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Tecno-estética Contemporânea:
Shary Boyle e transbordamentos
Resumo Abstract
A partir da noção de tecno-estética, propo- Drawing on the notion of techno-aesthetics,
mos a análise do processo de criação com o we propose the analysis of the creation process
maquínico, elaborado pela artista canadense with the machinic, elaborated by the canadian
Shary Boyle. O ensaio* se localiza no interesse artist Shary Boyle. This essay shares the inter-
de discussão das reverberações entre o pen- est in discussing the reverberations between
samento do filósofo Gilbert Simondon, e sua the thought of the philosopher Gilbert Simon-
operacionalização no contexto da cena con- don, and its operationalization in the context
temporânea intermedial, e seus transborda- of the contemporary intermedial scene, and it’s
mentos entre linguagens artísticas. overflowing of artistic languages.
Palavras-chave Keywords
Tecno-estética. Cena contemporânea. Inter- Techno-aesthetics. Contemporary scene.Inter-
medialidade. mediality.
* O ensaio apresentado compõe a revisão de algumas dimensões analisadas na tese “Pedagogia do teatro contemporâneo: apro-
priações da cena intermedial na formação de docentes de teatro”, defendida em 2016 na Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, sob a orientação da Profª.Drª Marta Isaacsson e Profª. Drª.Maria Cristina V. Biasuz.
cena n. 25
A estética não é a única nem primeira- sentido levam em consideração uma visão am-
mente sensação do “consumidor” da
plamente fenomenológica, ou tecnicista, des-
obra de arte. É também, mais original-
mente ainda, o feixe sensorial mais ou tacando algumas referências, mas deixando
menos rico do próprio artista: um cer- claro o espaço reduzido destinado ao pensa-
to contato, com a matéria enquanto
trabalhada. (Simondon, 1998, p. 257. mento acerca da questão da estética. Desta-
Destaque conforme o original). ca, dentre as produções sobre o tema, a carta
enviada a Jacques Derrida em 1982, onde de-
Na epigrafe que inicia o ensaio1, Simondon senvolve algumas noções de sua tecno-esté-
nos chama a questionar a extensão da estética tica. O referido texto representa uma das pu-
para o ato de elaboração do artista, incluindo blicações onde ele trata de uma abordagem
desta forma o entendimento da criação/ação sobre a estética presente no objeto técnico.
sensorial como elementos a serem embutidos Nesta correspondência, percorre a introdução,
no pensamento sobre a arte. A fusão que nos destacando para Derrida, que os monumentos
convida a pensar será um dos basilares para a e espaços destinados à admiração e deleite ti-
reflexão em torno da arte tecnológica que se veram sua construção a partir da intervenção
produz contemporaneamente. A técnica usada de objetos técnicos associados ao pensamen-
para a elaboração do objeto, do espetáculo, to humano. Em sua comunicação informal,é
da performance é sempre convidada ao de- possível rever essa demanda em deixar claro o
bate e ao questionamento. As escolhas téc- desejo de reconhecer a máquina como objeto
nicas e saídas dos produtores desse tipo de a ser aberto e manipulado pelo homem. Dentre
arte acompanham muitas vezes o caráter da os muitos exemplos citados, passa pela Torre
recepção e da crítica que irão imergir a partir Eiffel, e termina por concluir: “Trata-se de uma
da obra. Assim, a fusão intercategórica elabo- obra técno-estética perfeitamente funcional,
rada por Simondon nos apresenta a coalisão inteiramente bem-sucedida e bela, simulta-
contida no termo proposto por ele e adotado neamente técnica e estética, estética porque
por nós para pensarmos os produtos artísticos técnica, técnica porque estética. Há fusão in-
presentes nesta pesquisa, a tecno-estética. A tercategórica” (Simondon, 1998. p. 255).
intermedialidade presente na cena que nos in- Nesta perspectiva, é preciso dar voz a uma
teressa investigar transborda a partir do lugar técno-estética que já há muito anuncia a in-
onde reconhecemos a estética presente no teratividade presente na arte tecnológica con-
objeto técnico, como potência. temporânea. É no desejo do tátil e do expe-
A problematização da estética na ótica Si- rimento sensório motor que a mesma irá se
mondoniana não é amplamente divulgada por colocar, como apresenta o autor: “Mas a téc-
seus comentadores. Duhem (2016), em seu no-estética não tem como categoria principal
artigo Simondon y la cuestión estética, irá as- a contemplação. É no uso, na ação, que ela se
sinalar que a maioria das publicações nesse torna orgásmica, meio tátil e motor de estímu-
lo” (Simondon, 1998. p. 256). Desenvolvendo a
1 O ensaio aqui apresentado é uma reelaboração do texto da proposta em torno do comando de máquinas
tese: Pedagogia do teatro contemporâneo: apropriações da
cena intermedial na formação de docentes de teatro. Retoma-
e operadores, Simondon (1998) nos pergunta
mos parte do texto acadêmico com o intuito de recolher as- porque a arte proposta pelo uso na tecnologia
pectos pertinentes às discussões propostas por este dossiê.
não abarcaria o prazer sensorial e tátil como o prolonga, formando uma rede de
obras, ou seja, realidades de exceção,
um dos propulsores de seus mecanismos de radiantes, a pontos chaves do univer-
apropriação? Prossegue remetendo o prazer so humano e natural. Mas separando
do mundo e do homem, que a antiga
do dedilhar ao piano como algo do domínio rede de pontos-chave do universo má-
da arte que já apresentaria este prazer técno- gico, a rede espacial e temporal das
-estético. Ao se aproximar mais do território obras de arte é uma mediação entre o
mundo e o homem que conserva a es-
artístico, sugere que o uso do objeto técnico trutura do mundo mágico. (Simondon,
estimularia o prazer estético, como o que é vi- 2007, p. 202. Tradução nossa)3.
sualizado entre os músicos e seus instrumen-
tos. Trabalhando em oposição à estética platô-
O que diferenciaria os pintores, os músicos nica, Simondon nos propõe um entendimen-
dotados desta “intuição perceptivo-motora to da obra de arte que vai ao encontro de sua
sensorial” dos artistas da arte eletrônica? Não ontologia. A obra de arte como um prolonga-
seriam os sensores novas formas de apertar, mento do estar no mundo, mas com sua auto-
soldar e produzir encadeamentos maquínicos? nomia de universo próprio. Tal direcionamento
Com um recorte sobre o pensamento esté- permite um pensamento estético atomizado
tico, podemos encontrar no capítulo 2, terceira por realidades inseridas nele e prolongador
para do livro Do modo de existência dos ob- das mesmas realidades. Não se trata de imi-
jetos técnicos, a problematização do mesmo tar a vida, mas de estar contida nas relações
em relação ao pensamento técnico. Nele, Si- transdutivas que o homem e a natureza par-
mondon se estende em uma proposta transin- tilham. Logo, o pensamento estético constitui
dividual2 de complexificação dos modos das para Simondon uma escala do mundo natural,
obras de arte estarem no mundo. Nesta elabo- conjuntamente ao pensamento técnico e ao
ração simondoniana, o universo estético existe pensamento religioso. Tal direcionamento nos
como prolongamento do mundo, mas também permite vislumbrar uma coexistência e com-
independe deste. plementariedade de formas de elaboração do
mundo.
A obra, resultado desta exigência de Em relação ao objeto tecno-estético, já re-
criação, desta sensibilidade aos luga-
res e aos momentos de exceção, não ferenciado em sua correspondência a Derrida,
copia ao homem e o ao mundo, mas os nos parece essencial a identificação no Du
prolonga e se insere neles. Ainda as-
sim está separada, a obra estética não
provém de uma ruptura do universo ou 3 La obra, resultado de esta exigencia de creación, de esta
do tempo vital do homem. Provém de sensibilidad a los lugares y a los momentos de excepción, no
uma realidade já dada, fornecendo-lhe copia ao hombre o ao mundo, sino que los prolonga y se ln-
estruturas construídas, mas constru- serta en ellos. Aun si está separada, la obra estética no pro-
ída sobre bases que fazem parte do viene de una ruptura deI universo o del tiempo vital deI hom-
real e inseridas no mundo. Assim, a bre; proviene de la realidad ya dada, aportándo-le estructuras
construídas, pero construídas sobre fundamentos que forman
obra estética faz brotar o universo e parte de lo real e insertados en el mundo. De este modo, la
obra estética hace brotar el universo, lo prolonga, constitu-
yendo una red de obras, es decir, de realidades de excepción,
2 Bernard Stiegler (2010) elabora o conceito de transidividu- radiantes, de puntos-claves de un universo a la vez humano y
ação. Com base na filosofia Simondoniana, argumenta que a natural. Más separado deI mundo y del hombre que la antigua
transidividuação é oriunda dos movimentos de individuação red de puntos-clave deI universo mágico, la red espacial y
entre os sujeitos e que, no tocante às obras de arte, irá gerar temporal de las obras de arte es una mediación entre eI mun-
circuitos de circulação e interação. do y el hombre que conserva la estructura deI mundo mágico.
mode d’existence des objets techniques da O universo de Shary Boyle é composto por
transição entre o objeto técnico, que se des- materialidades e técnicas múltiplas. É signifi-
loca de sua função no mundo por ser belo4, cativo notar que seus trabalhos alimentam a
adquirindo assim o status de objeto estético. discursividade sobre si, ao proporem além de
Ao ajustar sua elaboração do pensamento es- temas associados ao universo do feminino,
tético para as lentes de um movimento trans- uma variedade de suportes que destacam a
dutivo, Simondon estimula o entendimento de desvinculação de uma forma ordinária, asso-
deslocamentos pertinentes à apropriação de ciada àquela matéria prima. No catálogo ela-
valores estéticos a objetos que foram conce- borado pelo pavilhão canadense para a Bienal
bidos a priori para o uso puramente técnico. de Veneza, a curadora Louise Déry destaca a
Tal desvelamento do pensamento estético nos atenção dada ao trabalho de manipulação dos
permite compreender a transição das materia- materiais:
lidades usadas nos processos artísticos que
estudaremos neste ensaio. Tratamos inicial- Ela insiste na dimensão crítica repre-
sentada pela demanda feita hoje, em
mente de uma apropriação do mundo técnico uma série de competências equipara-
pelo pensamento estético. das com as atividades de decoração
e de lazer femininos e práticas artesa-
nais. Ela consequentemente leva os
principais desafios técnicos que justi-
ficadamente fazem uma forte impres-
Shary Boyle e sua poética analógica são: escultura em miniatura, com
instrumentos cirúrgicos e odontoló-
gicos; tornando-se hábil em pintura
Nos dedicaremos ao estudo dos processos a óleo à maneira dos antigos mes-
artísticos presentes no caso investigado nes- tres; estudando técnicas de porce-
lana na grande tradição europeia
ta pesquisa: Shary Boyle (Ontário-CA). Trata- de Messen, Dresden e Sitzendorf;
remos aqui de transbordamentos estéticos, adquirindo o trato manual para o
mosaico, fabricando, colorindo e
ações artísticas que avançam para além das
cortando a porcelana vitrificada ela
linhas traçadas por gêneros, formas de atua- mesma; tecendo as fitas, cabelo e
ção e formas de recepção. A referida artista foi fios de pérolas que adornam suas
sereias, mulheres-aranha e criatu-
destacada sob o critério de sua atuação criati- ras elefante. (Déry, 2013, p. 21. Grifo
va imbuída da tecnologia de imagem técnica e nosso)5.
uso da construção de imagens ao vivo, para a
criação de uma narrativa. Gostaríamos de pro- Shary usa a porcelana para propor escultu-
por que nesta leitura pensemos juntos acerca ras mórbidas, ou bizarras. Atravessa o óleo de
de algumas aproximações possíveis entre cor-
pos orgânicos ou constituídos dematerialida-
5 She range of skills equated with feminine leisure activi-
des diversas e seus jogos poéticos com a luz. ties-decorative and craft practices. She consequently takes o
major technical challenges that justifiably make a strong im-
Essa, que ao ser emitida com o direcionamento pression: sculpting in miniature, with dental and surgical in-
narrativo, compõem, enfim, a obra completa. struments; becoming adept at oil painting in the manner of the
Old Masters; studying porcelain techniques in the grand Eu-
ropean tradition of Messen, Dresden and Sitzendorf; turning
her hand to mosaic, fabricating, colouring and cutting the vitri-
4 Importante destacar que para Simondon, beleza não neces- fied porcelain herself; weaving the ribbons, hair and strands of
sariamente está associada a formas, mas também à elabora- beads that adorn her mermaids, spider-women and elephant
ção e concretização do objeto técnico. creatures.
mulher em tamanho natural, de joelhos, que na, mantendo uma relação de descoberta das
executa ação de esticar uma teia que parte de suas potencialidades, nos remete a Simondon
sua vagina, percorrendo seu umbigo e boca. em sua carta acerca da técno-estética: “Mas
Sobre a referida obra, Brisebois (2014) em ma- a técno-estética não tem como categoria prin-
terial produzido para a apresentação da artista cipal a contemplação. É no uso, na ação, que
na Bienal de Veneza de 2014, chama a atenção ela se torna orgásmica, meio tátil e motor de
para o fato de se tratar de uma das primeiras estímulo” (1998, p.256).
investidas de Boyle no uso do retroprojetor em Nas obras de Boyle, o entendimento sobre
instalações. Ainda nesta peça, permanecem a materialidade em que pretende desenvolver
características do seu trabalho, a partir do ser sua peça alimenta a composição da mesma.
esculpido que transita entre o humano e a na- Além do cuidado, e da precisão na projeção,
tureza, a hibridez das técnicas empregadas há uma preocupação em manter o controle
para sua execução e ainda os temas impres- nas etapas de execução da obra. O sentido de
sos na imagem através da projeção. Esses re- abdicar do mapeamento digital reflete a pre-
tomariam seu interesse pelo detalhe do traço ferência pela execução manual, característica
das porcelanas tradicionais chinesas, figuras e que permanece em grande parte de seus tra-
grafismos africanos e ainda imagens de inse- balhos e independe da materialidade.
tos. Observar o trabalho de Boyle através de
Na sequência podemos observar a imagem uma ótica simondoniana, implica em dizer que
da escultura “desnuda” e posteriormente “ves- a mesma se mantém protagonista nas etapas
tida” pelas projeções. Shary investe na técnica de concretização dos seus objetos técno-esté-
de mapeamento manual que desenvolveu. ticos. Suas obras em questão, quando concre-
tizadas, apresentam-se como “ser” no mun-
Eu faço tudo à mão, então eu estou do, saltando de seu estado abstrato, para sua
fazendo pela mão, eu estou olhando
para eles (suposta escultura), eu es- concretização em invenção.
tou traçando os contornos, mas eu
não estou olhando para isso (mostra Figura 3: Sequência de imagens da Obra Vírus
o possível acetato no retroprojetor),
porque isso é, na verdade, o inverso.
Então, se eu começar a olhar para isso
(faz menção com o rosto de que irá
se perder) eu apenas sigo... é tão fácil
que você vá, é sua mão querendo ir, é
reverso, é como um sinal. É apenas,
um estilo bem antigo. Eu fico fazen-
do estes desafios para mim mesma
que são desnecessários, se você vai
ao computador e ele simplesmente-
faz tudo... (Entrevista cedida para esta
pesquisa. Grifo nosso).
Seu discurso apresenta um tensionamento Retomamos, como base nesta fala de Boyle,
relativo à crise nas categorias estéticas/estáti- que para justificar seu incômodo em oferecer
cas, como apresentado por Duhem. A possibili- cursos para artistas visuais sobre as técnicas
dade de deslocar o aparelho maquínico de sua desenvolvidas para os projetores, mencionan-
função concebida pelas ordens de mercado é do termos como estilo e descobertas de mate-
apenas um dos trasbordamentos executados riais, a artista vai ao encontro de um dos pri-
pela produção de Boyle. Seus investimentos meiros argumentos acionados por Duhem para
sobre a “essência técnica” dos retroprojeto- justificar seu seminário sobre o tema da arte e
res avançam em direções provocadoras, há tecnologia na perspectiva simondoniana: “com
o desenvolvimento de uma técnica própria, efeito,é a realidade artística que parece ago-
e pouco difundida pela artista. Em entrevista ra inseparável da tecnologia, como suporte,
cedida a esta pesquisa, deixa claro que não como instrumento e discurso” (Duhem, 2011,
oferece formação a artistas sobre a técnica p. 1)11. Ambas as falas alimentam a hipótese
que desenvolveu para o uso nos projetores e de que os processos transdutivos entre artista
ainda apresenta a clareza sobre o investimento e realidade pré-individual, presentes com mais
técnico em uma tecnologia obsoleta. Relata, força após a virada maquínica da sensibili-
entre outras coisas, a possibilidade de cons- dade, para além das alterações no modo de
truir um retroprojetor pessoal, pois o acesso a apreciação e produção artística, incorporaram
equipamentos de boa qualidade estaria cada também a noção de valor sobre o conheci-
vez mais raro. mento técnico, verificando na máquina, e nos
O conhecimento sobre a materialidade téc- procedimentos criados sobre ela, potências
nica, o estudo de um retroprojetor em obsoles- criativas, passíveis de gerar valia sobre a obra
cência e a técnica própria desenvolvida per- e sobre o portfólio do artista.
passa a fala da entrevistada: Outro ponto que nos parece relevante para
destaque na obra da artista é o trabalho de
Você desenvolve o seu estilo, sua ma- curadoria de imagens digitais presente em sua
neira de trabalhar com ele e agora está
com outro artista. Porque o retroproje- instalação Marmeid’s Cave (2013). Quando
tor ainda permite muito em inovação. questionada em nossa pesquisa sobre o uso
Como um pintor, você não tem muito
como inovar, os materiais são os ma- da tecnologia digital, Boyle deixou claro que a
teriais. Você apenas tem que ficar bom única etapa em que faz uso do digital em seus
neles. Todos têm que fazer da sua
própria maneira, ao longo do tempo. trabalhos com instalação e retroprojetores, foi
Mas o retroprojetor, se alguém lhe der nesta obra.
todos os truques... (Entrevista cedida
para esta pesquisa)10.
F: Eu pensei que você fizesse algum
mapeamento? Tirasse a foto de de-
pois enviasse para um software? S:
Apenas analógico. Manual. Comple-
tamente. Os processos inteiros são
10 Now you develop your style, your way to work with it, now
manuais. O único momento que que
that is with another artist. Because just, the overhead projec-
tor relays some much on innovation. As a painter you are not
innovating so much, the materials are the materials. You just
have to get good at it. Everybody has to do in their own way, 11 En effet, c’est que la réalité artistique semble aujourd’hui
over time. But the overhead projector, if someone gave you all indissociable de la technologie, comme support, comme ins-
the tricks. trument et comme discours.
universalidade espacial a uma realida- Figura 4: Sequência de imagens da Obra Marmeid’s Cave
de local inserindo-a em um conjunto
no qual desempenha um papel com-
pleto, eminente, única em sua espé-
cie naquele lugar. (Simondon, 2013, p.
204)14.
mas animadas compõem a dramaturgia a ser assim, é tudo, pequenos efeitos mági-
cos que são muito simples. (Entrevista
explorada. Nos aproximamos do conceito de
cedida para esta pesquisa)17
teatro performativo, onde Féral destaca a ex-
ploração dos efeitos possíveis das máquinas
em cena, expondo sua elaboração: “Estamos Figura 5: Sequência de Shary Boyle em Performance.
aqui diante de uma performatividade da tecno-
logia que desmonta habilmente a teatralidade
do processo para trazer à luz sua performati-
vidade” (FÉRAL, 3013, p. 206). O “dar a ver”
é elaborado na construção do jogo de repre-
sentação, a manipulação dos objetos, a cons-
trução das máscaras e os efeitos intermediais
são apresentados em primeiro plano na execu-
ção desta cena. Há um protagonismo da tec-
nologia, algo feito por Boyle como elemento de
aproximação de sua relação com a platéia.
Fonte: Site pessoal da artista18
Recebido: 22/10/2017
Aprovado: 03/05/2018