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REVISÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL

Prof. Cristiano Chaves de Farias


Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia
Professor de Direito Civil do CERS

1. Tendências do Direito Civil: a responsabilidade civil como mecanismo de reparação de danos.

Reconhecimento de novas categorias de danos indenizáveis.


Busca da efetiva reparação dos danos e objetivação da responsabilidade civil. Reconhecimento de novos danos
indenizáveis. Perda de uma chance: STJ, REsp.788.459/BA.

STJ 37:
“São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.”

STJ 387:
“É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.”

STJ 370:
“Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.”

STJ 388:
“A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.”

STJ 403:
“Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins
econômicos ou comerciais”

STJ 385:
“Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexis -
tente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.”

STJ 402:
“O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula expressa de exclusão”.

STJ 498:
“Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais."

Art. 52, CC: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”.

Enunciado 286, Jornada de Direito Civil: “Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à
pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos.”

STJ 227:
“A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.”

Aumento das hipóteses de responsabilidade objetiva. Culpa e risco. Evolução. Regra geral e exceções previstas
em lei (exemplificação).

Art. 927, CC: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco
para os direitos de outrem.”

COM RISCO INTEGRAL SEM RISCO INTEGRAL


Dano ambiental Dano ao consumidor

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Dano nuclear Dano causado pela Administração Pública
Perda ou deterioração de coisa pelo possui-
Responsabilidade do transportador
dor de má-fé
Responsabilidade do comodatário em mora Riscos do desenvolvimento

Art. 931, CC: “Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas
respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação”.

A responsabilidade objetiva por decisão judicial.


A teoria do seguro e sua aplicação.

STJ 246: “O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada.”

Flexiblização da teoria do nexo de causalidade.

Art. 403, CC: “Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos
efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.”

2. Juros e correção monetária na responsabilidade civil.

STJ 43: “Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo.”

STJ 363: “A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento.”

STJ 54: “Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual . ”

STJ 426: “Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir da citação.”

Taxa SELIC é incompatível com a correção monetária (STJ)

3. Responsabilidade contratual e extracontratual. O dever originário violado como causa de distinção. A presunção
de culpa na responsabilidade contratual. A nova regra da responsabilidade dos amentais e a inexistência de distinção
da responsabilidade (CC 928).

Art. 928, CC: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsávei s não tiverem
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste
artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele
dependem.”

4. As excludentes de ilicitude civil, a responsabilidade civil e o estado de necessidade .

Art. 929, CC: “Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do
perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram”.

Art. 930, CC: “No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor
do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso
I)”.

5. Responsabilidade civil do proprietário (pelo fato da coisa).


Regra geral.
Exceções (casos de responsabilidade objetiva).
A questão do condomínio edilício (causalidade alternativa).

Art. 936, CC: “O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima
ou força maior.”

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Art. 937, CC: “O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.”

Art. 938, CC: “Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele
caírem ou forem lançadas em lugar indevido.”

Exceções das exceções (casos de responsabilidade objetiva não previstos em lei).

STF 492: “A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por
este causados a terceiro, no uso do carro locado”.
Comodato

6. Responsabilidade civil pelo fato de terceiro.

Art. 932. São também responsávei s pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesm o
para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua
parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem
pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.

Solidariedade entre as pessoas envolvidas.

Art. 942, CC: “Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à repa-
ração do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela repa-
ração.
Parágrafo único. São solidariamente responsávei s com os autores os co-autores e as pessoas designadas
no art. 932.”

7. Efeitos civis da sentença penal. Regra geral da autonomia das instâncias. Possibilidade de influência. Possibilidade
de suspensão do processo civil (CPP 64) e do processo penal em casos excepcionais (bigamia, esbulho possessório e
falsidade documental, CPP 92 a 94).
Sentença penal condenatória e absolutória (CPP 63 e 386).
Legitimidade do Ministério Público para a ação civil ex delicto (STF, RE 135.328/SP).

Art. 935, CC: “A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo
criminal.”

8. Responsabilidade objetiva por cobrança indevida de dívida.

Art. 939, CC: “O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o
permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros corresponden-
tes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro”.

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Art. 940, CC: “Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebi-
das ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que
houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição”.

Art. 941, CC: “As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da ação antes de
contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido”.

9. Transmissão do direito à reparação.

Art. 943, CC: “O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança”.

10. Redução equitativa da indenização.


Demais casos de redução equitativa no sistema jurídico.

Art. 944, CC: “A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equi-
tativamente, a indenização”.

11. Culpa concorrente e culpa exclusiva.


Distinções.
Incidência nas hipóteses de responsabilidade objetiva.

12. Responsabilidade civil por morte de parente ou lesão corporal .

Art. 948, CC: “No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I - no pagamento
das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II - na prestação de alimentos às
pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.”

Art. 949, CC: “ No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do
tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido
prove haver sofrido.”

STF 490:
“A pensão correspondente à indenização oriunda de responsabilidade civil deve ser calculada com base no salário
mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às variações ulteriores.”

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