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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ

PRÓ-REITORIA DE ENSINO GRADUAÇÃO


CURSO DE PSICOLOGIA

CATIUCE CARDOSO DE SOUZA

RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO BÁSICO INTEGRADO –

IDENTIFICAÇÃO DE DEMANDAS: PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL

JOÃO PESSOA
2017
CATIUCE CARDOSO DE SOUZA

RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO BÁSICO INTEGRADO –

IDENTIFICAÇÃO DE DEMANDAS: PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL

Relatório apresentado ao Professor Fernando


Guimarães da disciplina Estágio
Supervisionado Básico Integrado –
Identificação de Demandas do 1° período do
Curso de Psicologia do Centro Universitário
de João Pessoa (Unipê), como requisito para a
obtenção da nota da 2° unidade.

JOÃO PESSOA
2017
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................................4

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS.......................................................................................7

4 DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE PRÁTICA......................................................................11

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................12

REFERÊNCIAS......................................................................................................................13
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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho é uma reflexão da experiência na prática do Estágio


Supervisionado Básico Integrado – Identificação de Demandas – disciplina oferecida no curso
de Psicologia e tem como objetivo levar o aluno a obter as primeiras experiências no campo
da observação no contexto educacional de ensino superior. Utilizando-se da observação
sistemática não participante, que consiste numa ação minuciosamente planejada, que, cabe ao
aluno se manter mais objetivo possível, eliminando por completo sua influência sobre os
acontecimentos em estudo, e se limitando a somente descrever informações precisas acerca
dos fatos em questão.
A observação é o principal instrumento utilizado pela Psicologia para a coleta de
dados, que a partir da observação fornecem subsídios para diagnosticar uma situação
problema, facilitar a escolha das técnicas e procedimentos empregados na pesquisa e na
avaliação da sua eficácia, tal sua importância para nos iniciantes do estudo desta disciplina,
onde a compreensão e aplicação dos métodos e técnicas básicas serão estudados.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Conforme Rudio (1986) a observação é o ponto de partida para todo estudo científico
e o meio para verificar e validar os conhecimentos adquiridos. Não se pode, portanto falar de
ciência sem fazer referência à observação.
Na vida cotidiana a observação é um dos meios mais frequentemente utilizado pelo ser
humano para conhecer e compreender pessoas, coisas, acontecimentos e situações. Por isso
uma das condições de se observar bem é limitar e definir com precisão o que se deseja
observar.
A observação informal de situações cotidianas é diferente da observação científica,
pois a última possui uma finalidade conhecida de antemão, descrita através dos objetivos
(DANNA e MATOS, 2006) e que é atentamente buscada (FERREIRA e MOUSQUER, 2004).
Mestre, Moser e Amorim (1998) ressaltam que a importância da observação e do registro
sistemático do comportamento está no quanto a sociedade pode se beneficiar com a descrição
minuciosa do comportamento, pois ela permite que profissionais de diferentes áreas possam
se comunicar acerca de um fenômeno observado a partir de suas principais características.
Quando o observador já define anteriormente o fenômeno que vai estudar através da
observação, ele realiza uma observação sistemática, também chamada estruturada. Neste
caso, a observação requer planejamento e necessita de operações específicas para o seu
desenvolvimento. O pesquisador antes mesmo da observação, já terá feito um roteiro
predeterminado, com campo (população, circunstância, local), tempo, duração e instrumento.
Pode ser feita de modo direto, isto é, aplicando-se imediatamente os sentidos sobre o
fenômeno que se deseja observar ou, de modo indireto, utilizando-se instrumentos para
registrar ou medir a informação que se deseja obter.
Segundo Gil (2008) a observação participante, ou observação ativa, consiste na
participação real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação
determinada. Neste caso, o observador assume, pelo menos até certo ponto, o papel de um
membro do grupo. Daí por que se pode definir observação participante como a técnica pela
qual se chega ao conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo.
A observação participante é a metodologia mais adequada para o psicólogo escolar
pois permite a ele desta forma inserido no contexto, olhar para o processo de apropriação de
conhecimento dos vários segmentos que estão inseridos no ambiente escolar e poder ter
acesso as mediações que os indivíduos estabelecem para compreender sua realidade. Isso quer
dizer, que o psicólogo escolar poderá desvendar os significados, que os agentes sociais
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envolvidos no processo educacional, atribuem para a relação professor-aluno, para o processo


ensino-aprendizagem e para o conhecimento.
E temos também a observação não participante, onde a situação é somente vista de
fora pelo pesquisador sem qualquer envolvimento de sua parte, como, por exemplo, um
professor interessado em conhecer melhor o comportamento dos alunos na hora do recreio e
que os observa de uma janela (RUDIO, 1986).
O papel do psicólogo escolar transformou-se ao longo dos anos. Houve tempos em
que, a testagem de crianças, por psicólogos escolares, servia apenas para confirmar a lógica
das práticas excludentes e segregatórias. Em outras palavras, o indivíduo era responsável por
não aprender a ler ou escrever. Poder-se-ia dizer que, o psicólogo assumiu, em inúmeras
ocasiões, o papel de “juiz”, ou seja, estava de posse de seu conhecimento e de sua técnica,
dando-lhe o direito de determinar ou sentenciar o futuro de uma criança. Já a partir da década
de 1980, vimos o início da ruptura desse tenebroso papel que cabia ao profissional psicólogo.
(BARBOSA, 2012).
A atuação do psicólogo escolar tem um caráter essencialmente social, articulado a
outros fazeres da instituição e do contexto extra-escolar resultado de um produto educacional
coletivo. O impacto da sua atuação não pode ter como resultado apenas a melhor adaptação da
criança ao ambiente e rotina escolar, mas contribuir para a criação de novos cenários e
práticas educativas e, principalmente, de novas realidades sociais.
O psicólogo escolar tem o desafio de lidar com diversas questões oriundas do
ambiente escolar. Fica claro o papel deste profissional em sua atuação dentro das
instituições escolares, se essa visão estiver voltada para uma práxis contextualizada, ou
seja, inserida no momento sócio-histórico e cultural vigente. Por isso, para entender o
fracasso e a exclusão escolares, se é preciso ter um olhar crítico para tudo isso, senão não há
como realizar um trabalho em psicologia escolar (MARINHO-ARAUJO e ALMEIDA, 2010).
O psicólogo escolar precisa, portanto, articular os diversos ângulos de uma pluralidade
de vozes e estilos que compõem o mundo do aluno. É tempo de rever os impedimentos que
obscurecem sua possibilidade de exercer os trabalhos sociais, que lhe cabem, sua ausência na
educação pública, sua limitada participação no ensino particular.
O   psicólogo   escolar   utiliza   seus   conhecimentos   teóricos   e   práticos   nas   escolas,

buscando a promoção de cidadania, diminuindo o distanciamento entre a família, a escola e a

sociedade. Assim, reforça estratégias para que haja a participação dos pais, juntamente com a

instituição (MINGHETTI; KANAN, 2010).
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O psicólogo escolar tem sua especialidade ainda pouco difundida na escola, é preciso
enfrentar esse desafio, o de ser aceito, e ser apoiado na organização de atividades preventivas
que afetam o curso do desenvolvimento da criança. O enfoque da atuação dos psicólogos
escolares estaria muito mais próximo de uma atitude de interlocuções junto aos educadores,
discutindo e refletindo sobre as práticas educacionais na complexidade das relações que
ocorrem no cotidiano escolar, devendo centralizar-se na competência estimuladora da
pesquisa e incentivando com engenho e arte a gestação de sujeitos críticos e auto-críticos,
participantes e construtivos.
Atualmente pensar sobre o lugar e as práticas do psicólogo escolar, assim como sua
atuação e seu papel junto a educação brasileira, com os professores, com alunos e pais, são de
suma importância . Pois é preciso ter em mente que o papel deste profissional está em
constante construção e transformação.
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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Instituição: Centro Universitário de João Pessoa (Unipê).


Situação da observação: um aluno em sala de aula.
Objetivo da observação: descrever toda a situação que o sujeito esta incluso.
Descrição do sujeito observado:
• Gênero: feminino
• Idade: entre 25-35 anos
• Vestimenta: blusa manga longa fina e justa na cor bege, calça social preta, uma corrente
no pescoço, sapatilha na cor escura e óculos.
• Estatura: mediana
• Característica: cabelo liso um pouco abaixo dos ombros, na cor castanho, levemente
acobreado, olhos castanhos.
Relato do ambiente físico: a sala possuía forma retangular, nela há por volta de sessenta
cadeiras, mesas e cadeira do professor, um quadro, dois ares-condicionados, um projetor, uma
porta e quatro janelas.
Relato do ambiente social: a sala possuía um grupo por volta de trinta e seis alunos, sendo a
maioria do sexo masculino, entre 21-40 anos, contava também com a presença de uma
professora.
Técnica de registro: registro continuo cursivo
Data: 11/04/2017
Local: sala 082- Bloco D
Hora inicial: 18h 55min
Hora final: 19h 55min
Duração: 1 hora
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Diagrama da Observação:

mesa do professor
sujeito observado
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observador

REGISTRO
A letra “S” está sendo referida a palavra “sujeito”.
• “S” está sentado numa cadeira olhando para o lado.
• “S” se abaixa e mexe na bolsa.
• O sujeito observado descasca e come uma banana.
• “S” se levanta vai até o lixo e joga a casca fora.
• “S” olha atentamente os slides e a professora falando.
• “S” copia algumas questões do quadro.
• “S” abre e folheia um livro.
• “S” olha atentamente a professora falando.
• “S” abaixa a cabeça e escreve no caderno.
• O sujeito observado olha o livro e faz anotações no caderno.
• “S” levanta a cabeça e olha quando alguém entra pela porta.
• “S” continua a escrever no caderno e mexer no livro.
• “S” olha para um outro aluno que fala e volta a escrever.
• “S” olha para a professora.
• “S” coça as costas e se movimenta muito na cadeira.
• “S” olha as anotações feita pela professora no quadro e copia.
• O sujeito observado olha quando a porta é aberta por um colega que está chegando.
• “S” se movimenta na cadeira e volta a olhar atentamente a professora e slides.
• “S” olha a professora falando e balança a cabeça no sentido de concordância.
• “S” olha o quadro e volta a copiar.
• “S” coloca os cotovelos sobre a mesa e apóia a cabeça nas mãos.
• “S” passa as mãos no cabelo.
• “S” coloca o cabelo atrás da orelha.
• O sujeito observado olha para os colegas e sorri.
• “S” arruma a calça e a puxando para cima, arruma a blusa sobre a calça.
• “S” mexe nos cadernos que estão sobre a mesa.
• “S” olha para o lado quando entra mais um colega na sala.
• “S” olha o quadro e escreve no caderno.
• “S” mexe no cabelo e o coloca todo para o lado.
• O sujeito observado olha o livro.
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• “S” coça o ombro e olha a professora.


• “S” escreve e coloca o cabelo atrás da orelha.
• “S” olha atentamente a professora falando e slides.
• “S” balança a cabeça de forma negativamente.
• “S” coça a cabeça e continua olhando a professora atentamente.
• “S” tira a sapatilha e mexe os pés, fica algum tempo sem calçado.
• O sujeito observado coloca o livro no colo aberto e segue a escrever.
• “S” coça atrás da orelha com a caneta na mão.
• “S” se abaixa para pegar na bolsa um objeto, aparentemente uma garrafa.
• “S” abra a objeto, toma o que está dentro, fecha e guarda de volta na bolsa.
• “S” olha a professora e cruza os braços.
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4 DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE PRÁTICA

Realização da observação feita dia 11 de abril de 2017, no Centro Universitário de


João Pessoa, na sala 082 – bloco D. Ao chegar na sala escolhida por volta das 19 h e 50
minutos para a observação, peço permissão para a professora para fazer a atividade em sua
aula. Escolho uma cadeira para sentar-me na região de trás da sala, para obter maior
visibilidade do ambiente todo. A maioria dos alunos em sala não parecem demonstrar
curiosidade com a minha chegada. A professora inicia uma conversa informal com os alunos,
enquanto arruma seu material para a aula. A sala não está muito cheia, mas no decorrer da
aula, os alunos não param de chegar o que causa sempre um certo movimento em sala. A
escolha do sujeito “S” foi feita de forma aleatória.
A professora inicia sua aula utilizando o projetor de slides, introduzindo o assunto a
ser apresentado em sala. A sala permanece em silêncio, mas a entrada constante de alunos
atrasados, dispersa um pouco a turma. O sujeito “S” se mostrou muito interessado no assunto,
abrindo um livro e caderno para anotações constante. Em algum momento “S” vazia
movimentos com a cabeça em concordância ao assunto abordado, apresentou também sinais
de um pouco de ansiedade, quando em certos momentos fica muito inquieto na cadeira.
Durante o tempo em que a professora fala, solicita sempre a participação do grupo com
leituras breves sobre o assunto, ou comentários, mas o sujeito “S” em nenhum momento,
participou lendo ou comentando sobre o tema da aula. Como a todo momento, a porta voltava
a se abrir, com a chegada de mais um aluno na sala, o sujeito “S” algumas vezes, dispersa a
atenção olhando a porta. A professora durante toda a aula, falou muito, mas sempre dando
oportunidades para comentários ou observações sobre o tema abordado, os alunos tinham total
liberdade de participação, embora o assunto seja muito extenso. Ela também fez algumas
paradas, em momentos estratégicos, com frases descontraídas sobre o assunto, para relaxar
um pouco a turma. A observação acabou às 19h 55minutos.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este relatório foi muito importante para o meu aperfeiçoamento, na parte prática, sobre
as técnicas de observação estudadas anteriormente, pois tive a oportunidade de vivenciar uma
experiência num ambiente em sala de aula, que permitiu um aprofundamento melhor nos
conhecimentos da área, compreender as etapas da observação, seus aspectos, desde o contexto
social do indivíduo, até o contexto ambiental onde ele se encontra.
Na parte teórica, pude aprofundar um pouco o conhecimento da psicologia escolar e
educacional, que ainda apresenta muitos desafios em sua área de atuação, desde de
dificuldades encontradas e das possibilidades de intervenção, pois tomar a complexidade dos
processos interativos que ocorrem na escola como alvos da atuação e de reconhecer também a
natureza interativa dessa atuação, não é fácil. Assim, sem perder de vista a especificidade do
conhecimento psicológico, com uma atuação socialmente relevante no contexto social.
Por fim, posso dizer que o registro dos fatos e fenômenos observados, decorreu de
forma produtiva e foram essenciais para o amadurecimento teórico, prático e pode mostrar de
forma clara a importância da observação na nossa vida acadêmica.

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REFERÊNCIAS

BARBOSA, D. R. Contribuições para a Construção da Historiografia da Psicologia


Educacional e Escolar no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão. n. 32, p. 104-123, 2012.
Disponívelem:<http://www.producao.usp.br/bitstream/handle/BDPI/39771/S1414-
98932012000500008.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em Setembro de 2015.

DANNA, M. F., e Matos, M. A. Aprendendo a observar. São Paulo: Edicon, 2006.

FERREIRA, V. R. T., e Mousquer, D. N. Observação em Psicologia Clínica. Revista de


Psicologia da UnC, vol.2, n° 1, p. 54-61, 2004.

MARINHO-ARAUJO, C. M., ALMEIDA, S. F. C. de. Psicologia Escolar: Construção e


Consolidação da Identidade Profissional. 3ª ed. Campinas: SP, Alínea, 2010.

MARTINS, J.B. Observação participante: Uma abordagem metodológica para a psicologia


escolar. Londrina, vol.17, n°3, p. 266-273, set. 1996.

MINGHETTI, L. R.; KANAN, L. A. Atuação do psicólogo no contexto escolar. Visão geral,
Joaçaba, v. 13, n. 2, p. 419­440, jul./dez. 2010.

MESTRE, M. B. A., e Moser, A. M., e Amorim, C. A. Psicologia Argumento: Observação e


registro do comportamento. 1998.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6° Ed. São Paulo: Atlas, 2008.

RUDIO, Franz Victor. Introdução ao Projeto de Pesquisa Científica. 11° Ed. Petrópolis:
Vozes, 1986.

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