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TÓPICOS AVANÇADOS DE DIREITO III

Bibliografia: Freddie Didier Junior – vol. 4 – direitos coletivos / Hugo Mazzili –


interesses difusos e coletivos

 Tutela coletiva

- conteúdo programático

1) introdução

2) direitos coletivos lato sensu

3) princípios

4) competência

5) legitimação para as ações coletivas

6) coisa julgada

7) liquidação e execução

8) relação entre ações individuais e coletivas

Introdução

 Direito brasileiro
- centrado em ações individuais

 Superação da dicotomia público/privado


- litígios de massa
~ dois fundamentos:
a) acesso à justiça
b) economia processual

- “litigação de interesse público” – o foco é uma defesa de interesse


público.

- interesse público primário


- “politização da justiça”

Características do processo coletivo

a) interesse público
b) legitimação para agir
c) extensão da coisa julgada à pessoas que não participaram do litígio,
não pode limitar àquelas que participaram
d) situação jurídica coletiva – direito ou dever de alguma coisa – nem
sempre a coletividade vai estar no polo ativo. Só é necessário que um
dever ou direito envolva uma coletividade e que tenha interesse público
para caracterizar uma tutela coletiva.
Exemplo: a ação que proibiu o rolezinho, a coletividade estava no polo
passivo.

- microssistema processual coletivo: muitas leis que se conectam que


tratam do mesmo assunto ainda que de pontos de vista diferentes

Algumas delas:
a) CDC
b) LEI 7.347/85 – lei de ação civil pública
c) lei 8.429/92 – lei de improbidade administrativa

Situações jurídicas coletivas

Direitos/deveres coletivos lato sensu

Art. 81 p.u. do CDC


 Difusos – são essencialmente coletivos, porque é da natureza deles
tratarem de coletividades, ultrapassam figuras de pessoas
determinadas. Tutela de direitos coletivos
 Coletivos stricto - são essencialmente coletivos, porque é da natureza
deles tratarem de coletividades, ultrapassam figuras de pessoas
determinadas. Tutela de direitos coletivos.
 Individuais homogêneos – são na sua natureza direitos individuais, são
acidentalmente coletivos, porque não é da essência deles serem
coletivos, mas por uma situação específica do caso concreta, podem ser
tratados como se direitos coletivos fossem, exemplo: demandas de
massa. Tutela coletiva de direitos.

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas
poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares
pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo,
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.

 Dá caráter subjetivo e estrutural – permite a judicialização

- difusos: transindividuais; natureza indivisível; titularizado por grupo


indeterminado; ligados por circunstância de fato.

* dissolve entre todos, o meio ambiente saudável por exemplo, é tudo de todo
mundo, não dá para separar a parte de cada um.

Quanto aos chamados direitos difusos são aqueles cujos titulares não são
determináveis. Os detentores do direito subjetivo que se pretende proteger são
indeterminados e indetermináveis. Em que pese tratar-se de uma espécie de
direito que apesar de atingir alguém em particular, merece especial atenção
porque atinge simultaneamente a uma multidão de pessoas que não se possa
precisar a quantidade, onde uma única ofensa pode afetar um número
incalculável de pessoas e igualmente a satisfação de um consumidor poderá
beneficiar a todos.

Portanto a característica do direito difuso é a não – determinação do sujeito.


Não existe uma relação jurídica base e sim as circunstâncias do fato que
estabelecem o elo de ligação entre todos os indivíduos difusamente
considerados e o obrigado a respeitar esses direitos – aqueles elencados no
artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor, denominados fornecedores.

A tutela desses interesses se faz suficiente através de demanda coletiva, com


efeitos erga omnes para a coisa julgada, demonstrando a efetividade e
abrangência desse dispositivo.

Exemplo: o direito de todos não serem expostos à propaganda enganosa e


abusiva veiculada pela televisão, rádio, jornais, revistas, painéis publicitários.

- coletivos stricto: transindividuais; natureza indivisível; titularidade de


grupo ou classe de pessoas indeterminadas mas determináveis; ligados
por uma relação jurídica base.
* a diferença entre os difusos e os coletivos stricto é que aqui antes de algum
fato é que as pessoas já estavam ligadas entre si ou com a parte contrária, por
exemplo, associação de comerciantes, todos os comerciantes são um grupo de
pessoas indeterminadas, mas são determináveis a partir do momento em que
se sabe quem são os contribuintes daquela associação, então se essa
associação for a juízo defender seus direitos, significa ser um direito coletivo
stricto sensu. *efeito ultra partes*

Quanto aos direitos coletivos, os titulares dos direitos são também


indeterminados, porém determináveis. Os obrigados a respeitarem esses
direitos são os fornecedores envolvidos na relação jurídica base, as quais
podem existir duas modalidades: aquela em que os titulares estão ligados entra
si por uma relação jurídica e; aquela em que os titulares estão ligados com o
sujeito passivo por uma relação jurídica; ou seja, há duas relações jurídicas
concomitantemente. O bem jurídico protegido é indivisível não pertencendo a
nenhum consumidor em particular, mas a todo conjunto simultaneamente.

Exemplo: aumento abusivo de um plano de saúde para os já contratantes.

- individuais homogêneos: individuais; divisíveis; titularidade


determinada ou determinável; origem fática comum

* a origem fática comum é o que chamamos de acidente, vou partir de uma


situação fática que tornou muito semelhante o direito de várias pessoas, surge
a necessidade da tutela coletiva. * efeito erga omnes*

- a diferenciação básica é se o pedido está ligado à origem fática comum e


normalmente tem pedido de indenização, ou se está ligada à relação jurídica.

Quanto aos direitos individuais homogêneos os sujeitos são sempre coletivos,


porém determinados. Os responsáveis – denominados sujeito passivo; são
todos aqueles que direta ou indiretamente tenham causado dano ou participado
do evento ou ainda que tenham contribuído para tanto.

Há uma situação jurídica que tenha origem comum de fato de ou direito - que
poderá ser próxima ou remota - para todos os titulares do direito violado. O elo
que une os titulares do direito violado é comum para todos. Mas não se exige
que todos os indivíduos sofram o mesmo dano, na mesma proporção; o que
será oportunamente apurado em fase de liquidação de sentença, cada um na
extensão de seu dano. Aí que se traduz a determinabilidade quando do
ingresso na justiça através de demanda individual ou por ocasião de liquidação
de sentença na demanda coletiva.

Nesse caso, o objeto é indivisível e a origem é comum a todos titulares do


direito individual homogêneo, mas o resultado da violação do direito é diverso
para cada um.

Exemplo: um alimento que venha gerar a intoxicação de muitos


consumidores.

Como identificar?

 direito subjetivo afirmado (causa de pedir) + pedido

NORMAS FUNDAMENTAIS DE TUTELA COLETIVA

1) princípio do devido processo legal coletivo – ritos e procedimentos seguidos


de forma rigorosa para que se chegue na efetivação dos direitos

 Necessidade de adaptação do processo

1.1) regra da adequada legitimação

- controle judicial da adequação do legitimado (por exemplo quando o STF


divide os legitimados para o controle concentrado em Universais e os que
precisam comprovar pertinência temática).

- o juiz fará esse controle, dirá se aquela pessoa que está ali em juízo tem
condições de representar aquele grupo.

1.2) informação e publicidade – tem que gerar o maior número possível de


informação e publicidade, fazer com que chegue às pessoas

- notificação dos membros do grupo

 Fiscalização – o grupo tem o direito de fiscalizar aquela ação


 Direito de sair (art. 94 CDC) – A coisa julgada atinge todos daquele
grupo, mas as pessoas tem a possibilidade de não querer que aquele
processo coletivo lhe atinja.

- informação aos órgãos competentes


 Para a propositura
 Da instauração
 Do resultado

~ arts. 6º e 7º da lei 7.347/85 (ação civil pública)

Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a


iniciativa do Ministério Público, ministrando- lhe informações sobre fatos
que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de
convicção.

Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem


conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil,
remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.

~art. 139, X, do CPC

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,


incumbindo-lhe:

X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas,


oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do
possível, outros legitimados a que se referem o art. 5o da Lei no 7.347, de
24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990,
para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva.

1.3) competência adequada – precisa analisar o caso concreto, onde melhor


poderá ser discutida a questão, onde o processo terá mais aptidão para atingir
seu objetivo.

 Art. 93 do CDC – foros concorrentes


- competência adequada = “fórum non conveniens” - local onde o
processo terá mais aptidão para atingir seu objetivo.
Kompetenz-kompetenz – direito do juiz de se dizer incompetente quando
ver que ele não é o mais adequado para resolver a questão
- juízo mais adequado
- evitar dificuldades do réu
- evitar o uso da competência para obter vantagens

2) Princípio da primazia do mérito do processo coletivo – se tiver


condições de corrigir os vícios formais, corrige-se para atingir o mérito.
Só irá extinguir sem resolução do mérito se a nulidade for insanável.
 Art. 4º do CPC
 É o Interesse público primário que está em jogo
 Ex.: necessidade de sucessão processual – quando a parte não for
legitimada ativa e somente ativa, intima-se o MP, a defensoria ou outra
associação para que substitua aquela parte que não é legitimada.

3) princípio da indisponibilidade

- indisponibilidade do interesse público primário

- avalia-se a conveniência e oportunidade no caso concreto: “obrigatoriedade


temperada”. Pois se não for conveniente e inoportuno, os legitimados podem
desistir da ação quando há a sucessão processual.

4) reparação integral do dano

 Art. 11 da lei 4.717/65 (lei da ação popular)

Art. 100 do CDC – fluid recovery – por exemplo uma empresa de telefonia que
cobra 5 centavos a mais de cada pessoa numa fatura, por ser um valor
pequeno, ninguém vai querer judicializar, mas para garantir os direitos,
decorrido 1 ano o MP poderá entrar com a ação e reverter a indenização para
um fundo.

Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados


em número compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados
do art. 82 promover a liquidação e execução da indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo
criado pela Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985.

5) princípios da não taxatividade e da atipicidade

 Art. 1º da lei 7.347/85 – rol exemplificativo – não se esgotam os direitos


coletivos, basta que eu demonstre em juízo que aquele direito é um
direito coletivo.

Art. 83 do CDC – todos os procedimentos - Art. 83. Para a defesa dos direitos e
interesses protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de
ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.

COMPETÊNCIA

 Competência adequada – encontrar o fórum mais conveniente para a


análise da demanda, que vai ter mais condição de julgar o caso. Quem
terá capacidade para dizer isso é o juiz.
 Interpretação mais flexível – o juiz irá flexibilizar uma norma já existente
para efetivar a competência adequada porque há os princípios da
indisponibilidade e da tipicidade em se tratando de competência.
 Competência absoluta
- territorial, em regra é relativa, mas na tutela coletiva é absoluta
- funcional

 Art. 2º da lei 7.347/85


- a competência é do local do dano
- mas e quando se tratar de ação preventiva ou inibitória? Será no
local onde o dano possa vir a acontecer

 Art. 209 ECA/ art. 80 do Estatuto do Idoso

 Mais de um local?
- A competência é concorrente
- Resolve-se pelo critério da prevenção
 Dano nacional? Não consegue ser resolvido pelo critério pela
prevenção
- Art. 93 CDC
- Capital Estado
- D.F
Obs.: conflito de competência - 26 842/DF (STJ)
Obs. 2: posso olhar só para o local? No caso de Mariana, foi um dano nacional,
mas tendo em vista que se fosse ajuizada no distrito federal ou em uma capital,
seria difícil fazer as perícias, etc. então, levando em consideração a
competência adequada, o STJ flexibilizou e permitiu que a ação corresse onde
ocorreu o dano.
- CC 144 922/MG
Obs. 3: qualquer capital? Capital adequada.

 Dano regional?
- qual conceito? Não se tem um conceito
- necessidade da leitura em conjunto com a adequação
- se o dano for regional, o STJ tem o entendimento que a
competência é das comarcas envolvidas
(CC 39 111/RJ)
(OJ 130-SDI-2-TST)

LEGITIMIDADE

Natureza jurídica

 Ordinária – a própria pessoa defende direito próprio


 Extraordinária – em nome próprio de direito alheio

- é uma legitimação autônoma para condução do processo, não é


extraordinária porque não há substituição processual, há uma autorização da
lei para tocar o processo. A maioria da doutrina não entende que há essa
diferença, apenas Nelson Nery.

LEGITIMIDADE ATIVA
Dificuldade: efeitos da coisa julgada

Class actions  adequada representação – a pessoa demonstra e


automaticamente o juiz analisa aquilo e se considerar que efetivamente o tem,
aquele processo coletivo vai valer para todo o grupo representado, e os efeitos
serão pro et contra, tanto pro bem quanto pro mal.
Rol de legitimados
- qualquer cidadão (lei n. 4.717/65 – lei da ação popular)
- art. 2º da lei n. 7.347/85 de ação civil pública

Obs.1: legitimação plúrima e mista – plúrima porque são vários e mista porque
são legitimados tanto ligados ao poder público quanto ao privado
Obs. 2: legitimação extraordinária autônoma, exclusiva (vou estar no processo
sem o titular do direito), concorrente (todos os do art. 2º podem entrar com a
ação) e disjuntiva (porque os outros legitimados não precisam autorizar um
legitimado para entrar com a ação).

CONTROLE JURISDICIONAL

1ª corrente – não é possível!


“ope legis” – legislador já colocou no texto da lei – podem estar em juízo
simplesmente por estar na lei, e se está na lei, não pode ter controle
jurisdicional.

2ª corrente – é possível!
- análise a partir do conteúdo da demanda – o STF fez isso no controle
concentrado ao dividir nos legitimados universais e especiais. Permito que o
juiz faça uma análise da legitimação, a partir do conteúdo da demanda e irá
buscar a representação adequada, para que o interesse da coletividade seja
defendido por quem entenda do assunto para que a coletividade não seja
prejudicada.

 Um dos critérios: pertinência temática

 Necessidade de controle da condução do processo – verificar se


a parte está tocando o processo de forma adequada, se o juiz
perceber que não está sendo satisfatório aquele legitimado, ele
pode tirá-lo da legitimação e colocar outro no lugar.

 Consequência?

- art. 9 da lei n. 4.717/65


- art. 5º, §3º da lei n. 7.347/85

Havendo esse julgamento de ilegitimidade ou abandono, passará


a legitimidade ao Ministério Público para tocar o processo.
No caso de legitimidade passiva, ao contrário do que acontece na
ativa em que a preocupação são os efeitos da coisa julgada, aqui
a preocupação é o que vai ser determinado na sentença, aqui não
tem o rol de legitimados, então terá que se utilizar da adequada
representação.

COISA JULGADA

 Art. 502 do CPC


 Qualifica uma decisão como obrigatória e definitiva. Algo que
decorre de um fato jurídico e que diante desse fato, surge uma
situação definidora e qualificadora que torna uma decisão
obrigatória.

- decisão torna-se indiscutível e imutável.

- indiscutibilidade
* efeito negativo – impede que a mesma questão seja novamente decidida
* efeito positivo – deve ser observada quando fundamento para outra demanda

- imutável  não pode ser revista ou desfeita

* regime jurídico
- modo de produção
- limites objetivos
- limites subjetivos

1) pressupostos para formação:


a) decisão judicial fundada em cognição exauriente (quando se esgotam todas
as possibilidades de se discutir aquele assunto)
b) trânsito em julgado (esgotamento das vias recursais)

- coisa julgada formal


 Endoprocessual. Impedimento de modificação da decisão por qualquer meio
dentro do processo.

- coisa julgada material


 Extraprocessual. Além dos limites do processo
 Decisões de mérito (objeto principal da demanda, pretensão resistida)
definitivas sejam totais ou parciais.

2) limites objetivos
* art. 503
* o que faz a coisa julgada é o dispositivo da sentença

3) limites subjetivos
* inter partes – quem vai ser atingido pelos efeitos da coisa julgada são só as
partes que figuraram no processo.
COISA JULGADA COLETIVA

Problemas:

1) risco de interferência injusta nas garantias de um membro da coletividade


2) risco de exposição indefinida do réu ao poder judiciário (grave problema de
estabilidade jurídica)

Regra geral: art. 103 do CDC

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa
julgada:
I - erga omnes (direitos difusos), exceto se o pedido for julgado improcedente
por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá
intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na
hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II - ultra partes (direitos coletivos stricto sensu), mas limitadamente ao
grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas,
nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II
do parágrafo único do art. 81;
III - erga omnes (direitos individuais homogêneos), apenas no caso de
procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na
hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.

a) direitos difusos e direitos coletivos stricto sensu (I e II)


“secundum eventum probationes”  “justiça” em detrimento da “segurança”
 Erga omnes / ultra partes

 Prova suficiente – prova nova capaz de alterar o resultado da demanda


 E os titulares de direitos individuais? No art. 103, §1º, dispõe que só
serão atingidos pela coisa julgada se ela os beneficiar.

 Art. 103, §1º - “coisa julgada secundum eventum litis”? é uma


condicionante, é o resultado da lide, só faz coisa julgada se for
procedente. Mas tem um problema, porque a coisa julgada já está
formada, o que está em jogo é quem os efeitos dela irão atingir, logo,
não é a coisa julgada, são os EFEITOS dela para os indivíduos. E aí
entra outro problema, porque como não irá fazer coisa julgada, esses
indivíduos poderão entrar com a demanda a qualquer tempo, gerando o
risco de exposição indefinida do réu ao poder judiciário.

b) direitos individuais homogêneos (III)


 Extensão dos efeitos somente em caso de benefício

 Mas e a coisa julgada coletiva?

- 2 correntes:
1) coisa julgada secundum eventum probationes
2) literalidade do art. 103, III (REsp 1302596/SP)
Quando se forma?
 Em processos que envolvam direitos difusos e direitos coletivos
stricto sensu, a doutrina diz que a coisa julgada é secundum
eventum probationes, ou seja, só acontece dependendo do
resultado probatório, é uma condicionante, logo, se o resultado do
processo for uma improcedência por falta de provas não há coisa
julgada.
 Nos processos quem envolvam direitos individuais homogêneos,
há duas correntes, uma que diz que tem que aplicar o secundum
eventum probationes por analogia dizendo que os direitos
individuais homogêneos têm que ser tratados de forma coletiva e
a outra que diz que há de se interpretar a literalidade do inciso III
do art. 103 gerando a insegurança que não se poderá discutir por
meio de tutela coletiva já que vai haver coisa julgada e o MP e os
outros legitimados não poderão ingressar, cada uma das pessoas
individualmente que foram prejudicadas terão que entrar com a
ação.
Quem é atingido? Só quem se beneficiar da coisa julgada.
O que se torna indiscutível? Dispositivo da sentença e os incidentes.

Repercussão no plano individual


 Art. 103 §§2º e 3º do CDC

Difusos e coletivos strictu sensu

1) juízo de procedência
2) juízo de improcedência (com esgotamento das provas) - se a sentença for
de improcedência e fizer coisa julgada, esses efeitos não atingirão o plano
individual.

a) Art. 103 §3º CDC


- transporte in utilibus da coisa julgada coletiva para o plano
individual. Ou seja, só trago o que seja útil pro plano individual, a coisa julgada
coletiva só estende seus efeitos só se for para beneficiar, se for útil.

- já se tem o an debeatur (o porque do direito) para fins de


execução
- serve ao indivíduo membro mesmo que não o seja formalmente
(Ag no AREsp 232468/DF)

b) Art. 103, §2º.


Individuais homogêneos
1) juízo de procedência
2) juízo de improcedência
Art. 95 e 97 do CDC – extensão dos efeitos em caso de
procedência. No caso de improcedência, não vai atingir, só atingirá se caso
após a convocação do art. 94, a pessoa ingressar com o processo.
Art. 94/103, §2º - se a ação coletiva for improcedente, tem a
possibilidade do individual entrar com a ação depois.

Art. 104: necessidade do pedido de suspensão. Por exemplo,


entrei com uma ação e o MP entrou com uma coletiva sobre o mesmo assunto,
a eficácia subjetiva só irá me atingir se eu pedir a suspensão desse processo
que eu entrei.

Sem ação individual


- ação coletiva procedente: os efeitos atingem
- ação coletiva improcedente: os efeitos não atingem, salvo se ingressar com o
processo com base no art. 94.

Com ação individual


- ação coletiva procedente: só irá produzir efeitos se suspender a ação
individual
- ação coletiva improcedente: só irá produzir efeitos se suspender a ação
individual.

Críticas ao sistema brasileiro

a) exposição infinita do réu


b) ofensa à isonomia e a estabilidade
c) sobrecarga do poder judiciário

Sistema do right to opt

Opt in – para ser afetado deve pedir o ingresso


Opt out – para não ser afetado deve pedir para sair

 Fair notice (publicidade da ação coletiva) + representação


adequada

Nova proposta (Kulski/ hársagi) – uma boa parte da doutrina


americana está propondo um sistema híbrido, ou seja, quando for
de pequeno interesse econômico, usar o opt out e quando for de
grande interesse econômico usar o opt in.
Limites territoriais

Art. 16 da lei 7.347/85 – difusos/coletivos


Art. 2-A da lei 9.494/97 – individuais homogêneos

Restrição da eficácia subjetiva aos limites territoriais do órgão julgador.


- o legislador confundiu competência com jurisdição, não sendo possível aplicar
essas leis.

- ERESp 1.134.957/SP. Hoje o STJ já decidiu que não é possível aplicar esses
limites territoriais em coisa julgada.

LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA COLETIVA

Requisitos da decisão para execução:

a) Existência da dívida
b) A quem é devido – no processo coletivo não fica claro
c) Quem deve
d) O que é devido
e) A quantidade devida

Liquidação: integrar a decisão chegando a uma solução acerca dos seus


elementos

- fase de liquidação: acaba o processo do conhecimento e transforma em


liquidação, dentro de um mesmo processo.
- processo de liquidação
- liquidação incidental: quando uma obrigação não é mais possível de ser
cumprida e terá que ser convertida em perdas e danos, terá que ser feita uma
liquidação incidental para ver quanto é devido.

- na fase de liquidação coletivo: é o coletivo executando a fase de liquidação,


dando sequência à fase de liquidação. Agora quando é um indivíduo sozinho,
ele terá que entrar com um processo de liquidação, porque ele não fazia parte
do processo de conhecimento.
 Arts. 509 e seguintes (liquidação individual)

Liquidação coletiva:

Execução individual de sentença coletiva  “liquidação imprópria” porque o


que vai ser discutido será a titularidade do direito e terá que ser apurado
algumas coisas (art. 95 do CDC) – necessidade de um processo de liquidação

Deve apurar:
a) Fatos e alegações sobre o dano
b) Relação de causalidade – relacionar o dano pessoal com o dano coletivo
c) Titularidade individual

RE 631.111  heterogeneidade dos processos


Fluid recovery

 Art. 82 CDC
 Art. 100 CDC
- indenização fluida: pequenas indenizações de espécie que
ninguém está buscando, e permite que o MP faça a recuperação
dessa indenização para que efetivamente haja a punição e ao
mesmo tempo possa permitir o ressarcimento da coletividade e
esse dinheiro vai pro FDD (fundo dos direitos difusos)
- direitos individuais homogêneos
- indivíduos não perdem o direito
- liquidação residual

Competência

Art. 98, §2º CDC

I: individual – liquidação ou ação condenatória (domicílio do autor)


II: coletivo – ação condenatória (Local da ação é a regra geral)

Art. 516 CPC


- local dos bens
- domicílio do executado
- local da obrigação

EXECUÇÃO

Objetivos
- efetividade
- menor onerosidade

 “máxima coincidência”

Direitos difusos e coletivos

 Reversão da situação lesiva e/ou cumprimento da condenação


 Qualquer legitimado pode executar, ainda que tenha sido outro
legitimado que tenha tocado a ação de conhecimento.
 Também pode ser executado pelo indivíduo após a liquidação in
utilibus

- execução coletiva  legitimados – o dinheiro irá para o FDD


(fundo de direitos difusos) (art. 13 da Lei 7.347/85)
- execução individual  cada indivíduo fará a execução após a
liquidação – o dinheiro irá para o próprio indivíduo art. 99 CDC.
* o crédito individual prefere ao coletivo quando ocorrer esse
caso.

Direitos individuais homogêneos

 Art. 97/100 do CDC


- execução individual: art. 103 III CDC

- execução individual por um dos legitimados: art. 82 do CDC


 Vítimas já identificadas – já na sentença tem que estar
identificado quem é o indivíduo que será reparado.
 Precisa de autorização? Inf. 431 STF - RE 572.232/SC
O STF entende que precisa de autorização, como por
exemplo uma pessoa autorizar um sindicato a exercer um
direito seu disponível.
O STJ entende que não precisa, porque é uma substituição
processual que já veio autorizada pela lei. Bem como utiliza-
se do fato da dificuldade de conseguir todas as autorizações.

- execução coletiva: art. 100 (fluid recovery): depois de passado 1


ano, as pessoas não se apresentaram para receberem suas
indenizações individuais, normalmente porque o valor é muito
baixo, o MP ou qualquer um dos legitimados poderão executar e
o dinheiro irá para o FDD, não surtindo nenhum efeito para os
indivíduos.

 Prova

- coisa julgada
- coisa julgada coletiva
- liquidação de sentença
- execução

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