Você está na página 1de 8

. ⁄ .⁄ .

●  ●  , º  ● -  243

Motores trifásicos de indução: Dimensionamento


  *

Resumo ● No Brasil, a energia elétrica é historicamente oferecida pelo aumento da produção ou pelo lado
da oferta. A escassez dos recursos financeiros, o crescimento da demanda, o controle dos impactos
ambientais e a longa maturação dos projetos hidrelétricos apontam-na como importante alternativa à
busca da eficiência energética pelo lado do usuário. Quanto ao consumo, o perfil nacional registra o fato de
que praticamente um quarto de toda a energia elétrica produzida provém dos motores elétricos. A proposta
do trabalho é apresentar critérios para o dimensionamento dos motores trifásicos industriais visando a
melhor condição de rendimento quando operam com cargas variáveis, periódicas e de ciclos definidos.
Palavras-chave ● dimensionamento de motores elétricos, rendimento de motores elétricos, métodos de
partida de motores elétricos

Title ● Induction Triphase Engines: Dimensioning


Abstract ● In Brazil, electric energy has been historically offered either by an increase in production or by
greater offer. The lack of financial resources, the growth in demand, the control of environment impact,
and the long preparation of dam buildings demonstrate that it is an important alternative for the search
of energetic efficiency of electrical engines. This paper tries to present some criteria for the dimensioning
of industrial triphase engines, aiming at better results when operating with variable, periodical, and
indefinite cycle charges,
Keywords ● dimensioning of electrical engines, results of electrical engines, methods for electrical engines
starting.

.  com cargas inferiores a 50% da potência nominal


e muitas vezes, por longos períodos, praticamente
Pesquisas realizadas por concessionárias e fabri- sem carga.
cantes indicam que a grande maioria dos motores Nos processos de acionamentos por meio de
opera com potência abaixo de seu valor nominal. motores elétricos de indução, a questão central é
Para quantificar essa informação, os últimos estu- o correto dimensionamento.
dos efetuados pela Centrais Elétricas de Minas Nos acionamentos com motores superdi-
Gerais (Cemig) em sua área de concessão registra- mensionados, as elevadas correntes introduzem
ram o fato de que no universo de 3.425 motores, desnecessárias perturbações na rede bem como
equivalente a 78.850 cv, 28,7% encontravam-se potência reativa indutiva que são corrigidas por
superdimensionados e 5,9% com sobrecarga. capacitores adicionais.
O dimensionamento com excessiva margem de O superdimensionamento também implica
segurança, o desconhecimento do pleno compor- motores operando com menor rendimento, ele-
tamento das cargas, tamanhos preferenciais ou vado consumo de energia, resultando disso um
padronizados e requisitos de elevados conjugados custo elevado do processo.
de partida implicam que a grande quantidade dos
motores atualmente instalados no Brasil opera .  
  

O processo da correta seleção do motor, deve aten-


der aos seguintes requisitos básicos compatíveis
Data de recebimento: 06/11/2003.
Data de aceitação: 19/12/2003. com o local da instalação e aplicação da carga:
* Professor do curso de Engenharia Elétrica, membro do
Núcleo de Pesquisa em Energia da USJT.
• Fonte de alimentação: tensão C.A. trifásica
E-mail: prof.norberto@usjt.br. equilibrada.
244    ● Motores trifásicos de indução

• Freqüência: no Brasil, 60 Hz. prevalece sobre a primeira. Nos momentos da


• Especificação da carga: aspecto da curva de partida, períodos relativamente curtos, as eleva-
conjugado resistente e respectivos valores das correntes produzem perdas por efeito Joule
de conjugados de partida e nominal, rota- que são substancialmente superiores àquelas que
ção nominal, regime de funcionamento se verificam em regime contínuo.
(contínuo ou intermitente), ciclo de apli- A Norma NBR 7094 classifica o motor como
cação da carga (constante ou variável) e o regime S-1 se o número de partidas for tal que o
número de partidas, frenagens ou rever- aquecimento proveniente dessa condição for
sões por hora. desprezível, quando comparado com a tempera-
• Condições ambientais: temperatura am- tura do motor em regime contínuo.
biente, altitude, umidade relativa, presen- O regime de operação é classificado como inter-
ça de gases, pós ou elementos químicos mitente quando solicitado por curtos períodos
que possam influir na confiabilidade de e permanece em funcionamento em vazio, ou
operação do motor. desligado em repouso, entre duas solicitações de
carga e a temperatura não ultrapassar o limite da
.      classe térmica.
  Caso o motor no regime intermitente perma-
neça desligado, em repouso, nas carcaças tipo
A Norma NBR 7094 da Associação Brasileira de autoventilados, deve-se controlar o número de
Normas Técnicas (ABNT), item 5.4, define a potên- partidas, pois a ausência de ventilação poderá
cia nominal do motor como a potência mecânica produzir sobreelevação de temperatura acima da
disponível no eixo acompanhado da definição do classe térmica. Como agravante, durante a nova
regime-tipo de trabalho. Quando não houver de- partida a elevada corrente produz excessivos
finição do regime-tipo, entende-se como con- sobreaquecimentos que contribuem para dani-
tínuo com carga constante, S-1. ficar o motor.
Preliminarmente para o dimensionamento da A diferença entre os regimes de serviço contí-
potência nominal do motor elétrico trifásico, os nuo ou intermitente refere-se à variação de carga
seguintes principais aspectos são considerados: no tempo. Os regimes reais, normalmente, são
irregulares e não se enquadram perfeitamente nos
• Capacidade do conjugado motor desen- regimes definidos pelas normas. O ciclo de ope-
volvido superar o conjugado resistente, ração escolhido para análise e dimensionamento
desde a condição de repouso até o regime; deve ser o de maior solicitação mecânica.
• A elevação de temperatura, proveniente das
perdas nas condições de partida, regime e .  
frenagens, ser limitada à classe de tempe-
ratura do motor. A potência nominal, Pn, é a potência constante na
qual o motor está dimensionado e construído para
Nos regimes de cargas intermitentes, normal- operar continuamente, regime S-1 da norma da
mente a primeira condição prevalece sobre a ABNT, nas condições ambientais especificadas,
segunda, pois é possível apropriar grandes po- com tensão e freqüência de alimentação da rede
tências ou conjugados em tempos relativamente nos valores nominais. Nos casos em que houver
curtos de modo que não fique prejudicada a inte- desligamentos, estes serão suficientemente longos
gridade dos materiais de isolação. para o motor retornar à temperatura ambiente e
Os períodos de repouso devem permitir o ade- estar apto para novo processo de partida.
quado resfriamento para o período seguinte de Nos regimes de cargas variáveis a potência
carga. No regime de carga constante, não há perío- nominal é definida pelo conceito de potência efi-
dos de resfriamento, e assim a segunda condição caz. É necessário, todavia, também considerar as
. ⁄ .⁄ . ●  ●  , º  ● -  245

características do local da instalação e verificar o .   


tempo de aceleração e ainda se a limitação da 
potência do motor devido às condições de parti- Os critérios para o adequado dimensiona-
da e parada é adequada para o ciclo de operação. mento do motor elétrico são listados nos seguin-
tes itens fundamentais:
.  
    A) Dimensionamento pelo critério de potên-
O trabalho focaliza o estudo de dimensio- cia eficaz;
namento de motores de indução trifásicos indus- B) Dimensionamento pelo critério do conju-
triais, na condição de cargas variáveis, com gado máximo motor;
alimentação direta da rede de alimentação. Uma C) Dimensionamento pelo critério dos con-
vez definida a correta potência nominal do motor jugados motor e resistente de partida;
que atende os requisitos da carga, a escolha do D)Dimensionamento pelo critério do tempo
método de partida deve ser realizada de modo de aceleração;
que seja permitida a adequada partida sem com- E) Dimensionamento pelo critério da potên-
prometer o sucesso do acionamento. cia disponível.
Nas condições de cargas menores que 50%
da potência nominal do motor, o rendimento não A. Dimensionamento pelo critério de potência
é constante e a análise não poderá ser realizada eficaz
apenas utilizando um único fator de carga. O conceito de potência eficaz, PEF, do motor de
A condição de carga variável inclui também o ciclo intermitente e cargas variáveis, com tensão
que é estabelecido pela Norma NBR 7094, item e rotação constantes e ventilação normal é justi-
5.1.2, regime para cargas distintas, tipo S-10, ficado pela igualdade da quantidade de calor QC ,
definido como segue: “Regime incluindo no máxi- gerado pelas perdas na condição de potência
mo quatro valores distintos de carga (ou cargas constante e nominal durante o período T e a
equivalentes), cada valor sendo mantido por quantidade de calor gerado pelo mesmo motor
tempo suficiente para que o equilíbrio térmico submetido ao ciclo intermitente Q i, durante o
seja atingido”. idêntico período T.
Conforme determina o anexo C da Norma
NBR 7094, as cargas Pi (i = 1, 2, 3 e 4) equivalem,
a qualquer momento, ao regime S-1 (carga cons-
tante, com temperatura térmica equilibrada).
Os valores Pi, no período ∆ti, não são cargas
necessariamente constantes, e sim cargas equiva-
lentes calculadas pela integração dos valores de
potência no período ∆ti.
No regime tipo S-10 uma potência constante e Figura 1: Ciclo de cargas variáveis
adequadamente determinada é definida como
potência eficaz e escolhida como a potência nomi-
nal do motor. No ciclo constante: Qc = A ⋅ T + B ⋅ Pn 2 ⋅ T
Em muitas situações a carga é cíclica e variável As constantes A e B representam respectiva-
e uma análise mais simples resulta no dimensio- mente as parcelas das perdas fixas e variáveis do
namento pela maior carga. motor.
Com o conhecimento prévio do ciclo e das No ciclo intermitente:
características da carga é, todavia, possível dimen- n n
sionar a potência adequada, evitando desperdícios Qi = A ⋅ T + B ⋅ ∑
i=1
Pi 2 ⋅ ∆t i e T= ∑ ∆t i
e perturbações na rede com a operação do motor. i=1
246    ● Motores trifásicos de indução

Impondo as mesmas quantidades de calor P’EF = PEF /KTH


desenvolvidas nos ciclos de carga constante e (4)
variável:
n O valor da potência nominal, P n, deve ser
Qc = Qi , ou A ⋅ T + B ⋅ P 2 n ⋅ T = A ⋅ T + B ⋅ ∑
i=1
Pi 2 ⋅ ∆ti superior à potência eficaz, corrigida P’EF:

∴ PEF =
∑ Pi 2
⋅ ∆ti Pn > P’EF
(5)
T

Experimentalmente verificou-se que a constante


Kv, fator de ventilação, introduzida na expressão Tabela 1
(1) corrige convenientemente o valor da potência Coeficientes de correção da potência nominal, KTH
eficaz nos aumentos de temperatura devidos aos H
estágios de desligamento e repouso. (m) 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000
TA
(ºC)
∑ Pi ⋅ ∆tif
2

Pef = 10 1,05 1,05 1,05 1,05 1,05 1,05 1,05


∆tir
∑ ∆tif + Kv  15 1,05 1,05 1,05 1,05 1,05 1,05 0,99

20 1,05 1,05 1,05 1,05 1,05 0,99 0,93


∆tif Período do motor ligado em funcionando
25 1,05 1,05 1,05 1,05 0,98 0,93 0,88
com a carga P i
∆tif Período do motor desligado e em repouso, 30 1,04 1,04 1,04 0,92 0,92 0,87 0,82
Kv Coeficiente de ventilação, depende do tipo 35 1,02 1,02 0,96 0,91 0,86 0,81 0,77
de ventilação
40 1,00 0,94 0,89 0,85 0,80 0,76 0,72
A potência nominal do motor, Pn, deve ser ini-
cialmente superior ao valor da potência eficaz, 45 0,92 0,87 0,83 0,78 0,74 0,70 0,67
PEF , logo: 50 0,85 0,80 0,76 0,72 0,68 0,65 0,62

55 0,77 0,74 0,70 0,66 0,63 0,60 0,57


Pn > P EF
(3) 60 0,71 0,67 0,64 0,60 0,57 0,52 0,52

A Norma ABNT NBR 7094 estabelece que a


potência nominal desenvolvida pelo motor é para
locais de altitudes limitadas a 1.000 m e tempera- A. Dimensionamento pelo critério do
turas ambiente máxima de 40ºC. conjugado máximo motor
Nas temperaturas ambientes superiores a Outro aspecto do dimensionamento que deve
40ºC, além da redução da capacidade do meio ser considerado é que nos ciclos de carga variáveis
refrigerante, há a limitação do sobreaquecimento há momentos em que o maior conjugado resis-
produzido pelas próprias perdas do motor em tente da carga, CRmax, é superior ao conjugado
operação. Em altitudes acima de 1.000 m o ar é nominal do motor. Mesmo para esta condição, o
rarefeito, e fica reduzida a capacidade de refrige- motor escolhido deve possuir conjugado máximo,
ração do motor. O fabricante Weg apresenta em CMmax, superior ao maior conjugado resistente,
seu catálogo técnico uma tabela com coeficientes incluindo margem de segurança de pelo menos
de correção, KTH, da potência nominal dos moto- 20%, ou:
res classe de isolação B, em função das variáveis
altitude (H) em metros e temperatura máxima CMmax > 1,2 . CRmax
ambiente (TA ) em ºC: (6)
. ⁄ .⁄ . ●  ●  , º  ● -  247

B. Dimensionamento pelo critério dos (CAC) e a aceleração angular (dω/dt) da massa


conjugados motor e resistente de partida inercial J t no período de aceleração é determi-
Para a adequada aceleração, no momento da nada por:
partida, o conjugado motor, CMP , também deve
ser sempre superior ao conjugado resistente CO. ω / dt,
CAC = CM – CCarga = Jt . dω
Logo: (10)

CMP > CO Jt Momento de inércia total do rotor e da


(7) carga (kg.m 2)

C. Dimensionamento pelo critério do tempo Portanto, o tempo total de aceleração, tAC ,


de aceleração contado entre o momento da partida e a rotação
As diversas cargas mecânicas aplicadas ao de regime é o somatório dos ∆t, determinado para
motor, de maneira geral, podem ser caracteri- todos os pontos nas respectivas curvas do conju-
zadas e classificadas em cinco diferentes tipos, de gado motor, CM, e do conjugado resistente, CR.
acordo com a equação da variação do conjugado Os métodos aproximados com os valores mé-
resistente da carga pela rotação. dios dos conjugados motor e resistente são, toda-
As cargas mecânicas em geral podem ser apre- via, recomendados pelos fabricantes de motores.
sentadas pela equação genérica: Os resultados são comprovados pelas aplicações
práticas e amplamente empregados. A Figura 2
Ccarga = C0 + Kc . ne exemplifica a determinação gráfica dos conjuga-
(8) dos médios motor, resistente e de aceleração.
O conjugado de aceleração médio, CACM, é de-
C0 Conjugado de partida da carga. terminado por:
Kc Constante
n Rotação da carga CACM = C MM – CRM
e Expoente, que poderá ser: -1, 0, 1 ou 2. (11)

Assim, o conjugado de aceleração desenvol- Assim, na equação (10) o tempo de acelera-


vido, CAC , é determinado por: ção é determinado entre o repouso, ω1 = 0, até o
regime ω2 por:
CAC = CM – Ccarga
(9) t AC = {[(2 ⋅ π ⋅ n) / 60] ⋅ J t } / C ACM¥
(12)
A adequada aceleração do repouso até a rota-
ção de regime é obtida com CAC sempre positivo.
O tempo de aceleração, tAC, deve ser limitado a
fim de que o excessivo aquecimento do processo
de partida não danifique o motor.
A Norma NBR 7094, item 6.1.1.6 (Requisitos
de Partida), especifica que o número de partidas
dos motores industriais a frio, na temperatura
ambiente, é, no máximo, de duas consecutivas e
na condição de motor quente, que se encontrava
em funcionamento, apenas uma.
Nos sistemas rotativos, a equação geral da Figura 2: Curvas para determinação dos conjugados médios,
mecânica que relaciona o conjugado de aceleração motor e resistente
248    ● Motores trifásicos de indução

Os conjugados médios do motor e da carga 3) Conjugado resistente parabólico


são determinados como segue:

C MM é para a condição: A1 + A2 = A3
CRM é para a condição: B1 = B2

Nos motores categoria N e H, o conjugado


médio motor, CMM, recomendado nos catálogos
dos fabricantes é determinado com os valores do
conjugado motor de partida, CMP e o conjugado
motor máximo, CMmax: CRM = (2 . C0 + CRn )/3
(17)
CMM = 0,45. (CMP + C Mmax ) (categoria N) CP Conjugado de partida resistente
(13)
4) Conjugado resistente hiperbólico
CMM = 0,60. CMP (categoria D)
(14)

As equações para determinação dos conjugados


resistentes médios, CRM, são definidas pela caracte-
rística específica de cada carga aplicada ao motor.

1) Conjugado resistente constante

CRM = CRn . nn [1n (nn / n1)] / [nn - n1 ]


(18)

5) Conjugado resistente nulo

No caso de partida do motor em vazio, ou


2) Conjugado resistente linear seja, sem carga, o conjugado médio de aceleração
é o próprio conjugado médio motor.

6) Conjugado resistente não definido

Neste caso não é possível a determinação do


conjugado resistente médio sem o conhecimento
prévio da curva conjugado resistente pela rotação.
A solução é obtida por meio de métodos gráficos.
Os conjugados de aceleração média para cada
CRn Conjugado resistente à rotação nominal do tipo de carga, CACM , são determinados para cada
motor tipo de carga e pela categoria do motor pela
expressão [12].
CRM = (CRM + C0)/2 O tempo máximo de rotor bloqueado (tMRB ) é o
(16) tempo máximo que o motor poderá permanecer
. ⁄ .⁄ . ●  ●  , º  ● -  249

com as correntes de rotor e estator nos valores de PDisp Potência disponível, para o motor acio-
partida, suportando um acréscimo de aqueci- nar a carga
mento, logo após o funcionamento de regime, sob kpfr Coeficiente em função de:
condições nominais e sem ultrapassar os limites de partida kpfr = 1
temperaturas de pico estabelecidos em normas. frenagem kpfr = 3
Os tempos de rotor bloqueado apresentados reversão kpfr = 4
em catálogos dos fabricantes de motores estão Np Número de partidas, frenagens ou rever-
sempre referenciados à classe térmica B. Para os sões por hora
motores que apresentam limitações pelo tempo Ip Relação entre as correntes de partida final
máximo de rotor bloqueado na classe de isolação In e nominal do motor
B é possível substituir a classe térmica por outra tAC Tempo de aceleração
de nível térmico superior, F ou H, e, portanto,
aumentar o tempo de rotor bloqueado. A cons- A potência disponível do motor para operar
trução é considerada especial e de preço de aqui- nas condições de partida e eventuais frenagens deve
sição aumentado. ser superior à potência eficaz corrigida e exigida.
A fim de que a temperatura máxima durante o Concluindo, a potência nominal do motor deve
pico da partida não ultrapasse os limites da classe satisfazer plenamente a inequação:
térmica os fabricantes recomendam que o tempo
de aceleração, tAC , seja inferior a 80% do tempo Pn > PDisp > P’EF
máximo de rotor bloqueado, tMRB (21)
. 
tAC ≤ 0,8 . tMRB
( 19 ) Importante vantagem econômica é conseguida
pela substancial redução do consumo de energia
D. Dimensionamento pelo critério da elétrica pelo correto dimensionamento dos moto-
potência disponível res aplicados nos mais diferentes tipos de acio-
Nos momentos de partida e aceleração, as namentos.
perdas Joule nos enrolamentos são excessivas e o A metodologia de cálculo de dimensiona-
acréscimo de temperatura não é desprezível. Em mento apresentada motiva os usuários a adequar
muitas aplicações para reduzir o tempo de frena- os motores atualmente aplicados em processos,
gem o motor não é apenas desenergizado, mas racionalizar o uso de energia elétrica e principal-
também desacelerado com o auxílio de c.c. apli- mente identificar oportunidades de redução de
cada ao enrolamento do estator ou ainda por re- custos operacionais, comprovando as vantagens
versão elétrica. do adequado dimensionamento do motor.
A potência disponível para o motor acionar a
carga é conceituada como a potência que poderá Referências bibliográficas
ser requerida do motor mesmo submetido a par-
tidas, frenagens ou reversões, sem comprometer ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR
5383 – Máquinas elétricas girantes, Máquinas de
a sua integridade ou dos materiais isolantes e
indução. Determinação das características, 1982; NBR
determinada em Lobosoco & Dias (1998).
7094 – Máquinas elétricas girantes, Motores de indução.
Especificação, novembro de 1996; NBR 5432 –
Máquinas elétricas girantes. Dimensões e potências
2
 Ip  nominais, agosto de 1983.
3600 − k pfr ⋅ N p ⋅ t AC ⋅   AGÊNCIA PARA APLICAÇÃO DE ENERGIA DE SÃO
 In 
PDisp = Pn ⋅ PAULO. Manual da administração de energia, nº 2
3600 − 2 ⋅ N p ⋅ t AC
(Força motriz), 1997.
EBERLE. Catálogo. Motores elétricos trifásicos para uso
(20) industrial. Edição 2000.
250    ● Motores trifásicos de indução

JORDAN, E. H., Energy Efficient Electric Motors and Their KOHLBACH. Catálogo. Motores elétricos trifásicos. Edição
Applications. Nova York/Londres: Plenum, 1994, 2ª ed. 2000.
JORDÃO, R. G. Máquinas síncronas. São Paulo: Edusp, WEG. Catálogo geral – Motores elétricos. Edição 2000.
1980.
LOBOSCO, O. S. & DIAS, J. L. P. Da seleção e aplicação de
motores elétricos. Vol. 1 e 2. McGraw-Hill, 1988.

Você também pode gostar