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INTRODUÇÃO

Parafilias são fantasias ou comportamentos frequentes, intensos e sexualmente


estimulantes que envolvem objetos inanimados, crianças ou adultos sem consentimento,
ou o sofrimento ou humilhação de si próprio ou do parceiro. Perturbação parafílicas são
parafilias que causam angústia ou problemas com o desempenho de funções da pessoa
com parafilia ou que prejudicam ou podem prejudicar outra pessoa.

Existem muitas parafilias. O foco da parafilia pode ser uma variedade de objetos,
situações, animais ou pessoas (como crianças ou adultos que não deram consentimento).
A excitação sexual pode depender do uso ou presença desse foco. Quando se
estabelecem estes padrões de excitação, habitualmente no final da infância ou perto da
puberdade, eles tendem a durar por toda a vida.

É frequente algum grau de variação nas relações sexuais e nas fantasias de adultos
saudáveis. Quando as pessoas concordam mutuamente em praticá-los, os
comportamentos sexuais pouco habituais que não causam prejuízo podem integrar uma
relação amorosa e carinhosa. No entanto, quando os comportamentos sexuais causam
angústia ou são prejudiciais ou interferem com a capacidade da pessoa de desempenhar
funções em atividades rotineiras, eles são considerados uma perturbação parafílica. A
angústia pode resultar das reações de outras pessoas ou da culpa da pessoa por fazer
algo socialmente inaceitável.

As perturbações parafílicas podem comprometer seriamente a capacidade de


actividade sexual afetuosa e recíproca. Os parceiros das pessoas com uma perturbação
parafílica podem sentir-se como um objeto ou como se fossem elementos sem
importância ou desnecessários na relação sexual

As perturbações do comportamento parafílico mais comuns são:

 Perturbação de pedofilia

 Perturbação de voyeurismo

 Perturbação de travestismo

 Perturbação de exibicionismo

 Perturbação de sadísmo

 Perturbação de Mazoquismo

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 Perturbação de fetixismo

Objectivo Geral

O presente trabalho em grupo tem como objectivo analisar os aspectos relevantes da


pedofilia.

Objectivos Específicos

a) Caracterizar a pedofilia como uma doença


b) Diagnosticar a perturbação de pedofilia
c) Determinar as causas da pedofilia
d) Avaliar a influência do ambiente de convívio e os tipos de tratamento

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A PEDOFILIA

O termo pedofilia tem origem na palavra grega paidophilos (paidós = criança; philia =
amor, afinidade) (FIGUEIREDO, 2009). Em seus inícios, essa palavra designava apenas
o amor, o cuidado de um adulto por crianças. Com o passar do tempo foi assumindo a
designação que perdura até o presente. A prática da pedofilia é antiga e um fenômeno
mundial, multiétnico, multicultural, independe de classe socioeconômica, envolvendo
aspectos educacionais, legais e de saúde pública. Tal prática vem aumentando nas últimas
décadas especialmente em virtude das facilidades de acesso a material pornográfico
infantil, disponibilizado pela internet (FIGUEIREDO, 2009; SERAFIM, 2007).

A pedofilia é considerada para os especialistas como uma doença, de acordo com o


código

dos médicos, mas, apesar de ser considerada uma doença, a pedofilia causa grande
repulsa na sociedade e é considerada um crime e a maioria dos casos de pedofilia acontece
dentro de casa, a chamada pedofilia intrafamiliar. Pais, tios, avôs abusam e agridem
fisicamente e psicologicamente de crianças e adolescentes de forma detestável. Tendo em
vista o grande avanço da tecnologia nos meios de comunicação, sobretudo na internet, a
pedofilia vem sido divulgada nas redes mundiais de internet, pedófilos aliciam crianças e
adolescentes, postam imagens e vídeos de conteúdos extremamente sórdidos.

Em regra, a sociedade desconhece a pedofilia, muitos pensam que se trata de crime ou


que não é doença. A abordagem do tema justifica-se, pois devido a se tratar de um assunto
tão complexo que é a mente humana, em que os indivíduos, privados de padrões ditados
normais pela sociedade, cometem actos ilícitos, entretanto, a própria sociedade que
condena tais praticas, ao mesmo tempo desconhece o problema.

Do ponto de vista psicológico, a criança tem dificuldade em negar a exigência do


adulto, sobretudo porque o este normalmente detém todos os tipos de recursos em suas
mãos: afeto, comida, dinheiro, abrigo e segurança.

Embora as estatísticas envolvendo crimes cibernéticos e, mais precisamente, crimes


sexuais e pedofilia em Angola sejam difusas e estejam desactualizadas, parece que, no
ranking mundial da pedofilia na internet, a falta de dados concretos dificulta a posição
do país.

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Em termos mundiais, o DSM-V informa que a prevalência de perturbação pedofílica
na população é incerta, incidindo entre 3 a 5% em homens. Em mulheres, os dados seriam
ainda mais incertos (APA, 2014).

A perturbação de pedofilia é caracterizada por fantasias, desejos ou comportamentos


sexualmente excitantes, recorrentes e intensos envolvendo crianças (habitualmente de 13
Para avaliar se o interesse sexual ou o envolvimento entre duas pessoas é considerado
uma perturbação de pedofilia é necessário levar em conta a idade das pessoas
envolvidas. Em sociedades ocidentais, para que a pessoa seja diagnosticada com
perturbação de pedofilia, ela precisa ter, no mínimo, 16 anos de idade e, no mínimo,
cinco anos a mais que a criança que é o objecto de fantasias ou actividade sexual. No
entanto, o envolvimento sexual de um adolescente mais velho (de 17 a 18 anos de idade)
com uma adolescente de 12 ou 13 anos de idade pode não ser considerado uma
perturbação. Os critérios etários utilizados para identificar quando essa actividade é
considerada um crime podem ser diferentes.

Comumente, diz-se que "pedofilia é crime", mas não é exatamente assim. Pedofilia é uma
doença classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde os anos 60. Segundo o
Código Penal angolano, o que é crime é o abuso sexual de menores de idade e consumo e
distribuição de pornografia infantil.

Segundo a OMS, os distúrbios parafílicos são caracterizados por padrões persistentes e


intensos de excitação sexual atípica, manifestados por pensamentos sexuais, fantasias, impulsos
ou comportamentos, cujo foco envolve outros cuja idade ou status os torna pouco dispostos ou
incapazes de consentir e nos quais a pessoa agiu ou pelo qual ele ou ela é marcadamente
angustiado

Embora variem em cada país, nos Estados Unidos, a lei geral considera que uma
pessoa maior de 18 anos está cometendo estupro se a vítima tiver 16 anos ou menos.
Casos de estupro muitas vezes não atendem à definição de pedofilia, destacando-se a
natureza um tanto arbitrária de seleção de uma faixa etária específica em uma definição
médica ou legal. Em muitos outros países e culturas, crianças podem casar legalmente
mesmo aos 12 anos, complicando ainda mais a definição de pedofilia e o crime de
estupro.

anos ou menos)

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 O pedófilo pode sentir-se atraído por meninos jovens, meninas jovens ou ambos,
e ele pode sentir-se atraído apenas por crianças ou tanto por crianças como
adultos.

 O médico diagnostica a pessoa com pedofilia quando ela se sente extremamente


angustiada ou há prejuízo na sua capacidade de funcionamento devido ao fato de
ela sentir-se atraída por crianças ou quando pôs em prática seus desejos.

 O tratamento inclui psicoterapia de longo prazo e medicamentos que alteram o


desejo sexual e reduzem os níveis de testosterona

A pedofilia é uma forma de parafilia. Pode prejudicar outras pessoas, é


considerada uma perturbação.

A pedofilia é muito mais frequente entre homens do que entre mulheres.

O pedófilo pode sentir-se atraído por meninos jovens, meninas jovens ou ambos. Não
se sabe se meninas ou meninos têm mais risco de serem vítimas de pedófilos, embora a
impressão seja que meninas têm um risco muito maior de serem vítimas de abuso sexual
em geral.

Normalmente, o adulto é um conhecido da criança e pode ser um membro da família,


padrasto ou uma pessoa com autoridade (como um professor ou treinador). Alguns se
sentem atraídos apenas por crianças de sua própria família (incesto). Alguns pedófilos
sentem-se atraídos apenas por crianças, muitas vezes de um grupo de idade específico
ou de uma etapa de desenvolvimento. Outros são atraídos por crianças e por adultos.

A visualização ou o toque geral parece ser mais comum do que o toque nos órgãos
genitais ou a prática de relação sexual.

Pedófilos predadores podem usar força ou coerção para ter relações sexuais com
crianças e podem ameaçar machucar a criança ou os animais de estimação da criança,
se a criança os denunciar. Muitos desses pedófilos têm transtorno de personalidade
antissocial.

Muitos pedófilos têm ou desenvolvem abuso de substâncias ou


dependência e depressão. Eles frequentemente vêm de famílias problemáticas e os
conflitos conjugais são comuns. Muitos foram abusados sexualmente quando crianças.

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A discussão sobre pedofilia é tabu em boa parte do mundo, mas especialistas lutam para que
o diagnóstico e o tratamento do pedófilo sejam mais amplamente divulgados. A razão é simples:
o tratamento pode evitar que pedófilos se tornem abusadores e criminosos e, logo, que haja menos
vítimas.

As pessoas pensam que quando falamos que transtorno pedofílico é uma doença, estamos protegendo
o indivíduo pedófilo em detrimento da vítima. É proteger a vítima e averiguar se aquele que molestou a
criança de fato é ou não portador de pedofilia. A grande maioria dos molestadores de criança não é
portadora deste problema.

A pedofilia hoje é vista como uma doença, um desvio de sexualidade, que leva um indivíduo adulto a
se sentir sexualmente atraído por crianças e adolescentes de forma compulsiva e obsessiva, podendo levar
ao abuso sexual. O pedófilo é, na maioria das vezes, uma pessoa que aparenta normalidade no meio
profissional e na sociedade. Ele se torna criminoso quando utiliza o corpo de uma criança ou adolescente
para sua satisfação sexual, com ou sem o uso da violência física.

Pedofilia e Religião

Liberdade religiosa não é impunidade religiosa, todos as congregações, denominações


eclesiásticas e outras formas de religião ou culto devem estar sujeitas às leis do respectivo
país. A linha sobre o que é liberdade religiosa e o que é criminalidade religiosa deve ser
bem demarcada.

Não há leis divinas que pretendem falar em nome de um qualquer Deus, deviam estar
sujeitos às mesmas leis dos restantes cidadãos. O flagelo da pedofilia é transversal à pelo
menos todos os ramos do cristianismo, assim como são transversais não só o
encobrimento pela respectiva hierarquia destes crimes abomináveis como as causas
subjacentes: A impunidade religiosa que persiste o abuso dos mais vulneráveis por parte
daqueles que ensinam ser a obediência cega a um mito e aos seus “representantes” o
paradigma da boa ovelha e o caminho da salvação.

Pedofilia Intrafamiliar

A violência sexual intrafamiliar é a forma mais comum de atividade do pedófilo.


Geralmente, o abusador é uma pessoa conhecida em que a criança confia e ama, isto é,
pai, padrasto, avô ou tio, ou ainda pessoas que se relacionam perante a família, que
supostamente não geram qualquer desconfiança. Essa violência ocorre em todos os países
do mundo, independentemente de classe social, e não deixa marcas físicas, já que é

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praticado na maioria das vezes sem uso da força, com sedução e ameaças. O abuso sexual
no âmbito familiar deixa marcas no menor, deixando sequelas na vida adulta em relação
à socialização e à sexualidade.

Geralmente o pedófilo foi também uma vítima de abuso sexual na infância. Por outro
lado, o abuso sexual intrafamiliar, especialmente nas classes sociais menos favorecidas,
é uma porta de entrada para a prostituição de crianças e adolescentes.

Aquela menina que se prostitui certamente foi abusada dentro de casa e às vezes
resultando até em uma gravidez, fato cada vez mais comum no mundo.

A violência sexual intrafamiliar é considerada um fenômeno societário complexo, que


envolve tanto a reprodução no contexto familiar das relações de gênero que imperam na
sociedade, como a transgressão de normas e padrões de sociabilidade de uma dada
sociedade.

DIAGNÓSTICO

Para definir os critérios para o diagnóstico da pedofilia, é necessário analisar e entender


os pedófilos, para que os profissionais de saúde e médicos, de posse das informações,
detectem a tendência à pedofilia no início e disponibilizem tratamento imediato. Em
relação às causas da pedofilia, verificou-se que, segundo o modelo psicodinâmico de
Freud, houve abuso sexual na primeira infância ou, então, pornografia infantil, cuja
lembrança é resgatada pelo agente, que faz dela uma prática habitual.

Baltieri também explica que ao redor do mundo, não são muitos os especialistas na área.
Doenças crônicas como depressão, diabetes e hipertensão ganham mais atenção da medicina
tamanho o tabu.

Existe uma dificuldade do profissional da saúde em enfrentar este tema, que não é
fácil. Existe um preconceito público enorme, o que é totalmente compreensível, e o
assunto é complexo mesmo. É difíci, explica.

"Os pacientes com o chamado perturbação pedofílica em geral necessitam de


abordagens interdisciplinares. Não só do médico. Ele precisa do psicólogo, do assistente
social, é necessário o apoio da família", completa Baltieri.

 A avaliação do médico, tomando por base critérios específicos

O médico diagnostica a presença de pedofilia quando

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 A pessoa tem repetidamente fantasias, desejos ou comportamentos que lhe
causam intensa excitação sexual envolvendo uma criança ou crianças (geralmente
com 13 anos de idade ou menos).

 A pessoa se sente extremamente angustiada ou há prejuízo da sua capacidade de


funcionamento (no trabalho, na família ou ao interagir com amigos) ou ela pôs
em prática seus desejos.

 A pessoa tem 16 anos de idade ou mais ou tem cinco anos a mais que a criança
que é o objeto de suas fantasias ou comportamentos. (Uma exceção aqui é um
adolescente mais velho que tem um relacionamento contínuo com uma criança de
12 ou 13 anos de idade.)

 A pessoa tem tido esse quadro clínico por seis meses ou mais.

TRATAMENTO

Não existe cura para as parafilias. Logo, a pedofilia também não tem cura. O que isso
significa? Que os pedófilos conviverão com o problema por toda a vida e que por isso é necessário
tratamento. Não há como mudar o interesse destas pessoas, mas com a terapia é possível ajudá-
los a controlar e não agir a partir de seus impulsos.

 Psicoterapia

 Medicamentos

A pedofilia pode ser tratada com psicoterapia individual ou em grupo de longo prazo
e medicamentos que alteram o desejo sexual e reduzem os níveis de testosterona.

Os resultados do tratamento variam. Os melhores resultados são obtidos quando a


participação é voluntária e a pessoa recebe treinamento em habilidades sociais e
tratamento para outros problemas, como o abuso de drogas e depressão. O tratamento
que é procurado apenas depois da apreensão criminal e de uma ação legal pode ser
menos eficaz.

Simplesmente colocar o pedófilo na cadeia ou em outra instituição, mesmo por muito


tempo, não muda os desejos ou fantasias pedofílicas. No entanto, alguns pedófilos
presos submetidos a tratamento de longo prazo e monitorados (geralmente com o uso
de medicamentos) podem deixar de praticar a atividade pedófila e ser reintegrados à
sociedade.

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ABUSADOR X PEDÓFILO

Nem todo abusador de criança é pedófilo. Abusadores de crianças podem ser definidos
por seus atos, pedófilos são definidos por seus desejos. Um pedófilo que não procura ou
recebe ajuda pode vir a se tornar um abusador e, logo, criminoso.

Baltieri explica que de 20 a 30% dos abusadores de crianças tem o transtorno


pedofílico. A maioria são pessoas que se aproveitam de uma situação de poder ou de
oportunidade para cometer o abuso

MEDICAMENTOS

Os médicos dos Estados Unidos da América normalmente usam o seguinte


medicamento:

 Acetato de medroxiprogesterona, que é injetado em um músculo

A medroxiprogesterona (uma progestina) é similar ao hormônio feminino


progesterona.

Alternativamente, é possível usar a leuprolida.

A medroxiprogesterona e a leuprolida impedem a hipófise de enviar um sinal aos


testículos para produzir testosterona. Assim, ocorre uma queda nos níveis
de testosterona e no desejo sexual. Periodicamente, o médico realiza exames de sangue
para monitorar os efeitos desses medicamentos sobre a função hepática, bem como
outros exames (incluindo exames da densidade óssea e exames de sangue para medir os
níveis de testosterona). Ainda não está clara a eficácia desses medicamentos em
mulheres pedófilas.

Antidepressivos denominados inibidores seletivos de recaptação da


serotonina (ISRSs) também podem ser úteis. Eles podem ajudar a controlar os desejos
e fantasias sexuais. Eles também diminuem o desejo sexual e podem causar disfunção
erétil.

O tratamento medicamentoso é mais eficaz quando combinado com psicoterapia e


treinamento de habilidades sociais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pedofilia é uma doença crônica, que não tem cura. Os médicos fazem uma
comparação com a diabetes e o alcoolismo, que exigem cuidado redobrado e tratamento
por muito tempo, ou talvez por toda vida.

O tratamento prévio é apontado como medida preventiva. Ou se for tarde demais, é


possível investir no tratamento como medida complementar a uma pena de prisão, uma
política que é aplicada em Angola.

Os crimes ocorrem com muita frequência no seio familiar e na igreja.

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BIBLIOGRAFIA

FIGUEIREDO, Mario G. de. Pedofilia: aspectos psicossociais e significações.


CADERNO NEDER, nº 3 – VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE, p. 05-15, 2009.
Disponível em: < http://www.univale.br/central_arquivos/arquivos/caderno-neder-3---
violencia-ecriminalidade.pdf>. Acesso em dez/14

SERAFIM, A. P. Pedofilia: da fantasia ao comportamento sexual violento. In: I


Congresso Brasileiro Sobre Ofensas Sexuais. São Paulo. Anais ... São Paulo, 2007.

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