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06/10/13 História da Igreja - Tribunal do Santo Ofício

HISTÓRIA DA IGREJA - INQUISIÇÃO, TRIBUNAL


DO SANTO OFÍCIO
*J. Dias

A CRIAÇÃO DA INQUISIÇÃO
Criada sob o pretexto de preservar a fé católica diante do
crescimento das heresias, a Inquisição foi uma das etapas mais
sombrias da humanidade e da igreja. Em nome de Jesus muitas
pessoas foram perseguidas, torturadas e mortas. Conhecida
popularmente como Tribunal do Santo Ofício, a inquisição era
uma função na Igreja Católica. Na medida em que a igreja foi
organizando sua estrutura, estabeleceu também suas regras que,
com o tempo, foram organizadas no Direito Canônico. Os
conflitos internos da igreja deram origem ao policiamento do
clero, a investigação disciplinar, mais tarde usado no combate ao
que eles chamavam de heresias.

O crescimento do dogmatismo, da coerção e do poder


material da Igreja, provocou o surgimento de outras
igrejas. Algumas tentavam recuperar a pureza e a
austeridade da Igreja Primitiva. As dezenas das
chamadas seitas que surgiram pregavam uma nova ética
cristã, em oposição à opulência, riqueza e aos desmandos
da Igreja Católica, que tinha como meta apenas sua
prosperidade econômica. A vida luxuosa de alguns líderes
da igreja Católica fez com que a população menos
favorecida não reconhecesse mais a função religiosa dos
representantes do clero.

Novas interpretações religiosas passaram a assumir o


papel de uma igreja que se distanciava de suas funções
espirituais. Foi dessa forma que surgiram diversos grupos
como os joaquistas, os beguinos, os flagelados, os

humilhados, etc.

A doutrina chamada pela igreja de herética mais


conhecida foi a dos Cátaros (puros) ou albigeneses, que
se desenvolveu na França, no norte da Itália e norte da
Alemanha, durante o século 11. Os Cátaros tinham uma
igreja organizada e pregavam uma vida simples em
comunidade. Defendiam a castidade, o jejum e o
vegetarianismo. Organizavam-se em dois grupos: os fiéis
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vegetarianismo. Organizavam-se em dois grupos: os fiéis
e os perfeitos. Diante da opulência da Igreja Católica, a
seita atraiu um grande número de adeptos.

A igreja fez oposição aos Cátaros com a cruzada "Albigenese",


que assolou a França durante a primeira metade do século 13. Foi
nesse período que as ordens mendicantes dos dominicanos e
franciscanos tentaram envolver os hereges com o exemplo de
pobreza e humildade. Muitos hereges eram linchados pela
população, e muitos governantes passaram a persegui-los. Dessa
forma a Santa Sé (Roma), foi pressionada a oficializar a
perseguição aos hereges. Oficialmente as primeiras iniciativas
partiram do papa Lúcio III, que amparado pelas recomendações
dos concílios de Latrão (1179) e Verona (1184), unificou a
repressão às chamadas pela Igreja Católica de seitas heréticas.

As atividades inquisidoras do episcopado se


intensificaram com o apoio de diversos reinos contra as
doutrinas não autorizadas pela Igreja de Roma. O castigo
adotado foi o da fogueira contra o delito de lesa-
majestade divina, considerado o mais grave crime que
poderia ser cometido por uma pessoa.

No entanto, os bispos da igreja não conseguiram controlar


a situação. Em 1216, o papa Inocêncio III, elegeu São
Domingos de Gusmão, fundador da ordem dos
Dominicanos, presidente de um tribunal especial em
Toulouse, na França. As decisões do papa tinham como
base as determinações do Quarto Concílio de Latrão, de
1215, que estabelecera regras e sustento doutrinário
para a Inquisição, que foi chamada de “inquisição
delegada”, presidida e executada por membros da
Igreja.

Dessa forma outros tribunais foram criados, ligados a


Santa Sé. A estrutura definitiva do Santo Ofício foi
delineada no concílio de 1229, em Toulouse, e consolidada
em 1231, por bula do papa Gregório IX.

A bula Licet ad Capiendos, do papa Gregório IX, datada


de 1233, marcou definitivamente o inicio da Inquisição:
“onde quer que os ocorra pregar, estais facultados, se os
pecadores persistiram em defender a heresia apesar das
advertências, a privá-los para sempre dos seus
benefícios espirituais e proceder contra eles e todos os
outros sem apelação, solicitando em caso de necessário a
ajuda das autoridades seculares e vencendo sua oposição,
se isto for necessário, por meio de censuras eclesiásticas
inapeláveis", autorizava a bula papal.

Os chamados inquisidores delegados, geralmente


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Os chamados inquisidores delegados, geralmente
dominicanos ou franciscanos, passaram a agir com
eficácia, embora ainda existisse a ação inquisidora dos
bispos. Os tribunais eram subordinados ao papa, mas
agiam com relativa autonomia. No entanto tornou-se
evidente a necessidade de se criar uma coordenação
geral das atividades dos tribunais. Dessa forma, o papa
Urbano IV crio em 1263, o cargo de Inquisidor Geral, que
passou a controlar todos os tribunais da inquisição.

Apesar de ter sido um instrumento útil e poderoso no combate


aos chamados hereges, o Tribunal da Inquisição, por suas ações
cruéis e injustas, comprometeu a imagem de uma igreja que
pregava caridade, amor ao próximo e justiça. A repercussão de
suas atividades e o poder da Inquisição foram muito grandes e se
baseavam na idéia implantada a partir do papado de Gregório
VII, de que o papa era o representante de Deus na terra. Ele
estava no mundo como guarda supremo da fé, para velar pela
humanidade, com o poder de intervir nas relações sociais,
políticas e religiosas. Qualquer resistência poderia ser
aniquilada por ele.

Durante o século 13 a Igreja se considerava no auge de seu


domínio secular. O papa era o senhor dos corpos e das almas, e
tinha poder sobre o bem e o mal. Seus emissários, representantes
e inquisidores não executavam diretamente as torturas ou
sentenças de morte, embora estivessem presentes em todos esses
atos. Após os interrogatórios os réus eram entregues ao estado,
às autoridades civis que sob a coação do poder da Igreja, eram
obrigados a cumprir as penas determinadas aos réus. Caso
contrário, também seriam considerados hereges e submetidos ao
tribunal. A pressão era muito grande, pois o papa tinha poder de
interditar uma cidade inteira caso seu governante não seguisse
suas ordens; o que significaria que, no local os sacramentos da
igreja não seriam mais ministrados, e conseqüentemente todos os
seus habitantes teriam suas almas “ardendo” no purgatório. Os
acusados deixavam de ter direito aos sacramentos e se reagissem
de forma agressiva, às autoridades civis eram obrigadas a
intervir.

A TORTURA DA INQUISIÇÃO
Inicialmente a prática da tortura habitual nos processos civis foi
rejeitada pelos papas, que chegaram a punir alguns inquisidores
por sua crueldade. Na primeira fase da Inquisição, o uso da
tortura aos poucos foi sendo extinto, sendo autorizada apenas
quando já existissem provas do crime ou quando o acusado já
tivesse uma má fama. No entanto, em 1252, o papa Inocêncio IV
autorizou o uso da tortura quando houvesse algum tipo de dúvida
sobre a declaração do acusado. De acordo com o Concílio de
Viena, de 1311, os inquisidores só poderiam usar a tortura com a
autorização do bispo diocesano e de uma comissão julgadora que
analisava
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Cientifica caso
- Textos em particular.
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DA IGREJA poderia
TRIBUNAL DO ser
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analisava cada caso em particular. A tortura poderia ser


recomendada quando não havia certeza sobre a culpa do acusado.
Muitas vezes, a tortura era adiada para que o medo do réu
aumentasse e dessa forma ele decidisse confessar sua falta,
independente de ser culpado ou inocente, já que depois da
acusação não havia a possibilidade de alguém ser inocentado e
jamais havia perdão. Aquele que confessava deixava de ser
torturado, mas não escapava da pena de morte.

O REGIMENTO INTERNO DA INQUISIÇÃO


Em 1376, surgiu uma espécie de Regimento Interno do Santo
Ofício, um Manual dos Inquisidores, elaborado pelo dominicano
Nicolau Eymerich. Mais tarde, o documento foi ampliado pelo
dominicano espanhol Francisco de La Peña. O manual era extenso
e tinha detalhes sobre a realização das acusações. Os hereges

deveriam ser condenados a morte nas chamas em praça pública.


Havia o cuidado de se prender a língua dos réus ou amordaçá-los
para que não blasfemassem ou ferissem a fé dos que estavam
assistindo o cumprimento da pena. Os inquisidores eram treinados
para perceber detalhes nas pessoas que justificassem suspeitas
de heresia, tais como hábitos, vestimentas e alimentação.
Milhares de mulheres pobres, velhas e desportegidas por serem
solteiras, foram sujeitadas a torturas inomináveis. Ao todo foram
exacutadas por volta de 30.000 mulheres acusadas de feitiçaria,
até o fim do século XVI. As bruxas eram acusadas por todo tipo
de calamidade: tempestades, secas, morte de animais em
fazendas. Judeus e sarracenos (muçulmanos) eram motivos de
ação dos inquisidores. Sofriam as mesmas suspeitas de heresia
aqueles que não freqüentassem a igreja ou não cumprisse seus
sacramentos. A grande ordem era exterminar todos aqueles que
se conduzissem contrário as ordens de Roma. As famílias dos
acusados sofriam terrivelmente, pois além da zombaria geral,
ficavam em total miséria, pois todos os seu bens, móveis e imóveis
eram confiscados pela igreja.

As execuções geralmente ocorriam em dias de festas


religiosas e eram precedidas pelos autos-de-fé.
Celebrava-se uma missa e se fazia a leitura das
sentenças. As execuções eram públicas, eram ao mesmo
tempo uma prestação de contas da igreja e um alerta
para as pessoas não cometerem os mesmos crimes.

Não existia um limite de idade ou sexo para se ser submetido à


Inquisição e às suas torturas. As penas podiam ser brandas e
progrediam de acordo com a gravidade da acusação. Todos os
castigos impostos pela igreja envolviam flagelos, torturas e
confisco de bens pela igreja. Quando a sentença era prisão
perpetua, o réu ficava a pão e água, logo morria de inanição e seu
corpo era queimado. Os inquisidores prescreviam a tortura sem
intervenção de outras autoridades, e aplicavam-na com ajuda de
outros irmãos da Ordem Dominicana, em salas especialmente
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outros irmãos da Ordem Dominicana, em salas especialmente
preparadas nos cárceres do Santo Ofício. Cada sessão não
poderia passar de uma hora e não poderia ser repetida. A
confissão obtida sob tortura deveria ser ratificada após um
prazo mínimo de 24 horas, para se ter certeza de que o réu não
se acusara falsamente para acabar com o tormento. No entanto
muitos acusados morriam durante a sessão de tortura.

Na sociedade moderna a caça as bruxas e aos hereges


tornou-se importante, pois qualquer um poderia ser
considerado ou apontado como um inimigo. O estado por
meio de leis proibia as atividades daqueles que eram
considerados criminosos pela fé. Dessa forma crimes
contra a religião católica eram julgados tanto pelo estado
quanto pela igreja, pelo governador ou pelo bispo.

O MAIS CRUEL DOS INQUISIDORES


Frei Tomás de Torquemada foi considerado o mais
aterrorizante inquisidor da história. Ele explorava a
desconfiança popular com relação aos judeus convertidos
e divulgava a idéia de que o mundo deveria contar apenas
com “católicos puros”. Para estimular as delações
Torquemada elaborou uma cartilha com instruções que
ensinava aos católicos como vigiar seus vizinhos e
reconhecer prováveis traços de práticas judaicas. O uso
de roupas limpas e coloridas aos sábados, a limpeza da
casa na sexta-feira e a recitação de preces diante de um
muro eram algumas das características que podiam
determinar uma ligação com o judaísmo.

A INQUISIÇÃO CONTRA CIÊNCIA


Muitos cientistas enfrentaram ameaças da Inquisição,
entre o fim da Idade Média e o início do Renascimento.
Para escapar dos olhares vigilantes de Roma, Leonardo da
Vinci, por exemplo, escondeu seus projetos de todos que
o rodeavam, exceto seus discipulos mais próximos. Com a
mesma preocupação Nicolau Copérnico deixou de publicar
seus estudos sobre astronomia, fazendo a
publicação apenas quando estava prestes a morrer

Os que desafiaram o papado sentiram as diferenças que


havia entre a fé católica e a ciência. Em fins do século 17,
Giordano Bruno foi executado por suas obras e idéias
heréticas, tornando-se o primeiro martir da ciência. Mas
o caso mais famoso foi o do italiano Galileu Galilei,
considerado o pai da Ciência Moderna. Ele só escapou da
morte ao pedir perdão no Vaticano por ter afirmado que a
Terra é que girava em torno do Sol, e não o contrário,
como afirmava a Igreja até então.

A INQUISIÇÃO EM PORTUGAL
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A INQUISIÇÃO EM PORTUGAL
Portugal vivia a grande aventura mercantilista dos
descobrimentos, que dependia do apoio econômico dos
comerciantes judeus. A rejeição portuguesa aos judeus
partia da população estimulada pela Igreja Católica. A
coroa portuguesa sempre tentou contornar a situação dos
judeus, abrandando e esfriando os ânimos. Em alguns
momentos protegiam-nos, proibindo o constrangimento do
batismo obrigatório.

Com a implantação da Inquisição na Espanha, a situação


portuguesa se alterou, pois o povo e a Igreja julgavam uma
afronta um país que não tivesse a Inquisição em seus domínios.
Por causa das perseguições, muitos judeus fugiram da Espanha
para Portugal, deixando a situação ainda mais delicada e
explosiva. Em 1487, D. João II obteve a autorização do papa
para punir os marranos (judeus convertidos ao catolicismo) que
faltassem com seus deveres católicos. Muitos morreram no
fogo. Apesar de se converterem ao catolicismo os judeus fieis às
suas crenças persistiam em não aceitar as ordens da igreja.
Durante estes anos vários massacres de judeus aconteceram em
Lisboa. Muitos optaram por fugir do país levando seus tesouros,
o que prejudicou a economia nacional.

INQUISIÇÃO, O SANTO OFÍCIO NO BRASIL


Embora o Santo Ofício não tenha estabelecido
oficialmente um Tribunal no Brasil, os bispos locais tinham
poderes para prender e confiscar os bens de suspeitos,
enviar prisioneiros ou seus processos a Inquisição em
Lisboa. Eventualmente algum padre visitador, membro da
Inquisição vinha ao Brasil, e suas investigações
concentravam-se em casos envolvendo bruxaria,
blasfêmia contra a igreja, além dos novos convertidos ao
catolicismo.

A primeira visitação do Santo Ofício que se tem notícia no


Brasil foi em 1591, estendeu-se por dois anos. Até 1624,
foram processados 245 novos católicos, todos sob a
acusação de ainda praticarem o judaísmo. Entre 1649 e
1748, cerca de 18 brasileiros foram condenados à morte
pela Inquisição em Lisboa.

O PEDIDO DE PERDÃO DA IGREJA CATÓLICA


No dia 15 de março de 2000, o papa João Paulo II, no
documento Memória e Reconciliação: a Igreja e as Culpas
do Passado, agrupou as incorreções e os pecados
cometidos pela Igreja no passado, quando levada pelo seu
crescente poder temporal, foi intolerante, opressora e
até mesmo corrupta. Com mais de 90 páginas, o
documento tornou-se a maior demonstração de expiação
publica
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Cientifica Textos Para do catolicismo
Ler/HISTÓRIA romano,
DA IGREJA pois
- TRIBUNAL por meio
DO SANTO OFICIO.mht 6/7
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publica da história do catolicismo romano, pois por meio
dele o papa pediu perdão pela série de pecados
cometidos desde a origem da Igreja Católica. Entre os
diversos pecados citados no documento consta os da
intolerância com os dissidentes e guerras religiosas,
compreendendo as Cruzadas e a Inquisição.

Inquisição

*Editor do Site

Fonte:
Revista os
Grandes
Acontecimentos
da História
Teologia dos
Reformadores, Timothy George - Vida Nova
Revista Eclésia
http://www.santovivo.net/

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