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HISTÓRIA DO DIREITO

ANANINDEUA-PA/2011.

ALUNOS: HELTON DE SOUZA PIMENTA

JAMILLE CRISTINA Q BITTENCOURT

NATASHA VARMILY

NILSON DIAS

OLGA VALQUIRIA T. C. PINTO

SUZAN NATASHA

THASSIA CAMILA R LOPES

O DIREITO NO BRASIL COLONIAL

Trabalho apresentado à disciplina História do Direito do curso de Direito da ESMAC como

conceito parcial do 2º NPC sobe orientação da Professora Carla Reuter.

ANANINDEUA-PA/2011.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------------4

FATORES E INFLUÊNCIAS TRAZIDAS PELAS DIVERSAS ETNIAS.-----------5

FORMAÇÃO DA LEGISLAÇÃO NO BRASIL COLONIAL------------------------6,7,8

ESTRUTURA DO PODER JUDICIARIO------------------------------------------------------


CONCLUSÃO----------------------------------------------------------------------------------------

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS-------------------------------------------------------------

INTRODUÇÃO

Não podemos falar de direito brasileiro, sem antes voltarmos à época em que o Brasil foi
colonizado pelos europeus. Pois, estes que dominaram os indígenas e trouxeram negros de
pontos diversos da África, tornando-se assim um país plurinacional, pluriracial e pluricultural,
em que pessoas de cores e culturas diferentes se dispersem pelo seu imenso território. As
nações indígenas correspondem a menos de 300.000 habitantes, cerca de 3% da população
nacional, e se localizam em reservas situadas no centro Oeste e na Amazônia. Os brancos de
diversas origens se dispersam pela maioria dos estados, os negros e mulatos são encontrados,
sobretudo naqueles estados que tiveram a sua economia baseada na agricultura de
exportação, nos períodos colonial e imperial, quando era utilizado o braço escravo. Apesar de
se admitir que o Brasil é um país latino, na realidade grande parte da população brasileira é
composta de negros e indígenas.

Mesmo havendo predomínio da língua portuguesa e da religião católica, é difícil admitir-se, de


forma definitiva, a existência de uma civilização, luso-brasileira única. A ela se poderia
contrapor uma civilização ítalo-brasileira, teuto-brasileira, eslavo-brasileira, nipo-brasileira etc.

O Brasil, desde o período colonial, ora sob um sistema centralizado ou não centralizado e na
perspectiva geopolítica atual podemos dizer que a descentralização e a adoção de um regime
federativo de estado ocorreram com a Proclamação da República, a partir de 1889, com a
concessão de autonomia às antigas províncias então elevadas à categoria de estado resultado
da influência norte-americana. Mas sabemos que o Império era uma unidade administrativa
que evoluía para a formação de unidades autônomas, mas não independentes.

FATORES QUE CONTRIBUÍRAM PARA A FORMAÇÃO/IMPOSIÇÃO DO DIREITO NACIONAL.

O Brasil foi colonizado e explorado pela nação portuguesa, estes ao chegarem aqui, sentiram-
se legitimados para, como donos desta terra, ditarem os rumos aos povos nativos que aqui
habitavam. Para estes colonizadores, o Brasil nunca foi visto como uma verdadeira nação, mas
sim uma empresa temporária de enriquecimento rápido.

Os habitantes originais do território que hoje é o Brasil eram múltiplos, em tribo, etnias,
línguas. Eles viviam em comunidades caracterizadas pela inexistência da propriedade privada.
O caráter comunitário da produção implicava em uma economia que buscava assegurar
estritamente o que era para consumo.

Das várias línguas, a mais utilizada era o tupi, que não tinha a pronúncia da letra “F”, da letra
“L” ou da letra “R”, o que foi utilizado pelos portugueses como uma forma de depreciação do
índio porque, em se partindo de uma comparação com os europeus de época, como os índios
não eram cristãos, não tinham fé; como não legislavam, não tinham lei, como não tinham
chefe supremo, não tinham rei.

Para europeus era estranho não identificar alguém nas tribos com poder que pudesse ser
colado acima dos demais. De fato havia o chefe da aldeia, mas não era muito maior que os dos
chefes das malocas.

Quanto as leis, de fato eles não as tinham, não no modelo europeu que contava com códigos e
com autoridades supremas que impunham a lei. As grandes decisões eram tomadas pelo
grupo de homens que se reunia para discutir, o que era valorizado era o poder da persuasão.

Mas havia regras, elas não eram escritas porque os índios do território que Portugal tomou
posse não tinham escrita. Eram regras variáveis de tribo para tribo mas algumas questões
eram comuns.

A divisão do trabalho era feita através de critérios sexuais ou etários. Para alimentação havia
algumas proibições, os animais domésticos se tornavam tabus alimentares.

O casamento era preferencialmente realizado na forma avuncular, ou seja, matrimônio do tio


materno com a sobrinha e era através destes que eram acertadas as alianças. Casar-se era tão
simples quanto divorciar-se; após declaração de ambas as partes estava feito. A poligamia era
permitida e o homem com mais de uma esposa tinha seu prestígio reforçado. A poliandria
também existia em algumas tribos, havia a possibilidade de uma mulher ter vários maridos.

FONTES ECONÔMICAS, NO INÍCIO DA COLONIZAÇÃO:

* Extrativismo do pau-brasil

A exploração dessa madeira, que era utilizada na tintura de tecidos europeus, tornou-se a
principal atividade econômica do período pré-colonial. Esse comércio tornou-se viável graças
ao escambo com os indígenas e ao surgimento de algumas poucas feitorias no litoral.

* Plantação e extração da cana-de-açúcar (Século XVI e XVII)

O Brasil se tornou o maior produtor de açúcar nos séculos XVI e XVII. As principais regiões
açucareiras eram a Bahia, Pernambuco, parte do Rio de Janeiro e São Vicente (São Paulo).
* Exploração dos metais preciosos (Século XVIII)

Após a descoberta das primeiras minas de ouro, o rei de Portugal tratou de organizar sua
extração. Interessado nesta nova fonte de lucros, já que o comércio de açúcar passava por
uma fase de declínio, ele começou a cobrar o quinto. O quinto era o imposto cobrado pela
Coroa Portuguesa equivalente a um quinto (20%) de todo o ouro que fosse encontrado no
Brasil, esse imposto era cobrado nas casas de fundição, responsáveis por fundir o ouro, dessa
forma, a cobrança dos impostos era mais rigorosa.

O ESCAMBO COMO FORMA DE COMÉRCIO

Escambo - Troca de bens e serviços sem a intermediação do dinheiro. Logo após a chegada dos
portugueses no Brasil, o escambo foi intensamente empregado nas relações entre europeus e
ameríndios para carregamento do pau-brasil. Os índios cortavam a madeira e a deixavam na
praia, para ser colocada nos navios, em troca recebiam facas, espelhos e bugigangas de
fabricação européia.

As feitorias eram estruturas comerciais, em geral fortificadas e situadas no litoral, que serviam
de entrepostos com o interior das colônias.

Em seguida iniciou o cultivo de terras agricultáveis. Os meios de produção, assim como o


domínio das propriedades, dos engenhos, das fazendas, se encontravam nas mãos dos
colonizadores. O trabalho era escravagista (negros e índios).

FATORES E INFLUÊNCIAS TRAZIDAS PELAS DIVERSAS ETNIAS

A construção de uma cultura e identidade nacionais, por conseguinte, nunca foi uma
empreitada levada a sério no Brasil.

Os elementos formadores da cultura em geral, e do direito especificamente, no Brasil colonial,


tiveram origem em três etnias ou raças distintas. É evidente que essa formação não foi uma
justaposição em que as condições particulares de cada raça tenham sido respeitadas. Antes,
foi uma imposição dos padrões dos portugueses brancos aos índios e aos negros.

CONTRIBUIÇÃO DOS ÍNDIOS, NEGROS E BRANCOS

Os indígenas, na formação da cultura em geral, tiveram a oportunidade de contribuir na forma


razoável. O mesmo não ocorreu, infelizmente, quanto ao direito. As nações dos nativos que
aqui habitavam,quando da chegada da colonização,viviam num período neolítico em que era
comum a confusão entre o direito e o divino, e os tabus e o misticismo eram formas de
resolução para as questões jurídicas. Nem por isso justifica-se o fato de os indígenas terem
sido desrespeitados como sujeitos de direito e postos na simples condição de objeto, de res,
do mesmo.
Quanto aos negros, a sorte não foi diferente; a condição de escravos, ao ser arrancado de suas
nações na África e jogado em senzalas, fez com que houvesse uma grande desintegração de
suas raízes. Mesmo assim, apesar de todas essas diversidades, a cultura dos negros, seus
costumes, suas crenças e tradições se fazem presentes, de forma razoável, em nossa
identidade nacional. No que diz respeito, especificamente, ao direito, também foram eles mais
objetos, coisas, do que sujeitos de direito. Ao analisarmos os indicadores econômicos
brasileiros, fica visível que os longos processos de intensa exploração dos negros resultaram na
desigual distribuição de renda, oportunidade e escolaridade entre nossas etnias.

Houve a contribuição lusa dos brancos. Como tinham o posto privilegiado de colonizadores,
puderam usar/abusar de todas as possibilidades de conformar o direito ás suas concepções e
vontades, sem o mínimo de respeito ás demais etnias que ajudaram, em muito, na formação
das riquezas nacionais. Além do que a cultura portuguesa,assim como o direito,eram mais
evoluídos (pelo menos no sentido racional formal).

A população brasileira foi constituída por diferentes etnias. Os indígenas (primeiros


habitantes), os negros (trazidos como escravos) e os brancos (europeus, principalmente)
formam os três grupos básicos da população brasileira.A intensa miscigenação ou mestiçagem
entre esses grupos originou os mulatos(brancos com negros);cafuzos (indígenas com negros) e
caboclos ou mamelucos (indígenas com brancos).

FORMAÇÃO DA LEGISLAÇÃO NO BRASIL COLONIAL

Portugal tomou-se independente das dinastias espanholas com a vitória na Batalha de Ourique
(os cristãos estavam em terra de Mouros para apreenderem gado, escravos e outros despojos,
nela se defrontaram as tropas cristãs, comandada por D. Afonso Henrique, os mulçumanos em
quantidade maior e ganharam os cristãos, a partir daí ele torna-se rei e dá-se inicio ao período
nacional do direito português.

Formação do Direito Português se fundamenta em três elementos:

* Direito Romano;

* Direito Germânico;

* Direito Canônico

* Um possível quarto elemento seria a presença árabe depois dos visigodos.

A falta de direito nacional, que seria representando por lei, estilos da corte ou costume,
passaria a recorrer‐se ao:

a) Direito Romano em questões de matéria temporal


b) Direito Canónico, em questões de matéria espiritual (pecado).

C) Glosa de Acúrcio e Opinião de Bartolo. A estes recorria‐se quando não fosse possível
resolver o caso apenas com os Textos do Direito Romano e do Direito Canónico.

d) Resolução do Monarca. Esgotando todos os elementos acima descritos, impunha‐se então


uma consulta ao Rei, que ao resolver, impunha essa resolução para todos os casos futuros.

É oportuna, pois a investigação da formação do direito português este direito que foi imposto
e determinou as bases da formação Jurídica Nacional.

Quanto ao Direito Português é importante frisar que pode ser caracterizado como um aspecto
da evolução do direito ibérico. Deste participa e suas origens primitivas e paralela dominação
romana, na posterior influência visigótica na subquente invasão árabe, na recepção do direito
romano justinianeu apenas separando suas trajetórias históricas quando Portugal separou seu
destino das monarquias espanholas de então, seguindo, daí por diante o seu direito, uma
independente evolução nacional

A primeira grande fase desse período foi marcada pelas leis de caráter geral e pelos forais. As
primeiras leis gerais foram decretadas em 1210, no reinado de Afonso II. Buscavam essas leis
de força nacional, a centralização do poder nas mãos da monarquia.

Com as leis de validade nacional, havia questões locais que eram normatizadas e tinham
soluções no seu próprio âmbito. Daí as Instituições Forais (Não só as leis escritas e os costumes
tradicionais, mas também qualquer diploma de concessão de privilégios, e ainda várias
espécies de contratos sobre a propriedade territorial de que para um ou mais indivíduos
resultavam direitos e deveres). Que se mostravam como verdadeiras miniauras de
constituições políticas durante a Idade Media.

A fase em que houve a aplicação os forais correspondeu ao início da colonização. A colônia foi
dividida em capitanias hereditárias e seu administrador era chamado de donatário (Sr. Da
capitania). Nesse período, percebe-se, não havia uma burocratização quanto aos
procedimentos e confundia-se em uma só pessoa as funções de legislar, acusar e julgar. Ao
donatário competia a função de administrador, chefe militar e juiz ao mesmo tempo. O
donatário não repartia com outros o direito de aplicar a lei aos casos ocorrentes,
dirimindo(resolvendo) os conflitos de interesses e direitos entre os habitantes da capitania.

O sistema de capitanias hereditárias não logrou o êxito esperado por Portugal. Por esse
motivo, houve uma centralização administrativa da Colônia, ao nomear um governador geral.
Assim o poder local dos donatários foi excluído e tomaram força as leis de ordenações do
reino, ordenações esse que correspondiam a grandes compilações(reunir texto de vários
autores do mesmo assunto) das leis gerais existentes. A partir de então, os rumos do Poder
Judiciário e do próprio direito tiveram uma substancial modificação, haja vista o inicio da
burocratização do sistema e dos seus agentes operadores.

Ordenações significa ordens, decisões ou normas jurídicas avulsas ou agrupadas que


comungam de mesmo preceitos de elaboração.
Peças fundamentais da história do Direito em Portugal e por correspondência no Brasil.

É onde estão oficialmente registradas as normas jurídicas fixadas nos diversos reinados.

As leis gerais eram consideradas vigentes no Brasil Colônia e seu ajuntamento fez surgir três
grandes ordenações que formavam a estrutura portuguesa:

* Ordenações Afonsinas - 1446 a 1521: foi a primeira compilação das leis esparsas em vigor,
resultou um vasto trabalho de consolidação das leis promulgadas (ordenar a publicação das
leis) desde Afonso II, das resoluções das cortes desde Afonso IV e das concordatas de D.Dinis,
D.Pedro e D. João, da Influência do direito canônico e a Lei das Sete Partidas, dos costumes e
usos. Pelo fato de terem sido substituídas, em 1521, pelas Ordenações Manuelinas, teve pouco
espaço de tempo quanto à sua aplicação no Brasil-Colônia.

As Ordenações encontram-se divididas em cinco livros, talvez à imitação dos Decretais de


Gregório IX. Todos os livros são precedidos de preâmbulo, que no primeiro é mais extenso que
nos restantes, pois lá se narra a história da compilação. O livro II ocupa-se dos bens e
privilégios da igreja, dos direitos régios e sua cobrança, da jurisdição dos donatários, das
prerrogativas da nobreza e legislação "especial" para judeus e mouros. O livro IV trata do
direito civil. Embora com cinco livros, as Ordenações estavam longe de constituir um sistema
completo; no direito privado há institutos que são esquecidos e outros excepcionalmente
lembrados. Estas Ordenações não apresentam uma estrutura orgânica comparada à dos
códigos modernos.

* Ordenações Manuelinas, em 1521, foram obra da reunião das leis extravagantes


promulgadas até então com as Ordenações Afonsinas, num processo de técnica legislativa,
visando a um melhor entendimento das normas vigente.

Para explicar esta decisão do rei apontam-se dois motivos fundamentais: a descoberta da
imprensa e a necessidade de correção e atualização das normas, assim como a modernização
do estilo afonsino; além disso, talvez o monarca tivesse querido acrescentar às glórias do seu
reinado uma obra legislativa. Em 1514 faz-se a primeira edição completa dos cinco livros das
Ordenações Manuelinas. A versão definitiva foi publicada em 1521. Para evitar confusões, a
carta régia de 1521 impôs que todos os possuidores de exemplares das ordenações de 1514 os
destruíssem no prazo de três meses, ao mesmo tempo que determinou aos conselhos a
aquisição de nova edição.

* Código Sebastiânico : durante as vigências das Ordenações havia um fluxo constante de leis
suplementares e extravagantes, essas leis foram compiladas em 1569 por Duarte Nunes de
Leão, durante o reinado de D. Sebastião que vigorou ao lado das Ordenações Manuelinas.
Duarte Leão fez mais que simplesmente compilar, ao reunir tantas leis esparsas, ele sintetizou
seu conteúdo preceptivo e compôs uma obra realmente nova.
* Ordenações Filipinas: foi encomendada pelo rei Felipe II a grupo de juristas chefiado por
Damião de Aguiar que foi aprovado em 1595, entrou em vigor em 1605, compuseram-se da
união das Ordenações Manuelinas com as leis extravagantes em vigência , no sentido de,
também facilitar a aplicabilidade da legislação . Foram essas ordenações mais importante para
o Brasil, pois tiveram aplicabilidade durante um período até a independência do Brasil em
1822.

PRIMÓRDIOS DA JUSTIÇA NO BRASIL

Quando Martin Afonso de Souza desembarcou no Brasil, em 1530 com a primeira expedição
colonizadora, veio com amplos poderes, incluindo os judiciais e policiais. O mesmo ocorreu
com os donatários das capitanias hereditárias, o que logo demonstrou ser desaconselhável,
em face do arbítrio com que a função judicial era exercida por alguns.

A instalação, com Tome de Souza, de um governo-Geral no Brasil, em 1549, foi o marco inicial
da estruturação do judiciário brasileiro, uma vez que trouxe consigo o desembargador Pero
Borges para desempenhar a função de Ouvidor-Geral, encarregando-se da administração da
Justiça.

Justiça Brasileira no Inicio do Período Colonial |

1ª Instância | Juiz Ordinário Juiz de ForaOuvidores da Comarca Corregedores Ouvidor-Geral


| Eleito pela comunidade, não sendo letrado, que apreciava as causas em que se
aplicavam os forais Nomeados pelo Rei dentre bacharéis letrados, com a finalidade de serem
suporte do Rei nas localidades, garantindo as ordenações gerais do reino Administração da
justiça local (capitania) que cuidavam da solução das contendas jurídicas da vila. Nomeados
pelo rei, com função primordialmente investigatória e recursal, inspecionando em visitas as
cidades e vilas que integravam sua comarca, como se dava a administração da justiça, julgando
as causas em que os próprios juízes estivessem implicados Administração da justiça no Brasil,
ficava na Bahia ao qual se poderia recorrer das decisões dos ouvidores das comarcas |

Fiscalização |||

2ª Instância |||

Para diminuir os poderes dos ouvidores no Brasil decidiu Felipe II, como comarca da união
ibérica de Portugal e Espanha, dar `a justiça na colônia um órgão colegiado, instituindo, assim,
um tribunal de relação no Brasil. Essa e a origem da relação da Bahia, criada em 1587, mas
instalada efetivamente apenas em 1609. Como a nova forma de administração colegiada da
justiça feria os interesses dos governadores-gerais, que tinham maior controle sobre os
ouvidores, conseguiram estes a supressão da relação em 1626. No entanto, a colegialidade já
era uma conquista irreversível como elemento de segurança do jurisdicionado na revisão dos
julgados singulares. Assim em 1652 é reinstalada a relação da Bahia, como corte superior
Brasileira.
Com fito de desafogar o excesso de processos que comprometiam o bom funcionamento da
relação da Bahia foi criada em 1734 a relação do Rio de Janeiro, que só foi efetivamente
instalada em 1751. Antes de começar a sessão, celebrava-se missa, pedindo luzes a Deus para
que as decisões a serem tomadas fossem presididas pelo ideal da justiça.

JUSTIÇA BRASILEIRA NO FINAL DO PERIODO COLONIAL |

1ª Instância | Juiz de Vintena | Juiz de Paz para os lugares com mas de vinte famílias,
decidindo verbalmente pequenas causas civis, sem direito a apelação ou agravo(nomeado por
um ano) |

| Juiz Ordinário | Eleito na localidade, para as causas comuns. |

| Juiz de Fora | Nomeado pelo Rei, para garantir a aplicação das leis gerais (substituía o
ouvidor da comarca) |

2ª Instância | Relação da Bahia | Fundada em 1609, como tribunal de apelação (de


1609 a 1758) |

| Relação do Rio de Janeiro | Fundada em 1751, como tribunal de apelação |

3ª Instância | Casa da Suplicação | Tribunal supremo de uniformização da interpretação


do direito português, em Lisboa |

| Desembargo do Paço | Originalmente fazia pare da casa da suplicação, para despachar as


matérias reservadas ao Rei, como tribunal de graça para clemência nos casos de pena de
morte e outras. |

| Mesa da Consciência e Ordens | Para as questões relativas às ordens religiosas e de


consciência do Rei (instância única). |

O novo modelo, que assegurava um melhor julgamento da causa em primeira instância, em


face da consciência de que a sentença seria revista por um órgão superior colegiado, trouxe,
no entanto, a deficiência do distanciamento dos fatos, registrados nos autos, mas sem que o
magistrados superior tivesse ouvido as testemunhas, o que dificulta a perfeita capitação do
efetivamente ocorrido. A verdade dos autos passa a ser a realidade, ainda que os depoimentos
testemunhais não tenham sido perfeitamente retratados nos registros feitos nos autos.

Chama atenção, dentre as normas de caráter processual editadas logo no inicio do período
imperial, a lei de 31 de março de 1824, que recomendava aos juízes que fundamentassem suas
sentenças, o que mostra que antes da independência, a discricionariedade na administração
da justiça foi nota característica da magistratura colonial.

No período do vice-reinado, as dificuldades de acessos das províncias mais distantes do Norte,


para fazerem chegar os recursos para a relação da Bahia, deu azo a instituição de um órgão
recursal colegiado de nível inferior as relações: em 1758 foi criada a junta de justiça do Pará,
presidida pelo governador da província e composta pelo ouvidor, intendente, um juiz de fora e
três vereadores, adotando uma forma processual sumária. A partir de 1765, passaram a ser
criadas outras juntas semelhantes, para os lugares mais distantes da colônia.

Assim, aos poucos, foi se estruturando a justiça no Brasil, através da criação de cortes de
justiça responsáveis pela revisão das sentenças dos magistrados singulares de 1º grau.

Com a vinda da família real ao Brasil em 1808, a relação do Rio de Janeiro foi transformada em
casa da suplicação para todo o reino, criando-se então, as relações do Maranhão em 1812, e
de Pernambuco, em 1821.

MODELO JURÍDICO PREDOMINANTE DURANTE A ÉPOCA COLONIAL

O Modelo Jurídico predominante durante os primeiro dois séculos de colonização foi, por
conseqüência, marcado pelos princípios e pelas diretrizes do direto alienígena-segregador e
discricionário com relação à própria população nativa, revelando, mas do que nunca as
intenções e o comprometimento da estrutura elitista do poder.

Esses magistrados vinham para a colônia com o intuito de obter um status social elevado e
normalmente traziam com sigo suas famílias, que eram formadas alem da esposas e dos filhos,
por parentes, afilhados, empregados, criados e escravos, etc. Essa “família ampliada“
acarretava um grande dispêndio para a sua manutenção, e o magistrado, alem da função da
judicatura, preocupava-se com os papeis de marido, pai, padrinho e protetor, sendo comum
usar de sua posição profissional de magistrado, como trafico de influencia, para o desempenho
de suas ouras funções.

Os magistrados, em regra geral, não eram integrantes da nobreza: seu principal objetivo era o
de a ela se igualarem. Para terem esse status careciam de benefícios e símbolos materiais que
tradicionalmente a nobreza ostentava.

Como a aristocracia brasileira era formada pela riqueza em terras, logo os magistrados
tornaram-se proprietários de uma fazenda de cana-de-açúcar ou de um engenho, com isso
alcançando a riqueza necessária para se igualarem ao status da nobreza, porem os meios para
alcançarem ais objetivos não foram os mais recomendáveis do ponto de visa moral.

Procedimento comum a interpenetração entre os interesses da Elite local e os dos magistrados


vindos de Portugal foi seu casamento com filhas de fazendeiros nobres. Esse casamento (servia
de laço principal entre as famílias e era o método, mas eficiente de incorporar magistrados na
sociedade local de forma permanente). Aos desembargadores tal união matrimonial
representava a oportunidade de adquirirem riqueza e propriedade que estivessem de acordo
com a posição social a que tanto aspiravam. Para as famílias locais, tal união mostrava-se
também muito proveitosa. Pois propiciava a ocasião de efetivarem relações formais de
parentesco com os operadores jurídicos do poder judiciário.

Os magistrados, evidentemente, fazem parte da sociedade e não estão acima ou fora dela. O
que se lamenta é que a opção tomada pelos magistrados teve como objetivo não a proteção
dos interesses de todo o conjunto social, antes serviu para sufocar os legítimos interesses
emergentes daqueles afastados do centro do poder, e para resolver os seus próprios
problemas e os da Elite dominante do Brasil - Colônia.

CONCLUSÃO

Diante do contexto estudado, percebe-se que o direito nacional, infelizmente, nunca


representou os interesses do bem comum da coletividade. Em sua trajetória, ele demonstra a
formação da gênese em nosso país de confundir-se o âmbito do público com o privado, dos
interesses particulares com os interesses gerais. Ele deixa claro que para compreendermos, se
faz necessário visualizar os conjuntos de valores culturais e as relações sociais existente num
dado momento histórico.

É de se notar, e impossível deixar que passe despercebido aos olhos mais atentos, que a
burocracia está no âmago da Justiça brasileira desde o seu nascimento, desde a sua criação. O
sistema judicial e o sistema jurídico (com diferenças entre ambos, no que tange semântica)
herdaram uma estruturação altamente burocrática e, talvez, por isso, devido aos vários postos
e cargos que engendram a máquina judiciária, no passado e hodiernamente, temos uma
Justiça arcaica e lenta.

Também não podemos deixar de frisar o papel que o sistema jurídico teve nos primeiros
séculos, onde serviu tão somente como instrumento de manutenção do poder imperial
português; onde não havia uma justiça plena e igualitária como a “conhecemos” nos dias
modernos (ou pelos menos como pretendemos que ela seja).

“ Segundo Wolkmer, durante o período colonial, os bacharéis brasileiros eram preparados e


treinados para servir aos interesses da administração colonial. A arrogância profissional, o
isolamento elitista e a própria acumulação do trabalho desses magistrados motivaram as
forças liberais para desencadear a luta por reformas institucionais, sobretudo, para alguns, no
âmbito do sistema de justiça”.

Não atentemos somente às críticas negativas, pois também é louvável a evolução que o
sistema judicial brasileiro experimentou neste período, com uma estrutura complexa, pois é na
complexidade que as várias formas de pensar se encontram e interagem, formando ou ao
menos tentando formar, e experimentando, um Direito moderno e evolutivo por natureza.

REFERÊNCIAS

WOLKMER, Antônio Carlos. Fundamentos da História do Direito. Belo Horizonte: Del Rey, 2002.
MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Evolução Histórica da Estrutura Judiciária Brasileira.
Revista Jurídica Virtual, Brasília, v. 1, n. 5, set. 1999. Disponível em: . Acesso em 22 de nov. de
2009.

CASTRO, Flávia Lajes de. História do direito geral e do Brasil. 6ª ed. Rio de. Janeiro

OLIVEIRA, Adriane Stoll de. A codificação do Direito . Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60, nov.
2002. Disponível em: . Acesso em: 21 dez. 2009.

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