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02/07/2019
Número: 1009133-36.2018.8.11.0002
Classe: PETIÇÃO
Órgão julgador: 1ª VARA ESP. DA FAZENDA PÚBLICA DE VÁRZEA GRANDE
Última distribuição : 23/10/2018
Valor da causa: R$ 12.402,00
Assuntos: INVALIDEZ PERMANENTE
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
VALDECY LUIZ DO NASCIMENTO (REQUERENTE) JEFFERSON APARECIDO POZZA FAVARO
(ADVOGADO(A))
JOAO DA SILVA MANCIO JUNIOR (ADVOGADO(A))
INSS (REQUERIDO)
INSS - AGÊNCIA LUCAS DO RIO VERDE (REQUERIDO)
MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO
(CUSTOS LEGIS)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
21232 28/06/2019 16:41 Sentença Sentença
811
ESTADO DE MATO GROSSO
PODER JUDICIÁRIO
1ª VARA ESP. DA FAZENDA PÚBLICA DE VÁRZEA GRANDE
SENTENÇA
Processo: 1009133-36.2018.8.11.0002.
Vistos,
Laudo médico (ID 18082284) dando ciência às partes, que permaneceram em silêncio.
Em sua defesa a Autarquia Ré destacou que o Autor não se mostrou carente do benefício pleiteado, e
tampouco de sua eventual conversão em aposentadoria por invalidez, uma vez que frente a pericia médica administrativa não
houve a identificação dos requisitos necessários para a concessão dos benefícios pretendidos.
Já para concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, os 03 (três) primeiros requisitos são os
mesmos, mas a incapacidade deve ser total e permanente e insuscetível de reabilitação para atividade diversa que garanta a
sobrevivência.
E na hipótese de auxílio-acidente, o art. 86 da Lei nº 8.213/91, estabelece que o benefício seja concedido,
como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem
sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
O laudo médico pericial confirma o diagnóstico de hanseníase grau II (é uma moléstia infectocontagiosa,
causada pelo Mycobacterium lepra) – CID 10-A30.0; múltiplas lesões em sistema neurologia dos membros inferiores, com
amputação de anti-pé direito com amputação de todos os dedos; com lesão de ciático polpliteo externo e pé caído tibial anterior;
não está preservada mobilidade das articulações; com redução da capacidade laborativa e impedido de exercer a mesma atividade,
podendo exercer outra atividade; faz uso de medicamente e tratamento pelo SUS;
Finaliza o relato médico concluindo que o Autor encontra-se incapacitado de forma parcial e permanente,
entretanto, assegura que o mesmo poderá exercer outras atividades diferentes daquela que realizava anteriormente.
Assim, mostra-se razoável concluir que o auxílio a ser concedido no caso em tela é o benefício de
auxílio-doença à parte Autora, até que se proceda à reabilitação para outra atividade profissional compatível com a sua limitação,
para a qual se faz necessário o processo de reabilitação profissional do INSS.
A autarquia Ré, assim, pode e deve acompanhar a situação do beneficiário, para verificar se correu a
persistência ou a modificação da incapacidade utilizada como fundamento da concessão. Por sua vez, o beneficiário deve atender à
convocações periódicas do INSS para a realização de perícias, ou justificar eventual ausência, sob pena de cessação do benefício.
Vale dizer que a persistência da situação descrita nestes autos implica a manutenção do benefício, até que a
parte Autora seja eventualmente reabilitada para outra profissão.
Após a conclusão do procedimento de reabilitação, deverá o INSS proceder a nova avaliação pericial para
analisar capacidade laborativa da parte Autora. Observo que o benefício não deverá ser cessado enquanto não concluído, com
êxito, o procedimento de reabilitação profissional, para tanto fixo prazo de até 120 (cento e vintes) dias.
Diante do exposto, com fulcro no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, julgo procedente, em
parte, o pedido inicial, para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença em favor da parte Autora a partir do dia
seguinte ao da cessação do benefício (31/03/2018) excepcionalmente, fica assegurado a parte Autora o direito ao recebimento do
benefício de auxílio-doença até que o INSS providencie sua reinclusão no mercado de trabalho através do processo de reabilitação
profissional previsto no art. 89 e ss da Lei 8.213/91, para tanto fixo o prazo de até 120 (cento e vintes) dias, contados a partir da
data desta sentença; deve a parte Autora se submeter aos procedimentos descritos no art. 101 da Lei nº 8.213/91, sob pena de
suspensão do benefício.
A correção monetária incidirá a partir do vencimento da obrigação inadimplida e juros de mora a partir da
citação, a ser apurado em posterior liquidação de sentença. Os juros de mora e atualização monetária obedecerão à seguinte
sistemática: juros moratórios calculados com base no índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de
poupança, nos termos do disposto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei 11.960/2009 (0,5% ao mês), e correção
monetária com base no índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR), nos termos da Emenda
Constitucional nº 62/2009, até 25.03.2015, data após a qual se aplicará o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
(IPCA-E), de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal em questão de ordem nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade
(ADIs) 4357 e 4425.
Não há custas processuais a serem satisfeitas ou ressarcidas, uma vez que a parte autora litiga ao abrigo da
justiça gratuita e o INSS goza de isenção legal (Lei nº 9.289,96, artigo 4º, incisos I e II).
Por se tratar de sentença ilíquida, a definição do percentual a ser estabelecido a título de honorários devidos
ao advogado da parte Autora somente ocorrerá quando liquidado o julgamento, nos termos do que prevê o inciso II do § 4º do
artigo 85do CPC, observada a Súmula nº 111 do E. Superior Tribunal de Justiça.
Transitada em julgado a decisão, à parte autora para, no prazo de 10 (dez) dias, executar a sentença nos
termos previstos nos artigos 534 e 535 do CPC.
P. R. I. Cumpra-se.
Juiz(a) de Direito