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DIREITO CIVIL

PARTE ESPECIAL
Prof. Patricia Strauss
Direito das Coisas:

O Direito das Coisas é dividido em duas partes: A Posse e os Direitos Reais.

I – Posse: Art. 1.196 do Código Civil

• Para ser possuidor é necessário ter um dos poderes da propriedade (vide art.
1.228 – Poderes do proprietário)
• Não é Direito Real;
• É uma situação de fato protegida pelo Código Civil;
• O possuir pode ser de má ou boa-fé.

1 – Classificação:
Art. 1.197 do Código Civil:

Posse Direta: quem ocupa/possui o bem. Ex:


Locatário
Posse
Indireta: proprietário do bem, que possui do domínio
do bem. Ex: Locador.

Art. 1198 do Código Civil: Detentor ou fâmulo da posse:


• Relação de subserviência;
• Pode ser detentor de bens móveis e imóveis;
• Aquele que conserva o bem de terceiro sobre suas ordens;
• Exemplos: Caseiro e Motorista.

Art. 1.200 do Código Civil:


Justa: Não clandestina, não precária ou não
Posse violenta.
Injusta: Clandestina (às escondidas) Violenta e
precária (passado o prazo, não devolve o bem
emprestado). Tais requisitos não são cumulativos.

Art. 1.201 do Código Civil:

Boa-fé: Não sabia ou não tinha condições de saber que o bem não era seu.
Exemplo: Promessa de compra e venda ou contrato de gaveta não registrado.

Justo título (qualquer documento que dê a entender que o bem pertente ao


possuidor) presume-se a boa-fé – Parágrafo único do Art. 1.201 do CC

Má-fé: Sabia ou tinha condições de saber que o bem não era seu.
Exemplo: Invasão de um terreno

2 – Aquisição da posse: arts. 1.204 e 1.205 do Código Civil:


• Transmissão aos herdeiros com os mesmos caracteres – art. 1.206;
• Transmissão da boa e da má-fé.

3 – Efeitos da Posse:
Ações Possessórias (mais famoso efeito da posse) – Possuidores diretos e
indiretos podem ajuizar as ações. As regras do processamento das ações são
reguladas pelo CPC.

 Detentor não tem legitimidade para ajuizando das ações;


 Perda - esbulho: Ação de Reintegração de Posse;
 Incomodo/moléstia – Turbação: Ação de Manutenção de Posse;
 Ameaça: Interdito proibitório.
• Legítima Defesa da Posse: Imediatamente e na proporção do ato realizado;

• Frutos:

Art. 1.214 do CC – Boa-fé: tem direito aos frutos percebidos e as despesas de


produção e custeio.

Art. 1.216 do CC – Má-fé: Tem direito as despesas de produção e custeio. Os frutos


produzidos e pendentes devem ser restituídos ao proprietário.

• Perecimento (perda total) e deterioração (perda parcial):


Art. 1.217 do CC – Boa-fé: possuidor não responde pelo perecimento ou deterioração
se não deu causa;

Art. 1.218 do CC - Má-fé: responde pelo perecimento ou deterioração ainda que


acidentais, salvo se comprovar que o fato ocorreria mesmo na posse do reivindicante.

• Benfeitorias (vide Art. 96 do Código Civil – classificação das


benfeitorias):
1.219: Boa-fé: retenção pelas benfeitorias necessárias e úteis e pode levantar as
voluptuárias, se não estragarem o bem.

1.220: Má-fé: Somente indenização pelas necessárias. Não tem direito à retenção.

4 – Perda de posse:
• Quando cessa o poder sobre o bem, ainda que contra a vontade do possuidor
– Art. 1.223 do Código Civil;

II – Direitos reais:
• Rol do artigo 1.225 do Código Civil;
• Necessitam de registro para dar publicidade e possuírem efeitos contra
terceiros.

1 – Propriedade:

• Disposições preliminares:
Art. 1.228, caput, do Código Civil: trata-se, com exceção, de direito pleno de usar,
gozar, dispor e reaver a propriedade.

Art. 1.228, § 1º, do Código Civil: Traz a exceção do direito pleno: função social da
propriedade – finalidade econômica e social, respeitando a fauna e a flora;

§2º: proibidos os atos que não trazem comodidade ao proprietário e com a única
intenção de prejudicar terceiro;

§3º: desapropriação em razão da necessidade pública.

• Aquisição da propriedade imóvel – Seção I – Usucapião:

 Forma originária de aquisição da propriedade – Abertura de nova matrícula junto


ao Registro de Imóveis;
 Não há evicção;
 Não é devido imposto de transmissão;
 Livre e desembaraçado de qualquer ônus;
 Posse mansa, pacífica, ininterrupta, com ânimo de proprietário;
 Também denominada prescrição aquisitiva;

 Formas da Usucapião:

 Extraordinária: Art. 1.238 do Código Civil.


 Não é necessário justo título e boa-fé;
 Somente necessário o preenchimento dos requisitos gerais (posse mansa,
pacífica, ininterrupta, com ânimo de proprietário) e o tempo estabelecido em lei;
 Regra: 15 anos – caput
 Exceção: 10 anos - § único: Moradia ou realização de obras de caráter
produtivo;
 Não tem limite de área;

 Ordinária: Art. 1.242 do Código Civil.


 Regra: 10 anos – Necessário o justo título e boa-fé;
 Exceção do § único: Prazo de 05 anos se adquirido onerosamente,
registrado no Registro de Imóveis e cancelada posteriormente a venda e nele
estabelecido a moradia ou realizado investimento de caráter econômico ou social;
 Não tem limite de área;

 Especial Rural: Art. 1.239 do Código Civil.


 Não pode ser proprietário de outro imóvel;
 Prazo de 05 anos;
 Máximo 50 hectares;
 Produção do trabalho e moradia. Dessa forma, não é possível pessoa
jurídica;
 Art. 183 da CF;
 Cunho social;
 Não é necessário justo título e boa-fé.

 Especial Urbana: Art. 1.240 do Código Civil.


 Prazo de 05 anos;
 Não pode ser proprietário de outro imóvel;
 Até 250m²;
 Utilizar como moradia;
 Não é necessário justo título e boa-fé
 Especial familiar: art. 1.240-A
 Não pode ser proprietário de outro imóvel;
 Área de até 250m²;
 Contra ex-cônjuge que abandonou o lar por 02 anos;
 Propriedade que dividia com ex cônjuge ou ex companheiro.
 Sua moradia ou da família;
 Não é necessário justo título e boa-fé.

Quadro Comparativo espécies da Usucapião:

Especial Especial Especial


Extraordinária Ordinária
Rural Urbana Familiar
Tempo de Regra: 15 anos Regra: 10 anos
05 anos 05 anos 02 anos
Posse Exceção: 10 anos Exceção: 05 anos
Área do
Não Não Até 50 HE Até 250m² Até 250m²
Imóvel
Justo
Título e Não Sim Não Não Não
Boa-fé
Regra: qualquer
Exceção: Moradia Produção
Tipo de
ou realização de Qualquer do trabalho Moradia Moradia
Uso
obras de caráter e moradia
produtivo
Propriedade
Não pode Não pode
Não há demais dividida com o
ser ser
Outras Não há demais exigências, pode ex-cônjuge e
proprietário proprietário
exigências exigências ser tanto pessoa não pode ser
de outro de outro
física ou jurídica proprietário de
imóvel imóvel
outro imóvel
 Perda da propriedade:
• A perda da propriedade ocorre em razão de alienação; renúncia; abandono;
perecimento da coisa; desapropriação – Art. 1.275 do Código Civil;
• A alienação e a renúncia necessitam de registro do título transmissivo ou do
ato renunciativo no Registro de Imóveis para a perda da posse ter seus efeitos;
• Os municípios e o Distrito Federal poderão arrecadar como bem vago o imóvel
urbano ou não conservado por mais de três anos – Art. 1.276 do Código Civil;
• A União poderá arrecadas o imóvel rural como bem vago se abandonado ou
não conservado por mais de três anos.

 Propriedade resolúvel:
• É a propriedade que tem duração no tempo (ad tempos) e pode ser dividida
em originária e superveniente:
 Originária: Art. 1.359 do Código Civil;
 Superveniente: Art. 1.660 do Código Civil.

 Propriedade fiduciária:
• Propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que, como garantia, o
devedor transfere ao credor – Art. 1.361 do Código Civil;
• Necessidade de registro no órgão competente;
• Ocorre desdobramento da posse e o devedor torna-se possuidor direto da
coisa;
• Art. 1.362: Contrato deve conter o prazo da dívida ou a estimativa; o prazo ou
época do pagamento; a taxa de juros, se houver; a descrição da coisa com
elementos indispensáveis à sua identificação;
• Art. 1.363: Obrigações do devedor após o vencimento da dívida: guardar a
coisa com diligência; entregar ao credor se a dívida não for paga;
• Art. 1.364: Após o vencimento, obrigação do credor em vender a coisa à
terceiros a fim de saldar a dívida, devolvendo o saldo remanescente, se houver;
• Art. 1.365: Nulidade da cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar
com o bem se a dívida não for paga. Contudo, com anuência do credor, o
devedor pode solicitar tal situação;
• Art. 1.366: Se a venda do bem não for capaz de quitar a dívida e despesas
de cobrança, o devedor fica obrigado pelo restante;
• Art. 1.368: O terceiro que pagar a dívida se sub-rogará de pleno direito no
crédito e na propriedade fiduciária.

2 – Superfície:
• Trate-se de direito real sobre coisa alheia;
• Temporário;
• Partes: Proprietário e Superficiário;
• Somente bens imóveis;
• Necessário o registro no Registro de Imóveis;
• Pode ser gratuita ou onerosa – Art. 1.370 do Código Civil;
• Conceito: art. 1.369 do Código Civil – Direito de plantar ou construir
• Superficiário é responsável pelos tributos – art. 1.371 do Código Civil
• Pode ser transferido à terceiros ou herdeiros – Art. 1.372 do Código Civil,
vedado o pagamento de comissão ao proprietário - § único;
• Direito de preferência e igualdade de direitos em caso de venda entre os
envolvidos na relação;
• Rescisão do contrato se houver destinação diversa do contratado - Art. 1.374;
• Extinta a superfície, o proprietário tem direito a propriedade plena do terreno,
se nada foi estipulado em contrato - Art. 1.375 do Código Civil. Isso significa que as
obras e melhorias transferem-se ao proprietário sem qualquer direito a indenização;

3 – Servidões:
• Art. 1.378 do Código Civil;
• Bens Imóveis – inter vivos (declaração); causa mortis (testamento); usucapião
(10 anos com justo título ou 20 anos sem justo título);
• Necessário o registro na matrícula junto ao Registro de Imóveis;
• Imóvel encravado – prédio dominante; prédio serviente;
• Proprietários diversos;
• Art. 1.380 do Código Civil - O responsável pelo prédio dominante deve realizar
obras de conservação; se forem dois ou mais responsáveis as despesas serão
divididas;
• Art. 1.383 do Código Civil - O dono do prédio dominante não pode embaraçar
a servidão;
• Art. 1.384 do Código Civil - É possível a troca da servidão, à custa do
interessado e desde que não diminua as vantagens do outro;
• Art. 1.387 do Código Civil - Extinção se dá com o cancelamento;
• Art. 1.388 do Código Civil - Hipóteses de pedidos judiciais para cancelamento
de servidão: pedido pelo dono do prédio serviente; renúncia da servidão; perda da
utilidade; quando o dono do prédio serviente resgata a servidão.
• Art. 1.389 do Código Civil - Outros casos de extinção: reunião de dois prédios
da mesma pessoa; supressão das obras por efeitos de contrato; não uso por 10 anos
consecutivos;

4 – Usufruto:
• Art. 1.390 do Código Civil;
• Bens móveis e imóveis em todo ou em parte;
• Necessário o registro;
• Vitalício;
• Nú proprietário e Usufrutuário;
• Pode pessoa física ou jurídica (não será vitalício)
• O direito de usufruto pode ser transferido à terceiros;
• Pode ser por usucapião;
• Art. 1.393 - Não pode ser vendido, mas pode ser cedido (temporário) de modo
oneroso ou gratuito;
• Art. 1.394 - Direitos do Usufrutuário: possuir, usar, administrar e perceber os
frutos;
• Art. 1.399 - Pode ser realizado o arrendamento do direito de ser usufrutuário,
contudo, não é possível a mudança da destinação econômica do bem;
• Art. 1.402 - O usufrutuário não é obrigado a pagar por deteriorações
consequentes do uso do bem;
• Art. 1.403 - Usufrutuário deve pagar os tributos e despesas ordinárias;
• Art. 1.402 - Ao nú-proprietário cabe o pagamento das despesas
extraordinárias;
• Art. 1.406 – Dever de dar ciência ao nú-proprietário da invasão ou lesão à
posse/propriedade;
• Art. 1.410 – Extinção do Usufruto mediante cancelamento no Registro de
Imóveis: pela renuncia ou morte do usufrutuário; pelo término do prazo estipulado para
duração; extinção da pessoa jurídica usufrutuária; cessação do motivo que deu causa;
destruição do bem; pela consolidação; por culpa do usufrutuário quando aliena ou
deixa arruinar o bem; pelo não uso ou fruição da coisa.

5 – Uso:
• Usar a coisa e colheita dos frutos para necessidades pessoais e da família;
• Art. 1.412 do Código Civil;
• Veda o direito a usucapião;
• Subsidiária aplicação de usufruto.

6 – Habitação:
• Veda o direito a usucapião;
• Direito de habitar, de forma gratuita, casa alheia;
• Subsidiária aplicação de usufruto.
7 – Direito do promitente comprador:
• Contrato de promessa de compra e venda, por instrumento particular ou
público, devidamente registrado;
• Em caso de negativa do promitente vendedor, o promitente comprador, que
tem direito real, pode ajuizar ação de adjudicação compulsória para registrar o bem
em seu nome;

8 – Direitos Reais de Garantia: Penhor, hipoteca e Anticrese:

8.1 – Disposições gerais:


 Necessidade de registro;
 São acessórios ao contrato principal;
 Art. 1.419 do Código Civil – Vínculo real ao cumprimento da obrigação principal;
 Art. 1.421 do Código Civil – Pagamento de uma ou mais parcelas não exonera a
garantia, ainda que ela seja composta por vários bens;
 Art. 1.428 do Código Civil – Nula a cláusula que prevê a adjudicação do bem em
caso de inadimplência. Contudo, se o devedor quiser a dívida pode ser paga com o
direito real de garantia.

8.2 – Penhor:
 Direito Real sobre bens móveis. Exemplo: Penhor de joias como garantia de um
empréstimo;
 Necessita registro junto ao Cartório de Títulos e Documentos;
 Art. 1.431 do Código Civil - Estabelecido mediante a transferência da posse;
 § único: No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, o bem permanece na
posse do devedor, que tem o dever de guarda e conservação desse.

8.3 – Hipoteca:
 Sobre bens imóveis;
 Necessidade de Registro no RI do local do imóvel.
 Exceção: Navios e aeronaves podem ser hipotecados – art. 1.473, VI e VII, do
Código Civil;
 Nula a cláusula que proíbe a alienação do bem – Art. 1.475 do Código Civil;
 Art. 1.476 do Código Civil - Sobre o mesmo bem podem ser constituídas mais de
uma hipoteca;
 Art. 1.499 – Extinção da hipoteca: extinção da obrigação principal; pela perda da
coisa; pela resolução da propriedade; pela renúncia do credor pela garantia; remição;
pela arrematação ou adjudicação.

8.4 – Anticrese:
 Art. 1.506 do Código Civil;
 Bens imóveis;
 Cessão ao credor anticrético o direito de uso e exploração para percepção dos
frutos e rendimentos, ocorrendo o abatimento da dívida;
 Liquidada a dívida, extingue-se a anticrese.

9 – Laje:
 Acrescido recentemente pela Lei nº 13.465/2017;
 Art. 1.510 – A do Código Civil;
 Somente bens imóveis;
 Necessidade de registro junto ao Registro de Imóveis;
 Matrícula própria, podendo usar, gozar ou dispor;
 Devido o pagamento de impostos e taxas;
 Pode ser tanto superior quanto no subsolo ao prédio base;
 Espaço aéreo ou subsolo vertical;
 Pode ter transmissão com a concordância do proprietário do prédio base;
 Serão divididas as despesas das áreas comuns e estruturas;
 Direito de preferência em igualdade de condições em caso de alienação de um
dos prédios;
 Extingue-se a laje com a ruína do prédio, salvo se for no subsolo, se não for
reconstruída no prazo de cinco anos.
I – Formas de aquisição da propriedade imóvel:

1 – Usucapião;

2 – Aquisição pelo registro do título;

*Artigo 1.245.

3 – Aquisição por acessão:

Art. 1.248. A acessão pode dar-se:

I - por formação de ilhas;

II - por aluvião;

III - por avulsão;

IV - por abandono de álveo; Álveo: Um curso de águas sofre um desvio natural, o que
gera o álveo abandonado, que é o leito por onde as águas corriam, porém deixaram
de correr.

V - por plantações ou construções. Toda construção ou plantação existente em um


terreno presume-se feita pelo proprietário até que se prove o contrário.

Obs.: Artigo 1.254 e artigo 1.255.

→ Semeia, planta ou edifica em terreno seu com materiais alheios: Vira proprietário,
mas deverá indenizar o dono dos materiais alheios. Se agiu de má-fé, além disso,
também paga perdas e danos.

→ Quem semeia, planta ou edifica em terreno alheio, com materiais próprios: Perde
o que fez em proveito do proprietário, mas terá direito á indenização, se estava de
boa-fé. Se a construção ou plantação tiver um valor muito grande, maior que o valor
do terreno, quem plantou ou edificou (se de boa-fé) adquire a propriedade do solo, por
pagamento de indenização fixada judicialmente.
II – Formas de aquisição da propriedade móvel:

1 – Usucapião – Artigo 1.260

2 – Ocupação – Artigo 1.263: Assenhoramento da coisa. É um modo de aquisição


de propriedade das coisas sem dono, ou porque nunca tiveram dono ou porque foram
abandonadas.

Obs.: Se as coisas móveis forem coisas perdidas, teremos então a descoberta. Se


forem abandonadas (jogadas no lixo) teremos então a ocupação.

3 – Achado de tesouro – Artigo 1.264, 1.265 e 1.266

4 – Tradição: Artigo 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios
jurídicos senão antes da tradição.

Obs.: Constituto possessório: É uma cláusula contratual que constituiu o adquirente


do bem na posse, quando ele já tinha a posse, mas de outra forma (locação,
comodato, etc). Chamada “traditio brevi manu”. No entanto, o artigo 1.267 parágrafo
único dispensa a formalidade da cláusula, exatamente quando o adquirente já possuía
a posse por ocasião da alienação.

5 – Especificação:

Artigo 1.269: Aquele que trabalha com matéria-prima alheia, obtém nova espécie,
passará a ser proprietário, se não se puder voltar à forma anterior.

->Através do trabalho de um sujeito, chamado de especificador. Esse especificar


emprega total ou parcialmente matéria-prima alheia. Exemplo: artista utiliza um bloco
de mármore para fazer uma escultura.

*Artigo 1.270: Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma
precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova. § 1o Sendo praticável a
redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá
ao dono da matéria-prima.
§ 2o Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura,
escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova
será do especificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da matéria-prima.

6 – Da confusão, comissão e adjunção:

*Confusão: mistura de substâncias que formam um líquido homogêneo;

*Comissão ou comistão: mistura de substâncias que formam um sólido homogêneo;

*Adjunção: justaposição de uma substância a outra – Exemplo: cola e madeira.

→ O CC sempre tentar resolver o problema se as substâncias pertencerem a donos


diversos e forem misturadas. O que fazer?

Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou


adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível
separá-las sem deterioração.

§ 1o Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo,


subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor
da coisa com que entrou para a mistura ou agregado.

III – Perda de propriedade:

Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a


propriedade:
I - por alienação;
II - pela renúncia;
III - por abandono;
IV - por perecimento da coisa;
V - por desapropriação.
Obs.: Poucas são as presunções absolutas no CC (iuris et iure), já que a maioria são
presunções relativas (iuris tantum). No entanto, o parágrafo segundo do artigo 1.276.

Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais
o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá
ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do
Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.]

§ 1º O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá


ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União,
onde quer que ele se localize.

§ 2º Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo,


quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus
fiscais.

IV – Direitos de vizinhança:

*Artigo 1.277: O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar


as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam,
provocadas pela utilização de propriedade vizinha.

Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da


utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações
em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.

 Todo proprietário tem o direito de usar a propriedade de forma saudável e de


acordo com a função social da propriedade. A tal direito, corresponde o dever
dos vizinhos também usarem de forma saudável e não incomodarem o
exercício do direito dos outros.
 É proibido, portanto, o uso nocivo da propriedade.
 Deve ser levado em conta, para saber o que é nocivo ou não: “natureza da
utilização, localização do imóvel e limites de tolerância ordinários da
vizinhança”.

*Artigo 1.280 → Assegura o ajuizamento da ação de demolição, quando o prédio


vizinho ameace ruína, admitindo-se que se presta caução pelo dano iminente.

1 – Árvores limítrofes:

→ Árvores entre dois ou mais imóveis. Tais árvores pertencem em comum aos
proprietários dos prédios confinantes, em regime de condomínio necessário.

Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em
comum aos donos dos prédios confinantes.

Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio,


poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno
invadido.

Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo
onde caíram, se este for de propriedade particular.

2 – Passagem forçada:

→ Em decorrência da função social da propriedade, todo o imóvel deve ser acessível,


seja por terra, ou seja, por água.

Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou
porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe
dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.

§ 1o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente


se prestar à passagem.
§ 2o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca
o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a
passagem.

3 – Passagem de cabos e tubulações:

→ Situação especial de passagem forçada. Depende de indenização.

Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à


desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem,
através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de
serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro
modo for impossível ou excessivamente onerosa.

Parágrafo único. O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita
de modo menos gravoso ao prédio onerado, bem como, depois, seja removida, à sua
custa, para outro local do imóvel.

4 – Águas:

→ Há o Código de Águas, que também se aplica à matéria: Decreto 24.643-34.

Alguns pontos importantes:

→ O prédio inferior deve receber as águas que naturalmente correm do superior. Não
pode também esse dono impedir o fluxo das águas que vêm do superior.

Obs.: Quando não for água natural e sim, águas artificialmente levadas e correm para
o inferior:

Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí


colhidas, correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem,
ou se lhe indenize o prejuízo que sofrer.
Parágrafo único. Da indenização será deduzido o valor do benefício obtido.

Obs.: Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas


pluviais, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o
curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores.

5 – Limites entre prédios e direito de tapagem:

→ Todo proprietário tem o direito de construir, para demarcar seu imóvel, cercas,
muros, valas ou qualquer outra forma de separação, podendo, inclusive, solicitar que
o confinante auxilie a fazer tudo isso, REPARTINDO AS DESPESAS. – Artigo 1.297

§ 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas,


cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em
contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de
conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as
despesas de sua construção e conservação.

§ 2o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco


divisório, só podem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre
proprietários.

§ 3o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de


pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade
deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas.

6 – Direito de Construir:

Todo proprietário tem o direito de erguer em seu terreno as construções que


desejar, desde que sejam respeitados os direitos de vizinhança, as normas locais
relativas à ocupação do solo e a função social da propriedade.

Obs.: Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não
despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho.
Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos
de metro e meio do terreno vizinho.

§ 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as
perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros

Obs.: Sumula 120 do STF: Parede de tijolos de vidro translúcido pode ser
levantada a menos de metro e meio do prédio vizinho, não importando servidão sobre
ele.

Obs.: Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos
de três metros do terreno vizinho

Questões

1 - Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XVI -
Primeira Fase
Mediante o emprego de violência, Mélvio esbulhou a posse da Fazenda Vila Feliz. A
vítima do esbulho, Cassandra, ajuizou ação de reintegração de posse em face de
Mélvio após um ano e meio, o que impediu a concessão de medida liminar em seu
favor. Passados dois anos desde a invasão, Mélvio teve que trocar o telhado da casa
situada na fazenda, pois estava danificado. Passados cinco anos desde a referida
obra, a ação de reintegração de posse transitou em julgado e, na ocasião, o telhado
colocado por Mélvio já se encontrava severamente danificado. Diante de sua derrota,
Mélvio argumentou que faria jus ao direito de retenção pelas benfeitorias erigidas,
exigindo que Cassandra o reembolsasse.
A respeito do pleito de Mélvio, assinale a afirmativa correta.
a) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois sua posse é de má-
fé e as benfeitorias, ainda que necessárias, não devem ser indenizadas, porque não
mais existiam quando a ação de reintegração de posse transitou em julgado.
b) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e
devendo ser indenizado por Cassandra com base no valor delas.
c) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias,
mas deve ser indenizado por Cassandra com base no valor delas.
d) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e
devendo ser indenizado pelo valor atual delas.
Gabarito: A

2 - Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XV - Tipo
1 - Branca
Com a ajuda de homens armados, Francisco invade determinada fazenda e expulsa
dali os funcionários de Gabriel, dono da propriedade. Uma vez na posse do imóvel,
Francisco decide dar continuidade às atividades agrícolas que vinham sendo ali
desenvolvidas (plantio de soja e de feijão). Três anos após a invasão, Gabriel
consegue, pela via judicial, ser reintegrado na posse da fazenda.
Quanto aos frutos colhidos por Francisco durante o período em que permaneceu na
posse da fazenda, assinale a afirmativa correta.
a) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, mas tem
direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio.
b) Francisco tem direito aos frutos percebidos durante o período em que permaneceu
na fazenda
c) Francisco tem direito à metade dos frutos colhidos, devendo restituir a outra metade
a Gabriel.
d) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, e não tem
direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio
Gabarito: A

3 - Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XXVI -
Primeira Fase
Ronaldo é proprietário de um terreno que se encontra cercado de imóveis edificados
e decide vender metade dele para Abílio.
Dois anos após o negócio feito com Abílio, Ronaldo, por dificuldades financeiras,
descumpre o que havia sido acordado e constrói uma casa na parte da frente do
terreno – sem deixar passagem aberta para Abílio – e a vende para José, que
imediatamente passa a habitar o imóvel.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
a) Abílio tem direito real de servidão de passagem pelo imóvel de José, mesmo contra
a vontade deste, com base na usucapião.
b) A venda realizada por Ronaldo é nula, tendo em vista que José não foi comunicado
do direito real de servidão de passagem existente em favor de Abílio.
c) Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José, independentemente de
registro, eis que seu imóvel ficou em situação de encravamento após a construção e
venda feita por Ronaldo.
d) Como não participou da avença entre Ronaldo e Abílio, José não está obrigado a
conceder passagem ao segundo, em função do caráter personalíssimo da obrigação
assumida.
Gabarito: C – Artigo 1.285 CC.

4 - Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XXVI -
Primeira Fase
Diante da crise que se abateu sobre seus negócios, Eriberto contrai empréstimo junto
ao seu amigo Jorge, no valor de R$ 200.000,00, constituindo, como garantia, hipoteca
do seu sítio, com vencimento em 20 anos.
Esgotado o prazo estipulado e diante do não pagamento da dívida, Jorge decide
executar a hipoteca, mas vem a saber que o imóvel foi judicialmente declarado
usucapido por Jonathan, que o ocupava de forma mansa e pacífica para sua moradia
durante o tempo necessário para ser reconhecido como o novo proprietário do bem.
Diante do exposto, assinale a opção correta.
a) Como o objeto da hipoteca não pertence mais a Eriberto, a dívida que ele tinha com
Jorge deve ser declarada extinta.
b) Se a hipoteca tiver sido constituída após o início da posse ad usucapionem de
Jonathan, o imóvel permanecerá hipotecado mesmo após a usucapião, em respeito
ao princípio da ambulatoriedade.
c)Diante da consumação da usucapião, Jorge tem direito de regresso contra
Jonathan, haja vista que o bem usucapido era objeto de sua garantia.
d)Sendo a usucapião um modo de aquisição originária da propriedade, Jonathan pode
adquirir a propriedade do imóvel livre da hipoteca que Eriberto constituíra em favor de
Jorge.
Gabarito: D – Usucapião é forma originária de aquisição de propriedade.

5 - Ano: 2017Banca: FGVÓrgão: OABProva: Exame de Ordem Unificado - XXIV -


Primeira Fase
Quincas adentra terreno vazio e, de forma pública, passa a construir ali a sua moradia.
Após o exercício ininterrupto da posse por 17 (dezessete) anos, pleiteia judicialmente
o reconhecimento da propriedade do bem pela usucapião.
Durante o processo, constatou-se que o imóvel estava hipotecado em favor de
Jovelino, para o pagamento de numerários devidos por Adib, proprietário do imóvel.
Com base nos fatos apresentados, assinale a afirmativa correta.
a) A hipoteca existente em benefício de Jovelino prevalece sobre eventual direito de
Quincas, tendo em vista o princípio da prioridade no registro.
b) A hipoteca é um impeditivo para o reconhecimento da usucapião, tendo em vista a
função social do crédito garantido.
b) Como a usucapião é modo originário de aquisição da propriedade, a hipoteca não
é capaz de impedir a sua consumação.
d)Quincas pode adquirir, pela usucapião, o imóvel em questão, porém ficará com o
ônus de quitar o débito que a hipoteca garantia.
Gabarito: C

6 - Ano: 2017Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XXIII -
Primeira Fase
À vista de todos e sem o emprego de qualquer tipo de violência, o pequeno agricultor
Joventino adentra terreno vazio, constrói ali sua moradia e uma pequena horta para
seu sustento, mesmo sabendo que o terreno é de propriedade de terceiros.
Sem ser incomodado, exerce posse mansa e pacífica por 2 (dois) anos, quando é
expulso por um grupo armado comandado por Clodoaldo, proprietário do terreno, que
só tomou conhecimento da presença de Joventino no imóvel no dia anterior à
retomada.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
a) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode ser considerado
esbulhador.
b) Clodoaldo tem o direito de retomar a posse do bem mediante o uso da força com
base no desforço imediato, eis que agiu imediatamente após a ciência do ocorrido.
c) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve ajuizar uma ação
possessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que exercia.
d) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos frutos e ao
ressarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de exercício da posse.
Gabarito: C

7 - Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XVII -
Primeira Fase
Mateus é proprietário de um terreno situado em área rural do estado de Minas Gerais.
Por meio de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, Mateus
concede, pelo prazo de vinte anos, em favor de Francisco, direito real de superfície
sobre o aludido terreno. A escritura prevê que Francisco deverá ali construir um
edifício que servirá de escola para a população local. A escritura ainda prevê que, em
contrapartida à concessão da superfície, Francisco deverá pagar a Mateus a quantia
de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). A escritura também prevê que, em caso de
alienação do direito de superfície por Francisco, Mateus terá direito a receber quantia
equivalente a 3% do valor da transação.
Nesse caso, é correto afirmar que
a) é nula a concessão de direito de superfície por prazo determinado, haja vista só se
admitir, no direito brasileiro, a concessão perpétua.
b) é nula a cláusula que prevê o pagamento de remuneração em contrapartida à
concessão do direito de superfície, haja vista ser a concessão ato essencialmente
gratuito.
c) é nula a cláusula que estipula em favor de Mateus o pagamento de determinada
quantia em caso de alienação do direito de superfície.
d) é nula a cláusula que obriga Francisco a construir um edifício no terreno
Gabarito: C
8 - Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XVII -
Primeira Fase
Mateus é proprietário de um terreno situado em área rural do estado de Minas Gerais.
Por meio de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, Mateus
concede, pelo prazo de vinte anos, em favor de Francisco, direito real de superfície
sobre o aludido terreno. A escritura prevê que Francisco deverá ali construir um
edifício que servirá de escola para a população local. A escritura ainda prevê que, em
contrapartida à concessão da superfície, Francisco deverá pagar a Mateus a quantia
de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). A escritura também prevê que, em caso de
alienação do direito de superfície por Francisco, Mateus terá direito a receber quantia
equivalente a 3% do valor da transação.
Nesse caso, é correto afirmar que
a) é nula a concessão de direito de superfície por prazo determinado, haja vista só se
admitir, no direito brasileiro, a concessão perpétua.
b) é nula a cláusula que prevê o pagamento de remuneração em contrapartida à
concessão do direito de superfície, haja vista ser a concessão ato essencialmente
gratuito.
c) é nula a cláusula que estipula em favor de Mateus o pagamento de determinada
quantia em caso de alienação do direito de superfície.
d) é nula a cláusula que obriga Francisco a construir um edifício no terreno
Gabarito: C – Artigos 1.369 e seguintes.

9 - Ano: 2013 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XII -
Primeira Fase
Alexandre, pai de Bruno, celebrou contrato com Carlos, o qual lhe concedeu o direito
de superfície para realizar construção de um albergue em seu terreno e explorá-lo por
10 anos, mediante o pagamento da quantia de R$100.000,00. Passados quatro anos,
Alexandre veio a falecer. Diante do negócio jurídico celebrado, assinale a afirmativa
INCORRETA.
a) O superficiário pode realizar obra no subsolo, de modo a ampliar sua atividade.
b) O superficiário responde pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel.
c) O direito de superfície será transferido a Bruno, em razão da morte de Alexandre.
d) O superficiário terá direito de preferência, caso Carlos decida vender o imóvel.
Gabarito: A – Artigo 1.369 e seguintes.
10 - 1 - Ano: 2017 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XXII
- Primeira Fase
George vende para Marília um terreno não edificado de sua propriedade, enfatizando
a existência de uma “vista eterna para a praia” que se encontra muito próxima do
imóvel, mesmo sem qualquer documento comprovando o fato. Marília adquire o bem,
mas, dez anos após a compra, é surpreendida com a construção de um edifício de
vinte andares exatamente entre o seu terreno e o mar, impossibilitando totalmente a
vista que George havia prometido ser eterna.
Diante do exposto e considerando que a construção do edifício ocorreu em um terreno
de terceiro, assinale a afirmativa correta.
a) Uma vez transcorrido o prazo de 10 anos, Marília pode pleitear o reconhecimento
da usucapião da servidão de vista.
b) Mesmo sem registro, Marília pode ser considerada titular de uma servidão de vista
por destinação de George, o antigo proprietário do terreno.
c) Mesmo sendo uma servidão aparente, as circunstâncias do caso não permitem a
usucapião de vista.
d) Sem que tenha sido formalmente constituída, não é possível reconhecer servidão
de vista em favor de Marília.
Gabarito: D

11 - Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XVII -
Primeira Fase
Angélica concede a Otávia, pelo prazo de vinte anos, direito real de usufruto sobre
imóvel de que é proprietária. O direito real é constituído por meio de escritura pública,
que é registrada no competente Cartório do Registro de Imóveis. Cinco anos depois
da constituição do usufruto, Otávia falece, deixando como única herdeira sua filha
Patrícia. Sobre esse caso, assinale a afirmativa correta.
a) Patrícia herda o direito real de usufruto sobre o imóvel.
b) Patrícia adquire somente o direito de uso sobre o imóvel
c) O direito real de usufruto extingue-se com o falecimento de Otávia.
d) Patrícia deve ingressar em juízo para obter sentença constitutiva do seu direito real
de usufruto sobre o imóvel.
Gabarito C – Artigo 1. 410 – Direito real de usufruto é extinto com a morte.

12 - Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XIV -
Primeira Fase
Sara e Bernardo doaram o imóvel que lhes pertencia a Miguel, ficando o imóvel
gravado com usufruto em favor dos doadores.
Dessa forma, quanto aos deveres dos usufrutuários, assinale a afirmativa
INCORRETA:
a) Não devem pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do usufruto.
b) Devem arcar com as despesas ordinárias de conservação do bem no estado em
que o receberam.
c) Devem arcar com os tributos inerentes à posse da coisa usufruída.
d) Não devem comunicar ao dono a ocorrência de lesão produzida contra a posse da
coisa.
Gabarito: D

13 - Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XIII -
Primeira Fase
Antônio, muito necessitado de dinheiro, decide empenhar uma vaca leiteira para iniciar
um negócio, acreditando que, com o sucesso do empreendimento, terá o animal de
volta o quanto antes.
Sobre a hipótese de penhor apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) Se a vaca leiteira morrer, ainda que por descuido do credor, Antônio poderá ter a
dívida executada judicialmente pelo credor pignoratício
b) As despesas advindas da alimentação e outras necessidades da vaca leiteira,
devidamente justificadas, consistem em ônus do credor pignoratício, sendo vedada a
retenção do animal para obrigar Antônio a indenizá-lo.
c) Se Antônio não quitar sua dívida com o credor pignoratício, o penhor estará
automaticamente extinto e, declarada sua extinção, poder-se-á proceder à
adjudicação judicial da vaca leiteira.
d) Caso o credor pignoratício perceba que, devido a uma doença que subitamente
atingiu a vaca leiteira, sua morte está próxima, o CC/02 permite a sua venda
antecipada, mediante prévia autorização judicial, situação que pode ser impedida por
Antônio por meio da sua substituição.
Gabarito: D. Artigos 1.433 e seguintes.

14 - Ano: 2010 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado
Passando por dificuldades financeiras, Alexandre instituiu uma hipoteca sobre imóvel
de sua propriedade, onde reside com sua família. Posteriormente, foi procurado por
Amanda, que estaria disposta a adquirir o referido imóvel por um valor bem acima do
mercado. Consultando seu advogado, Alexandre ouviu dele que não poderia alienar
o imóvel, já que havia uma cláusula na escritura de instituição da hipoteca que o
proibia de alienar o bem hipotecado.
A opinião do advogado de Alexandre
a) está incorreta, porque a hipoteca instituída não produz efeitos, pois, na hipótese, o
direito real em garantia a ser instituído deveria ser o penhor.
b) está incorreta, porque Alexandre está livre para alienar o imóvel, pois a cláusula
que proíbe o proprietário de alienar o bem hipotecado é nula.
c) está incorreta, uma vez que a hipoteca é nula, pois não é possível instituir hipoteca
sobre bem de família do devedor hipotecário.
d) está correta, porque em virtude da proibição contratual, Alexandre não poderia
alienar o imóvel enquanto recaísse sobre ele a garantia hipotecária.
Gabarito: B – Artigo 1. 474 e seguintes.

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