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TERAPIA DE

HIDRATAÇÃO VENOSA

Luciene G. B. Ferreira

RESUMO

As crianças são mais suscetíveis de propostas terapêuticas, de acordo com a


à desidratação que os adultos devido a al- situação clínica do paciente:
guns fatores: o maior percentual de água
corporal total, a superfície corpórea relati- 1) A terapia de manutenção repõe as per-
vamente maior que a dos adultos e a maior das fisiológicas normais;
incidência de doença diarreica aguda. 2) A terapia de reposição repõe as perdas
A causa mais comum da neces- anormais e excessivas;
sidade da terapia de hidratação venosa 3) A terapia dos déficits é indicada para o
(THV) em pediatria é a hipovolemia cau- tratamento do paciente hipovolêmico.
sada por vômitos e diarreia devido à do-
ença diarreica aguda. A maioria dos casos A primeira etapa da correção é ur-
de desidratação pode ser resolvida através gente, está indicada para hipovolemia mo-
da terapia de reidratação oral, mas a THV derada e grave e visa à expansão do espaço
tem indicações precisas, como no choque intravascular. Esta etapa de expansão é fei-
hipovolêmico. ta com infusão rápida de solução isotônica.
A desidratação isotônica é a mais A segunda etapa corrige o déficit residual
frequente e está relacionada à diarreia, en- através de soro reidratante oral ou hidra-
tretanto, é importante a avaliação do nível tação venosa. A correção deve ser venosa
sérico do sódio na desidratação a fim de em caso de hiponatremia ou hipernatremia
nortear o tratamento em caso de distúrbios grave. A desidratação com hipernatremia
graves, evitando assim possíveis danos grave deve ser corrigida mais lentamente
neurológicos e até o óbito. que as desidratações isotônica e hipotôni-
ca, devido ao risco de edema cerebral.
PALAVRAS-CHAVE: Hidratação venosa; Estas terapias podem ser neces-
Desidratação; Tratamento da desidratação. sárias simultaneamente, como ocorre no
paciente no pós-operatório de cirurgia
gastrointestinal, em jejum absoluto e com
INTRODUÇÃO drenagem por sonda nasogástrica, sendo
necessária a terapia de manutenção e de
A terapia de hidratação venosa reposição concomitantes; e no paciente de-
tem como objetivo manter ou restaurar o sidratado que tem indicação de terapia de
volume e a composição normal dos líqui- déficit e terapia de manutenção.
dos corporais. O diagnóstico da desidrata-
ção com ou sem distúrbio de sódio e seus
respectivos tratamentos são abordados TERAPIA DE MANUTENÇÃO
neste tema.
A hidratação venosa tem três tipos As crianças, normalmente, têm

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Terapia de hidratação venosa

grandes variações na ingestão diária de é problemático caso os pacientes recebam


água e eletrólitos. Quando saudáveis, po- apenas líquidos intravenosos por poucos
dem tolerar grandes variações na ingestão dias, mas caso este período se prolongue,
de líquidos e eletrólitos devido a mecanis- na impossibilidade de usar a via digestiva,
mos homeostáticos que regulam a absor- especialmente se o paciente for desnutrido,
ção e a excreção destes. Os cálculos das a nutrição parenteral total deve ser usada.
necessidades diárias não são exigências A solução hidreletrolítica de ma-
absolutas e sim diretrizes razoáveis para nutenção não fornece cálcio, fósforo, mag-
estimá-las¹. nésio ou bicarbonato, o que é tolerado por
Os líquidos de manutenção são ne- alguns dias. O paciente que apresenta al-
cessários, por exemplo, em pacientes cirúr- guma perda excessiva específica de eletró-
gicos, no pré e pós-operatório; nos lacten- litos, como o paciente com acidose tubu-
tes, após oito horas de jejum absoluto para lar renal, que perde bicarbonato na urina,
realizar procedimento, pois estes desidra- necessita de reposição deste na hidratação
tam mais rápido que os pacientes com mais venosa (HV).
idade; em pacientes portadores de diabetes Água para manutenção é funda-
insípido nefrogênico, anemia falciforme e mental para repor as perdas obrigatórias
tetralogia de Fallot, que devem receber lí- da urina, fezes, pele e pulmões (Tab.1).
quidos intravenosos assim que colocados A urina compreende 60% do volume total
em jejum absoluto. Nos dois últimos ca- e esta perda pode oscilar em até 20 vezes
sos mencionados, a leve desidratação pode devido à capacidade renal de modificar a
ocasionar agravamento da doença de base. perda de água, concentrando ou diluindo a
urina¹. O volume da água de manutenção
Líquidos de Manutenção ideal é aquele em que o rim não tem que
concentrar ou diluir significativamente a
Os líquidos de manutenção re- urina, mantendo uma densidade urinária
põem as perdas de água, sódio e potássio entre 1008 a 1010, que corresponde à os-
que ocorrem pela urina e fezes e a perda de molaridade urinária de 300 mOsm/L.
água pela pele e pulmões. A sua composi-
ção consiste em solução com água, glico- Água de manutenção
se, sódio, potássio e cloro.
O soro glicosado a 5%, fornece 17 O cálculo da necessidade hídrica
kcal para cada 100 ml (1 g = 3,4 kcal ), ou diária de manutenção (NHD) é baseado
seja, aproximadamente, 20% das necessi- no consumo de quilocalorias, sendo este
dades calóricas normais do paciente. Isto método o mais utilizado². A Tabela 1 mos-
é suficiente para impedir que ocorra cetose tra a correlação entre as faixas de peso e
relacionada à cetoacidose do jejum e para a NHD. O cálculo da NHD dos pacientes
diminuir a degradação proteica que ocorre com excesso de peso é feito utilizando o
quando o paciente não recebe calorias. A valor da massa magra, que é estimado com
glicose também provê a adição de osmóis, o percentil 50 do peso para altura do pa-
evitando assim a administração de líquidos ciente¹. O máximo de líquido para adultos
hipotônicos que possam causar hemólise. é 2,4l/dia.
Os líquidos de manutenção não
fornecem a quantidade calórica adequada,
logo os pacientes devem perder, aproxima-
damente, 0,5 a 1% do peso ao dia. Isto não

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Tabela 1. Necessidade hídrica diária de acordo com consumo basal de quilocalorias.

Peso corporal Quantidade necessária de líquido por dia

0-10 kg 100 Kcal/kg = 100 ml/kg

11-20 kg 1000 Kcal + 50 Kcal/kg para cada kg > 10 kg

> 20 kg 1500 Kcal + 20 Kcal/kg para cada kg > 20 kg

máximo 2,4 l/dia

Origens de perda de água:

Urina: 60%
Perdas insensíveis: ~ 35%
Fezes: 5%

Osmolaridade das Soluções ença respiratória) e determina retenção de


água e maior risco de hiponatremia por in-
A osmolaridade plasmática nor- toxicação hídrica². O tratamento consiste
mal é de 285-295 mOsm/L. Infundir em em optar por soluções com maior concen-
veia periférica uma solução com osmola- tração de sódio, o que justifica a tendência
ridade muito mais baixa pode causar mo- atual em indicar rotineiramente estas solu-
vimento de água para o interior das hemá- ções na hidratação de manutenção.
cias, determinando hemólise. Deste modo, Há situações em que ocorre pro-
os líquidos intravenosos devem ter, aproxi- dução persistente de ADH – síndrome de
madamente, 285 mOsm/L. secreção inapropriada de hormônio anti-
A baixa concentração de só- diurético (SIHAD), como na insuficiência
dio no soro de manutenção pode cardíaca, síndrome nefrótica e doença he-
causar hiponatremia e intoxicação pática. Estes pacientes devem receber uma
hídrica e possíveis sequelas neuroló- quantidade de líquidos menor que a manu-
gicas. A solução recomendada para tenção normal.
pacientes com menos que 10kg é o soro Os pacientes cirúrgicos e no pós-
fisiológico a ¼ ou NaCl 0,2% onde há um operatório, nas primeiras seis a oito horas,
total de quatro partes e a diluição consis- devem receber líquidos isotônicos SF ou
te em uma parte de soro fisiológico 0,9% ringuer lactato (RL) com volume maior,
(SF) para três partes sem sódio, SF a ⅓ aproximadamente dois terços da manuten-
(NaCl 0,3%) e SF a ½ (NaCl 0,45%) que ção calculada. Estes têm depleção do volu-
possuem uma parte de SF para duas e uma me intravascular devido a perdas durante
parte sem sódio, respectivamente, que são a cirurgia, perdas para o terceiro espaço,
indicadas para crianças maiores e adultos represamento venoso ocasionado pela po-
(Tab.2). sição supina, efeitos da anestesia e da se-
A produção de hormônio antidiu- dação. No período subsequente, está indi-
rético (ADH) ocorre em situações cotidia- cado o SF a ½ (NaCl 0,45%), mesmo nos
nas das crianças hospitalizadas (depleção pacientes menores.
sutil de volume, estresse, dor, náusea, do- O potássio é acrescentado ao

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Tabela 2. Osmolaridade e composição das soluções.


Bicarbonato de sódio
8,4% (NaHCO3) = 2000 mOsm/L (Na = 1000
mEq/L + HCO3 = 1000 mEq/L)

Cloreto de sódio
3% (NaCl 3%) = 1027 mOsm/L (Na = 513 mEq/L +
Cl = 513 mEq/L)

Ringer lactato (RL)


273 mOsm/L (Na = 130 mEq/L, Cl = 109 mEq/L, K
= 4 mEq/L, Ca = 3 mEq/L e Lactato = 28 mEq/L)

Soro fisiológico
0,9% (SF) = 308 mOsm/L (Na = 154 mEq/L e Cl =
154 mEq/L)
SF ½ (SF 0,45%) = 154 mOsm/L
(Na = 77 mEq/L + Cl = 77 mEq/L)
SF 1/3 (SF 0,3%) = 103 mOsm/L
(Na +/- 51 mEq/L + Cl +/- 51 mEq/L)
SF ¼ (SF 0,225%) = 77 mOm/L
(Na = 38,5 mEq/L + Cl = 38,5 mEq/L)

Soro glicosado
5% (SG 5%) = 278 mOsm/L

soro de manutenção sob a forma de clo- parâmetros mencionados acima são: o


reto de potássio (KCl) e na proporção de peso diminui 0,5 a 1% ao dia; a diurese os-
20 mEq/L. O objetivo é evitar a hipocale- cila entre 1 a 2 ml/kg/hora com densidade
mia com a reposição da perda urinária que urinária (DU) de 1008 a 1010.
ocorre, aproximadamente, nesta concen-
tração. Variações do Volume de Manutenção
Pacientes com insuficiência renal
podem ser hipercalêmicos por incapaci- São várias as situações clínicas
dade de excretar potássio, sendo portanto que modificam as perdas normais de água
contraindicada a presença de KCl neste e dos eletrólitos de manutenção, determi-
soro. nando a necessidade de ajuste destes, au-
mentando ou diminuindo a água e os ele-
Monitorização da Hidratação Venosa trólitos (Tab.3).
(HV) As perdas insensíveis, perdas eva-
porativas da pele e dos pulmões represen-
Durante a HV, é fundamental a tam um terço do total de água para ma-
monitorização do peso, débito urinário, nutenção, 40% nos lactentes e 25% em
densidade urinária e eletrólitos para norte- adolescentes e adultos. A pele pode ser
ar os ajustes necessários na composição da uma fonte de perda significativa, particu-
solução venosa e evitar a hiperidratação, larmente nos recém-nascidos e, especial-
hipoidratação e os distúrbios eletrolíticos. mente, nos prematuros em fototerapia. Os
Os valores normais esperados dos recém-nascidos com peso muito baixo ao

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Tabela 3.Ajustes na necessidade hídrica de manutenção.


Aumento na NHD Diminuição da NHD

Pele Aquecedor radiante Incubadora (prema-


turo)
Fototerapia
Febre
Sudorese
Queimaduras

Pulmões Taquipneia Respirador com


umidificação
Traqueostomia

Trato gastro-
intestinal Diarreia
Vômitos
Drenagem nasogástrica

Renal Poliúria Oligúria/Anúria

Outras Drenagem cirúrgica Hipotiroidismo


Terceiro espaço

nascer podem ter perdas insensíveis de 100 volume, a composição e a velocidade da


a 200 ml/kg/dia. As perdas evaporativas da perda devem ser observados, de forma a
pele não incluem o suor, que deve ser con- manter o equilíbrio hidreletrolítico.
siderado fonte adicional de perda, princi-
palmente nos climas quentes. Os portado- Perdas Gastrointestinais
res de fibrose cística têm aumento da perda
de sódio através do suor, que os predispõe O trato gastrointestinal é fonte po-
à hiponatremia. tencial de perdas consideráveis de água e
A febre aumenta as perdas evapo- eletrólitos e, deste modo, podem determi-
rativas da pele, com aumento de 10 a 15% nar desequilíbrios no volume intravascular
da NHD para cada grau acima de 38°Cel- e nas concentrações de eletrólitos.
sius, em caso de febre persistente. As perdas excessivas devem ser
repostas à medida que ocorrem, usando
uma solução com o mesmo volume e apro-
TERAPIA DE REPOSIÇÃO ximadamente a mesma concentração de
eletrólitos. A composição eletrolítica da
Líquidos de Reposição solução de reposição é sempre mais bem
determinada pela dosagem do conteúdo
A reposição do fluido perdido é de eletrólitos. Há, contudo, dados sobre a
independente e simultânea ao líquido de composição eletrolítica média da diarreia e
manutenção. Esta estratégia visa conceder do líquido gástrico em crianças, conforme
autonomia para alterar a solução de repo- o Quadro 1.
sição conforme a evolução desta perda. O A reposição deve ser feita a cada

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Quadro 1. Terapia de reposição para diarreia e vômito.


Composição média da diarreia: Solução recomendada:
Sódio: 55 mEq/L Soro glicosado 5%
Potássio: 25 mEq/L NaCl: 38 mEq/L (Soro 1:3)
Bicarbonato: 15 mEq/L Bicarbonato: 20 mEq/L
KCl: 20 mEq/L
Composição média do líquido gástrico: Solução recomendada:
Sódio: 60 mEq/L Soro glicosado 5%
Potássio: 10 mEq/L NaCl: 77 mEq/L (Soro 1:1)
Cloreto: 90 mEq/L KCl: 10 mEq/L

período de uma a seis horas, dependendo frequência hipocalemia e esta se associa


da intensidade. Sendo assim, as perdas comumente à alcalose metabólica. Estas
muito rápidas devem ser repostas com complicações podem ser evitadas com a
maior frequência. reposição do líquido gástrico (Quad.1).
A diarreia é causa comum de per-
da de líquidos em crianças. Pode causar Perda Urinária
desidratação e distúrbios eletrolíticos. Nos
pacientes pouco usuais, com diarreia signi- As alterações na perda urinária
ficativa e limitação para ingerir líquidos, é devem determinar ajustes na hidratação
importante fazer a reposição venosa desta venosa (Tab.4). Caso o paciente apresente
perda. A diarreia é fonte importante de per- anúria ou oligúria, como ocorre na insufi-
da de bicarbonato, podendo causar acidose ciência renal e na SIHAD, há necessidade
metabólica, que pode se acentuar em caso de reduzir o volume de líquido e eletróli-
de depleção de volume com hipoperfusão tos da HV de manutenção a fim de evitar
tecidual e acidose lática concomitantes. sobrecarga hídrica. Monitorizar o peso e o
A perda de líquido gástrico, seja estado de hidratação dos pacientes anúri-
por vômito ou por drenagem gástrica, tam- cos é fundamental, já que a perda insensí-
bém pode causar desidratação, pois a maio- vel oscila entre 25 a 40% da NHD.
ria destes pacientes tem limitação da inges- Na poliúria, que acontece na fase
tão oral de líquidos. O aumento da síntese pós-obstrutiva da necrose tubular aguda e
de aldosterona, secundária à desidratação no diabete insípido, há necessidade de re-
causa maior perda urinária de potássio que posição deste fluido, respeitando sua com-
somada à perda gástrica determina como posição, onde a concentração do sódio é

Tabela 4.Terapia de reposição para alteração da perda renal

Oligúria/anúria Poliúria

Perdas insensíveis: 25 a 40% Perdas insensíveis: 25 a


40% da NHD
Volume da diurese Volume da diurese
Soro 1:1 Solução com composi-
ção da urina
SG 5% (dosar sódio e potássio
na urina)
Não usar potássio SG5%

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alta na uropatia obstrutiva e baixa no dia- TERAPIA DE DÉFICIT


betes insípido.
Na insuficiência renal aguda, é im- A terapia de reidratação venosa
portante monitorizar a diurese, porque esta está indicada para pacientes desidratados
aumenta progressivamente e pode levar à que tenham contraindicação para terapia
depleção de volume e piorar a insuficiên- de reidratação oral (TRO). Estes casos são
cia renal. a minoria. Dentre as causas que indicam
A maioria das crianças com insu- precisamente a THV: falha na TRO, vô-
ficiência renal deve receber pouco ou ne- mitos incoercíveis, distensão abdominal,
nhum potássio porque os rins são funda- coma e desidratação grave.
mentais para a excreção deste. A desidratação é classificada em
leve, moderada e grave, de acordo com o
Perda para o Terceiro Espaço percentual de perda de peso, ocasionada
pelo déficit de líquido. O percentual de
A perda para o terceiro espaço água corporal total, assim como a distri-
ocorre devido ao desvio de líquido do espa- buição da mesma dentro do compartimen-
ço intravascular para o espaço intersticial. to intravascular é maior quanto menor o
Ocorre aumento de peso, porém é difícil peso corporal do paciente. Assim sendo, o
quantificar a perda, que pode ser maciça e déficit de líquido dos lactentes é maior que
levar à depleção do volume intravascular. das crianças maiores e adultos (Quad.2).
A reposição é empírica e se baseia na ava- O cálculo é preciso quando sabe-
liação contínua das condições do volume mos o peso imediatamente anterior à desi-
intravascular. A reposição é realizada com dratação.
solução isotônica (SF ou RL) e deve ser É frequente a desidratação ser ro-
antecipada em pacientes que estejam em tulada como leve, moderada ou grave com
risco, como as crianças com queimaduras base na impressão clínica. Esta estimativa
ou submetidas à cirurgia abdominal. deve ser reavaliada durante todo o trata-
As perdas por drenagem torácica mento.
de volume significativo devem ser repos- Os achados de exame físico, geral-
tas e, ocasionalmente, pode ser necessária mente, são proporcionais ao grau de desi-
a reposição com albumina a 5%, caso a dratação. Os sinais clínicos de desidratação
perda de proteína seja relevante. como olhos fundos e turgor pastoso estão
também presentes nos desnutridos. É im-
Quadro 2. Percentual de perda de peso e avaliação clínica na desidratação.
Desidratação Desidratação Desidratação
leve moderada grave

Lactentes < 5% 5-10% >10-15%


Crianças e < 3% 3-6% >6-9%
adultos
Avaliação Exame físico Aspecto clíni- Aspecto clínico
Clínica normal co de desidra- de desidratação
tação Instabilidade
hemodinâmica

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portante avaliar se há sinais que denotem no lactente.


hipovolemia como taquicardia, alteração A hemoconcentração que resulta
postural da pressão arterial, pulso perifé- da desidratação causa aumento de hema-
rico fraco, reenchimento capilar periférico tócrito, da hemoglobina e das proteínas sé-
lentificado (>1,5 seg.) ou muito lentificado ricas. Estes valores se normalizam após a
(>3 seg.) e depressão da consciência. Ocor- reidratação.
re redução ou ausência de diurese, porém A DU se eleva na desidratação e
uma boa diurese pode estar enganosamen- caso menor que 1020 indica desidratação
te presente em pacientes desidratados com leve. Os pacientes portadores de diabete
diabete insípido ou nefropatia perdedora insípido e insuficiência renal crônica não
de sal. elevam a DU mesmo quando gravemente
desidratados.
Laboratório da desidratação
Cálculo dos déficits
O sódio sérico determina o tipo de
desidratação. A acidose metabólica pode O cálculo é feito através da esti-
ocorrer devido à perda de bicarbonato nas mativa clínica da desidratação (déficit de
fezes e/ou acidose lática por choque ou in- líquidos).
suficiência renal secundária ao choque. O Paciente de 10Kg com 10% de
nível sérico de bicarbonato abaixo de 17 déficit do peso, o déficit é de1Kg, ou seja,
mEq/L é compatível com desidratação mo- 1(um) litro. Este valor é uma aproximação,
derada ou grave e este exame laboratorial como todos os cálculos propostos na HV.
é usado para avaliar o grau de hipovole- A terapia dos déficits compreende
mia³. duas fases. A etapa de expansão, etapa ini-
A acidose metabólica é esclareci- cial que restabelece o volume intravascular
da através do cálculo do “ânion gap”. No e a etapa de reparação do déficit restante,
choque, o aumento do “ânion gap” signifi- que se segue à primeira etapa, é mais lenta
ca aumento de ácido lático. e conclui a reparação do déficit hídrico to-
A desidratação por vômitos pode tal.
causar hipocalemia e alcalose metabólica
hipoclorêmica. A hipocalemia é mais co- Etapa de Expansão
mum em crianças com diarreia e a acidose
pode tornar a concentração sérica do po- Esta etapa tem como objetivo res-
tássio maior que o esperado³. tabelecer a perfusão tecidual adequada.
O hipofluxo renal determina au- Para tanto, é necessário uso de solução
mento da ureia maior que o aumento da isotônica como o SF puro ou RL, 20 ml/
creatinina. kg, em 20 minutos. Esta etapa é igual na
O aumento da ureia pode estar desidratação isotônica, hipotônica e hiper-
ausente em pacientes com baixa ingestão tônica. A criança com desidratação grave
de proteína, pois a ureia é produto da de- pode precisar de múltiplos bolus e veloci-
gradação das proteínas. A necrose tubular dade de infusão mais rápida.
aguda secundária à desidratação grave Há contraindicações para o
ocasiona a elevação da creatinina. O nível uso do RL: pacientes com alcalose
sérico de creatinina normal no lactente é metabólica, com frequência associa-
de 0,3 mg/dl. Sendo assim, 1mg/dl, normal da a vômitos isolados, porque o lac-
para o adulto, significa insuficiência renal tato piora a alcalose; desidratação

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hipernatrêmica, porque o RL é hipotônico 400 ml), logo o volume restante para repa-
em relação ao SF e pode causar diminuição ração do déficit é 600 ml.
rápida demais da concentração de sódio,
especialmente se forem necessários múlti- Desidratação Isonatrêmica e
plos bolus de líquidos; cetoacidose diabé- Hiponatrêmica
tica, em que há dificuldade de metaboliza-
ção hepática do lactato para transformá-lo Nesta etapa, a estratégia de tra-
em bicarbonato. tamento das desidratações isonatrêmica
A etapa de expansão alcança seu (sódio entre 130 e 150mEq/L) e hipo-
objetivo quando o paciente recebe o volu- natrêmica (sódio menor que 130mEq/L)
me intravascular adequado, que é caracte- é a mesma, porém diferente da desidra-
rizado clinicamente por: redução da fre- tação hipernatrêmica (sódio maior que
quência cardíaca, normalização da pressão 150mEq/L), onde há maior risco de edema
arterial, melhora da perfusão, melhora do cerebral, caso alguns cuidados não sejam
débito urinário e aparência mais alerta. tomados.
Deve-se ter cuidado especial com Na desidratação isonatrêmica e
volume na cetoacidose diabética, quando é hiponatrêmica, o déficit é reposto nas pró-
recomendado 10ml/kg em uma hora a fim ximas 24 horas após etapa de expansão. O
de evitar edema cerebral e paciente com volume diário é composto de NHD + défi-
sinais de choque cardiogênico e suspeita cit.
de hipovolemia, 5 a 10 ml/kg em 10 a 20 Neste paciente de 10 Kg, soma-se
minutos4. 1000 ml (NHD) + 600 ml (déficit) = 1600
Caso o paciente com choque hipo- ml.
volêmico não responda à infusão rápida de Esta HV é composta de 800 ml de
60 ml/kg de cristaloide, devido à hipoalbu- SG 5% e 800 ml de SF 0,9%, infundido em
minemia ou ao aumento da permeabilida- 24 horas com velocidade constante.
de capilar, poderá ser utilizada a solução O KCl deve ser adicionado so-
coloide como a albumina a 5% a fim de mente após bom volume de diurese pre-
restaurar a perfusão4,5. sente. Isto ocorre quando é atingida boa
perfusão renal. A concentração do KCl é
Etapa de Reparação do Déficit de 20 mEq/L.
Restante: cálculo do volume Quando ocorre necrose tubular
aguda devido à desidratação grave, a diu-
Com o volume intravascular ade- rese fica ausente mesmo após boa perfusão
quado, é necessário planejar a hidratação renal. Neste caso, o potássio não pode ser
para as próximas horas. Há muitas propos- adicionado à HV até que o paciente volte a
tas diferentes para esta etapa de reidrata- urinar bem.
ção. Há necessidade de acrescentar a
O volume a ser reposto nesta etapa esta HV a reposição de perdas continuadas
é o resultado de uma subtração: o volume no caso de novas perdas. O aparecimento
total do déficit menos o volume da etapa de de novos episódios de diarreia após início
expansão. da reidratação exemplifica esta situação.
Por exemplo, um paciente de
10Kg com 10% de déficit, um quilo, tem Desidratação Hiponatrêmica
déficit total de 1l (1000 ml); recebeu duas
etapas de expansão de 200 ml cada (total = A desidratação hiponatrêmica re-

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sulta de: 1) Ingestão de líquido sem sódio tratamento. A clínica de choque é tardia e
para repor perda por diarreia (concentração as crianças costumam ficar letárgicas, mas
média de sódio na diarreia é de 50 mEq/L); tornam-se irritáveis quando tocadas. A hi-
2) A secreção de ADH por estímulo da pernatremia pode causar febre, hipertoni-
desidratação, resultando na redução da cidade muscular e hiperreflexia. Sintomas
excreção renal de água; 3) Doença renal neurológicos mais graves ocorrem em caso
perdedora de sal; 4) Perda para o terceiro de hemorragia cerebral ou trombose.
espaço; 5) Diarreia com conteúdo elevado Após a etapa de expansão, o trata-
de sódio (cólera). mento da desidratação hipernatrêmica deve
A desidratação hiponatrêmica pro- ser cauteloso quanto à velocidade de corre-
duz depleção mais importante do espaço ção do sódio, porque a rapidez na correção
intravascular devido ao desvio de água pode causar morbidade e mortalidade sig-
do espaço extracelular para o intracelu- nificativas. Há formação de osmóis idiogê-
lar e pode ocasionar sintomas neurológi- nicos dentro das células cerebrais durante
cos, como letargia e crise convulsiva. Isto o desenvolvimento da hipernatremia. Es-
ocorre quando o nível sérico do sódio cai tes osmóis aumentam a osmolaridade in-
agudamente para valores inferiores a 120 tracelular, proporcionando proteção contra
mEq/L. Neste caso, é necessária a repo- fuga do líquido intracelular para o espaço
sição de solução salina hipertônica (NaCl extracelular. No entanto, eles se dissipam
3%) para aumentar rapidamente a concen- lentamente durante a correção da hiperna-
tração de sódio nas primeiras três a quatro tremia. Se ocorrer uma redução excessiva-
horas. O objetivo é o aumento do nível sé- mente rápida da osmolaridade extracelular
rico do sódio em 5 mEq/L ao término desta durante a correção do déficit de líquido, o
etapa. O aumento máximo permitido no ní- gradiente osmótico promove, então, flu-
vel sérico do sódio a cada hora é de 2 mEq/ xo da água extracelular para as células do
L5. A correção total desejada é de 10 a 12 cérebro, produzindo edema cerebral. Os
mEq/L a cada 24 horas. A correção vigo- sintomas do edema cerebral podem variar
rosa (maior que 135 mE/L) e muito rápida de crises convulsivas a herniação cerebral
(maior que 12 mEq/L em 24 h) está asso- seguida de morte.
ciada ao aumento do risco de mielinólise Nesta fase, o tratamento é baseado
central pontina. É necessário monitorizar o na escolha do soro, da velocidade de infu-
sódio sérico a fim de nortear o tratamento, são e na monitorização do sódio sérico a
adequando-se a concentração de sódio do fim de ajustar o tratamento com base no re-
líquido ofertado à concentração do sódio sultado deste. Não há um consenso acerca
do paciente. da escolha do soro ou velocidade de infu-
são para corrigir a desidratação hipernatrê-
Desidratação Hipernatrêmica mica, porém o principal instrumento para
orientação da terapêutica é a vigilância fre-
Durante a desidratação hiperna- quente do sódio sérico6.
trêmica, ocorre desvio da água do espaço A taxa de diminuição da concen-
intracelular para o extracelular, protegen- tração sérica de sódio está, geralmente, re-
do o volume intravascular. Deste modo, lacionada à oferta de água livre, ou seja,
as crianças com hipernatremia costumam água sem sódio. Por exemplo, o SF 0,9%
parecer menos desidratadas que as crian- não tem água livre, e o SF ½ tem 50% de
ças com grau semelhante de desidratação água livre.
isotônica e isto retarda o diagnóstico e o Uma proposta adequada para dar

82 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ


Terapia de hidratação venosa

início ao tratamento da desidratação hiper- berada, os soros para reidratação oral são
natrêmica após etapa de expansão é SF ½ mais apropriados inicialmente que outros
com glicose a 5%, volume máximo de 1,25 líquidos que contenham maior percentual
a 1,5 NHD. A velocidade de infusão deve de água livre.
ser constante. As perdas continuadas devem ser
Algumas considerações são perti- repostas à medida que ocorram.
nentes como nos exemplos a seguir: crian-
ça com desidratação por perda exclusiva
de água livre (sem sódio) como no diabete CONCLUSÃO
insípido, geralmente precisa de mais líqui-
do hipotônico do que uma criança que per- A terapia de manutenção conser-
de água e sódio por diarreia, assim propõe- va o volume e a composição dos líquidos
se o SF ⅓ para reposição de água livre, corporais dentro da normalidade. A mesma
como nos lactentes, que precisam de mais se adequa às alterações das perdas normais
líquidos hipotônicos devido à maior perda e anormais, restringindo ou aumentando
insensível. Caso o sódio sérico esteja di- o volume de manutenção e adequando
minuindo muito lentamente, o volume de a composição eletrolítica deste a fim de
líquido intravenoso pode ser aumentado, e manter o equilíbrio hidreletrolítico.
aumentada a oferta de água livre. O aumento da secreção de ADH
A correção dos casos mais graves em situações cotidianas como a ansiedade,
deve ocorrer nos próximos dois a quatro dor e distúrbio respiratório, dificulta a ex-
dias após a etapa de expansão. Por exem- creção de água livre e pode causar hipona-
plo, o sódio sérico de até 157 mEq/L, a tremia. A escolha de soluções com maior
correção é programada para 24 horas, en- concentração de sódio evita tal fato.
quanto o sódio sérico de 184 mEq/L ou A terapia de déficit é aplicada
mais, a correção poderá durar até quatro para expandir o espaço intravascular dos
dias devido ao maior risco de edema ce- pacientes com hipovolemia moderada ou
rebral6. O sódio sérico não deve diminuir grave e, em seguida à expansão, concluir
mais que 12 mEq/L em 24 horas. a reposição do déficit residual por via oral
A crise convulsiva é a manifesta- (TRO) ou venosa. Nesta fase, a desidrata-
ção mais comum de edema cerebral causa- ção com distúrbio grave de sódio é, obri-
do pela redução excessivamente rápida do gatoriamente, corrigida por via venosa
sódio sérico durante o tratamento da desi- devido ao risco de danos neurológicos. A
dratação hipernatrêmica. Ela é tratada com desidratação hipernatrêmica requer estra-
cloreto de sódio a 3% na dose de 4 a 6 ml/ tégia especial, a correção deve ser mais
Kg, onde cada 1ml/Kg aumenta 1 mEq/L lenta, o volume de líquido e a quantidade
na concentração sérica de sódio. de água livre limitados.
O potássio é adicionado à HV após
diurese e função renal normal.
Os líquidos orais devem ser usa- REFERÊNCIAS
dos com cautela na hipernatremia grave,
porque, somados à HV de reparação dos 1.Greenbaum, L. Maintenance and replacement the
déficits, podem causar queda rápida de- therapy. In: Kliegman RM, Behrman RE, Jenson
HB Stanton BF, editors. Nelson Textobook of Pe-
mais da concentração sérica do sódio; diatrics. Philadelphia: Elsevier; 2007.p309-13.
portanto, devem ser descontados do volu- 2.Michael JS, Erin EE, Tej KM, Melaine Sk. Main-
me da HV. Quando a ingestão oral for li- tenance fluid therapy in children. [acesso em 2011

Ano 10, Agosto de 2011 83


Terapia de hidratação venosa

Mar 28]. Disponível em: www.uptodate.com/ ter, a relatively bigger body surface area the
store. smaller the body weight and the greater in-
3.Erin EE, Michael JS, Tej KM, Melaine SK. Clini-
cal assessment and diagnosis of hypovolemia (de-
cidence of acute diarrhea in this age group.
hydratacion) in children. [acesso em 2011 Mar 28 The most common indication of intra-
]. Disponível em: www.uptodate.com/store . venous hydration therapy in pediatrics
4.Mark W, Susan BT, James FW. Inicial manage- is hypovolemia caused by vomiting and
ment of shock in children. [acesso em 2011 Mar
diarrhea due to acute diarrheal disease.
28]. Disponível em www.uptodate.com/store .
5.Erin EE, Michael JS, Tej KM, Melaine SK. Treat- Most of the cases of dehydration can
ment of hypovolemia (dehydratacion) in children. be successfuly treated through oral
[acesso em 2011 Mar 28]. Disponível em: www. rehydration therapy, however the intra-
uptodate.com/store . venous hydration therapy has its preci-
6.Greenbaum, L. Déficit therapy. In: Kliegman, RM,
Behrman RE, Jenson HB, Stanton BF, editors.
se indications, as in hypovolemic shock.
Nelson Textobook of Pediatrics. Philadelphia: El- Even though the isotonic dehydration
sevier; 2007.p313-6. is the most frequent type of dehydra-
tion and is related to diarrhea, it is im-
portant to monitor the sodium levels
ABSTRACT in a dehydration case in order to gui-
de the treatment in severe disorders of
this ion, avoiding neurologic damages.
Children are more prone to dehydration
than adults. The reasons why that happens KEYWORDS: Venous hydration;
are: a greater percentage of total body wa- Dehydration; Treatment of dehydration.

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TITULAÇÃO DOS AUTORES

Alexandra Maria V. Monteiro Evelyn Vinocur


Mestre e Doutora em Medicina UFRJ; Professora Adjunta Médica Psiquiatra pela UERJ; Mestranda do Programa de
de Radiologia da Faculdade de Ciências Médicas/UERJ; Pós-Graduação em Neurologia e Neurociências da UFF.
Coordenadora da Comissão de Telerradiologia do Colégio
Brasileiro de Radiologia. Ida V.D. Schwartz
Doutora; Médica do Departamento de Genética, UFRGS;
Cláudio Márcio A. de O. Lima Serviço de Genética Médica, Hospital de Clínicas de
Aluno do Programa de Pós-Graduação em Radiologia da Porto Alegre/RS.
Faculdade de Medicina da UFRJ; Médico Radiologista da
Rede Labs Dor e do Hospital Municipal Miguel Couto. Luciene G. B. Ferreira
Pediatra, membro do corpo clínico da Enfermaria de Pe-
Dayse S. Carvalho diatria do HUPE/UERJ.
Mestre em Serviço Social; Especialista em Políticas
Sociais. Márcia P.F. Gomes
Mestre em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem /
Denise C. Oliveira UERJ; Chefe de Enfermagem do Ambulatório de Pediatria
Doutora em Saúde Pública pela USP e Pós-Doutora em do HUPE/UERJ.
Psicologia Social pela École des Hautes Etudes en Scien-
ces Sociales, Paris, França. Coordenadora do Programa Michele F. Paula
de Pós-Graduação em Enfermagem da UERJ; Professora Especialista em Comunicação e Saúde.
Titular da Área de Pesquisa na Faculdade de Enfermagem
da UERJ. Raquel Boy
Mestre; Médica do Departamento de Pediatria do HUPE/
Evelyn Eisenstein UERJ.
Professora da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ;
Médica Pediatra e Clínica de adolescentes do NESA (Nú- Susana Bruno Estefenon
cleo de Estudos da Saúde dos Adolescentes); Coordena- Presidente do Instituto Integral do Jovem (INJO).
dora de Telemedicina da Faculdade de Ciências Médicas
da UERJ. Diretora do CEIIAS (Centro dos Estudos Inte-
grados, Infância, Adolescência e Saúde); Organizadora do
website para ADOLESCENTES e SAÚDE,
www.adolescentesesaude.com.br .

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