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Lei sobre proteção de dados pessoais entra em vigor em agostro de 2020 - Marcello Casal jr/Agência Brasil
Contudo, as novas regras só entrarão em vigor em agosto de 2020. O período de adaptação foi definido pelos
legisladores com o argumento de que os diversos atores envolvidos precisavam de tempo para se organizarem
de modo a dar conta das exigências. Chegado ao meio deste caminho, sobram desafios para empresas,
cidadãos, órgãos públicos e autoridades regulatórias.
Cidadãos
Segundo a norma, dados pessoais são informações que podem identificar alguém. Dentro do conceito, foi
criada uma categoria chamada de “dado sensível”, informações sobre origem racial ou étnica, convicções
religiosas, opiniões políticas, saúde ou vida sexual. Registros como esses passam a ter nível maior de
proteção, para evitar formas de discriminação. Mas quem fica sujeito à lei? Todas as atividades realizadas ou
pessoas que estão no Brasil. A norma valerá para coletas operadas em outro país desde que estejam
relacionadas a bens ou serviços ofertados a brasileiros. Mas há exceções, como a obtenção de informações
pelo Estado para segurança pública.
Ao coletar um dado, as empresas deverão informar a finalidade. Se o usuário aceitar repassar suas
informações, como ao concordar com termos e condições de um aplicativo, as companhias passam a ter o
direito de tratar os dados (respeitada a finalidade específica), desde que em conformidade com a lei. A Lei
previu uma série de obrigações, como a garantia da segurança dessas informações e a notificação do titular
em caso de um incidente de segurança. A norma permite a reutilização dos dados por empresas ou órgãos
públicos, em caso de "legítimo interesse” desses, embora essa hipótese não tenha sido detalhada, um dos
pontos em aberto da norma.
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Lei de Proteção de dados traz desafios a empresas, cidadãos e governo http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-08/lei-de-protecao-de...
Lei de proteção de dados pessoais enrtra em vigor em agosto de 2020 - Marcello Casal jr/Agência Brasil
De outro lado, o titular ganhou uma série de direitos. Ele poderá, por exemplo, solicitar os dados que a
empresa tem sobre ele, a quem foram repassados (em situações como a de reutilização por “legítimo
interesse”) e para qual finalidade. Caso os registros estejam incorretos, poderá cobrar a correção. Em
determinados casos, o titular terá o direito de se opor a um tratamento. A lei também permitirá a revisão de
decisões automatizadas tomadas com base no tratamento de dados (como as notas de crédito ou perfis de
consumo).
Fiscalização
A fiscalização ficará a cargo da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Após vetos, uma
Medida Provisória (No 869 de 2018) editada e aprovada (na forma da Lei No 13.353 de 2019) mudando a Lei
e novos vetos pelo presidente Bolsonaro, a Autoridade perdeu poderes frente ao previsto na primeira redação
da Lei aprovada pelo Congresso em 2018. Diferentemente da versão do Parlamento, o órgão não terá uma
estrutura independente, mas ficará subordinado à Presidência da República, com um compromisso de revisão
de sua natureza institucional após dois anos.
As sanções também sofreram mudanças com a MP No 869. Ao fim, a Autoridade poderá aplicar multas de
até 2% do faturamento da empresa (com limite de R$ 50 milhões) e bloqueio ou eliminação dos dados
relacionados a uma infração. A suspensão parcial ou total de banco de dados de um ente que violar a Lei
havia sido prevista na Lei de Conversão da MP (No 13.353 de 2019) foi um dos pontos vetados pelo
presidente Jair Bolsonaro, que ainda passarão por análise do Congresso Nacional.
Empresas
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João Emílio Gonçalves, gerente-executivo de Política Industrial da CNI. - José Paulo Lacerda/CNI
“Empresas estão olhando negócios em transformação pela possibilidade de passar a incorporar cada vez mais
serviços que dependem muito da coleta e tratamento de dados Principalmente nas empresas líderes a gente vê
uma atuação para se adaptar à lei. As empresas de maior porte elas mais ou menos atendem, estão mais
preparadas para lidar com questão de tecnologia da informação (TI) e segurança da informação. Já firmas
menores vão ter que fazer novos investimentos em TI. Acho que é um processo de aprendizado”, comenta
Gonçalves.
Autoridade
“O desafio vai ser montar estrutura interna que demonstre funcionalidade. Pessoas capazes de produzir a
parte burocrática, estrutura de recebimento de denúncias, investigações externas, processo administrativo,
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Lei de Proteção de dados traz desafios a empresas, cidadãos e governo http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-08/lei-de-protecao-de...
cooperação internacional. Mesmo com possibilidade de supervisão pela Casa Civil, a autoridade deve ter
autonomia de fato”, diz. Caso isso não ocorra, acrescenta, o vácuo pode ser ocupado por outros entes, como
na fiscalização e punição pelo Ministério Público.
“No caso das empresas avaliadoras de risco de crédito, ainda é preciso delimitar com maior precisão quais
dados podem ser utilizados e em quais circunstâncias o score do consumidor pode ser empregado como
referência para relações de consumo. Esses são somente alguns exemplos das inúmeras tarefas que serão
reservadas à ANPD, daí a importância de ela ser criada o mais rapidamente possível”, defende Moyses.
Ele lembra que enquanto a Lei não entra em vigor, ainda assim o cidadão pode recorrer à legislação em vigor
caso se sinta lesado, como é o caso do Marco Civil da Internet ou do Código de Defesa do Consumidor. Essa
norma assegura ao cidadão direitos como à informação, à transparência e, de forma objetiva e a ser
informado em caso de coleta de dados do consumidor. Já o Marco Civil prevê, na Internet, a obrigação de
consentimento do usuário para a coleta de informações sobre ele. O indivíduo também pode cobrar
juntamente à Justiça ou ao Ministério Público violações à privacidade e problemas como vazamento de
dados.
A Agência Brasil solicitou da Casa Civil informações sobre o andamento da criação da Autoridade Nacional,
mas não obteve resposta.
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