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em Moçambique
Evolução das Instituições políticas em Moçambique
Órgãos permanentes por meio dos quais se exerce o poder político, as instituições políticas
evoluíram de acordo com o grau de racionalidade alcançado pelos homens.
Assim, conforme MACIEL (2004), fazem parte das Instituições Políticas em geral, os partidos
políticos, os Estados, os Governos, as instituições públicas, os grupos de pressão, sindicatos,
organizações sociais das mais variadas, o chamado terceiro sector, as grandes corporações
económicas, as organizações regionais e internacionais, as entidades de representação
profissional e corporativa, os mídia. Todos se tornaram fundamentais protagonistas do processo
decisório da política.
Em vinte e cinco de Junho de 1975, ao fim de uma década de Guerra Colonial de Libertação
Nacional (1964 – 1974), Moçambique é proclamado: República Popular de Moçambique, pelo
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então segundo Presidente da FRELIMO Marechal Samora Moisés Machel. Samora Machel foi o
primeiro presidente de Moçambique independente e, escolheu para a jovem República, a via
Socialista, fundada na doutrina marxista-leninista. Esta escolha teve a ver com os laços de
amizade e de solidariedade que a FRELIMO desenvolveu com o bloco socialista durante a Luta
Armada de Libertação Nacional (1964 – 1974).
Em 1976 eclode em Moçambique uma guerra civil entre o Governo da FRELIMO e um grupo de
desertores da FRELIMO, liderados por André Matchangaissa (um ex-comandante da
FRELIMO). Estes desertores fundaram a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana),
devido a divergências quanto à escolha do sistema econômico para a jovem República Popular de
Moçambique. A FRELIMO impunha um sistema socialista, enquanto a RENAMO defendia uma
Economia de mercado, isto é, uma economia capitalista para Moçambique. O conflito durou
dezesseis anos, sendo que na maior parte deste período vivia-se a Guerra Fria entre a antiga
URSS e o bloco Ocidental, encabeçado pelos EUA.
A guerra fria veio se reflectindo apoios recebidos por um e por outro lado - A FRELIMO, de
orientação marxista, a partir de 1977, é apoiada por países como a antiga União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS), enquanto que a RENAMO, a partir de 1980, passou a receber
apoio da África do Sul, cessadas as ajudas que inicialmente vinham da Rodésia do Sul após o
colapso do sistema capitalista da Rodésia do Sul (actual Zimbabwe), devido à sua independência
colonial em 1980 da Coroa Britânica, fundando a actual República do Zimbabwe.
Em 1994, a FRELIMO vence as primeiras eleições multipartidárias com 44% de votos contra
38% da RENAMO. Joaquim Chissano, que tinha assumido o cargo, depois da morte de Samora
Machel num acidente de aviação em 19 de Outubro de 1986 (em circunstâncias ainda hoje não
esclarecidas), é reeleito Presidente da República de Moçambique.
Portanto, o histórico aqui traçado reflecte apenas num resumo do conflito político em
Moçambique. No entanto, dentre outras questões, retrata a característica formal de um regime
democrático, fato que remete ao ponto seguinte, no qual pretende-se estudar o funcionamento das
Instituições Políticas moçambicanas para, no fim, fazer-se um enfoque sobre as pretendidas
reformas institucionais em Moçambique visando, entre outras coisas, à participação da sociedade
no poder.
Os acordos de Lusaka1 estabeleceram os passos que seriam seguidos até a obtenção formal da
independência política, cuja data2 foi determinada no contexto das negociações entre as partes
envolvidas. A série de questões abordadas, entre a delegação portuguesa e da FRELIMO, com
vista a solucionar o conflito incluía a transição política de um regime colonial à um novo que
estivesse livre da dominação estrangeira. Essas negociações resultaram na fixação de sete de
Setembro de 1974 como data para término do conflito.
Entre a assinatura desses acordos e a declaração da independência “houve apenas nove meses de
administração provisória (NEWITT, 1995:466). Essa administração foi marcada pela presença de
1
Os dois acordos assinados em Lusaka (acordos de cessar fogo e para a entrega do poder) exprimem a vitória
político-militar da FRELIMO.
2
A FRELIMO escolheu, propositadamente, o dia 25 de Junho de 1975 como data para declaração da independência
para coincidir com o aniversário da sua criação.
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membros seniores da FRELIMO num governo que ficou conhecido por Governo de Transição,
devido à sua missão histórica de transferência progressiva e completa de poderes do sistema
colonialista ao povo moçambicano (BUENDIA, 1999). Tratou-se de um governo composto por
elementos previamente indicados pelo movimento de libertação e pelo governo português, para
garantir que o processo de descolonização não fosse brusco. O processo de passagem de poderes
implicou a existência de um momento no qual os futuros dirigentes de Moçambique se
familiarizaram com a administração do Estado, conhecendo o ponto de situação do aparato estatal
e as formas de seu funcionamento.
Até aqui a análise documental realizada permitiu descrever o processo de formação do Estado
moçambicano, mostrando como esta instituição se configurou a partir da chegada dos
portugueses e a consequente implantação do sistema colonial. Com o término da descrição do
período que antecedeu a independência política, passou-se então para a fase aonde se concentra o
foco desta pesquisa. Trata-se da fase posterior à queda do regime colonial, onde foram criadas
instituições consideradas capazes para garantir um bom funcionamento do Estado, que se criou,
imediatamente, a seguir ao fim do colonialismo.
Através de estudos efectuados por vários pesquisadores, constatou-se que a trajectória política de
Moçambique compreende períodos históricos distintos que correspondem, em larga medida, à
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colonização, à luta anti-colonial e ao período pós-independência. Mas, como adverte MACAMO
(2007), a sociologia política deste país e outros estudos, feitos ao nível das diversas áreas do
conhecimento, têm concentrado suas análises sobre o último período, conferindo destaque ao
processo revolucionário da FRELIMO e essas análises são, também, direccionadas às opções
político-económicas e sociais tomadas após a independência. Indo de acordo com esse ponto de
vista, EGERÖ (1992) e THOMAZ (2001), afirmam que pesquisadores interessaram-se no
projecto nacional do partido FRELIMO que ao conquistar o aparelho de Estado encontrou um
apoio notável por parte de intelectuais e políticos de esquerda internacional, assim como de
milhares de cooperantes provenientes de vários países com a finalidade de participar na
construção da nova sociedade.
A primeira fase, decorrente da luta de libertação nacional, deu-se logo após o alcance da
independência política (25 de Junho de 1975). O governo moçambicano, sob a direcção
da FRELIMO, adoptou um conjunto de medidas visando o derrube do aparelho de Estado
colonial, sua substituição por um outro virado para as massas (de orientação popular),
caracterizado por um forte centralismo e por uma economia planificada. Ou seja, por um
modelo centralizado e centralizador apoiado num partido forte, único e hegemónico.
Também designa-se de fase de constituição do novo Estado.
A segunda fase inicia-se em 1986, quando o modelo administrativo, anteriormente
implantado, conheceu profundas transformações ao nível dos princípios que o norteavam
devido as reformas económicas operadas e que pareciam responder a conjuntura
internacional que tendia a adoptar o modelo liberal.
A terceira fase dá-se com a consolidação do novo quadro político e económico que
verificou-se com a aprovação de uma nova Constituição política, em 1990.
Bibliografia