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6 lições de liderança da rainha

guerreira que aterrorizou os


romanos
Boudicca - também conhecida como Boadicea - era
temida pelos romanos e tem sido um modelo para as
mulheres através dos tempos, de Elizabeth 1ª até as
sufragistas. Então, o que pode ser aprendido com
essa lendária personagem?
6 JAN2019
07h04
atualizado às 18h12






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Boudicca - também conhecida como Boadicea na forma latina - é uma figura


icônica, mas controversa.

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Há 2000 anos, Boudicca liderou uma revolta e quase derrotou os
poderosos romanos no que hoje é a Inglaterra
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Vista por uns como uma das primeiras combatentes feministas pela liberdade e
por outros como uma assassina brutal e sanguinária, ela tem sido uma
presença constante na história da Europa.

Cerca de 2 mil anos atrás, essa aristocrata da Idade do Ferro liderou uma
revolta e quase derrotou os poderosos exércitos romanos que invadiram sua
terra natal, no que seria hoje East Anglia, no nordeste da Inglaterra.

Seja amada ou odiada, Boudicca tem um lugar na história como uma pioneira,
com a capacidade de reunir um grande número de tropas de tribos diferentes
com seu talento natural para comandar.

Então, que lições de liderança podem ser aprendidas com essa rainha
guerreira?

1. Se vestir para a ocasião funciona


Vestida para impressionar - Boudicca sempre foi retratada como uma
guerreira destemida
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Todos sabem a importância de se vestir para a ocasião - mas Boudicca é um


dos poucos que perceberam como isso faz diferença.

Ela é comumente descrita como uma mulher feroz e poderosa, dirigindo sua
própria carruagem e brandindo uma lança, com seu cabelo selvagem voando
ao vento.

Não temos como saber como a rainha realmente era, mas o historiador romano
Cassius Dio - escrevendo décadas depois da morte dela - oferece esta
descrição:

"Na estatura, ela era muito alta, na aparência, aterrorizante, no relance de seu
olhar, feroz. (...) Uma grande massa de cabelos negros caía sobre seus
quadris, em volta do pescoço havia um grande colar de ouro e ela usava uma
túnica de diversas cores, sobre a qual um grosso manto estava preso com um
broche."

Há poucas dúvidas de que Boudicca tenha sido uma das primeiras a adotar o
poder das roupas para passar uma mensagem - ela sabia como aproveitar
esse recurso ao máximo, deixando uma impressão duradoura em seus
inimigos.

2. Um nome forte pode te levar longe

Fiel a seu nome, que significa vitória, Boudicca foi bem-sucedida nas
primeiras batalhas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O nome Boudicca é derivado da antiga palavra britônica "boud", que significa


vitória.

Boudeg significa portador da vitória, e Boudega - a alternativa feminina -, quem


traz a vitória.
Podemos seguramente presumir que esse não era o nome que a rainha
guerreira recebeu ao nascer, mas sim um que ela adotou mais adiante.

O nome forte parece ter ajudado na mobilização de um exército.

3. Nunca subestime as habilidades de alguém

Boudicca é ainda lembrada na cidade inglesa St Albans, onde lutou


contra os romanos
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O marido de Boudicca, Prasutagus, era o governante da tribo Iceni de East


Anglia. Ele foi tolerante com os romanos invasores e por isso foi autorizado a
continuar governando seu povo.

Mas, com a morte de Prasutagus, os romanos decidiram intervir.

Eles tomaram terras e, quando Boudicca se recusou a pagar grandes impostos,


foi publicamente açoitada e forçada a assistir ao estupro de suas duas filhas,
com ao redor de 12 anos na época.

Os romanos calcularam mal os resultados de sua punição.

Eles também subestimaram a ira de uma rainha desprezada: Boudicca decidiu


revidar, reunindo tropas de sua própria tribo e de outras.

Os soldados reunidos derrotaram a Nona Legião Romana, destruindo a capital


da Grã-Bretanha romana, Colchester, além das cidades de Londres e St
Albans.
4. Treinamento efeitivo é mais valioso do que uma
grande força de trabalho

Mesmo após seguidas vitórias, Boudicca perdeu a derradeira batalha para


os romanos
Foto: BBC News Brasil

Após a queda de Londres e St Albans, o governador romano decidiu reunir


suas tropas e confrontar o exército de Boudicca.

Embora ela parecesse ter uma vantagem numérica, os homens indisciplinados


e mal equipados da rainha não eram páreo para a habilidade de tropas
romanas, treinadas profissionalmente e bem armadas.

Mesmo com dez vezes mais soldados, como hoje se imagina, Boudicca foi
derrotada pelo exército romano. Ela morreu logo após seu fracasso, depois de
supostamente envenenar-se.

5. Destaque-se na multidão
Os romanos não estavam acostumados com mulheres desobecedendo
ordens
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O ataque liderado por Boudicca não foi o único contra a ocupação romana,
mas sua rebelião se destaca na história em grande parte porque ela era
mulher.
A arqueóloga britânica Jane Webster, da Universidade de Newcastle, diz que
"mulheres líderes ofendiam as sensibilidades romanas".

"Não era a ordem das coisas. É por isso que sabemos muito mais sobre essa
rebelião do que sobre muitos outras contra Roma."

A professora Miranda Aldhouse-Green, também arqueóloga e autora britânica,


acha que Boudicca "é uma figura icônica, porque ela foi uma das poucas
mulheres a enfrentar o poder de Roma".

Na verdade, ela continua sendo a única mulher a ter liderado forças


combinadas da Grã-Bretanha contra um exército de ocupação.

Os registros históricos que temos sobre Boudicca são escassos, faltam


detalhes e os que existem são muitas vezes contraditórios, mas Webster diz
que "ela permaneceu na literatura e persistiu como um bom exemplo de
rebeldia porque era mulher".

6. É importante ter um modelo

O movimento sufragista se inspirou na rainha guerreira em sua luta pelo


voto
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Durante o século 16, as pessoas voltaram a se interessar por escritores


clássicos, e o relato do historiador romano Tácito sobre a rebelião de Boudicca
foi ressuscitado.
Outra mulher importante e poderosa no mundo de um homem foi a rainha
britânica Elizabeth 1ª, que diz ter se inspirado bastante na história de Boudicca.

Muito mais tarde, os vitorianos reinventaram Boudicca como uma figurona do


imperialismo britânico.

Talvez a rainha guerreira tenha sido mais apropriadamente reivindicada pelo


movimento sufragista e pelas mulheres que lutam pelos direitos femininos.

Ela se tornou um modelo importante para uma geração que lutou contra o
patriarcado e conquistou o voto para as mulheres.

O professor Richard Hingley, arqueólogo da Universidade Durham, no Reino


Unido, explica que, por sabermos tão pouco sobre ela, Boudicca "é uma figura
muito flexível e ambígua que pode representar muitas coisas diferentes para
pessoas diferentes".

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