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RESUMO DO LIVRO O CORPO FALA DE PIERRE WEIL E

ROLAND TOMPAKOW

O objetivo deste livro é trazer a nossa realidade consciente a existência de uma comunicação
presente em nossas vidas muito antes da linguagem falada e escrita. Anterior à evolução da
fala nos já conseguíamos nos comunicar através de expressões corporais, e segundo o autor
tais expressões ainda estão presentes em nosso inconsciente, mas não percebemos devido a
outra forma de linguagem.

Analisando nossa linguagem não verbal podemos perceber novas respostas para perguntas,
sendo respostas involuntárias do corpo, o ato de fazer uma pergunta e a boca falar sim não
comprova a veracidade do fato. Tal analise deve ser feita por inteiro e minuciosamente de
acordo com as situações presentes envolvendo aspectos físicos e emocionais, o que torna a
leitura da linguagem do corpo algo um pouco mais completo e quanto mais treinarmos mais
natural e simples ela se apresenta.

O autor traz para compreender melhor um símbolo muito antigo que é o da esfinge
representado por três animais, cada animal representa uma parte física do nosso corpo e uma
parte psicológica. Sendo a esfinge composta por corpo de boi, tórax de leão e cabeça de águia.

O Boi, quando colocado em evidencia na nossa expressão corporal, tende a se


traduzir por uma acentuação do abdômen, expressando o que se passa em
nossas vidas vegetativas e instintivas. [...] O leão se evidencia pelo tórax
onde reside o coração; é o centro da emoção... São pessoas vaidosas,
egocêntricas e extremamente narcisistas; ou que naquele momento querem se
impor. [...] A águia, representada pela cabeça, nos indica o estado de controle
do corpo pela mente. (WEIL, 2001, p.11, 12,15)

Vale ressaltar que em nossas vidas cada um dos nossos animais podem assumir nossas
expressões corporais dependendo da situação vivida no momento, muito bem explicada e
ilustrada pelos criadores da obra.

Deixando claro também que em determinadas situações tais elementos discordam entre si,
adotando posturas contraditórias, o que pode gerar a uma interpretação falha do que a pessoa
quer naquele momento. Para entender os gestos contraditórios é necessário avaliar o conjunto
de expressões formadas pelo nosso corpo, a posição das mãos, dos pés, a expressão facial, a
inclinação do corpo, tudo deve ser analisado e julgado como positivo e negativo. Quando há a
harmonia dos gestos é fácil perceber a intenção da pessoa analisada, os gestos harmônicos

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deixam muito claro diferentes da desarmonia quando os elementos do nosso corpo discordam
entre si.

Como já foi exposto tudo deve ser notado, um sorriso pode representar tanto um sinal positivo
como um sinal negativo, a inclinação do rosto altera o significado de nossas intenções. A
postura nos mostra interesse ou falta de interesse e até mesmo certo desconforto diante de
algumas situações. Cabe lembrar que Pierre diz que tais posturas vem nos acompanhando
desde os primórdios quando nossos atos eram meramente instintivos, a linguagem do corpo
pode ser vista como algo instintivo em determinados momentos, apenas sua percepção foi
deixada para trás. Tais gestos podem ser pontuais, contínuos e também muito rápidos, é
preciso estar atento quando se deseja traduzir um corpo.

Os autores deixam um presente para nós leitores que são os princípios da teoria de informação
e percepção cinésica.

Os quatro princípios que permitirão ao leitor um entendimento mais


completo da linguagem do corpo humano. [...]

I. Os componentes simultâneos da linguagem humana


sempre: concordam entre si ou discordam entre si.
II. É possível discernir entre atitude conscientemente
exteriorizada e atitude consciente ou inconsciente oculta.
III. A percepção e/ou reação do receptor das mensagens podem
ser de modo consciente e/ou inconsciente
IV. Na percepção consciente de mensagens corretamente
avaliadas o acordo dos componentes: confirmam a verdade
da intenção convencionalmente exteriorizada. O desacordo
dos componentes: revela oposição reprimida à intenção
convencionalmente exteriorizada. (WEIL, 2001, p. 42,
43,44)

Outro ponto relevante destacado no livro é o conceito de energia, todos nós possuímos uma
capacidade de armazenar e utilizar a energia em nosso corpo, segundo Pierre cada animal
correspondente tem uma reserva diferente e esta energia é representada pela serpente.

Tal como a eletricidade [...] a energia do seu corpo é armazenada sob forma
química. [...] Uma grande parte de sua energia em potencial está guardada
como reserva na gordura, presente nos músculos e sob forma de oxigênio par
uso dos mesmos no fígado. [...] O boi é um grande consumidor de corrente,
desde o trabalho constante dos músculos que não estão sujeitos à vontade
consciente até as demais operações puramente instintivas. [...] ‘A parte do
leão’ mesmo, contagiando boi e águia com sua preocupação. [...] Quando
energia começa a fluir com intensidade. Há desde a respiração e o pulso, mais
acelerados até as mudanças na voz, no tônus muscular e na direção tomada
pelas partes do corpo.[...] A parte da águia não é muito grande [...] os outros
bichos não costumam deixar muita energia para a águia obter informações
verdadeiras e completas a respeito do seu mundo. (WEIL, 2001, p.49, 50)

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Tendo ciência do controle da energia do nosso corpo, fica mais simples a compreensão de
emoções humanas.

Trabalha-se no livro diversas formas de conflitos que podem ser impostas, muito bem
ilustradas e explicitadas, como por exemplo, a resistência, a atenção, o interesse, a submissão,
o domínio, o desinteresse, o medo, a expectativa, a acusação, a imposição do eu, a ameaça, o
pavor, a firmeza e a fraqueza, e também alguns gestos que nosso corpo adota mesmo quando
estamos dormindo ou fazendo algo que aparentemente não tem ligação com o gesto atual. Um
exemplo dado é o ato de acariciar um gato ou alguma atmosfera que pode ser traduzido como
desejo sexual.

A tensão é algo com um destaque no texto, revela parte da teoria de Freud sobre o conflito do
Id do ego e do superego. Em determinadas situações não podendo satisfazer nossas
necessidades geramos uma tensão que pode ser traduzida em estresse em nosso corpo. A
busca pela satisfação do Id, quando reprimida pelas estancias acima dele, gera desconforto e
se espelha em nosso corpo. Cabe ao ego regulamentar e equilibrar os desejos e a postura
social que temos que adotar. Não sendo uma relação sempre harmoniosa gerando muitos
conflitos e mudanças em nossas personalidades, podendo muitas das vezes levar a atitudes
negativas com nós mesmos.

Posterior a essa revelação temos então um quinto princípio:

Num dado momento a reunião dos componentes básicos simultâneos


(energemas) sempre resulta na unidade semântica (semantema) que
corresponde à emoção consciente ou inconsciente dominante naquele
instante. (WEIL, 2001, p. 96)

O amor também é abordado no livro, representando o amor do boi por tudo aquilo que leva a
uma vida de tranquilidade e satisfação, uma preocupação com a sobrevivência e a serenidade.
O amor do leão está presente além das necessidades mais instintivas “é capaz de castidade –
rejeitando o insistente boi – ou de afrontar a pressão social...” (WEIL, 2001, p. 103). A águia
ama a logica e o saber preocupada em fiscalizar e ceder ao juízo. Sendo possível todos
concordarem de uma forma com o sentimento e também discordarem como o caso de amor
por objetos, lazeres que não satisfazem a todos, mas que em perfeita harmonia se juntam e
equilibram um ser humano.

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Já no fim da obra, o autor nos apresenta nossas barreiras invisíveis e afirma que os limites vão
além do nosso corpo. Devido a nossa forma de conviver estes limites invisíveis estão
presentes em nosso dia a dia, há momentos que desejamos quebrar tais limites e a momentos
em que reafirmamos nossas barreiras. Adotados em nossa postura certo desconforto quando
tal limite é invadido sem nosso consentimento e uma postura relaxada quando desejamos
transpor essas barreiras.

Outra parte importante que Pierre destaque no final é sobre o nosso consciente e seus estágios.

“Estagio 1 é o que podemos chamar de ‘o homem-boi’. Nele, a satisfação dos


instintos prepondera. [...] Estagio 2 é o ‘homem-leão’. O eu vem em primeiro
lugar. É o emocional, vive em busca da afirmação da sua identidade e a
procura estabelecer por comparação com os outros. [...] Estagio 3 é o
‘homem-águia’. Nele manda a razão. O pensamento na sua opinião é superior
ao sentimento. [...] O estagio 4 o homem começa a tomar consciência, em
separado, da estrutura tripla da sua própria unidade. [...] Desperta nele um Eu
diferente do mero colecionador de informações que é o leão. [...] No 5, o
Homem, já com plena percepção consciente da ação e interação constante do
que, na pratica, representa três ‘Eus’ em conflito, tenta por o negócio em
ordem. [...] Quem conseguir chefiar-se assim a si próprio a maior parte do
tempo, alcançou o 6. Percebendo a nossa própria harmonia [...], também a
linguagem do corpo será de harmonia insuspeita. [...] O numero 7 seria, por
extrapolação lógica, inabalável. Sua vontade é livre e soberana.”( WEIL,
2001, p.136 a 139)

Vale dizer que a maioria das pessoas, segundo Weil, não ultrapassa o estagio 4, e que temos
muitas técnicas criadas para tentar harmonizar nossos processos internos como por exemplo a
ioga, a dança, técnicas de relaxamento, todos com foco na conscientização dos nossos
funcionamentos internos e domínio destes. Para maior equilíbrio e prazer em nosso dia a dia,
dada que essa mudança em nossa postura traz benefícios as nossas personalidades mudando
nosso animo, e recepção com as situações impostas.

Todos os elementos apresentados têm como objetivo trazer a tona instintos presentes em nos
proporcionando maior entendimento e harmonia sobre nossas funções físicas e psicológicas.

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