 9,27 8,27 10,97 25,27 15,91
1988 19,89 47,79 24,80 19,03 17,56 13,49 11,48 9,37 7,94 9,72 15,44 16,80 17,78
1989 20,56 22,91 26,31 22,09 14,93 13,06 11,32 9,98 10,54 11,40 13,48 21,24 16,48
1990 20,48 15,17 16,31 15,93 12,94 10,48 10,28 9,45 10,81 10,06 10,54 10,99 12,79
1991 45,40 35,53 24,56 22,90 16,73 13,33 11,28 9,77 10,53 11,66 11,77 18,67 19,34
1992 48,41 28,52 17,36 15,67 13,74 11,15 10,79 9,54 13,29 13,39 26,14 25,95 19,50
1993 19,15 15,01 16,48 16,46 11,24 10,36 8,64 7,83 8,64 8,94 8,38 12,06 11,93

2 de
Ano jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Média
1994 20,56 10,39 18,22 16,90 12,94 10,68 8,82 7,69 6,08 6,26 9,13 14,92 11,88
1995 10,90 18,79 10,46 10,89 9,46 7,55 6,92 5,02 6,08 8,25 13,92 15,67 10,33
1996 28,13 16,72 14,85 12,11 10,03 8,83 7,62 7,08 11,34 9,16 22,84 35,42 15,35
1997 68,08 27,52 24,69 15,83 12,62 11,89 9,46 8,68 8,34 8,90 10,93 16,92 18,66
1998 16,61 26,33 16,01 13,80 10,63 9,95 8,43 8,07 7,31 10,89 15,29 17,43 13,40
1999 24,77 16,87 17,40 12,85 9,80 9,39 8,12 7,33 6,08 6,66 10,23 16,34 12,15
2000 26,63 20,64 16,07 12,93 9,63 8,12 7,94 8,49 9,81 6,99 10,22 15,37 12,74
2001 15,67 12,80 12,10 10,23 8,64 7,06 5,93 4,84 4,90 7,49 11,28 19,44 10,03
2002 28,92 27,21 16,60 11,63 10,05 8,46 7,98 6,76 8,37 5,66 11,78 29,70 14,43
2003 36,37 18,13 16,07 12,97 10,55 8,62 8,01 8,27 8,12 9,02 12,31 19,89 14,03
2004 27,87 22,97 23,97 22,05 14,99 12,39 11,76 9,84 7,93 10,27 12,64 25,54 16,85
2005 30,84 45,52 37,48 20,56 16,25 13,29 11,98 10,17 9,55 8,38 14,86 22,60 20,12
2006 12,87 13,26 12,63 12,28 9,55 8,03 6,63 6,16 6,53 8,51 13,82 19,51 10,82
2007 78,60 32,40 13,85 16,20 13,96 11,33 9,44 8,24 7,06 7,56 11,21 16,20 18,84
MIN 10,20 7,91 10,46 10,23 8,51 7,06 5,93 4,84 4,90 5,66 8,38 10,99 4,84
MÉD 47,73 45,34 39,10 28,73 20,60 16,15 13,66 11,82 12,23 13,85 22,22 36,48 25,64
MÁX 180,07 150,94 129,23 70,29 48,24 31,45 25,31 26,82 65,76 39,45 52,49 124,47 180,07

Tabela 2: Série de Vazões da PCH Sossego

Ano jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Média
1934 7.36 11.89 16.41 44.92 20.15
1935 47.42 97.97 42.43 30.42 20.91 16.19 13.47 11.67 14.96 17.71 17.81 33.8 30.4
1936 18.02 28.47 41.45 35.57 20.21 14.3 11.28 9.85 10.68 13.15 17.61 33.12 21.14
1937 55.47 55.65 29.9 31.98 34.63 21.4 15.67 12.59 11.21 22.09 44.01 115.57 37.51
1938 92.15 69.38 62.28 50.18 33.82 26.65 20.61 24.9 17.44 19.58 25.88 58.59 41.79
1939 66.02 51.47 35 35.97 24.74 17.45 14.58 11.42 12.32 13.05 23.41 47.51 29.41
1940 75.68 83.84 70.42 40.1 29.7 22.58 16.72 13.53 13.13 16.55 37.87 64.24 40.36
1941 65.34 39.14 58.79 39.22 22.65 19.73 17 13.04 23.72 19.31 25.72 69.8 34.46
1942 60.3 31.69 53.11 32.52 25.23 17.39 22.55 17.29 13.93 27.17 34.08 58.69 32.83
1943 167.18 119.1 81.23 44.44 28 23.18 17.32 18.3 15.1 36.63 48.73 62.43 55.14
1944 45.63 125.05 88.32 45.21 33.18 22.61 21.72 13.83 11.16 13.01 16.88 47.13 40.31
1945 82.57 60.65 47.67 43.74 28 26.7 18.99 14.11 13.43 13.53 31.16 70.18 37.56
1946 87.54 37.5 45.47 34.45 21.62 16.84 13.04 10.37 9.61 18.28 36.03 30.97 30.14
1947 45.01 62.48 101.67 55.26 30.07 23.01 21.12 18.02 22.72 24.76 43.78 62.49 42.53
1948 45.94 64.26 69.91 39.33 27.17 20.17 16.49 15.86 13.97 15.37 25.79 79.82 36.17
1949 80.57 83.12 54.84 32.22 23.42 22.77 20.05 14.13 12.97 19 25.17 41.96 35.85
1950 72.36 78.96 46.14 40.1 28.62 19.54 15.17 12.03 11.01 14.13 26.92 38.03 33.58
1951 56.18 58.62 72.41 46.95 27.73 22.07 16.72 13.54 10.98 12.1 11.51 30.93 31.65
1952 85.63 140.15 83.65 55.69 34.04 29.06 21.8 18.42 21.18 17.9 46.18 69.85 51.96
1953 34.43 45.11 33.45 37.41 25.87 17.83 14.65 13.04 13.59 11.96 28.89 49.25 27.12
1954 26.48 24.37 16.75 25.76 21.8 16.25 14.05 12.31 10.62 10.63 13.62 22.13 17.9
1955 49.94 34.41 27.59 31.41 19.52 14.35 10.19 8.5 7.75 9.72 28.14 60.91 25.2
1956 52 24.95 35.6 23.93 21.96 18.63 14.11 15.76 10.89 10.81 24.05 57.31 25.83
1957 54.79 52.25 70.91 65.26 31.42 21.18 17.6 12.73 16.05 14.34 23.89 66.25 37.22
1958 29.81 33.85 27.3 32.62 27.14 20.04 16.46 11.63 17.67 21.88 38.83 34.02 25.94
1959 43.65 23.64 48.47 24.86 17.08 14.68 10.93 18.27 9.78 9.65 35.97 35.02 24.33
1960 44.17 71.75 119.98 46.25 28.8 20.52 16.5 13.72 12.08 13.42 19.78 38.86 37.15
1961 156.38 113.26 112.58 64.13 41.08 27.6 20.72 15.4 11.54 11.5 18.41 28.45 51.75
1962 51.34 80.03 42.93 28.35 23.89 20.14 16.12 13.68 14.68 18.1 28.39 39.19 31.4
1963 37.21 34.78 27 19.36 16.14 14.22 11.95 10.88 8.31 9.03 16.22 13.72 18.24
1964 73.32 94.07 50.5 38.23 26.55 19.31 21.91 15.39 14.27 19.96 39.5 88.08 41.76
1965 105.47 136.72 86.28 49.83 44.79 29.2 23.5 20.38 14.77 31.25 46 19.95 50.68
1966 47.93 21.3 19.4 18.46 13.74 8.98 9.01 8.39 7.09 9.86 25.7 24.5 17.86
1967 52.07 47.13 38.98 26.73 19.72 16.04 13.64 11.08 9.98 9.59 13.83 19.33 23.17
1968 21.04 15.3 21.43 12.92 9.95 8.66 8.83 8.39 8.4 9.84 8.12 16.46 12.44
1969 19.26 18.35 19.12 13.93 10.49 9.91 9.8 9.27 8.36 10.23 16.26 20.86 13.82
1970 15.28 11.49 11.38 10.22 8.28 7.08 7.53 7.22 9.97 10.31 13.48 12.5 10.4
1971 9.47 7.34 12.94 10.15 7.9 8.84 6.16 5.31 8.5 9.52 21.61 33.05 11.73
1972 22.27 23.52 35.62 22.09 15.29 11.82 11.78 10.21 9.41 13.68 16.71 26.2 18.22
1973 26.06 35.36 19.59 15.57 14.36 11.32 10.66 9.15 8.77 11.6 20.16 18.63 16.77

3 de 9
Ano jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Média
1974 17.87 13.88 15.6 16.38 11.65 11.52 9.05 7.26 6.1 8.77 9.68 17.81 12.13
1975 38.03 31.3 17.65 14.76 12.28 10.62 10.01 7.55 7.36 11.62 14.92 13.63 15.81
1976 12.09 13.84 11.89 9.9 8.99 7.38 7.64 7.64 10.87 12.98 17.09 30.72 12.59
1977 28.6 23.38 16.69 17.75 12.69 10.36 9.05 7.58 9.66 8.43 20.43 32.63 16.44
1978 39.68 31.05 21.26 16.66 14.84 13.09 11.23 10.13 8.88 8.66 16.52 17.12 17.43
1979 22.3 72.25 25.98 17.73 19.74 15.98 13.91 12.75 13.67 11.42 20.83 22.65 22.43
1980 45.14 35.54 20.29 21.16 15.85 12.86 11.26 10.14 9.42 11.87 14.88 43.72 21.01
1981 40.62 27.27 27.17 21.6 16.29 13.42 11.66 9.92 8.42 10.04 18.03 31.97 19.7
1982 32.84 17.94 44.58 63.89 36.75 15.39 12.6 12.44 10.25 13.03 11.26 26.84 24.82
1983 53.09 27.52 31.19 30.04 20.28 25.67 17.64 12.86 61.05 31.73 36.94 40.81 32.4
1984 28.56 19.2 17.83 17.08 14.04 11.07 9.69 9.78 9.23 8.58 12.76 18.31 14.68
1985 44.92 40.25 45.95 25.97 19.15 14.87 12.58 11.7 11.6 11.21 14.14 20.51 22.74
1986 29.37 23.3 19.28 14.98 11.73 9.78 9.58 8.83 8.4 7.26 9.25 18.46 14.18
1987 22.86 19.39 23.3 17.93 13.99 12.03 9.65 8.22 8.61 7.68 10.18 23.47 14.77
1988 18.47 44.37 23.02 17.66 16.3 12.52 10.66 8.7 7.37 9.03 14.34 15.6 16.5
1989 19.09 21.27 24.43 20.51 13.86 12.13 10.51 9.27 9.79 10.58 12.52 19.72 15.31
1990 19.01 14.08 15.14 14.79 12.01 9.73 9.55 8.77 10.04 9.34 9.78 10.2 11.87
1991 42.15 32.99 22.81 21.26 15.53 12.38 10.48 9.07 9.78 10.83 10.93 17.33 17.96
1992 44.94 26.48 16.12 14.55 12.76 10.36 10.01 8.86 12.34 12.44 24.27 24.09 18.1
1993 17.78 13.94 15.3 15.28 10.43 9.62 8.02 7.27 8.02 8.3 7.78 11.19 11.08
1994 19.09 9.64 16.92 15.69 12.02 9.92 8.19 7.14 5.64 5.81 8.48 13.85 11.03
1995 10.12 17.45 9.71 10.11 8.78 7.01 6.42 4.66 5.65 7.66 12.93 14.55 9.59
1996 26.12 15.53 13.78 11.25 9.31 8.2 7.07 6.57 10.53 8.51 21.21 32.89 14.25
1997 63.21 25.55 22.92 14.7 11.72 11.04 8.79 8.06 7.74 8.26 10.15 15.71 17.32
1998 15.42 24.45 14.87 12.81 9.87 9.24 7.82 7.49 6.79 10.11 14.2 16.19 12.44
1999 23 15.66 16.16 11.93 9.1 8.72 7.54 6.8 5.64 6.19 9.5 15.17 11.29
2000 24.72 19.17 14.92 12 8.94 7.53 7.37 7.88 9.11 6.49 9.49 14.27 11.83
2001 14.55 11.88 11.23 9.5 8.02 6.55 5.5 4.5 4.55 6.95 10.47 18.05 9.31
2002 26.85 25.27 15.41 10.8 9.34 7.86 7.41 6.27 7.77 5.25 10.93 27.58 13.4
2003 33.77 16.83 14.92 12.04 9.8 8 7.44 7.68 7.54 8.38 11.43 18.46 13.02
2004 25.88 21.33 22.25 20.47 13.91 11.5 10.91 9.13 7.36 9.53 11.74 23.72 15.64
2005 28.63 42.26 34.8 19.09 15.09 12.34 11.12 9.44 8.87 7.78 13.8 20.98 18.68
2006 11.95 12.31 11.73 11.4 8.87 7.46 6.16 5.72 6.06 7.9 12.83 18.11 10.04
2007 72.98 30.08 12.85 15.05 12.96 10.52 8.77 7.65 6.56 7.02 10.41 15.04 17.49
MIN 9.47 7.34 9.71 9.5 7.9 6.55 5.5 4.5 4.55 5.25 7.78 10.2 4.5
MÉD 44.32 42.1 36.31 26.68 19.13 15 12.68 10.98 11.35 12.86 20.63 33.87 23.81
MÁX 167.18 140.15 119.98 65.26 44.79 29.2 23.5 24.9 61.05 36.63 48.73 115.57 167.18

Tabela 3: Série de Vazões da PCH Caju

ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA
1931 52,97 46,83 38,91 29,31 21,93 18,08 15,48 13,36 13,83 16,32 29,62 41,90 28,21
1932 57,80 57,43 39,60 25,26 25,51 22,27 16,60 14,97 13,48 17,03 30,12 79,31 33,28
1933 69,96 45,40 38,85 29,12 22,95 18,09 18,53 14,60 15,66 17,47 21,89 50,44 30,25
1934 57,43 20,96 24,51 22,70 20,15 15,34 12,35 10,61 11,29 12,67 15,54 47,39 22,58
1935 35,48 82,42 35,23 27,57 19,77 16,47 14,10 12,60 12,42 14,60 16,28 28,25 26,27
1936 13,04 20,96 32,55 23,89 13,98 12,54 10,42 9,17 10,48 11,11 14,35 31,62 17,01
1937 49,76 47,45 25,01 22,89 23,76 16,35 13,29 10,55 9,36 14,79 33,67 88,66 29,63
1938 60,54 40,72 36,23 30,18 23,27 19,15 14,85 18,09 13,17 15,78 17,28 38,35 27,30
1939 52,56 37,10 20,65 26,07 17,15 13,60 12,42 10,17 10,48 9,67 16,22 26,82 21,08
1940 46,33 52,07 42,28 23,64 18,21 15,34 12,23 10,55 11,17 13,41 30,56 45,96 26,81
1941 38,10 21,46 31,93 26,19 16,90 14,85 15,10 10,98 18,34 17,59 18,09 42,03 22,63
1942 45,77 22,45 36,36 21,83 18,09 14,10 16,40 12,67 10,92 21,58 26,19 59,80 25,51
1943 129,8 76,81 55,87 33,67 24,70 22,39 17,91 17,03 17,22 29,62 29,94 58,80 42,81
1944 41,10 86,17 53,56 33,17 25,51 19,77 17,84 14,60 12,17 13,60 18,21 37,17 31,07
1945 56,99 49,08 36,11 34,30 23,95 21,14 17,15 14,10 13,66 11,92 24,63 50,19 29,44
1946 61,04 27,07 28,13 27,88 18,21 15,41 12,42 10,92 10,05 16,72 27,88 21,33 23,09
1947 26,75 40,78 76,19 35,36 21,77 18,96 17,53 16,53 18,09 24,08 26,32 57,30 31,64
1948 40,72 41,72 53,44 29,31 22,70 18,46 14,79 12,73 12,35 11,98 18,40 81,80 29,87
1949 69,33 80,56 47,89 32,18 23,32 22,27 17,84 14,47 12,29 16,10 20,33 48,76 33,78
1950 71,83 55,18 37,73 31,99 24,95 18,96 15,72 12,79 11,54 14,97 33,74 36,79 30,52

4 de 9
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA
1951 51,13 53,25 57,80 39,60 27,13 22,39 18,09 15,66 13,04 13,23 11,48 27,25 29,17
1952 73,70 89,91 63,72 43,52 30,06 31,05 23,83 20,27 22,02 20,40 42,09 61,79 43,53
1953 28,50 32,24 28,75 31,18 24,33 17,84 14,91 13,10 14,47 11,48 27,13 40,41 23,70
1954 26,50 17,09 13,17 19,52 18,71 13,54 10,98 9,93 9,24 8,74 12,23 16,03 14,64
1955 34,61 17,71 12,23 14,35 11,48 9,98 7,86 6,87 6,02 7,24 16,10 43,15 15,63
1956 36,36 12,98 20,21 12,23 13,54 13,10 9,86 9,49 7,49 7,93 11,86 45,33 16,70
1957 33,86 36,11 34,24 44,09 21,71 17,09 14,72 11,54 13,04 11,42 17,40 61,29 26,38
1958 20,71 24,33 17,22 19,96 17,71 13,91 15,04 9,93 13,23 17,59 25,26 19,27 17,85
1959 30,75 14,35 24,95 16,35 11,67 10,23 8,49 11,04 7,43 7,74 17,71 23,39 15,34
1960 24,38 33,24 62,48 25,32 18,21 14,41 13,23 11,73 9,80 10,36 12,85 30,25 22,19
1961 113,6 76,19 56,18 35,42 26,94 20,65 16,72 13,54 11,23 9,42 12,42 22,58 34,57
1962 36,36 74,32 30,80 20,40 17,53 14,85 12,98 10,86 11,42 14,03 20,77 46,02 25,86
1963 32,49 24,14 18,53 14,28 11,17 9,61 9,11 8,05 6,62 6,36 12,29 11,48 13,68
1964 44,71 62,29 28,94 22,33 17,53 13,91 16,90 12,10 12,23 21,02 28,69 62,48 28,59
1965 79,93 104,3 66,84 38,91 41,10 26,26 22,20 19,65 14,66 25,88 38,23 35,54 42,79
1966 96,77 37,45 33,90 34,36 24,82 17,35 16,68 14,49 12,94 18,34 57,21 48,78 34,42
1967 96,55 84,97 69,53 46,58 35,69 29,31 23,87 19,24 17,43 17,42 28,36 37,47 42,20
1968 41,02 32,64 42,05 23,80 17,99 15,44 15,74 15,04 15,53 17,95 15,07 32,40 23,72
1969 40,73 29,72 31,68 22,42 15,53 16,48 15,39 13,36 11,26 14,82 25,98 34,28 22,64
1970 27,59 17,46 17,32 14,98 11,63 9,51 10,58 9,78 14,76 15,55 22,83 20,24 16,02
1971 13,25 9,92 19,54 13,88 10,77 12,41 8,45 7,70 12,61 13,88 36,97 58,75 18,18
1972 34,26 35,51 49,97 31,65 21,87 15,91 16,15 13,61 13,05 24,23 32,99 50,74 28,33
1973 48,67 67,49 35,56 27,27 24,29 18,12 17,00 14,12 13,35 19,29 37,43 34,45 29,75
1974 33,59 25,07 28,84 28,95 19,09 18,49 13,97 11,01 9,28 13,93 15,71 33,09 20,92
1975 69,17 57,04 30,41 25,23 20,53 16,98 16,21 11,66 11,42 20,95 30,19 23,83 27,80
1976 20,23 23,67 19,96 15,72 13,75 11,13 11,90 12,84 18,87 23,88 34,00 59,38 22,11
1977 59,14 40,95 27,15 29,78 19,79 15,18 13,05 10,92 14,71 12,75 41,00 60,68 28,76
1978 78,59 54,12 35,36 26,03 23,01 19,73 16,23 14,40 12,40 11,98 32,21 30,86 29,58
1979 40,34 140,4 62,95 41,62 31,75 25,30 21,77 19,50 21,07 17,37 37,26 42,00 41,78
1980 84,64 60,08 31,40 34,82 24,50 18,99 16,25 14,74 13,71 19,62 24,86 83,76 35,61
1981 69,09 45,86 46,17 35,94 26,20 20,58 17,57 14,30 11,74 14,99 33,71 56,84 32,75
1982 58,32 30,62 76,75 60,17 31,31 25,22 19,35 20,36 15,40 21,54 18,38 54,88 36,02
1983 97,22 49,07 52,73 54,36 35,42 46,76 29,56 20,83 52,04 60,91 68,76 78,20 53,82
1984 51,04 33,50 33,33 31,01 24,57 17,41 14,93 15,11 14,35 13,29 25,70 35,16 25,78
1985 91,78 75,89 82,59 45,49 32,99 24,22 19,82 17,87 18,14 17,48 25,21 38,51 40,83
1986 53,45 40,78 33,03 24,46 18,12 14,51 14,46 13,10 12,33 10,63 14,20 39,81 24,07
1987 44,29 34,25 42,05 30,83 22,57 18,86 14,36 12,10 12,80 11,40 17,36 47,90 25,73
1988 33,62 81,31 41,05 30,01 28,15 20,55 16,71 13,00 10,88 13,60 24,03 28,70 28,47
1989 37,52 38,12 45,00 35,72 23,33 19,71 16,04 14,13 14,79 17,02 21,73 44,71 27,32
1990 34,65 24,05 27,06 25,37 19,22 14,62 14,22 12,82 15,80 14,34 15,40 17,11 19,56
1991 89,77 59,75 41,27 38,28 26,24 19,68 16,02 13,64 15,04 17,80 18,63 33,29 32,45
1992 94,10 48,65 28,45 24,48 20,83 15,93 15,49 13,41 21,87 22,88 50,80 48,40 33,77
1993 34,00 24,20 28,86 28,94 17,99 16,41 12,99 11,76 13,13 13,91 12,89 20,42 19,62
1994 38,98 16,72 33,62 32,48 22,36 17,29 13,30 11,31 9,74 9,77 14,58 29,97 20,84
1995 18,31 35,70 17,11 18,17 14,84 11,30 10,38 8,24 9,79 14,25 26,88 30,50 17,96
1996 53,98 30,34 26,62 20,41 15,87 13,54 11,37 10,66 20,38 14,85 50,11 68,21 28,03
1997 98,51 41,65 46,50 28,46 22,04 20,31 15,02 13,70 13,13 14,39 18,73 33,13 30,46
1998 32,36 53,81 29,27 25,04 17,84 15,93 12,94 12,48 10,91 18,97 29,65 34,80 24,50
1999 49,58 31,97 33,39 23,95 16,86 15,68 13,48 11,99 10,58 11,46 18,71 34,20 22,65
MÉDIA 52,32 45,47 38,08 28,91 21,56 17,84 15,20 13,17 13,70 16,08 25,41 42,67 27,53
MÁX 129,8 140,4 82,59 60,17 41,10 46,76 29,56 20,83 52,04 60,91 68,76 88,66 140,4
MÍN 13,04 9,92 12,23 12,23 10,77 9,51 7,86 6,87 6,02 6,36 11,48 11,48 6,02

Tabela 4: Série de Vazões da PCH São Sebastião do Alto

ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉD.
1931 51 45.2 37.7 28.4 21.3 17.5 15 12.9 13.4 15.7 28.6 40.4 27.3
1932 55.6 55.3 38.2 24.4 24.6 21.5 16.1 14.5 13.1 16.5 29.1 76.3 32.1
1933 67.3 43.7 37.4 28.1 22.2 17.5 17.9 14.2 15.2 16.9 21.2 48.6 29.2
1934 55.3 20.3 23.7 21.9 19.5 14.9 12 10.3 11 12.3 15.1 45.6 21.8
1935 34.2 79.3 34 26.6 19.1 15.9 13.7 12.2 12.1 14.2 15.8 27.3 25.4

5 de 9
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉD.
1936 12.7 20.3 31.4 23.1 13.6 12.2 10.1 8.9 10.2 10.8 13.9 30.5 16.5
1937 47.9 45.7 24.1 22.1 22.9 15.8 12.9 10.3 9.1 14.3 32.5 85.3 28.6
1938 58.3 39.2 34.9 29.1 22.5 18.5 14.4 17.5 12.8 15.3 16.7 37 26.3
1939 50.6 35.8 20 25.2 16.6 13.2 12.1 9.9 10.2 9.4 15.7 25.9 20.4
1940 44.6 50.1 40.7 22.8 17.6 14.9 11.9 10.3 10.9 13 29.5 44.3 25.9
1941 36.7 20.7 30.8 25.3 16.4 14.4 14.6 10.7 17.7 17 17.5 40.5 21.9
1942 44.1 21.7 35 21.1 17.5 13.7 15.9 12.3 10.6 20.9 25.3 57.5 24.6
1943 124.8 73.9 53.8 32.5 23.8 21.6 17.3 16.5 16.7 28.6 28.9 56.6 41.2
1944 39.6 82.9 51.6 32 24.6 19.1 17.3 14.2 11.8 13.2 17.6 35.8 30
1945 54.9 47.3 34.8 33.1 23.1 20.4 16.6 13.7 13.3 11.6 23.8 48.3 28.4
1946 58.7 26.1 27.1 26.9 17.6 14.9 12.1 10.6 9.8 16.2 26.9 20.6 22.3
1947 25.8 39.3 73.3 34.1 21 18.3 17 16 17.5 23.3 25.4 55.1 30.5
1948 39.2 40.2 51.4 28.3 21.9 17.9 14.3 12.4 12 11.6 17.8 78.7 28.8
1949 66.7 77.5 46.1 31 22.5 21.5 17.3 14 11.9 15.6 19.7 47 32.6
1950 69.1 53.1 36.4 30.9 24.1 18.3 15.2 12.4 11.2 14.5 32.5 35.5 29.4
1951 49.2 51.3 55.6 38.2 26.2 21.6 17.5 15.2 12.7 12.8 11.2 26.3 28.1
1952 70.9 86.5 61.3 41.9 29 30 23 19.6 21.3 19.7 40.5 59.5 41.9
1953 27.5 31.1 27.7 30.1 23.5 17.3 14.4 12.7 14 11.2 26.2 38.9 22.9
1954 25.6 16.5 12.8 18.9 18.1 13.1 10.7 9.7 9 8.5 11.9 15.5 14.2
1955 33.4 17.1 11.9 13.9 11.2 9.7 7.7 6.7 5.9 7.1 15.6 41.6 15.1
1956 35 12.6 19.5 11.9 13.1 12.7 9.6 9.2 7.3 7.7 11.5 43.7 16.2
1957 32.6 34.8 33 42.5 21 16.5 14.3 11.2 12.7 11.1 16.8 59 25.5
1958 20 23.5 16.7 19.3 17.1 13.5 14.6 9.7 12.8 17 24.4 18.6 17.3
1959 29.7 13.9 24.1 15.8 11.3 10 8.3 10.7 7.3 7.6 17.1 22.6 14.9
1960 23.5 32 60.1 24.4 17.6 14 12.8 11.4 9.5 10.1 12.5 29.2 21.4
1961 109.2 73.3 54.1 34.1 26 20 16.2 13.1 10.9 9.2 12.1 21.8 33.3
1962 35 71.5 29.7 19.7 17 14.4 12.6 10.6 11.1 13.6 20.1 44.3 25
1963 31.3 23.3 17.9 13.9 10.9 9.4 8.9 7.9 6.5 6.2 11.9 11.2 13.3
1964 43.1 59.9 27.9 21.6 17 13.5 16.4 11.8 11.9 20.3 27.7 60.1 27.6
1965 76.9 100.2 64.3 37.5 39.6 25.3 21.4 19 14.2 25 36.8 34.3 41.2
1966 93 37.2 33.9 33.4 24.4 16.4 16 14.4 12.8 17.7 52.6 47.5 33.3
1967 93.7 82.7 67.4 45.8 35 28.7 23.8 19 17.2 16.9 26.9 36.1 41.1
1968 39.4 30.4 40.3 23.1 17.4 15.1 15.4 14.7 15 17.4 14.6 30.1 22.8
1969 37.1 27.9 29.5 20.9 14.6 14.7 14.1 12.6 10.9 14.1 24.5 32 21.1
1970 24.8 16.4 16.3 14.2 11 9.2 10 9.4 14 14.6 20.8 18.7 15
1971 12.7 9.6 18.9 13.5 10.3 11.9 8.1 7.3 11.7 13.1 34.6 54.7 17.2
1972 32.9 34.6 49 31.1 21.6 15.8 15.9 13.4 12.5 23.3 31 47.8 27.4
1973 46.5 65.5 34.1 26.3 23.8 17.8 16.7 13.8 13.1 18.8 36.5 33.1 28.8
1974 31.8 23.8 28.2 28.1 18.6 18.3 13.7 10.8 9.2 13.8 15.2 32.2 20.3
1975 66.7 55.2 29.8 24.7 19.9 16.6 15.7 11.3 11.1 19.6 28.5 22.9 26.9
1976 19.6 23.2 19.6 15.3 13.5 11 11.6 12.2 18.4 22.7 31.7 56.8 21.3
1977 56.9 39.6 26.2 29 18.9 14.5 12.4 10.3 13.8 11.9 38.7 58 27.5
1981 68.2 45 46 35.3 25.8 20.2 17.1 13.9 11.4 14.4 31.7 55.3 32
1982 57.2 29.6 76.1 57.1 29.9 24.4 18.8 19.3 14.7 20.9 17.2 52.7 34.8
1983 94.3 47 51.4 52.2 33.9 44.5 28.7 19.8 49.7 56.7 65.1 73.4 51.4
1984 48.7 32.1 30.9 29 23 16.5 14 14.2 13.4 12.4 23.5 32.5 24.2
1985 86.1 72 79.7 43.7 31.8 23.4 19 17.3 17.4 16.7 23.9 37.1 39
1986 51.7 39.6 32 23.7 17.4 13.9 13.7 12.4 11.7 10.1 13.5 38.4 23.2
1987 42.2 33.6 42.2 30.6 22.4 18.5 14 11.8 12.4 11 16.6 46.5 25.1
1988 32.6 79.6 40.4 29.8 27.6 19.9 16.2 12.6 10.5 13.2 23.8 27.5 27.8
1989 35.6 37.7 44.2 35.4 22.7 19.2 15.7 13.6 14.6 16.3 20.7 43.1 26.6
1990 34.4 23.5 26.7 24.8 18.8 14.2 13.9 12.5 15.5 13.9 15 16.5 19.1
1991 88.2 58.4 40.7 37.5 25.8 19.3 15.6 13.2 14.6 17.1 17.7 32.1 31.7
1992 91.8 47.3 27.6 24.1 20.3 15.4 14.9 12.9 21.3 22.1 47.9 46.5 32.7
1993 33.7 24 28.6 28.7 17.7 16 12.8 11.6 12.9 13.6 12.6 20.1 19.4
1994 38 16.3 32.9 31.3 22.1 16.8 13.1 11.2 9.4 9.6 14.3 28.9 20.3
1995 17.7 34.8 16.6 17.6 14.5 11.1 10.3 8.1 9.6 13.5 25.6 29.5 17.4
1996 52.3 29.6 25.8 19.9 15.5 13.3 11.2 10.5 19.6 14.3 47.3 65.8 27.1
1997 91 39.8 45.1 27.6 21.1 19.6 14.5 13.2 12.7 13.8 18.1 31.8 29
1998 31 52.7 28.3 24.1 17.2 15.5 12.6 12.1 10.8 18 28.5 34.1 23.7
1999 47.9 31.6 33 23.5 16.8 15.8 13.6 12.3 10.8 11.6 18.3 32.9 22.3
MÉDIA 50.4 43.9 36.9 28 20.9 17.3 14.8 12.8 13.3 15.5 24.3 41 26.6

6 de 9
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉD.
MÁX 125 134 79.7 57.1 39.6 44.5 28.7 19.8 49.7 56.7 65.1 85.3 134
MÍN 12.7 9.6 11.9 11.9 10.3 9.2 7.7 6.7 5.9 6.2 11.2 11.2 5.9

Tabela 5: Série de Vazões da PCH Santo Antônio

ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉD
1931 34.9 31.4 26.8 19.9 14.6 11.8 10 8.62 9.01 10.8 19.7 27.6 18.8
1932 37.8 37.6 26.1 16.9 17 14.9 11.3 10.2 9.28 11.6 20 51.7 22
1933 45.7 29.8 25.6 19.4 15.4 12.3 12.5 10 10.7 11.8 14.7 33.1 20.1
1934 37.6 14.1 16.4 15.2 13.6 10.5 8.55 7.43 7.87 8.18 10.4 28.3 14.8
1935 24.8 51.4 23 17.5 12.6 10.4 8.99 8.08 8.93 10.5 10.9 18.7 17.1
1936 9.91 15.2 22.1 17.5 10.1 8.06 6.63 5.88 6.53 7.47 10 19.9 11.6
1937 30.3 29.7 16.1 16 17.1 11.1 8.64 6.99 6.29 11.1 23.4 57.7 19.5
1938 42.9 30.7 28 22.9 16.5 13.4 10.4 12.7 9.09 10.5 12.7 27.8 19.8
1939 35 25.4 16.2 18 12.3 9.22 8.09 6.59 6.94 6.87 11.9 21.5 14.8
1940 35.1 37.7 31.6 18.2 13.9 11.1 8.59 7.26 7.39 9.02 20.6 35.8 19.7
1941 29.1 17.6 25.6 18.9 11.6 10.2 9.55 7.24 12.5 11 12.9 31.7 16.5
1942 30.8 15.9 26.2 15.8 12.7 9.32 11.6 8.92 7.46 14.6 17.6 34.5 17.1
1943 81.7 54 38.7 22.4 15.5 13.4 10.5 10.6 9.79 19.6 22.7 35.6 27.9
1944 25.3 59.1 39.6 22.5 17.1 12.5 11.7 8.58 7.15 8.22 10.6 24.8 20.6
1945 40.1 31.6 24.2 22.6 15.2 14.1 10.7 8.5 8.19 7.71 16.6 35 19.5
1946 41.9 18.6 21.3 18.2 11.7 9.61 7.68 6.56 6.12 10.6 19.5 15.4 15.6
1947 20.6 31.3 50.5 25.6 15.1 12.3 11.4 10.3 12.1 14.5 20.9 35.5 21.7
1948 25.2 30.7 35.1 19.8 14.6 11.4 9.31 8.58 7.94 8.19 13.2 48.2 19.4
1949 42.9 46.6 29.6 18.9 13.8 13.5 11.3 8.63 7.65 10.4 13.4 27.5 20.4
1950 43.1 37.8 24.3 21 15.7 11.4 9.27 7.56 6.95 8.89 18.2 22.1 18.9
1951 31 32.4 36.9 24.9 16.2 13.2 10.4 8.84 7.38 7.75 7.1 17.3 17.8
1952 46.9 63.2 41.5 28.7 18.7 17.8 13.5 11.6 13 11.5 26.9 38.1 27.6
1953 18.5 22.2 18.2 20 14.8 10.6 8.89 7.91 8.5 7.15 17.1 26.1 15
1954 15.8 12.2 8.98 13.4 12 8.89 7.57 6.81 6.1 5.95 7.86 11.7 9.77
1955 26.2 15 11.5 13.2 9.1 7.28 5.56 4.82 4.38 5.27 13.2 31.8 12.3
1956 26.1 11 16.2 10.5 10.4 9.37 7.17 7.54 5.62 5.75 10.9 31.3 12.7
1957 25.1 25.3 30.1 31.5 15.4 11.2 9.59 7.35 8.77 7.83 12.3 36.9 18.4
1958 14.8 17.1 13 15.5 13.1 10 9.42 6.56 9.39 12.2 18.9 15.7 13
1959 21.6 11.1 20.9 12.1 8.5 7.46 5.94 8.79 5.32 5.41 15.6 17 11.6
1960 20 29.8 49.8 20.3 13.6 10.3 8.84 7.68 6.67 7.27 9.81 20.6 17.1
1961 74.6 52.3 45.9 27.8 19.5 14.1 11 8.66 6.96 6.41 9.21 15.1 24.3
1962 25.5 43.9 21.4 14.3 12.1 10.3 8.67 7.37 7.82 9.58 14.4 25 16.7
1963 20.3 17.1 13.3 9.91 8.11 7.12 6.39 5.79 4.7 4.81 8.62 7.74 9.49
1964 33.2 45 22.5 17.4 12.8 9.78 11.4 8.2 8.02 12.3 20.4 42.4 20.3
1965 52.1 66.5 42.7 25.4 24.9 16.3 13.5 11.9 8.84 16.9 24.8 26 27.5
1966 59.9 25.7 26.3 25.7 17.8 11.8 10.9 9.63 8.64 12.4 36.3 34.8 23.3
1967 60 55.1 43.9 29.3 21.4 17.1 14.4 11.2 10.2 10.4 17 23.7 26.1
1968 24.6 20 30 16.3 11.7 9.68 9.93 9.27 9.24 10.9 8.97 19.9 15
1969 26.8 20.7 22.3 15.5 9.94 8.85 8.91 8.05 6.96 10 19.3 24.6 15.2
1970 20.2 12.4 12.1 10.2 7.8 6.79 7.13 6.88 9.78 10.8 14.3 12.9 10.9
1971 9.42 7.19 12.3 9.32 7.25 7.88 5.61 5.24 7.46 8.46 21.2 34.2 11.3
1972 20.8 22.9 29 19.9 14.7 10.3 10.4 8.87 7.85 19.5 21.4 32.7 18.2
1973 30.8 44.7 21.9 17.1 15.4 11.1 10.4 8.42 8.11 12.3 25.6 20.9 18.9
1974 19.5 15.4 20.8 19.2 12.3 12.1 8.96 7.22 6.12 9.82 10.3 23.9 13.8
1975 43.9 37.4 20 16.7 13.3 11.3 10.5 7.64 7.82 13.4 18.5 15.8 18
1976 14.5 17.9 15.5 11.7 9.92 8.18 8.55 8.67 13.3 16.9 23 36.6 15.4
1977 40.8 26.2 17.8 18.8 12.6 9.57 8.42 7.26 9.09 7.96 27.2 35 18.4
1978 48.9 32.6 21.2 15.9 14.5 12.1 9.78 9.03 7.59 7.44 21.4 18.4 18.2
1979 27.2 89 40 27 20.1 15.6 13.9 12 13.9 11.3 22.5 26.9 26.6
1980 50.3 34.2 18.7 20.1 14.1 11.3 9.83 9.36 8.4 12.2 17.6 50.6 21.4
1981 42.8 29.8 29.8 22.5 16 12.5 11.1 8.82 7.22 10 20.5 36.7 20.6
1982 37.6 20.2 51.4 36.7 19.2 16 11.8 12.9 9.45 16.9 11.6 35.7 23.3
1983 61.2 29.7 37.9 33.7 21.9 29.9 18.3 12.9 34.2 36.9 47.2 52.7 34.7
1984 30.3 16.7 15.2 17.8 14.5 10.3 9.04 9.44 9.19 8.09 17.9 21.4 15
1985 60.9 48 50.7 27 20.2 15.4 12.2 11.4 11 11.5 18.9 27.6 26.2

7 de 9
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉD
1986 38.9 32 28.3 19.9 14.4 11.1 8.98 8.67 8.44 7.58 9.32 31.5 18.3
1987 28 23.2 31.2 22.1 16.9 15.2 10.4 8.46 9.13 7.64 11.7 32.1 18
1988 21.4 58.4 28.1 21.4 21.2 14.8 12.2 8.93 7.24 10.4 18.6 19.3 20.2
1989 23.4 26.2 30 24.9 16 13.5 11.3 9.06 10.5 10.8 14.1 31.5 18.4
1990 23.1 15.3 20.2 17.7 13.7 9.81 10.3 8.76 12.1 10.7 11.5 12.5 13.8
1991 62.7 43.6 28 25.7 19 13.4 11.1 8.61 10.8 12.4 13.6 24.4 22.8
1992 69 32.7 19.1 17.6 13.9 10.6 10.1 9.07 15.9 17.1 35.6 35.6 23.9
1993 22.7 16.5 19.8 19.5 12.9 11.9 7.93 7.38 8.6 9.12 7.54 15 13.2
1994 29.8 12.2 26.7 24.5 17.8 11.6 8.87 8.1 5.76 6.55 12.1 21.3 15.4
1995 12.8 24.2 13 11.8 11.5 8.11 7.89 6.36 6.33 9.55 17.3 21.7 12.5
1996 34.5 19.9 17.8 12.1 10.3 9.45 8.08 8.08 14 10.9 31 39.8 18
1997 51.8 24.5 27.5 18.4 13.1 12.9 8.99 7.94 7.97 9.25 12.7 20.7 18
1998 21.2 40 19.5 17.1 12.4 10.9 8.48 8.31 8 13.2 21.2 24.8 17.1
1999 33.7 24.4 25.7 16.7 12.5 11.2 9.46 8.65 7.19 7.8 13.5 22.2 16.1
MÉD 34.3 30.6 26.3 19.6 14.4 11.7 9.84 8.54 8.94 10.7 17.2 28 18.3
MÁX 81.7 89 51.4 36.7 24.9 29.9 18.3 12.9 34.2 36.9 47.2 57.7 89
MÍN 9.42 7.19 8.98 9.32 7.25 6.79 5.56 4.82 4.38 4.81 7.1 7.74 4.38

Tabela 6: Série de Vazões da PCH Boa Vista

ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Med
1966 93,8 42,5 38,8 36,9 26,4 15,6 15,5 14,2 11,9 17,5 53,4 51,2 34,8
1967 97,4 88,2 73,9 52,3 39,3 31,5 26,1 20,1 17,5 16,8 27,8 39,5 44,2
1968 42,9 31,2 43,7 24,5 17,5 14,8 15,1 14,2 14,4 15,9 11,2 28,6 22,9
1969 35,9 29,3 30,6 21,4 15,0 14,0 14,0 13,1 11,5 14,7 25,7 33,5 21,6
1970 24,6 16,9 16,8 14,7 11,5 9,79 10,4 10,1 14,7 14,9 20,7 18,9 15,3
1971 13,4 10,4 20,3 14,5 10,9 12,5 8,73 7,88 12,0 13,6 36,0 54,8 17,9
1972 35,6 38,1 54,8 34,8 23,7 17,4 17,5 14,6 13,2 21,7 27,1 48,0 28,9
1973 51,8 70,3 38,9 30,5 27,9 20,6 19,1 15,8 15,1 21,6 41,7 37,8 32,6
1974 35,8 26,7 32,1 32,5 21,4 21,2 15,6 12,2 10,4 15,9 17,1 36,9 23,2
1975 72,6 61,3 35,0 28,9 22,9 19,0 17,7 12,7 12,5 21,6 31,1 26,1 30,1
1976 22,6 26,9 22,8 17,5 15,5 12,4 12,9 13,2 20,9 25,5 34,7 61,5 23,9
1977 60,2 47,1 32,9 35,9 23,9 18,4 15,6 12,7 17,1 14,4 43,7 64,2 32,2
1978 80,4 62,4 42,6 32,8 28,9 24,8 20,4 18,0 15,2 14,9 35,3 34,0 34,1
1979 45,3 123 64,4 44,2 31,0 24,9 21,2 19,2 21,0 16,7 33,5 38,1 40,2
1980 69,0 54,3 33,8 42,4 31,2 24,2 20,5 17,9 16,3 22,8 30,1 85,3 37,3
1981 77,0 53,5 54,2 42,9 32,2 25,5 21,4 17,4 14,3 17,8 36,6 62,9 38,0
1982 64,9 35,8 84,6 61,6 34,6 30,0 23,6 23,4 18,2 25,5 20,7 57,5 40,0
1983 99,4 54,1 61,7 59,1 40,4 51,0 35,1 24,2 50,7 61,6 70,7 77,6 57,1
1984 55,7 38,3 35,5 33,8 27,2 20,0 16,9 17,2 15,9 14,7 26,3 36,9 28,2
1985 87,5 69,3 68,9 40,4 30,2 22,9 18,8 17,2 17,1 16,4 22,6 34,2 37,1
1986 46,7 37,2 30,6 23,2 17,2 13,8 13,5 12,3 11,6 10,0 13,3 34,2 22,0
1987 36,6 30,8 38,5 28,5 25,3 22,3 16,8 13,9 14,7 12,9 19,1 50,4 25,8
1988 37,2 84,4 46,1 35,3 32,3 23,5 19,2 14,8 12,4 15,6 28,2 31,3 31,7
1989 39,2 43,4 49,7 41,2 26,7 22,7 18,8 16,1 17,5 19,0 23,8 45,4 30,3
1990 39,7 27,6 31,2 29,0 22,5 17,0 16,7 15,0 18,4 16,4 17,4 18,4 22,5
1991 89,6 64,1 46,3 42,8 30,4 23,1 18,7 15,6 17,3 20,0 20,1 36,0 35,3
1992 92,5 52,6 31,9 28,5 24,2 18,4 17,7 15,2 24,5 23,7 50,5 50,3 35,8
1993 35,6 26,9 30,2 30,4 18,6 16,8 13,5 12,2 13,7 14,3 13,3 21,1 20,5
1994 39,3 16,9 34,2 32,1 23,2 17,5 13,8 12,0 9,81 10,1 15,1 29,5 21,1
1995 18,3 36,1 17,1 18,1 15,2 11,8 10,9 8,62 10,0 13,6 25,9 29,7 17,9
1996 53,6 30,8 26,7 20,6 16,1 13,9 11,9 11,1 20,1 14,7 46,6 66,4 27,7
1997 105 44,1 46,4 28,5 21,5 20,1 15,0 13,6 13,1 14,2 18,6 32,3 31,0
1998 31,5 54,1 29,0 24,7 17,6 16,0 13,2 12,6 11,5 18,1 28,5 33,2 24,2
1999 46,9 30,9 32,3 22,3 15,7 14,9 12,7 11,5 9,84 10,7 16,9 31,2 21,3
2000 53,5 39,1 30,1 22,6 15,3 12,7 12,4 13,5 16,5 11,1 17,3 29,0 22,8
2001 30,1 22,9 21,2 16,7 13,6 11,1 9,63 8,44 8,51 12,4 19,7 40,1 17,9
2002 54,4 50,6 30,2 19,5 16,2 13,2 12,5 10,7 13,2 9,41 20,4 62,0 26,0
2003 67,3 33,7 29,6 22,5 17,2 13,5 12,5 13,1 12,7 14,6 21,8 38,6 24,8
2004 53,1 43,8 44,5 41,0 26,8 21,1 19,8 15,7 12,4 17,0 23,3 49,0 30,6
2005 58,7 82,1 68,7 38,0 29,5 23,1 20,2 16,4 15,2 13,2 27,1 42,8 36,3

8 de 9
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Med
2006 22,3 23,6 22,0 21,2 15,1 12,5 10,5 10,1 10,4 13,5 26,0 37,0 18,7
2007 150 60,3 24,9 29,5 24,6 18,8 15,2 12,8 11,1 12,2 19,3 30,3 34,1
Med 56,4 45,6 39,2 31,4 23,2 19,2 16,5 14,3 15,3 17,2 27,6 42,0 29,0
Min 13,4 10,4 16,8 14,5 10,9 9,79 8,73 7,88 8,51 9,41 11,2 18,4
Max 150 123 84,6 61,6 40,4 51,0 35,1 24,2 50,7 61,6 70,7 85,3

9 de 9
ANEXO 3 – Campos dos Goytacazes

1 de 15
A seguir apresenta-se as informações coletadas do município de Campos dos Goytacazes e que
pelas razões metodológicas expostas anteriormente, foram removidas do Diagnóstico Ambiental
da Bacia do Rio Grande.
A região de Campos era, originalmente, habitada pelos índios Goitacá, que significa, em tupi-
guarani, para alguns, corredores da mata, para outros, índios nadadores, definição que bem se
enquadra a essa nação, habitante das lagoas.
Campos dos Goytacazes começou a ser desbravada pelo homem branco com a doação da
Capitania de São Tomé a Pero de Góis da Silveira, que havia chegado ao Brasil com a expedição
colonizadora de Martim Afonso de Souza, em 1530, e posteriormente a seu filho Gil de Góis.
No entanto, devido aos constantes ataques dos Goitacás, que haviam destruído a população da
Vila da Rainha, fundada em 1538, e depois Vila de Santa Catarina das Mós, próxima ao Rio
Itabapoana, Pero Góis da Silveira acabou abandonaram a povoação e retornando a Portugal, em
1570.
A efetiva colonização da região somente iria começar em 1627, quando o Governador-Geral,
Martim Corrêa de Sá, doou algumas glebas da capitania a sete capitães: Miguel Maldonado,
Miguel da Silva Riscado, Antônio Pinto Pereira, João de Castilhos, Gonçalo Corrêa da Sá, Manuel
Corrêa e Duarte Corrêa, que construíram, em 1633, currais para gado, próximos à lagoa Feia e à
Ponta de São Tomé em reconhecimento pelo seu heroísmo nas lutas contra os índios e piratas na
colonização das terras.
Dos sete capitães, apenas Miguel Riscado se estabeleceu nas terras recebidas. Os demais
alugaram as áreas que lhes cabiam a colonos ou as doaram aos padres jesuítas e beneditinos.
O Governador do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, em 1648, conseguiu a
doação das terras da Capitania de São Tomé, que, desde 1615, passara a chamar-se Capitania
da Paraíba do Sul, para seus filhos Martim Corrêa de Sá e Benevides, primeiro Visconde de
Asseca; e João Corrêa de Sá. Em poucos anos, a povoação prosperou, sendo elevada à
categoria de vila em 1677.
Os limites originais da capitania não foram respeitados e os impostos e taxas criados fizeram com
que muitos colonos fossem expulsos.
Iniciou-se, assim, um longo período de violentos conflitos de terras que envolviam, de um lado, os
Asseca e, de outro, os descendentes dos sete capitães e criadores de gado. Foram cem anos de
domínio dos Asseca, até que, em 1748, explodiu um levante chefiado pela fazendeira Benta
Pereira que, aos 72 anos, a cavalo e armada de pistolas, chefiou o combate, que acabou por
derrotar os Asseca.
Não tardou, porém, a repressão ao levante, ordenada pelo Governador do Rio de Janeiro, que
devolveu o poder aos derrotados.
Finalmente, em 1752, apesar dos protestos dos Asseca, a Capitania do Paraíba do Sul foi
incorporada à Coroa Portuguesa.
Um ano depois, foi anexada à Capitania do Espírito Santo, somente voltando a pertencer à
Província do Rio de Janeiro em 1832.
No ano seguinte, foi criada a Comarca de Campos e, em 28 de março de 1835, a Vila de São
Salvador foi elevada à categoria de cidade com o nome de Campos dos Goitacases, e agora os
canaviais se estendiam pela planície, entre o rio Paraíba do Sul e a lagoa Feia.
Em 1875, já havia 245 engenhos de açúcar, com 3.610 fazendeiros estabelecidos na região. A
primeira usina, construída em 1879, chamou-se Usina Central do Limão e pertencia ao Dr. João
José Nunes de Carvalho. Com a riqueza trazida pela cana-de-açúcar, a cidade cresceu e se
desenvolveu; as construções de sobrados e solares confortáveis se espalharam por todas as

2 de 15
áreas próximas ao rio Paraíba do Sul. Uma poderosa aristocracia agrária surgiu da atividade
açucareira e passou a influir na política e no poder do Império.
Por sua importância, Campos recebeu quatro vezes a visita de D. Pedro II: a primeira em 1883,
quando o imperador inaugurou a luz elétrica da cidade, que passou a ser, assim, a primeira cidade
da América do Sul a contar com este avanço tecnológico.
Os campistas participaram das campanhas abolicionistas, com José do Patrocínio e Luiz Carlos
de Lacerda; e republicana, na qual se destacou Nilo Peçanha, que foi Presidente do Estado do
Rio de Janeiro, Vice-Presidente e Presidente da República.
A importância de Campos se verifica por sua contribuição à história, sobretudo por sua grande
importância econômica na produção de açúcar e, mais recentemente, de álcool combustível, e na
extração de petróleo e gás natural em sua bacia litorânea.

1 - ORGANIZAÇÃO SOCIAL E ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL

1.1 - ASSOCIAÇÕES

A seguir apresenta-se as associações do município de Campos dos Goytacazes levantados para


o referido trabalho.
Associação Filantrópica João Barreto da Silva
Associação de Pais de Pessoas Especiais
Fundação Leão Xiii
Fundação Municipal do Menor
Acic - Associação Comercial e Industrial de Campos
Campos dos Goytacazes (RJ) Sindicato dos Empregados no Comércio de Campos
Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense-Sindipetro-Nf
Sindicato Rural de Campos
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metal Mec Mat Elet de Campo
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Campos
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Cerâmicas e Olarias
Fonte: Ministério das Comunicações, 02/2011.
Quadro 1: Associações do município de Campos dos Goytacazes

1.2 - ASSENTAMENTOS RURAIS

Segundo informado pelo INCRA, até o ano de 2008 haviam no estado do Rio de Janeiro 19
assentamentos rurais. A partir destes foram expedidos 1.059 títulos, que contemplava 1.085
beneficiários. Dentre estes, cabe elucidar que 26 títulos foram cancelados. Na área de influência
do estudo foram encontrados seis assentamentos rurais em Campos dos Goytacazes, titulados
nos anos de 2003, 2006, 2009 e 2010. Estes assentamentos obtiveram 152 títulos expedidos,
sendo um cancelado, e beneficiando 152 pessoas. Vide o quadro com detalhamento dos
assentamentos e anos de titulação.
Assentamento Titulos Expedidos Títulos Cancelados Beneficiários Ano
PA TERRA CONQUISTADA 11 0 11 2009
PA OZIEL ALVES I 33 0 33 2006
PA JOSUÉ DE CASTRO 33 1 33 2006
PA NOVO HORIZONTE 24 0 24 2003, 2006 e 2009
PA ZUMBI DOS PALMARES 44 1 44 2009 e 2010
PA ILHA GRANDE 7 0 7 2009
Fonte: Incra, 2010
Tabela 1: Assentamentos existentes no município de Campos dos Goytacazes.

3 de 15
1.3 - COMUNIDADES SENSÍVEIS

No município de Campos dos Goytacazes foi encontrado comunidades sensíveis no que consiste
ao grupo de quilombolas. Segundo dados da Fundação Palmares, há cinco quilombos no
município de Campos dos Goytacazes, denominada comunidade Aleluia, Batatal, Cambucá e
Conceição de Imbé – ambas certificadas em 2005, a saber Aleluia, Batatal, Cambucá, Conceição
de Imbé, de acordo com o FCP, 2010.
Não há informações sobre terras indígenas na região.

2 - IDENTIDADES ESPACIAIS

2.1 - ORGANIZAÇÃO E DINÂMICA TERRITORIAL

2.1.1 - Dinâmica Territorial


Conforme exposto no texto do Diagnóstico Ambiental da Bacia do Rio Grande, Campos dos
Goytacazes possui a extensão territorial mais importante do estado do Rio de Janeiro, porém
participa em apenas 0.01% na bacia do Rio Grande.
Sendo assim, o município é o que mais contribui para a economia do Rio de Janeiro, com uma
participação de 8,49% no PIB estadual, segundo dados do IBGE (2008), porém pouco contribui
para a economia na Bacia do Rio Grande.
Vale ressaltar que a dinâmica territorial de Campos dos Goytacazes está centrada na exploração
de petróleo, no comércio, cerâmica e agricultura.

2.1.2 - Demografia
Uma vez compreendido que as atividades de Campos dos Goytacazes concentram-se no
Petróleo, Comércio e Cerâmica, pode-se compreender a diferença entre a população urbana e
rural, tendo 373.585 pessoas a mais na área urbana, correspondendo a 90% da população total.
Município Total Urbana Rural
Campos dos Goytacazes 463.545 418.565 44.980
Fonte: Censo Demográfico de 2010.
Tabela 2: Distribuição rural/ urbana em Campos dos Goytacazes

2.2 - BASE ECONÔMICA

O número de estabelecimentos por tipo de atividade, pode ser visualizado para o município na
Tabela 3, onde pode-se perceber o maior número de estabelecimentos são de comércio;
reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos, seguido por estabelecimentos
da indústria de transformação. Dentre as atividades selecionadas e expostas na tabela, o menor
número de estabelecimentos são da industria extrativa.
Agricultura, Comércio; reparação
pecuária, de veículos Saúde e
Indústrias Indústrias de
Município Total silvicultura e Construção automotores, objetos Educação serviços
extrativas transformação
exploração pessoais e sociais
florestal domésticos
Campos dos Goytacazes 9.488 82 24 695 526 5.168 335 236
Fonte: IBGE, 2006
Tabela 3: Estabelecimentos por atividade econômica em Campos dos Goytacazes

A seguir apresenta-se os estabelecimentos agropecuários no município de Campos dos


Goytacazes. Percebe-se que pela extensão do território do município, a quantidade de

4 de 15
estabelecimentos é muito elevada e então, desproporcional perante sua participação na bacia do
Rio Grande.
Área dos Estabelecimentos Campos dos Goytacazes - RJ
De 0 a 1 ha 787
De 1 a menos de 2 ha 753
De 2 a menos de 3 ha 857
De 3 a menos de 4 ha 291
De 4 a menos de 5 ha 654
De 5 a menos de 10 ha 1312
De 10 a menos de 20 ha 1059
De 20 a menos de 50 ha 770
De 50 a menos de 100 ha 386
De 100 a menos de 200 ha 225
De 200 a menos de 500 ha 204
De 500 a menos de 1000 ha 48
De 1000 a menos de 2500 ha 19
De 2500 ha e mais 4
Produtor sem área 118
Fonte: IBGE, 2006.
Tabela 4: Estabelecimentos agropecuários por hectare em Campos dos Goytacazes

Campos dos Goytacazes possui a definição de Base Econômica em Processo de Expansão


Industrial, onde os setores de comércio e de serviços têm apresentado grande dinamismo em
função do crescente desempenho da economia.
No cenário regional, Campos é o mais importante polo econômico na Região Norte Fluminense.
Em 2008, o município apresentou um Produto Interno Bruto (a Preços Correntes) de R$
1.556.200,00; enquanto a Região toda somava R$ 29.125.709,00. Em termos de participação no
PIB, o município representou 8,5% do total do Estado. (IBGE, 2008).
Além disso, em Campos dos Goytacazes estão concentradas as principais indústrias da região,
enquanto que em Macaé a principal atividade é a extração de petróleo e extração e
beneficiamento de gás natural da Bacia de Campos, a Região Norte Fluminense apresentou, a
partir de 1996 especialização em oito atividades econômicas, sendo cinco no ramo da indústria:
extração de petróleo e serviços correlatos, fabricação de produtos de minerais não-metálicos,
fabricação de produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos, extração de minerais não-
metálicos, fabricação de produtos alimentícios e bebidas, pesquisa e desenvolvimento, transporte
aquaviário e construção. Sendo assim, percebe-se o reforço do novo eixo econômico da região,
ligado às atividades de extração e processamento de petróleo.
Entretanto, a despeito do avanço do setor industrial a economia agrária de Campos ainda se
mantém enfrentando antigos problemas. A começar pela questão fundiária que ao longo do tempo
vem dando origem aos conflitos pela posse e uso da terra resultando em vários assentamentos.
Nesse contexto, a presença da agricultura familiar que convive com empresários rurais detentores
de grandes extensões de terra, onde seus titulares não participam diretamente da produção, mas
através de administradores (aqui se inclui as Usinas, os grandes fornecedores de cana-de-açúcar
e os pecuaristas extensivos); pecuaristas que verticalizaram a produção, beneficiando e
comercializando-a; horticultores e fruticultores, que também são fornecedores de cana e unidades
familiares, cuja força de trabalho contratada se equivale à familiar. Nesse universo tem-se a
pecuária de corte, a pecuária mista, a cana-de-açúcar, a fruticultura, a indústria leiteira, a
horticultura.
Por fim, têm-se como principais características da BE III:

• Relevância das atividades indústrias com tendência a expansão;

• Expansão do setor de serviços como atividade suporte a produção industrial e ao processo


de urbanização que o acompanha;

• Mobilidade da força de trabalho entre as áreas / polos industriais.

5 de 15
2.3 - USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

A seguir o detalhamento da produtividade agrícola e pecuária no município de Campos dos


Goytacazes, visando um melhor entendimento do seu uso e ocupação do solo.

2.3.1 - Agricultura
Campos dos Goytacazes - RJ
Lavoura Permanente Área plantada (Ha) Quantidade produzida Valor da produção (Mil Reais)
Abacate 8 168 101
Banana (cacho) 328 2296 1263
Café (grão) 15 9 23
Caqui - - -
Coco-da-baía (frutos) 166 4000 1600
Goiaba 25 450 180
Laranja 91 910 410
Limão 12 180 90
Manga 39 624 281
Maracujá 20 300 210
Tangerina 4 36 22
Total 708 8973 4180
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2009.
Tabela 5: Lavouras Permanentes/ Quantidades produzidas no município de Campos dos Goytacazes

Campos dos Goytacazes - RJ


Lavoura Temporária Área plantada (Ha) Quantidade produzida (Toneladas) Valor da produção (Mil Reais)
Batata-doce 39 468 187
Batata-inglesa - - -
Cana-de-açúcar 73030 3651480 153362
Feijão (em grão) 27 19 29
Mandioca 615 11070 5535
Milho (em grão) 370 851 340
Tomate 12 276 152
Total 74093 3664164 159605
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2009.
Tabela 6: Lavouras Temporárias/ Quantidades produzidas no município de Campos dos Goytacazes

2.3.2 - Pecuária
A atividade agropecuária é também muito expressiva no município de Campos dos Goytacazes,
como pode ser percebido a seguir.
Pecuária Campos dos Goytacazes - RJ
Bovino 241.000
Equino 7.800
Bubalino 680
Asinino 40
Muar 650
Suíno 6.800
Caprino 1.000
Ovino 5.000
Galos, frangas, frangos e pintos 46.000
Galinhas 30.000
Codornas 800
Coelhos 300
Total 340.070
Fonte: IBGE, 2009.
Tabela 7: Efetivo de Rebanho no município de Campos dos Goytacazes

Tipo de produto Campos dos Goytacazes


Leite (Mil litros) 22.000
Produção de origem animal
Ovos de galinha (Mil dúzias) 350
Valor da produção (Mil Reais) Total 13.734
Leite 13.200

6 de 15
Tipo de produto Campos dos Goytacazes
Ovos de galinha 490
Fonte: IBGE, 2009
Tabela 8: Produção agropecuária no município de Campos dos Goytacazes

2.3.3 - Finanças Pública


O município de Campos dos Goytacazes, teve grande participação do valor adicionado bruto a
preços correntes da indústria, conforme pode ser visualizado na Tabela 9. Em um outro nível de
análise por setor econômico, pode-se perceber que Campos dos Goytacazes registrou elevado
valor na agropecuária, assim como na indústria e na área de serviços.
Produto Interno Valor adicionado Valor adicionado
Valor adicionado bruto a Valor adicionado bruto
Unidade da Federação e Bruto a preços bruto a preços bruto a preços
preços correntes da a preços correntes dos
Município correntes (Mil correntes total (Mil correntes da
agropecuária (Mil Reais) serviços (Mil Reais)
Reais) Reais) indústria (Mil Reais)
Campos dos Goytacazes 29.125.709 28.777.760 78.734 24.382.368 4.316.658
Fonte: IBGE, 2008
Tabela 9: PIB de Campos dos Goytacazes e setor econômico

No que se refere às finanças municipais, ou seja, receitas e despesas, destaca-se a Cota-parte de


Royalties do Petróleo, importante atividade em Campos dos Goytacazes, porém não definido de
acordo com dados levantados do Tesouro Nacional em 2008.

2.3.4 - Emprego e renda


É preciso elucidar a diversificação econômica do município de Campos dos Goytacazes como
pode-se perceber com a Tabela 10 abaixo, que mostra o número de pessoal ocupado em demais
atividades econômicas. Pode-se ver que dentre estas, se destaca o comércio e a indústria de
transformação, com o maior número de pessoas ocupadas. A pesca é a atividade contribuindo
com apenas 9 empregos.

Atividades No. de empregos em Campos dos Goytacazes


Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 2670
Pesca 9
Indústrias extrativas 207
Ind. de transformação 9662
Construção 5422
Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos 23953
Transporte, armazenamento e comunicação 3382
Educação 5510
Saúde e serviços sociais 6953
Fonte: IBGE, 2006.
Tabela 10: Geração de empregos por atividade no município de Campos dos Goytacazes

Conforme mostra a Tabela 11 abaixo, pode-se ver que a população economicamente ativa (PEA)
se encontra majoritariamente na área urbana, onde Campos dos Goytacazes possui uma
discrepância considerável entre sua PEA por área.
Municípios PEA - Rural PEA - Urbana PEA - Total
Campos dos Goytacazes 15.701,11 163.820,70 179.521,81
Fonte: IPEADATA, 2000
Tabela 11: População Economicamente Ativa no município de Campos dos Goytacazes

Observando-se a renda per capita, num comparativo entre 1991 e 2000, pode-se ver houve
crescimento, apesar de pequeno se comparado aos demais municípios da Bacia do Rio Grande.

7 de 15
Índice de Desenvolvimento Humano
Município Renda per capita, 2000 Renda per capita, 1991
Municipal - Renda, 2000
Campos dos Goytacazes (RJ) 0,693 247,2 190,56
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 12: Índice de Desenvolvimento em Campos dos Goytacazes

Quanto à intensidade da pobreza e intensidade da indigência, deve-se elucidar que tais dados são
úteis para ilustrar o empobrecimento, ou não, do município. O indicador de intensidade da pobreza
mostra o percentual que falta para um indivíduo alcançar uma renda mensal domiciliar per capita
acima de R$ 75,50; em suma, quanto falta para o indivíduo deixar de ser pobre. No que se refere
à intensidade da indigência, ou seja, o percentual que falta para um indivíduo alcançar uma renda
mensal domiciliar per capita maior que R$ 37,75, passando de indigente a pobre. Para o município
de Campos dos Goytacazes, verifique a Tabela 13.
Município Intensidade da indigência, 2000 Intensidade da pobreza, 2000
Campos dos Goytacazes 42,94 38,29
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 13: Taxa de pobreza de Campos dos Goytacazes

O índice de GINI mede o grau de distribuição da renda (ou em alguns casos, os gastos com o
consumo) entre os indivíduos em uma economia. Medido com referência ao desvio de uma
distribuição perfeita, um índice de GINI zero implica em uma perfeita equanimidade na distribuição
da renda, enquanto que um índice de 100 implica na perfeita desigualdade.
Conforme mostra a Tabela 14, pode-se ver que houve uma queda na desigualdade de renda, no
período de 1991-2000.
Município Índice de Gini, 1991 Índice de Gini, 2000
Campos dos Goytacazes 0,62 0,58
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 14: Índice de GINI em Campos dos Goytacazes

2.4 - QUALIDADE E MODO DE VIDA

2.4.1 - Educação
Realizado o levantamento de dados secundários junto ao Ministério da Educação e ao Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Através do Censo Escolar
(2009), foi possível obter o entendimento da infraestrutura educacional, o número de
estabelecimentos e matrículas. Além destes, obteve-se ainda o nível de escolaridade da
população e alfabetização.
É preciso elucidar que são utilizadas as denominações Ensino Fundamental e Ensino Médio para
os ensinos de 1º e 2º graus, respectivamente. A Educação Infantil pode ser oferecida em creche
ou equivalente, para crianças de até 3 anos; ou na pré-escola, para crianças de 4 a 6 anos de
idade. Os alunos da Classe de Alfabetização estão incluídos na Educação Pré-Escolar. A Classe
de Alfabetização é o conjunto de alunos que são reunidos em sala de aula para aprendizagem de
leitura e escrita, durante um semestre ou um ano letivo, que não sejam alunos da 1ª série do
Ensino Fundamental.
O número de estabelecimentos escolares e a oferta de matrículas para a Educação Infantil,
Classes de Alfabetização, Fundamental e Média, relativas ao ano de 2009, estão distribuídos por
rede de ensino conforme mostram as Tabela 15 e Tabela 16.
Pode-se ver, tendo em consideração a dimensão populacional, que Campo dos Goytacazes
possui maior número de estabelecimentos educacionais público municipais.
Município Rede Municipal Rede Estadual
Campos dos Goytacazes 388 95

8 de 15
Fonte: INEP/MEC, 2009
Tabela 15: Estabelecimentos de ensino em Campos dos Goytacazes

No que se refere ao número de matriculas, há de se destacar que apesar de ter registrado maior
quantidade de estabelecimentos municipais, o contingente de matrículas na rede estadual se
aproxima da rede municipal.
Município Rede Municipal Rede Estadual
Campos dos Goytacazes 51.991 42.431
Fonte: INEP/MEC, 2009
Tabela 16: Tabela Matriculas por rede de ensino em Campos dos Goytacazes.

Uma vez exposto a infraestrutura educacional disponível, tende-se a avaliar a média de anos de
estudos da população de 25 anos ou mais de idade. A média de anos de estudo permite a
visualização da capacitação da mão de obra ativa, por exemplo. Considerando que o ensino
fundamental encontra-se entre 8 e 9 anos de estudo, este índice permite compreender se, em
média, a população trabalhadora possui minimamente o ensino fundamental, que a habilita, por
exemplo para alguns cursos técnicos. Vale ressaltar que até os 25 anos a população tem
condições de completar o ensino de terceiro grau. Sendo assim, o índice permite avaliar a
escolaridade da população, de quem, em tese, já estaria fora da rede de ensino, completado ou
não o ensino médio.
Dito isso, pode-se ver, que Campos dos Goytacazes registra média alta de anos de estudo da
população adulta, com pouco mais de seis anos de estudo. Apesar disto, deve-se ainda esclarecer
que tais números ainda não são os ideais, uma vez que numa média, conclui-se que a população
adulta não possui sequer o ensino fundamental completo.
Município Média de anos de estudo das pessoas de 25 anos ou mais de idade Taxa de alfabetização
Campos dos Goytacazes (RJ) 6,17 89,92
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 17: Taxa de alfabetização em Campos dos Goytacazes

A Tabela 17, mostra com maior detalhamento os anos de estudo da população. De um modo
geral, registrou-se maioria populacional com 4 a 7 anos de estudos. No entanto, cabe chamar a
atenção ao elevado contingente populacional de pessoas sem instrução e com menos de um ano
de estudo.
Grupos de anos de estudo
Município Sem instrução e 1 a 3 4 a 7 8 a 10 11 a 14 15 anos Não
Total
menos de 1 ano anos anos anos anos ou mais determinados
Campos dos Goytacazes - RJ 296.019 25.491 48.895 97.972 52.448 57.434 13.003 776
IBGE, 2000
Tabela 18: Grupos de anos de estudo em Campos dos Goytacazes

2.4.2 - Saúde
O sistema de saúde no país ao longo do tempo foi repassado a responsabilidade das Secretarias
Municipais de Saúde, que trabalham especialmente como gestores municipais do Sistema
Unificado de Saúde – SUS. No que se refere a infraestrutura de saúde na região da área de
estudo, foi identificados alto contingente de estabelecimentos em Campos dos Goytacazes (790).
Para mais detalhes ver a Tabela 19.
Estabelecimentos de Saúde Campos dos Goytacazes
Central de Regulação de Serviços de Saúde 2
Centro de Apoio à Saúde da Família
Centro de Atenção Hemoterapia e/ou Hematologia
Centro de Atenção Psicossocial 4
Centro de Saúde/Unidade Básica 74
Clínica Especializada / Ambulatório de Especialidade 94
Consultório Isolado 527

9 de 15
Estabelecimentos de Saúde Campos dos Goytacazes
Farmácia 1
Hospital Especializado 4
Hospital Geral 11
Policlínica 21
Posto de Saúde 3
Pronto Atendimento 7
Pronto Socorro Especializado 3
Pronto Socorro Geral
Secretaria de Saúde 1
Unidade de Apoio Diagnose e Terapia (SADT ISOLADO) 33
Unidade de Vigilância em Saúde 2
Unidade Móvel de Nível Pré-Hosp URGENCIA/EMERGENCIA 2
Unidade Móvel Terrestre 1
Total 790
Fonte: CNES/Datasus, 09/2010.
Tabela 19: Unidades ambulatoriais em Campos dos Goytacazes

Quanto ao número de leitos hospitalares (Tabela 20), e proporcionalmente ao número de unidades


hospitalares elucidadas anteriormente, Campos dos Goytacazes registra elevado número de
leitos. Além disso, segundo dados do PNUD (2000), foi constatado que Campos dos Goytacazes
possui uma taxa média de mortalidade infantil.
Municípios Cirúrgico Clínico Complementar Obstétrico Pediátrico Outras Especialidades Hospital Dia
Campos dos Goytacazes 462 506 252 154 185 431 9
FONTE: CNES/Datasus, 09/2010.
Tabela 20: Número de Leitos Hospitalares em Campos dos Goytacazes

Quanto a esperança de vida ao nascer a taxa de Campos dos Goytacazes (66,8) é considerada
baixa. Numa análise geral, observando o IDH de longevidade (2000), pode-se concluir que o
município possui um IDH considerado médio, uma vez que compreende valores de 0,5 a 0,79.
Mortalidade até um ano de Esperança de vida ao Índice de Desenvolvimento Humano
Município
idade, 2000 nascer, 2000 Municipal-Longevidade, 2000
Campos dos Goytacazes (RJ) 25,53 66,8 0,697
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 21: Mortalidade infantil, Esperança de vida e IDH-Longevidade em Campos dos Goytacazes

Dentre as principais causas de morbidade registrada na área de influência, tem-se doenças do


aparelho digestivo, geniturinário e respiratório. Campos dos Goytacazes registra elevado
percentual de morbidade por doenças no aparelho circulatório e do aparelho digestivo aparelhos
geniturinário. Vide a Tabela 22 para mais detalhes.
Doenças Neoplasi
Doenças doDoenças doDoenças doDoenças doDoenças Doenças do Doenças sangue
endócrinas as
Municípios aparelho aparelho aparelho aparelho do olho esistema órgãos hemat e
nutr. e (tumores
circulatório digestivo geniturinário respiratório anexos nervoso transt imunitár
metabólicas )
Campos dos
Goytacazes 0 130,53 99,15 0 100 0 0 7,42 337,11
Total geral 195,32 231,29 207,24 166,36 100,72 34,54 83,65 21,22 1040,33
Fonte: SIH/SUS, 2009.
Tabela 22: Causas de Morbidade em Campos dos Goytacazes

2.4.3 - Saneamento Básico


Entende-se por saneamento básico um conjunto de procedimentos adotados numa determinada
região que visa proporcionar uma condição de vida saudável para os habitantes de uma dada
localidade. Dentre os parâmetros do saneamento básico, tem-se o tratamento da água, a
canalização e tratamento de esgotos, a limpeza pública de ruas e avenidas, a coleta e o
tratamento de resíduos orgânicos (em aterros sanitários regularizados) e materiais (através da
reciclagem).

10 de 15
A partir da aplicação destas medidas é que se torna possível garantir melhores condições de
saúde para as pessoas, evitando a contaminação e proliferação de doenças. Ao mesmo tempo,
garante-se a preservação do meio ambiente. Com isto, é de importância central analisar os
indicadores de abastecimento de água, esgoto e resíduos sólidos.
No entanto, antes disto, apresenta-se os dados referente ao número de domicílios com água
encanada e com coleta de lixo (para domicílios urbanos). Campos dos Goytacazes registra ainda
quase 15% de sua população vivendo sem água encanada e quase 8% de pessoas sem coleta de
lixo, percentuais considerados pequenos. Para mais detalhes ver a Tabela 23.
Percentual de pessoas que vivem em Percentual de pessoas que vivem em domicílios
Município
domicílios com água encanada urbanos com serviço de coleta de lixo
Campos dos Goytacazes (RJ) 86,43 92,98
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 23: Percentual de saneamento básico em Campos dos Goytacazes

2.4.4 - Abastecimento de Água


No que se refere ao sistema de abastecimento de água, segundo dados do IBGE (2000), numa
análise geral pode-se concluir que o abastecimento de água nos municípios da área de influência
do presente estudo é feito basicamente através da rede geral, tendo como segundo maior meio de
abastecimento o uso de poços artesianos ou nascentes.
Chama ainda atenção o elevado número de domicílios que não possuem uma forma canalizada
de abastecimento de água, como o caso registrado em Campos dos Goytacazes (1.151) Para
maior detalhamento ver a Tabela 24.
Poço ou nascente (na Outra Outra forma -
Município Total Rede geral
propriedade) forma não canalizada
Campos dos Goytacazes - RJ 112.037 75.882 34.563 1.592 1.151
Fonte: IBGE, 2000
Tabela 24: Tipo de Abastecimento de Água em Campos dos Goytacazes

2.4.5 - Esgotos
Analisando os dados referentes ao destino do esgoto, pode-se ver que positivamente a destinação
preferencial é a rede geral. O segundo maior destino do esgoto domiciliar é a fossa rudimentar.
Chama ainda atenção o elevado número de domicílios sem banheiro nem sanitário em Campos
dos Goytacazes (2.777). (Tabela 25)
Em suma, pode-se considerar que o esgotamento sanitário é relativamente bom.
Rede geral Rio, Não tinham
Fossa Fossa Outro
Município Total de esgoto ou Vala lago ou banheiro nem
séptica rudimentar escoadouro
pluvial mar sanitário
Campos dos Goytacazes - RJ 112.037 38.812 30.306 33.812 3.170 2.815 345 2.777
Fonte: IBGE, 2000.
Tabela 25: Proporção de Moradores por tipo de Instalação Sanitária em Campos dos Goytacazes

2.4.6 - Coleta de Lixo


Quanto aos resíduos sólidos, o destino é majoritariamente a coleta. Observando os dados
expostos na Tabela 26, pode-se ver que a queimada ainda é consideravelmente uma prática
utilizada.
Coleta de lixo Coletado Queimado Enterrado Jogado em terreno baldio ou logradouro Outro destino
Campos dos Goytacazes 87,19 10,64 0,29 1,43 0,45
Fonte: IBGE, 2000
Tabela 26: Destino do lixo por domicilio em Campos dos Goytacazes

11 de 15
2.4.7 - Sistema de Transporte
A região do empreendimento conta com a estrutura de importantes rodovias e ferrovias que
facilitam o acesso a várias regiões do país. Tais vias contribuem consideravelmente para o
escoamento da produção para os grandes centros, principalmente às capitais estaduais, como Rio
de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Vitória.
Dentre as principais rodovias que cortam a região no sentido SW/NE pode-se mencionar a BR-
393, que serve como importante ligação local e, principalmente, interestadual, possibilitando a
conexão da Região Sudeste com o Norte e o Nordeste do País.
Considerada como rodovia de 1a classe, pavimentada, com pista simples, duas faixas de tráfego e
acostamento, segue paralela ao rio Paraíba do Sul, funcionando também como importante
variante da BR-116, absorvendo um tráfego intenso. A sinalização é satisfatória. No entanto, o
fluxo de veículos pesados e o traçado sinuoso — com curvas compostas, pequenas declividades
longitudinais e de pouca visibilidade — impõem a necessidade de se criarem medidas
preventivas, como, por exemplo, sinalizações mais adequadas.
Cabe destacar ainda a BR-040, pavimentada e de pista dupla, que interliga as cidades do Rio de
Janeiro - RJ e Brasília – DF, com 1.148 km e, na sua extensão, propicia o acesso a Juiz de Fora -
MG e Belo Horizonte – MG, e que desta forma também é muito importante para a região. A
estrada é pavimentada, com pista simples, acostamentos irregulares e possui alguns trechos
sinuosos, com curvas compostas e pequenas declividades longitudinais. Embora possua um
tráfego pequeno, principalmente de caminhões que abastecem as comunidades locais e algumas
cidades, necessita de obras de melhoria, devido aos buracos existentes, e de sinalização
adequada.
Por sua vez, a Rodovia RJ-151 inicia-se na BR-040. A rodovia interliga as localidades de Monte
Serrat e Manoel Duarte, em 45 km de trecho pavimentado com pista simples e acostamento
irregular e, daí até o entroncamento com a RJ-137 (nas proximidades de Santa Isabel do Rio
Preto - RJ), em 78 km de trecho não-pavimentado. Desenvolve-se quase que paralelamente ao rio
Preto, apresentando, no seu traçado, trechos sinuosos e curvas compostas.
A frota de veículos presente em Campos dos Goytacazes está descrita na Tabela 27. A maior frota
total é de automóveis, seguida por motocicletas.
Município AUTOMOVEL CAMINHAO CAMINHONETE MICROONIBUS MOTOCICLETA MOTONETA ONIBUS
Campos dos Goytacazes - RJ 81704 5701 7512 604 23956 8461 1063
Fonte: IBGE, 2010.
Tabela 27: Frota de Veículos em Campos dos Goytacazes

Foi identificado a existência de apenas um aeroporto localizado nos municípios da área de


influência, sendo este o Aeroporto Bartolomeu Lisandro de Campos dos Goytacazes.

2.4.8 - Segurança Pública


Quanto as condições de segurança pública, conforme dados expostos na Tabela 28, pode-se ver
que há relativo equilíbrio entre o número de homicídios e vítimas de acidente de trânsito total.
Ainda assim, é superior o número de homicídios, se comparado ao número de vítimas de acidente
de trânsito. Os números elucidam a conjectura dos tempos atuais, nos quais registra-se o
crescimento substancial da violência em todo o país. Deve-se ter ainda em conta o maior acesso
a bens de consumo, como por exemplo, automóveis, especialmente nas grandes capitais do país.
Com o crescente aumento da frota de veículos, o aumento do trafego, as condições de vida no
mundo moderno, com intensa pressão, reflete com alto índice de violência nas vias terrestres.
Os municípios com maior contingente populacional, com maior aglomerado populacional, tendem
a ter os maiores registros de casos de violência na área de influência, como pode-se perceber no
caso de Campos dos Goytacazes, com alto indicador de violência. Para maior detalhamento veja
a Tabela 28.

12 de 15
Vítimas de acidentes de trânsito Homicídios Suicídios
Campos dos Goytacazes 195 177 12
Fonte: Ipeadata, 2002.
Tabela 28: Segurança Pública em Campos dos Goytacazes

2.4.9 - Comunicação Geral e Sistema Elétrico


São oferecidos os serviços de Correios e Telégrafos, contando com agências da EBCT. Quanto ao
sistema televisivo, Campos dos Goytacazes conta com as imagens da TV Globo, TV
Bandeirantes, Rede TV, SBT e TVE, captadas através das estações repetidoras. O município
dispõe ainda de serviços telefônicos, a cargo da companhia de telecomunicação TELEMAR.
Por sua vez, o abastecimento elétrico é realizado pela Ampla Energia e Serviços S.A. Pode-se
considerar o atendimento como bom, servindo não só à zona urbana como também à rural,
chegando à quase totalidade da população abastecida. Segundo dados do PNUD (2000), pode-se
considerar que existe um bom percentual de pessoas que vivem em domicílios com energia
elétrica. Campo dos Goytacazes, por ser estruturado, com economia mais estabilizada, e com
presença de alguns parques industriais, possui percentual elevado, com cerca de 98% de
domicílios com energia elétrica.
O sistema de telecomunicação é ainda um importante elemento que tende a contribuir nesta
conjectura apresentada. Contudo, segundo os dados apresentados na Tabela 29, o número de
pessoas que vivem em domicílios com telefone é baixo.
Percentual de pessoas que vivem Percentual de pessoas que Percentual de pessoas que
Município em domicílios com energia elétrica, vivem em domicílios com vivem em domicílios com
2000 energia elétrica e TV , 2000 telefone, 2000
Campos dos Goytacazes (RJ) 98,51 95,22 36,33
Fonte: PNUD, 2000
Tabela 29: Comunicação Geral e Sistemas Elétricos em Campos dos Goytacazes

2.4.10 - Radiodifusão
Conforme mostra a Tabela 30 abaixo, há um número relativamente representativo de rádios
comunitárias, cinco ao todo, em Campos dos Goytacazes.
Município Radio Comunitária Autorizadas
Associação Comunitária Beneficente Brilhante
Fundação Cultural Saúde de Campos
Campos dos Goytacazes Associação Comunitária Rádio São Thomé
Assoc. Comunit. Rádio Gêneses Fm de Campos dos Goytacazes
Associação Comunitária dos Amigos de Difusão Ética E Moral
Fonte: Ministério das Comunicações, 02/2011.
Tabela 30: Rádios Comunitárias Autorizadas em Campos dos Goytacazes

2.4.11 - Jornais
Os municípios da área de estudo são servidos ainda pela mídia impressa, através de jornais de
abrangência nacional (O Globo, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, O Dia, Lance, Extra e Jornal
do Comércio) e da circulação de jornais locais. Foi encontrado os seguintes jornais locais em
Campos dos Goytacazes:

• Folha da manhã;

• Monitor campista;

• A notícia; e

• A Hora Já.

13 de 15
2.5 - MODOS DE VIDA

Campos dos Goytacazes se encaixa na descrição de Modos de Vida I – Vida Tradicional Marcado
pela Presença de Agricultura Familiar, conforme descrito à seguir.
Entende-se por cultura “caipira”, segundo Diegues (2001)1: “Os caipiras são, hoje, em grande
parte sitiantes, meeiros e parceiros que sobrevivem precariamente em nichos entre as
monoculturas do Sudeste e Centro-Oeste, em pequenas propriedades em que desenvolvem
atividades agrícolas e de pequena pecuária, cuja produção se dirige para a subsistência familiar e
para o mercado.” Dessa forma, pode-se dizer que a cultura caipira sobrevive isoladamente em
pequenas famílias de sitiantes rurais ou em pequenos grupos em bairros rurais, preservando
tradições que remontam as origens e ao modo de vida nas fazendas e sítios.
Além disso, há a possibilidade de ocorrência de luta pela posse da terra, como pôde ser verificado
entre 1998 e 2004, onde ocorreram no estado do Rio de Janeiro 13 ocupações no município de
campos dos Goytacazes (3.003 famílias)2.
Como principais características da MV I têm se:

• Condição de ruralidade em moldes tradicionais;

• Vínculos de dependência da terra.

2.6 - PATRIMÔNIO

2.6.1 - Lazer, Turismo e Cultura


No que consiste o Lazer, Turismo e Cultura no município de Campos dos Goytacazes, foi
realizado o levantamento descrito a seguir que apresenta variados patrimônios históricos e
culturais, entendidos não apenas como bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, mas principalmente como bens valorizados pela sociedade local, que sejam
representativos dos valores culturais de sua população e/ou bens materiais e imateriais
valorizados pela mesa.
Quanto às manifestações culturais e atividades de lazer, além das festas populares e/ou
religiosas, campeonatos de futebol e clubes sociais, localizados na sede municipal, apresenta-se,
a seguir, uma descrição dos principais levantados.
Igreja de Santo Amaro: Sua construção teve início em 1735 e concluída em 1790, tendo sofrido
sucessivas reformas, responsáveis por sua descaracterização. Suas torres datam de 1945. Em
1648, o mosteiro de São Bento recebeu do donatário da capitania, 40 braças de terra, onde se
encontra hoje a sede do distrito de Santo Amaro. Atualmente é o centro da festa em louvor a
Santo Amaro, realizada no mês de janeiro, quando acontecem casamentos, batizados, procissão,
pagamento de promessas e a famosa Cavalhada encenação as batalhas medievais entre mouros
e cristãos;
Igreja Matriz de Nª Sª do Terço: Construída entre os anos de 1813 e 1850, foi ocupada em 1847,
ainda com obra a ser concluída, pelo Liceu Provincial, posteriormente transferido para o Seminário
da Lapa. É uma das mais antigas igrejas da cidade. Sofreu várias interferências através dos anos,
e, a última delas transformou umas de suas laterais em um corredor de lojas e escritórios.
Atualmente passa por novos reparos no telhado;
Igreja Matriz de São Salvador: Foi a primeira igreja de Campos, mandada construir pelo
donatário Salvador Corrêa de Sá e Benevides, em 1652, no local onde hoje esta localizada a
Igreja de São Francisco. Foi transferida para o local onde hoje se encontra em 1678. Em 1722 foi
substituída por outra mais ampla, mais de acordo com o desenvolvimento da Vila. Em 1929, foi
1
Diegues, Antonio Carlos. In Simões L e Lino C.F. (Orgs) - Sustentável Mata Atlântica.
2
Fonte: Dataluta – Banco de Dados da Luta pela Terra, Relatório Preliminar de 2004.

14 de 15
elevada à categoria de Catedral, quando então foi demolido o templo para dar lugar à atual matriz,
em estilo neoclássico. Foi elevada a Basílica Menor em 1965 pelo Papa Paulo VI;
Mosteiro de São Bento: Sua construção teve início na metade do século XVII, por volta de 1636,
sendo concluída somente em fins do século XVIII. Em 1965 um incêndio destruiu parte da igreja,
junto com seu mobiliário. O conjunto é formado pelo convento, capela e cemitério;
Museu Barbosa Guerra: Fundado com o nome de Museu de Imprensa Silva Arcos em 1º de
janeiro de 1931, pelo Dr. Manuel Alberto Barbosa Guerra, que organizou um acervo de jornais e
revistas editadas em Campos e municípios vizinhos desde 1830, bem como reuniu objetos
pertencentes aos índios goytacazes, e aos escravos africanos, que eram trazidos para trabalhar
na produção açucareira. Hoje, além de possuir os exemplares de revistas e jornais, objetos e
mobiliários a antigos, conta com uma videoteca de 500 títulos, uma biblioteca com mais de seis
mil livros, e um laboratório de fotografia;
Museu Espaço da Ciência: Localizado no Horto da cidade.
Foi feito ainda um levantamento junto ao Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), onde
segundo dados deste, há bens culturais registrado em Campos dos Goytacazes, conforme mostra
a Tabela 31.
Bens Culturais Ano
Liceu de Humanidades (antigo Solar do Barão da Lagoa Dourada), na Praça Barão do Rio Branco n° 15 1982
Coreto na Praça Barão do Rio Branco, no distrito sede do município de Campos 1985
Solar do Visconde de Araruama, na Praça São Salvador nº 40. 1987
Conjunto da antiga Estação Ferroviária de Riograndina, que compreende uma ponte ferroviária, residência do administrador
da Rede Ferroviária, a Estação do Trem e o Depósito Ferroviário, no 2º Distrito do Município de Nova Friburgo.
Sede da Legião Brasileira de Assistência, na Rua Augusto Spinelli nº 154.
Faculdade de Odontologia de Nova Friburgo-FONF, na Rua Professor Freese nº 33.
Cúria Metropolitana de Nova Friburgo, na esquina das Ruas Augusto Spinelli e Monsenhor Miranda.
Escola Estadual Ribeiro de Almeida, na Praça Demerval Barbosa Moreira.
Câmara Municipal de Nova Friburgo e Biblioteca de Nova Friburgo, antiga residência do Barão de Nova Friburgo, na Praça 1988
Getúlio Vargas.
Colégio Nossa Senhora das Dores, na Rua Augusto Spinelli, entre as ruas Monsenhor Miranda e Farinha Filho.
Prefeitura Municipal de Nova Friburgo, antiga Estação Ferroviária da Leopoldina Railway, na Av. Alberto Braune;
Capela de Santo Antônio, na Praça do Suspiro;
Catedral Metropolitana de São João Batista ( antiga Igreja Matriz de São João Batista), na Praça Demerval Barbosa Moreira;
Sanatório Naval de Nova Friburgo, na Av. Governador Geremias de Matos Fontes s/n.º
Coreto da Praça João XXIII, incluindo o pequeno Largo que o cerca 1985
Canal Campos-Macaé, trecho urbano do Canal do Cula, em Campos dos Goytacazes 2002
Prédio do Colégio Estadual Nilo Peçanha, situado à Rua Dr. Lacerda Sobrinho, nº119 2003
Fonte: Inepac, 2009.
Tabela 31: Bens Culturais em Campos dos Goytacazes

15 de 15

Você também pode gostar