Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1.0 - INTRODUÇÃO
1
A - Introdução
FOLHAS – corpos que têm uma das dimensões (denominada espessura) muito
menor (*) que as outras duas (e << a ~b);
2
A - Introdução
BLOCOS a
c
e
CASCAS
b a
FOLHAS CHAPAS
PLACAS PLACAS
ARCOS
BARRAS
VIGAS
PERFIS L
DELGADOS
c) Quanto ao carregamento:
Os esforços que atuam nas estruturas serão representados através dos seguintes mode-
los simplificados (Fig. 1.2.2):
q(x)
(a) (c)
(b)
(d)
Fig. 1.2.2 – Tipos de Carregamento: forças distribuídas (a) em volumes, (b) em superfícies,
(c) em linha; (d) forças concentradas.
4
A - Introdução
Engastamento – capaz de impedir qualquer movimento do ponto vinculado do
corpo e o movimento de rotação do corpo em relação a esse ponto.
APOIO
MOVEL
SÍMBOLO
Biela ou
conectora
Pino deslizante
rodete R
APOIO
FIXO
Rx SÍMBOLO
Ry
rótula
E
N
G
A SÍMBOLO
S
T Rx
A
M
E Mz
N
T Ry
O
f) Princípio de Saint’Venant –
Uma hipótese simplificadora que é sustentada pela observação experimental é a estabelecida por
Saint’Venant, indicando que em pontos suficientemente afastados das regiões de aplicação dos es-
forços, os efeitos internos se manifestam independentemente da forma de distribuição daqueles es-
forços. Este princípio permite o cálculo dos esforços no interior dos corpos utilizando a resultante
5
A - Introdução
dos esforços atuantes, como uma força concentrada equivalente, hipótese válida apenas para pontos
afastados em relação ao local onde os esforços são distribuídos, de uma distância d superior a 1,5 a
2,0 vezes a maior dimensão b da distribuição da carga. b
d
q
esforços q.b
internos d + b/2
F1
P2 P2
F2
P3 = P1 + P2 P3=P1+P2
F3 = F1 + F2 F3 ≠ F1 + F2
Fig. 1.2.5 – Princípio da Superposição dos Efeitos
6
A - Introdução
1.3 - ESFORÇOS
Os esforços que atuam sobre um sistema material ou parte de uma estrutura
podem ser classificados segundo o quadro:
Permanentes
ATIVOS
EXTERNOS Acidentais
REATIVOS
Força Normal
ESFORÇOS Força Cortante
SECCIONAIS
Momento Fletor
INTERNOS Momento Torçor (Torque)
Tensão Normal
LOCAIS
Tensão Tangencial
8m
B
20 tf
6m
A
Pista circular
rodetes
10 tf
Bx
By
20tf
A
10tf
M
A
G G
N T
Q
F F
N Q M T
9
A - Introdução
z
1 - Na seção flangeada do engaste:
y F x = N = 4 kN (tração)
F y= Q y = 0
3 kN F z = Q z = 3 kN
600mm
M x = T = 3 x 0,750 = 2,25 kN.m
M y = 3 x 0,600 = 1,80 kN.m
M z = 4 x 0,500 = 2,00 kN.m
B
5m
4,0 3,2
2,4 1 2
4m
C
Ax
Ay
10
A - Introdução
4
2,4 3,2
B
Solução
5 1 2 1) Cálculo das Reações:
C 2 Pelo Σ MA = 0 pode-se escrever:
4
4x5,5 + 3,2x2 – 2,4 x 4 = Cx8;
)
C = 2,35 kN (
AX
Pelo Σ Fx = 0 e Σ Fy = 0, obtem-se:
Ay Ax = 2,40 kN () e Ay = 4,85 kN ()
3,45 M
KN.m
11
A - Introdução
1.4 – CONCEITO DE TENSÃO.
Os esforços locais, em pontos de uma dada seção, serão analisados através de
seus valores específicos (por unidade de área) por meio do conceito de tensão.
A tensão ( S ) presente em um ponto de uma dada seção de uma barra carrega-
da é o limite da relação entre a força elementar ∆F e a área ∆A no entorno desse pon-
to, quando ∆A tende a zero:
dFn σ
dF
S
dA dFt
Um fato que, desde o início, deve ser reconhecido é que a tensão que atua em
um certo ponto de um certo plano de um corpo carregado depende da orientação do
plano selecionado. Num mesmo ponto, porém em um plano diferente, a tensão, em
12
A - Introdução
geral, será diferente. Não são apenas as componentes que se modificam com a orien-
tação do plano, mas é o vetor tensão que se altera.
Assim é que, por exemplo, no caso simples de uma barra prismática (Fig.
1.4.2), de pequena seção transversal de área A0 e submetida a uma força de tração F
pelos topos, fácil será concluir que, em um certo ponto P do plano da seção transver-
sal, atuará uma tensão normal de tração cujo valor será, em média, σ = F/A0, sendo
τ = 0.
F
F
S0 = σ = F/A0 Sφ = F / (A0/cos φ)
φ
φ
F
(A) A0 (B) F
13
A - Introdução
n
(a ordem [O] de um tensor é o expoente n da relação [O] = 3 que fornece o número
de componentes escalares da grandeza – uma grandeza escalar, como a temperatura, é
um tensor de ordem zero, enquanto uma grandeza vetorial, como a força, é um tensor
de 1ª ordem).
σyy
τ* τyx
τxy
dy
P
τzy σxx
dz
x
τxz
dx
z
σzz
τ*
Fig. 1.4.3 – Estado de tensão em um ponto P de um corpo carregado (coloque os índices das
duas tensões assinaladas com *, seguindo a convenção exposta no texto a seguir).
14
A - Introdução
- para uma tensão atuante em uma “face negativa” (aquela cuja normal exterior
está orientada no sentido negativo do eixo que lhe é perpendicular), será ela
negativa se orientada no sentido positivo do eixo correspondente, e positiva se
orientada no sentido oposto. A Figura 1.4.4 a seguir mostra exemplos onde a
nomenclatura e os sinais das tensões são indicados.
x
τ4
τ1
x
τ3
y
y
τ5 τ6
τ2
z
z
Fig. 1.4.4 – Nomenclatura e sinais das tensões (os eixos x,y,z devem formar triedros dire-
tos).
A tensão τ1 é tangencial, atua numa face que tem o eixo x como normal ex-
terna (face positiva), é paralela ao eixo y, em seu sentido negativo. Logo, a tensão
será designada pelo símbolo τxy e terá sinal negativo;
A tensão τ2 é tangencial, atua numa face que tem o eixo z como normal externa
(face positiva), é paralela ao eixo x, em seu sentido positivo. Logo, a tensão será de-
signada pelo símbolo τzx e terá sinal positivo;
A tensão τ3 é normal, atua numa face que tem o eixo y como perpendicular,
porém é uma face negativa; a tensão é paralela ao mesmo eixo y, e em seu sentido
negativo. A tensão será nomeada como σy, e terá sinal positivo.
Observe que as tensões τij para as quais i=j são tensões normais σ, sendo posi-
tivas, se de tração, e negativas, se de compressão, independentemente do sinal das
faces, não necessitando ter seus índices repetidos (seria uma redundância).
Fica como exercício mostrar que: τ4 = τzy (sinal +); τ5 = τyx (sinal -); τ6 = σx
(sinal -).
O tensor das tensões [S], com suas 9 componentes escalares, é representado por
uma matriz quadrada (3 x 3), sendo a diagonal principal composta pelas tensões nor-
mais e os elementos secundários pelas tensões tangenciais.
15
A - Introdução
σx τyx τzx
S = .............................................( 1.4.4 )
τxy σy τzy
τxz τyz σz
τxy = τyx
τyz = τzy .......................................... (1.4.5)
τzx = τxz
A demonstração das equações (1.4.5) pode ser feita analisando-se o equilíbrio
de momentos das forças atuantes sobre as faces do paralelepípeto elementar mostrado
na Fig. 1.4.3, momentos esses tomados em relação a 3 eixos paralelos aos eixos coor-
denados, passando pelos pontos médios das faces (equilíbrio de momentos válido,
inclusive, para o caso de o elemento estar acelerado, já que o momento de inércia da
massa elementar em relação a um seu eixo é nulo – “M = I α”).
Assim, para um eixo paralelo ao z, passante pelo ponto médio da face que lhe é
perpendicular, de área dx.dy, as únicas forças atuantes nas demais faces e que provo-
cam momentos em relação a tal eixo (as que não o cruzam ou que não lhe são parale-
las) serão:
τxy (dy.dz) e τyx (dx.dz), que, multiplicadas pelos respectivos braços para to-
mada de momentos nos permite escrever:
ficando demonstrado que τxy = τyx . O mesmo procedimento repetido para os outros
dois eixos, na mesma condição, nos levará ao que consta nas equações (1.4.5).
τ=0
T
Fig. 1.4.5 – Tensões tangenciais nos contornos livres das peças.
Outro fato que será analisado em detalhe mais adiante é que a simetria da ma-
triz (1.4.4) nos indica a possibilidade de, por uma conveniente mudança da orientação
dos eixos coordenados (x, y, z), obter-se uma matriz equivalente diagonalizada (τij =
0), obtendo-se na diagonal principal as tensões chamadas principais que descrevem o
estado de tensão no ponto considerado.
17
A - Introdução
Para exemplificar, veja-se a união de chapas mostrada na Fig. 1.5.1, transmi-
tindo uma força de tração de 72 kN, provocando tração nas chapas, corte no pino e
compressão (esmagamento) no corpo do pino e nos furos das chapas.
80 75 150
100
A B
72 kN 72 kN
15
20
36 kN
72 kN
36 kN
15
P d = 25mm
Área proje-
tada
As tensões críticas de tração nas chapas ocorrerão nas seções onde há os furos
(menor área) e valerão:
18
A - Introdução
σA = (36 x 10 N) / [(100 – 25) x 15 x 10-6 m2] = 32 x 106 N/m2 = 32,0 MPa
T 3
σΒΤ = (72 x 103 N) / [(150 – 25) x 20 x 10-6 m2] = 28,8 x 106 N/m2 = 28,8 MPa
As tensões críticas de cisalhamento nas chapas (nos planos em que seriam ras-
gadas tangencialmente) valerão:
τΒ = (72 x 103 N) / [(2) x 80 x 20 x 10-6 m2] = 22,5 x 106 N/m2 = 22,5 MPa
σAC = (36 x 103 N) / [25 x 15 x 10-6 m2] = 96 x 106 N/m2 = 96,0 MPa (C)
σBC = (72 x 103 N) / [25 x 20 x 10-6 m2] = 144 x 106 N/m2 = 144 MPa (C)
Para o pino de união das chapas, teremos uma tensão tangencial cal-
culada por:
τP = ( 36 x 103 N) / [(π/4) x [25]2 x 10-6 m2] = 73,34 x 106 N/m2 = 73,3 MPa
As tensões de compressão (esmagamento) no corpo médio do pino
(em contato com a chapa B) e em suas duas extremidades (em contato com
as chapas A), valerão, respectivamente 144 e 96 MPa (conforme se pode
presumir, calcado no princípio da Ação e Reação – já que as áreas de conta-
to se superpõem).
19
A - Introdução
1.6 – DEFORMAÇÕES.
Os corpos são constituídos de pequenas partículas ou moléculas entre as quais
existem forças de interação. Se forças externas são aplicadas ao corpo, as partículas
se deslocam, umas em relação às outras, até que as forças interiores estabeleçam uma
nova configuração de equilíbrio. A composição desses deslocamentos microscópicos
produz modificações volumétricas e de forma que caracterizam as chamadas defor-
mações do corpo.
A Fig. 1.6.1 apresenta como exemplo uma barra prismática onde foi marcada
uma extensão de comprimento inicial l0 que, sob a ação de uma força de tração N,
sofre uma elongação δl.
l0
N
δl
N
l = l0 + δl
ε = δl / l0 = ( l − l0 ) / l0 ............................ (1.6.1)
l = l0 ( 1 + ε ) .......................................(1.6.2)
20
A - Introdução
Verifica-se também que, além da deformação longitudinal, ocorre simultanea-
mente uma modificação das dimensões transversais da barra, de sinal oposto, sendo a
deformação específica transversal (ou lateral) dada por:
εt = δa / a0 .....................................................(1.6.3)
Para peças em forma de chapas é relevante assinalar a variação de sua área,
através da deformação específica superficial dada por:
εs = δS / S0 = (S – S0) / S0
e, portanto: S = S0 ( 1 + εs ) .......................................(1.6.4)
Da mesma maneira, a variação volumétrica de uma peça será mensurada pela
deformação específica volumétrica:
εv = δV / V0 = (V – V0) / V0
e, portanto: V = V0 ( 1 + ε v ) ......................................(1.6.5)
As modificações de forma associadas aos esforços tangenciais são medidas a-
través da denominada deformação específica de distorção, dada por:
εd = δu / c0 = tg γ ∼ γ ...........................................(1.6.6)
a0
l0
S0
σ b0
δu
δl
δa
τ
δb
c0
γ a0
21
A - Introdução
A determinação experimental das deformações e seu relacionamento com as
tensões são feitos através de ensaios, sendo os mais importantes os de tração e de
compressão, realizados na máquina universal esquematizada na Fig. 1.6.3.
3 4 1 – cilindro e êmbolo
2 – bomba hidráulica (medidor de vazão)
5 3 – mesa (chassi) móvel
4 – corpo de prova para tração
5 – corpo de prova para compressão
6 – mesa (chassi) fixa
7 – manômetro (medidor de pressão)
8 – fluido hidráulico
7
x 2
1
6
A peça a ser ensaiada (corpo de prova) é padronizada e, dependendo das características do material,
obtem-se um gráfico da força normal (N) em função da elongação (δl) conforme apresentado abaixo
Força Normal Material Dútil
7
4
Material Frágil
3
Borracha
1
N l0
δl = ................................... (1.7.2)
Ε Α0
No caso de materiais para os quais a equação 1.6.7 não se aplica (materiais
frágeis, fig. -1.6.6) define-se um módulo de elasticidade inicial (E0 = dσ/dε]ε = 0).
Observa-se, também experimentalmente, que as deformações transversais
(εt) são proporcionais às longitudinais (ε), ou seja:
εt = − ν ε ....................................... (1.7.3)
τ45 = σ/2
....................................(1.7.6)
a(1- νε) G = E / 2(1 + ν)
25
A - Introdução
1.8 – ENERGIA DE DEFORMAÇÃO.
Na fase elástica, o trabalho realizado pelas forças externas é armazenado no
corpo deformado sob a forma de energia potencial elástica.
No caso de uma barra prismática, de comprimento l0, de seção com área A0 ,
tracionada por uma força crescente, de zero até o valor final N (Fig 1.7.1), o trabalho
W de deformação será dado por:
δl
W= N d(δl).
o
que pode ser representado pela área abaixo do gráfico N x δl.
Desde que não seja ultrapassado o limite de proporcionalidade, pode-se es-
crever:
N σ σ
W=U Resiliência
Tenacidade
N
(δl)
(δl) ε ε
Fig. 1.8.1 – Energia de deformação . Resiliência. Tenacidade.
O trabalho realizado pela força normal será igual à energia potencial armaze-
nada pela peça (U), nos permitindo escrever que, a energia específica (por unidade
de volume V = A0l0) será dada por:
26
A - Introdução
residuais sem se romper é a chamada dutilidade ou plasticidade. É uma propriedade
primordial para as operações de conformação, como a laminação, embutimento,
estrusão, usinagem, etc, normalmente presentes nos processos de fabricação de peças
metálicas. Os materiais dúteis são flexíveis, macios, com grande capacidade de
absorver energia por deformação (tenacidade). A característica oposta à dutilidade é a
chamada fragilidade, típica de materiais quebradiços e duros, que sofrem ruptura
sem passar por deformações residuais notáveis.
A dureza é uma terceira propriedade importante, caracterizada pela capacidade
de o material se opor à penetração mecânica de outros corpos.
A seguir é apresentada uma Tabela que indica valores médios de certas
propriedades mecânicas de alguns materiais utilizados na construção de estruturas e
máquinas. Esses valores variam largamente em função da composição química (teor
de elementos de liga), de tratamentos térmicos (aços), temperaturas elevadas (tubos
de caldeiras), do tempo (concreto), etc., e devem ser tomados aqui apenas como
indicativos de sua ordem de grandeza, para efeito de aplicações em problemas.
ρ E G Tensão Limite Escoamento Tensão Limite Ruptura ε α
Massa Módulo Módulo σ σ τ σ σ τ Elong. Coef.
Materiais Específ. Elast.Long. El.Transv. (Tração) Compres Cisalh. (Tração) Compres Cisalh. Percent Dil.Tér.
(ton/m3) (GPa) (GPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (%) (10-6C-1
Aço Estrutural 7,87 200 76 250 250 150 450 450 270 28 11,7
Aço 1020 (temp) 7,87 210 80 230 230 138 620 620 370 22 11,7
Aço 1040(lamn) 7,87 210 80 360 360 215 580 580 350 29 11,7
AçoInox (recoz) 7,92 190 78 510 510 305 1300 1300 780 12 11,7
Ferro Fundido 7,37 165 69 - - - 210 800 - 4 12,1
Alumínio trab. 2,77 70 28 300 300 215 410 410 240 20 23,6
Latão 8,75 105 39 100 100 60 270 270 130 50 17,6
Bronze 8,86 100 45 140 140 85 340 340 200 50 16,9
Concreto 2,41 24 - - - - - 25 - - 10
Vidro 2,50 75 27 - - - 5 10 - - 950
Madeira(Pinho) 0,55 13 - - - - - 51 7,6 - -
Carvalho 0,69 12 - - - - - 48 13 - -
Polietileno 0,91 3 - - - - 48 90 55 - -
28