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Letra go SWUTA MARA, LOE 18 A NARRATIVA DE FUNDACAO: IRACEMA, MACUNAIMA E VIVA O POVO BRASILEIRO Lucia Helena’ Vérias tém sido as estratégias da literatura brasileira para pensar sobre 0 Brasil e inscrevé-lo em sua histéria, deste modo intervindo no imagindrio de nossa cultura. Todas estas interpretagdes do Brasil feitas pela literatura podem ser consideradas como leituras de uma questo complexa e problematica a que se tem convencionado denominar ‘‘i- dentidade cultural’. Nos momentos cruciais da trajet6ria do pas, destas leituras resultaram obras paradigméticas, que souberam tocar nos luga- res-chaves de vma tradigdo, revisitando-a. Isto tanto ocorreu (embora ‘no 56) no Romantismo, no alvorecer do Modernismo e mesmo na cena atual da P6s-Modernidade. Algumas destas obras se configuram como ficgdo-limite!, ou seja, transbordam dos pardmetros consensuais do que se considera romance, € trabalham com a articulagio do mitico, do hist6rico e do ficcional, na tentativa de examinar (algumas vezes até para implanté-lo, outras para discutir 0 seu colapso) 0 mito da fundagao da cultura. Neste ensaio examinarei trés dessas narrativas que preten- dem questionar ou estabelecer os limites de fundagio da cultura nacio- nal: Iracema (1865), Macunaima (1928) e Viva 0 Povo Brasileiro (1984), ' Professora do Departamento de Citncis da Literatura da Universidade Federal do Rio de Jano. ‘A expresso ¢ de Silvano Santiogo em entrevista concedida 9 Estado de Mines Geri, ent O30 femora acepoagulmibuda bo fenmo sj de minha responsabicade Letras 81 ‘SANTA MAAR JUDE 1983 Na literatura brasileira a vinculagao entre o processo de textualiza- 0 € 0 mito da fundagao da cultura surge desde as crénicas da conquis- ta, espraia-se em algumas obras épicas do século XVII, mas é com o Romantismo, e com a valorizagiio do romance (em suas varias espécies) como género maior, que surge uma tipologia da narrativa tendente a problematizar a questo da identidade cultural. De acordo com a aguda observagaio de AntGnio Candido, a litera- tura teve no Brasil, diferentemente de outros paises, a fungio de suprir lacunas deixadas pela filosofia e as ciéncias sociais.? Tais lacunas no arecem estar distantes de n6s, a0 que indica a retomada da questio, mnais de vinte anos depois, por Roberto Schwarz, ao propor que “‘a historiografia da cultura ficou devendo o passo globalizante dado pela economia e sociologia de esquerda, que estudam 0 nosso “atraso’” como parte da histéria contempordnea e de seus avangos.’”? Talvez. por isso mesmo a literatura brasileira atual, e penso em Viva o Povo Brasi- Jeiro, continue a enfatizar a questo. Neste ensaio, 0 foco de minha atengao se detém em fornecer subsfdios para uma historiografia da cultura, examinando alguns para- digmas de uma linha descontinua em tensio na trama mental de nossa cultura, estabelecendo algumas correlagdes entre cultura, linguagem e literatura. Foi Walter Benjamin, ao analisar a poesia de Baudelaire, aquele que de modo mais criador discutiu a complexa alianga entre a sociedadet e a literatura, a0 nos falar das “‘metdforas reais de uma época."” Ou seja, Benjamim refere-se a uma energia filoldgica existente No texto literério, que tanto se impregna no tecido social, quanta dele mesmo emerge reciprocamente.> Neste sentido, as chamadas narrativas de fundagdo, por seu propésito de intencionalmente procurar implantar um imagindrio cultural$, vao ainda mais claramente prestar-se 20 exame TCANDIDO, A. Formorie de Literatura Braieira: Momentos Dcsivos So Paulo: Nacional, 1968p. 156 3 SCHWARCZ, Roberto, "Nacional por subuaglo". et ali, Tradigao, Contradigao. Rio de Janeiro ‘ahafPunane, 1987, p. 105-10. “4 Bsclarego que ssciedade est sendo tomada aqui nfo como um corjuntoempirico, mas con um tecido se elagbes qe se fundamenta no poder de represeniago ede acing doxGscursoe gue conse 5 CL. "Sobre alguns temas na Poesia de Baudelaire” Em sev magnifico texto, Benjamin portul gue 2 epoca em que Baueloeescreve se caraceriza pla ropa com 0s lgoxcommitinos (ao gue Benjamin (deomina“expenéncia”) Ele demons cm os personages. leat ¢prcecime rts da poesia badel ena So capaes de em alguns eases anesipar,e outs detoonstar 9 tansfommagtes eh poco PO act social europe da sepieda meade do século XIX, © Por imaginin cults refiro-me 0 Fa de que itaura trabalho com wm arena G0 6 de mites, mas de fatos tornados esta, de marhlesaghes facivicas © de expetatinascoletivss. como» goat fncessntemente ia Este material fz pated vida ental ds comunisades de ser mignifiamenie Letras 9, ‘sTa arin, 220623000 da contaminago entre literatura e sociedade. Minha intengao é levantar elementos para refletir sobre um impasse j4 anunciado pelo Romantis- mo, € tomado ainda mais constante e dramitico na cultura brasileira contemporiinea, ¢ que consiste na dificuldade de se discutir o caries relacional de toda identidade (social ou de qualquer outro tipo). No momento em que se solapam os discursos redentores e 0 essencialismo do significado em tiltima insténcia, e em que se postula a nfo existéncia de qualquer realidade extradiscursiva que o discurso possa simplesmen- te refletir’, a literatura brasileira parece continuar adiante da historio- grafia da cultura, ao oferecer novas bases pata que se discuta exatamen- te 0 colapso do mito das fundagSes, como ocorre na excelente ficcao- limite de Joie Ubaldo Ribeiro. Assim sendo, os trés romances a serem comentados serio aqui focalizados basicamente para identificar, primeiramente, quais sio as suas “‘metéforas-reais"”. Segundo, de que maneira estas metéforas esta impregnadas da energia filolégica de que nos fala Benjamin; e, por iltimo, para refletir sobre a inter-relago destas metéforas ¢ os mitos da fundagdo da cultura. Pode-se dizer que estas trés narrativas (Iracema, Macunaima e Viva 0 Povo Brasileiro) atendem a um impulso bésico, que as toma caudatérias da discussio e por vezes até da implantagdo dos ‘*mitos da fundagao’’. [racema “‘pinta’’ um Brasil local, escolhendo seus persona- gens entre ind(genas, e povoando seu habitat com os elementos da flora ¢ da fauna tipicos, num canto ufanista a0 toro natal, chegando a apresentar-se como “‘lenda do Cearé’’. Macunafma, ainda que se volte para 0 localismo, parte de uma perspectiva critica que ndo Ihe permite “cantar’” 0 Brasil, mas decantar-Ihe os males. A obra narra de forma estupenda o choque de dois Brasis, 0 do campo do Uraricoera, em plena ‘mata virgem, em colisio com o mundo urbano da “‘paulicéia desvaira- da’’ dos anos 1920. Viva o Povo Brasileiro tem a Bahia como sede localista onde se trava um libelo contra os desmandos da politica e do mandonismo de um sistema inicialmente feudalizante, depois patriarcal € coronelista, ¢ finalmente militarista ¢ de abuso totalitério do poder. Também dialogando com 05 vestigios da estética romantica de fidelida- “ntendido pelos dois conceit formolists de see lterta ¢ sie social, a meu ver ainda iiss e funduetis pao estendimento da propos qu qe veiuar a ‘TEACLAU, Emesto, “A polica eo limites dx moderidade™ Holanda, Heltsa (org). Péemoderidade « Polica. Rio de layer: Roce, 1991 Letradll ga de & cor local, a obra investiga as fontes republicanas, imperiais e coloniais de fundacao do Brasil a partir de uma metéfora antropofégica, construida na figura do caboclo Capiroba.* A obra pode ser vista como uma homenagem a contribuigdo da negritude & cultura nacional, cobrin- do a hist6ria brasileira do sécalo XVII a0 XX, e focalizando a formago do intelectual e da elite dirigente vistos como doublés do ‘‘senhor dos domfnios.’’? Os trés romances, com caracterfsticas épicas bem nitidas, filtram ‘0s componentes pitorescos da visio européia sobre o Brasil implan- tam no imaginério cultural uma perspectiva sécio-politica muitas vezes inconsciente ¢ implicita, em que problematizam as nogdes de cultura, identidade social ¢ nagao. A hipétese de que parto € que aqui submeto a discussao, é a de que, até 0 presente momento, se articula - numa linha de tensio des- continua - na narrativa brasileira de fundagio uma dupla matriz. A primeira delas & a do 1dpico da origem, vale dizer, a crenga de que existe uma origem localizdvel, conereta, para 0 fundamento da naciona- lidade. A segunda matriz. é a do t6pico da rasura da origem, ou seja, 0 por em diivida que a questao da nacionalidade seja melhor discutida no nivel da busca das “‘origens fundadoras””. Esta segunda vertente pro- blematiza a primeira e rasura o préprio conceito de origem e de sua possivel simbolizacio, revelando 0 quanto de ideoldgico neles existe. Evidentemente, estas duas matrizes!© se imbricam e complicam, sem qualquer esquematismo ou linearidade, mesmo no romance “‘inicial”, Tracema. A primeira vertente, a do tépico da origem, tem sua base em Iracema, O romance apresenta Moacir, “filho da dor”, convestido em simbolo da unidade nacional que resulta da jungio do branco coloniza- 50 cahoclo Carob considera a came dos holndeses muito mais sabrosa do que a dos pomugueses. 9 MERCADANTE, Paulo. Acontcéncia conzersadora do Bros. Rio ce Janeiro: Civilizapdo Brasilia, 1972 p39. 10 Complementando 4 uajeiria desta hipétese, a primeira venene se carceriza pela predominincia de tum eomportamentosimbolico (fo que caracltizs Benim em o Drama Barroco Alemdo «tare rgumemagio que sobre ito descavalve no mev Torns¢ Tabus do Modernidade Brasileira). A outa ‘ertenie se caraeriza pla domindncia do olbralegGrco e fragentado sobre a culo, numa exftica 4 que Benjamin chamaria de zatming. Est segunda vertenie prope arasurae a problemairagso da ‘urs di origem. Em lugar da opicaliziolcaista de uma suposa orgem engenadora do cin (Gontorme prope a piesa vee) sta Segunda matrz opa pr trace) uma aera deplrlidade 4e vigens, de fonts pimirie mas abo primera. Uma de suas ealegorias€ "nepar 0 nome do pai”. ‘amos pode verem Macunaima «também a miscigenagio das alviahas",em Viva o Pov Brat, Letras] 84 SMITA ARIK LOZ 10 dor com a india nativa. A violagdo praticada, tanto de Martim com relago A mulher, quanto com relagdo 2 terra, resta ideologicamente oculta. O livro sugere ao leitor a existéncia de um consenso, de uma unidade sem fraturas, na fundagdo de uma nova nacio resultante da sintese pretensamente harmoniosa do hibridismo inicial. Conforme con- signado no capitulo do batismo de Poti, que se converte & religiio dos cists, nesta nova nagio haveré o primado da organizagio religiosa ¢ polftica européias. Este e outros elementos da obra apontam para a hegemonia do colonizador, que se implanta vitorioso na terra natal de Jracema. A questio da dependéncia cultural ai implicada permanece inconscientemente ndo questionada por Alencar. Apesar de, no nivel consciente, o autor ter todo 0 cuidado de apresentar-se fiel & cor local € aos costumes indfgenas, a construgdo imagingria daf resultante (sua “‘metéfora real”) ndo consegue superar vérios obstéculos, Um deles, por exemplo, o de que numa nota apensa ao livro, explica-se ao leitor uma estratégia adotada pelo pajé, pai de Iracema, para libertar o guer- reiro branco. Esta estratégia é indicada como sendo uma ““rapaga’” do chefe religioso. Neste sentido, ao lidar com a mitologia da cultura indfgena, Alencar revela-se incapacitado de pensé-la fora do sistema de reflexio do mundo europeu em que foi culturalmente fornado (e do qual dé contas em seu prefécio “‘De como e porque sou escritor"”). A este obstéculo poder-se-ia acrescentar o do batismo do guerreiro bran- co, que se torna 0 coatiabo, mas que jamais se comporta de maneira a demonstrar ter incorporado qualquer perspectiva indigenista. Tudo isto manifesta como fica dificil a Alencar abandonar seu olhar etnocéntrico!", mesmo tentando ser “fiel”” ao localismo, e as “‘origens”” da cultura que quer captar e em cujo imagindrio vem a interferir com seu olhar de intelectual branco e de nacionalista europeizado. ‘Assim & que - “Além, muito além daquela serra que ainda azula no horizonte'’ - Alencar comega a tecer, com base num tempo imemo- rial e lendério, a convengao ideol6gica que se fazia necesséiia & historia do homem romAntico brasileiro. Ou seja, a constituigio da simbologia da origem da terra, da nago, da me nutridora, metdforas que perpas- sam a obra, identificando a protagonista [racema nao sé com a América TT Conforne prope Foucault, olharetootntico se ciractriza por em cenamento no imaging da prépria cultura que envolve e "format" a observaslo do investgador gue es, sim, impedido de stir © lugar do ou, de ver de um outro ponto de vist, de desecar-se do cenit de observagho cm ‘que sua euro reiém prisoneio de aiclar a dimensio do ouir Letras oa oe a 85 e com o Cearé, mas com o mito da terra como himus fundador. Todavia, se considerarmos 0 periodo em que a obra foi publicada, jé no segundo Império brasileiro, em 1865, num romantismo indianista tar- dio, até mesmo para o Brasil, vemos que o leitor a0 qual 0 texto se Girige esté longe de encontrar suas origens ligadas as da mae indigena do Cearé. A burguesia para a qual a obra foi escrita tinha seu surgimen- to conectado ao de uma nacido tornada independente por um monarca portugués, e sustentada por toda a sorte de conflitos na definigzo de sua autonomia politica, A obra vem, neste sentido, funcionar como um pacificador dos conflitos instalados, veiculando uma sintese harmoniosa dos contrérios, fendmeno distante do panorama brasileiro daquele momento. Neste sentido, Jracema nio é apenas o simbolo e 0 anagrama de América, como tem insistido a critica. Ela € também a alegoria enig- mitica de uma americanidade rasurada pela violago colonizadora, aqui investida em cfimera escura, por exemplo, na estratégia do licor com que & heroina feminina seduz 0 “‘inocente”” guerreiro branco, 0 europeu Martim. A ambivaléncia da personagem feminina - simbolo e alegoria (os dois conceitos entendidos no sentido benjaminiano) ao mesmo tempo - retine em seu perfil as marcas das duas matrizes distintas e em conflito uma com a outra, conforme mencionado em momento anterior. Simbo- lo do Ceara, da origem e seiva nacionais, mae nutriz, mas também alegoria de forgas dionisiacas a serem domadas pela racionalidade do homem europeu, /racema aborda o conflito inerente & sociedade brasi- leira, desde a constitui¢ao do mito da fundagio, construida ideologica- mente como integragao harménica de contrérios, carregando em seu bojo a metéfora da integragao genético-biolégica dos componentes ét- nicos e culturais *“fundadores’” do Brasil. A ambigiidade da heroina chama-nos a atengo para a fratura encoberta pelo simbolo, ao retirar toda a violéncia da relagdo entre o descobridor e a terra descoberta, apresentando-a ndo como a violagdo que de fato foi, mas como uma alianga de solidariedade e notsria prevaléncia das bases européias por- que “mais civilizadas’”, “mais verdadeiras”, a exemplo do momento em que © romance nos diz que Poti se converteu ao cristianismo, a “‘verdadeira religio"’ dos cristiios. Neste sentido, Iracema € 0 simbolo, alegoricamente fraturado, de “uma idéia fora do lugar’’, na acepgao de Letras| ons 12ST 96 Roberto Schwarz em Ao Vencedor as Batatas.'? Sobre o assunto, em andlise brilhante, Silviano Santiago apontou as contradigdes entre o duplo batismo da obra, o de Martim e Poti. Diz Silviano Santiago, em nota a edigio comentada de Iracema: “A ceri- ménia € puramente epidérmica e superficial, pois ndo hd uma mudanga basica, seja nos costumes de Martim, seja ainda na sua maneira de pensar’”'3. Pode-se mesmo considerar que a estratégia fundamental do romance, baseada no simbolo da alianga entre contrérios e na sua capacidade de sintetizagio, acaba por tevelar-se uma idéia em desloca- ‘mento, obliquamente negada pela alegoria que o livro, por outro lado, também representa. Costuma ser tfpico do comportamento simbélivo, no qual se expressa um universo concreto', apresentar a conciliago ddos antagonismos que se resolvem numa sintese ideolégica, tal como aparece em Iracema, Por um lado, 0 projeto consciente de Alencar € apresentar a origem da terra brasilica através da énfase do componente nativista indigena, produzindo 0 conceito de nacionalidade alicergado sobre os valores iocalistas da terra, Por outro, este projeto se revela uma “idéia fora do lugar’"'5, ao legitimar 0 processo “‘civilizat6rio”” im- plantado pelo colonizador. Ao final, acaba por ocorrer, como propoe Sérgio Buarque de Holanda em Rafzes do Brasil, a implantago discur- siva de uma espécie de “desterrados em nossa propria terra.”"™6 Nome € topos do nacional, [racema vai marcar, j4 no Romantismo brasileito, a problemética trajeléria do conceito de nacionalidade, revelando que o “rosto’” da origem esté longe de ser algo uniforme e unificado, Seré com Macunaima que a narrativa de fundago vai apresentar, na literatura brasileira, uma outra maneira de discutir esta questao. Manuel Cavalcanti Proenga, com seu Reveiro de Macunaima, foi o primeiro a explicitar pormenorizadamente as fontes de que se valeu Mario de Andrade para escrever a sua “‘raps6dia””. Macunatina € com- 1 si Plo: Dus Ciades, 1978. TS'ALENCAR, Jos. Iracema. Rio de Janeiro: Jos Olympin, 1975, 9.46 CE ierennte comet de Sos Gere Merguiceem Arte e Sociedade em Adora, Marcuse « exjamin acres da rela euzeo bolo € © universal coneeo de qu fal Hegel, Meroe moma cariguera de aurentg $6 que Benjamin 20 ceca a estica do simbo et me esata ‘enea dy Romastnma. £5 Em raceme o stmboo&estrotgia doinance, neste seta: a bra propte qe se fl da tera mao) ‘cam 0 tga da cor local, mas oculta uma fata, provecada Pea capacao oblqua 60 susonaisne fnéado nor valores dios, eligiosm ¢ polly cnt que se pret 4 cola do colorized com clement hegemdaic, "6 Ra de ane: José Olympia, 1956p. 5 Letras 87 aT Mann 0.962 983 posto de material de diversificada procedéncia, anivulado por Mério ‘num proceso de bricolagem bem diferente do que constitui a genealo- gia de Traceria. Mério de Andrade incorpora e "‘deglute’” o regional mo, 0 universalismo, 0 cosmopolitismo, a mitologia taulipangue, caxi. aud e arecund, a visio ufanista sobre a terra brasileira, por ele focal zada fora do Angulo até entio dominante do “porque me ufano do meu pais”. Mério ainda inclui em seu livro, e de modo bem original, a fauna, a flora, e a sabedoria popular dos provérbios. Esta composicio hibrida € trabalhada e expressa por Mério de Andrade numa taxinomia de fazer inveja a biblioteca de Babel de Jorge Luts Borges. Macunatma & uma escrita em mosaico, um “tecido” de citagdes. Livro aponta a impossibilidade de discutir, por via do simbético" a questo da “‘identidade”” nacional. Mério trabalha alegoricamente na construgio desse her6i “‘sem nenhum carétet"’, que se desdobra inces- santemente em miiltiplos de si mesmo. Ou seja, Macunaima rasura 0 simbolo proposto em Iracema, ao fazer de seu protagonista wm heréi que se caracteriza pela falta de coesao e pelo excesso de marcas iden- tificatérias em contradig’o permanente. Como propde Roland Barthes em SZ, este tipo de texto é multivalente, nega-se enquanto orgiinico & culmina por ser uma transgressdo parédica das imagens do "mesmo", da “‘origem’’ ¢ da “‘unidade”” Sem procurar implantir 0 marco da fundagio e sem aceitar a imagem da ordem como algo uno, Mario de Andrade questiona o fundamento desta mesma imagem-mito da fundagao da cultura. Se, na estética do simbolo - caracterizada pela domindncia do tépico da ori- gem - trabalha-se com a solda da unificagio dos contrérios, o olhar alegérico de Mario de Andrade elege 0 tépico da rasura da origem, escavando-a como se fosse um palimpsesto De acordo com a tradi¢Zo européia, 0 heréi € um simbolo. Ele representa algo, acumulando em si os valores, fantasias ¢ caséncias humanas. © heréi (€ também os seus contrérios € complementos, villo e o anti-heréi) pode ser visto como um universal concreto, isto 6, um universal que expressa, na sua individualizagdo singular(uma singu- larizago que alude a0 coletivo), 0 conjunto de valores, fantasias (Quanto as iuen;bes que borcaram o exguerc, ve images por demals. $4 ndo quero gue tomem Macunaina ¢ourospersonagens como sinboas (Miro be Andrade peeicio de Macias, daa %e PIN31928). CE LOPES, Tele Porto Ancona, Mecunaina: a margem eo texo. Sk Palo: HUCITEC, ‘Secrets de Cultura, Espome e Tursm, 1974, p. 3 LetrasMll swramonsrncsm 88 caréncias que funcionam como o ‘‘cimento’’ de identificagao e unifica- Go da comunidade. O heréi Macunaima, na perspectiva de Mario de Andrade, tem obscurecida esta origem identificdvel e nomeével. Ele no mais sintetiza, como Iracema, uma origem precisa - ela € indfgena; mas uma pluralidade de origens, jf que Macunaima € “filho do medo da noite”’, foi parido por uma india tapunhumas, tem um irmio preto € outro indic e pode transformar-se num principe lindo. Deste modo, Macunaima, ao contrério de caracterizar-se por uma origem, descarac- teriza-se, tornando-se 0 herdi “‘sem nenhum cardter’’, ou seja, 0 herdi em que é imposstvel determinar um cardter como sendo o dominante. ‘Se Irazema opera consoante a intengdo de determinar os elementos fundadores da nacionalidade e da identidade brasileiras, e culmina por apresentar 0 portugués como o elemento hegeménico, do ponto de vista dos valores que vio fundar a ética do imagindrio cultural bra Macunaima, por seu turno, promove a dissonancia desse paradigma, Enquanto Iracema € o simbolo de uma (pretensa) identidade e unidade, Macunaima se revela a alegoria da lateralidade que havia sido sufocada no projeto indianista de Alencar. Na obra de Alencar, o simbolo vem como apresentagio otimista da histria e em conluio com o referendo do mito da fundagao da terra, como promessa de unidade € coesdo de uma origem fundadora, Na obra de Mério de Andrade, a hist6ria brasileira & apresentada pela visio saturnina da ruina de varios elementos de formaciio do nacional, “*so- terrados pelo carro triunfal do vencedor’”!8. Como aponta Flivio Koethe!? € proprio dos signos da escrita alegérica pontuar que as pessoas e coisas no chegaram a0 seu direito de ser, € que cada elemento pode ser substitufdo por outro, conforme ocorre em Macunatma, obra na qual os componentes étnicos que constituem a “‘origem’? rasurada do herdi se ‘superpdem uns aos outros e se intercambiam numa genealogia pluralista ¢ parddica. Macunaima atualiza a imagem da origem como coisa diver- sa € dispersa, ao incitar o leitor a compreender a origem fundadora ‘como uma suposta coeso que, na verdade, apenas sobrevive ao repri- mire ocultar suas fraturas. Iracema, diferentemente, se concentra nessa ‘ocultagao, o que acaba por focalizar o tépico da origem como suficiente em si mesmo. A esteira marioandradina jd estava, todavia, em Iracema, TECK, Waker Benjamin, em “Sobre o concito de hisra. ses Te 8, pp. 225-226. 9 '9 Adorn, Benjamin: Confronas. S80 Paulo: Ait, 1978. p. 64. Letras sorawansireron 89 no ambivalente entrecruzar de simbolo e alegoria que se verifica na construgio da personagem feminina.20 Uma terceira e importante pega nesta discussio € Viva o Povo Brasileiro, Neste texto, a dupla matriz jé focalizada de tipologizagio do nacional esté presente em perspectiva e gradagSes diversas das que foram apontadas quanto a Iracema ¢ Macunaima, A narrativa cobre quatro etapas da formago nacional: 0 periodo da colonizago e cate quese; a formagdo da sociedade nas lutas da independéncia e durante 0 Império e, finalmente, alguns flashes dos periodos de ditadura civil e militar da Repiblica, no século XX. Adotando a técnica do flash-back, o texto se inicia na primeira metade do século XIX, com a cena da morte do alferes Joao Brandao, através da qual se questiona o mito do herofsmo (2 quem e a que serve © her6i?) na histéria do Brasil, propiciando aos leitores questionar que muitos morrem por uma causa fantasiosa, do mesmo modo que o herofsmo de outros pode ser apenas fruto de uma interpretago equivo- cada. A seguir, 0 texto retoma ao século XVII, com os padres da catequese e os indios antropéfagos. Neste segmento Ubaldo reinveste, de certo modo, tanto na linha inaugurada por Macunafma quanto na utilizagfio de recursos comuns a0 Serafim Ponte Grande. O terceiro segmento, tematizando a segunda metade do século XIX, dedica-se a discutir a formago da elite politica e intelectual do pais, e 0 quarto pontua dois momentos do século XX - a ditadura estado novista nos anos de 1937-45 e 0 golpe militar pds-1964 e seus efeitos na década de 1970. Nas diversas etapas focalizadas, Ubaldo enfatiza algo a que nem Alencar nem Mério deram maior relevo e que é uma das linhas princi- pais de seu texto: poe em questo 0 conceito de verdade hist6rica, e 0 Proprio conceito de histéria factual, mostrando ser a hist6ria uma ver- so dos fatos, ou seja, uma produgio textual vazada de ficcao. Em cada um desses momentos, Jodo Ubaldo Ribeiro entrelaga as duas matrizes discursivas dominantes na argumentagao sobre o mito da fundagao da nacionalidade na literatura brasileira. Ao tratar da origem ele apresents 0 negro, o indio € o europeu, numa genealogia que parece -aparentemente aproximar-se daquela instituida em fracema, ao mesmo tempo que retira o elemento maravilhoso da instincia vanguardista em veressanie consular, sobre a anise de Iracema a pair eum enfoque feminist, o artigo de Ria Lemaire em taso-Bravon Review (Wise, 190), Letras 90 ‘SATA MAPA OE 108 que 0 tinha colocado Mério de Andrade. Quanto & genealogia do nacio- nal que, num primeiro nfvel, parece remeter a fracema, Ubaldo entte- tanto rasura-a de forma interessante, através da teoria da ‘‘reencarnaciio das alminhas”, Segundo esta teoria, que vem a calhar com 0 imaginério do candomblé baiano, uma mesma alminha pode reencarnar seja num branco, num negro, num fndio ou num europeu. Até aj, nada de novo, pois a “esséncia”” da brasilidade também encarnara, em Iracema, no mestigo Moacir. Todavia, no caso da obra de Joao Ubaldo elabora-se um processo que se d4 por uma espécie de quiasmo, Figura de ret6rica que tem por caracteristica promover a articulago dos opostos de modo assimétrico, o quiasmo se manifesta de grande rentabilidade em Viva 0 Povo Brasileiro. Deste modo, Ubaido retira da pura simetria 0 que Alencar concebera enquanto tal. Na teoria da reencarnagdo em quiasmo processada em Viva o Povo Brasileiro, a alma belicosa do caboclo ‘Capiroba - comedor de gente ¢ dessacralizador da ‘moral das carave- las” - pode vir a reencarar num legitimo representante das forgas contra as quais Capiroba investiga, tomando-se a alminha uma esséncia relacional, e nfo algo pré-dado, suficiente em si mesmo. Ou seja, rompem-se (como em Macunaima, ainda que de modo diverso) as limitagdes “genéticas" da origem étnica focalizada por Alencar no nivel do simbolo. Nem sfmbolo da unificagio, como em /racema, nem alegoria da ruptura, como em Macunaima, os personagens de Ubaldo so figuragdes de um discurso intervalar, que busca estabelecer um diélogo com as obras paradigméticas que os precederam. O livro pode ser mais claramente examinado se tomamos dois de seus eixos estruturadores, a natrativa interna dos capitulos (que, maneira épica, conservam uma certa independéncia entre as partes) ¢ a macro-estrutura do texto (que s€ configura pela elaboragdo do paradig- ma da negritude, em sua luta pela sobrevivéncia, em oposigio ao do branco colonizador ¢ seus descendentes, em sua luta por permanecer no poder), Articulando esses dois eixos, e cortando-os como numa estru- tura em quiasma, esté o personagem Patricio Macério, que faz cem anos, a quem Maria da Fé, a lider negra, confiaré a canastra da Irman- dade do Povo Brasileiro, verdadeira caixa de Pandora que contérn os segredos de uma identidade fraturada e corrompida. Mas, até af ndo nos terfamos afastado da diagramagio simplista de duas facgdes em oposigo: brancos dominantes cruéis x negros domi- nados bondosos. Patricio Macério €, no romance, a criagao responséivel por tirar 0 texto (¢ a discussdo sobre o nacional) desta platitude, E isto Letras 1 TA Mase, 02108 porque neste Aureliano Buendfa dos trépicos baianos se concentra a alegoria da Historia como ficgo. No tecido de Viva o Povo Brasileiro converge todo tipo de discurso, num cruzamento constante entre a fala € a escrita, entre o povo ea elite, entre a dependéncia ¢ © poder, entre a passividade e a revolta, Viva 0 Povo Brasileiro n30 apenas entrecruza “‘alminhas’", mas também tematiza miiltiplas concepgdes assimétricas da Hist6ria e da ficgio, que vém a imbricar € a convergir ambiguamente (e 0 discurso que constitui o nego Leléu é um forte exemplo de entreeruzar cerrado Gas oposigdes citadas), através desse mesmo princfpio do quiasmo, veio estruturador da légica da narrativa, que tem no excesso neo-barroco uma de suas chaves. Come que obedecendo ao prinefpio barroco da dispersio ¢ da recolegio, a obra focaliza a Histéria como embate continuo de uma argumentagio discursiva em que vencedores e vencidos tentam inscre- ‘ver © texto de suas versdes. Deste modo, na obra se expde e cammavaliza a verso da Hist6ria oficial, escrita ‘‘pelo carro triunfal dos vencedo- res", rasurada pelas verses depositadas no imaginario popular. E a tal pponto esse processo se acirra, que a ‘‘verdade hist6rica”” se apresenta como um tecido de versées, ou seja, como se a Histéria fosse uma produgio textual vazada de ficgdo. Viva 0 Povo Brasileiro nos apresenta varias concepgdes de possi- veis ‘‘verdades’” histéricas privilegiadas por diferentes personagens, estratégias © focos narrativos, cada uma delas integrando o plural de vozes que configuraria 0 perfil deslizante do nacional. Ora a Historia nos € apresentada de modo ut6pico e esperangoso ¢Patricio Macério), ora de modo mitico e ufano (Alferes Jodo Brandio), ora obliquo € dissimulado (Amleto Ambrésio e nego Leléu), ofa antropofégico e carnavalesco (Caboclo Capiroba), ora messifnico (Maria da Fé), ora saturnino € melancélico (Stalin José). Lido como uma tentativa de promover 2 interlocugio do mitico e do hist6rico no horizonte da ficgao, 0 texto de Joao Ubaldo oferece uma possibilidade inteligente de rediscutir o problema da identidade, tanto fora da visao etnocéntrica e essencialista, quanto da visio vanguardista parddica. Uma possibilidade que “‘mapeia"” um novo lugar, buscando falar no intervalo dos discursos que convoca, daf o seu carter de Letralll g ATR WHE, WLDED 309 interlocugao.2! Divirjo de algumas leituras que tém apontado o texto de Jodo Ubaldo como um herdeiro sofisticatio de Jorge Amado e de uma tradi- 0 acritica do regionalismo sensual e folclorizante, Ainda que o livro tome como microcosmo do Brasil uma fragdo baiana do topos nacionsl, ele nao recalea o peso de uma tradigio que repensa e reavalia, por vezes com riqueza de problematizacdo, € outras vezes com menos sucesso. Vistos numa outra diregdo, os impasses com que a narrativa de Ubaldo se defronta - 9 painel um tanto esquemstico ¢ de concepgio messidnica no perfil da herofna Maria da Fé, ¢ a desproporgo qualitativa e quan- titativa do tratamento do século XX, em relagio aos segmentos que tratam da cena da colénia e do império, sdo dois de seus obsticulos - sublinham algumas questées profundamente atuais ¢ de fundamental discusséo: a do texto como metéfora do Jivro ¢ da cultura, e a da Hist6ria como um tecido argumentativo no qual a vertente ficcional nao esté bloqueada. JoXo Ubaldo Ribeiro investe, com sua obra, numa iniciativa impor- tanlissiraa: a de promover uma espécie de psicandlise mitica da cultura brasileira, esta Babel de linguagens, convocando um imaginsrio sedi mentado € solapando-Ihe as soldas, ainda que por vezes também arris- eando-se a consolidé-las, © lugar mitico da cultura convocado por Jodo Ubaldo - 0 da fundago do nacional - implica promover a migrago de uma meméria textual regressiva, estocada no remoto passado nacional, para dat pro- gressivamente deslocé-la (mas sempre em quiasmo, relentbremos), Nes- ta operagao, 0 leitor & convocado nao s6 a acionar sua memsria cultu- ral, como também sua meméria de leitor da literatura brasileira, na revisitagdo - no presente da leitura e da histéria brasileira - dos vultos verbais textualizados sob a forma de personagens, cenérios e segmentos temporais da narrativa. Viva 0 Povo Brasileiro vem intencionalmente saturado desse repertério cultural espevifico, ingrediente através do qual ntemente apresenta as “‘mercadorias mentais”” que ainda hoje administram nosso inconsciente cultural. E € a partir dessa estratégia que ele revisita e rediscute algumas das realizagBes compen- TT expresso € do pot Joie Femanes da Silveira, em cus porns minisndo (a guto mis na ératusgso da Faculdade de Leas ds UFRG, no segundo semeste de 1987) sere 0 romance comtenpordnes bras € pores Letra sarauann xccezie IS satérias - 0 mito do heroismo, do consenso entre os discursos de vencedores e vencidos - que prometem um rosto harménico e ufano do Brasil. Na versio de Viva 0 Povo Brasileiro, como na de Macunaima, nio ‘4 lugar para uma visio ufanista da Hist6ria. O viva que inicia o livro no sugere ao leitor um ponto de exclamagao, ou qualquer tipo de euforia nacionalista, A canastra em que esté o segredo da alma nacio- nal, que pertencia a Maria da Fé, guardia da Irmandade Brasileira, passa, com a morte desta, para as mios de Patricio Macdrio, No dia do entero do velho centenério, trés ladrées “de galinha”” penetram na casa ¢ abrem a canastra. Pouco a pouco, vio surgindo aos olhos dos trés homens os “‘crimes do colarinho branco’” e os desmandos de toda a ordem, cometidos na grande nagdo brasileira. Ao mesmo tempo, na casa de farinha, as paredes vao se gretando e delas brota o sangue, como se erinias furiosas fossem se espraiando e anunciando 0 caos. Enquanto isso, no pardgrafo final, 0 “Espirito do Homem, erradio mas cheio de esperanga, vaga sobre as dguas sem luz da grande bata’ Parece-me que, distante do clima parddico e destruidor do Macunaima de Mario, bem como do indianismo nacionalista de Alencar, Ubaldo reGne em seu final a metéfora do impasse, presente também em dois classicos da narrativa nacional voltada ao tema da identidade cultural: © do Guarani, com seus heréis sobre um tronco de rvore & mercé do dildvio, € 0 de Marco Zero, em que o campo se incendeia, Por um lado, Ubaldo escapa da mensagem de Alencar, que atribui 4 tecnologia de poder européia (0 Estado e a Religido, figurados no pai Martim, que com seu filho Moacir e seu amigo Poti perfaz a “trinda- de"’ de instituigao do nacional sobre a terra-t Iracema) a tarefa de fundar a nova terra. Por outro, talvez ndo logre a levar muito adiante 0 nivel critico da proposta de Mario, pelo qual Macunaima volta ao Uraricoera e vira constelagio, no havendo para ele lugar na Paulicéia. Mas sem diivida Ubaldo revisita, e em boa hora, o lugar congestionado da nacionalidade, questionando a “‘versdo Iracema"’ e acentuando a hist6ria dos vencidos apontada por Mério. Todavia, pelo cardter mitico que assume Maria da Fé, e pelo messianismo que ela representa, soa incémodo, por vezes muito incdmodo - talvez porque sugira uma solu- io fécil para o impasse, talvez porque nele ressoe o lugar mitico da fundago, que resiste & sua prépria critica - 0 eco do “Espirito do Homem’”, erradio mas cheio de esperanga. Por outro lado, muito atual ¢ pés-modernamente, o livro parece Letras 94 STA MAA 3/02 180 também sugerir, na enunciagao deste impasse - mas afinal, o que & a identidade do povo brasileiro? - que o encaminhamento hoje da questo consiste em revisitar a cena da razo iluminista, dguas sobre as quais sem diivida 0 (espirito do) homem anda errante.

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