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Partamos do conceito de ciência que, de acordo com o dicionário da língua portuguesa (1995), “é
o conhecimento rigoroso e racional de qualquer assunto”.
Tendo em conta que todo e qualquer ramo do saber de modo a ser considerado ciência, precisa de
obedecer a determinadas regras, rigorosamente estipuladas tais como: ter um campo de estudo
bem delimitado e o seu respectivo objecto de estudo, que por sua vez, reclama a existência de
métodos de estudo que se adequem e sejam capazes de estabelecer relações precisas entre os
factos. Para que a psicologia tivesse estatuto de ciência teve também que adoptar estes
procedimentos. É de salientar que a psicologia, antes de ter estatuto de ciência já foi um ramo da
filosofia, que estudava especificamente a alma.
De acordo com Davidof (2001, p.6) este termo surge da junção de duas palavras gregas a saber:
psiché (alma) e logos (razão), tendo como significado o estudo da alma.
Salienta-se o facto de as raízes da psicologia poderem ser encontradas nos séculos quarto e
quinto antes de Cristo (aC), na altura em que filosófos gregos como Aristóteles, Sócrates e Platão
reflectiam e questionavam-se acerca do funcionamento da mente. Façamos uma breve visita
histórica, a alguns marcos importantes da história da psicologia.
Platão (427-347 a. C.) – contribuiu para que se despertasse o interesse pela natureza do
ser humano com os seus ensinamentos. Este facto trouxe ao centro do questionamento
filosófico da época, diversas questões relacionadas com a psicologia.
Estes e outros filósofos, fizeram algumas indagações que foram muito importantes para o
desenvolvimento da ciência psicológica, tais como (o que é a consciência? as
pessoas percebem a realidade? etc). Note-se que estas indagações não só são importantes agora
como o foram há dois mil anos atrás.
Vejamos agora o contributo de alguns pensadores para a psicologia, de acordo com Caparrós
(1999, p.22).
Gustav Theodor Fechner – mostrou como os métodos científicos podiam ser aplicados
ao estudo dos processos mentais e, seus estudos serviram de inspiração a Wundt que
implementou a ideia da aplicação de métodos científicos no estudo de processos mentais,
fundando assim o primeiro laboratório de psicologia.
De acordo com Falcão (1996), considera-se que a ciência psicológica começa concretamente em
1879, momento em que o alemão Willhelm Wundt fundou na Universidade de Leipzig
(Alemanha), o primeiro laboratório de pesquisas em psicologia, tornando-se uma ciência
autónoma, deixando assim de ser um ramo da filosofia. Segundo Bolton e Warwick (2005, p.23),
a concepção de psicologia defendida por Wundt, tem a consciência como objecto de estudo e a
introspecção como o seu método de estudo.
De acordo com Falcão (1996, p.20), considera-se que a partir de Wundt, pode-se falar de
psicologia como ciência, tendo em conta que:
De acordo com Mesquita e Duarte (1998, p.10), o objecto de estudo da Psicologia não foi sempre
o mesmo, o que pressupõe que tenha variado ao longo dos tempos.
Vejamos algumas perspectivas sobre o objecto da psicologia, de acordo com Saraiva (1973,
p.20):
A Psicologia Filosófica – que tem como objecto o estudo da alma (natureza, destino,
relações com o corpo). Ė de realçar que a Psicologia constituiu-se como ciência e os
problemas da alma continuaram como objecto da Psicologia racional, um dos ramos da
Metafísica.
De acordo com McDougall, citado por Serbena e Raffaelli (2003), “na busca de uma psicologia
científica e de técnicas eficazes e instrumentais, as noções metafísicas como a de alma, são
abandonadas devido à falta de precisão e de objectividade.” Este autor acrescenta que não é
possível definir a psicologia como ciência da alma, tendo em conta que a noção de alma é uma
hipótese especulativa, demasiado vaga e incerta para se tornar uma noção essencial na definição
de um campo vasto das ciências naturais.
Cardoso et al (1993, p.10) e Davidoff (2001, p.6), a psicologia tem como objecto de
estudo o comportamento e os processos mentais.
Abrunhosa et al (1993, p.16) e Tijus (2003, p.15), o objecto de estudo desta ciência é
o comportamento.
Como vemos, podemos de facto encontrar dentro de uma mesma ciência, diversas abordagens,
acerca do seu objecto de estudo, dependendo de cada autor. Assim, em jeito de conclusão,
optaremos por considerar o objecto de estudo da psicologia, de acordo com a abordagem de
Pinto (2001, p.20), por se afigurar mais abrangente, uma vez que considera como objecto de
estudo da psicologia, os processos mentais, sua organização e a sua respectiva função, bem como
o estudo do comportamento humano em diferentes contextos sócio-culturais.
Exercícios
1. Diga qual foi o aspecto que ditou que a psicologia fosse considerada ciência?
a) Psicologia do desenvolvimento
No nosso dia a dia, falamos de desenvolvimento nos mais diversos contextos. Já em algum
momento se questionou sobre o seu conceito? De acordo com Davis e Oliveira (1994, p.19)
“desenvolvimento é o processo através do qual o indivíduo constrói activamente nas relações que
estabelece com o ambiente físico e social as suas características”. E qual será o objecto de estudo
da Psicologia do desenvolvimento?
b) Psicologia Educacional
Para Devis e Oliveira, (1994, p.22), a psicologia educacional ajuda a desenvolver ambientes
propícios de aprendizagem para todos os alunos tendo em conta as particularidades individuais.
d) Psicologia Experimental
Tem a função de realizar pesquisas em áreas específicas como também se dedica à
experimentação de acontecimentos e factos. O profissional desta área trabalha em laboratórios de
e) Psicologia Organizacional
Este ramo analisa e resolve os problemas que surgem no âmbito das organizações. O psicólogo
organizacional tem como tarefa analisar o funcionamento das organizações, as relações entre os
indivíduos, a satisfação e motivação dos trabalhadores.
f) Psicologia Social
Tem como função estudar como o comportamento individual é afectado no contexto das
interacções com outras pessoas e grupos. O profissional desta área dedica-se ao estudo das
relações entre os indivíduos e seus semelhantes, as atitudes e os processos de socialização.
g) Psicologia Clínica
Este ramo da psicologia dedica-se à prevenção, diagnóstico e tratamento de todo o tipo de
transtorno de conduta que as pessoas podem apresentar. Também visa aconselhar e ajudar as
pessoas com problemas de natureza emocional e comportamental.
Exercício 2
2. Identifique uma possível situação, cuja solução implique o recurso aos conhecimentos da
psicologia da aprendizagem.
Referências Bibliográficas
Cardoso, A.; Frois, A. & Fachada, O.. (1990). Rumos da Psicologia. 3ª Edição. Lisboa.
Davis, C. & Oliveira, Z. de. (1995). Psicologia na Educação. 2ª Edição. Cortez Editora. São
Paulo.
Falcão, G. M., (1996). Psicologia da Aprendizagem. 9ª Edição. Editora Ática. São Paulo.
Sites Consultados
Serbena, C. A. & Raffaelli, R., (2003). Psicologia como disciplina científica e discurso sobre a
alma: problemas epistemológicos e ideológicos. Vol 8 no 1 Jan/Jun. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo. Acessado aos 22 de Abril de 2013