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JURISPRUDÊNCIA STF

29 de maio de 2019

STF: Não há direito


líquido e certo a
acordo de
colaboração
premiada
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A colaboração premiada é disciplinada


entre os artigos 4º e 7º da Lei nº 12.820/13 e
consiste na possibilidade de que dispõe o
autor do delito de obter o perdão judicial
ou a redução da pena (ou sua substituição),
desde que, de forma eficaz e voluntária,
auxilie na obtenção dos resultados
previstos em lei.

Trata-se de um meio de obtenção de prova


em que o agente colaborador, visando à
obtenção de um dos benefícios elencados
na lei, contribui para a identificação dos
demais coautores e partícipes da
organização criminosa e das infrações
penais por eles praticadas; para a revelação
da estrutura hierárquica e da divisão de
tarefas da organização criminosa; para a
prevenção de infrações penais decorrentes
das atividades da organização criminosa;
para a recuperação total ou parcial do
produto ou do proveito das infrações
penais praticadas pela organização
criminosa; ou para a localização de
eventual vítima com a sua integridade
física preservada (art. 4º, incs. I a V).

De acordo com o disposto no § 1º do art.


4º, a concessão do benefício decorrente da
colaboração deve ser baseada na
personalidade do colaborador, na natureza,
nas circunstâncias, na gravidade e na
repercussão social do fato criminoso e na
eficácia da colaboração. Isto quer dizer que
não obstante o agente confesse a
participação na organização criminosa e
descreva sua estrutura e suas atividades as
autoridades incumbidas podem negar o
benefício se se tratar de algo incompatível
com as circunstâncias do fato criminoso ou
com a perspectiva de eficácia do que foi
revelado.

Ante a negativa que pode advir das


autoridades competentes para celebrar o
acordo, há quem procure, por meio de
mandado de segurança, o reconhecimento
judicial do direito líquido e certo de obter
os benefícios da colaboração uma vez que
de fato tenha havido cooperação de sua
parte. Em decisão recente*, no entanto, o
STF negou a existência desse direito, tendo
em vista que a colaboração premiada é um
negócio jurídico personalíssimo em que a
voluntariedade é um fator marcante e
inafastável.

No caso julgado, o agente afirmava que, ao


longo de dezessete meses, havia
participado de trezes reuniões e longas
entrevistas nas quais havia fornecido
diversos elementos relativos à atividade
criminosa. Mas o Ministério Público se
recusou a formular o acordo porque,
segundo a avaliação de seu representante,
havia baixíssima probabilidade de que os
elementos apresentados pudessem
viabilizar a expansão das investigações.
Para o investigado, todo o processo
envolvendo as reuniões e os relatos
geraram a expectativa de que o acordo
seria formulado.

O ministro Edson Fachin havia negado


seguimento ao mandado se segurança
impetrado e, em sessão realizada ontem
(28/05), a 2ª Turma negou provimento a
agravo regimental. Em seu voto, o ministro
lembrou que, no processo da colaboração
premiada, cada sujeito desempenha um
papel específico, sendo que, por expressa
disposição legal, o juiz não participa do
processo a não ser para avaliar o acordo já
promovido e, caso cumpridos os requisitos
legais, homologá-lo (art. 4º, § 6º).

O relator foi seguido pelos demais


membros da Turma. O ministro Gilmar
Mendes apontou que, para evitar abusos
dos órgãos estatais, nada impede que a
recusa, que, no caso, havia sido de um
órgão do Ministério Público, seja
submetida a controle interno por órgão
superior da instituição, aplicando-se
analogicamente o art. 28 do CPP. O
ministro lembrou ainda a disposição legal
de que, recusado o acordo, nenhum
elemento de prova fornecido pelo agente
pode ser utilizado exclusivamente em seu
desfavor (art. 4º, § 10).

* O número não foi divulgado devido ao


sigilo imposto na tramitação.

Para se aprofundar, recomendamos:

Livro: Código de Processo Penal e Lei de


Execução Penal Comentados por Artigos

#colaboração premiada #crime organizado

#direito líquido e certo #Lei 12.850/13

#mandado de segurança #Processo Penal

Rogério Sanches Cunha


Promotor de Justiça - Estado
de São Paulo; Professor de
Direito e Processo Penal do
CERS Cursos Online e Vorne
Cursos; autor de livros pela
Editora Juspodivm; Fundador
do MeuSiteJurídico.com e do
MeuAppJurídico.

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lamb23344
− ⚑
2 meses atrás

Móveis Turvos ou Inconfessáveis da Delação


Premiada, segundo o ProfºBrasileiro.
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