Introdução
Fenômenos espectroscópicos dependem das grandezas da energia da
luz, e com isso é possível obter informações sobre as transições de compostos
químicos devido as interações da radiação eletromagnética com a matéria. Os
tipos de transições existentes variam com a energia, bem como o comprimento
de onda da radiação incidida sobre a matéria. As transições entre os níveis
eletrônicos de energia estão entre os processos mais importantes de toda a
química e ocorrem quando radiações da ordem de 10 15 Hz interagem com a
matéria. As transições eletrônicas entre níveis de energia são governadas por
Regras de Seleção. Elas definem as probabilidades de transição entre os
estados envolvidos. São uma condição existente definida principalmente pela
maior tendência do elétron em mudar sua órbita. Uma definição básica das
Regras de Seleção para transições eletrônicas é:
1. ΔS = 0, a regra de Spin;
2. Δl = ± 1, a regra de Orbital ou regra de Laporte.
ℏ2 ⅆ2 𝜓(𝑥)
− + 𝑉(𝑥)𝜓(𝑥) = 𝐸𝜓(𝑥)
2𝑚 ⅆ𝑥 2
ℎ
Em que ℏ é a constante de Planck reduzida (ℏ = ), m é a massa
2𝜋
da partícula, 𝜓(𝑥) é a função de onda estacionária independente do tempo, 𝑉(𝑥)
é a energia potencial em função da posição e E é a energia, um número real.
Considerando a caixa com potencial zero em todas as posições:
ℏ2 ⅆ2 𝜓(𝑥)
− = 𝐸𝜓(𝑥)
2𝑚 ⅆ𝑥 2
ℎ 2 𝑛2
𝐸𝑛 =
8𝑚𝐿2
Esse resultado nos diz que: (i) a energia da partícula é quantizada; (ii) a
menor energia possível da partícula não é zero (essa é chamada de energia de
ponto zero e significa que a partícula sempre possuirá alguma energia cinética).
Ainda, o quadrado da função de onda está relacionado com a probabilidade de
se localizar a partícula em uma determinada posição, e essa probabilidade muda
com o aumento da energia.
Para descrever a trajetória do elétron é necessário resolver a função de
onda, postulada por Schröndinger (eq. 1).
Para o átomo de hidrogênio essa equação pode ser resolvida facilmente,
pois trata-se apenas de um elétron. Entretanto, a partir do segundo elétron é
preciso levar em conta a repulsão intereletrônica. A partir do átomo de hélio é
necessário, então, fazer aproximações e correções na equação de Schröndinger
para se chegar à um valor de energia suficientemente próximo daquele
observado experimentalmente. É nesse momento que surgem os métodos
computacionais, usados para calcular a energia dos elétrons. Existem vários
métodos propostos até hoje. [3]
Os arquivos de geometrias iniciais do composto estudado foram obtidos
através do programa Chem3D Pro2, convertendo a estrutura plana para arquivos
de coordenadas cartesianas. As geometrias foram totalmente otimizadas pelo
programa com diferentes métodos (tabela 1), ou seja, as geometrias foram
ajustadas até que pontos estacionários fossem encontrados na hipersuperfície
de potencial.
Tabela 1 – Métodos utilizados para minimização de energia, aplicabilidade e limitações e alguns
fatores relevantes sobre a escolha do método
Metodologia:
- 5 cenouras de tamanhos variados;
- Funil;
- Papel de filtro;
- 100 ml de éter de petróleo;
- Diclometano;
Para o preparo da amostra, as cenouras descascadas, cortadas e
batidas em um liquidificador. Transferiu-se aproximadamente 80 g de cenoura
batida para um almofariz, juntamente com 50 ml de éter de petróleo. A mistura
foi macerada e filtrada. O resto da filtração foi retornado ao almofariz, para ser
macerado novamente com mais 50 ml de éter de petróleo e filtrado. Os líquidos
extraídos foram combinados para serem submetidos à análise
espectrofotométrica. O líquido da extração foi diluído em diclometano para leitura
das absorbâncias em um espectrofotômetro de varredura gerando o espectro de
UV-Vis. Fez-se os espectros computacionais do β-caroteno usando o programa
Chem3D ultra para otimização da molécula em diferentes modelos variacionais.
Os espectros computacionais foram gerados usando o Gaussian e o Chemcraft.
Resultados
Método computacional
0,6
Absorbância
0,3
0,0
Linear
Não-otimizada
∆𝐸𝑛 = 1,48𝑥10−19 𝐽
(6,626𝑥10−34 )(3𝑥108 )
𝜆=
1,48𝑥10−19
𝜆 = 1343 𝑛𝑚
Conclusão
Com as diferentes técnicas para obtenção de espectros de absorção do
β-caroteno na região UV-visível, foi possível verificar que o método da partícula
na caixa obtém-se um erro muito discrepante quando comparado com o
experimental. Como explicado anteriormente, devido a este método não
considerar as distorções e interações da molécula. Os melhores resultados
foram obtidos pelo método AM1 e PM3, o qual são métodos semi-empiricos e
tem uma correlação suficientemente boa com o resultado experimental,
apresentando erros abaixo de 2,5%. Este erro baixo, também pode ser explicado
pelo fato de que estes métodos computacionais não contam as interações entre
os 22 elétrons π presentes na molécula.
Referências
[1] ZERAIK, M. L.; YARIWAKE, J. H. Extração de β-caroteno de cenouras:
uma proposta para disciplinas experimentais de química. Química Nova, v. 31,
n. 5, São Paulo, 2008.
[2] MCQUARRIE, D. A.; SIMON, J. D., Physical Chemistry: A Molecular
Approach, xxiii, Sausalito, Calif.: University Science Books, p. 241-307, 1997.
[3] ZHURKO G. Chemcraft. Disponível em <http://www.chemcraftprog.com>