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Manual do

Empreendedor
sobre Segurança
de Barragens

Guia Prático de
Pequenas Barragens

Volume
VIII

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
1
Manual do
Empreendedor
sobre Segurança
de Barragens

Guia Prático de
Pequenas Barragens

Volume
VIII
República Federativa do Brasil
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Vice-Presidente da República no Exercício do Cargo de Presidente da República

Ministério do Meio Ambiente


José Sarney Filho
Ministro

Agência Nacional de Águas

Diretoria Colegiada
Vicente Andreu Guillo (Diretor-Presidente)
Paulo Lopes Varella Neto
João Gilberto Lotufo Conejo
Gisela Damm Forattini
Ney Maranhão

Secretaria-Geral (SGE)
Mayui Vieira Guimarães Scafura

Procuradoria-Federal (PF/ANA)
Emiliano Ribeiro de Souza

Corregedoria (COR)
Elmar Luis Kichel

Auditoria Interna (AUD)


Edmar da Costa Barros

Chefia de Gabinete (GAB)


Horácio da Silva Figueiredo Júnior

Gerência Geral de Articulação e Comunicação (GGAC)


Antônio Félix Domingues

Gerência Geral de Estratégia (GGES)


Bruno Pagnoccheschi

Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos (SPR)


Sérgio Rodrigues Ayrimoraes Soares

Superintendência de Gestão da Rede Hidrometeorológica Nacional (SGH)


Valdemar Santos Guimarães

Superintendência de Tecnologia da Informação (STI)


Sérgio Augusto Barbosa

Superintendência de Apoio ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SAS)


Humberto Cardoso Gonçalves

Superintendência de Implementação de Programas e Projetos (SIP)


Ricardo Medeiros de Andrade

Superintendência de Regulação (SRE)


Rodrigo Flecha Ferreira Alves

Superintendência de Operações e Eventos Críticos (SOE)


Joaquim Guedes Corrêa Gondim Filho

Superintendência de Fiscalização (SFI)


Flavia Gomes de Barros

Superintendência de Administração, Finanças e Gestão de Pessoas (SAF)


Luís André Muniz
Agência Nacional de Águas
Ministério do Meio Ambiente

Guia Prático de Pequenas


Barragens
Manual do Empreendedor sobre
Segurança de Barragens
Volume VIII

Superintendência de Regulação (SRE)

Brasília – DF
ANA
2016
© 2016, Agência Nacional de Águas (ANA).
Setor Policial Sul, Área 5, Quadra 3, Blocos B, L, M e T.
CEP 70610-200, Brasília, DF
PABX: (61) 2109 5400 / (61) 2109-5252
www.ana.gov.br

Comitê de Editoração Revisão dos originais


João Gilberto Lotufo Conejo Alexandre Anderáos
Diretor André César Moura Onzi
André Torres Petry
Reginaldo Pereira Miguel Fernanda Laus de Aquino
Representante da Procuradoria Federal Helber Nazareno de Lima Viana
Josimar Alves de Oliveira
Sergio Rodrigues Ayrimoraes Soares Marcus Vinícius Araújo Mello de Oliveira
Ricardo Medeiros de Andrade Nádia Eleutério Vilela Menegaz
Joaquim Guedes Correa Gondim Filho Sérgio Ricardo Toledo Salgado
Superintendentes Erwin De Nys – Banco Mundial
Paula Freitas – Banco Mundial
Mayui Vieira Guimarães Scafura Maria Inês Muanis Persechini – Banco
Secretária Executiva Mundial
José Hernandez – Banco Mundial
Supervisão editorial Orlando Vignoli Filho – Banco Mundial
Ligia Maria Nascimento de Araújo – Comitê Brasileiro de Barragens — CBDB
Coordenadora — auxílio na análise das contribuições da
Carlos Motta Nunes Audiência Pública

Elaboração Todos os direitos reservados.


Ricardo Oliveira – COBA, S.A É permitida a reprodução de dados e
Lúcia Almeida – COBA, S.A informações contidos nesta publicação,
José Oliveira Pedro – COBA, S.A desde que citada a fonte.
António Pereira da Silva – COBA, S.A
António Alves – COBA, S.A
José Rocha Afonso – COBA, S.A
Flávio Miguez – COBA, S.A
Maria Teresa Viseu – LNEC, Portugal

Foto de capa:
UHE Barra Grande / Anita Garibaldi (SC) e
Pinhal da Serra (RS)
Crédito: Baesa / Banco de Imagens da ANA

Catalogação na fonte: CEDOC / BIBLIOTECA

A265d Agência Nacional do Aguas (Brasil).


Guia Prático de Pequenas Barragens. -- Brasília: ANA,
2016.

120 p. il. – (Manual do Empreendedor sobre Segurança de


Barragens, 8)
ISBN 978-85-8210-041-7
ISBN 978-85-8210-036-3 (Coleção)

1. Recursos Hídricos – Gestão 2. Barragem – Segurança. I.


Título.

 CDU 627.82
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Esquema de uma barragem de terra, do reservatório, do vertedouro e do des-
carregador de fundo/tomada d’água 15
Figura 2 - Seção transversal de uma barragem de terra homogênea 16
Figura 3 - Seção transversal de uma barragem de terra zoneada 17
Figura 4 – Planta esquemática de vertedouro em canal de encosta e bacia de dissipa-
ção de energia 18
Figura 5 – a) Torre de tomada d’água; b) monge 19
Figura 6 – a) Comporta de jato plano; b) registros de Gaveta 19
Figura 7 – Válvula de jato oco 20
Figura 8 – Curvatura na linha de interseção do espelho de água com o paramento de montante 28
Figura 9 – Erosão do maciço de jusante e do coroamento após galgamento da barragem  50
Figura 10 – Borda livre insuficiente 50
Figura 11 – Surgência e zona alagada em zona imediatamente a jusante da barragem 51
Figura 12 – Erosão regressiva com a deposição de um cone de solo fino 52
Figura 13 – Surgência em torno do conduto da descarga de fundo 52
Figura 14 – Zona de vegetação verdejante no talude de jusante da barragem 53
Figura 15 – Trinca longitudinal no coroamento 54
Figura 16 – Deslizamento profundo com formação de escarpa 55
Figura 17 – Abatimento no coroamento e no paramento de jusante (SMEC, 2005) 55
Figura 18 – Erosão do paramento montante sob a ação das ondas 56
Figura 19 – Acumulação da água das chuvas no coroamento 57
Figura 20 – Vegetação de tamanho excessivo no paramento de montante e de jusante 57
Figura 21 – Intenso ravinamento no paramento de jusante 57
Figura 22 – Cupinzeiro no coroamento da barragem 58
Figura 23 – Toca de animal 58
Figura 24 – Danos estruturais severos na soleira do vertedouro 59
Figura 25 – Obstrução da soleira do vertedouro 59
Figura 26 – Erosão a jusante da bacia de restituição do vertedouro 59
Figura 27 – Forte ravinamento dos taludes do reservatório 60
Figura 28 – Tratamento de zona afetada por formigueiro (Molle e Cadier, 1992) 94

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
5
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Inclinações dos taludes dos paramentos de montante e de jusante em barra-
gens homogêneas 115

6 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
SIGLAS E ABREVIATURAS
ANA – Agência Nacional de Águas
ART – Anotação de Responsabilidade Técnica
ASTM – American Society for Testing and Materials
CNRH – Centro Nacional de Recursos Hídricos
CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
LI – Licença de Implantação
LO – Licença de Operação
LP – Licença Prévia

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
7
SUMÁRIO
Manual do Empreendedor SOBRE SEGURANÇA DE BARRAGENS 11
ESCLARECIMENTOSAO LEITOR 13
1 antes de construir sua barragem 15
A. O que é uma barragem? 15
B. Elementos mínimos do projeto 20
C. Requisitos legais 20

2 Guia de Operação 22
A. Operação normal 22
B. Operação em caso de cheias regulares 23
C. Operação em caso de cheias excepcionais 23

3 Guia de Inspeções 25
A. Tipos de inspeção e frequências recomendadas para inspeções de pe-
quenas barragens 25
B. Ficha de inspeção para barragens de terra 26
C. Recursos necessários para realização das inspeções 27
D. Roteiro das inspeções 27
E. Execução das inspeções 28

4 GUIA DE MANUTENÇÃO 29
A. Tipos de manutenção 29
B. Manutenção preventiva 29
C. Manutenção corretiva 30
D. Recursos necessários para a execução das manutenções 30

5 GUIA DE PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA 32


A. Situações de alerta e de emergência  32
B. Procedimentos em situações de alerta e emergência em pequenas bar-
ragens 33
C. Telefones de contato para os casos de alerta e emergência 35
D. Meios necessários 35
E. Local de observação e equipe de gestão 36
F. Condições de acesso à barragem 36

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37
ANEXO 1 - FICHA DE IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS 38
ANEXO 2 - Modelo de ficha de inspeção regular de pequenas barragens
de terra 42
ANEXO 3 - TIPOS DE ANOMALIAS ENCONTRADAS EM PEQUENAS BARRAGENS DE
TERRA 49
ANEXO 4 - Planejamento das atividades de manutenção preventiva 61
ANEXO 5 - Atividades de manutenção corretiva 77
ANEXO 6 - Fichas de registro de operação e manutenção 101
ANEXO 7 - RECOMENDAÇÕES PARA O DIMENSIONAMENTO E A CONSTRUÇÃO DE
PEQUENAS BARRAGENS DE TERRA 112

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
9
Manual do Empreendedor
SOBRE SEGURANÇA DE BARRAGENS
INTRODUÇÃO GERAL atribuições e formas de controle necessárias
para assegurar as condições de segurança das
As barragens, compreendendo o barramento, barragens.
as estruturas associadas e o reservatório, são
obras necessárias para uma adequada gestão A Lei de Segurança de Barragens atribui aos
dos recursos hídricos e contenção de rejeitos de empreendedores e aos responsáveis técnicos
mineração ou de resíduos industriais. Sua cons- por eles escolhidos a responsabilidade por de-
trução e operação podem, no entanto, envolver senvolver e implementar o Plano de Segurança
danos potenciais para as populações e os bens da Barragem, de acordo com metodologias e
materiais e ambientais existentes no entorno. procedimentos adequados para garantir as
condições de segurança necessárias. No Brasil,
A segurança de barragens é um aspecto fun- os empreendedores são de diversas naturezas:
damental para todas as entidades envolvidas, públicos (federais, estaduais ou municipais)
como as autoridades legais e os empreendedo- e privados, sendo sua capacidade técnica e
res, bem como os agentes que lhes dão apoio financeira também muito diferenciadas.
técnico nas atividades, relativas à concepção,
ao projeto, à construção, ao comissionamento, No presente Manual do Empreendedor so-
à operação e, por fim, ao descomissionamento bre Segurança de Barragens, pretende-se
(desativação), as quais devem ser proporcio- estabelecer orientações gerais quanto às
nais ao tipo, dimensão e risco envolvido. metodologias e procedimentos a ser adotados
pelos empreendedores, visando a assegurar
Para garantir as necessárias condições de se- adequadas condições de segurança para as
gurança das barragens ao longo da sua vida útil, barragens pelas quais são responsáveis, ao
devem ser adotadas medidas de prevenção e longo das diversas fases da vida das obras,
controle dessas condições. Essas medidas, se designadamente, as fases de planejamento e
devidamente implementadas, asseguram uma projeto, de construção e primeiro enchimento,
probabilidade de ocorrência de acidente redu- de operação e de descomissionamento
zida ou praticamente nula, mas devem, apesar (desativação).
disso, ser complementadas com medidas de
defesa civil para minorar as consequências de O manual aplica-se às barragens destinadas à
uma possível ocorrência de acidente, especial- acumulação de água para quaisquer usos. Para
mente em casos em que se associam danos o caso dos empreendimentos que têm uso
potenciais mais altos. preponderante de geração hidrelétrica, devem
ser observadas as recomendações da Agência
As condições de segurança das barragens de- Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Centrais
vem ser periodicamente revisadas, levando em Elétricas Brasileiras (Eletrobras), constantes
consideração eventuais alterações resultantes de seus normativos e manuais.
do envelhecimento e deterioração das estrutu-
ras ou de outros fatores, como o aumento da Os procedimentos, estudos e medidas com
ocupação nos vales a jusante. vista à obtenção ou concessão de licenças am-
bientais, necessárias para a implantação dos
A Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, co- empreendimentos, não são considerados no
nhecida como Lei de Segurança de Barragens, presente manual, bem como os procedimentos
estabeleceu a Política Nacional de Segurança para a gerência das obras ou das empreitadas
de Barragens (PNSB), considerando os as- que regem a construção.
pectos referidos, além de outros, e definiu

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
11
O presente manual compreende oito guias,
constituintes dos seguintes volumes:

• Volume I – Instruções para • Manual do


Volume VI – Diretrizes para a
Empreendedor
Manual do
Empreendedor
sobre Segurança
Apresentação do Plano de sobre Segurança
de Barragens Construção de Barragens, no
de Barragens

Segurança da Barragem, no qual se estabelecem procedi-


Diretrizes para

qual se apresenta um modelo mentos gerais que devem ser


a Construção
Instruções para de Barragens
Apresentação do
Plano de Segurança

padrão e respectivas instru- VI


respeitados, de forma a ga-
da Barragem Volume

Volume
I
ções para elaboração do rantir a segurança das obras
Plano de Segurança da durante e após a construção.
Barragem.
• Volume VII – Diretrizes para a
Manual do

• Volume II – Guia de Elaboração do Plano de


Empreendedor
sobre Segurança
de Barragens

Orientação e Formulários Operação, Manutenção e


Manual do
Empreendedor
sobre Segurança
de Barragens Diretrizes para
a Elaboração do

para Inspeções de Segurança Instrumentação de Barragens,


Plano de Operação,
Manutenção e
Instrumentação de
Barragens

de Barragem, no qual se esta- no qual se estabelecem pro-


Guia de Orientação
e Formulários VII
Volume

para Inspeções
de Segurança de
Barragem

II
Volume
belecem procedimentos, cedimentos gerais para a ela-
conteúdo e nível de detalha- boração do Plano de
mento e análise dos produtos Operação, Manutenção e Instrumentação,
finais das inspeções de segurança. que devem orientar a execução dessas ativi-
dades, de modo a assegurar um adequado
• Volume III – Guia de Revisão
aproveitamento das estruturas construídas,
Manual do
Empreendedor

Periódica de Segurança de
sobre Segurança
de Barragens

respeitando as necessárias condições de


Guia de Revisão Barragens, no qual se estabe-
Periódica de
Segurança de segurança.
Barragem.
lecem orientações para a rea-
Volume
III
lização da Revisão Periódica • Manual do
Volume VIII – Guia Prático
Empreendedor

de Segurança de Barragem. de Pequenas Barragens, no


sobre Segurança
de Barragens

qual se descrevem procedi-


• Manual do Volume IV – Guia de Guia Prático de

mentos práticos de opera-


Empreendedor
sobre Segurança Pequenas Barragens

Orientação e Formulários
de Barragens
Volume
VIII
ção, manutenção, inspeção
Guia de Orientação dos Planos de Ação de
e emergência para pequenas
e Formulários do
Plano de Ação de

Emergência (PAEs), no qual


Emergência – PAE

Volume
IV barragens de terra.
se apresentam o conteúdo e
organização de um PAE. Observa-se que o volume destacado se refere ao
• Volume V – Diretrizes para a assunto desenvolvido no presente documento.
Manual do
Empreendedor
sobre Segurança
de Barragens Elaboração de Projetos de Os guias devem ser entendidos como docu-
Barragens, no qual se estabele- mentos evolutivos, devendo ser revisados,
Diretrizes para a

cem procedimentos gerais que


Elaboração de Projeto
de Barragens

complementados, adaptados ou pormenori-


V devem ser contemplados nos
Volume

zados, de acordo com a experiência adquirida


projetos, do ponto de vista da com sua aplicação, bem como com a evolução
segurança. da tecnologia disponível e a legislação vigente.

12 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
ESCLARECIMENTOS
AO LEITOR

O que é o Guia Prático de Pequenas apresentado um conjunto de recomendações


Barragens? sobre aspectos essenciais do projeto e da
construção deste tipo de barragens.
O presente guia é, essencialmente, um guia
prático de operação, manutenção e inspeção A quem se destina?
de pequenas barragens de terra, destinadas
à acumulação de água para quaisquer usos, Interessa aos empreendedores e aos operado-
de altura inferior a 15 m e com um volume do res deste tipo de pequenas barragens de terra,
reservatório até 3×106 m3, de perfil homogêneo bem como aos responsáveis e técnicos, por eles
ou zoneado, com vertedouro em lâmina livre e contratados para a elaboração do projeto e a
descarregador de fundo. Destina-se a ser utili- construção da barragem, e aos que compõem
zado pelo empreendedor/operador, no campo, as suas Equipes de Segurança da Barragem.
no seu dia a dia. Inclui ainda um conjunto de
Quais os conteúdos deste Guia?
recomendações relativas ao projeto e à cons-
trução destas pequenas barragens.
Após um capítulo introdutório acerca das
Com o objetivo de auxiliar o empreendedor pequenas barragens de terra, nomeadamente,
na gestão da segurança da barragem, a Lei dos seus aspectos gerais, do conteúdo do seu
nº 12.334/2010 definiu, como um instrumento projeto e dos requisitos legais para o seu licen-
da Política Nacional de Segurança de Barragens, ciamento e outorga, este guia apresenta os
o Plano de Segurança da Barragem, que deve guias de operação, de inspeções de segurança,
incluir a documentação de operação, manu- de manutenção e de ações recomendadas em
tenção, monitoramento, inspeção e ações de caso de emergência. Inclui ainda um roteiro
emergência em caso de ruptura da barragem. com recomendações de dimensionamento e de
construção deste tipo de pequenas barragens.
Para que serve?
Como está estruturado este Guia?
O presente guia é um documento que pre-
tende indicar ao empreendedor/operador as O Guia está dividido em seis capítulos:
tarefas a serem realizadas no campo visando
Capítulo 1 – “Introdução”, no qual se define o
a operação, a manutenção e o controle das
âmbito e objetivos do Guia.
condições de segurança e de funcionalidade
da sua pequena barragem de terra ao longo da Capítulo 2 – “Antes de construir sua barragem”,
sua vida útil, através da realização de ações de no qual se explica o que é e para que serve
manutenção e de inspeções. Em anexo é ainda uma barragem e quais são e para que servem

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
13
as suas principais componentes, quais os ele- necessários para a sua execução em pequenas
mentos mínimos do projeto e os respectivos barragens de terra.
requisitos legais.
Capítulo 6 – “Guia de Procedimentos de
Capítulo 3 – “Guia de Operação”, no qual se Emergência”, onde se indicam as situações de
alerta e de emergência, os respectivos proce-
descrevem os aspectos mais relevantes a aten-
dimentos, os telefones de contato e os meios
der na operação normal, em caso de cheias
necessários em pequenas barragens de terra.
regulares e em caso de cheias excepcionais das
pequenas barragens de terra. Anexos ao guia apresentam-se os seguintes
documentos: uma Ficha de Identificação de
Capítulo 4 – “Guia de de Inspeções”, no qual Características Gerais; um Modelo de Ficha
se apresentam procedimentos, recursos e de Inspeção Regular de Segurança; os Tipos
frequências para a realização das inspeções de de Anomalias Encontradas em Pequenas
rotina, regulares de segurança e especiais das Barragens de Terra; o Planejamento e as
pequenas barragens de terra. Atividades de Manutenção Preventiva; as
Atividades de Manutenção Corretiva; uma
Capítulo 5 – “Guia de Manutenção”, onde se Ficha de Registro de Operação e Manutenção
abordam os tipos de manutenção, as manu- e Recomendações para o Projeto e Construção
tenções preventiva e corretiva e os recursos de Pequenas Barragens de Terra.

14 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
1 antes de
construir sua
barragem
A. O que é uma barragem? No entanto, a criação de pequenos reservató-
rios está frequentemente associada a peque-
Uma barragem é uma estrutura em um curso nas explorações agrícolas ou a abastecimento
de água, permanente ou temporário, para de pequenas comunidades, com orçamentos
limitados para a caracterização do local de im-
fins de contenção ou acumulação de água, de
plantação, o projeto, a construção e a operação.
substâncias líquidas ou de misturas de líquidos
e sólidos. Podem ser construídas para irrigação, As principais componentes de uma barragem
são a estrutura de retenção ou barramento, a
produção de energia elétrica, abastecimento
sua fundação e as ombreiras, a zona vizinha a
público, regularização de cheias, contenção
jusante, as estruturas extravasoras, as estru-
de resíduos sólidos, abastecimento de indús- turas de adução e o reservatório. Na Figura 1
trias agropecuárias, piscicultura e recreação, apresenta-se um esquema de uma pequena
entre outros. barragem de terra.

Figura 1 – Esquema de uma barragem de terra, do reservatório,


do vertedouro e do descarregador de fundo/tomada d’água

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
15
O presente Guia aborda apenas as pequenas A parte do barramento em contato com a
barragens de terra. Este tipo de barragens, água é chamada de paramento (ou talude) de
quando devidamente projetadas e construídas, montante, sendo o outro paramento, do lado
pode ser constituída por uma grande variedade oposto à água, designado por paramento (ou
de solos naturais. A possibilidade de adequa- talude) de jusante.
ção a grandes deformações sem ruptura e a
O coroamento (ou crista) liga transversalmen-
elevada relação largura da base/altura que as
te as duas margens e permite o acesso a vários
caracteriza constituem fatores que recomen- dos componentes das barragens. O coroamen-
dam este tipo de barragem para qualquer tipo to deve possuir inclinação para o reservatório,
de fundação, já que as tensões aplicadas ao de modo a escoar a água das chuvas, e ser,
terreno de fundação são bastante reduzidas, e eventualmente, coberto com um pavimento
o trajeto da água infiltrada através da fundação para permitir o tráfego de veículos.
é necessariamente longo.
As zonas da margens em contato direto com
O barramento é constituído por um aterro o barramento são denominadas de ombreiras,
homogêneo ou zoneado, construído transver- existindo uma na margem direita, designada
salmente ao curso de água e, conjuntamente de ombreira direita, e outra na margem esquer-
com a fundação e as ombreiras, é responsável da, a ombreira esquerda. A margem direita de
pela retenção da água. um curso de água localiza-se à direita de um
observador que olhe para o barramento a par-
A seção transversal do barramento é aproxi- tir de montante, e a margem esquerda será a
madamente trapezoidal (Figura 2), sendo o margem oposta. As ombreiras, conjuntamente
lado maior o contato com o terreno natural, com a fundação e o barramento, devem asse-
chamado de fundação, os lados inclinados de- gurar a retenção de água no reservatório, pelo
signados por taludes ou paramentos, e o lado que não devem deixar passar a água represada.
menor denominado de coroamento ou crista Para tal, deve existir uma boa ligação entre as
da barragem. ombreiras e o barramento.

Figura 2 - Seção transversal de uma barragem de terra homogênea

16 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Os paramentos das barragens têm que ser As barragens de aterro são muitas vezes
protegidos: o de montante, do efeito das construídas sobre formações que se deixam
ondas que se formam no reservatório sob a atravessar pela água. É, então, necessário
ação do vento, e o de jusante, da ação da água usar trincheiras ou valas de vedação. Estas
das chuvas. trincheiras são executadas escavando até uma
camada impermeável. Posteriormente, faz-se
Na proteção do paramento de montante usa-
o seu preenchimento com material compacta-
se, em geral, enrocamento (blocos de pedra)
do igual ao utilizado para a construção da zona
lançado, e no de jusante usam-se coberturas
impermeável do barramento.
vegetais ou enrocamento de dimensões inferio-
res ao adotado a montante. A erosão no contato As estruturas extravasoras de pequenas
entre o aterro e as ombreiras também deve ser barragens de aterro são constituídas por ver-
controlada através da colocação de valetas. tedouros de superfície, sem comportas, para a
evacuação de cheias, e por descargas de fundo
As barragens de perfil homogêneo são ge-
para o esvaziamento do reservatório.
ralmente construídas com solos argilosos.
Algumas dispõem de uma zona drenante, Os vertedouros de cheia são constituídos por
vertical ou inclinada ao longo de praticamente (Figura 4):
toda a sua altura, chamada de filtro chaminé,
(i) uma obra de aproximação, normalmente
prolongado na horizontal por um tapete dre- constituída por escavações e, frequentemente, por
nante, na zona de contato com a fundação, e muros de guiamento;
por um prisma de blocos de pedra (chamados (ii) uma soleira que, em função do nível no
de enrocamento) na zona do talude de jusan- reservatório, controla a vazão do vertedouro;

te em contato com a fundação. Estas zonas (iii) um canal ou conduto, que encaminha a vazão
descarregada para jusante da barragem e;
drenantes constituem o sistema de drenagem
(iv) uma obra de dissipação de energia, onde se
interna da barragem e servem para conduzir promove a dissipação da energia do escoamento em
a água que atravessa a zona de montante do excesso relativamente às condições de escoamento
no leito do curso de água na zona de restituição.
barramento, da fundação e das ombreiras para
jusante sem provocar danos na barragem.

As barragens de perfil zoneado (Figura 3) são A cota da soleira do vertedouro coincide com
constituídas por uma zona central de solos argi- o nível máximo normal da barragem. Durante
losos, chamada de núcleo, e por zonas laterais uma cheia o nível da água ultrapassa esta cota,
de solos não argilosos, designadas por maciços escoando-se a água livremente através do
estabilizadores. O filtro chaminé é colocado en- vertedouro. O nível máximo que se prevê que a
tre o núcleo e o maciço estabilizador de jusante. água atinja durante uma cheia é designado por

Figura 3 - Seção transversal de uma barragem de terra zoneada

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
17
nível máximo maximorum. A diferença entre a Para permitir o uso da água do reservatório
cota do coroamento da barragem e o nível má- para qualquer fim, as barragens dispõem
ximo maximorum é designada de borda livre. de tomada d’água, podendo, em pequenas
Assim, o vertedouro deve ser capaz de permitir barragens, a tomada d’água e a descarga de
a passagem da cheia afluente de projeto fundo serem uma mesma estrutura.
sem que o nível do reservatório ultrapasse a
Para assegurar a conservação e manuten-
borda livre. ção dos ecossistemas aquáticos naturais, o
Para assegurar a qualidade da água e garantir desenvolvimento e a produção das espécies
aquícolas com interesse desportivo ou comer-
a sobrevivência das espécies no reservatório, é
cial, assim como a conservação e manutenção
complementarmente definido o nível mínimo
dos ecossistemas ribeirinhos, é necessário
operacional. Este nível só deve ser transposto
assegurar uma determinada vazão no curso
em condições de emergência do barramento.
de água a jusante do barramento, designada
As descargas de fundo são equipadas com uma como vazão sanitária. Para tal, deve recorrer-
comporta para a operação normal, podendo se a uma tubulação independente ou utilizar a
ainda dispor de uma comporta adicional de descarga de fundo/tomada d’água.
segurança. São, na sua grande maioria, em As comportas planas de jato cheio figuram
conduto inserido na fundação da barragem. entre os equipamentos hidromecânicos mais
Para controle, esta tubulação deverá ter ori- utilizados em pequenas barragens (Figura
gem em uma estrutura de concreto armado, 6a). A manobra pode ser manual, através de
por exemplo, em uma torre de tomada d’água um volante ou de uma manivela. Aplicam-se
ou numa estrutura denominada “monge” e na extremidade de montante de condutos de
terminar numa bacia de dissipação. seção inicial retangular.

Figura 4 – Planta esquemática de vertedouro em canal de encosta e bacia de dissipação


de energia

18 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
b)

Figura 5 a) – Torre de tomada Figura 5 b) – monge


d’água; Fonte: Banco de Imagens ANA
Fonte: Banco de Imagens ANA

a) b)

Figura 6 – a) Comporta de jato plano; b) registros de Gaveta

Os Registros de Gaveta (Figura 6b) aplicam- As válvulas cônicas, de jato oco ou do tipo
se a condutos de seção circular, podendo ser Howell-Bunger (Figura 7) são muito utilizadas
instalados em qualquer seção intermediária em descargas de fundo, sendo instaladas na
ou na sua seção terminal. São adequados à extremidade de jusante do conduto. A abertura
regulação de vazão e, na posição de abertura efetua-se por recuo (para montante) de uma
total, não interferem com o escoamento. A manga cilíndrica, que, na posição de fecho, en-
sua manobra pode ser manual, através de um costa à base do cone. O acionamento é realiza-
volante. do por intermédio de um servomotor acionado
por um grupo de bombeamento de óleo ou por
intermédio de um atuador elétrico.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
19
Figura 7 – Válvula de jato oco

B. Elementos mínimos do projeto empréstimo e a avaliação dos respectivos


volumes, e com os resultados dos ensaios
Os projetos de pequenas barragens deverão laboratoriais, designadamente, de identifi-
conter os seguintes elementos: cação e de compactação;

˚˚ Levantamento planialtimétrico da área ˚˚ Dimensionamento estrutural, com a


a ser inundada pelo reservatório, com a justificação da geometria da barragem
estimativa do volume do reservatório e a (cota e largura do coroamento, borda livre,
localização da barragem; inclinação dos taludes, altura da barragem
e características e dimensões dos diferentes
˚˚ Estudos hidrológicos, com a determinação tipos de maciços constituintes) e a proposta
da vazão de máxima de cheia e dos volumes
de um plano simplificado de segurança da
de regularização do reservatório com base
barragem;
em precipitações, associadas a uma dura-
ção e a uma probabilidade de excedência, e ˚˚ Levantamento da zona a jusante da bar-
nas características da bacia hidrográfica; ragem afetada pela ruptura da barragem,
com a estimativa da cheia induzida pela
˚˚ Dimensionamento hidráulico do vertedou- ruptura da barragem e a caracterização do
ro, do descarregador de fundo e da tomada
vale a jusante;
d’água com base nos estudos hidrológicos,
com a determinação da curva de vazão do ˚˚ Medidas mitigadoras dos impactos
descarregador de fundo e do tempo de es- ambientais, que incluam a recuperação
vaziamento do reservatório; das áreas de empréstimo, a proteção do
reservatório em relação ao assoreamento e
˚˚ Reconhecimento do terreno de fundação a alteração da qualidade da água.
e do reservatório por trincheiras, poços
ou sondagens e pesquisa de surgências e
C. Requisitos legais
sobre amostras indeformadas e ensaios
in situ para determinação das caracterís-
A construção de uma barragem, ainda que
ticas de resistência ao cisalhamento e de
pequena, gera interferências no meio ambien-
permeabilidade;
te. Essas interferências e sua magnitude estão
˚˚ Estudo das jazidas disponíveis para a diretamente ligadas a dois fatores: o porte do
construção, com a indicação dos locais de empreendimento e a sua localização.

20 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Dessa forma, o empreendedor que pretenda a participação do empreendedor, os documen-
construir uma barragem deve, inicialmente, tos, projetos e estudos ambientais necessários
procurar o órgão ambiental responsável para ao início do processo de licenciamento. Em
obter as diretrizes para o licenciamento am- seguida, o empreendedor contratará a elabo-
biental, bem como consultar o órgão gestor ração dos estudos ambientais, que deverão
de recursos hídricos, caso o órgão ambiental contemplar todas as exigências determinadas
não desempenhe essa função, para obter pelo órgão licenciador. Registre-se que, muitas
informações de disponibilidade hídrica e de vezes, dependendo do porte do empreendi-
procedimentos administrativos para a outorga mento e da sua localização, o processo de
do barramento. licenciamento ambiental é simplificado.

Geralmente, as licenças ambientais são orde- Já a outorga, que é concedida pelo órgão ges-
nadas em três estágios distintos: tor de recursos hídricos, visa assegurar o uso
racional e eficiente das águas, para os diversos
˚˚ Licença Prévia (LP), por meio da qual usos a que se destinam, compatibilizando as
o empreendedor recebe um certificado
atestando a viabilidade ambiental da loca- demandas às disponibilidades hídricas nas
lização e concepção geral do seu projeto, respectivas bacias hidrográficas.  
estabelecendo os requisitos básicos e de- Na construção de barragens, quando as
mais condicionantes a serem atendidos nas
acumulações de volume de água alterarem o
próximas fases de sua implementação.
regime de vazões, é necessário requerer a ou-
torga junto ao órgão competente. Sempre que
˚˚ Licença de Implantação (LI), por meio
da qual o empreendedor obtém, após as o uso dos recursos hídricos alterar o regime, a
verificações necessárias, a autorização para quantidade ou a qualidade da água existente
construção de acordo com as especificações em um corpo de água, será necessário requerer
constantes dos planos, programas e proje- outorga. Não será necessário naquelas inter-
tos aprovados, incluindo as medidas de con- venções que promovam somente alterações
trole ambiental e demais condicionantes, de nível ou de velocidade do corpo hídrico, por
da qual constituem motivo determinante. não alterarem o regime de vazões,  como, por
exemplo, nos casos de passagens molhadas,
˚˚ Licença de Operação (LO), que autoriza,
após a verificação do efetivo cumprimento dutos e outras interferências hidráulicas como
do que consta das licenças anteriores, com diques, canalizações e soleiras de nível.
as medidas de controle ambiental e condi-
Para mais informações, ver a Resolução do
cionantes determinantes para a operação.
Conselho Nacional de Recursos Hídricos
Para a obtenção da licença prévia de um (CNRH)  nº. 37/2004, que estabelece diretri-
empreendimento, o interessado deverá pro- zes para a outorga de recursos hídricos para a
curar o órgão ambiental competente, ainda na implantação de barragens em corpos de água
fase preliminar de planejamento do projeto. de domínio dos Estados, do Distrito Federal ou
Inicialmente, o órgão ambiental definirá, com da União.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
21
2 Guia de
Operação

As pequenas barragens de terra são utilizadas


Operação normal;
geralmente para irrigação, abastecimento
humano e dessedentação animal. A operação
dessas barragens corresponde, em geral, às Operação em caso de cheias regulares;
rotinas para manutenção dos níveis d’água ou
das vazões a jusante adequados ao atendi- Operação em caso de cheias
mento dos usos que são feitos e das condições excepcionais.
de segurança da barragem.

Para operação das barragens abrangidas por A. Operação normal


este guia, os únicos componentes sob controle
do empreendedor são a descarga de fundo e a É a situação mais comum ao longo da vida útil
tomada d’água. da barragem. Nessa situação, o reservatório
está parcial ou totalmente cheio, com seu nível
A descarga de fundo permite o esvaziamento
da água abaixo de 1 metro da cota do coroa-
do reservatório e a liberação da vazão que
mento e acima do nível mínimo operacional.
pereniza o rio barrado e, às vezes, é utilizada ao
longo da calha do rio. A operação da barragem é realizada por fe-
chamento ou abertura da tomada d’água, que
Já a tomada d’água, quando separada da
pode coincidir com a descarga de fundo, em
descarga de fundo, permite retirar do reserva-
função da necessidade de utilização dessa
tório a água utilizada pelo empreendedor para
água pelo empreendedor.
atender às suas necessidades, mas que não se
dirige à calha do rio. É sempre recomendável manter a tubulação
A vazão que pereniza o rio barrado e, às vezes, da vazão sanitária aberta, ou se esta não exis-
é utilizada ao longo da calha do rio, chamada tir, a tomada d’água pelo menos 20% aberta,
de vazão sanitária, pode ser liberada por uma visando a perenizar o rio e, assim, reduzindo
tubulação independente, pela tomada d’água impactos ambientais.
ou pela descarga de fundo.
Pouco antes da entrada do período chuvoso, o
O vertedouro em lâmina livre não permite qual- empreendedor deve procurar baixar o nível da
quer controle operacional para o empreende- água do reservatório até próximo do nível míni-
dor. Apesar de parecer estranho, essa situação mo operacional, para poder se precaver contra
reduz o risco de acidentes com barragens, uma eventual cheia excepcional que pode
uma vez que elimina o controle humano sobre causar danos à barragem ou às estruturas rio
vazões excedentes à capacidade da barragem. abaixo.

São três as condições de operação das Em condições de operação normal, o empreen-


barragens: dedor deve:

22 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Ler e registrar diariamente o nível d’água do Observar e acompanhar a descarga pelo
reservatório. vertedouro, com o objetivo de detectar o
Testar a abertura e fechamento da descarga galgamento de muros laterais, a erosão do
de fundo pelo menos uma vez a cada dois canal quando não revestido, as condições
meses. do escoamento na bacia de dissipação, na
zona a jusante do vertedouro e junto ao pé
Registrar as manobras da descarga de de jusante da barragem, e a obstrução por
fundo, bem como qualquer ocorrência no detritos flutuantes ou por deslizamento de
decurso da operação, tais como encra- terras pelo vertedouro.
vamento, dificuldades na abertura e no
fechamento e erosões a jusante após a sua Retornar a tomada d’água para a abertura
operação. normal após o nível da água parar de
subir.
Inspecionar o vertedouro e o canal de
restituição pelo menos duas vezes ao ano, Inspecionar o vertedouro e o canal de
visando a identificar obstruções que devem restituição após o término do evento de
ser corrigidas antes da próxima cheia. cheia, visando a identificar problemas
estruturais ou obstruções que devem
ser corrigidos antes da próxima cheia, na
primeira oportunidade.
B. Operação em caso de cheias
regulares

Durante o período chuvoso anual, ou após


alguma chuva forte fora de época, o nível da C. Operação em caso de cheias
água da barragem pode subir, sendo necessário excepcionais
liberar parte do volume acumulado, de forma a
preservar sua segurança. Em algumas situações, as cheias que chegam
ao reservatório são bastante superiores às
Estas operações devem ser iniciadas mesmo
cheias regulares para as quais as barragens
antes da ocorrência de cheias, sempre que
foram projetadas, levando a uma condição de
sejam previstas cheias intensas na região pelos
serviços meteorológicos competentes. cheia que ocupa quase todo o vertedouro, a um
nível da água no reservatório superior ao nível
A operação nesse caso também é limitada pela máximo maximorum, e correndo-se o risco de
tomada d’água. No entanto, quando o nível da galgamento da barragem. Trata-se de uma
água subir acima do nível máximo normal, que
situação de emergência em potencial e que
coincide com a cota da soleira do vertedouro,
deve ser tratada com muita seriedade.
o excesso será liberado automaticamente pelo
vertedouro. Do ponto de vista da operação da barragem, o
empreendedor deve:
Em condições de operação em caso de cheias
regulares, o empreendedor deve:
Ler e registrar o nível d’água do reservatório.
Isolar o acesso à barragem logo que o
Ler e registrar o nível d’água do reservatório. nível da água ultrapassar o nível máximo
maximorum.
Abrir 100% a tomada d’água enquanto o
nível da água estiver subindo. Abrir 100% a tomada d’água e a descarga
de fundo sempre que esta constitua uma
estrutura independente.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
23
Observar e acompanhar a descarga pelo Cheias excepcionais podem causar também
vertedouro, com o objetivo de detectar o impactos significativos à população porven-
galgamento de muros laterais, a erosão do tura residente rio abaixo. Portanto, no caso de
canal quando não revestido, as condições existência de população residente, ou áreas
do escoamento na bacia de dissipação, na industriais ao longo de 10 km rio abaixo, logo
zona a jusante do vertedouro e junto ao pé
que o nível da água no reservatório ultrapassar
de jusante da barragem, e a obstrução por
detritos flutuantes ou por deslizamento de o nível máximo maximorum, o empreendedor
terras pelo vertedouro. deve:

Retornar a tomada d’água e a descarga de • Avisar a Coordenadoria Municipal de Defesa


fundo para seu padrão de abertura após o Civil.
encerramento da situação de cheia.
• Avisar a população residente ao longo da ca-
Inspecionar o vertedouro, o canal de lha do rio sobre a passagem da cheia, orien-
restituição do vertedouro, da tomada d’água
tando-os a ficar de prontidão para eventual
e da descarga de fundo e o pé de jusante
da barragem após o término do evento evacuação ou remoção de pertences.
de cheia, visando a identificar problemas • Avisar o proprietário da primeira barragem
estruturais ou obstruções que devem ser
situada rio abaixo, caso existente.
corrigidos antes da próxima cheia, na primei-
ra oportunidade.

24 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
3 Guia de
Inspeções

As inspeções de barragens são ferramentas Devem ser distinguidos três diferentes tipos de
fundamentais na gestão da sua segurança e da inspeção: de rotina, inspeção regular e inspe-
sua funcionalidade. A atividade de inspeção, ção especial.
sendo simples do ponto de vista logístico, é
Inspeção de rotina
fundamental, devendo ser realizada periodi-
camente e com método. Por regra, sempre que A primeira, de rotina, é uma atividade frequente,
nas inspeções forem detectadas anomalias mais rápida, que se destina a apreciar o estado
relevantes, deve proceder-se à manutenção geral da barragem, a detectar a ocorrência de
corretiva. novas anomalias e a acompanhar a evolução de
anomalias anteriormente registradas. Deverá
As inspeções de barragem devem ser feitas por
ser realizada conjuntamente com as atividades
agentes com treinamento adequado e com co-
de manutenção preventiva, como previsto no
nhecimentos básicos sobre o funcionamento
Planejamento das Atividades de Inspeção de
da barragem e sobre o tipo de anomalias que
Rotina e de Manutenção Preventiva incluído no
podem ocorrer.
Anexo 4. Os agentes a quem cabe a inspeção
É necessário ter presente que muitas anoma- visual de rotina devem, assim, estar atentos à
lias, que quando detectadas são consideradas ocorrência de qualquer alteração relativamen-
pequenas e pouco importantes, podem ter te ao estado anterior da obra.
evoluções rápidas e tornar-se causa de aciden-
A frequência recomendada para as inspeções
te. Por outro lado, é muito importante saber
de rotina é mensal.
quando ocorreu determinada anomalia, pelo
que o registro da inspeção deve conter indica- Inspeção regular de segurança
ção explícita de tudo o que foi inspecionado,
existam ou não deteriorações. Um segundo nível de inspeções, designado
como inspeção regular, corresponde a um grau
de detalhe superior, requerendo-se uma descri-
A. Tipos de inspeção e ção de cada um dos aspectos a inspecionar, a
frequências recomendadas medição, sempre que possível, das dimensões
para inspeções de pequenas da anomalia, e uma classificação da anomalia
barragens em termos históricos (nova, sem ou com evo-
lução) e de prioridade de intervenção (situa-
As inspeções visuais são, como se disse, es-
ção de alerta ou de emergência, de atenção,
senciais no âmbito do controle de segurança
potencialmente grave e sem gravidade).
das pequenas barragens. Para que possam ser
efetivamente úteis, têm que ser realizadas de A frequência indicada para as estas inspeções
forma sistemática e regular. é semestral, recomendando-se que uma

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
25
inspeção seja realizada no início da estação as componentes inspecionados, e também, a
seca, e outra, no início da estação úmida, para indicação da evolução de quaisquer anomalias
apreciação da segurança da barragem com anteriormente detectadas.
distintos níveis de água no reservatório e con-
dições de vegetação. Os aspectos a verificar são descritos na “Ficha
de inspeção regular de segurança de pequenas
No âmbito desta inspeção, no início da estação
barragens de terra”, incluída no Anexo 2. Trata-
úmida deve-se, entre outras ações previstas:
se de uma ficha de caráter genérico, que pro-
• avaliar o assoreamento e a vegetação no cura atender às configurações mais comuns
reservatório; das pequenas barragens. No entanto, cada
• avaliar a proteção dos taludes contra as empreendedor deve adaptar esta ficha à sua
ações erosivas das águas pluviais; barragem, acrescentando ou eliminando itens,
conforme adequado.
• verificar as condições do sistema de drena-
gem superficial; Na ficha de registro deve sempre ser anotado
• verificar as condições de operação do(s) o nome do responsável pela inspeção, a data
vertedouro(s), do descarregador de fundo e da inspeção, o nível d’água no reservatório e
da tomada d’água. as condições metereológicas atuais e nos dias
anteriores.
No início da época seca, entre outras ações de
inspeção, deve-se: Como se referiu, para além do registro das
• verificar o estado do vertedouro, com inci- anomalias, é essencial procurar quantificar na
dência nas zonas de saída; ficha a sua evolução. Assim, cada anomalia
deve ser classificada, de acordo com a sua
• verificar, em especial no paramento de
dimensão, com a sua evolução e com a priori-
jusante, da ocorrência de surgências ou
vazões excessivas; dade de intervenção requerida.

• avaliar o estado dos paramentos da bar- A dimensão deverá conter medidas da anoma-
ragem e ombreiras (ocorrência de erosões lia, para se detectar qualquer evolução. Deste
superficiais, trincas ou deslizamentos). modo, e a título de exemplo, nas trincas deve
ser medida o seu comprimento, abertura e
Inspeção especial
desnível, nas depressões, indicada a sua confi-
Para além destas inspeções de caráter regular, guração em planta e o seu recalque máximo e,
sempre que algum evento excepcional ocorra, na borda livre, indicado o valor estimado.
especialmente grandes cheias, dever-se-á,
durante a sua ocorrência, verificar as condições Para a classificação da evolução da anomalia
de funcionamento do(s) vertedouro(s), e após deve comparar-se os dados das inspeções
a sua ocorrência, realizar uma inspeção muito anteriores com os obtidos na inspeção atual e
detalhada, em particular, ao vertedouro e às indicar se se trata de uma anomalia nova, quan-
zonas com ele confinantes e ao pé de jusante do detectada pela primeira vez, sem evolução,
da barragem, com vista à detecção de erosões. quando exibe as características reportadas na
inspeção anterior, ou com evolução, quando
B. Ficha de inspeção para apresenta desenvolvimento de alguma das
barragens suas características.
de terra
Por último, deve ser realizado um juízo sobre
Em resultado de cada inspeção, deve ser elabo- a prioridade de intervenção de acordo com a
rada uma ficha de registro, que conterá todos seguinte classificação:

26 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
barragem (coroamento e paramentos), a sua
Situação de alerta e de emergência,
zona envolvente (ombreiras, inserção no maciço
E obrigando a implementação das ações
recomendadas em caso de emergência; de fundação e zona imediatamente a jusante da
barragem) e, quando se justifique, as vertentes
Situação de atenção, que se admite do reservatório em zonas previamente identifi-
poder ser controlada sem necessida- cadas como potencialmente instáveis.
de de implementação das ações de
A
emergência, obrigando a mobilização de
um engenheiro de barragens e, eventual- As inspeções devem ser realizadas de acordo
mente, de meios exteriores; com um percurso determinado (de preferên-
cia, definido na inspeção de referência), para
Situação potencialmente grave, a que a sequência dos aspectos e dos locais a
resolver no imediato, podendo necessi-
1 inspecionar se mantenha de inspeção para
tar da intervenção de um engenheiro de
barragens; inspeção, e ter em conta os registros efetuados
em inspeções anteriores.
Situação sem gravidade, a resolver na
primeira oportunidade (em curto prazo), Devem ser anotados o nível do reservatório a
2 com os meios existentes no local e dis-
pensando a intervenção de um engenhei-
montante, o estado do tempo no dia da ins-
ro de barragens. peção e nos dias anteriores (dado que a ocor-
rência de chuva, ou de tempo muito seco, pode
afetar as conclusões a tirar) e as anomalias
encontradas, bem como proceder ao registro
C. Recursos necessários para fotográfico.
realização das inspeções
A observação de pormenor deve naturalmente
O material necessário para as inspeções con- ser feita a curta distância. No entanto, há situa-
siste em: ções e alterações face ao estado precedente,
cuja observação deve ser feita à distância,
• ficha de registro da inspeção anterior; como acontece, por exemplo, com distorções
• ficha para registro da inspeção atual e da superfície do aterro, alterações sutis da
caneta, com uma planta esquemática da vegetação ou manchas de umidade.
barragem para anotações;
Deste modo, antes da inspeção pormenorizada
• máquina fotográfica; da barragem, deve ter-se uma visão global da
• em certos casos, em especial quando as mesma onde se identificarão as zonas com
barragens são muito extensas, binóculos; aspecto diferente das restantes. O percurso a
percorrer deve incidir, também, nas zonas de
• uma régua pequena (graduada em mm)
características particulares identificadas na
para medição de pequenos deslocamentos
vista global. Se pertinente, devem ser anota-
ou trincas e que pode servir de escala para
dos em planta da obra os pontos visitados/
fotos);
inspecionados.
• uma fita métrica de 20 ou 50 m;
Na detecção de deslocamentos (verticais ou
• pequena garrafa (de plástico transparente) horizontais), é ainda adequada a utilização de
para verificação da turvação da água e certos alinhamentos como referência, de que
eventual coleta de amostras de água. é exemplo a linha de água no reservatório. A
interseção do plano da água do reservatório
D. Roteiro das inspeções com o paramento de montante em barragens
de eixo retilíneo deve ser uma linha reta. A sua
As inspeções visuais das pequenas barragens curvatura (Figura 8) pode indicar a ocorrência
de terra devem envolver toda a superfície da de erosões ou de movimentos do talude.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
27
ocorrem geralmente em barragens de aterro
e avaliar a incidência dessas deficiências na
segurança da barragem.

As anomalias observadas em barragens de


terra enquadram-se nos seguintes tipos: borda
livre insuficiente, percolação, fendilhação,
perda de estabilidade dos paramentos ou dos
taludes do reservatório, depressões (recalques
e abatimentos), problemas de manutenção
(proteção inadequada de paramentos, erosão
superficial devido à água das chuvas, cresci-
Figura 8 – Curvatura na linha de interseção do es-
pelho de água com o paramento de montante mento excessivo de vegetação e buracos de
Fonte: Banco de Imagens ANA animais) e deteriorações ou obstruções de
estruturas hidráulicas. As patologias mais gra-
ves e mais frequentes em pequenas barragens
E. Execução das inspeções de terra estão relacionadas com o galgamento
devido à insuficiência da borda livre, a erosão e
Como se referiu, as inspeções visuais visam à obstruções dos vertedouros e a problemas de
detecção de sinais ou evidências de deteriora-
erosão interna.
ções da barragem. Para o efeito, torna-se ne-
cessário identificar os tipos de deficiências que As anomalias estão indicadas no Anexo 3.

28 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
4 GUIA DE
MANUTENÇÃO

Um adequado programa de manutenção B. Manutenção preventiva


protege a barragem contra a deterioração,
prolonga a sua vida e reduz grandemente a Os problemas ou situações mais frequentes
probabilidade de ruptura. O custo das tarefas necessitando de manutenção são a deteriora-
de manutenção realizadas no tempo adequa- ção do coroamento, as falhas na proteção na
do é reduzido, se comparado com os custos de zona superior do paramento de montante, as
correção de patologias, de prejuízos ou dispu-
falhas na proteção do paramento de jusante,
tas devido a perdas de água ou a uma ruptura.
a obstrução parcial ou total do sistema de
drenagem superficial (calhas), o ravinamento
A. Tipos de manutenção dos paramentos, o crescimento de vegetação
arbustiva no coroamento e nos paramentos,
A manutenção é o conjunto de tarefas desti-
a erosão do vertedouro e da zona de saída do
nadas a manter a barragem em adequadas
verterdouro e do descarregador de fundo, e
condições de segurança e de funcionalidade.
a perda de funcionalidade dos registros dos
Em geral, distinguem-se dois tipos de manu-
tenção: a preventiva e a corretiva. descarregadores de fundo/tomada d’água.

Define-se como manutenção preventiva São necessárias ações de manutenção preven-


aquela que é efetuada correntemente, antes tiva no corpo do aterro, nas ombreiras, na zona
da ocorrência de uma dada anomalia (visando a jusante, no(s) vertedouro(s), no descarrega-
evitá-la), ao passo que a manutenção corretiva dor de fundo e na tomada d’água, bem como
corresponde aos trabalhos de reparação na no próprio reservatório e na bacia hidrográfica
sequência da detecção de deteriorações. na proximidade imediata do reservatório.
Todas as atividades de manutenção deverão Para garantir a eficácia de aplicação das
ser anotadas na Ficha de Programação e
atividades correntes de manutenção, deve
Registro de Operação e Manutenção apre-
cumprir-se o Planejamento das Atividades
sentada no Anexo 6, acompanhada de esque-
de Manutenção Preventiva apresentado no
mas e de fotografias, com indicação da data de
intervenção, das condições atmosféricas e dos Anexo 4. Neste planejamento elencam-se as
intervenientes. Deste modo, o acompanha- tarefas, a periodicidade, a época do ano mais
mento e a interpretação do comportamento da adequada à sua realização e estabelece-se a
barragem serão muito facilitados. respectiva prioridade.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
29
C. Manutenção corretiva reservatório. Constituem a resposta especiali-
zada após detecção de anomalias relevantes
Quando da realização de inspeções ou durante no decurso de uma inspeção. A relevância de
as tarefas de manutenção preventiva, alguns uma anomalia decorre da natureza (tipo), da
problemas podem ser identificados na barra- dimensão e (taxa de) evolução recente.
gem e necessitam de uma atuação imediata
As tarefas de manutenção corretiva agrupadas
para sua correção.
segundo o tipo de anomalia e identificadas com
Os problemas ou situações mais frequentes um código de referência indicativo da prioridade
necessitando de manutenção corretiva são: de intervenção são descritas no Anexo 5.
borda livre insuficiente, percolação, fendilha-
ção, perda de estabilidade dos paramentos ou
D. Recursos necessários para a
dos taludes do reservatório, depressões (re- execução das manutenções
calques e abatimentos), problemas de manu-
tenção (proteção inadequada de paramentos, A maioria das manutenções, sejam preventivas
erosão superficial devido à água das chuvas, ou corretivas, podem ser realizadas pela equi-
crescimento excessivo de vegetação e buracos pe de campo do próprio empreendedor. São
de animais), deteriorações ou obstruções de tarefas, em geral, de fácil execução, que podem
estruturas hidráulicas, crescimento de plantas ser realizadas por um pedreiro e um servente.
aquáticas e sedimentação excessiva do reser-
vatório. Dentre as patologias mais graves, as
mais frequentes em pequenas barragens de Tarefas mais complicadas re-
terra estão relacionadas com o galgamento e querem o acompanhamento
com a erosão interna. de um engenheiro, e estão in-
dicadas por meio de um dese-
As operações de manutenção corretiva (repa- nho como da figura ao lado.
ração) de uma barragem podem decorrer na
sua superfície (coroamento e paramentos),
na zona envolvente (ombreiras, inserção no
maciço de fundação e zona imediatamente a
jusante da barragem) e nas vertentes do re-
servatório em zonas específicas, bem como no

30 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Em relação aos recursos materiais, é importante que o empreendedor disponha, ou tenha fácil
acesso a:

Ferramentas: Materiais:
Ancinho; Areia média;
Bote; Argamassa;
Betoneira; Brita nº 2;
Calhas; Calda de cimento ou equivalente;
Carrinho de mão (carriola); Concreto;
Carro para transporte dos resíduos; Concreto magro;
Compactador manual; Espécies vegetais (arbustos de porte médio)
Cordas; Geotêxtil;
Enxada; Mástique;
Estacas de amarração; Material betuminoso;
Foice; Pés de árvores de espécies frondosas;
Flutuadores; Produto para a eliminação dos cupins;
Barco Rip-rap;
Luvas; Sementes;
Marreta; Solo argiloso;
Mangueira; Solo orgânico.
Máscara;
Martelo;
Material de carpinteiro;
Nível de bolha;
Pá;
Picareta;
Ponteiro de aço;
Rede;
Roçadeira;
Enxadinha;
Motosserra;
Serrote;
Conjunto motobomba;
Tesoura de poda;
Trena;
Utensílios para aquecer e aplicar o
material betuminoso;

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
31
5 GUIA DE
PROCEDIMENTOS
DE EMERGÊNCIA

Quando as pequenas barragens sofrem ruptu- (provocadas por acidentes), as quais podem
ras, a água represada pode ser liberada e pro- ser causadas:
vocar graves consequências. Este guia contém
• por ocorrências excepcionais naturais ex-
um conjunto de ações recomendadas em caso
teriores à barragem (tempestades e cheias
de emergência, que visa fundamentalmente
devido a precipitações intensas);
socorrer as pessoas e proteger os bens em
perigo, e que incluem medidas minimizadoras • pela ruptura de barragens a montante;
das consequências a jusante, a informação • pelas circunstâncias anômalas de compor-
imediata dos responsáveis pela Defesa Civil tamento identificadas como situações de
e do regulador, o aviso aos operadores das alerta e de emergência (classificadas com
barragens a jusante e à população a jusante e, a prioridade E) no guia de inspeções de
se possível, a promoção da descida do nível da
segurança.
água no reservatório.
Em termos de ocorrências excepcionais
O presente guia deverá ser seguido para as res- naturais exteriores, as mais relevantes em pe-
tantes pequenas barragens. Indica as possíveis quenas barragens são as associadas a cheias
situações de alerta e de emergência em face, causadas por precipitações intensas, devendo-
respectivamente, de um incidente (anomalia se considerar que se atinge uma situação de
suscetível de afetar, em curto ou longo prazo, a alerta sempre que a borda livre de projeto não
funcionalidade da obra e que implica a tomada está garantida, ou sempre que esta é inferior
de medidas corretivas) ou de um acidente a 1 m, ou ocorre ou está prevista a ocorrência
(ocorrência excepcional cuja evolução não de precipitação de grande intensidade na
controlada é suscetível de originar uma onda bacia hidrográfica da barragem com o nível da
de inundação), os procedimentos após a sua água no reservatório próximo do nível máximo
identificação, as ações preventivas e correti- normal. A situação de emergência deverá ser
vas a serem executadas pelo empreendedor/ considerada sempre que ocorre, em qualquer
operador em caso de situação de emergência, local e com qualquer lâmina de água, galga-
bem como os agentes a serem notificados mento da barragem.
dessa ocorrência.
Também a declaração de uma situação de
alerta e de emergência em qualquer das
A. Situações de alerta e de
barragens a montante deve corresponder a
emergência
uma situação de alerta e de emergência na
O presente guia aplica-se às situações de aler- barragem em análise.
ta (causadas por incidentes) e de emergência

32 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
B. Procedimentos em situações de alerta e emergência em pequenas
barragens

Em caso de eventos naturais extremos (chuvas intensas e cheias, etc.):

Situação Estado O que fazer:

Nível da água subindo 1 – Ficar de prontidão na barragem.


rapidamente (mais de 1 metro por Alerta 2 – Abrir a tomada d’água de forma a reduzir a velocidade de
hora) enchimento da barragem.

Borda livre inferior a 1 m, em 1 – Abrir a tomada d’água e a descarga de fundo até alcançar a
Alerta
período seco borda livre de 1 m.

1 – Ficar de prontidão na barragem.


2 – Abrir a tomada d’água e a descarga de fundo de forma a redu-
Borda livre inferior a 1 m em
zir a velocidade de enchimento da barragem.
período chuvoso e nível da água Alerta
3 – Avisar a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil.
continuando a subir
4 – Avisar o proprietário da primeira barragem rio abaixo.
5 – Isolar o acesso à barragem por pessoas estranhas.

1 – Avisar a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil


2 – Avisar população que vive às margens do rio até 5 km a jusante.
Galgamento da barragem Emergência
3 – Avisar o proprietário da primeira barragem rio abaixo.
4 – Isolar o acesso à barragem por pessoas estranhas.

Em caso de situações de alerta ou emergência da barragem de montante:

Situação Estado O que fazer:

1 – Avisar Coordenadoria Municipal de Defesa Civil.


2 – Ficar de prontidão na barrage.m
3 – Abrir a tomada d’água se o nível do reservatório subir mais
de 1 metro por hora.
Barragem de montante em estado de 4 – Abrir a descarga de fundo se o nível do reservatório ultra-
Alerta
alerta passar o nível máximo maximorum.
5 – Fechar a descarga de fundo quando o nível do reservatório
começar a baixar.
6 – Fechar a tomada d’água quando o nível atingir o nível
máximo normal.

1 – Avisar a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil.


2 – Avisar população que vive às margens do rio até 5 km a
Barragem de montante em estado de
Emergência jusante.
emergência
3 – Avisar o proprietário da primeira barragem rio abaixo.
4 – Isolar o acesso à barragem por pessoas estranhas.

Em casos de problemas de manutenção:

Situação Estado O que fazer:

1 – Mobilizar um engenheiro com experiência em barragem


Erosão no paramento de jusante evo- para uma avaliação da gravidade do problema.
Alerta
luindo rapidamente 2 – Ficar de prontidão na barragem.
3 – Avisar Coordenadoria Municipal de Defesa Civil.

Descarga de fundo bloqueada durante o


Alerta 1 – Realizar a manutenção corretiva imediatamente.
período seco

Descarga de fundo bloqueada durante o 1 – Realizar a manutenção corretiva imediatamente.


Emergência
período chuvoso 2 – Avisar a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
33
Situação Estado O que fazer:

1 – Realizar a manutenção corretiva imediatamente sob a


orientação de um engenheiro com experiência em barragem.
Surgência no paramento de jusante e
2 – Ficar de prontidão na barragem, até à correção do pro-
ombreiras com turvação da água
blema.
Alerta
3 – Se a vazão da surgência aumentar ou a turvação da água
Surgência com turvação em drenos ou
aumentar, abrir a descarga de fundo e a tomada d’água.
zonas tratadas com filtros e drenos
4 – Se o problema se mantiver e não for possível descer o
nível no reservatório, passar para o estado de emergência.

1 – Realizar a manutenção corretiva imediatamente sob a


orientação de um engenheiro com experiência em barragem.
2 – Ficar de prontidão na barragem, até à correção do pro-
Surgência na zona imediatamente a
blema.
jusante com ou sem deposição de ma- Alerta
3 – Se o material depositado aumentar rapidamente, abrir a
terial carreado
descarga de fundo e a tomada d’água.
4 – Se o problema se mantiver e não for possível descer o
nível no reservatório, passar para o estado de emergência.

1 – Realizar a manutenção corretiva imediatamente sob a


Surgência no contato do conduto da orientação de um engenheiro com experiência em barragem.
descarga de fundo com o aterro, apenas 2 – Ficar de prontidão na barragem, até à correção do pro-
Alerta
quando em pressão, quando não é pos- blema.
sível fechar a descarga de fundo 3 – Se a vazão da surgência aumentar, ou existir turvação da
água, passar para o estado de emergência.

1 – Abrir a descarga de fundo e a tomada d’água até o nível


Trincas transversais abaixo do nível
da água no reservatório ser inferior à cota da base da trinca.
máximo maximorum, quando o nível da
2 – Ficar de prontidão na barragem, até a descida do nível do
água subir acima da cota da trinca e a
reservatório indicada em 1.
água sair com pressão a jusante
Alerta 3 – Se a vazão através da trinca aumentar ou aumentar a
turvação e não for possível descer o nível no reservatório,
Trincas longitudinais horizontais nos
passar para o estado de emergência.
paramentos

1 – Ficar de prontidão na barragem.


2 – Abrir a tomada d’água e a descarga de fundo de forma
Deslizamento profundo com redução
a reduzir a velocidade de enchimento da barragem, se estive-
significativa da borda livre, durante o
Alerta rem operacionais.
período chuvoso e nível da água conti-
3 – Avisar a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil.
nuando a subir
4 – Avisar o proprietário da primeira barragem rio abaixo.
5 – Isolar o acesso à barragem por pessoas estranhas.

1 – Abrir a descarga de fundo e a tomada d’água.


2 – Realizar a manutenção corretiva imediatamente sob a
Aumento de abatimento com saída de orientação de um engenheiro com experiência em barragem.
água ou de materiais por qualquer ponto Alerta 3 – Ficar de prontidão na barragem.
do barramento, fundação ou ombreiras 3 – Se a vazão aumentar ou aumentar a turvação e não for
possível descer o nível no reservatório, passar para o estado
de emergência.

Severos danos estruturais no(s) verte-


douro(s) em concreto devido a subpres-
sões durante o período chuvoso
1 – Abrir a tomada d’água e a descarga de fundo de forma a
reduzir a velocidade de enchimento da barragem.
Inclinação do(s) muro(s) do(s) verte-
2 – Realizar a manutenção corretiva imediatamente sob a
douros durante o período chuvoso
orientação de um engenheiro com experiência em barragem.
Alerta 3 – Ficar de prontidão na barragem, até à correção do pro-
Danos estruturais devido a galgamen-
blema.
to do vertedouro durante o período
4 – Se o vertedouro começar a descarregar e os danos se
chuvoso
agravarem, passar para o estado de emergência.
Redução da capacidade de vazão do
vertedouro por perda de estabilidade de
taludes durante o período chuvoso

Funcionamento inadequado da descar-


1 – Realizar a manutenção corretiva imediatamente sob a
ga de fundo por perdas de água, se não
orientação de um engenheiro com experiência em barragem.
existir comporta a montante ou esta Alerta
2 – Ficar de prontidão na barragem, até à correção do pro-
estiver avariada
blema.

34 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Situação Estado O que fazer:
Surgência no paramento de jusante e
ombreiras com turvação da água

Surgência com turvação em drenos ou


zonas tratadas com filtros e drenos

Surgência na zona imediatamente a


jusante com deposição de material
carreado

Surgência no contato do conduto da


descarga de fundo com o aterro apenas
quando em pressão, quando não é pos-
sível fechar a descarga de fundo

Trincas transversais abaixo do nível


máximo maximorum, quando o nível da
água subir acima da cota da trinca e a
água sair com pressão a jusante
1 – Avisar a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil.
2 – Avisar população que vive às margens do rio até 5 km a
Trincas longitudinais horizontais nos
Emergência jusante.
paramentos
3 – Avisar o proprietário da primeira barragem rio abaixo.
4 – Isolar o acesso à barragem por pessoas estranhas.
Aumento de abatimento com saída de
água ou de materiais por qualquer ponto
do barramento, fundação ou ombreiras

Severos danos estruturais no(s) verte-


douro(s) em concreto devido a subpres-
sões durante o período chuvoso

Inclinação do(s) muro(s) do(s) verte-


douros durante o período chuvoso

Danos estruturais devido a galgamen-


to do vertedouro durante o período
chuvoso

Redução da capacidade de vazão do


vertedouro por perda de estabilidade de
taludes durante o período chuvoso

C. Telefones de contato para os D. Meios necessários


casos de alerta e emergência
Para fazer face a situações de alerta e de emer-
Manter esses telefones sempre gência, devem existir ou serem disponibilizados
atualizados!!! meios de comunicação, de fornecimento de
energia, de alerta e de transporte terrestre para
1 – Coordenadoria Municipal de Defesa Civil:
___________________________________________________ operações de alerta, equipamentos (gruas, ca-
minhões, retroescavadoras) e recursos mate-
2 – Defesa Civil Estadual: ________________________ riais e humanos necessários à implementação
3 – Corpo de Bombeiros: _________________________ das ações preventivas e corretivas previstas.

4 – Proprietário da barragem (rio abaixo): _____ Sempre que seja necessário, recorrer a recur-
___________________________________________________ sos de entidades exteriores ao empreendedor,
como municípios, este deve elencar os recursos
5 – Agência Nacional de Águas: ________________
a solicitar e estabelecer os contatos necessá-
5 – Órgão gestor de recursos hídricos estadual: rios para a sua pronta disponibilização em caso
___________________________________________________ de alerta e de emergência.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
35
Em emergências em período noturno, é impor- emergência (centros operacionais de Defesa
tante que a barragem disponha de iluminação Civil, Entidades Fiscalizadoras e responsáveis
(projetores e material de iluminação) no pela operação das barragens a montante e a
coroamento, no paramento de jusante e no jusante).
vertedouro.

F. Condições de acesso à
E. Local de observação e equipe barragem
de gestão
Numa emergência, a execução com sucesso
Junto à barragem deve ser devidamente de ações previstas pode depender de diversos
escolhido um local seguro que permita a vi- fatores, nomeadamente da possibilidade de a
sualização do vertedouro, do coroamento, do equipe operacional chegar rapidamente e em
paramento de jusante e da zona a jusante da segurança ao local para avaliar as condições
barragem, designado por Local de Observação, operacionais e proceder a ações de alerta,
onde deverá permanecer em situação de caso necessário, e do transporte para o local
alerta a equipe responsável pela gestão da da barragem de material e de equipamento
situação de alerta e de emergência. necessário para proceder a intervenções de
emergência consideradas indispensáveis.
Esta equipe, devidamente coordenada pelo
elemento de ligação da Defesa Civil ou Deste modo, deve ser garantido o acesso à
pelo responsável do empreendedor, deve- barragem, sempre que possível, por ambas as
rá recolher informações sobre a situação, margens do rio, executado um mapa com a
coordenar as ações previstas, mobilizar os localização dos acessos rodoviários e indicado
recursos e manter a comunicação com os se os mesmos são afetados pela cheia que
agentes envolvidos no controle da situação de resulta da eventual ruptura da barragem.

36 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
6 REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

MOLLE, F. e CADIER, E. Manual do Pequeno Açude, Recife: Superintendência do Desenvolvimento


do Nordeste, Secretaria do Desenvolvimento Regional, 1992.

SMEC – Draft Guidelines for Managing Small Dams. Appendix E. Small Dams Guidelines.
Australia: SMEC International Pty, 2005.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
37
ANEXO 1 - FICHA DE
IDENTIFICAÇÃO E
CARACTERÍSTICAS
GERAIS

38 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS
BARRAGEM DE _______________________________________

Instruções: O empreendedor deve preencher esta ficha (ou outra definida pelo agente fiscalizador)
com as informações disponíveis, mantendo-a atualizada.

IDENTIFICAÇÃO
Nome:
Barragem
Código:
Estado:
Município:
Região hidrográfica:
Bacia hidrográfica:
Localização
Rio:
Latitude:
Coordenadas:
Longitude:
Estrada de acesso:
Nome:
Contato:
Endereço postal:
Empreendedor Fixo:
Telefone:
Celular:
Fax:
E-mail:
Nome:
Contato:
Endereço postal:
Técnico responsável
Telefone:
Fax:
E-mail:
Autor:
Ano:
Projeto
Localização:
Contato:
Construtor:
Construção
Período de construção:
Exploração Início:
Nível máximo normal (m):
Área para o nível máximo normal
(ha):
Reservatório Volume para o nível máximo nor-
mal (103m3):
Nível máximo maximorum (m):
Uso do reservatório:

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
39
Área:
Precipitação média anual:
Cobertura vegetal:
Bacia hidrográfica
Tipo de relevo:
Tipo de ocupação:
Singularidades:
Montante:
Barragens associadas
Jusante:
CORPO DA BARRAGEM
Tipo estrutural:
Cota do coroamento (m):
Borda livre (m):
Altura máxima acima da fundação (m):
Altura máxima acima do leito do curso de água (m):
Comprimento do coroamento (m):
Largura do coroamento (m):

Paramento de mon- Inclinação:


tante Tipo de proteção:
Inclinação:
Paramento de jusante
Tipo de proteção:
Dispositivos de drenagem e filtragem:
Volume total de aterro:
Tipo de materiais do aterro:
Tipo de materiais dos filtros:
Tipo de materiais dos drenos:
CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS REGIONAIS
Tipo de formações:
Características de permeabilidade do reservatório:
Suscetibilidade a escorregamento de taludes do reserva-
tório:
CARACTERÍSTICAS DAS FUNDAÇÕES
Zona removida:
Tipo de formação:
Acidentes geológicos principais:
TRATAMENTO DAS FUNDAÇÕES
Tipo
Dimensões
Tipo de materiais
DESCARREGADOR DE CHEIAS
Número:
Localiza-
ção:
Tipo Entrada:
e
Canal:
dimen-
sões prin- Modalidade de
cipais: dissipação de energia:
Vazão de projeto (Qdim):
Possibilidade de Qdim estar sub-avaliado:

40 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
DESCARREGADOR DE FUNDO (E TOMADAS DE ÁGUA ASSOCIADAS)
Número:
Localização:
Vazão (sob o nível máximo normal):
Tipo de comportas (ou válvulas):
Dimensões principais:
Possibilidade de manobra manual:
Comando à distância:
Condições de acesso:
AVALIAÇÃO DOS RISCOS A JUSANTE
O vale é encaixado?
Morfologia do Declive médio do talvegue:
vale:
Esquema com perfil transversal
tipo do vale:
Extensão:

Onda de inundação Lista dos lugares afetados:


Ocupação do População por lugar afetado:
território:
Breve descrição da ocupação a
jusante:
Meios de comunicação:
Práticas de emergên- Existem procedimentos de emer-
cia: gência? Quais?
Existe sistema de aviso e alerta?
ALTERAÇÕES OU OBRAS DE REABILITAÇÃO
Origem ou causa:
Descrição sumária:
Data:
Projetista:
Construtor:
Resultados obtidos:

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
41
ANEXO 2 - Modelo de
ficha de inspeção
regular de pequenas
barragens de terra

42 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
MODELO DE FICHA DE INSPEÇÃO REGULAR DE PEQUENAS
BARRAGENS DE TERRA

Instruções:

• O empreendedor deve utilizar este modelo de ficha a cada inspeção regular realizada na
barragem.
• O arquivo digital com esta ficha pode ser encontrado em www.ana.gov.br/segurancadebarragens

Inspeção regular da barragem _______________________________________________________________________

Dados gerais da inspeção


Agente responsável pela inspeção
Data da última inspeção
Data da presente inspeção
Estado do tempo (seco, chuva)
Estado do tempo nos dias anteriores (uma semana)
Nível do reservatório (m)
Borda livre (m)

A legenda de preenchimento abaixo corresponde aos quadros que seguem.

Foto Indicar nº da foto (a colocar após a ficha).


D Dimensão Sempre que possível quantificar medindo.
H Histórico N - novo.
S - sem evolução.
C - com evolução.
SA - sem anomalia.
G Prioridade E - Emergência.
A - Atenção.
1 - reparação em curto prazo.
2 - reparação em médio prazo.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
43
Inspeção do corpo da barragem

Coroamento
Tópico Descrição Foto D H G
Alinhamento
Trincas
Recalques
Sulcos
Revestimento
Nivelamento
Abatimentos
Vegetação
Galerias de animais
Drenagem
Iluminação

Paramento de montante
Tópico Descrição Foto D H G
Alinhamento da linha de
água
Estado do revestimento
Trincas
Recalques
Abatimentos
Escorregamentos
Vegetação
Galerias de animais
Erosões
Borbulhamento ou Vórtices

Ombreira direita do lado de montante


Tópico Descrição Foto D H G
Recalques
Vegetação
Erosões
Abatimentos
Vazios
Galerias de animais

44 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Ombreira esquerda do lado de montante
Tópico Descrição Foto D H G
Recalques
Vegetação
Erosões
Abatimentos
Vazios
Covas de animais

Paramento de jusante
Tópico Descrição Foto D H G
Estado do revestimento
Trincas
Recalques
Abatimentos
Vegetação
Galerias de animais
Erosões
Ravinamentos
Surgências
Zonas úmidas
Escorregamentos
Condições de drenagem
Condições do pé de
jusante

Contato com estruturas em concreto


Tópico Descrição Foto D H G
Vegetação
Recalques
Abatimentos
Descolamento
Surgências

Contato com condutos


Tópico Descrição Foto D H G
Vegetação
Recalques no alinha-
mento do conduto
Abatimentos
Surgências

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
45
Ombreira direita do lado de jusante
Tópico Descrição Foto D H G
Trincas
Erosões
Recalques
Abatimentos
Vegetação
Galerias de animais
Drenagem
Surgências
Zonas úmidas
Sistema drenagem
superficial

Ombreira esquerda do lado de jusante


Tópico Descrição Foto D H G
Trincas
Erosões
Recalques
Abatimentos
Vegetação
Galerias de animais
Drenagem
Surgências
Zonas úmidas
Sistema drenagem
superficial

Inserção do talude de jusante no maciço


Tópico Descrição Foto D H G
Trincas
Vegetação
Surgências
Zonas úmidas
Empolamentos

46 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Maciço imediatamente a jusante – Fundo do vale
Tópico Descrição Foto D H G
Vegetação
Surgências
Abatimentos
Zonas úmidas
Recalques
Empolamentos
Alteração na vazão dos
drenos

Inspeção ao vertedouro

Aproximação ao vertedouro
Tópico Descrição Foto D H G
Obstruções
Vegetação
Erosões
Estado dos muros ou
taludes

Soleira e canal
Tópico Descrição Foto D H G
Obstruções
Vegetação
Erosões
Estado dos muros ou
taludes
Estado da soleira
Juntas

Saída
Tópico Descrição Foto D H G
Obstruções
Vegetação
Erosões
Estado da estrutura de
dissipação de energia
Obstruções a jusante

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
47
Órgãos de descarga

Monge
Tópico Descrição Foto D H G
Condições de acesso à
entrada
Obstruções à entrada
Estado da estrutura
Erosões à saída
Obstruções à saída
Vegetação

Descarregador de fundo
Tópico Descrição Foto D H G
Condições de acesso à
entrada
Obstruções à entrada
Erosões à saída
Obstruções à saída
Vegetação
Comporta (data da
última abertura)
Comporta – estado
órgãos de comando
Condições de escoa-
mento com a compor-
ta a montante fechada

Vizinhança da barragem

Reservatório
Tópico Descrição Foto D H G
Taludes de montante -
instabilidade
Taludes de montante -
erosões
Detritos na água
Plantas aquáticas

Riscos a jusante
Tópico Descrição Foto D H G
Modificações na ocu-
pação do vale
Operacionalidade do
sistema de alerta

48 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
ANEXO 3 - TIPOS
DE ANOMALIAS
ENCONTRADAS
EM PEQUENAS
BARRAGENS DE TERRA

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
49
Anomalia tipo 1 – Borda livre
insuficiente

A borda livre visa assegurar que a passagem


de uma cheia não produza o galgamento da
barragem, o qual, se persistente e em mate-
riais erodíveis, poderá levar à formação de
uma brecha e à ruptura da barragem.

Deste modo, é importante verificar se terá


ocorrido, em algum local, galgamento da
barragem, através de indícios de erosão su-
perficial, nomeadamente, no coroamento da
barragem (Figura 9), ou se a borda livre (que Figura 10 – Borda livre insuficiente
deverá ser no mínimo de 1 m) é insuficiente Fonte: Banco de Imagens ANA

(Figura 10), através da medição da distância


mínima na vertical entre a cota mais baixa do
Anomalia tipo 2 – Percolação
coroamento da barragem e o nível máximo do
reservatório (muitas vezes reconhecido nas
não controlada
margens, pela inexistência de vegetação).
Anomalia tipo 2.1 – Surgências no
paramento de jusante, ombreiras e zona
imediatamente a jusante

A percolação não controlada através da funda-


ção ou do corpo da barragem é uma importante
causa de ruptura deste tipo de barragens.

A percolação torna-se um problema quando


um eventual arrastamento pela água dos
materiais do aterro ou da fundação origina
fenômenos de erosão interna (ou piping), ou
quando um aumento excessivo das pressões
intersticiais no corpo da barragem ou na sua
fundação, acompanhado pela perda de re-
sistência dos materiais do aterro, associada à
respectiva saturação, potencia condições de
instabilidade dos taludes. Por outro lado, am-
Figura 9 – Erosão do maciço de jusante e do coro- bos os fenômenos podem estar associados,
amento após galgamento da barragem
Fonte: SMEC, 2005 / Banco de Imagens ANA como na emergência de água, de um modo
descontrolado, na zona inferior do paramento
de jusante, capaz de propiciar a ocorrência de
deslizamentos e escorregamentos.

O atravessamento do corpo da barragem ou


da sua fundação por condutos, por poderem
condicionar as condições de compactação
dos materiais envolventes e por originarem
transferências de tensões entre materiais de
diferente deformabilidade, podem constituir
percursos de percolação privilegiados, com

50 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
consequências graves para a segurança das Quando haja dúvidas quanto à origem da água
barragens, tendo sido já responsáveis por algu- percolada, deve-se procurar a correlação entre
mas rupturas. as vazões percoladas e os níveis do reservatório
ou a precipitação atmosférica.
A existência de camadas de maior permeabili-
dade, a ocorrência de fissuração no núcleo e o A erosão interna regressiva por vezes é acompa-
insuficiente tratamento das fundações são fa- nhada da deposição, em forma de cone (Figura
tores que propiciam uma percolação da água. 12), no ponto de saída da água, de solos finos
(areias ou siltes). Estas formações devem ser
O assoreamento de valetas e calhas pode indi- fotografadas, e registradas as suas dimensões.
ciar o transporte pela água do material de ater- Deve-se ainda implementar medidas corretivas.
ro ou da fundação para o exterior da barragem Como medidas temporárias recomenda-se:
(o que pode ser particularmente grave para a
segurança desta) ou ser apenas o resultado
• a construção, com sacos de areia, de um dique
da deposição de sedimentos produzidos por
em redor do ponto de saída, para aumentar a
erosão superficial devido à água da chuva.
altura de água acima do cone e, deste modo,
Salienta-se ainda que a circulação da água reduzir o potencial de piping (o procedimento
pode arrastar material do aterro para o interior contrário, isto é, a drenagem dessa água pode
dos vazios de uma fundação rochosa, não sen- aumentar o gradiente hidráulico e induzir
do, por isso, o efeito aparente até que o aterro piping);
colapse a partir da superfície. • ou, em alternativa, a colocação, sobre a zona
de saída, de um filtro de areia, eventualmen-
Na inspeção visual devem identificar-se os
te carregado com outro material, de forma
locais de saída da água (surgências, com ou
a evitar a saída de mais material carreado
sem pressão e surgências com ou sem carrea-
(deste procedimento pode ainda resultar uma
mento) em resultado da percolação através
obstrução regressiva que diminua a vazão e
do corpo da barragem e da sua fundação. É
a velocidade de percolação, minimizando a
frequente acontecer que não seja possível
gravidade da situação).
visualizar a água de percolação através da
fundação (situação que ocorre, por exemplo,
quando existem formações aluvionares no
leito do rio a jusante, cuja permeabilidade per-
mite assegurar a percolação, pelo seu interior,
da vazão a elas afluente).

No caso de detecção de novas saídas de água


(surgências - Figura 11), devem adotar-se os
seguintes procedimentos:

• localização de todos os pontos de saída;

• medição das respectivas vazões;

• avaliação da limpidez da água percolada;

• registro do nível da água no reservatório no


Figura 11 – Surgência e zona alagada em zona ime-
decurso da observação;
diatamente a jusante da barragem
Fonte: Banco de Imagens ANA
• verificação das condições recentes de
precipitação.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
51
tornou mais permeável, possivelmente em
resultado de uma fissuração transversal.

Anomalia tipo 2.3 – Surgências em


zonas de contato do aterro com
estruturas rígidas

A inspeção deve incidir, com especial cuidado,


em zonas de maior suscetibilidade, como om-
breiras e zonas de contato dos aterros com as
obras hidráulicas (descargas de fundo, toma-
das de água e vertedouros).
Figura 12 – Erosão regressiva com a deposição de
um cone de solo fino As dificuldades de compactação junto a estas
Fonte: Banco de Imagens ANA
estruturas rígidas podem conduzir a zonas
menos densas, de maior permeabilidade e com
Anomalia tipo 2.2 – Surgências em
selagem parcial ao longo do contato, tornando-
drenos ou zonas tratadas com filtros e
-as, deste modo, mais suscetíveis a problemas
drenos
de percolação não controlada.
No que se refere aos filtros e drenos, deve A detecção de água nas zonas acessíveis das
observar-se, não só a limpidez ou turvação da interfaces com os condutos (Figura 13) é par-
água, mas igualmente a vazão. De fato, a even- ticularmente delicada, já que pode também
tual turvação da água assinala o transporte de indicar a existência de trincas ou orifícios nes-
partículas sólidas. Por outro lado, a vazão (e a ses condutos, capazes de permitir, quando em
sua variação relativamente a situações análo- carga, a entrada de água sob pressão no aterro,
gas antecedentes), pode fornecer informação podendo daí resultar fenômenos de erosão in-
relevante. Assim, por exemplo: terna, eventualmente, que conduzem à ruptura
• um dreno que, em determinadas situações, da barragem.
não tem vazão pode indicar que, nessas si-
tuações, não existe percolação na sua zona
de influência ou que esta se processa com
pressões mais baixas do que as necessárias
para a ocorrência de vazão;
• um dreno no prolongamento de um filtro
chaminé, concebido para a interseção da
percolação, que nunca funciona, pode
significar que foi projetado ou instalado
incorretamente;
• um dreno que deixa subitamente de drenar
pode ter ficado obstruido, podendo acarre-
tar a saída de água no paramento de jusante
ou o aumento de pressões intersticiais com
a consequente instabilização do talude (por
isso os drenos bloqueados devem ser pron-
tamente limpos);
• um súbito aumento de vazão de um dreno, Figura 13 – Surgência em torno do conduto da des-
carga de fundo
sem alteração apreciável do nível do re- Fonte: Banco de Imagens ANA
servatório, pode indicar que a barragem se

52 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Anomalia tipo 2.4 – Zonas úmidas ou de Anomalia tipo 3 – Trincas
vegetação com grandes necessidades
de água O aparecimento de trincas em barragens de
terra pode ter origens diversas e diferentes
O aparecimento, no paramento de jusante configurações, sendo comum a sua classifi-
ou a jusante deste, de zonas saturadas ou cação segundo três tipos: trincas de retração
de variações na vegetação, pode indiciar a por secagem, trincas transversais e trincas
existência de uma percolação não controlada longitudinais.
pelos dispositivos de filtragem e drenagem,
cujas consequências para a segurança da obra
importa analisar. Anomalia tipo 3.1 – Trincas
por secagem
A existência de zonas cobertas com vegetação
com grandes necessidades de água em perma- As trincas por secagem resultam da perda
nência, como juncos e canaviais, bem como a de água e consequente retração de solos
existência de zonas onde a vegetação normal plásticos (como as argilas). Aparece, com
pareça mais viçosa e mais densa (Figura 14), uma configuração aleatória e alveolada, no
indica afluências de água. A localização de coroamento e no paramento de montante, em
zonas de vegetação mais densa abaixo de climas secos e quentes, quando o reservatório
uma certa cota do paramento de jusante pode permanece vazio por um longo período. Podem
indicar a interseção da linha de saturação com contribuir para a ocorrência de ravinamentos.
este paramento. Assim, devido à infiltração da água das chuvas
através destas fendas, e à perda de resistência
concomitante dos materiais do aterro, pode
produzir-se a desestabilização de certas zonas
superficiais. A menos que as trincas sejam
profundas, não assume grande gravidade para
a segurança estrutural da barragem, mas de-
verão ser objeto de tratamento no decurso da
manutenção preventiva.

Conceitualmente, a ocorrência de trincas pro-


fundas pode provocar a formação de uma bre-
cha na barragem, durante a subida do nível da
água no reservatório. Tal só poderá acontecer
por falta de selagem da zona, devido à lentidão
no processo de expansão, por saturação, do
Figura 14 – Zona de vegetação verdejante no talude solo confinante das fendas.
de jusante da barragem
Fonte: Banco de Imagens ANA

Anomalia tipo 3.2 – Trincas transversais

As trincas transversais aparecem geralmente


no coroamento da barragem, junto às ombrei-
ras em vales com seção trapezoidal ou em U.
Este tipo de trinca pode ser vertical ou hori-
zontal. No primeiro caso aparece associada a
maiores recalques nos perfis de maior altura
(particularmente quando a fundação é bas-
tante deformável) do que nas ombreiras (se

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
53
muito íngremes e rochosos). A segunda ocorre
nos vales muito apertados onde o efeito de
arco pode ocasionar que a deformação da par-
te superior da barragem não acompanhe a da
parte inferior. Estas trincas são especialmente
perigosas quando atingem a zona da barragem
(em barragens homogêneas) ou do núcleo (em
barragens zoneadas) a cotas inferiores ao nível
da água no reservatório, pois podem originar
um caminho de percolação concentrada e,
consequentemente, conduzir a uma muito
rápida erosão da barragem e, eventualmente,
à formação de uma brecha. Figura 15 – Trinca longitudinal no coroamento
Fonte: Banco de Imagens ANA

Anomalia tipo 3.3 – Trincas


Anomalia tipo 4 – Perda de
longitudinais
estabilidade de taludes da
barragem ou do reservatório
As trincas longitudinais (Figura 15) parecem
estar associadas a: A perda de estabilidade de taludes da barra-
gem ou do reservatório apresenta-se geral-
• recalques diferenciais entre zonas de aterro
mente associada aos seguintes fenômenos:
adjacentes de diferente compressibilidade; deslizamentos superficiais ou profundos,
• trações devido a recalques excessivos e a deslocamentos e trincas.
deformações laterais do aterro;
Anomalia tipo 4.1 – Deslizamentos
• formação de escarpas devido à perda de
superficiais
estabilidade de taludes (neste caso, a trinca
pode apresentar forma em arco). Os deslizamentos superficiais do talude
de montante são, por vezes, o resultado da
Permitindo a infiltração de água no aterro, com
adoção de um declive demasiado íngreme
a diminuição da resistência do material do ater- para as condições de esvaziamento rápido do
ro adjacente à fenda, este tipo de fendilhação reservatório, não representando uma ameaça
pode conduzir ou acelerar a ruptura do talude imediata à integridade das barragens. No en-
por deslizamento. tanto, podem provocar a obstrução da entrada
das descargas de fundo/tomadas de água ou
Para qualquer tipo de fendilhação, deve-se, a ocorrência de deslizamentos profundos de
no decurso da inspeção visual, fotografar e maiores dimensões. No talude de jusante, os
registrar a localização, profundidade, largura e deslizamentos superficiais podem indicar uma
perda de resistência por saturação do material
abertura das trincas e seguir de perto as suas
de aterro, devido à percolação ou a escorrência
variações. Se as trincas se desenvolverem até
superficial de água.
cotas inferiores ao nível normal máximo da
água no reservatório, deverão ser adotadas Durante a inspeção visual deve-se fotografar
e registrar a localização, extensão e desloca-
medidas corretivas imediatas.
mento do deslizamento, procurar trincas em
zonas adjacentes, especialmente na zona
lateral superior, e indícios de percolação junto

54 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
ao deslizamento, bem como observar frequen- Anomalia tipo 5 –
temente a zona para detectar a tempo o agra- Depressões
vamento das condições.
Anomalia tipo 5.1 – Depressões com
Anomalia tipo 4.2 – Deslizamentos pendentes suaves
profundos
As depressões, circunscritas ou dispersas na
Os deslizamentos profundos são uma séria superfície da barragem, podem resultar de
ameaça para a segurança da barragem. São várias causas:
geralmente caracterizados pela formação • recalques do aterro ou da fundação, podendo
de escarpas bem definidas (Figura 16), de conduzir a perda de borda livre e potenciar a
zonas protuberantes junto do pé do talude ocorrência de galgamento em períodos de
(produzidas por movimentos horizontais e
cheia;
rotacionais da massa do aterro) e de trincas
em forma de arco. • erosão provocada pela ação das ondas no
paramento de montante, com remoção
dos finos do aterro ou da camada de as-
sentamento do enrocamento de proteção e
posterior deslocamento deste;
• erosão interna ou piping, com consequente
assentamento do material sobrejacente,
sendo, nesta circunstância, designadas por
abatimentos;
• em alguns casos, por escolha imprópria de
materiais no final da construção.

Anomalia tipo 5.2 – Abatimentos

Os abatimentos constituem um tipo muito


sério de depressão, e são caracterizados por
possuírem lateralmente uma forte inclinação,
produzida pelo cisalhamento do solo ao colap-
sar para o interior do vazio subjacente (Figura
17). Os recalques localizados, por seu lado, têm
Figura 16 – Deslizamento profundo inclinações suaves e formas arredondadas.
com formação de escarpa
Fonte: Banco de Imagens ANA

Para identificar um deslizamento profundo,


deve-se proceder a uma inspeção cuidada e
minuciosa da área, para detecção de trincas
ou de escarpas, e à avaliação da respectiva
grandeza. No sentido de evitar a formação de
brechas na barragem, o reconhecimento de um
deslizamento profundo impõe de imediato o
abaixamento do nível do reservatório.

Figura 17 – Abatimento no coroamento e no para-


mento de jusante (SMEC, 2005)
Fonte: Banco de Imagens ANA

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
55
Na inspecção visual da zona de proteção do
Na inspeção visual as zonas com recalques paramento de montante, deve-se verificar a
devem ser fotografadas, registradas as existência de indícios de efeitos das ondas, de
suas localização e dimensões, e avaliado formação de escarpas ou de degradação do
o recalque. O fundo das depressões loca- material de proteção. Após a sua detecção,
lizadas deve ser sondado para confirmar a estas anomalias devem ser fotografadas e
registradas. Deve-se ainda avaliar a sua mag-
presença de vazios ou de circulação de água.
nitude, de modo a, se necessário, implemen-
É recomendado que, imediatamente após a
tar medidas de reparação ou de substituição.
detecção de um abatimento, se promova a
Não deve existir vegetação no enrocamento
investigação da causa da sua formação e a
de proteção do paramento de montante.
avaliação do risco que este representa para
a segurança da barragem.

Deverá ser inspecionada com especial


cuidado a superfície do aterro no(s) alinha-
mento(s) do descarregador de fundo/toma-
da d’água para a detecção de depressões
associadas a problemas de percolação ao
longo de condutos.

Anomalia do tipo 6 -
Problemas de
manutenção do aterro
Figura 18 – Erosão do paramento montante sob a
ação das ondas
Anomalia tipo 6.1 – Problemas no Fonte: Banco de Imagens ANA

paramento de montante
Anomalia tipo 6.2 – Problemas na
A ação severa das ondas no paramento de
proteção do coroamento
montante pode provocar ondulação da sua
superfície e a degradação do material de
A proteção do coroamento contra a erosão
proteção. Este efeito consiste no desloca- revela-se inadequada quando são visíveis sinais
mento, por ação das ondas, de uma porção de deterioração, como a existência de sulcos de
do paramento de montante, com remoção da rodados ou trilhos provocados pela passagem
proteção do talude e do material subjacente de animais. A infiltração de água (Figura 19)
e deposição do material do aterro numa zona nestes sulcos pode provocar problemas de
inferior do talude, dando origem à formação perda de estabilidade. Da proteção inadequada
de uma área relativamente plana (designa- do coroamento e dos taludes também pode
da por praia), limitada a montante por um resultar a formação de significativos sulcos ou
declive íngreme ou por uma escarpa (Figura ravinamentos, por erosão superficial. As áreas
18). A progressão deste fenômeno pode levar sem vegetação ou de vegetação esparsa são as
à diminuição da largura e, possivelmente, da mais suscetíveis a problemas de erosão superfi-
altura do aterro, ao aumento da percolação cial pela água da chuva.
e à perda local de estabilidade do talude ou
galgamento da barragem.

A degradação da proteção ocorre por fratu-


ração dos blocos do enrocamento devido aos
efeitos combinados da meteorização, da ação
das ondas e da ocorrência de vegetação.

56 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Figura 19 – Acumulação da água das chuvas no
Figura 20 – Vegetação de tamanho excessivo no
coroamento
Fonte: Banco de Imagens ANA paramento de montante e de jusante
Fonte: Banco de Imagens ANA

Na inspeção visual deve-se procurar sinais de


Anomalia tipo 6.3 – Vegetação
erosão superficial (como ravinamentos – Figura
desordenada
21, sulcos e trilhos de animais ou de veículos), verifi-
car as zonas de concentração deste tipo de erosão
O revestimento vegetal dos taludes pode não
(como zonas de inserção a jusante e ombreiras), e
ser adequado por motivo de:
identificar, ao longo de toda a barragem, as zonas
• excessivo crescimento de vegetação, o que com excessiva vegetação e com vegetação de
fornece um hábitat para os animais que per- raízes profundas.
furam a barragem, impede uma inspeção
visual adequada e dificulta (ou impede) o
acesso à barragem e às áreas vizinhas;

• existência de vegetação de raízes profun-


das, dado que as cavidades resultantes
do derrube, da extração ou da secagem do
sistema de raízes das árvores, ou mesmo as
raízes saudáveis de vegetação de grandes
dimensões, podem ser uma ameaça para a
integridade do aterro, já que proporcionam
caminhos de percolação, capazes de produ-
zir erosão interna e provocar a ocorrência de
piping.
Figura 21 – Intenso ravinamento no paramento de
O procedimento adequado para minorar os jusante
Fonte: Banco de Imagens ANA
efeitos da presença de árvores no coroamento,
nos paramentos (Figura 20) ou nas zonas
Nas zonas do paramento e do pé de talude de
adjacentes à barragem é proceder ao seu corte
jusante, a área envolvente dos locais em que se
antes de atingirem tamanho significativo.
procedeu ao corte de vegetação de grande por-
te (sem remoção de raízes) ou onde existe este
tipo de vegetação, deve ser cuidadosamente
observada na procura de sinais de percolação.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
57
Anomalia tipo 6.4 – Deterioração por Anomalia do tipo 7 -
ação de animais Deteriorações ou obstruções
de estruturas hidráulicas
As galerias e as perfurações produzidas por
animais (Figura 22 e Figura 23) podem ser As estruturas hidráulicas podem apresentar
perigosas, devido ao enfraquecimento que pro- deteriorações de índole hidráulica e estrutural,
vocam no aterro e à facilidade de percolação da relacionadas com erosões na zona de aproxi-
água nos seus vazios, propiciando fenômenos de mação, nos canais e nas bacias de dissipação
erosão interna, capazes de causar ruptura quan- dos vertedouros, e na zona de restituição de
do estabelecem a ligação do reservatório com o vertedouros e de descarregadores de fundo, com
talude de jusante ou encurtam os caminhos de cavitação, abrasão, deficiências de arejamento e
percolação e penetram na zona impermeável da subpressões dinâmicas em bacias de dissipação.
barragem. No decurso da inspeção visual, deve-
se procurar alguma evidência de percolação Anomalia tipo 7.1 – Erosões
vinda de buracos de animais no paramento de
jusante e na fundação, registrar a sua localização As erosões na zona de aproximação à estrutura
e a profundidade atingida e, se necessário, pro- de entrada dos vertedouros podem diminuir a
ceder à remoção ou erradicação dos animais. vazão, instabilizar taludes ou muros-guia e ser
fonte de fenômenos abrasivos, pelo arrasta-
mento de materiais para o interior da estrutura.
Podem também instabilizar os muros laterais
ou taludes do canal ou atingir o aterro da
barragem. As erosões na zona de restituição
de vertedouros e de descarregadores de fundo
podem danificar as próprias estruturas, pro-
vocar alterações das margens ou danificar a
própria barragem.

Figura 22 – Cupinzeiro no coroamento da barragem


Fonte: Banco de Imagens ANA Anomalia tipo 7.2 – Danos estruturais
(Figura 24)

A cavitação pode erodir o concreto das estrutu-


ras hidráulicas, bem como danificar equipamen-
tos. É improvável em estruturas que funcionem
esporadicamente e por curtos períodos e em es-
truturas associadas a pequenos desníveis. A ins-
peção visual pode detectar erosão de cavitação,
designadamente, associada a irregularidades
nos canais dos vertedouros, nos blocos de bacias
de dissipação e em trampolins.

A abrasão pode erodir o concreto das estruturas


Figura 23 – Toca de animal hidráulicas e danificar equipamentos. Os mate-
Fonte: Banco de Imagens ANA
riais abrasivos podem provir do reservatório ou
entrar diretamente para o canal do vertedouro
ou para bacias de dissipação.

A ocorrência de flutuações de pressão nas bacias


de dissipação, associada ao ressalto hidráulico,
pode propagar-se, por intermédio de juntas

58 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
total ou parcialmente abertas, para o espaço
sob as lajes, e aí gerar forças de levantamento
que podem provocar grandes danos na bacia de
dissipação.

As situações típicas de deteriorações associadas


a vibrações ocorrem em comportas. As vibrações
podem ser motivadas por deficiências de areja-
mento. As comportas podem também vibrar por
serem mantidas com aberturas inadequadas ou
por não funcionarem desafogadas a jusante.
Figura 25 – Obstrução da soleira do vertedouro
Fonte: Banco de Imagens ANA

Figura 24 – Danos estruturais severos na soleira do


vertedouro
Fonte: Banco de Imagens ANA

Figura 26 – Erosão a jusante da bacia de restituição


Anomalia tipo 7.3 – Redução da do vertedouro
capacidade de vazão Fonte: Banco de Imagens ANA

Os aspectos a examinar na zona de entrada


Convém também observar o estado de
dos vertedouros são a existência de zonas do
desenvolvimento da vegetação na zona de
terreno a montante da soleira que interfiram
restituição, devendo-se garantir que este não
com a capacidade de vazão do vertedouro, a
modifique acentuadamente o livre curso do
ocorrência de erosões junto à soleira, o estado
escoamento.
de conservação da soleira e quaisquer possí-
veis causas de obstrução (Figura 25). Nas inspeções visuais, em geral, nem a zona de
entrada nem o conduto da descarga de fundo
No canal os aspectos a examinar são o seu
são acessíveis, sendo apenas observada a zona
estado geral de conservação (devido à cavi-
de restituição. Aplica-se a esta zona o mencio-
tação ou abrasão, desalinhamento de juntas,
nado anteriormente para a zona de restituição
etc.), a possibilidade de obstrução e eventuais
dos vertedouros.
erosões devido a galgamentos dos muros ou
taludes laterais.
Anomalia tipo 7.4 – Equipamentos
Na zona da restituição deve-se avaliar os
processos erosivos (Figura 26) que possam O equipamento a inspecionar são as comportas
comprometer a estabilidade da barragem, a e válvulas da descarga de fundo. Esta inspeção
estabilidade da obra de dissipação, os bens compreenderá a apreciação do estado geral
existentes nas margens da linha de água, e do equipamento mecânico e elétrico (opera-
provocar deslizamentos das margens. cionalidade, manutenção, corrosão, segurança
dos circuitos elétricos e existência de peças
de substituição), a obtenção de informação

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
59
quanto ao estado do equipamento (procedi-
mentos previstos quanto à manobra dos equi-
pamentos, manobras efetuadas e operações
de manutenção efetuadas), o levantamento
das condições de acesso aos órgãos de coman-
do em situações de emergência e a realização
de manobras de verificação de funcionamento.

Anomalia tipo 8 –
Deteriorações no
reservatório Figura 27 – Forte ravinamento dos taludes do res-
ervatório
Os taludes do reservatório devem ser inspecio- Fonte: Banco de Imagens ANA

nados para detecção de zonas de intensa ero-


são superficial ou zonas instáveis que possam O reservatório também deve ser observado
contribuir para o assoreamento do reservatório. com vista à detecção da proliferação de plan-
tas aquáticas, capazes de comprometer a
qualidade da água do reservatório, inclusive, a
sua eutrofização.

60 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
ANEXO 4 -
Planejamento
das atividades
de manutenção
preventiva

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
61
Planejamento das
atividades de manuntenção preventiva
Instruções:

• O quadro a seguir apresenta o planejamento mensal das atividades a serem realizadas pelo
empreendedor para uma adequada manutenção preventiva da barragem.
• Em cada mês, devem ser realizadas somente as atividades indicadas com um X.
• O mês 1 do planejamento corresponde ao primeiro mês do período chuvoso.

Mês
Atividade de manutenção preventiva P
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A – Coroamento
A.1 Reparação corrente de trincas devido à secagem 2 X X X
A.2 Regularização geométrica (correção do nivelamento) 1 X
A.3 Garantia da integridade da vedação 1 X X X X
A.4 Preenchimento de sulcos ligeiros e buracos pequenos 2 X X X X

B – Paramento de montante
B.1 Corte da vegetação entre o rip-rap 2 X X
B.2 Corte da vegetação arbustiva e árvores 1 X X X X
B.3 Manutenção da proteção vegetal (se existente) ou do rip-rap 1 X X X X
B.4 Garantia da integridade da vedação 1 X X X X X X X X X X X X
C – Paramento de jusante
C.1 Manutenção da proteção vegetal 2 X X X X
C.2 Regularização das superfícies (ravinamento) 2 X X X X
C.3 Garantia da integridade da vedação 1 X X X X
C.4 Corte de vegetação arbustiva e árvores 1 X X X X
C.5 Manutenção das calhas 2 X X

D – Inserção do aterro nas ombreiras


D.1 Drenagem de escoamento superficial nas ombreiras 2 X X X X X X X X X X X X
E – Contato do aterro com estruturas rígidas
E.1 Reparação de sulcos e aberturas 1 X X

F – Canal de aproximação
F.1 Limpeza de detritos e outros obstáculos 1 X X X X X X X X X X X X
F.2 Regularização geométrica 2 X X
F.3 Corte de vegetação arbustiva e de árvores na proximidade 2 X X

G – Canal do vertedouro

G.1 Limpeza de detritos e outros obstáculos 1 X X X X X X X X X X X X


G.2 Regularização geométrica (soleira e taludes) 2 X X
G.3 Manutenção da cobertura vegetal 2 X X X X
G.4 Reparação de trincas e ravinamentos (soleira e taludes) 1 X X X X
G.5 Reparação de trincas e deformações no contato com o terreno
natural
1 X X X X
G.6 Corte de vegetação arbustiva e de árvores na proximidade 2 X X

62 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Mês
Atividade de manutenção preventiva P
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
H – Bacia de dissipação
H.1 Reparação de deterioração no concreto 1 X X X X
H.2 Garantia de integridade da vedação 1 X X X X X X X X X X X X
I – Descarga de fundo e tomada d’água
I.1 Manuseio da comporta de montante 2 X X X X
I.2 Manuseio da comporta ou válvula de jusante 2 X X X X

J – Reservatório
J.1 Remoção do assoreamento no fundo 2 X
J.2 Garantia de integridade da vedação e das zonas de bebedouros 1 X X X X
J.3 Plantação de espécies protetoras da erosão do solo vegetal ou cerca
de proteção relativamente ao transporte eólico
2 X
J.4 Remoção das plantas aquáticas 1 X X X X X X X X X X X X
J.5 Plantação de árvores para proteção da incidência solar 2 X
P – categoria de prioridade: 1 – situação potencialmente grave; 2 – situação sem gravidade

Detalhamento das atividades Causa(s) mais provável(eis)


de manutenção preventiva: do problema:

Instruções: Ação natural do tempo.

• As atividades descritas neste tópico corres- Importância dessa manutenção:


pondem ao detalhamento das atividades
apresentados no quadro anterior. Evitar o aumento das trincas, que gera ca-
• O empreendedor deve seguir minhos para infiltração da água de chuva no
as orientações deste deta- corpo da barragem.
lhamento para execução das
manutenções.
Recursos necessários:

• Em caso de dúvidas, consultar


um engenheiro. Recursos necessários:

• Enxada
1. Coroamento
Equipamentos e • Pá
1.1 Reparação da corrente de trincas materiais: • Carrinho de mão
devido a secagem
• Solo argiloso

O que é:
Pessoal: • Servente de pedreiro
Trata-se do preenchimento de trincas com
terra.
Como fazer:

• Preencher as trincas com solo argiloso


• Umidificar o terreno coberto (sem, no en-
tanto, deixar encharcar).

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
63
• Compactar o terreno com auxílio da enxada 1.3 Garantia da integridade da vedação

1.2 Regularização Geométrica


O que é:

O que é: Manter a vedação sem aberturas facilmente


transponíveis por animais.
Trata-se da correção do nivelamento da super-
fície do coroamento da barragem, trazendo-a Causa(s) mais provável(eis) do problema:
de volta às condições originais de construção.
Danificação ou deterioração da vedação.
Causa(s) mais provável(eis) do problema:
Importância dessa manutenção:
• Trânsito de veículos deixando marcas de
rodas. Impede o acesso não controlado de animais
ao interior do perímetro da barragem.
• Passagem de gado.
• Erosão pela água da chuva ou pela ação do
Recursos necessários:
vento.

Importância dessa manutenção: • Postes de madeira


• Tela metálica
Evitar o desenvolvimento de fissuras e ero- • Carrinho de mão
Equipamentos e
sões que podem comprometer a segurança materiais: • Material de carpinteiro
da barragem.
• Pá
• Enxada
Recursos necessários:

Pessoal: • Servente de pedreiro


• Enxada
• Pá

Equipamentos e • Carrinho de mão Como fazer:


materiais: • Solo argiloso
1 – Repor os postes de vedação e os pedaços
• Nível de bolha
de tela metálica que estejam danificados.
• Cascalho grosso
1.4 Preenchimento de sulcos
• Pedreiro ligeiros e buracos pequenos
Pessoal:
• Servente de pedreiro
O que é:

Como fazer: Trata-se de manter a regularidade geométrica


da superfície da barragem.
• Cobrir os afundamentos com solo argiloso,
procurando mantê-lo nivelado Causa(s) mais provável(eis) do problema:
• Umidificar o terreno coberto (sem, no en- • Ação de animais
tanto, deixar encharcar).
• Trânsito de veículos
• Compactar o terreno com auxílio da enxada
• Erosão superficial pela
• Caso haja tráfego de veículos, cobrir todo o chuva ou pelo vento
coroamento com uma camada de 5 cm de
cascalho grosso

64 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Importância dessa manutenção:
Recursos necessários:

Dificulta o empoçamento de água da chuva e o


desenvolvimento de vegetação indesejada. • Enxadinha
• Pá
Equipamentos e
Recursos necessários: • Carrinho de mão
materiais:
• Ancinho
• Enxada • Tesoura
• Pá
Equipamentos e Pessoal: • Servente de pedreiro
• Carrinho de mão
materiais:
• Marreta
• Material argiloso Como fazer:

Pessoal: • Servente de pedreiro • Cortar a vegetação de porte tão rente à su-


perfície quanto possível (pelo pé).

Como fazer:
2.2 Corte davegetação arbustiva e árvores
• Remover a zona superficial dos sulcos e
buracos e preenchê-los com solo argiloso O que é:
úmido bem compactado.
Trata-se de cortar a vegetação de grande porte
e as árvores que tenham se desenvolvido no
2. Paramento de montante
corpo do aterro, na zona imediatamente a ju-
2.1 Corta da vegetação entre o RIP-RAP sante da barragem e nas ombreiras.

O que é: Causa(s) mais provável(eis) do problema:

Trata-se de cortar a vegetação indesejável que • Existência de sementes de vegetação in-


cresce entre o rip-rap. desejável depositadas pelo vento ou pela
escorrência de água.
Causa(s) mais provável(eis) do problema:
Importância dessa manutenção:
• Existência de sementes de vegetação in-
desejável depositadas pelo vento ou pela Impede a danificação do aterro devido ao
escorrência de água. crescimento das raízes e facilita a inspeção
visual da zona.
Importância dessa manutenção:

Impede o aprofundamento das raízes e facilita


o acesso e a inspeção visual na zona afetada.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
65
Recursos necessários: Recursos necessários:

• Serra ou motosserra • Equipamentos e materiais:


• Serrote • Enxadinha
Equipamentos e
• Cordas • Enxada
materiais:
• Carro para transporte dos • Pá
resíduos. Equipamentos e
• Carrinho de mão
materiais:
• Ancinho
Pessoal: • Servente de pedreiro • Rip-rap
• Solo orgânico
Como fazer: • Sementes

• Cortar os arbustos e as árvores tão rente à Pessoal: • Servente de pedreiro


superfície quanto possível (pelo pé).

2.3 Manutenção da proteção vegetal (se Como fazer:


existente) ou do rip-rap
• Colocar solo orgânico e semear as zonas
O que é: necessitadas de correção ou colocar rip-rap.

2.4 Garantia da integridade


Manter a cobertura vegetal ou o rip-rap em
da vedação
condições adequadas ao longo de todo o
paramento.
O que é:
Causa(s) mais provável(eis) do problema:
Manter a vedação sem aberturas facilmente
• Erosão pelas ondas do reservatório, seca- transponíveis por animais.
gem ou destruição por animais.
Causa(s) mais provável(eis) do problema:
• Remoção do rip-rap por ação humana ou
por animais. • Danificação ou deterioração da vedação.
• Deslocação do rip-rap, sob a ação das ondas
Importância dessa manutenção:
do reservatório
Impede o acesso não controlado de animais ao
Importância dessa manutenção:
interior do perímetro da barragem.
A vegetação, ou o rip-rap de proteção, estabi-
Recursos necessários:
liza a superfície do aterro e dificulta a erosão
pelo vento e pela ação das ondas.
• Postes de madeira
• Tela metálica

Equipamentos e • Carrinho de mão


materiais: • Material de carpinteiro
• Pá
• Enxada

Pessoal: • Servente de pedreiro

66 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Como fazer: erosivo da água das chuvas no paramento
inclinado do talude.
• Repor os postes de vedação e os pedaços
de tela metálica que estejam danificados. Causa(s) mais provável(eis) do problema:

3. Paramento de justante • Erosão superficial pelas águas da chuva.

3.1 Manutenção da proteção vegetal Importância dessa manutenção:

O que é: Dificulta a escorrência rápida da água e o arras-


tamento de solo superficial de cobertura.
Manter a cobertura vegetal em adequadas
condições.
Recursos necessários:

Causa(s) mais provável(eis) do problema:


• Enxada
• Erosão, secagem ou destruição por animais. • Pá
• Carrinho de mão
Importância dessa manutenção: Equipamentos e
• Marreta
materiais:
A vegetação de proteção estabiliza a superfície • Material argiloso
do aterro e dificulta o ravinamento do solo pelo • Solo orgânico
vento e pela água das chuvas.
• Sementes

Recursos necessários: Pessoal: • Servente de pedreiro

• Enxadinha
Como fazer:
• Enxada
• Pá • Remover a zona superficial dos sulcos e
Equipamentos e
• Carrinho de mão preenchê-los com solo argiloso úmido bem
materiais:
• Ancinho compactado.
• Solo orgânico
• Repor a vegetação de proteção, conforme
• Sementes C.1.

Pessoal: • Servente de pedreiro 3.3 Garantia da Integridade da Vedação


O que é:

Como fazer: Manter a vedação sem aberturas facilmente


• Colocar solo orgânico e semear as zonas transponíveis por animais.
necessitadas de correção.
Causa(s) mais provável(eis) do problema:
3.2 Regularização das superfícies
(Ravinamento) • Danificação ou deterioração da vedação.

O que é:

Trata-se de manter a regularidade geométrica


da superfície da barragem, dificultando o efeito

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
67
Importância dessa manutenção:
Recursos necessários:
Impede o acesso descontrolado de animais ao
interior do perímetro da barragem. • Serra ou motosserra
• Serrote
Recursos necessários: Equipamentos e
• Cordas
materiais:
• Carro para transporte dos
• Postes de madeira resíduos.
• Tela metálica

Equipamentos e • Carrinho de mão Pessoal: • Servente de pedreiro


materiais: • Material de carpinteiro
• Pá
Como fazer:
• Enxada
• Cortar os arbustos e as árvores tão rente
Pessoal: • Servente de pedreiro quanto possível (pelo pé).

3.5 Manutenção das Calhas


Como fazer:

• Repor os postes de vedação e os pedaços O que é:


de tela metálica que estejam danificados.
Desobstruir e reparar as calhas partidas ou
3.4 Corte de Vegetação Arbustiva e
com inclinação inadequada.
Árvores
Causa(s) mais provável(eis) do problema:
O que é:
• Assoreamento das calhas pelo solo trans-
Trata-se de cortar a vegetação de grande porte
portado pela água.
e as árvores que tenham se desenvolvido no
talude de jusante do corpo do aterro. • Recalques do aterro envolvente que causam
desalinhamento ou danos nas calhas.
Causa(s) mais provável(eis) do problema:
Importância dessa manutenção:
• Sementes de vegetação indesejável depo-
sitadas pelo vento ou pela escorrência de
O bom funcionamento das calhas evita a infil-
água.
tração da água no aterro.
Importância dessa manutenção:
Recursos necessários:
Impede a danificação do aterro devido ao cres-
cimento das raízes e facilita a inspeção visual
• Enxada
da zona.
• Pá

Equipamentos e • Picareta
materiais: • Nível de bolha
• Cascalho grosso
• Calhas

Pessoal: • Servente de pedreiro

68 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Como fazer: 5. Contato do aterro com
estruturas rígidas
• Repor o alinhamento e a inclinação das
calhas. 5.1 Reparação de sulcos e aberturas
• Substituir calhas quebradas.
O que é:

4. Inserção do aterro Fechamento dos sulcos e aberturas no contato


nas ombreiras com estruturas rígidas.
4.1 Drenagem de escoamento
Causa(s) mais
superficial nas ombreiras
provável(eis) do problema:

O que é: • Retração do terreno


• Erosão causada pela água
Instalar ou reparar calhas no contato do aterro
com as ombreiras. • Movimentos da estrutura rígida
• Construção deficiente
Causa(s) mais provável(eis) do problema:
Importância dessa manutenção:
• Erosão da zona de contato entre o aterro e
as ombreiras. Impede a circulação de água em zonas onde
esta não deverá ocorrer.
Importância dessa manutenção:

Impede a erosão e a acumulação da água nas Recursos necessários:


zonas do aterro em contato com as ombreiras.
• Enxada

Recursos necessários: • Pá
Equipamentos e
• Marreta
materiais:
• Enxada • Carrinho de mão
• Pá • Betuminoso
• Marreta
Equipamentos e • Pedreiro
• Carrinho de mão
materiais: Pessoal:
• Material argiloso • Servente de pedreiro
• Nível de bolha
• Calhas
Como fazer:

• Pedreiro • Remover a zona superficial dos sulcos e das


Pessoal:
• Servente de pedreiro aberturas
• Preencher os sulcos e as aberturas com
betuminoso
Como fazer:
• Compactar as superfícies dos sulcos e das
• Abrir sulcos para a inserção das calhas na aberturas.
zona de contato do aterro com as ombreiras
e instalar as calhas de modo que o seu bor-
do superior fique à superfície do talude ou
Reparar as calhas existentes de acordo com
o indicado em C.5.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
69
6. Canal de aproximação
Recursos necessários:
6.1 Limpeza de Detritos
• Enxada
O que é: • Pá

Equipamentos e • Carrinho de mão


Remoção de todos os sólidos com volume materiais: • Marreta
significativo no canal de aproximação.
• Betoneira
Causa(s) mais provável(eis) do problema: • Concreto

• Arrastamento de materiais sólidos do reser- • Pedreiro


vatório pela vazão do vertedouro. Pessoal:
• Servente de pedreiro
Importância dessa manutenção:

Garante o funcionamento do vertedouro em Como fazer:


toda a sua extensão.
• Preencher as cavidades na superfície do
canal de aproximação com concreto
Recursos necessários:
• Regularizar os taludes do canal de
Equipamentos e • Carrinho de mão aproximação
materiais: • Cordas
6.3 Corte de vegetação vegetação
Pessoal: • Servente de pedreiro arbustiva e de árvores na proximidade =

O que é:
Como fazer:
Trata-se de cortar a vegetação de grande porte
• Remover os detritos de maior dimensão
capazes de obstruir o vertedouro. e as árvores que tenham se desenvolvido na
proximidade do canal de aproximação.
6.2 Regularização Geométrica
Causa(s) mais provável(eis) do problema:
O que é:
Existência de sementes de vegetação indese-
Trata-se da regularização do canal do jável depositadas pelo vento ou pela água.
vertedouro.
Importância dessa manutenção:
Causa(s) mais provável(eis) do problema:
Impede a ocorrência de danos na proximidade
Erosão
do canal de aproximação devido ao cresci-
Movimentos da fundação mento das raízes e facilita a vazão.

Importância dessa manutenção:

Evitar o desenvolvimento e a progressão de


fendas e erosões que possam comprometer a
funcionalidade do vertedouro.

70 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
7.2 Regularização geométrica (Soleira e
Recursos necessários: taludes)

• Serra ou motosserra O que é:


• Serrote
Equipamentos e Trata-se da reposição da geometria do canal
materiais: • Cordas
do vertedouro.
• Carro para transporte dos
resíduos
Causa(s) mais provável(eis) do problema:

Pessoal: • Servente de pedreiro • Erosão


• Instabilizações
Como fazer: • Movimentos da fundação

• Cortar os arbustos e as árvores tão rente Importância dessa manutenção:


quanto possível (pelo pé).
Evitar o desenvolvimento de fendas e erosões
7. Canal do Vertedouro do vertedouro.

7.1 LIMPEZA DE DETRITOS E OUTROS


OBSTÁCULOS Recursos necessários:

O que é: • Enxada
• Pá
Remoção de todos os materiais soltos do canal • Carrinho de mão
Equipamentos e
do vertedouro. materiais: • Marreta

Causa(s) mais provável(eis) do problema: • Betoneira


• Concreto
Arrastamento de materiais sólidos pela água
no vertedouro. • Pedreiro
Pessoal:
Importância dessa manutenção: • Servente de pedreiro

Garante a seção total do vertedouro.


Como fazer:

Recursos necessários: • Preencher as cavidades da superfície do


canal de aproximação com concreto.
Equipamentos e • Carrinho de mão
• Regularizar os taludes do canal do
materiais: • Cordas vertedouro.

Pessoal: • Servente de pedreiro

Como fazer:

• Remover os materiais soltos do canal do


vertedouro.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
71
7.3 Manutenção da cobertura vegetal Causa(s) mais provável(eis) do problema:
(Soleira não revestida)
• Erosão

O que é: • Retração do terreno


• Instabilização dos taludes
Repor a cobertura vegetal (em soleiras não
• Movimentos da fundação
revestidas).
Importância dessa manutenção:
Causa(s) mais provável(eis) do problema:
Eliminar sulcos e ravinamentos que tendem a
Erosão, secagem ou destruição por animais. aumentar com o funcionamento do vertedouro.

Importância dessa manutenção:


Recursos necessários:

A vegetação de proteção dificulta a erosão da


• Enxada
soleira pela água.
• Pá

Equipamentos e • Carrinho de mão


Recursos necessários:
materiais: • Marreta

• Enxadinha • Betoneira

• Enxada • Concreto

Equipamentos e • Pá
materiais: • Pedreiro
• Carrinho de mão
Pessoal:
• Ancinho • Servente de pedreiro

• Sementes

Como fazer:
Pessoal: • Servente de pedreiro
• Preencher os espaços vazios na superfície
do vertedouro ou nos taludes rochosos com
Como fazer: concreto.

• Semear as zonas necessitadas • Regularizar os taludes em solos.


de correção. 7.5 Reparação de trincas e deformações
no contato com o terreno natural
7.4 Reparação de trincas e ravinamentos
(Soleira e taludes)
O que é:

O que é: Preenchimento das trincas e deformações


no contato do vertedouro em concreto com o
Trata-se da reposição da geometria do verte- terreno natural.
douro não revestido.
Causa(s) mais provável(eis) do problema:

• Retração do terreno
• Erosão causada pela água
• Movimentos da estrutura rígida
• Construção deficiente

72 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Importância dessa manutenção: Recursos necessários:

Impede a circulação de água no contato com o


• Serra ou motosserra
terreno natural.
• Serrote
Equipamentos e
Recursos necessários: materiais: • Cordas
• Carro para transporte dos
• Enxada resíduos.

• Pá
Equipamentos e Pessoal: • Servente de pedreiro
• Marreta
materiais:
• Carrinho de mão
• Betuminoso Como fazer:

• Pedreiro • Cortar os arbustos e as árvores tão rente


Pessoal: quanto possível (pelo pé).
• Servente de pedreiro

8. Bacia de dissipação
Como fazer:
8.1 Reparação de deterioração no
• Remover a zona superficial das superfícies concreto
das trincas.
• Preencher as trincas com betuminoso. O que é:
• Compactar as superfícies dos sulcos e das
Limpeza e regularização da zona superficial do
aberturas, se estes forem em solos.
concreto.
7.6 Corte de vegetação arbustiva e de
árvores na proximidade Causa(s) mais
provável(eis) do problema:
O que é:
Erosão
Cortar a vegetação de grande porte e as árvo-
Deficiente qualidade do concreto
res que tenham se desenvolvido no vertedouro.

Causa(s) mais provável(eis) do problema: Importância dessa manutenção:

Existência de sementes de vegetação indese- Impede o desenvolvimento de danos no con-


jável depositadas pelo vento. creto devido ao escoamento.

Importância dessa manutenção:


Recursos necessários:
Impede a ocorrência de danos no vertedouro de-
vido ao crescimento das raízes e facilita a vazão. • Enxada
• Pá

Equipamentos e • Carrinho de mão


materiais: • Marreta
• Betoneira
• Concreto

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
73
9. Descarga de fundo e tomada
• Pedreiro
Pessoal:
D’água
• Servente de pedreiro
9.1 Manuseio da comporta de montante

Como fazer: O que é:

• Limpar a zona superficial do concreto na Manobra completa de abertura e fechamento


zona deteriorada. do registro da comporta de montante.
• Preencher com concreto.
Causa(s) mais provável(eis) do problema:
8.2 Garantia de integridade da vedação
Deterioração do registro.

O que é: Importância dessa manutenção:


Manter a vedação sem aberturas facilmente
Verificar a operacionalidade do registro.
transponíveis por animais.

Causa(s) mais provável(eis) do problema: Recursos necessários:

Danificação ou deterioração da vedação. Pessoal: • Operador

Importância dessa manutenção:


Como fazer:
Impede o acesso não controlado de animais ao
interior do perímetro da bacia de dissipação. • Abrir e fechar lentamente o registro, man-
tendo a comporta ou válvula de jusante
Recursos necessários: aberta (se existente).

9.2 Manuseio da comporto ou Válvula


• Postes de madeira
de justante
• Tela metálica

Equipamentos e • Carrinho de mão O que é:


materiais: • Material de carpinteiro
• Pá Manobra completa de abertura e fechamento
da comporta ou válvula de jusante.
• Enxada

Causa(s) mais
Pessoal: • Servente de pedreiro provável(eis) do problema:

Deterioração do registro.
Como fazer:
Importância dessa manutenção:
• Repor os postes de vedação e os pedaços
de tela metálica que estejam danificados.
Verificar a operacionalidade do registro.

Recursos necessários:

Pessoal: • Operador

74 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Como fazer: Causa(s) mais provável(eis) do problema:

• Fechar e abrir lentamente a comporta ou Danificação ou deterioração da vedação.


válvula de jusante, mantendo a comporta
de montante aberta. Importância dessa manutenção:

Impede o acesso não controlado de animais ao


10. Reservatório
perímetro do reservatório.
10.1 Remoção do assoreamento no
fundo Recursos necessários:

O que é: • Postes de madeira


• Tela metálica
Limpeza do fundo do reservatório do material
sólido de pequenas dimensões. Equipamentos e • Carrinho de mão
materiais: • Material de carpinteiro
Causa(s) mais provável(eis) do problema: • Pá
• Enxada
Acumulação de sólidos no fundo do reservatório.

Importância dessa manutenção: Pessoal: • Servente de pedreiro

Desimpede o acesso à tomada d’água/descar-


regador de fundo. Como fazer:

Preserva o volume útil do reservatório. • Repor os postes de vedação e os pedaços


de tela metálica que estejam danificados.
Recursos necessários:
10.3 Plantação de Espécies Protetoras
da Erosão do Solo Vegetal ou Cerca de
Equipamentos e • Pá Proteção Relativamente ao Transporte
materiais: • Carrinho de mão Eólico

Pessoal: • Servente de pedreiro O que é:

Plantação de espécies vegetais de porte apro-


Como fazer: priado para criar uma proteção ao transporte
pelo vento de sedimentos para o reservatório.
• Recolher o material sólido fino existen-
te no fundo do reservatório, após o seu Causa(s) mais provável(eis) do problema:
esvaziamento.
Ação dos ventos.
10.2 Garantia de integridade da vedação
nas zonas de bebedouros Importância dessa manutenção:

O que é: Preserva a qualidade da água no reservatório e


dificulta o assoreamento.
Manter a vedação sem aberturas facilmente
transponíveis por animais.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
75
10.5 Plantação de árvores para proteção
Recursos necessários: da incidência solar

• Enxada O que é:
Equipamentos e
materiais: • Espécies vegetais
(arbustos de porte médio) Plantar árvores num perímetro orientado para-
lelamente à direção N-S.
Pessoal: • Trabalhador de fazenda
Causa(s) mais provável(eis) do problema:

Como fazer: Incidência da luz solar na água.

• Plantar um perímetro de arbustos transver- Importância dessa manutenção:


sal à direção predominante do vento.
Dificultar o crescimento de micro-organismos
10.4 Remoção das plantas aquáticas na água.

O que é:
Recursos necessários:

Remoção das plantas parasitas do reservatório.


• Enxada
Equipamentos e
Causa(s) mais provável(eis) do problema: materiais: • Pés de árvores de espécies
frondosas
Desenvolvimento excessivo de plantas parasitas.
Pessoal: • Trabalhador de fazenda
Importância dessa manutenção:

Mantém a salubridade e a oxigenação da água Como fazer:


no reservatório.
• Definir o alinhamento do perímetro entre-
Recursos necessários: posto entre o reservatório e a trajetória diá-
ria do sol, a uma distância suficiente para a
• Bote
sombra incidir sobre o reservatório (porém,
Equipamentos e sem ser demasiado próximo, devido ao efei-
• Foice
materiais: to das raízes).
• Rede
• Plantar as árvores.

Pessoal: • Trabalhador de fazenda

Como fazer:

• Cortar e recolher as plantas aquáticas.

76 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
ANEXO 5 -
Atividades de
manutenção
corretiva

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
77
Instruções:
• O quadro a seguir apresenta a listagem das indicando a relevância e o nível de urgência na
principais anomalias que ocorrem numa bar- sua correção.
ragem e que exigem manutenção corretiva,

Atividade de manutenção corretiva G

1. Borda livre insuficiente


1.1 Borda livre insuficiente sem galgamento A
1.2 Borda livre insuficiente com galgamento A
2. Percolação não controlada
2.1.1 Surgências no paramento de jusante e ombreiras A
2.1.2 Surgências na zona imediatamente a jusante sem deposição de material carreado A
2.1.3 Surgências na zona imediatamente a jusante com deposição de material carreado A
2.2.1 Surgências com turvação em drenos ou zonas tratadas com filtros e drenos A ou E
2.2.2 Surgências sem turvação em drenos ou zonas tratadas com filtros e drenos 1 ou 2
2.3.1 Surgências nos contatos do aterro com o(s) vertedouro(s) 2
2.3.2 Surgências nos contatos do aterro com o(s) conduto(s), não em pressão,
1
da descarga de fundo/tomada d’água
2.3.3 Surgências nos contatos do aterro com o(s) conduto(s), em pressão,
2 ou A
da descarga de fundo/tomada d’água
2.4 Zonas úmidas ou de vegetação com grandes necessidades de água no
paramento de jusante acima da cota do dreno, nas ombreiras e na zona a 1 ou 2
jusante da barragem fora da área de influência do dreno
3. Trincas
3.1 Trincas profundas por secagem 1 ou 2
3.2.1 Trincas transversais acima do nível maximum maximorum 1
3.2.2 Trincas transversais atingindo uma cota abaixo do nível maximum maximorum 1 ou A
3.3.1 Trincas longitudinais verticais no coroamento 1 ou A
3.3.2 Trincas longitudinais horizontais nos paramentos A ou E
4. Deslizamentos
4.1.1 Deslizamentos superficiais do talude de montante 1
4.1.2 Deslizamentos superficiais do talude de jusante 1
4.2 Deslizamento profundo A ou E
5. Depressões
5.1 Depressões com pendentes suaves 2
5.2 Abatimentos 2 ou E

78 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
6. Problemas de manutenção do aterro
6.1 Problemas no paramento de montante 1
6.2.1 Problemas na proteção do coroamento por ação da água das chuvas 1
6.2.2 Problemas na proteção do coroamento causado por tráfego de automóvel ou circula-
2
ção de gado
6.3 Crescimento ou falta de vegetação no paramento de jusante 2
6.4.1 Deterioração por ação de animais: cupinzeiros 1
6.4.2 Deterioração por ação de animais: tocas e buracos de roedores 1 ou 2
7. Deteriorações ou obstruções de estruturas hidráulicas
7.1.1 Erosões no(s) vertedouro(s) não revestido(s) 1 ou 2
7.1.2 Erosões no(s) vertedouro(s) revestidos 2
7.2.1 Danos estruturais no(s) vertedouro(s) em concreto devido a subpressões 1 ou A
7.2.2 Danos estruturais no(s) vertedouro(s) em alvenaria 1
7.2.3 Desalinhamento de painéis adjacentes de vertedouro(s) 1
7.2.4 Danos estruturais por inclinação do(s) muro(s)-guia A
7.2.5 Danos estruturais devido a galgamento A
7.3.1 Redução da capacidade de vazão causada por detritos 1
7.3.2 Redução da capacidade de vazão por perda de estabilidade de taludes 1 ou A
7.4.1 Funcionamento inadequado da comporta ou do registro A
7.4.2 Funcionamento inadequado do vertedouro ou da descarga de fundo/tomada d’água
1
por erosão da zona de restituição
7.4.3 Funcionamento inadequado da descarga de fundo/tomada d’água devido à acumula-
2
ção de sedimentos ou detritos a montante
7.4.4 Funcionamento inadequado da descarga de fundo por perdas de água 1 ou A

G – Prioridade (E- Emergência, A- Atenção, 1- reparação em curto prazo, 2- reparação em médio prazo)

Detalhamento das atividades 1. Borda livre insuficiente


de manutenção corretiva:
1.1 Borda livre insuficiente
Instruções: sem galgamento

• As atividades descritas neste tópico corres- O que é:


pondem ao detalhamento das atividades
apresentados no quadro anterior. Borda livre (diferença entre a cota do coroa-
mento e o nível máximo maximorum) inferior a
• O empreendedor deve seguir as orientações
1 m ou subida do nível da água acima do nível
deste detalhamento para execução das
máximo maximorum de projeto sem ultrapas-
manutenções.
sar a cota de coroamento da barragem.
• Sempre que indicado com a
figura do engenheiro ou, em Causa mais provável do problema:
caso de dúvidas, consultar um
• Borda livre de projeto inferior a 1 m.
engenheiro com experiência
em barragens.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
79
• Recalque da barragem com redução da bor- Após o galgamento e a ocorrência de erosão,
da livre para valores inferiores a 1 m. a barragem é mais suscetível a galgamentos
futuros, que poderão levar à sua ruptura.
• Cheia superior à cheia máxima de projeto.
Trata-se de uma manutenção necessária,e,
Importância dessa manutenção:
até à sua correção, devem ser implementadas
as medidas de alerta indicadas no Guia de
A manutenção proposta destina-se a evitar o gal-
Procedimentos de Emergência (Capítulo 6).
gamento da barragem, através da adoção de uma
borda livre adequada e, em barragens zoneadas,
evitar que a água passe por cima do núcleo. Recursos necessários:

Caso ocorra uma cheia mais intensa, a barra- • Enxada


gem pode ser galgada, o que pode conduzir Equipamentos e
• Pá
à ruptura da barragem. Trata-se assim de materiais:
uma manutenção de caráter imediato e, até • Carrinho de mão

à sua correção, devem ser implementadas


as medidas de alerta indicadas no Guia de Pessoal: • Servente de pedreiro
Procedimentos de Emergência (Capítulo 6).

Como fazer: Como fazer:

• Altear a barragem ou baixar a cota da soleira • Remover o solo afetado pela erosão.
do vertedouro, sob a orientação do enge- • Altear a barragem ou repor a geometria
nheiro de barragens inicial do aterro e baixar a cota da soleira
do vertedouro, sob a orientação do enge-
1.2 Borda livre insuficiente nheiro de barragens.
com galgamento
2. Percolação não controlada
O que é:
2.1 Surgências no paramento
Borda livre (diferença entre a cota do coroa- de justante, ombreiras e zona
mento e o nível máximo maximorum) inferior a imediatamente a justante
1 m, tendo subido o nível da água acima da cota
de coroamento da barragem. 2.1.1 Surgências no paramento de jusante e
ombreiras
Causa mais provável do problema:
O que é:
• Cheia superior à cheia máxima de projeto.
• Borda livre de projeto inferior a 1 m. Aparecimento de água (surgência) limpa ou
turva, com ou sem pressão, em qualquer zona
• Recalque da barragem com redução da bor-
não drenante do paramento de jusante ou nas
da livre para valores inferiores a 1 m.
ombreiras. Trata-se de surgência em zonas que
Importância dessa manutenção: em condições normais estariam sem escorrên-
cia de água.
A manutenção proposta destina-se a reabilitar
o aterro após o galgamento, com o tratamento Causa mais provável do problema:
das zonas erodidas pela ação da água e a dotar
a barragem de uma borda livre adequada. Circulação de água ao longo do corpo da
barragem devido à inexistência de sistema de
drenagem interna.

80 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Circulação de água ao longo das ombreiras 2.1.2 Surgências na zona imediatamente a
devido à falta de ligação do aterro com as jusante sem deposição de material carreado
ombreiras ou à presença de uma zona de per-
meabilidade mais elevada nas ombreiras. O que é:

Importância dessa manutenção: Aparecimento de água (surgência) limpa, com


ou sem pressão, na zona do terreno imediata-
Em geral não representa uma ameaça imedia- mente a jusante.
ta à integridade das barragens, mas pode ao
longo do tempo provocar carreamento de ma- Causa mais provável do problema:
teriais, quando esta surgência ocorre em solos.
Circulação de água ao longo da fundação da
A manutenção proposta visa evitar o carrea-
barragem, devido à inexistência de tapete dre-
mento de materiais.
nante ou devido à presença de camadas per-
Trata-se assim de uma manutenção a executar meáveis na fundação que atingem a superfície
logo após a sua detecção. Quando a água se do terreno a jusante da barragem.
apresenta turva, até à sua correção, devem ser
implementadas as medidas de alerta indica- Importância dessa manutenção:
das no Guia de Procedimentos de Emergência
(Capítulo 6). Se as pressões da água na zona a jusante forem
muito elevadas, pode levar ao levantamento
da zona a jusante, pelo que deve ser realizada a
Recursos necessários:
manutenção de imediato.

• Enxada Trata-se assim de uma manutenção a executar


• Pá logo após a sua detecção. Até a sua correção,
devem ser implementadas as medidas de
• Carrinho de mão
Equipamentos e alerta indicadas no Guia de Procedimentos de
• Geotêxtil
materiais: Emergência (Capítulo 6).
• Areia
• Brita Recursos necessários:
• Rip-rap
• Enxada
Pessoal: • Servente de pedreiro • Pá
• Carrinho de mão
Equipamentos e
Como fazer? • Geotêxtil
materiais:
• Areia
• Colocar um geotêxtil sobre a zona da
• Brita
surgência.
• Rip-rap
• Colocar uma camada de areia sobre o
geotêxtil.
Pessoal: • Servente de pedreiro
• Colocar uma camada de brita sobre a areia.
• Colocar uma camada de
rip-rap sobre a brita.
• Chamar o engenheiro de
barragens, para avaliação da
situação.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
81
Como fazer?
Recursos necessários:
• Colocar um geotêxtil sobre a zona da
surgência. • Equipamentos e materiais:
• Enxada
• Colocar uma camada de areia sobre o
geotêxtil. • Pá

Equipamentos e • Carrinho de mão


• Colocar uma camada de brita sobre a areia.
materiais: • Geotêxtil
• Colocar uma camada de rip-rap
• Areia
sobre a brita.
• Brita
• Chamar o engenheiro de • Rip-rap
barragens, para avaliação da
situação Pessoal: • Servente de pedreiro

2.1.3 Surgências na
zonaimediatamente a jusante com
Como fazer?
deposição de material carreado
• Descer o nível d’água no reservatório.
O que é:
• Construir um dique em torno do ponto
Aparecimento de um movimento de água as- de saída para localmente subir a cota da
cendente num ou mais pontos localizados na água.
zona do terreno imediatamente a jusante com • Colocar um geotêxtil sobre a zona da
deposição de material em forma de cone na surgência.
zona em torno do ponto de saída.
• Colocar uma camada de areia sobre o
Causa mais provável do problema: geotêxtil.

• Colocar uma camada de brita sobre a areia.


Circulação de água ao longo da fundação da
barragem, devido à inexistência de tapete dre- • Colocar uma camada de rip-rap
nante ou devido à presença de camadas per- sobre a brita.
meáveis na fundação que atingem a superfície • Chamar o engenheiro de
do terreno a jusante da barragem. barragens, para avaliação da
situação.
Importância dessa manutenção:
2.2 Surências e drenos ou
A intervenção destina-se a evitar o carreamen- zonas tratadas com filtros e drenos
to de materiais e o levantamento da zona a ju-
sante, pelo que deve ser realizada de imediato. 2.2.1 Surgências com turvação em drenos ou
Trata-se assim de uma manutenção a executar zonas tratadas com filtros e drenos
logo após a sua detecção. Até à sua correção,
devem ser implementadas as medidas de O que é:
alerta indicadas no Guia de Procedimentos de
Emergência (Capítulo 6). Aparecimento de água turva na zona de saída
do tapete drenante, do dreno do pé do talude
ou de zonas tratadas com filtros e drenos.

82 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Causa mais provável do problema: A obstrução pode ser a causa para um dreno
deixar de debitar água.
Deficiente funcionamento do sistema de
O aumento da vazão em drenos, sob o mesmo
drenagem interna, o qual não impede o carrea-
nível da água no reservatório, pode ser causado
mento de materiais.
pela perda de estanqueidade da barragem,
cuja origem deve ser investigada.
Importância dessa manutenção:
Importância dessa manutenção:
A intervenção destina-se a evitar o carrea-
mento de materiais, pelo que deve ser reali- A intervenção destina-se a repor o funciona-
zada de imediato. mento do sistema de drenagem interna ou a
identificar fenômenos que levaram ao aumento
Trata-se assim de uma manutenção a execu-
das vazões e que podem levar
tar logo após a sua detecção. Até à sua cor-
à ruptura da barragem.
reção, devem ser implementadas as medidas
de alerta indicadas no Guia de Procedimentos Como fazer?
de Emergência (Capítulo 6).
• Requerer a orientação de um
Como fazer? engenheiro de barragens

• Descer o nível da água no 2.3 Surgências em zonas


reservatório. de contato do aterro com estruturas
rígidas
• Requer a orientação de um
engenheiro de barragens.
2.3.1 Surgências nos contatos do aterro com
o(s) vertedouro(s)
2.2.2 Surgências sem turvação em drenos ou
zonas tratadas com filtros e drenos
O que é:
O que é:
Aparecimento de água (surgência) a jusante no
contato do aterro com os muros do vertedouro.
Dreno de pé de jusante sem vazão, dreno que
deixa de debitar água ou aumento da vazão
Causa mais provável do problema:
do dreno para o mesmo nível da água no
reservatório. Deficiente compactação do aterro junto ao
muro do vertedouro.
Causa mais provável do problema:
Importância dessa manutenção:
Quando o dreno de pé de jusante não tem
vazão, alguns anos após o enchimento da bar- Em geral não representa uma ameaça imedia-
ragem, pode significar um deficiente projeto ou ta à integridade das barragens, uma vez que
construção. a água aparece a cotas elevadas e com baixa

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
83
pressão, mas pode ao longo tempo provocar a Importância dessa manutenção:
erosão do aterro com carreamento de materiais.
A manutenção proposta visa evitar o carrea- A circulação de água ocorre sob pressões ele-
mento materiais. vadas quando o reservatório está cheio, pelo
que a prazo, esta situação pode provocar fa-

Recursos necessários: cilmente o carreamento de materiais (situação


potencialmente grave, a resolver de imediato).
• Enxada A manutenção proposta visa evitar o carrea-
• Pá mento de matérias sob pressões elevadas.
Equipamentos e Trata-se assim de uma manutenção a executar
• Carrinho de mão
materiais:
logo após a sua detecção.
• Compactador manual
• Solos argilosos Como fazer?

• Pedreiro • Descer do nível do reservatório


Pessoal:
• Servente de pedreiro • Requerer a orientação de um
engenheiro de barragens

Como fazer? 2.3.3 Surgências nos contatos do


aterro com o(s) conduto(s) da descarga de
• Logo que o nível da água no reservatório fundo/tomada d’água, apenas quando em
desça abaixo da zona onde surge a surgência pressão
• Remover os materiais molhados junto à
parede O que é:

• Colocação e compactação adequada dos


Aparecimento de água (surgência) a jusante
materiais na zona removida, de modo a no contato dos condutos com o aterro, apenas
repor a geometria inicial. com a comporta de montante aberta e com o
nível do reservatório a cotas elevadas.
2.3.2 Surgências nos contatos do(s)
conduto(s) da descarga de fundo/tomada
d’água (não em pressão) com o aterro ou
Causa mais provável do problema:
com a fundação
Fissuras ou orifícios no conduto.

O que é: Importância dessa manutenção:

Aparecimento de água (surgência) a jusante A manutenção deve ser efetuada logo após a
no contato dos condutos com o aterro, com a sua deteção (situação potencialmente grave, a
comporta de montante fechada. resolver de imediato), uma vez que a circulação
de água sob pressões elevadas pode provocar
Causa mais provável do problema: facilmente o carreamento de materiais e a
ruptura da barragem.
Deficiente compactação do aterro ao longo
do conduto e inexistência de sistema de dre- Se não for possível fechar a comporta de mon-
nagem interna em contato com o conduto, ou tante, devem ser implementadas as medidas
deficiente preenchimento da zona de fundação de alerta indicadas no Guia de Procedimentos
ao longo do conduto. de Emergência (Capítulo 6).

84 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Como fazer?
Pessoal: • Servente de pedreiro
• Fechar imediatamente a com-
porta a montante do conduto.
Como fazer?
• Requerer a orientação de um
engenheiro de barragens. • Cortar a vegetação na zona afetada

2.4 Zonas úmidas ou de • Colocar um geotêxtil sobre a zona úmida.


vegetação com grandes necessidades • Colocar uma camada de areia sobre o
de água geotêxtil.
• Colocar uma camada de brita sobre a areia.
O que é:
• Colocar uma camada de rip
O aparecimento, no paramento de jusante ou -rap sobre a brita.
a jusante deste, de zonas muito molhadas ou • Chamar o engenheiro de
zonas com vegetação muito verdejante ou com barragens, para avaliação da
muita necessidade de água. situação

Causa mais provável do problema:


3. TRINCAS
A inexistência de sistema de drenagem interno 3.1 Trincas profundas por secagem
adequado, quando as zonas de vegetação mais
densa abaixo de uma certa cota do paramento
O que é:
de jusante.

Zonas de circulação de água através das Aparecimento de fissuras espalhadas ao longo


ombreiras e da fundação, não captada pelo das zonas emersas da barragem e com uma
sistema de drenagem interna. forma muito diferente de local para local ou
alveolar.
Importância dessa manutenção:
Causa mais provável do problema:
A intervenção destina-se a controlar a saída de
água e evitar o carreamento de materiais. Trata- Perda de água e perda de volume à superfície
se assim de uma manutenção a executar logo de solos argilosos em climas secos e quentes.
após a sua detecção se atingir uma zona extensa.
Importância dessa manutenção:

Recursos necessários: Devido à infiltração da água das chuvas através


das trincas profundas, e à perda de resistência
• Foice dos materiais do aterro, pode produzir-se o
• Motosserra ravinamento e a desestabilização de certas
• Roçador zonas superficiais.
• Tesoura de poda
• Enxada
Equipamentos e
• Pá
materiais:
• Carrinho de mão
• Geotêxtil
• Areia
• Brita
• Rip-rap

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
85
Causa mais provável do problema:
Recursos necessários:

Recalques diferenciais devido à variação brus-


• Enxada
ca da altura do aterro.
• Pá
• Carrinho de mão Importância dessa manutenção:
Equipamentos e • Compactador manual
materiais: • Solo argiloso Devido à infiltração da água das chuvas, estas

• Sementes
trincas podem evoluir se não forem devida-
mente tratadas.
• Solo orgânico
• Rip-rap
Recursos necessários:

• Servente de pedreiro
Pessoal: • Enxada
• Trabalhador da fazenda
• Pá
• Carrinho de mão
Como fazer? Equipamentos e
materiais: • Utensílios para aquecer
e aplicar o material
• Umedecer lentamente as trincas do interior
betuminoso
para o exterior e verificar o seu fechamento
• Material betuminoso
previamente à estação das chuvas.

• Remover os solos em torno da trinca e Pessoal: • Servente de pedreiro


preenchimento com material argiloso devi-
damente umidificado (tornando-o plástico)
e compactado, se o fechamento não se tiver Como fazer?
produzido pela tarefa 1.
• Limpar a trinca.
• Colocar solo orgânico.
• Selar a trinca com material betuminoso
• Proteger o paramento de jusante através da
sementeira de espécies adequadas ou de 3.2.2 Trincas transversais abaixo do nível
uma camada de rip-rap
máximo maximorum
• Nos períodos secos, proceder à rega das
espécies semeadas. O que é:
3.2 Trincas transversais
Aparecimento de fissuras na direção transver-
sal do barramento, em geral, no coroamento
3.2.1 Trincas transversais acima do nível
máximo maximorum da barragem, junto às ombreiras, até ou a uma
cota inferior ao nível máximo maximorum, com
O que é: ou sem circulação de água.

Aparecimento de fissuras na direção transver- Causa mais provável do problema:


sal do barramento, em geral, no coroamento
da barragem, junto às ombreiras, a uma cota Recalques diferenciais devido à variação brus-
superior ao nível máximo maximorum. ca da altura do aterro para as fendas verticais.

86 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Importância dessa manutenção: 3.3 Trincas longitudinais

Estas trincas são caminhos de fluxo con- 3.3.1 Trincas longitudinais verticais no
centrado de água quando o nível da água do coroamento
reservatório as atinge, podendo consequente-
mente conduzir a uma muito rápida erosão e O que é:
à formação de uma brecha. Trata-se assim de
uma manutenção a executar logo após a sua Aparecimento de fissuras verticais na direção
detecção. do eixo do barramento no coroamento ou ao
longo dos taludes de montante e de jusante da
Se o nível da água subir acima da cota da barragem.
fissura e a água sair com pressão a jusante,
devem ser implementadas as medidas de Causa mais provável do problema:
alerta indicadas no Guia de Procedimentos de
• Recalques diferenciais entre zonas de
Emergência (Capítulo 6)
aterro adjacentes em barragens de aterro
zoneadas.
Recursos necessários:
• Recalques diferenciais devido à molhagem
no interior do aterro.
• Enxada
• Perda de estabilidade do aterro (em geral,
• Pá
com forma arqueada).
• Carrinho de mão
Equipamentos e
materiais: • Utensílios para aquecer Importância dessa manutenção:
e aplicar o material
betuminoso Por permitirem a infiltração de água, as trincas
longitudinais verticais podem causar a dimi-
• Material betuminoso
nuição da resistência na zona do aterro a elas
adjacente, pondendo conduzir ou acelerar a
• Pedreiro
Pessoal: ruptura do talude por deslizamento.
• Servente de pedreiro
Trata-se de uma manutenção a executar logo
após a sua detecção.
Como fazer?
Se existir desnível entre as faces da fissura
• Descer, se necessário, o nível d’água no re- (escarpa), corresponde a um deslizamento,
e a manutenção a efetuar é descrita em 4
servatório para uma cota inferior à da trinca.
– Deslizamentos.
• Limpar a trinca.

• Selar a trinca com material betuminoso.

• Se quando subir o nível da


água, existir passagem de
água pela trinca, selagem sob
a orientação de um engenhei-
ro de barragens.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
87
facilitam a formação de um caminho direto
Recursos necessários: da água entre o reservatório e a face exterior
do paramento de jusante. Podem conduzir a
• Enxada rupturas desastrosas e a ocorrência de carrea-
• Pá mento de materiais.
• Carrinho de mão
Equipamentos e Se a trinca tiver a jusante saída de água, trata-se
materiais: • Utensílios para aquecer
de uma situação de alerta. Se sair abundante
e aplicar o material
água turva da trinca e esta se localizar na zona
betuminoso
inferior da barragem, trata-se de uma situação
• Material betuminoso
de emergência. Nestes casos, devem ser im-
plementadas as medidas indicadas no Guia de
• Pedreiro
Pessoal:
Procedimentos de Emergência (Capítulo 6).
• Servente de pedreiro
Como fazer?

Como fazer? • Descer o nível no reservatório


abaixo da cota da trinca.
• Limpar a trinca.
• Requerer a orientação de um
• Selar a trinca com material
engenheiro de barragens.
betuminoso.
• Se a trinca voltar a formar-se 4. Deslizamentos
ou aumentar a sua dimensão,
requerer a orientação de um 4.1 Deslizamentos superficiais
engenheiro de barragens.
4.1.1 Deslizamentos superficiais do talude de
3.3.2 Trincas longitudinais horizontais nos
montante
paramentos

O que é:
O que é:
Movimento à superfície de uma massa rip-rap e
Aparecimento de fissuras horizontais na di-
de solo do talude de montante.
reção do eixo do barramento nos taludes de
montante e de jusante da barragem, sem ou
Causa mais provável do problema:
com circulação de água.
Declive do talude de montante demasiado
Causa mais provável do problema:
íngreme para o esvaziamento rápido do
Efeito de arco em vales muito apertados du- reservatório.
rante o enchimento das barragens, em que a
deformação da parte superior da barragem não
Importância dessa manutenção:
acompanha a deformação da parte inferior.
Em geral, não representam uma ameaça ime-
Importância dessa manutenção: diata à integridade da barragem, mas podem
provocar a obstrução da entrada da descarga
É necessário proceder a manutenção logo de fundo/tomadas de água ou a ocorrência
após a sua detecção, uma vez que estas trincas de deslizamentos profundos de maiores

88 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
dimensões, pelo que a manutenção deve ser dreno do pé de jusante ou do tapete drenante
efetuada logo que possível. e da estrutura de saída da descarga de fundo/
tomada d’água, o que pode induzir desliza-
mentos futuros. Trata-se de uma situação
Recursos necessários:
potencialmente grave, a resolver de imediato.

• Conjunto Motobomba
Recursos necessários:
Equipamentos e • Enxada
materiais: • Pá
• Enxada
• Carrinho de mão Equipamentos e
• Pá
materiais:
• Carrinho de mão
Pessoal: • Servente de pedreiro

Pessoal: • Servente de pedreiro


Como fazer?

• Descer o nível d’água no reservatório. Como fazer?

• Desobstruir a entrada da • Desobstruir o dreno de pé de


descarga de fundo/tomada jusante e da estrutura de saída
d’água, se necessário. da descarga de fundo/tomada
d’água.
• Requerer a orientação de um
engenheiro de barragens. • Requerer a orientação de um en-
genheiro de barragens.
4.1.2 Deslizamentos
superficiais do talude de jusante 4.2 Deslizamentos profundos

O que é: O que é:

Movimento à superfície de uma massa de solo Movimento de grandes massas de solos e,


eventualmente, do terreno de fundação, com
do talude de jusante.
formação de escarpas na zona superior e zonas
Causa mais provável do problema: protuberantes junto ao pé do talude.

Causa mais provável do problema:


Declive do talude de jusante demasiado íngre-
me para condições atmosféricas adversas.
Declive do talude de jusante demasiado íngre-
Perda de resistência por molhagem do material me para condições atmosféricas adversas.
de aterro, devido à percolação ou a escorrência Perda de resistência por molhagem do material
superficial de água. de aterro, devido à percolação ou a escorrência
superficial de água.
Importância dessa manutenção:
Importância dessa manutenção:
Em geral, não representam uma ameaça ime-
diata à integridade da barragem, mas podem Os deslizamentos profundos são uma séria
provocar a obstrução da zona de saída do ameaça para a segurança da barragem, já
que, quando atingem o coroamento, podem
reduzir a borda livre da barragem, no maciço de
montante deixam infiltrar no aterro a água do
reservatório e, no maciço de jusante, reduzem

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
89
a capacidade resistente da barragem. Podem Escolha imprópria de materiais no final da
também obstruir e danificar as estruturas de construção.
entrada ou de saída da descarga de fundo/
tomada d’água. Importância dessa manutenção:

Trata-se, assim, de uma manutenção de cará- Em geral, as depressões não constituem uma
ter urgente. Se o escorregamento tiver reduzido ameaça para a barragem. A manutenção deve-
significativamente a borda livre e o nível da rá ser feita para evitar a acumulação e a mais
água estiver elevado, constitui uma situação fácil infiltração de águas nestas zonas. Quando
de alerta. Se houver galgamento da barragem atingem o coroamento, podem contribuir para
pelo local do escorregamento, trata-se de uma a perda de borda livre.
situação de emergência. Nestes casos, devem
ser implementadas as medidas indicadas Recursos necessários:
no Guia de Procedimentos de Emergência
(Capítulo 6).
• Equipamentos e materiais:
• Enxada
Recursos necessários:
• Pá
Equipamentos e
• Carrinho de mão
Equipamentos e • Conjunto Motobomba materiais:
materiais: • Compactador manual
• Solo argiloso
Pessoal: • Servente de pedreiro • Rip-rap

• Pedreiro
Como fazer? Pessoal:
• Servente de pedreiro
• Descer o nível da água no
reservatório, se necessário.
Como fazer?
• Requerer a orientação de um
engenheiro de barragens. • Repor a geometria inicial através da lim-
peza e escarificação do solo superficial e
posterior compactação de solo argiloso no
coroamento e no paramento de jusante.
5. Depressões
• Repor a geometria inicial do paramento de
5.1 Depressões com pendentes suaves montante através da colocação de rip-rap.

O que é: 5.2 Abatimentos

São deformações para o interior do coroamen- O que é:


to ou dos taludes com variações de declive
muito suave, dispersas ou localizadas ao longo São deformações para o interior do coroamento
da superfície da barragem. ou dos taludes com uma forte inclinação no seu
contorno e, por vezes, com um vazio central.
Causa mais provável do problema:
Causa mais provável do problema:
Recalques do aterro ou da fundação.
Colapso dos solos subjacentes para o interior
Erosão provocada pela ação das ondas no de cavidades formadas por erosão interna dos
paramento de montante. materiais de aterro.

90 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Importância dessa manutenção: imediatamente acima do nível normal da água
no reservatório e sua deposição numa zona
Se forem detectados vazios ou água em circu- inferior do talude, dando origem à formação
lação no fundo do abatimento, trata-se de uma de uma área relativamente plana (designada
situação de elevado perigo, potencialmente por praia), limitada a montante por um declive
conducente à ruptura da barragem, pelo que íngreme ou por uma escarpa.
deverá ser efetuada de imediato a manutenção
da barragem. Devem também ser implementa- Causa mais provável do problema:
das as medidas próprias de situação de alerta
e, se houver aumento do abatimento e a saída A ação das ondas induzidas pelo vento no
de água ou materiais por qualquer ponto da reservatório.
barragem, da fundação ou das ombreiras as
Falta de proteção no paramento de montante.
medidas de emergência indicadas no Guia de
Procedimentos de Emergência (Capítulo 6). Material de proteção do paramento de mon-
tante inadequado.
Recursos necessários:
Importância dessa manutenção:
• Enxada
A progressão deste fenômeno pode levar à
• Pá diminuição da largura e à perda local de es-
Equipamentos e • Carrinho de mão tabilidade do talude e, num caso extremo, ao
materiais: • Compactador manual galgamento da barragem. A manutenção deve
ser realizada logo que possível.
• Solo argiloso
• Rip-rap
Recursos necessários:
• Pedreiro
Pessoal: • Enxada
• Servente de pedreiro
• Pá
• Carrinho de mão
Como fazer? Equipamentos e
• Compactador manual
materiais:
• Descer imediatamente o nível • Solo argiloso
d’água no reservatório se fo- • Areia
rem detetados vazios ou água • Rip-rap
em circulação subjacente ao
abatimento.
• Pedreiro
Pessoal:
• Requerer a orientação de um
• Servente de pedreiro
engenheiro de barragens.

6. Problemas de manutenção Como fazer?


do aterro
• Remover superficialmente as zonas afetadas
6.1 Problemas no paramento de
• Repor a geometria do talude de montante
montante
sem a camada de proteção com solo argilo-
so, devidamente compactado
O que é:
• Colocar uma camada de areia
Movimento da zona de proteção e do mate- • Colocar uma camada de rip-rap de boa
rial subjacente do paramento de montante qualidade.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
91
6.2 Problemas na proteção do 6.2.2 Causados por tráfego automóvel ou
coroamento circulação de gado

6.2.1 Causados por ação da água das chuvas O que é:

Sulcos e trilhos no coroamento da barragem.


O que é:
Causa mais provável do problema:
Deterioração do coroamento devido a zonas de
acumulação da água das chuvas.
Tráfego automóvel
Causa mais provável do problema: Acesso do gado

Falta de nivelamento no acabamento do Importância dessa manutenção:


coroamento.
A infiltração de água pode provocar problemas
Falta de inclinação do coroamento para
de estabilidade do aterro, pelo que é necessário
montante, para drenar adequadamente a
proceder a esta manutenção.
água das chuvas.

Importância dessa manutenção: Recursos necessários:

A infiltração de água pode provocar problemas • Enxada


de estabilidade do aterro, pelo que é necessário • Pá
proceder a esta manutenção. Equipamentos e
• Carrinho de mão
materiais:
• Compactador manual
Recursos necessários:
• Solo argiloso

• Enxada
• Pedreiro
• Pá Pessoal:
Equipamentos e • Servente de pedreiro
• Carrinho de mão
materiais:
• Compactador manual
• Solo argiloso
Como fazer?

• Prencher os sulcos e os trilhos com solos


• Pedreiro
argilosos devidamente compactados.
Pessoal:
• Servente de pedreiro
6.3 Crescimento ou falta de vegetação
no paramento de justante
Como fazer?
O que é:
• Prencher as zonas de acumulação de
água com solos argilosos devidamente Presença de árvores ou arbustos de grande
compactados. porte ou zonas sem vegetação no paramento
• Adotar uma inclinação mínima de 3% para de jusante não revestido com rip-rap.
montante para o coroamento.
Causa mais provável do problema:

Falta de manutenção preventiva.

Condições climatéricas adversas.

92 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Importância dessa manutenção: 6.4 Deterioração por ação dos animais

As raízes das árvores e os arbustos de grande 6.4.1 Cupinzeiros


porte, quando cortados tardiamente, quando
arrancados pelo vento ou quando morrem, O que é:
constituem caminhos de percolação de água
que podem levar ao carreamento de materiais Presença de cupinzeiros na zona do aterro.

e à ruptura da barragem.
Causa mais provável do problema:
As áreas sem vegetação são erodíveis pela
Falta de erradicação dos cupins numa fase
ação da água das chuvas.
inicial.
Esta manutenção é, assim, essencial.
Importância dessa manutenção:

Recursos necessários: Estas perfurações produzem o enfraquecimento


do aterro e o fácil acesso de água quando de muito
• Foice grandes dimensões. Trata-se de uma situação a
• Motosserra resolver na primeira oportunidade, em curto prazo.

• Roçador
Recursos necessários:
• Tesoura de poda
Equipamentos e
• Enxada
materiais: • Máscara
• Pá
• Luvas
• Solo orgânico
• Mangueira
• Sementes Equipamentos e
materiais: • Produto para a eliminação
• Rip-rap dos cupins
• Calda de cimento ou
• Trabalhador da fazenda equivalente
Pessoal:
• Servente de pedreiro
Pessoal: • Trabalhador da fazenda

Como fazer?
Como fazer?
• Cortar as árvores e os arbustos de grande
• Eliminar os cupins de acordo com o indicado
porte ao nível do talude.
na Figura 28.
• Colocar solo orgânico nas zonas com falta
• Preencher as galerias do cupinzeiro com
de vegetação. calda de cimento.
• Semear vegetação adequada.
6.4.2 Tocas e buracos de roedores
• Regar a zona semeada na época estival.
O que é:

Presença de tocas e buracos na zona do aterro,


das ombreiras e da fundação.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
93
Causa mais provável do problema: 7. Deteriorações ou obstruções
de estruturas hidráulicas
Falta de erradicação de roedores.
7.1 Erosões
Importância dessa manutenção:
7.1.1 Erosões no(s) vertedouro(s) não
Estas perfurações produzem o fácil acesso de revestido(s)
água por vezes nas zonas inferiores do aterro,
a pressões elevadas. Trata-se de uma situa- O que é:
ção a resolver na primeira oportunidade, em
curto prazo. Sobre-escavação por ação da água de qual-
quer zona de vertedouro.
Recursos necessários:
Causa mais provável do problema:
• Mangueira
Equipamentos e Falta de revestimento do vertedouro.
materiais: • Calda de cimento ou
equivalente Terreno erodível pelo escoamento da água.

Velocidade de escoamento, muito elevada per-


Pessoal: • Trabalhador da fazenda
colação, devido à configuração do vertedouro.

Transporte de detritos pelo escoamento.


Como fazer?
Importância dessa manutenção:
• Preencher as tocas dos animais com calda
de cimento. As erosões tendem a alterar as condições do es-
coamento. As zonas previamente erodidas são,
em geral, mais erodidas no decurso da próxima
cheia. Quando a erosão atinge as zonas laterais
do canal, podem provocar a instabilização das
zonas superiores, as quais podem obstruir o
vertedouro. As erosões na zona de restituição
de vertedouros podem provocar alterações
das margens ou danificar a própria barragem.
Trata-se de uma situação a resolver logo após
a passagem da cheia.

Recursos necessários:

• Enxada

Equipamentos e • Pá
materiais: • Betoneira
• Concreto magro

Pessoal: • Servente de pedreiro

Figura 28 – Tratamento de zona afetada por for-


migueiro (Molle e Cadier, 1992)

94 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Como fazer?
• Enxada

Remover materiais soltos e zonas instáveis. • Pá


Equipamentos e
• Carrinho de mão
• Preencher as cavidades erodidas com con- materiais:
• Betoneira
creto magro
• Concreto
• Requerer a orientação de um engenheiro de
barragens se as erosões forem muito inten- • Pedreiro
sas ou tiverem ocorrido após a realização Pessoal:
• Servente de pedreiro
das tarefas 1 e 2.

7.1.2 Erosões no(s) vertedouro(s)


revestido(s) Como fazer?

O que é: Remover materiais soltos e zonas instáveis.

• Remover as zonas mais degradadas do


Aparecimento de zonas descascadas ou fissu- concreto.
radas no concreto do revestimento do verte-
• Preencher as zonas removidas com concreto
douro após a ocorrência de cheias. de modo a repor a geometria inicial e a obter
uma superfície regular e lisa.
Causa mais provável do problema:
• Requerer a orientação de um engenheiro de
Concreto do revestimento do vertedouro de má barragens se as erosões forem muito inten-
qualidade ou construído de modo deficiente. sas ou tiverem ocorrido após a realização
das tarefas 1 a 3.
Velocidade de escoamento muito elevada,
devido à configuração do vertedouro.
7.2 Danos estruturais

Transporte de detritos pelo escoamento. 7.2.1 Danos estruturais no(s) vertedouro(s)


em concreto devido a subpressões
Importância dessa manuten-
ção: O que é:

As erosões tendem a alterar as Aparecimento de fissuras na laje de concreto


condições do escoamento. As zo- do revestimento do vertedouro e acompanha-
nas previamente erodidas são, em das, por vezes, por levantamento da laje.

geral, mais erodidas no decurso da


Causa mais provável do problema:
próxima cheia. Os muros laterais
ou taludes do canal podem desestabilizar, Pressões elevadas da água sobre a laje do ver-
devido a sobre--escavações na sua base. As tedouro, devido a terrenos de fundação do ver-
erosões na zona de restituição de vertedouros tedouro permeáveis e inexistência de sistema
podem provocar alterações das margens ou de drenagem sob o vertedouro
danificar a própria barragem. Trata-se de situa-
Importância dessa manuten-
ção a resolver na primeira oportunidade, em ção:
curto prazo.
As pressões elevadas, além de
Recursos necessários: fissurarem o concreto, podem
produzir desnivelamentos entre

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
95
os diferentes painéis da laje e levar a erosões
mais intensas. Em casos extremos podem pro- Recursos necessários:

duzir o seu levantamento para níveis da água


no reservatório elevados, sem descarga. É, • Argamassa
Equipamentos e
assim, indispensável proceder à sua reparação. • Calda de cimento
materiais:
• Mástique
Se os danos forem muito severos, o vertedouro
pode colapsar no decurso de uma cheia muito
• Pedreiro
intensa, pelo que, caso esta ocorra, devem Pessoal:
também ser implementadas as medidas pró- • Servente de pedreiro
prias de situação de alerta indicadas no Guia
de Procedimentos de Emergência (Capítulo 6).
Como fazer?
Como fazer?
• Selagem das juntas e fissuras com
argamassa.
• Requerer a orientação de um engenheiro de
barragens. • Selagem das juntas e fissuras mais finas
com calda de cimento ou mástique.
7.2.2 Danos estruturais no(s) vertedouro(s)
em alvenaria 7.2.3 Desalinhamento de painéis adjacentes
de vertedouro(s)
O que é:
O que é:
Alvenaria com fissuras, com blocos de pedra
soltos e desalinhados, com juntas não arga- Desnivelamento das juntas de construção
massadas e passagens de água. das lajes ou desalinhamento dos muros do
vertedouro que provocam perturbações do
Causa mais provável do problema: escoamento.

Alvenaria de má qualidade ou executada de Causa mais provável do problema:


um modo deficiente.
Alvenaria de má qualidade ou executada de
Velocidade de escoamento muito elevadas, um modo deficiente.
devido à configuração do vertedouro.
Velocidade de escoamento muito elevadas
Assentamentos ou subpressões na fundação. devido à configuração do vertedouro.

Importância dessa manutenção: Assentamentos ou subpressões na fundação.

A alvenaria pode deteriorar rapidamente no Importância dessa manutenção:


decurso das cheias e por infiltra-
ção de água nas juntas e fissu- Os desalinhamentos e desnivelamentos entre
ras. Trata-se de uma situação a painéis adjacentes de vertedouro causam
resolver de imediato.

96 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
erosões do concreto na zona das juntas, du- alerta indicadas no Guia de Procedimentos de
rante a ocorrência de cheias, que tendem a Emergência (Capítulo 6).
agravar-se ao longo do tempo. É indispensável
proceder à sua reparação em curto prazo, antes Como fazer?
do agravamento da situação.
• Requerer a orientação de um
engenheiro de barragens.
Recursos necessários:
7.2.5 Danos estruturais devido a
galgamento do vertedouro
• Martelo

Equipamentos e • Ponteira de aço


O que é:
materiais: • Carrinho de mão
• Mástique Durante a ocorrência de cheias, água trans-
borda o vertedouro, escoando-se para o seu
• Pedreiro exterior e atingindo a barragem ou a margem.
Pessoal:
• Servente de pedreiro Causa mais provável do problema:

Ocorrência de uma cheia superior à cheia de


Como fazer?
projeto do vertedouro.
• Remover a zona de concreto nas proximida- Deficiente concepção do vertedouro.
des das juntas onde há perturbação do es-
coamento, de modo a eliminar o desnível ou Importância dessa manutenção:
desalinhamento entre os bordos da junta.
O galgamento dos muros laterais, quando
• Selagem das juntas com mástique.
perdura, pode provocar grandes danos na bar-
7.2.4 Inclinação do(s) muro(s) do(s) ragem e na margem onde está implantado.
vertedouro(s)
Se for previsível a ocorrência de uma cheia
capaz de provocar o galgamento dos muros,
O que é: antes de ter sido realizada a manutenção, de-
vem ser implementadas as medidas próprias
Os muros inclinam-se para o interior do canal de situação de alerta indicadas no Guia de
do vertedouro. Procedimentos de Emergência (Capítulo 6).

Causa mais provável do problema: Como fazer?

Insuficiente resistência estrutural do muro • Requerer a orientação de um


para as pressões das terras e da água existen- engenheiro de barragens.
tes no local.

Importância dessa manutenção:

Para além de perturbar o escoamento, a incli-


nação do muro pode aumentar e produzir o seu
derrubamento.

Se a inclinação do muro for elevada, o verte-


douro pode colapsar no decurso de uma cheia,
pelo que, caso esta ocorra, devem ser imple-
mentadas as medidas próprias de situação de

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
97
7.3 Redução da capacidade de vazão 7.3.2 Redução da capacidade de vazão por
perda de estabilidade de taludes
7.3.1 Redução da capacidade de vazão
causada por detritos O que é:

O que é: Obstrução parcial ou total de qualquer zona


do vertedouro por materiais que deslizam de
Obstrução parcial ou total de qualquer zona do encostas localizadas a cotas superiores.
vertedouro por materiais transportados pelo
escoamento. Causa mais provável do problema:

Causa mais provável do problema: Perda de estabilidade ou queda de blocos ro-


chosos das encostas.
Grande transporte de detritos por chuvas
intensas.
Importância dessa manutenção:
Presença de detritos florestais na bacia
hidrográfica. O vertedouro, devido à obstrução, não é capaz
de escoar a cheia para a qual foi projetado, pelo
Condições topográficas e vegetação propícias que será necessário proceder à manutenção
ao arrastamento de detritos pela água.
corretiva antes da ocorrência da próxima cheia.

Importância dessa manutenção: Se for previsível a ocorrência de uma cheia,


antes de ter sido realizada a manutenção, de-
O vertedouro, devido à obstrução, não é capaz
vem ser implementadas as medidas próprias
de escoar a cheia para a qual foi projetado, pelo
de situação de alerta indicadas no Guia de
que será necessário proceder à manutenção
Procedimentos de Emergência (Capítulo 6).
corretiva antes da ocorrência da próxima cheia.

Como fazer?
Recursos necessários:
• Requerer a orientação de um
• Enxada engenheiro geotécnico.
• Pá
7.4 Equipamentos
• Carrinho de mão
Equipamentos e
• Flutuadores
materiais: 7.4.1 Funcionamento inadequado da
• Cordas
comporta ou do registro
• Estacas de amarração
• Barco O que é:

Pessoal: • Trabalhador da fazenda Comporta ou registro que não permitem a


abertura ou o fechamento total da descarga de
fundo/tomada d’água.
Como fazer?

• Remover e limpar de troncos e outros obs- Causa mais provável do problema:


táculos no canal de aproximação, no verte-
douro e na zona de restituição. Avaria ou deterioração do equipamento.

• Limpar os detritos existentes na bacia hidro- Obstrução parcial ou total da entrada ou saída
gráfica na proximidade do reservatório. da descarga de fundo/tomada d’água.

98 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Importância dessa manutenção: Importância dessa manutenção:

O funcionamento destes equipamentos é Evitar a deterioração da zona a jusante e da


essencial para proceder ao esvaziamento do zona do pé de jusante da barragem. Trata-se
reservatório quando associado à descarga de de uma atividade de manutenção a implemen-
fundo, ou para usar a água, quando associado tar em curto prazo ou, se os danos detectados
à tomada d’água. Trata-se, assim, de uma forem severos, de imediato.
manutenção essencial para o controle de
segurança da barragem e para a sua operação. Recursos necessários:

Se for previsível a ocorrência de uma cheia


excepcional, antes de ter sido realizada a ma- • Enxada
nutenção, devem ser implementadas as medi- Equipamentos e • Pá
das próprias de situação de alerta indicadas materiais: • Carrinho de mão
no Guia de Procedimentos de • Rip-rap
Emergência (Capítulo 6).

Pessoal: • Trabalhador da fazenda


Como fazer?

• Requerer a orientação de um
engenheiro de barragens Como fazer?
7.4.2 Funcionamento
• Colocar rip-rap de proteção ou de reparação
inadequado do vertedouro ou da descarga
de fundo/tomada d’água por erosão da zona na zona a jusante da bacia de dissipação do
de restituição vertedouro ou da descarga de fundo.
• Colocar rip-rap de proteção no pé de jusante
O que é: da barragem se esta tiver sinais de erosão.
• Requerer a orientação de
Perturbação das condições de restituição da
um engenheiro de barragens
vazão do vertedouro aumentando a capacida-
se as erosões forem muito
de de erosão na zona de restituição.
intensas ou tiverem ocorrido
Causa mais provável do problema: após a realização das tarefas
1 a 2.
Concepção inadequada da bacia de dissipação
7.4.3 Funcionamento
do vertedouro ou da descerga de fundo. inadequado da descarga de fundo/tomada
d’água
Grande erobilidade da zona de restituição a
jusante da bacia de dissipação do vertedouro
ou da descarga de fundo. O que é?

Redução da vazão da descarga de fundo/


tomada d’água

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
99
Causa mais provável do problema: Causa mais provável do problema:

Acumulação de sedimentos ou detritos a Fraturação do conduto devido à compactação


montante. do aterro

Importância dessa manutenção: Fissuração do conduto devido a recalques dife-


renciais na fundação.
Dificulta o esvaziamento do reservatório (no Insuficiente resistência estrutural do conduto
caso da descarga de fundo) e o uso da água para as pressões instaladas.
(no caso da tomada d’água). Trata-se de uma
atividade de manutenção a realizar na primeira Importância dessa manutenção:
oportunidade, em curto prazo.
A passagem de água através do conduto pos-
Recursos necessários:
sibilita a erosão da zona adjacente, o que pode
originar a ruptura da barragem se o conduto
estiver em contato com o aterro. A manuten-
• Enxada
ção deve ser feita logo que possível, uma vez
Equipamentos e • Pá
que até a sua realização, não deve ser utilizada
materiais: • Carrinho de mão a descarga de fundo/tomada d’água.
• Rip-rap
Se não existir comporta a montante ou esta
não esteja em funcionamento, antes de ter
Pessoal: • Trabalhador da fazenda
sido realizada a manutenção, devem ser imple-
mentadas as medidas próprias de situação de
Como fazer? alerta indicadas no Guia de Procedimentos de
Emergência (Capítulo 6).
• Abrir a descarga de fundo/tomada d’água
durante a ocorrência de uma cheia intensa. Como fazer?
• Limpar os detritos acumulados em torno • Requerer a orientação de um
da descarga de fundo/tomada d’água, se o engenheiro de barragens.
reservatório for esvaziado.

7.4.4 Funcionamento inadequado da


descarga de fundo por perdas de água

O que é?

Perda de água do conduto através de fissuras


ou orifícios.

100 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
ANEXO 6 -
Fichas de
registro de
operação e
manutenção

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
101
Fichas de registro de A coluna “Executada” deve registrar se a tarefa
operação e manutenção foi realizada (sim ou não).

A coluna “Data” deve indicar a data em que foi


Instruções:
realizada a tarefa.
O empreendedor deve registrar nas fichas A coluna “Condições atmosféricas” deve indi-
abaixo as atividades de operação, manutenção car as condições do tempo (sol, chuva, nubla-
e inspeção realizadas a cada mês. do) quando da realização da tarefa.
O mês 1 do planejamento corresponde ao pri- A coluna “Autoria” deve indicar quem realizou
meiro mês do período chuvoso. a tarefa.
O emprendedor deve manter arquivadas as A coluna “Observações” deve ser preenchida
fichas de manutenção preenchidas para apre- sempre que algum fato relevante mereça ser
sentação à fiscalização, quando solicitado. registrado.
Para o preenchimento da ficha, a coluna Os arquivos digitais contendo essas fichas
“Tarefas” apresenta a lista de atividades que o podem ser encontrados no site www.ana.gov.
empreendedor deve realizar naquele mês. br/segurancadebarragens

Barragem:

Planejamento e Registro de Operação e Manutenção

Mês 1:
Condições (2)
Tarefa de Operação Executada (1) Data Autoria Observações (3)
atmosféricas
Leitura do nível do reservatório Nível d’água:

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Preventiva Executada(1) Data Autoria Observações (3)
atmosféricas
A.3 Garantia da integridade da vedação
A.4 Preenchimento de sulcos ligeiros
e buracos pequenos

B.1 Corte da vegetação entre o rip-rap

B.2 Corte da vegetação arbustiva e


árvores
B.3 Manutenção da proteção vegetal (se
existente) ou do rip-rap
B.4 Garantia da integridade da vedação
C.1 Manutenção da proteção vegetal
C.2 Regularização das superfícies
(ravinamento)
C.3 Garantia da integridade da vedação
C.4 Corte de vegetação arbustiva e
árvores
C.5 Manutenção das calhas
D.1 Drenagem de escoamento superficial
nas ombreiras
E.1 Reparação de sulcos e aberturas

102 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
F.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
F.2 Regularização geométrica
F.3 Corte de vegetação arbustiva e de
árvores na proximidade
G.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
G.2 Regularização geométrica (soleira e
taludes)
G.3 Manutenção da cobertura vegetal
G.4 Reparação de trincas e ravinamentos
(soleira e taludes)
G.5 Reparação de trincas e deformações
no contato com o terreno natural
G.6 Corte de vegetação arbustiva e de
árvores na proximidade
H.1 Reparação de deterioração no
concreto
H.2 Garantia de integridade da vedação
I.1 Manuseio da comporta de montante
I.2 Manuseio da comporta ou
válvula de jusante
J.2 Garantia de integridade da
vedação e das zonas de bebedouros
J.4 Remoção das plantas aquáticas

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Corretiva Executada (1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas

(1) Executada (S: Sim, N: Não);


(2) Condições atmosféricas (S: sol, N: nublado, C: chuva);
(3) Notas e referências a esquemas e fotografias

Barragem:
Planejamento e Registro de Operação e Manutenção
Mês 2:
Condições (2)
Tarefa de Operação Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
Leitura do nível do reservatório Nível d’água:

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Preventiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
B.4 Garantia da integridade da vedação
D.1 Drenagem de escoamento superfi-
cial nas ombreiras
F.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
G.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
H.2 Garantia de integridade da vedação
J.4 Remoção das plantas aquáticas

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
103
Condições (2)
Tarefa de Manuteção Corretiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas

(1) Executada (S: Sim, N: Não);


(2) Condições atmosféricas (S: sol, N: nublado, C: chuva);
(3) Notas e referências a esquemas e fotografias

Barragem:
Planejamento e Registro de Operação e Manutenção
Mês 3:
Condições (2)
Tarefa de Operação Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
Leitura do nível do reservatório Nível d’água:

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Preventiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
B.4 Garantia da integridade da vedação
D.1 Drenagem de escoamento superficial nas
ombreiras
F.1 Limpeza de detritos e outros obstáculos
G.1 Limpeza de detritos e outros obstáculos
H.2 Garantia de integridade da vedação
J.4 Remoção das plantas aquáticas

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Corretiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas

(1) Executada (S: Sim, N: Não);


(2) Condições atmosféricas (S: sol, N: nublado, C: chuva);
(3) Notas e referências a esquemas e fotografias

Barragem:

Planejamento e Registro de Operação e Manutenção

Mês 4:
Condições (2)
Tarefa de Operação Executada (1) Data Autoria Observações (3)
atmosféricas
Leitura do nível do reservatório Nível d’água:

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Preventiva Executada(1) Data Autoria Observações (3)
atmosféricas
A.1 Reparação corrente de trincas devido
à secagem

A.3 Garantia da integridade da vedação

A.4 Preenchimento de sulcos ligeiros e


buracos pequenos

104 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
B.2 Corte da vegetação arbustiva e árvores

B.3 Manutenção da proteção vegetal (se


existente) ou do rip-rap
B.4 Garantia da integridade da vedação
C.1 Manutenção da proteção vegetal

C.2 Regularização das superfícies


(ravinamento)
C.3 Garantia da integridade da vedação
C.4 Corte de vegetação arbustiva e
árvores
C.5 Manutenção das calhas
D.1 Drenagem de escoamento superficial
nas ombreiras
F.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
G.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
G.3 Manutenção da cobertura vegetal
G.4 Reparação de trincas e ravinamentos
(soleira e taludes)
G.5 Reparação de trincas e deformações
no contato com o terreno natural
H.1 Reparação de deterioração no
concreto
H.2 Garantia de integridade da vedação
I.1 Manuseio da comporta de montante
I.2 Manuseio da comporta ou
válvula de jusante
J.2 Garantia de integridade da
vedação e das zonas de bebedouros
J.4 Remoção das plantas aquáticas

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Corretiva Executada (1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas

(1) Executada (S: Sim, N: Não);


(2) Condições atmosféricas (S: sol, N: nublado, C: chuva);
(3) Notas e referências a esquemas e fotografias

Barragem:
Planejamento e Registro de Operação e Manutenção
Mês 5:
Condições (2)
Tarefa de Operação Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
Leitura do nível do reservatório Nível d’água:

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Preventiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
B.4 Garantia da integridade da vedação
D.1 Drenagem de escoamento superficial
nas ombreiras

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
105
F.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
G.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
H.2 Garantia de integridade da vedação
J.4 Remoção das plantas aquáticas

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Corretiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas

(1) Executada (S: Sim, N: Não);


(2) Condições atmosféricas (S: sol, N: nublado, C: chuva);
(3) Notas e referências a esquemas e fotografias

Barragem:
Planejamento e Registro de Operação e Manutenção
Mês 6:
Condições (2)
Tarefa de Operação Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
Leitura do nível do reservatório Nível d’água:

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Preventiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
B.4 Garantia da integridade da vedação
D.1 Drenagem de escoamento superficial
nas ombreiras
F.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
G.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
H.2 Garantia de integridade da vedação
J.4 Remoção das plantas aquáticas

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Corretiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas

(1) Executada (S: Sim, N: Não);


(2) Condições atmosféricas (S: sol, N: nublado, C: chuva);
(3) Notas e referências a esquemas e fotografias

Barragem:

Planejamento e Registro de Operação e Manutenção

Mês 7:
Condições (2)
Tarefa de Operação Executada (1) Data Autoria Observações (3)
atmosféricas
Leitura do nível do reservatório Nível d’água:

106 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Condições (2)
Tarefa de Manuteção Preventiva Executada(1) Data Autoria Observações (3)
atmosféricas
A.1 Reparação corrente de trincas devido
à secagem
A.2 Regularização geométrica (correção
do nivelamento)

A.3 Garantia da integridade da vedação

A.4 Preenchimento de sulcos ligeiros e


buracos pequenos

b.1 Corte da vegetação entre o rip-rap

B.2 Corte da vegetação


arbustiva e árvores
B.3 Manutenção da proteção vegetal (se
existente) ou do rip-rap
B.4 Garantia da integridade da vedação
C.1 Manutenção da proteção vegetal

C.2 Regularização das superfícies


(ravinamento)
C.3 Garantia da integridade da vedação
C.4 Corte de vegetação arbustiva e
árvores
C.5 Manutenção das calhas
D.1 Drenagem de escoamento superficial
nas ombreiras

E.1 Reparação de sulcos e aberturas

F.1 Limpeza de detritos e outros


obstáculos

F.2 Regularização geométrica

F.3 Corte de vegetação arbustiva e de


árvores na proximidade
G.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
G.2 Regularização geométrica (soleira e
taludes)
G.3 Manutenção da cobertura vegetal
G.4 Reparação de trincas e ravinamen-
tos (soleira e taludes)
G.5 Reparação de trincas e deformações
no contato com o terreno natural
G.6 Corte de vegetação arbustiva e de
árvores na proximidade
H.1 Reparação de deterioração no
concreto
H.2 Garantia de integridade da vedação
I.1 Manuseio da comporta de montante
I.2 Manuseio da comporta ou
válvula de jusante
J.1 Remoção do assoreamento do fundo
J.2 Garantia de integridade da
vedação e das zonas de bebedouros

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
107
J.3 Plantação de espécies protetoras da
erosão do solo vegetal ou cerca
de proteção relativamente ao
transporte eólico
J.4 Remoção das plantas aquáticas
J.5 Plantação de árvores para proteção
da incidência solar

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Corretiva Executada (1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas

(1) Executada (S: Sim, N: Não);


(2) Condições atmosféricas (S: sol, N: nublado, C: chuva);
(3) Notas e referências a esquemas e fotografias

Barragem:
Planejamento e Registro de Operação e Manutenção
Mês 8:
Condições (2)
Tarefa de Operação Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
Leitura do nível do reservatório Nível d’água:

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Preventiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
B.4 Garantia da integridade da vedação
D.1 Drenagem de escoamento superficial
nas ombreiras
F.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
G.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
H.2 Garantia de integridade da vedação
J.4 Remoção das plantas aquáticas

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Corretiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas

(1) Executada (S: Sim, N: Não);


(2) Condições atmosféricas (S: sol, N: nublado, C: chuva);
(3) Notas e referências a esquemas e fotografias

Barragem:
Planejamento e Registro de Operação e Manutenção
Mês 9:
Condições (2)
Tarefa de Operação Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
Leitura do nível do reservatório Nível d’água:

108 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Condições (2)
Tarefa de Manuteção Preventiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
B.4 Garantia da integridade da vedação
D.1 Drenagem de escoamento superficial nas
ombreiras
F.1 Limpeza de detritos e outros obstáculos
G.1 Limpeza de detritos e outros obstáculos
H.2 Garantia de integridade da vedação
J.4 Remoção das plantas aquáticas

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Corretiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas

(1) Executada (S: Sim, N: Não);


(2) Condições atmosféricas (S: sol, N: nublado, C: chuva);
(3) Notas e referências a esquemas e fotografias

Barragem:

Planejamento e Registro de Operação e Manutenção

Mês 10:
Condições (2)
Tarefa de Operação Executada (1) Data Autoria Observações (3)
atmosféricas
Leitura do nível do reservatório Nível d’água:

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Preventiva Executada(1) Data Autoria Observações (3)
atmosféricas
A.1 Reparação corrente de trincas devido
à secagem

A.3 Garantia da integridade da vedação

A.4 Preenchimento de sulcos ligeiros e


buracos pequenos
B.2 Corte da vegetação
arbustiva e árvores
B.3 Manutenção da proteção vegetal (se
existente) ou do rip-rap
B.4 Garantia da integridade da vedação
C.1 Manutenção da proteção vegetal

C.2 Regularização das superfícies


(ravinamento)
C.3 Garantia da integridade da vedação
C.4 Corte de vegetação arbustiva e
árvores
D.1 Drenagem de escoamento superficial
nas ombreiras
F.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
109
G.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
G.2 Regularização geométrica (soleira e
taludes)
G.3 Manutenção da cobertura vegetal
G.4 Reparação de trincas e ravinamen-
tos (soleira e taludes)
G.5 Reparação de trincas e deformações
no contato com o terreno natural
G.6 Corte de vegetação arbustiva e de
árvores na proximidade
H.1 Reparação de deterioração no
concreto
H.2 Garantia de integridade da vedação
I.1 Manuseio da comporta de montante
I.2 Manuseio da comporta ou
válvula de jusante
J.1 Remoção do assoreamento do fundo
J.2 Garantia de integridade da
vedação e das zonas de bebedouros
J.4 Remoção das plantas aquáticas

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Corretiva Executada (1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas

(1) Executada (S: Sim, N: Não);


(2) Condições atmosféricas (S: sol, N: nublado, C: chuva);
(3) Notas e referências a esquemas e fotografias

Barragem:
Planejamento e Registro de Operação e Manutenção
Mês 11:
Condições (2)
Tarefa de Operação Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
Leitura do nível do reservatório Nível d’água:

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Preventiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
B.4 Garantia da integridade da vedação
D.1 Drenagem de escoamento superficial
nas ombreiras
F.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
G.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
H.2 Garantia de integridade da vedação
J.4 Remoção das plantas aquáticas

110 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Condições (2)
Tarefa de Manuteção Corretiva Executada(1) Data atmosféricas
Autoria Observações(3)

(1) Executada (S: Sim, N: Não);


(2) Condições atmosféricas (S: sol, N: nublado, C: chuva);
(3) Notas e referências a esquemas e fotografias

Barragem:
Planejamento e Registro de Operação e Manutenção
Mês 11:
Condições (2)
Tarefa de Operação Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
Leitura do nível do reservatório Nível d’água:

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Preventiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas
B.4 Garantia da integridade da vedação
D.1 Drenagem de escoamento superficial
nas ombreiras
F.1 Limpeza de detritos e outros obstáculos
G.1 Limpeza de detritos e outros
obstáculos
H.2 Garantia de integridade da vedação
J.4 Remoção das plantas aquáticas

Condições (2)
Tarefa de Manuteção Corretiva Executada(1) Data Autoria Observações(3)
atmosféricas

(1) Executada (S: Sim, N: Não);


(2) Condições atmosféricas (S: sol, N: nublado, C: chuva);
(3) Notas e referências a esquemas e fotografias

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
111
ANEXO 7 -
RECOMENDAÇÕES PARA
O DIMENSIONAMENTO
E A CONSTRUÇÃO DE
PEQUENAS BARRAGENS
DE TERRA

112 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Recomendações para o Trabalhos de reconhecimento geológico e
geotécnico
dimensionamento e a
construção de pequenas A caracterização geológico-geotécnica de-
verá incluir informações relativas à geologia
barragens de terra
regional e local, à sismicidade, ao potencial de
escorregamento na zona do reservatório e às
Objeto
condições de fundação para a barragem, as es-
As presentes recomendações são aplicáveis ao truturas e os órgãos hidráulicos. O desenvolvi-
projeto e à construção de pequenas barragens mento do reconhecimento deve ser adequado
de terra. às condições de cada local, nomeadamente ao
conhecimento da sua geologia.

A. Recomendação para o projeto Em locais de geologia conhecida, o reconheci-


de pequenas barragens de terra. mento poderá, porém, limitar-se à identifica-
ção das formações ocorrentes.
No projeto de pequenas barragens de terra, deve
O reconhecimento do terreno de fundação da
assegurar-se a estabilidade dos taludes em todas
barragem deve ser efetuado por trincheiras
as fases da vida da obra, em especial, durante os
superficiais e por poços ou sondagens (quando
esvaziamentos rápidos, considerar o controle da
a espessura do solo de cobertura ultrapassar
percolação, a existência de uma borda livre ade-
3,5 m) levados a uma profundidade igual, pelo
quada e a proteção dos taludes contra a erosão
menos, à máxima altura da obra, segundo ali-
causada pela chuva e pelas ondas.
nhamentos que, no mínimo, deverão abarcar o
Elaboração dos projetos eixo da barragem e o do vertedouro.

Na fundação do vertedouro, a prospeção a


Os projetos devem ser elaborados por téc-
realizar deve ser orientada para a avaliação da
nicos registrados no Conselho Regional
erodibilidade da fundação. Devem ser executa-
de Engenharia e Agronomia – CREA, e ter
das trincheiras na soleira e ao longo do canal
Anotação de Responsabilidade Técnica – ART
do vertedouro. Para a fundação da descarga de
registrada no CREA da região onde se desen-
fundo e da tomada d’água, devem ser realiza-
volvem os projetos.
das, no mínimo, duas trincheiras para verificar a
Organização dos projetos adequação do terreno de fundação.

O reconhecimento dos solos a utilizar na cons-


Os projetos devem conter, devidamente or-
trução deve ser feito com recurso a trincheiras
ganizadas, as peças escritas e desenhadas
nos locais de empréstimo.
necessárias para definir completamente a obra
e justificar o seu dimensionamento. Em regra, o número de poços ou sondagens
não deve ser inferior a três, nem o seu espaça-
Implantação da barragem mento maior do que 50 m.

No que respeita ao local de implantação da O reconhecimento deve ainda dar particular


barragem, deverão ser considerados fatores atenção à pesquisa de ressurgências que terão
exteriores à barragem, como as condições de de ser captadas de modo a não prejudicar a es-
acessibilidade, a disponibilidade de materiais, tabilidade da barragem e da sua fundação, bem
a posse da terra, os aspectos ambientais, as como a existência de camadas impermeáveis
necessidades da comunidade, a distância até de suficiente espessura a profundidade econo-
ao fornecimento de energia elétrica e a possi- micamente acessível, pois no projeto pode ser
bilidade de inundação de estradas, pontes e tirado importante partido de tais camadas.
edifícios.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
113
Estudo das características do terreno de conterem mais de 35% de elementos retidos
fundação e do reservatório naquela peneira, os ensaios deverão, porém,
ser conduzidos sobre a fração passada na pe-
As características de cisalhamento e a permea- neira de menor malha que tiver menos de 35%
bilidade das formações em que se fundará a
dos elementos retidos.
obra devem ser determinadas sobre amostras
indeformadas colhidas nas sondagens, ou por Deve ser dada preferência à utilização de solos
meio de ensaios in situ. argilosos, face à sua maior resistência à erosão
ao galgamento.
No caso de haver formações rochosas inte-
ressadas nas fundações, deve averiguar-se a
Fundações
eventual existência de diaclases, falhas ou ou-
tras superfícies de menor resistência ao longo Quando a resistência ao cisalhamento do ter-
das quais possam ocorrer escorregamentos ou
reno de fundação não exceder uma vez e meia,
percolações inconvenientes.
pelo menos, a resistência ao cisalhamento
Devem ser efetuadas pesquisas das caracterís- que teria o aterro à mesma profundidade, o
ticas dos terrenos do reservatório que possam projeto deve apresentar demonstração de
condicionar a sua estanqueidade e a estabili- que está garantida a segurança da obra em
dade das suas margens. relação a escorregamentos, devendo ser con-
sideradas possíveis superfícies de escorrega-
Estudo das terras disponíveis para constru-
ção mento cortando simultaneamente o aterro e
o terreno de fundação.
O projeto deve indicar os locais de empréstimos
Quando não estiver comprovada a imper-
das terras a aplicar na barragem em planta de
meabilidade das fundações, o projeto deve
escala adequada, bem como a avaliação dos
apresentar cálculo das vazões de infiltração
respectivos volumes.
sob a barragem, bem como indicação das
De cada qualidade de terra, classificada medidas previstas para reduzir essas vazões
visualmente, será colhida uma amostra por a valores aceitáveis (por exemplo, por adoção
cada 1000 m3, e sobre ela serão realizados os de trincheiras corta-águas) e para evitar o risco
seguintes ensaios: limites de consistência e de erosão interna ou piping (por exemplo, por
análise granulométrica. Com os resultados
adoção de filtros), e prever o controle e o regis-
destes ensaios e demais elementos de apre-
tro da percolação.
ciação, deve-se proceder ao agrupamento das
terras segundo a Classificação Unificada de A trincheira de vedação deverá ser prolongada
solos (ASTM D2487). O número de ensaios até ao firme rochoso ou até um estrato de
prescrito poderá ser reduzido no caso de terras permeabilidade adequada e estendida a todo
de elevada homogeneidade. o desenvolvimento da barragem. Em trin-
Sobre uma amostra de cada grupo a que se for cheiras até cerca de 3,5 m de profundidade, a
conduzido, segundo a classificação referida, inclinação dos taludes da trincheira poderá ser
serão realizados os seguintes ensaios: com- de 1(V):1(H) e, para profundidades superiores,
pactação leve (ASTM D698), consolidação, 1(V):1,5(H). A largura mínima da trincheira, na
permeabilidade e compressão triaxial de base, deverá ser de 4 m. Poderá ser necessário
provetes saturados para determinação das colocar um filtro no talude de jusante da trin-
características de resistência ao cisalhamento. cheira para evitar erosão interna.
Os ensaios serão efetuados em geral sobre
a fração dos solos que passa na peneira de Em barragens zoneadas, o projeto deve asse-
malha quadrada de 4,76 mm de abertura gurar a ligação da zona impermeável ou imper-
(n.º 4 ASTM). No caso de os solos em estudo meabilizada da fundação com o núcleo.

114 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
O projeto deve dar indicação do critério a seguir rigoroso, as pressões intersticiais abaixo da
quando das escavações para decidir sobre a linha de saturação poderão ser calculadas ad-
profundidade definitiva da fundação. mitindo que em pontos à profundidade , conta-
da verticalmente a partir da linha de saturação,
Estabilidade dos taludes
a pressão intersticial é igual a yw h.

Como regra geral, as inclinações dos para- O projeto deverá indicar a posição da linha de
mentos devem ser justificadas com base no saturação no perfil da barragem e os disposi-
estudo da estabilidade dos maciços, apoiado tivos drenantes adotados para que ela se situe
nos resultados dos ensaios para determinação totalmente no interior do maciço.
das características mecânicas. Salienta-se, no
entanto, que a adoção de taludes mais suaves Nos casos em que as dimensões da bar-
representa apenas um pequeno incremento do ragem (altura e volume), a capacidade do
custo de pequenas barragens, mas é capaz de armazenamento e o dano potencial a jusante
aumentar muito a segurança da barragem. possam justificar que o projeto deixe de se
fundamentar em ensaios de determinação das
No cálculo do maciço de montante deve ser
características mecânicas dos solos a empre-
considerada a situação correspondente a um
gar, as inclinações dos respectivos paramentos
esvaziamento brusco do reservatório. Se não se
serão fixadas de harmonia com as indicações
fizer cálculo mais rigoroso, as pressões inters-
ticiais poderão ser calculadas, admitindo que da experiência.
em pontos à profundidade , contada na vertical No Quadro 1 indicam-se as inclinações que
a partir do paramento, a pressão intersticial é poderão ser adotadas em pequenas obras de
dada pelo produto do peso do volume da água,
perfil homogêneo, para os diferentes grupos de
yw por h.
classificação dos solos. As inclinações aí indi-
No cálculo do maciço de jusante deverá ser cadas para o caso de barragens não sujeitas a
considerada a situação correspondente ao esvaziamento brusco do reservatório apenas
reservatório cheio, isto é, com a água ao nível poderão ser adotadas quando no projeto se
máximo normal. Se não se fizer cálculo mais prove que tal é de admitir.

Quadro 1 – Inclinações dos taludes dos paramentos de montante e de jusante em barragens homogêneas

Classificação Inclinação dos paramentos


Condições de esvaziamento
do solo (ASTM D2487) Montante Jusante
GC,GM,SC,SM 1(V):2,5(H) 1(V):2(H)
Lento CL,ML 1(V):3(H)
1(V):2,5(H)
CH,MH 1(V):3,5(H)
GC,GM, SC,SM 1(V):3(H) 1(V):2(H)
Rápido CL,ML 1(V):3,5(H)
1(V):2,5(H)
CH, MH 1(V):4(H)

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
115
Largura do coroamento por filtros chaminé e tapetes drenantes, em
barragens homogêneas e zoneadas.
A largura do coroamento, em regra não inferior
a 3 m, deve ser justificada em função da natu- Os filtros são dimensionados para impedir o
reza dos materiais a empregar, da configuração arrastamento de solos. Os drenos são dimen-
da linha de saturação com o reservatório cheio, sionados para escoar a água, mantendo os
da altura e importância da barragem, das con- materiais a jusante secos. A combinação de
dições práticas de construção e das exigências filtros e drenos constitui uma boa solução de
da circulação prevista. drenagem das barragens.

O coroamento será consolidado conveniente- Recomenda-se, no mínimo, a utilização de


mente e deverá assegurar-se a sua eficaz dre- um dreno no pé do talude de jusante, para
nagem, devendo ser adotado um valor mínimo barragens com altura inferior a 5 m, de tapete
de 3% para a inclinação do coroamento para drenante, para barragens de altura superior a
montante. 5 m e, adicionalmente, de um filtro chaminé
para barragens de altura superior a 10 m.
O coroamento deve ser protegido com material
granular para evitar trincas e sulcos produzidos Na transição do aterro para os enrocamentos
por rodas de veículos. de revestimento do paramento de montante
e para os dispositivos drenantes, deverão ser
Revestimento dos paramentos colocados filtros devidamente dimensionados.

O paramento de montante deverá ser pro- Os materiais para filtros e drenos devem, em
tegido da erosão provocada pelas ondas por geral, ser materiais obtidos por britagem, devi-
meio de um revestimento de enrocamento, do aos materiais naturais se encontrarem, em
de solo-cimento, betuminoso ou de outro tipo regra, demasiado contaminados.
convenientemente justificado.
Não havendo materiais disponíveis para filtros,
O paramento de jusante deve ser protegido sendo o sobrecusto relativo à sua aquisição e
da ação da chuva e da água proveniente das transporte elevado, poderá ser equacionada a
descargas e dos verdedouros, tomando-se ain- utilização alternativa de geossintéticos em zo-
da medidas contra os animais que revolvem a nas não críticas da barragem, em substituição
terra. Quando a altura da barragem o justificar, dos materiais naturais.
deverá completar-se a proteção do paramento
Vertedouro(s) de cheias
de jusante por meio de banquetas dotadas de
valetas de escoamento das águas superficiais.
Os órgãos de descarga das cheias devem oferecer
Núcleo de barragens zoneadas garantia de segurança total contra o galgamento
da barragem. Em pequenas barragens são
Em barragens zoneadas o núcleo impermeável muitas vezes considerados dois tipos de verte-
deve atingir a cota do nível máximo de cheia. douros, o vertedouro principal e o vertedouro de
Recomenda-se que a largura do núcleo na emergência, ou apenas o vertedouro principal.
base não seja inferior à metade da altura da
O vertedouro principal não deve ser suscetível
barragem, com um mínimo de 4 m.
à erosão, dado ser expectável que funcione
Filtros todos os anos. Quando associado a um
vertedouro de emergência, pode ser mate-
A drenagem através de filtros e drenos é essen- rializado através de tubulações verticais ou
cial para reduzir a possibilidade de erosão inter- inclinadas, devidamente protegidas contra
na, considerando-se indispensável a colocação obstruções por materiais flutuantes. Quando
de sistemas de drenagem interna, constituídos isolado, deve ser em soleira livre.

116 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
O vertedouro de emergência funciona apenas Quando não existir risco de erosão devido à
após cheias significativas, deve ter uma capa- competência do maciço de fundação do verte-
cidade muito superior à do vertedouro principal douro, conferida pela sua natureza rochosa, o
e deve ser em soleira livre. canal pode ser escavado diretamente na rocha.

Consoante os elementos hidrológicos dispo- Em solos ou rochas erodíveis, é necessário pro-


níveis, a vazão para o dimensionamento do(s) ceder à proteção do canal com um revestimen-
vertedouro(s) deverá ser determinada por to de concreto, com uma espessura mínima de
fórmulas do tipo cinemático, pelos métodos 0,10 m, e à drenagem da fundação para evitar
da hidrologia estatística ou pelo método do a instalação de subpressões. O canal deverá
também ter juntas de dilatação, a distâncias
hidrograma unitário. O valor da vazão de cheia
variáveis entre 3 e 15 m.
poderá também obter-se por comparação com
bacias hidrográficas morfológica e hidrologica- Borda livre
mente semelhantes à bacia em estudo, e em
relação às quais se disponha de bom conheci- Designa-se por borda livre a distância vertical
mento das vazões. entre o máximo nível d’água suscetível de se
verificar no reservatório, nível máximo maxi-
Em princípio, e salvo o caso de se prever que a
morum, funcionando os órgãos de descarga
ruptura da barragem ponha em risco vidas hu-
com a eficiência prevista, e o coroamento da
manas, adotar-se-á no projeto a vazão máxima barragem, não considerando o parapeito.
da cheia com probabilidade de ocorrência de
uma vez em 100 anos. A fixação do valor da borda livre deverá ser
feita mediante a determinação do nível da
Para a determinação da precipitação, de- cheia considerada para dimensionamento do
verão utilizar-se os valores médios horários vertedouro e tendo em conta a altura máxima
extraídos de registos udográficos de posto ou e a velocidade das ondas que o vento possa
postos representativos, sendo recomendável formar no reservatório.
que o período das observações seja pelo me-
Em nenhum caso a borda livre deverá ser
nos de 30 anos.
inferior a 1 m.
A localização do(s) vertedouro(s) deve acau-
telar a possibilidade de erosão do aterro. Contra-flecha

O(s) vertedouro(s) de cheias não deverá(ão) fi- Deve ser adotado um valor mínimo de 0,30 m
car integrado(s) no corpo de barragens de terra. para a contra-flecha na seção de maior altura.

Todos as paredes da zona de entrada do(s) Descarga de fundo e tomada d’água


vertedouro(s) devem ter como borda livre
mínima o valor adotado para a barragem. No As barragens de terra devem possuir uma ou
canal do vertedouro(s) e na zona de saída mais descargas de fundo que permitam o es-
deverá ser evitado o galgamento das suas pa- vaziamento do reservatório.
redes pela cheia. Para a dissipação da energia É proibida a colocação de tubulações nos
das águas, o projeto deverá prever disposições aterros, por causa de erosão interna, e sobre
adequadas, cujo dimensionamento será con- estes, devido à erosão externa. Recomenda-
venientemente justificado. se, ainda, a concretagem da envolvente des-
sas tubulações.
Normalmente, nas bacias das pequenas bar-
ragens, o tempo de concentração é baixo e é É fortemente recomendado que o conduto da
recomendada a utilização de vertedouros sem descarga de fundo se localize junto a uma om-
comportas, para anular o tempo de resposta breira e que esteja fundado em terreno com-
necessário para a operação das comportas. petente, de preferência em maciço rochoso. A

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
117
cota da base da trincheira do conduto não deve Avaliação e minimização dos impactos a
ser inferior à cota da trincheira de vedação. montante e a jusante

As entradas das descargas de fundo e tomadas Os principais impactos associados à constru-


de água devem ser localizadas de forma a ga- ção de pequenas barragens são os danos
rantir a permanência do seu funcionamento e potenciais e afetação de outros proprietários
ser munidas de grelhas de proteção. devido à extensão do reservatório, a sedi-
A tubulação deve ter uma inclinação que mentação do reservatório, o crescimento de
não exceda 2 a 5%, para evitar velocidades plantas aquáticas, a redução significativa
demasiado elevadas, e deve estender-se para dos escoamentos para jusante e a circulação
além do pé de jusante para evitar a erosão da de peixes.
barragem. O projeto deverá conter uma avaliação do dano
Salvas razões justificadas, cada conduto deve potencial associado no que respeita a pessoas,
ser munido, pelo menos, de uma válvula, insta- habitações ou propriedades induzido pela onda
lada a montante e convenientemente arejada. de inundação devido ao eventual rompimento
O seu comando será facilmente acessível e, se da barragem.
for mecânico, deve existir simultaneamente A região do vale a jusante da barragem po-
dispositivo de manobra manual. tencialmente afetada pelo rompimento da
Se os condutos atravessarem a barragem e se barragem deve ser delimitada pela seção do rio
não repousarem sobre formações rochosas, o em que a onda de inundação atinge a ordem
projeto deverá prever disposições adequadas de grandeza da cheia de dimensionamento do
para prevenir os efeitos de recalques dife- vertedouro e deve ter em conta a indução de
renciais, sendo as juntas essenciais para um ruptura de barragens situadas a jusante.
adequado comportamento do conjunto. O projeto deve definir de forma adequada a
Dado que as tubulações sob o aterro são extensão para montante do espelho d’água
frequentemente causa de acidentes devido à em pleno armazenamento e em máxima cheia
percolação ao longo do respectivo contorno e indicar as propriedades potencialmente
exterior, o projeto deverá indicar as medidas a inundadas, bem como a autorização explícita
adotar para interceptar as eventuais fugas ao por parte dos respectivos proprietários. Deve
longo dos condutos, nomeadamente, através ainda conter uma previsão da sedimentação
de colares de filtros/drenos. do reservatório ao longo da sua vida útil, bem
como medidas para a sua minimização, bem
O projeto deverá conter a determinação da como que combatam o crescimento de plantas
curva de vazão da descarga de fundo projeta- aquáticas.
do, relacionando-a com a capacidade do reser-
vatório e com o seu tempo de esvaziamento. A construção da barragem também pode ter
A capacidade de vazão da descarga de fundo consequências para jusante, nomeadamente,
deve permitir esvaziar metade do volume do devido à redução significativa dos escoamen-
reservatório em sete dias, sendo recomendado tos, podendo atingir outras barragens e poços.
o valor de 0,305 m como diâmetro mínimo da O projeto deve conter uma avaliação destes
tubulação. impactos, bem como medidas para a sua
minimização.
Se existir utilização regular de água a jusante
da barragem, deve-se instalar um sistema de Sempre que tal for reconhecidamente neces-
vazão sanitária que permita a manutenção de sário, as obras deverão incluir dispositivos que
uma vazão adequada para esse efeito. permitam a circulação dos peixes entre os tre-
chos de água situados a montante e a jusante
da barragem

118 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
B. Recomendação para a Limpeza da fundação
construção de pequenas
barragens de terra Serão retiradas as camadas de terra vegetal,
raízes, outros restos de matérias vegetais,
O controle da qualidade durante a construção blocos de pedra, detritos, formigueiros, bem
são aspectos essenciais do controle de segu- como todas as terras acima daquelas cujas
rança das pequenas barragens. É recomendado características mecânicas foram consideradas
no projeto das fundações.
que o período de construção coincida com o
período em que a pluviosidade é mais reduzida As surgências deverão ser captadas e drenadas
e, simultaneamente, em que os solos ainda antes de ser iniciada a execução do aterro.
apresentem uma umidade natural suficiente
para a sua adequada compactação. Desvio provisório

Direção da construção Se a barragem for construída num curso de


água, pode ser necessário prever a construção
A construção será dirigida por um responsável de um desvio provisório, através de tubulação
técnico registrado no Conselho Regional de ou de trincheira de desvio.
Engenharia e Agronomia – CREA e com as quali-
Construção da trincheira de vedação
ficações requeridas para a elaboração do projeto.

Após a limpeza, deve-se proceder à escavação


Preparação para
a execução dos aterros e ao preenchimento da trincheira de vedação,
por camadas horizontais, com solo devida-
A preparação para a execução dos aterros inclui mente compactado.
a marcação dos limites da barragem e dos seus
Implantação da descarga de fundo/tomada
alinhamentos principais (nomeadamente, o
d’água
eixo), a escolha das áreas de empréstimo, os
acessos às áreas de empréstimo, a remoção As tubulações, no sentido montante-jusante,
da camada superficial da fundação, a eventual devem ser instaladas numa trincheira escava-
execução do desvio provisório, a construção da da na fundação, para permitir melhor confina-
trincheira de vedação e a implantação da tubu- mento lateral.
lação do descarga de fundo/tomada d’água.
A implantação da(s) tubulação(ões) do des-
carga de fundo/tomada d’água deve ser deci-
Marcação dos limites da barragem
dida após a limpeza da fundação, a realização
das trincheiras de prospeção e a construção da
A implantação da barragem deve ser efetuada
trincheira de vedação, podendo ser necessário
recorrendo a estacas e a cordas, usadas tam-
adotar geometrias em curva para garantir boas
bém para assinalar o nível máximo do reserva-
condições de fundação.
tório. A vegetação abaixo deste nível deve ser
removida. A trincheira de fundação da tubulação deve ser
escavada em terreno firme desde a inserção
Áreas de empréstimo a montante no reservatório, pelo menos, até
ao pé de jusante. A trincheira deve ter uma
As áreas de empréstimo devem ser desprovi- dimensão na base igual ao diâmetro da tu-
das de material orgânico, drenadas, conter os bagem acrescido do espaço necessário para
solos pretendidos e não terem demasiados o preenchimento com concreto pobre da sua
blocos de pedra. envolvente.

Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
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Fundações acompanhar a rega com revolvimento das
terras por meio de equipamentos adequados.
Nas fundações em maciços terrosos, é ne-
cessário assegurar que a barragem é fundada Deve ser assegurada uma adequada ligação
em materiais de resistência igual ou superior entre camadas, pelo que, se a superfície da
à dos materiais de aterro após compactados. camada secar, esta deve ser escarificada antes
As especificações em termos de compactação da colocação de uma nova camada. A escari-
dos solos de fundação são as exigidas para os ficação da camada é também fundamental
materiais de aterro. quando se utilizam rolos de rasto liso.

Se os aterros forem construídos durante a


Compactação dos aterros
estação úmida, devem ser tidos cuidados para
evitar a permanência de água na superfície
A compactação das camadas deve ser rea-
das camadas. Para o efeito, as camadas devem
lizada de forma a conseguir compacidades
ter uma ligeira inclinação que permita o escoa-
pré-fixadas, de acordo com os ensaios de
mento superficial.
compactação.
O filtro chaminé não deve ser demasiado com-
Deve-se dar preferência ao ajuste do teor em
pactado. A sua compactação deve ser feita
água no local do empréstimo, para que a co-
com bastante água.
locação em obra ocorra com o material com o
teor em água próximo do pretendido.
Zonas confinantes com as tubulações
A construção do aterro deve ser feita de forma
regular, de forma a não haver desníveis excessi- Desaconselha-se a execução de colares à volta
vos. O material de aterro deve ser colocado em de tubulações, sendo recomendada, em sua
camadas horizontais em toda a extensão da substituição, a colocação de filtros, em espe-
barragem. Os materiais devem ser espalhados cial no terço final da tubagem, para prevenir
sobre as camadas pré-existentes e não empur- problemas de erosão interna.
rados para o local.
Tubulações
O espalhamento deve ser feito com bulldozer,
em camadas com uma espessura máxima de As tubulações devem ser ensaiadas com ar
cerca de 0,20 m a 0,25 m, dependendo do solo comprimido a uma pressão igual a uma vez e
e do equipamento de compactação, e a com- meia a pressão de serviço, não devendo ocorrer
pactação deve ser efetuada com rolos. Os rolos fugas durante um período de 2 h. Estes ensaios
de pés de carneiro são os mais adequados para de receção permitem realizar correções com
os solos finos argilosos, e os rolos de rasto liso um custo mínimo.
para os restantes. Normalmente 8 a 10 pas-
sagens do equipamento de compactação são Controle da compactação
suficientes.
O controle da compactação relativa e do des-
A compactação relativa (ASTM D698) deve vio do teor de água em relação ao ótimo será
atingir pelo menos 95%, referida ao ensaio efetuado em cada 1000 m3 de terra colocado
Proctor normal, e o teor de água deverá situar- em obra, com um mínimo de duas determina-
se entre o teor ótimo em água e wopt e wopt + 2%. ções por camada.

Usualmente, cada camada será levada até à Será mantido pelo técnico responsável no local
umidade conveniente para a compactação por da obra um registro dos resultados dos ensaios
rega sobre o aterro ou no empréstimo, com cui- de controle, com indicação das datas e das
dadosa dispersão de água para conseguir mo- coordenadas dos pontos em que os ensaios de
lhagem uniforme. Será, em regra, conveniente controle foram realizados.

120 Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens


Volume VIII - Guia Prático de Pequenas Barragens
Durante a execução da obra, o mesmo técnico e evitar-se a plantação de árvores adjacentes
anotará os resultados dos seus exames aos ao aterro.
trabalhos durante as fases mais importantes,
designadamente: conclusão da remoção da Observação das obras
camada superficial da fundação, colocação
de filtros, diversas fases de compactação dos O comportamento da obra durante a fase inicial
aterros e fase terminal da obra. de exploração, designadamente, no primeiro
enchimento, total ou parcial, e no subsequente
Recuperação paisagística do local esvaziamento, deve ser observado, dando-se
particular atenção ao eventual aparecimento
Após a construção da barragem, é necessário de trincas ou de infiltrações e aos recalques
recuperar o espaço usado durante a constru- que ocorram.
ção, nomeadamente, de forma a prevenir a
Em obras que levantem problemas especiais,
erosão e a minimizar os impactos. É necessário
deverão ser colocados dispositivos de ob-
proceder, se necessário, à regularização de
servação, nomeadamente, referências para
taludes, de forma a garantir a sua estabilidade
observação de deslocamentos de pontos dos
e segurança em longo prazo, em especial para
maciços, aparelhos para medição de pressões
as condições de saturação, caso esses taludes
intersticiais e piezômetros para observação da
confinem com o reservatório.
linha de saturação.
Para a revegetação, devem ser utilizados solos
orgânicos para a plantação de espécies nativas

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