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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS


CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

GABRIEL COSME GONÇALVES MARQUES DOS SANTOS

TRABALHO FINAL – PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO:


perspectivas Sociológicas e Políticas

ALFENAS – MG
2018
GABRIEL MARQUES

________________

Trabalho final para as disciplinas:


Pensamento Social Brasileiro: perspectivas
Sociológicas e Políticas, respectivamente
lecionadas pelo professor Adriano Santos e
Gleyton Trindade; Universidade Federal de
Alfenas, atendendo as especificações na
construção do trabalho, usando autores de
ambas disciplinas.
ALFENAS – MG
2017

Resumo: Elaborarei no presente trabalho, estruturando através de Caio Prado e Roberto


Schwarz, a ideia de Liberalismo e Conservadorismo na formação social e política brasileira,
refletindo de forma cronológica e seguindo os acontecimentos e pensamentos ditos
“modernos” que já circundavam o Brasil na época colonial escravista.

Palavras-chave: formação social, desenvolvimento, formação política, capital externo.


Introdução

Para o presente trabalho, pretendo abordar três momentos, no primeiro


momento, contextualizando com uma breve história do período colonial escravista, para
entendermos melhor como exclusivamente no Brasil, as ideias Conservadoras e Liberais
assim como na literatura, foram antropofagizadas e se “moldaram” com as estruturas sociais e
no desenvolvimento do pensamento social que havia, nota-se que os ideários do liberalismo
havia sido deturpado, uma vez que existia o sistema de patronagem e a realidade social e
econômica não eram férteis estruturalmente para seguirem os mesmos passos do exterior. No
segundo momento pretendo apontar como a sociedade foi fadada a acreditar nessa bússola de
ideários Liberal.
Caio Prado Jr, nos mostra que não é suficiente analisar pequenos eventos que
aconteceram de forma isolada como se ocorressem por si só, independentes e desprovidos de
orientação. Precisamos nos atentar que faz parte de um todo, para se compreender este todo, e
não se desviando dos acontecimentos secundários durante a formação brasileira, mas entendê-
los como partes, por si só incompletas. O autor volta ao passado e faz uma releitura para
entender nosso sentido dentro de um processo bem maior, que um dos pontos fortes dessa
argumentação se dá pela expansão marítima dos séculos XV e XVI, especialmente
desenvolvido por Portugal, e pelas origens ibéricas de colonização que Portugal teve, os
Portugueses até diziam que a porta de Portugal era voltada para o mar, devido a frota
marítima que haviam e obviamente a localidade. A transformação histórica brasileira se
voltou para fornecer bens agrícolas tropicais para o mercado europeu como o açúcar, algodão
o objetivo era atender às necessidades da metrópole; “Nessas condições, “colonizar” ainda era
entendido como aquilo que dantes se praticava; fala-se em colonização, mas o que o termo
envolve não é mais que o estabelecimento de feitorias comerciais.” (Caio Prado Jr. 2006.)
O interesse deles era de usufruir o máximo possível e de maneira mais rápida e
menos custosa dos benefícios oferecidos pela colônia sem se preocupar com o
estabelecimento das pessoas. Mesmo depois, que quando foi necessário desenvolver o
povoamento em função do enfraquecimento do comércio das Índias, a busca por riqueza fácil
permeou os interesses dos colonizadores, e sabemos que nessa missão de baratear o máximo
possível usaram obra de mão escrava. Esses acontecimentos se ocasionaram na construção de
uma sociedade voltada para o mercado externo em detrimento de sua estrutura interior,
sociedade de bases frágeis em cima de exploração.
O autor Schwarz, nos mostra em seu livro “Ao vencedor as batatas”, sobre as
ideias europeias que eram antropofagizadas de forma inadequada para o Brasil, assim como,
ele faz um paralelo nas ideias de Marx, quando diz que a estrutura determina a superestrutura,
enquanto a estrutura era arcaica e colonial em sua sui generis conservadora a superestrutura
era/tentava ser adiantada e liberal em uma sociedade que tinha como “base” uma estrutura
diferente da europeia em que havia mecanismos que abrissem margem para uma falsa ilusão
liberal ou melhor, adaptaram os ideários liberais ao jeito brasileiro.

Liberais e Conservadores

Caio Prado, nos relata sobre o novo quadro e conjuntura após o Pacto Colonial,
que era o exclusivismo do comércio das colônias para as respectivas metrópoles (Caio Prado,
2006) faz com que a agricultura renasça no Brasil, a colônia fica responsável em exportar
produtos tropicais para a metrópole, buscam uma alternativa na produção do algodão, já que
antes a base de exportação era o açúcar e tem uma queda no preço no mercado internacional,
passam a produzir algodão para exportação. Nota-se que essa estrutura mais evidente que
reconheceremos como Liberalismo só foi possível pela estrutura já pré-moldada no processo de
colonização, inicialmente tinham interesses único e exclusivamente voltados expansão
econômica com cunho comercial. Após essa nova configuração do Pacto Colonial, em que a
colônia estava sendo explorada e moldada somente aos interesses da metrópole e mercado
externo, mesmo a agricultura tendo se desenvolvido, era insuficiente em relação à economia.
Caio Prado vai exaltar: [...]O antigo sistema colonial, fundado naquilo que se convencionou
chamar Pacto Colonial, e que representa o exclusivismo do comércio das colônias para as
respectivas metrópoles, entra em declínio.
Com o declínio do Pacto Colonial, ocorrera revoltas contra os
monopólios, Espanha e Portugal já não conseguiam ter mais o domínio de equilíbrio entre as
economia e politica no cenário atual, contudo nesse período estava acontecendo a transição ou o
primeiro contato do capital comercial para o capital Industrial, quando ocorre o declínio a coroa
portuguesa vem para o Brasil, paralelamente há abertura dos portos em que atingirá patamares
econômicos antes nunca alcançados, porém, o mercado interno não era estimulado por conta de
dois fatores principais, o primeiro não era de interesse da Coroa fazer com que existisse um
mercado ou um desenvolvimento interno, um dos motivos de existir a déficit orçamentaria que
havia no Brasil, e o segundo fator de antemão, não havia trabalhadores livres para a
consolidação de um mercado interno, contudo com o capital industrial, irão rever as estruturas
econômicas coloniais, e há uma queda drástica da mão-de-obra escrava para fomentar o
mercado interno com trabalhadores livres.
Nesse momento, resgato Roberto Schwarz, em sua obra “Ao vencedor as batatas
– Ideias fora do lugar”
[...]O trabalhador livre, nesse ponto, dá mais liberdade a seu patrão, além
de imobilizar menos capital. Este aspecto um entre muitos indica o
limite que a escravatura opunha à racionalização produtiva. Comentando
o que vira numa fazenda, um viajante escreve: não há especialização do
trabalho, porque se procura economizar a mão-de-obra. .(Schwarz.
2014, As ideias fora do lugar)

Mesmo após a independência do Brasil, as estruturas coloniais permaneciam


enraizadas, desde o início da colonização, o latifúndio escravista advento do capital comercial
como forma de empreendimento conseguir lucrar o máximo barateando toda a estrutura
econômica que havia para o mercado externo.

[...] pode-se dizer que a colonização produziu, com base no monopólio


da terra, três classes de população: o latifundiário, o escravo e o homem
livre, na verdade dependente. Entre os primeiros dois a relação é clara, é
a multidão dos terceiros que nos interessa. Nem proprietários nem
proletários seu acesso à vida e a seus bens depende materialmente do
favor, indireto ou direto, de um grande. O agregado é a sua caricatura. O
favor é, portanto, o mecanismo através do qual se reproduz uma das
grandes classes da sociedade, envolvendo também outra, a dos que têm.
Note-se ainda que entre estas duas classes é que irá acontecer a vida
ideológica, regida, em consequência, por este mesmo mecanismo.
Assim, com mil formas e nomes, o favor atravessou e afetou no conjunto
a existência nacional, ressalvada sempre a relação produtiva de base,
está assegurada pela força.(Schwarz. 2014, As ideias fora do lugar)

Com o as práticas Liberalista no país, se molduram na forma em que a sociedade


era regida, com muitos mecanismos que haviam se tornaram uma extensão do uso e abuso do
poder, assim como era o favor, consistia “na pratica a dependência da pessoa, a exceção
à regra, a cultura interessada, remuneração e serviços pessoais.” Roberto Schwarz.
A estrutura do pensamento conservador tem suas características como, uma
busca pela repetição de um tipo de ação política ou governamental que fora bem sucedidas em
outra época. Desde modo a trajetória econômica do país se deu em passos retrógrados, enquanto
a política ou economia tentavam se desenvolver em época a passos largos ou a estrutura que
fosse mais rentável, enquanto ocorria na realidade uma grande incompatibilidade com o que se
tinha no plano concreto.

Conclusão

Podemos notar, que no Brasil, desde o início da Colonização a estrutura


econômica se moldou através do uso da força, com o Tópico: Liberais e Conservadores, tentei
de forma sucinta exaltar os principais aspectos na formação do Brasil, principalmente nas
transições econômicas, e aspectos que foram passados junto com essas transições que
socialmente não aconteceram, a estrutura social da época era regida fortemente pelos aspectos
econômicos, não que hoje não seja, mas as variáveis que formam uma sociedade ou o modo de
organização são vastos, e na época por literalmente o País estava em formação os moldes,
familiares, econômicos e governamental, era uma faca de dois gumes, de um lado acreditavam
fielmente que o que estavam fazendo era empreendimento e desenvolvimento e exportavam
tudo que fosse produto no mercado externo, (até o momento que acontece o declínio e se
mudam para o País que eles super-exploraram) e por outro lado destruíram toda uma historia
de quem já habitava essa terra.
O liberalismo na época foi introduzido inicialmente de forma econômica em que
(anacronismo) terceirizava o país literalmente, em explorar a fertilidade das terras por meio da
mão de obra escrava, os aspectos conservadores se mostravam muito durantes as transições em
que o modelo econômico com a politica com o pais não eram compatíveis, porém funcionava
para quem tinha interesse em uma super-exporação. Os aspectos coloniais é refletido na
sociedade até hoje, podemos pegar por exemplo o caso das telefonias que no governo do FHC
o setor foi majoritariamente privatizado para empresas internacionais, e as empresas
telefônicas são as que tem mais reclamações, o serviço que prestam não são eficientes. No
Brasil estamos passando por uma onda de sucateamento da mão de obra, a terceirização atraí
muita atenção de empresas não só internacionais, contudo, o próprio governo faz acordos
legais para essas estruturas se desenvolver e consolidar em nosso país, não é de hoje que somos
dependentes do capital externo.

Referências

SCHWARZ, Roberto. As ideias fora do lugar. In SCHWARZ, Roberto. As


ideias fora do lugar. Ensaios selecionados. São Paulo, Companhia das Letras, Penguin
Books, 2014.

PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense,


2006.

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