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Características dos Tratados

Prof. Roberto Caparroz

Olá amigos,

Hoje trazemos um breve resumo sobre os tratados internacionais e suas características.

Espero que as informações sejam úteis a todos!

Tratados são acordos internacionais concluídos por escrito entre Estados ou entre
Estados e Organizações, regidos pelo Direito Internacional. Podem conter um instrumento
único, dois ou mais instrumentos conexos, independente de sua denominação específica.

Podem ser classificados:

a) Em função do número de partes:

• Bilaterais: apenas entre dois Estados ou Estado e Organização;


• Multilaterais: mais de dois Estados ou Organizações.

b) Em função do procedimento para sua conclusão: tratados que exigem ou não


ratificação para o comprometimento jurídico dos Estados.

c) Em relação ao conteúdo:

• De acordo com a natureza: contrato ou norma (em desuso);


• De acordo com a matéria: direitos humanos ou tratados gerais.

Importante: tratados-norma criam regras de direito, em geral comuns às partes, sem


uma contraprestação específica pelos Estados.

Competência para assinar tratados: Chefes de Estado e de Governo (competência


originária); plenipotenciários: Ministro das Relações Exteriores (competência derivada);
outros plenipotenciários: mediante apresentação da “carta de plenos poderes”; delegações:
participam da fase negocial dos tratados.

A Carta de plenos poderes é dispensável: pela prática, quando se presume a pessoa


indicada; em negociações conduzidas por Chefes de Estado, de Governo ou Ministros de
Relações Exteriores; ao Chefe da missão permanente (embaixador), no território da
representação; aos representantes oficiais em Organismos Internacionais, no âmbito de sua
atuação.

Os tratados concluídos normalmente se dividem em três partes:

Preâmbulo: é a introdução ao tratado, na qual se relata os participantes, motivos,


objetivos e circunstâncias do ato negocial, sem força de compromisso (mas
importante para fins de interpretação).
Parte Dispositiva: encerra as normas jurídicas, em linguagem apropriada, com a
disposição em artigos ou cláusulas, que estabelecem as obrigações assumidas
pelos signatários.
Anexos: são normalmente de índole técnica e, portanto, passíveis de maior
mutabilidade. São compostos de procedimentos, gráficos, tabelas, listas de
produtos etc., que possuem caráter vinculante para os signatários.

Assinatura do tratado: é o ato emanado do representante do Estado, que manifesta


sua concordância com o conteúdo. Representa, ao mesmo tempo, o comprometimento e a
autenticação do acordo.

Ratificação: é o ato formal e unilateral de consentimento, em que o país exprime


definitivamente a vontade de obrigar-se. Trata-se, portanto, de ato de governo com alcance
internacional. A competência para ratificar um tratado varia de acordo com a ordem
constitucional de cada país. Não há prazo máximo definido ou sanção no caso de não
ratificação.

Formas de ratificação: ato expresso e formal. Se consubstancia na comunicação à


outra parte, que pode ou não ser simultânea. Pode ser objeto de depósito, especialmente no
caso de tratados multilaterais.

Vigência: em regra, os tratados vigem por tempo indeterminado; permitem adesão aos
seus termos; podem ser objeto de “emendas”, ou, de modo mais amplo, revisões ou reformas.
No caso de violação, enseja o direito de a outra parte considerá-lo extinto ou de suspender o
seu cumprimento.

Extinção: a extinção dos tratados se dá por vontade comum:

a) predeterminação ab-rogatória: quando há termo de vigência;


b) decisão ab-rogatória superveniente: de modo total ou majoritário.

Pode também ocorrer por vontade unilateral mediante denúncia, que se exprime numa
notificação, carta ou instrumento.
Corte Internacional de Justiça

Prof. Roberto Caparroz

Olá Amigos,

Neste mês vamos falar um pouco sobre o mais importante tribunal internacional do planeta, a
Corte Internacional de Justiça, que na cidade da Haia, na Holanda.

Corte Internacional de Justiça

É o principal órgão judiciário da ONU e foi criado em 1946, em substituição à Corte


Permanente de Justiça Internacional (Sociedade das Nações).

A CIJ foi instaurada com base no artigo 92 da Carta das Nações Unidas e possui competência
para julgar litígios entre Estados soberanos.

A Corte é composta de 15 juízes eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança
da ONU, escolhidos entre pessoas que gozem de alta consideração moral e que reúnam as condições
necessárias para o exercício das mais altas funções judiciais em seus respectivos países, ou que sejam
jurisconsultos de reconhecida competência na área do direito internacional.

Os magistrados são eleitos para um mandato de nove anos, com possibilidade de reeleição, e o
exercício das funções se dá em caráter exclusivo, vedada qualquer outra ocupação de caráter
profissional.

A competência da CIJ se estende a todos os litígios submetidos pelos Estados e a todos os


assuntos previstos na Carta das Nações Unidas ou nos tratados e convenções em vigor.

Para a solução das controvérsias a Corte Internacional de Justiça deverá aplicar:

As convenções internacionais, gerais ou particulares, que estabeleçam regras


expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito;
Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
As decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das
diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.

A CIJ possui como idiomas oficiais o inglês e o francês.


O procedimento instaurado perante a Corte tem duas fases, uma escrita e outra oral.

Os representantes dos Estados litigantes gozarão dos privilégios e imunidades necessários


para o livre desempenho de suas funções. Os trabalhos da CIJ serão públicos, salvo se a Corte
dispuser em contrário, ou quando as partes peçam que o público não seja admitido.

A Corte determinará as providências necessárias para o curso do processo, decidirá a


forma e meios a que cada parte deva ajustar seus processos e adotará medidas necessárias para a
exposição das provas.

A sentença produzida será motivada e lida em sessão pública depois de notificada aos
agentes que representarem os litigantes.

A sentença é definitiva e inapelável. Em caso de desacordo sobre o sentido ou desfecho


da decisão a Corte interpretará a solicitação de qualquer das partes.

A CIJ também poderá emitir opiniões consultivas sobre qualquer questão jurídica, sob
solicitação de organismo autorizado para isso pela Carta das Nações Unidas.

As questões objeto de opinião consultiva serão expostas à Corte mediante solicitação por
escrito, juntamente com todos os documentos necessários ao esclarecimento da questão.

A Corte pronunciará suas opiniões consultivas em audiência pública, com prévia


notificação ao Secretário Geral das Nações Unidas e aos representantes dos Membros das Nações
Unidas, de todos os outros Estados e das organizações internacionais diretamente interessadas.
Fontes do Direito Internacional Público

Prof. Roberto Caparroz

1. Teoria Geral e Fundamentos

O Direito Internacional Público ou “Direito das Gentes” se fundamenta no


consentimento.

Pressupõe uma sociedade descentralizada, com Estados soberanos, dispostos


horizontalmente. A soberania implica coordenação, não subordinação e tem como princípio
fundamental o “pacta sunt servanda”.

As obrigações no Direito Internacional são respeitadas e cumpridas com base neste


princípio, que significa, de forma simples, “O que foi combinado deverá ser cumprido”.

A ideia que está por trás deste princípio é a boa-fé.

2. Fontes do Direito Internacional

Estão previstas no artigo 38 do Estatuto da Corte de Justiça e são as seguintes:


convenções internacionais, costume internacional, princípios gerais do direito, doutrina
internacional e jurisprudência internacional.

De acordo com a doutrina majoritária, os princípios gerais de direito são fontes reais,
as convenções internacionais e os costumes são fontes formais e a doutrina e a jurisprudência
são meios auxiliares para a determinação das regras de direito.

2.1. Convenções Internacionais.

São acordos internacionais concluídos por escrito entre Estados ou entre Estados e
Organizações, regidos pelo Direito Internacional, quer constem de um instrumento único ou
dois ou mais instrumentos conexos, independente de sua denominação específica.
2.2. Costume Internacional

Trata-se de fonte importantíssima para o Direito Internacional Público e se manifesta


como as práticas aceitas pelos Estados como direito aplicável, durante um período razoável
de tempo (noção de estabilidade).

Os costumes decorrem do baixo nível de codificação (existência de normas positivas)


entre os Estados.

Importante: não há hierarquia entre tratados e costumes.

O costume juridicamente válido possui os seguintes elementos:

a) Objetivo ou material: é a fixação da prática como habitual, durante período


razoável de tempo.

b) Subjetivo: decorre da aceitação pelos Estados (opinio juris), que é o


convencimento acerca da conduta, sem resistência.

c) Espacial: significa que o costume pode ter alcance regional ou universal.

2.3. Princípios gerais do Direito

São regras amplamente aceitas pela sociedade internacional, consolidadas por


costumes.

A consolidação pode decorrer da repetição das ideias em tratado ou do regular uso


como razões de julgamento em tribunais nacionais e internacionais.

Exemplos: soberania, não ingerência nos assuntos internos de outro Estado, vedação
do recurso da força, solução pacífica de conflitos, respeito aos direitos humanos e cooperação
internacional, entre outros.

2.4. Doutrina Internacional

É a produção acadêmica dos autores voltados ao Direito Internacional.

Serve como ponto de referência e suporte às decisões dos Tribunais.


Busca desenvolver teses de consenso no campo da hermenêutica.

2.5. Jurisprudência Internacional

Representa o conjunto de decisões proferidas acerca da controvérsia entre Estados.

A partir do século XX, com o surgimento dos tribunais internacionais, a


jurisprudência ganha força e coerência.

De forma ampla, também seria possível enquadrar no conceito os pareceres


consultivos da Corte de Haia, entre outros.
Direito Internacional

Prof. Roberto Caparroz

Olá Amigos,

No encontro de hoje vamos falar sobre o ingresso dos tratados internacionais no ordenamento
jurídico brasileiro, tema bastante explorado no Exame da OAB.

Os tratados são normas de origem internacional que precisam ser recepcionadas pelo
ordenamento de cada país, nos termos determinados pela Constituição.

No Brasil, podemos dizer que o procedimento de aprovação e ingresso dos tratados obedece
às seguintes etapas, logo após a assinatura do acordo pelo Presidente da República ou por outro agente
dotado de plenos poderes1:

a) O Ministro das Relações Exteriores traduz o texto negociado para o português, prepara a
minuta da Mensagem Presidencial e faz análise jurídica da legalidade do texto;

b) A Casa Civil verifica a legalidade e o mérito do tratado;

c) O texto do tratado acompanha a mensagem e a exposição de motivos, que serão


encaminhados ao Congresso Nacional2;

d) O texto tramita primeiro pela Câmara dos Deputados;

e) Se aprovado, segue para o Senado Federal;

f) No Senado faz-se a leitura em plenário (princípio da publicidade) e o texto passa por


diversas Comissões;

g) Se tudo der certo, o Senado aprova o tratado na sua redação final;

h) O Presidente do Senado faz a promulgação pelo Congresso Nacional;

1
Constituição da República, artigo 84, VIII: “Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) VIII - celebrar tratados,
convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”.

2
Constituição da República, artigo 49, I: “Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre
tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional”.
i) O ato do Congresso dá origem ao Decreto Legislativo correspondente, numerado e
publicado no Diário Oficial;

j) Posteriormente, o Presidente da República exara um Decreto executivo que atesta a sua


publicidade e obrigatoriedade para todos os brasileiros3;

k) O texto publicado ganha força normativa e condiciona a atuação de todos.

Observações:

1) Se o texto não for aprovado pelo Congresso, em qualquer etapa, o tratado jamais
produzirá efeitos no Brasil;
2) O conteúdo normativo do tratado só obriga os brasileiros após a publicação do decreto
presidencial, embora o país já esteja obrigado, na ordem internacional, a partir do
depósito do instrumento de ratificação, que é o texto do decreto legislativo, nas Nações
Unidas.

É isso aí!

Grande abraço e bons estudos!

3
Constituição da República, artigo 84, IV: “Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) IV - sancionar, promulgar e
fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução”.
RESUMO

1. Teoria Geral e Fundamentos.

O Direito Internacional Público ou “Direito das Gentes” se fundamenta no consentimento. Pressupõe


uma sociedade descentralizada, com Estados soberanos, dispostos horizontalmente. A soberania
implica coordenação, não subordinação. Tem como princípio fundamental o “pacta sunt servanda”.
As obrigações no Direito Internacional são respeitadas e cumpridas com base neste princípio, que
significa “O que foi combinado, deverá ser cumprido”. A ideia que está por trás deste princípio é a
boa-fé.

2. Fontes do Direito Internacional.

Estão previstas no artigo 38 do Estatuto da Corte de Justiça - Haia e são as seguintes: convenções
internacionais, costume internacional, princípios gerais do direito, doutrina internacional e
jurisprudência internacional. De acordo com a doutrina majoritária, os princípios gerais de direito são
fontes reais, as convenções internacionais e os costumes são fontes formais e a doutrina e
jurisprudência são meios auxiliares para a determinação das regras de direito.

2.1. Convenções Internacionais.

São acordos internacionais concluídos por escrito entre Estados ou entre Estados e Organizações,
regidos pelo Direito Internacional, quer constem de um instrumento único, dois ou mais instrumentos
conexos, independente de sua denominação específica.

2.2. Costume Internacional

Trata-se de fonte importantíssima para o Direito Internacional Público, e se manifesta como as


práticas aceitas pelos Estados como direito aplicável, durante um período razoável de tempo (noção
de estabilidade). Os costumes decorrem do baixo nível de codificação (existência de normas
positivas) entre os Estados. Importante: não há hierarquia entre tratados e costumes.

O costume juridicamente válido possui os seguintes elementos:

a) Objetivo ou material: é a fixação da prática como habitual, durante período razoável de tempo.

b) Subjetivo: decorre da aceitação pelos Estados (opinio juris), que é o convencimento acerca da
conduta, sem resistência. Por outro lado, Costume Selvagem é o repentino, nascido de necessidade
momentânea.

c) Espacial: significa que o costume pode ser regional ou universal.

2.3. Princípios gerais do Direito

São regras amplamente aceitas pela sociedade internacional, consolidadas por costumes. A
consolidação pode decorrer da repetição das ideias em tratado ou do regular uso como razões de
julgamento em tribunais nacionais e internacionais. Exemplos: soberania, não-ingerência nos assuntos
internos de outro Estado, vedação do recurso da força, solução pacífica de conflitos, respeito aos
direitos humanos e cooperação internacional, entre outros.

2.4. Doutrina Internacional


É a produção acadêmica dos autores voltados ao Direito Internacional. Serve como ponto de
referência e suporte às decisões dos Tribunais. Busca desenvolver teses de consenso no campo da
hermenêutica.

2.5. Jurisprudência Internacional

Representa o conjunto de decisões proferidas acerca da controvérsia entre Estados. A partir do século
XX, com o surgimento dos tribunais internacionais, a jurisprudência ganha força e coerência. De
forma ampla, também seria possível enquadrar no conceito os pareceres consultivos da Corte de Haia,
entre outros.

3. Características dos Tratados

São acordos internacionais concluídos por escrito entre Estados ou entre Estados e Organizações,
regidos pelo Direito Internacional. Podem conter um instrumento único, dois ou mais instrumentos
conexos, independente de sua denominação específica.

Podem ser classificados:

a) Em função do número de partes:

• Bilaterais: apenas entre dois Estados ou Estado e Organização;


• Multilaterais: mais de dois Estados ou Organizações.

b) Em função do procedimento para sua conclusão: tratados que exigem ou não ratificação para o
comprometimento jurídico dos Estados.

c) Em relação ao conteúdo:

• De acordo com a natureza: contrato ou norma (em desuso);


• De acordo com a matéria: direitos humanos ou tratados gerais.

Importante: tratados-norma criam regras de direito, em geral comuns às partes, sem uma
contraprestação específica pelos Estados.

Competência para assinar tratados: Chefes de Estado e de Governo (competência originária);


plenipotenciários: Ministro das Relações Exteriores (competência derivada); outros plenipotenciários:
mediante apresentação da “carta de plenos poderes”; delegações: participam da fase negocial dos
tratados.

A Carta de plenos poderes é dispensável: pela prática, quando se presume a pessoa indicada; em
negociações conduzidas por Chefes de Estado, de Governo ou Ministros de Relações Exteriores; ao
Chefe da missão permanente (embaixador), no território da representação; aos representantes oficiais
em Organismos Internacionais, no âmbito de sua atuação.

Os tratados concluídos normalmente se dividem em três partes:

a) Preâmbulo: é a introdução ao tratado, na qual se relata os participantes, motivos, objetivos e


circunstâncias do ato negocial, sem força de compromisso (mas importante para fins de interpretação).

b) Parte Dispositiva: encerra as normas jurídicas, em linguagem apropriada, com a disposição em


artigos ou cláusulas, que estabelecem as obrigações assumidas pelos signatários.

c) Anexos: são normalmente de índole técnica e, portanto, passíveis de maior mutabilidade. São
compostos de procedimentos, gráficos, tabelas, listas de produtos etc., que possuem caráter vinculante
para os signatários.
Assinatura do tratado: é o ato emanado do representante do Estado, que manifesta sua concordância
com o conteúdo. Representa, ao mesmo tempo, o comprometimento e a autenticação do acordo.

Ratificação: é o ato formal e unilateral de consentimento, em que o país exprime definitivamente a


vontade de obrigar-se. Trata-se, portanto, de ato de governo com alcance internacional. A
competência para ratificar um tratado varia de acordo com a ordem constitucional de cada país. Não
há prazo máximo definido ou sanção no caso de não ratificação.

Formas de ratificação: ato expresso e formal. Se consubstancia na comunicação à outra parte, que
pode ou não ser simultânea. Pode ser objeto de depósito, especialmente no caso de tratados
multilaterais.

Vigência: em regra, os tratados vigem por tempo indeterminado; permitem adesão aos seus termos;
podem ser objeto de “emendas”, ou, de modo mais amplo, revisões ou reformas. No caso de violação,
enseja o direito de a outra parte considerá-lo extinto ou de suspender o seu cumprimento.

Extinção: a extinção dos tratados se dá por vontade comum: a) predeterminação ab-rogatória: quando
há termo de vigência; b) decisão ab-rogatória superveniente: de modo total ou majoritário. Ou por
vontade unilateral mediante denúncia, que se exprime numa notificação, carta ou instrumento.

4. Corte Internacional de Justiça

É o principal órgão judiciário da ONU, foi criada em 1946, em substituição à Corte Permanente de
Justiça Internacional (Sociedade das Nações). Instaurada com base no artigo 92 da Carta das Nações
Unidas, possui competência para julgar litígios entre Estados e organismos internacionais. É composta
por 15 juízes eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança da ONU com mandato de
nove anos. Possui como idiomas oficiais o inglês e o francês.

5. Tribunal Penal Internacional

Criado a partir do Estatuto de Roma (1998). Instaurado em Haia em 2002. Possui competência para
julgar crimes de grande impacto, conforme previstos no Estatuto. Promove o julgamento de
indivíduos, desde que mediante autorização do Estado onde ocorreu o crime e/ou do Estado de
nacionalidade do acusado.

Os crimes de competência do Tribunal Penal Internacional são os previstos no artigo 5o do Estatuto de


Roma:

a) Genocídio (inclui diversos ataques a grupos de pessoas, como transferência compulsória de


crianças ou ofensa grave à integridade física ou mental);

b) Crimes contra a humanidade (escravidão, apartheid, tortura, extermínio, crimes sexuais, entre
outros);

c) Crimes de guerra (inclui extenso rol de condutas)

d) Crimes de agressão

6. Ingresso dos tratados no Direito Brasileiro

a) O Ministro das Relações Exteriores traduz o texto negociado para o português, prepara a minuta da
Mensagem Presidencial e faz análise jurídica da legalidade do texto;
b) A Casa Civil verifica a legalidade e o mérito do tratado;

c) O texto do tratado acompanha a mensagem e a exposição de motivos;

d) Tramita primeiro pela Câmara dos Deputados;

e) Se aprovado, segue para o Senado Federal;

f) Faz-se a leitura em plenário (publicidade) e o texto passa por diversas Comissões;

g) O Senado aprova o tratado na sua redação final;

h) O Presidente do Senado faz a promulgação pelo Congresso Nacional;

i) Dá origem ao Decreto Legislativo correspondente, numerado e publicado no Diário Oficial;

j) O Presidente da República exara um Decreto executivo que atesta a sua publicidade (art. 84, CF);

k) O texto publicado ganha força normativa e condiciona a atuação de todos.

7. Personalidade Jurídica Internacional

As pessoas jurídicas de Direito Internacional são: os Estados Soberanos (originária) e as Organizações


Internacionais (derivada). Observação: Indivíduos e empresas não têm personalidade jurídica de
direito internacional.

8. Estados Soberanos

O Estado, para ser considerado soberano e consequentemente possuir personalidade jurídica de


Direito Internacional, deve conter três elementos: a) Base territorial: o território do Estado representa,
a um só tempo, tanto a área geográfica que determina seus limites e fronteiras como o espaço
juridicamente definido sobre o qual exerce jurisdição plena e exclusiva; b) Comunidade humana neste
território: compreende os indivíduos que mantêm com o Estado vínculo jurídico e político; c) Forma
de governo não subordinada a terceiros: existência de um governo autônomo e independente, sem
qualquer subordinação externa. Trata-se de condição essencial para o exercício da soberania.

A soberania pressupõe um conjunto de competências que, apesar de não serem ilimitadas, não
encontram poder superior no direito internacional.

Na medida em que o Estado reúna os elementos constitutivos previstos no Direito Internacional


(território, comunidade e governo), o passo seguinte será a busca de reconhecimento do status de
soberano. Temos, portanto, duas situações: o reconhecimento do Estado e o reconhecimento do
governo que o administra.

O reconhecimento do Estado não é ato constitutivo, mas declaratório da qualidade estatal. Pode ser
expresso ou tácito. O reconhecimento do governo se faz necessário quando ocorrem rupturas na
ordem política, como revoluções ou golpes de estado, que operam à margem da Constituição.

A Santa Sé possui os três requisitos da soberania. Apesar de ter população, não possui nacionais. Sua
personalidade jurídica internacional é reconhecida, mas de modo sui generis, distinto dos Estados
tradicionais. Não é um Estado, mas um caso excepcional, aceito pelo Direito Internacional Público.
Os tratados assinados pela Santa Sé são chamados de concordatas.
9. Território

É a área geográfica sobre a qual o Estado exerce jurisdição (conjunto de competências para agir com
autoridade). No Brasil, o território é formado pela área terrestre, o mar territorial e o espaço aéreo.

10. Nacionalidade

Conforme artigo 12 da Constituição Federal são brasileiros natos:

a) Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço de seu país;

b) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil;

c) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

São considerados naturalizados:

a) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de


quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

A perda da nacionalidade ocorre nas seguintes situações:

a) Cidadão que tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional;

b) Cidadão que adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: de reconhecimento de nacionalidade
originária pela lei estrangeira e de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro
residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis.

11. Deportação, expulsão e extradição

11.1. Deportação: é a saída compulsória do estrangeiro, nos casos de entrada ou estada irregular no
Brasil, se este não se retirar voluntariamente do território nacional no prazo fixado em Regulamento.
Se o estrangeiro não puder responder pelas despesas de saída, nem for apurada responsabilidade do
transportador, o custo será do Tesouro Nacional.

11.2. Expulsão: contra o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a
ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo
procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais. Decisão mediante decreto do
Presidente da República, após inquérito instaurado pelo Ministro da Justiça.

11.3. Extradição: poderá ser concedida quando o governo requerente se fundamentar em tratado, ou
quando prometer ao Brasil a reciprocidade. Cabe ao Supremo Tribunal Federal a apreciação do caráter
da infração.

São condições para a concessão da extradição:


a) ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as
leis penais desse Estado; e

b) existir sentença final de privação de liberdade, ou estar a prisão do extraditando autorizada por
Juiz, Tribunal ou autoridade competente do Estado requerente, salvo em caso de urgência.

12. Elementos de conexão e regras do Direito Internacional Privado

Para a definição das regras aplicáveis ao direito internacional privado é necessária a verificação do
elemento de conexão, que normalmente corresponde à (o): situação do bem; domicílio da parte; país
em que se constituir o negócio jurídico.

13. Direitos pessoais, contratos e pessoas jurídicas no Direito Internacional Privado

Direito aplicável:

a) a personalidade: regra geral é o local do domicílio do indivíduo e a lei em vigor deverá ser plicada
em relação a qualquer tema de natureza pessoal;

b) aos contratos: regra geral é o local da celebração. Importante: nada impede que a lei do local da
celebração seja diferente da lei que define a capacidade dos contratantes, quando estes possuírem
nacionalidades distintas.

As sociedades e fundações com fins de interesse coletivo obedecem à lei do Estado em que se
constituírem, independentemente do local em que exerçam atividades.

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