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BELÉM
2019
Examinem a recente decisão do STF quanto ao conflito de Direitos Fundamentais surgido
sobre o tema da publicação de biografias não autorizadas. Relatem em termos gerais quais
as teses levantadas por uma parte e por outra e a solução final do STF.
Por fim, a ANEL elenca a importância das biografias não-autorizadas para a manutenção
da própria democracia, uma vez que a Liberdade de Expressão e o Direito à Informação
possuem uma dupla dimensão: ao mesmo tempo em que se tratam de direitos individuais
subjetivos, assegurados a todos os emissores de mensagens e criadores de conteúdo, também
são direitos difusos à cidadania que garantem uma amplitude de ideias, opiniões e
posicionamentos, características basilares para o pleno exercício da democracia. Dessa forma,
é possível afirmar que tais direitos são peças chaves para a efetivação do pluralismo político,
princípio fundamental presente no Art. 1º, inciso V da Constituição Federal. E, em função disso,
a associação declara sustentável a afirmação de que a Liberdade de Expressão ocupa uma
posição preferencial, tamanha é a sua importância na Lei Maior. Portanto, não é aceitável a
transformação dessa ferramenta democrática – a informação – em mercadoria, como vinha
ocorrendo quando a interpretação impugnada era considerada constitucional.
Vale, ainda, reiterar que a ADI não pretende garantir um passe livre para violações de
direitos à imagem ou à honra, dado que o que se discute é a publicação e veiculação de
informações e fatos verídicos, mesmo que narrados de forma ácida ou não agradável para o
biografado. De forma alguma, o descontentamento do biografado acerca do que for escrito
poderá servir como justificativa para qualquer tipo de censura prévia. Ademais, em casos de
abusos de direito, caracterizados pela utilização de informações falsas e ofensivas à honra,
permanecerá eventualmente cabível a responsabilidade civil e penal do biógrafo.
À luz dos argumentos apresentados por ambas as partes, o Supremo Tribunal Federal
decidiu por adotar o critério de ponderação, realizando o balanceamento de direitos. Em síntese,
a Ministra Carmem Lúcia contextualiza seu voto, arguindo, em um primeiro momento, que não
há lei feita para apenas um indivíduo. Assim, por mais que ela compreenda a insatisfação
daqueles que foram biografados sem que anuíssem os fatos que gostariam de ser
compartilhados, ela entende que tal insatisfação não justifica a proibição e afirma que o
processo em questão se trata de algo muito grave: a censura. Segundo ela, são antigas as
tentativas de manter segredos a todo o custo - algumas datam do século XVII – o que demonstra
que tal esforço, ao longo da história, nunca fora exatamente bem-sucedido e, levando em
consideração os tempos modernos e as incontáveis novas ferramentas de invasão de
privacidade, muito provavelmente continuará não o sendo. Dessa forma, a ministra argumenta
que, atualmente, vivemos em um tempo de grande exposição, portanto é quase impossível reter
determinadas informações de outras pessoas.
REFERÊNCIAS
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Volume 1: Parte Geral. 10º Ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2018.