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TAX PLANNING AND ITS IMPORTANCE FOR THE LEGAL REDUCTION OF TAXES IN

ORGANIZATIONS

PLANIFICACIÓN TRIBUTARIA Y SU IMPORTANCIA PARA LA REDUCCIÓN DE LOS


IMPUESTOS EN LAS ORGANIZACIONES LEGALES

Viviane Marne Bonfim Claudino Pereira


Especialista em Planejamento Tributário e Societário pelo Centro Universitário Uninter

Silvano Alves Alcantara


Professor Orientador do Centro Universitário Uninter. Advogado. Doutorando em Direito

RESUMO
No atual cenário de desafios impactantes e competição global, muitos empreendimentos encerram suas
atividades precocemente. Isso se deve à impossibilidade de sobreviverem de acordo com padrões formais,
especialmente pelas elevadas cargas tributárias que acabam por elevar o preço final de seus produtos.
Sendo assim, o presente estudo discute a importância da realização de um planejamento tributário
periódico por parte das empresas. Ainda, faz­se necessária a consulta a um profissional especializado na
área contábil para a interpretação das leis em vigor, uma vez que há constantes alterações da legislação.
Tais procedimentos irão refletir positivamente em uma gestão empresarial de qualidade. Baseado nos
estudos feitos para este trabalho de pesquisa, as razões que levam as organizações a adotarem o
planejamento tributário na sua gestão são as mais diversas. Variam desde a dificuldade em se manterem
estáveis até a competitividade e longevidade no mercado atual. Portanto, deve­se analisar a relevância
dessa questão, diante de fenômenos sociais advindos da inadaptação às mudanças mercadológicas como a
crescente informalidade, evasão e sonegação fiscal.

Palavras­chave: Empresas. Planejamento Tributário. Redução dos Impostos.


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E SUA IMPORTÂNCIA PARA A REDUÇÃO LEGAL DOS
IMPOSTOS NAS ORGANIZAÇÕES

ABSTRACT

In the current scenario of impactful challenges and global competition, many enterprises are closing down
their activities at an early stage. This is due to the impossibility to survive in accordance with formal
standards, especially because of high taxes that ultimately are responsible for raising the final price of their
products. Thus, the present study discusses the importance for companies to carry out a periodic tax
planning. Moreover, it is necessary to consult an accounting specialist to interpret the laws in force, since
there are constant changes in legislation. Such procedures will reflect positively in the quality of business
management. Based on the studies conducted for this research work, the reasons that lead organizations
to adopt tax planning in their management practices are the most diverse. They range from the difficulty to
remain stable until the competitiveness and longevity in the market today. Therefore, it must be considered
the relevance of this issue before the social phenomena originated from the inadequacy to market changes
such as growing informality and tax evasion.

Key words: Business. Tax Planning. Reduction of Taxes.

RESUMEN

En el actual escenario de desafíos impactantes y competición global, muchos emprendimientos encierran


sus actividades precozmente. Esto se debe a la imposibilidad de sobrevivir de acuerdo con los patrones
formales, especialmente por la alta carga tributaria que hacen subir el precio final del producto. Por lo
tanto, el presente estudio analiza la importancia de realizar una planificación fiscal periódica por parte de
las empresas. Aún así, es necesario consultar a un profesional cualificado en el área de contabilidad para la
interpretación de las leyes en vigor, una vez que existen constantes cambios en la legislación. Estos
procedimientos se reflejarán positivamente en la gestión empresarial de calidad. Sobre la base de los
estudios realizados para este trabajo de investigación, las razones que llevan a las organizaciones a adoptar
la planificación fiscal en la gestión son las más diversas. Varían desde la dificultad de mantener la estabilidad
hasta la competitividad y la longevidad en el mercado actual. Por lo tanto, se debe analizar la pertinencia de
esta cuestión, ante los fenómenos sociales originados de la inadaptación a los cambios mercadológicos
como la creciente informalidad, evasión y la evasión fiscal.

Palabras­clave: Empresas. Planificación Tributaria. Reducción de los Impuestos.

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INTRODUÇÃO

Diante do panorama econômico atual o planejamento tributário tornou­se uma


ferramenta de primeira necessidade para todos os contribuintes, pessoas físicas ou
jurídicas, na busca de um maior conhecimento da situação de cada empreendimento em
sua particularidade e com a finalidade primeira de planejar seus negócios no sentido de
diminuir custos e reduzir a possibilidade de surpresas desagradáveis. Esse ritmo intenso
obriga as grandes, médias e pequenas empresas a reavaliarem suas estratégias, metas,
bem como a legislação que constantemente sofre alterações, merecendo, dessa forma,
cada vez mais atenção do profissional contábil.
É neste cenário de desafios impactantes e hipercompetição global que se observa,
a cada dia, que muitos empreendimentos encerram suas atividades muito cedo. Isto
acontece devido à impossibilidade de eles sobreviverem nos padrões formais e, assim,
são engolidos pelas elevadas cargas tributárias que encarecem os seus produtos, aliada à
precária ou nenhuma assessoria contábil que conduz o contribuinte a cometer erros que
poderiam ser evitados a partir de informações simples, mas com elevado grau de precisão
como, por exemplo, o desperdício por parte daqueles que recolhem tributos indevidos ou
deixam de fazer uso de benefícios existentes na legislação brasileira, bem como a
onerosa escolha por um sistema de tributação inadequado ao seu ramo de negócio.
Nesse sentido, o presente estudo aborda a essencialidade de realização por parte
das organizações do planejamento tributário periodicamente, tratando do quanto se faz
necessária a valorização da disseminação de informações eficientes advindas da
interpretação das leis atuantes por um profissional competente, bem como os reflexos
que esta prática provoca numa gestão empresarial de qualidade.

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL E O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO EMPRESARIAL

O Sistema Tributário Nacional (STN) é composto por normas gerais de direito


tributário aplicáveis à União, Estados, ao Distrito Federal, bem como aos Municípios,

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disciplinando a arrecadação e a distribuição de rendas no país. É ainda uma norma jurídica


do Direito enquanto ciência, que rege as relações entre os homens e a sociedade.
Nesse contexto, é pertinente destacar que o STN possui uma hierarquia em
consonância com as premissas determinadas pela legislação tributária brasileira, no que
diz respeito aos aspectos tributários, hierarquia esta que muito influencia na criação,
recolhimento e distribuição dos tributos. Segundo Pegas (2009), a CF/88 define a
competência tributária de cada ente apresentando os impostos e contribuições que
podem ser criados e cobrados por cada um.
O Código Tributário Nacional (CTN) em seu art. 3º conceitua tributo como “toda
prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que
não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada”.
Percebe­se, dessa maneira, que tributo é uma prestação devida ao fisco, paga em
dinheiro, bens ou prestação de serviços (jamais in natura ou in labore) que independe de
vontade do contribuinte por ser uma obrigação compulsória, impositiva e decorrente da
lei. São expressos em moeda corrente nacional, ou seja, em reais (R$), cobrada mediante
oportunidade estabelecida em lei e que não são decorrentes de infração ou
descumprimento de lei.
O STN estabelece, num primeiro momento, três espécies de tributos em seu art.
5º. Sendo eles; Impostos, Taxas e Contribuição de Melhoria. Mas hoje já compõem a
estrutura normativa tributária, outras duas espécies tributárias, os Empréstimos
Compulsórios e as Contribuições Especiais. Os impostos, taxas e contribuições de
melhoria são de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
enquanto que os Empréstimos Compulsórios e as Contribuições Especiais são
competências apenas da União.
A obrigação tributária, conforme Oliveira et al (2000), é a relação de Direito
Público na qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do contribuinte (sujeito passivo) uma
prestação (objeto) nos termos e nas condições descritos na lei (fato gerador). Portanto,
só ocorrerá a obrigação tributária desde que esta esteja expressamente embasada em lei.
De acordo com o Art. 113 do CTN, a obrigação tributária pode ser principal e
acessória, sendo que:

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§ 1. A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por
objeto o pagamento de tributos ou penalidade pecuniária e extingue­se
juntamente com o crédito dela decorrente.
§ 2. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as
prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação
ou da fiscalização dos tributos.

Nesse contexto, são participantes da obrigação tributária, de um lado o sujeito


ativo e, de outro, o sujeito passivo. O sujeito ativo é o ente público (União, Estado ou
Município), criador e regulamentador do tributo e o sujeito passivo é o contribuinte ou
responsável, de acordo com o CTN. O sujeito passivo da obrigação tributária principal diz­
se contribuinte quando tem relação pessoal e direta com a situação que constitua o
respectivo fato gerador; e, responsável quando, sem revestir a condição de contribuinte,
tenha obrigação decorrente da disposição expressa em lei.
Nota­se que o Brasil é um país que possui uma das mais altas cargas tributárias do
mundo. Um exemplo mínimo disso foi que em 2007, o montante bateu recorde ao atingir
35,31 % do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com dados da Receita Federal do Brasil
e de lá para cá dados alarmantes. Este cenário afeta substancialmente a sustentabilidade
das empresas, repercutindo no aumento dos preços dos produtos no mercado e redução
do consumo.
Nesse sentido, vale ressaltar os principais tributos cobrados das organizações
empresariais, sendo eles:

9 ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços)


Com o advento da reforma constitucional de 88, o ICM como era conhecido o
referido imposto, teve a sua base de incidência ampliada com a incorporação dos
impostos únicos preexistentes e dos tributos sobre serviços, passando a se denominar
ICMS.
Fabretti (2009, p.24), menciona:

O ICMS, como o próprio nome já sugere, é um imposto estadual cobrado sobre a


circulação de mercadorias e serviços de transporte interestadual, intermunicipal
e de comunicações, nas fases de produção e comercialização da mercadoria,
além dos serviços especificados na legislação.

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É um imposto incidente sobre o valor agregado em cada uma das operações,


desde a produção até a venda de varejo ao consumidor final. Para evitar a tributação em
cascata, a cada tributação do preço da mercadoria, é necessário abater o valor do
imposto pago na operação anterior.

9 IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)


Ainda segundo Fabretti (2009) o IPI pode ser considerado um imposto federal,
cobrado desde a industrialização dos bens. O contribuinte desse imposto é o consumidor
final, uma vez que o estabelecimento industrial cobra­o do próximo elo da cadeia de
produção/comercialização e assim sucessivamente, até chegar ao consumidor final. Dessa
forma, é facultado ao contribuinte o direito de creditar­se do imposto anteriormente
cobrado quando da aquisição de insumos.

9 PIS e COFINS
No momento da entrega de bens ou serviços, simultaneamente à emissão da nota
fiscal, o PIS e o COFINS incidem sobre o faturamento. O fundamento a respeito de tais
tributos está relacionado no art. 195 da CF/1988, ambos de competência da União
(OLIVEIRA, 2000). Vale destacar que, são impostos federais com incidência na indústria,
comércio e serviços.

9 IRPJ (Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica)

O Imposto de Renda Pessoa Jurídica é aplicado em qualquer tipo de empresas


individuais ou pessoas jurídicas, inclusive aquelas que não são registradas. É interessante
relembrar que os contribuintes desse imposto, basicamente, são:
x As pessoas jurídicas de direito privado domiciliadas no País, sejam quais forem
seus fins, nacionalidade ou participantes no capital;
x As filiais, sucursais, agências ou representações no País das pessoas jurídicas com
sede no exterior;
x Os comitentes domiciliados no exterior, quanto aos resultados das operações
realizadas por seus mandatários ou comissários no país;
x As sociedades em conta de participação (por equiparação);
x As empresas individuais;

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As pessoas jurídicas podem quitar o tributo de quatro maneiras distintas: Simples
Nacional, Lucro Presumido, Lucro Real e Lucro Arbitrado. Os dois sistemas mais utilizados
são a partir do pagamento de acordo com o Lucro Real e o Lucro Presumido.

9 CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)


A contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL ou CSSL) foi instituída pela Lei nº
7.689/1988. Aplicam­se à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento
estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, mantidas a base de cálculo e
as alíquotas previstas na legislação em vigor (Lei nº 8.981, de 1995, art. 57).
Desta forma, além do IRPJ, a pessoa jurídica optante pelo Lucro Real, Presumido
ou Arbitrado deverá recolher a Contribuição Social sobre o Lucro Presumido (CSLL),
também pela forma escolhida. Não é possível, por exemplo, a empresa optar por recolher
o IRPJ pelo Lucro Real e a CSLL pelo Lucro Presumido. Escolhida a opção, deverá
proceder á tributação, tanto do IRPJ quanto da CSLL, pela forma escolhida.
O STN destaca quatro regimes de tributação, com características próprias e
específicas a fim de definir um enquadramento mais apropriado a cada entidade, sendo
fixado em 31 de janeiro do respectivo ano­calendário o termo final para o contribuinte
efetuar sua opção, são eles:

¾ Simples Nacional:
A lei nº 9.317, de 05/12/96 (Lei do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos
das Micro e Pequenas Empresas – SIMPLES), apresenta­se como marco na trajetória da
MPE, principalmente no que se refere à legislação tributária, dando enfoque ao período
anterior e posterior à opção por essa forma de tributação. Porém foi recentemente
substituída pela Lei Complementar 123/2006, que veio estabelecer normas relativas ao
tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas no Brasil.
Segundo Ferreira (2001), as principais obrigações das empresas optantes pelo
Simples consistem em efetuar o pagamento dos impostos e contribuições unificados pelo
Simples em uma única guia, apresentar anualmente declaração simplificada e possuir livro
caixa, livro de registro de inventário de todos os documentos nos quais se baseia a sua
escrituração.
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O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único


de arrecadação, do IRPJ, IPI, CSLL, COFINS, PIS/PASEP, INSS, ICMS e ISS.
Entretanto, em alguns desses tributos há exceções, pois o recolhimento será
realizado de forma distinta, conforme a atividade (Portal Tributário, 2011).

¾ Lucro Presumido:
Velani (2010, p. 03) menciona que o lucro presumido:

Trata­se de um regime optativo de apuração do Imposto de Renda, em que se


tem a aplicação de percentuais legais sobre a receita bruta global para se
determinar a base de cálculo do referido imposto. Encontra seu fundamento nos
artigos 516 e seguintes do Regulamento do Imposto de Renda, e sua opção resta
configurada com o recolhimento da primeira quota do imposto devido referente
ao primeiro trimestre de apuração. Vale dizer, por oportuno, que os demais
tributos federais, como é o caso da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL), PIS e COFINS, também serão apurados com base nessa sistemática,
conforme previsão legal específica. No que tange o ICMS, a pessoa jurídica
calculará o valor devido de acordo com o sistema de créditos e débitos, ou seja,
para todas as entradas (compras) terá direito a créditos, que serão,
posteriormente, contrapostos com o valor do imposto estadual devido em razão
das saídas (vendas).

Existem detalhes deste sistema de tributação que causam certo desconforto entre
os contribuintes como a impossibilidade de deduzir da base de cálculo dos tributos
devidos, as despesas e os custos contraídos pela empresa. Significa dizer que os tributos
federais serão calculados com base nos percentuais presumidos impostos pela legislação,
independentemente da empresa ter auferido receita suficiente para cobrir o seu custo e
as suas despesas. Por outro lado, pode­se concluir que, sendo inexpressivo o custo e as
despesas, será o regime do lucro presumido de apuração a melhor opção para a empresa.

¾ Lucro Real:
Diferentemente do Lucro presumido, prioriza o resultado (lucro ou prejuízo) do
período de apuração, ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas na
legislação do IR. Antônio Lopes de Sá, com a maestria que lhe é peculiar, disserta que o
lucro real é o “lucro verdadeiro”. Lucro que serve de base para ser tributado. Poderá ser
apurado de duas maneiras:

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1. Lucro Real Trimestral: o imposto é apurado e recolhido trimestralmente,
excetuando­se dessa regra os casos de incorporação, fusão, cisão ou
encerramento de atividades.
2. Lucro Real Estimado: a empresa que optar por essa forma, deverá apurar e
recolher o imposto mensalmente, com base em valores estimados, mediante
levantamento de balanços ou balancetes periódicos, com base nos quais
poderá reduzir ou suspender os pagamentos mensais do imposto.
A diferença primordial entre essas duas formas de tributação
é que no anual você pode compensar integralmente o prejuízo de um mês com o outro; já
no trimestral você tem que obedecer ao limite de 30%.

¾ Lucro Arbitrado:
O artigo 530 do RIR (Regulamento do Imposto de Renda) traz em seu texto as
hipóteses de utilização de tal regime:

Art. 530. O imposto devido trimestralmente, no decorrer do ano­calendário, será


determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando:
I – o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver
escrituração na forma das leis comerciais ou fiscais, ou deixar de elaborar as
demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal.

Tal artigo possui ainda outras duas hipóteses de aplicação do regime do lucro
arbitrado que se referem a condutas relacionadas à não entrega, ou entrega com indícios
de fraudes, vícios, erros ou deficiências, de deveres instrumentais legais.
Observa­se, porém, que, embora em princípio seja procedimento privativo do
fisco, há casos em que a própria pessoa jurídica pode se utilizar do arbitramento,
evidenciando como uma forma de apuração da base de cálculo do Imposto de Renda
utilizada pela autoridade tributária ou pelo contribuinte.
Nesse contexto, Costa (2006), ressalta que o momento atual, em que grandes
mudanças ocorreram rapidamente em todos os ambientes – nacional e internacional –
novas ondas, tendências e mesmo descontinuidades estão tirando o sono dos nossos

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dirigentes, executivos, gerentes e responsáveis por empresas e organizações sem fins


lucrativos.
Dessa forma, considera­se por oportuno que o Planejamento Tributário, possui
três finalidades básicas trazidas por Amaral (2012), sendo elas: evitar a incidência do fato
gerador do tributo, reduzir o montante do tributo, sua alíquota ou reduzir a base de
cálculo do tributo e retardar o pagamento do tributo, adiando o seu pagamento sem a
ocorrência de multa.
Há alguns anos atrás já havia certa preocupação com o Planejar das entidades,
visto que de acordo com Borges (1998, p. 56), o conceito de planejamento tributário
pode ser:

“... a técnica gerencial que visa projetar as atividades industriais, os negócios


mercantis e as prestações de serviços, visando conhecer as obrigações e os
encargos tributários inseridos em cada uma das respectivas alternativas legais
pertinentes para, mediante meios e instrumentos legítimos, adotar aquelas que
possibilitam a anulação, redução ou adiamento do ônus fiscal”.

Dessa forma percebe­se que é fundamental que antes de planejar haja um


minucioso cuidado em obter informações precisas sobre a situação fiscal em que se
encontra a empresa para que assim seja possível implantar, de maneira correta, aquilo
que foi planejado.
Neste momento entra a figura do contador na adoção do planejamento tributário
e político que visem minimizar os custos tributários, direcionando suas ações para as
disponibilidades legais e constitucionais. O planejamento tributário preventivo produz
elisão fiscal, ou seja, a redução da carga tributária dentro da legalidade. Por outro lado,
evita que um mau planejamento resulte em evasão fiscal, isto é, a diminuição dos tributos
descumprindo as determinações legais, prática classificada como crime de sonegação
fiscal.
Partindo desta mesma linha, ainda pode­se conceituar Planejamento Tributário
empresarial conforme a orientação de Oliveira (2000, p.35) “como um processo contínuo,
um exercício mental que é executado pela empresa independentemente de vontade
específica de seus executivos”.
O planejamento tributário, a princípio, é praticado com maior intensidade pelas
grandes corporações, mas precisa também ser adotado pelas pequenas empresas, tendo
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em vista que ainda existe certa resistência no que se refere à implantação do processo de
planejamento supracitado por dois motivos: primeiro porque na maioria dos casos as
pessoas centralizam o conhecimento adquirido como forma de segurança,
impossibilitando a criação de uma base de dados mais sólida e transformando a empresa
num emaranhado de ilhas, sem integração sistêmica do todo, e segundo porque muitos
gestores possuem a idéia de que criar bases de dados e mecanismos de gestão
estratégica custa caro. Isto não é verdade já que para colocar em prática um plano para a
microempresa não é necessário fazer uso de todos os conceitos e mecanismos
orientados para grandes empreendimentos (BARROS, 2005).
Conforme cita Chaves (2010, p.06), para que se faça um Planejamento Tributário:

A empresa deve procurar profissionais especializados em planejamento


tributário para constituir um comitê de impostos formado por advogado,
contador e administrador da empresa. Este comitê deverá:
Fazer um levantamento histórico da empresa, identificando a origem de todas as
transações efetuadas, e escolher ação menos onerosa para os fatos futuros;
Verificar a ocorrência de todos os fatos geradores dos tributos pagos e analisar
se houve cobrança indevida ou recolhimento a maior;
Verificar se houve ação fiscal sobre fatos geradores decaídos, pois os créditos
constituídos após cinco anos são indevidos;
Analisar, anualmente, qual a melhor forma de tributação do imposto de renda e
da contribuição sobre o lucro, calculando em que forma (real ou presumido) a
empresa pagará menos tributo;
Levantar o montante dos tributos pagos nos últimos dez anos, para identificar
se existem créditos fiscais não aproveitados pela empresa;
Analisar os casos de incentivos fiscais existentes, tais como, isenções, redução
de alíquotas e etc.
Analisar qual a melhor forma de aproveitamento dos créditos existentes
(compensação ou restituição);

É importante destacar que após estas etapas o referido comitê avaliará e


demonstrará quais os procedimentos a serem adotados para reduzir a carga tributária,
necessitando a empresa dispor dos livros e documentos contábeis e fiscais, da legislação
que é o embasamento legal e das guias de recolhimentos e declarações de rendimentos
(DACON, DCTFs, DIPJ, e outras) para concretizar a tarefa.

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CONCLUSÃO

Ao longo do tempo a contabilidade vem se tornando fiel aliada dos


administradores e economistas a partir da excelência de suas informações em identificar
falhas e da precisão em resolvê­las. Dentre as atividades desempenhadas pela
contabilidade no auxílio a uma melhor gestão, enfocou­se no presente estudo o
planejamento fiscal ou tributário, o qual é uma ferramenta orientada para a prática diária
das empresas, que força os empreendedores a terem controle das suas tarefas e a
adotarem medidas eficazes para atenuar e administrar o montante de tributos a serem
pagos.
Tendo como base o que foi discutido ao logo do estudo, percebe­se que o
planejamento tributário consiste em um conjunto de medidas contínuas visando à
redução legal de tributos, levando­se em conta as possíveis mudanças efetuadas pelo
fisco nas regras fiscais. Ou seja, equivale ao detalhamento das alternativas selecionadas
dentro de determinada perspectiva temporal, quantificando­se analiticamente volumes,
recursos, preços, investimentos prazos e demais variáveis planejadas.
Logo, as razões que levam as organizações a adotarem o Planejamento Tributário
na sua gestão são diversas, tais como dificuldade em manterem estabilidade,
competitividade e longevidade no mercado atual; assim como analisar a relevância da
contribuição do assunto em questão, diante de fenômenos sociais advindos da não
adaptação aos avanços mercadológicos como a crescente informalidade, evasão e
sonegação fiscal, alta inflação, o que acaba provocando o fechamento de inúmeros
empreendimentos e por consequência o retardamento econômico e social do Brasil.
Assim, diante do que foi discutido, espera­se que o trabalho forneça aos leitores o
real conhecimento da necessidade de um planejar fidedigno das condições impostas por
esta nova era, bem como a certeza de que os administradores tomarão decisões
acertadas a partir de práticas abalizadas em informações pertinentes e um
acompanhamento contínuo da realidade do seu negócio.

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REFERÊNCIAS

.
Di

. Rio de Janeiro:

BRASIL. Lei nº 123 de14 de Dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da


Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: 15 de Jan. de
2012.

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______. LEI Nº 8.981, de 20 de Janeiro de 1995. Dispõe sobre os procedimentos de


acompanhamento, controle e avaliação a serem adotados na utilização dos benefícios

ecreto nº. 3000, de 26 de Janeiro

– 2. Ed. – São

, 2006.

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CHAVES, Francisco Coutinho. Planejamento tributário na prática: gestão tributária


aplicada. ­2. ed. – São Paulo: Atlas, 2010.

FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade tributária . – 11. Ed. – São Paulo: Atlas, 2009.

PEGAS, Paulo Henrique. Manual de contabilidade Tributária. 6 ed. – 2 tiragem. Rio de


Janeiro: Freitas Bastos, 2009.

. 6 ed. São Paulo: Atlas,

. Disponível em: <http://

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