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in 2010 with funding from
University of Toronto
http://www.archive.org/details/cartasliterariasOOcami
CARTAS LITTERARIAS
OBRAS
ADOLPHO CAMINHA
A Normalista
Bom-Cvioulo
Cartas Litterarias
A SEGUIR
Peqiienos Coiitan.
O Theníro de Bnlsai;.
Duas Itistcridu.
ADOLPHO CAMINHA
CARTAS LinERARIAS
Rio de Janeiro
1895
P:?
dx
A Izabel C^'''^
E accrescentou :
lho artístico.
Aluizio e Coelho Netto são, pois, ao meu ver, os
dous mais operosos escriptores l)razileiros da actuali-
dade, para nãu falar em Arthur Azevedo, que parece
viver agora uma vida de compensações, repousado
trunquillamente no alto da montanha. . .
Xão
o conheço pessoalmente. Imagino-o alto,
meio magro, trigueiro, olhar meigo e cheio de dese-
jos, barba negra e aparada a nazareno, boa denta-
Rir, 1833.
II
Protectorado de Midas
"erra" desgraçadamente.
triumpham os nullos e os medío-
E' por isso que
cres :porque não se afastam uma linha do que já
foi dito em prosa e verso por todos os prosadores e
intellectual do Chiado
mental. A
nossa tendência de escriptores é ainda
lioje geralmente para lisongear a rotina, para com-
prazer com o vulgo, para seguir as correntes da
credulidade geral. A maior parte dos indivíduos
íjuefazem um livro, tèm, nas precauções da forma,
no rebuço das opiniões, na dobrez do estylo, o ar
miserável de pedintes que solicitam vénia para
divertir inotTensi vãmente o respeitável publico.''
PROTKCTORADO DE MIDAS 21
Rio. 1894.
III
(*) Lourdes.
24 CARTAS LITTERARIAS
disformes. Uma
hydrocephala balançava o craneo
enorme, pesado, tombando a cada solavanco do
carro. Outra mulher, atacada de choréa, bolia, sem
parar, com todos os membros...
peita e adora.
Zola no hidcx !
Zola excommungado !
de estrelas palpitantes ;
ora uma poeirada do sol nas
trevas ; ora um outro c6o reflectindo em baixo, o de
cima, um céo, porém, onde só brilhasse uma conste-
lação gigantesca ;
depois, um ostensorio de ouro
quente que flammeja ao fundo da noite, ou como uma
perpetua scintilação de astros em marcha. .
Rio, 1894.
IV
Nativismo ou Cosmopolitismo ?
lie hourn; Urlboiedof autor da comedia Mnt de trep (Cesprit morre as-
^assiiLido.
NATIVISMt» OU COSMOPOMTIS.MÍ»
Rio. 1894.
A Forma
crever !
Rio. Ií<94.
VI
^^^'
Coelho Xetto
prehendente.
Jules Lemaitre para demonstrar a falta de senso es-
tlietico em Georges Ohnet não precisou ir muito longe.
O systema de introducção invariavelmente
clássico
adoptado pelo galante romancista de Sei-f/e Payiine
(') A Cnfital Federal
58 CARTAS LITTERARIAS
rarias da forma :
COELHO NETTO 61
iíspirito, —
])assam todos como figuras indecisas de
um cosmorama vulgar. Falta-lhe o dom da observa-
ção psychologica, essa profundeza de vista que nos
mestres vae até á previsão dos phenomenos subje-
ctivos.
Anselmo, Serapião Ribas, o Dr. Gomes e outros
indivíduos da Capital Federal não tèm vida própria,
quasi que se não agitam espontaneamente, movem- —
se apenas como autómatos de um theatro infantil. E'
força reconhecer que nenhum desses typos representa,
na verdade, o ideal do escriptor.
Nem Anselmo nos dá o retrato do provinciano
( já não dizemos do sertanejo ) que visita uma capital
de primeira ordem, nem Serapião Ribas caracterisa
bem o capitalista burguez vivendo aristocraticamente
uma vida de luxo e conforto, nem o Dr. Gomes de Al-
meida, um pedante, com toda a sua loquacidade, re-
presenta fielmente o " advogado, moço de talento e
rico", passando os dias na rua do Ouvidor engolindo
cocktails e as noites na caixa dos theatros confabu-
lando com as actrizes.
Esses defeitos não são imperdoáveis numa sim-
ples obra impressionista como o livro de que me
occupo, tanto mais sendo largamente compensados
por paginas admiráveis de humorismo e verdade.
Aquelle final de almoço no quarto capitulo vale
ouro. Anselmo aparece-uos por um momento in-
génuo e verdadeiro, como deveria sêl-o em todo o
livro ;
a saudade invade-lhe a alma, e é com uma
tristeza cheia de doçura que elle se transporta
04 CARTAS LITTERARIAS
Pena que não seja tão feliz no dialogo, que lhe sae
é
quasi sempre manco e desnaturado. Percebe-se o
esforço para que a convei'sação torne-se natural e
lógica. Os personagens ou falam por monosyllabos
ou perdem-se em longas estiradas de uma monotonia
fatigante.
Rio, !8d4.
VII
Em clefeza própria
''
se faz !
Flaubert, o bom
grande Flaubert formulava
e
assim o seu ideal litterario Tout a êl6 dit avant
: —
nous, noas nuDons qnà redire les mcmes choses, dans
nni' fofníK pias btlle, si c'est possible.
Qual é, de i'esto, o assumpto do Primo Basilio ^
Rio. 1893.
VIII
toxicação litteraria.
Mas vamos ao — l\i)nio famoso, 22 jardas. .
Rio. I8D4.
ÍX
Fraga
Refiro-me á Praga.
O facto de ser o novo trabalho do autor da
Capital Federal simples novella, a descripção de um
triste episodio de romance, não lhe tira o valor de
obra d'arte que é.
98 CARTAS LITTERARIAS
Rio, !8S>1.
X
Musset e os Novos
E por q ue ?
lábios profanos !
nagem.
As Confessions d'im enfant da siècle o retratam
admiravelmente génio trêfego e malic ioso, ora cheio
:
ritos.
oinos.
Qual, então, o verdadeiro caminho que conduz á
immortalidade ?
Rio, 1895.
XI
fluencia.
Muitas de suas poesias trazem o cunho da musa
irrequieta de Junqueiro.
Nada se me aííigura tão escabroso como falar
de um poeta que estréa. Porque para isto não basta
abrir o livro e citar meia dúzia de poesias, accrescen-
tando outra meia dúzia de phrases louvaminheiras,
que nenhuma significação podem ter. Antes de qual-
quer juizo cumpre observar circumstancias que não
devem ser despresadas a idade e o temperamento do
:
Em volta as MtssidiíKis
repleUis ih co(fn<ic
Diz aquelle :
Este diz :
Diz o primeiro :
Er(/ue a ponta do pé
124 CARTAS r.ITTERARIAS
E {) outro :
A;/or(t ds olhos
— . 1891.
XII
Norte e Sul
Sem no
abbade Dubos, cujas Reflexions
falar
pdidure Brunetière recommenda aos
sifr Ia j)Oêsie et la
e, dos contemporâneos :
1 es])rU. .
Ri.i. 1894.
XII
A Fome
rario !
Eu contesto.
Não duvido que A Fome seja a melhor, a mais
bem acabada, a mais producção do
conscienciosa
Sr. Tlieophilo. Acredito-o piamente, uma vez que a
imprensa foi unisona em dizel-o, pois não tenho a
honra de conhecer a Historia da Sí:rcA, nem a Mo-
NoriUAPiiiA DA MirnrN.Ã, nem a Botânica Ele.mkntar,
nem as Sciencias Naturaes em Contos, nem as
obscuras Campezinas (versos). Creio, entretanto, (|ue
toda essa volumosa bagagem scientitico-litteraria é de
pequena importância, a julgar pela Fome qutí se diz
ser a principal obra do autor.
O que desde já vou affirmando é ([ue o Si-. Theo-
philo pôde ser um cidadão muitissimo trabalhador,
um activíssimo fabricante de vinho de cajii (que o ('),
— . 1893.
^ XIV
Editores
e satisfactorio.
gocio . . .
ctual, argumenta-se.
E" verdade, ia-me esquecendo que estamos no
Brazil, onde a profissão de escriptor é a mais des-
graçada de todas as profissões. O argumento acor-
dou-me dessa meiga illusão. Estamos no Brazil. .
Rio. 1«94.
XV
A Padaria Espiritual
Fecereiro, 1895.
gado. .
deram-me palmas !
revolucionaria.
Entretanto, aquillo já não parece o que dantes
era. Vejo e sinto-o.
A Padaria Esjjiridad, cujo nome hors liyne tão
depressa viajou merecendo applausos de toda a im-
prensa norte-sul, fazendo- se querida até por poetas
e escriptores consagrados, a Padaria Espiritual vae
decaindo, rolando para o nivel commum. E' hoje uma
sociedade litteraria grave, "ajuizada", com uma
ponta de officialismo, sem os ideaes doutro tempo,
sem aquella orientação nova, sem aquellas audácias
que faziam delia um exemplo a imitar, alguma cousa
superior a vim rebanho de ovelhas...
Tiburcio de Freitas, que ainda não quiz estrear
definitivamente e que, no emtanto, possue uma forte
organisação de artista, veiu para o sul e aqui anda,
obscuro e pobre, doudo por um logar de amanuense,
ruminando, talvez, alguma grande obra.
{*, Ketrcspe t>.
102 CAKTAS I.ITTKRARIAS
Bella época !