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Universidade Mandume Ya Ndemufayo “Escola Superior Politécnica do Namibe” Moçâmedes/2019 (PANJ)

Universidade Mandume Ya Ndemufayo

Escola Superior Politécnica De Namibe

MOÇÂMEDES / 2019

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Estudante: PEDRO ASPIRANTE DO NASCIMENTO JAVA / Bad Peter - Sétima Legião.
pedrojava046@gmail.com/ 949116888
Universidade Mandume Ya Ndemufayo “Escola Superior Politécnica do Namibe” Moçâmedes/2019 (PANJ)

TEMAI:

Introdução

Os diferentes aspectos demográficos, tais como população absoluta, densidade demográfica, crescimento
populacional, distribuição geográfica da população, estrutura etária, estrutura profissional e migrações, entre
outros, costumam ser alvos de estudo e preocupação de diversos especialistas (Geógrafos, Demografos,
Economistas etc.) e também de governantes.

No entanto, a análise de dados demográficos e sua comparação com dados socioeconómicos permitem
conhecer a realidade quantitativa da população e elaborar medidas de ordem prática como, por exemplo:

 Desenvolver um planeamento de interesse social (incluindo aspectos relativos à saúde, Educação,


Transportes, Habitação, Emprego etc.) e traçar estratégias de actuação.

1. A população Mundial e o Crescimento Demográfico

Equilíbrio:

Num determinado ecossistema, uma população animal manterá equilibrada quando a curva do seu
crescimento se mantiver numa constante, ou seja, crescimento e resistência do meio equivalem-se. Em
termos gerais, uma população animal, passa ao longo da sua história, por três estádios bem distintas do
ponto de vista do seu crescimento, assim descritos:

 Primeira – Nesta fase, a resistência do meio (dificuldades para se conseguir alimento, doenças,
predição, competição, etc.), é muito maior que o volume de crescimento de uma população,
resultando num lento crescimento.
 Segunda – Quando a resistência do meio diminuir, ou seja, a população animal encontrar alimento
com mais facilidade, as doenças que eliminavam muitos tiverem desaparecido e, junto com elas, a
predição praticada por outros animais, a população inaugura sua segunda etapa do ponto de vista do
seu crescimento; o número de indivíduos com capacidade reprodutiva aumenta rapidamente, fazendo
com que a população apresente um crescimento acelerado.
 Terceira - Neste estádio, registar-se-á um equilíbrio entre o crescimento da população e a resistência
do meio, tornando esta população voltada a um lento crescimento como o da primeira fase.

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Populações humanas – Quase da mesma forma, acontece com as populações humanas, que também
apresentam os três estádios de crescimento e mostram uma tendência a uma estabilização no último estádio.
No entanto, desde a segunda fase, já há uma intervenção do homem no ritmo de crescimento, diferenciando-
as das populações animais, que estão submetidas ao comando da natureza.

Por ter condições de interferir no curso da natureza, em certos aspectos, o homem pode produzir muito mais
do que precisa para sobreviver podendo mesmo diminuir tanto a mortalidade quanto a natalidade. Desta
forma, o homem pode definir padrões de crescimento ao longo da sua história, dependendo da sua
necessidade ou do acesso aos recursos naturais.

Fases do Crecimento Populacional


A população mundial pode deixar de ter um crescimento acentuado somente por volta do ano 2050.
Este facto decorre da chamada processo da transição demográfica, e parte de uma de teoria
elaborada para explicar a tendência da população mundial a se equilibrar, na medida em que
diminuem as taxas de natalidade e mortalidade. Segundo esta teoria, o crescimento da população
passa por três fases fundamentais. A transição demográfica corresponde à fase intermediária do
período ou ciclo evolutivo demográfico.
Os países desenvolvidos já realizaram sua transição demográfica (estão actualmente na terceira fase),
ao passo que os países subdesenvolvidos (em sua grande maioria) só deverão completa-la por volta
do ano de 2050.

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Primeira Fase designada Fase de Crescimento Lento

Esta fase caracteriza-se por elevadas taxas de natalidade (o que explica o baixo índice de crescimento
demográfico) e pela baixa expectativa de vida ou esperança de vida (duração media, em anos, da vida
humana). Esta situação perdurou dos primórdios da humanidade até o final do século XIX para alguns países
e até os dias actuais para outros. Acredita-se que na Grécia e na Roma antiga a media de vida era apenas 25
anos. A elevada mortalidade deveu-se especialmente às precárias condições higiénico-sanitárias, às
epidemias, às guerras, à fome, a miséria, etc.

Segunda Fase ou Fase e crescimento Rápido

Actualmente, a maioria parte dos países subdesenvolvidos encontram-se nesta fase, caracterizada por
elevadas taxas de Natalidade, e baixas taxas de mortalidade e, consequentemente, com grande crescimento
Populacional.

Os países desenvolvidos industrializados da Europa Ocidental, os chamados ‘‘desenvolvidos velhos’, foram


os primeiros a atingir esta fase, principalmente durante o século XIX; já nos países ‘‘desenvolvidos novos’’
(Estados Unidos, Canadá, Rússia e Japão) ela ocorreu na primeira metade do século XX, e nos países
subdesenvolvidos, a partir da segunda metade do século XX.

Na Europa Ocidental, a Revolução Industrial contribuiu para a melhoria das condições higiénico-sanitárias
(imunização, combate às epidemias, redução da disseminação de doenças infecciosas), para um melhor
medico-hospitalar (novos tratamentos, equipamentos e remédios, como os antibióticos) e para o aumento da
produção de alimentos, nutrição melhorando das pessoas. Estes factores acabaram reduzindo a mortalidade
de forma gradativa. Por outro lado, a natalidade permaneceu elevada durante quase todo o século XIX, o que
explica o grande crescimento populacional na Europa naquele período.

Os países menos desenvolvidos estão nesta fase de crescimento demográfico (Segunda Fase). Eles
apresentam grande crescimento populacional, pois, a taxa de mortalidade tem caído muito mais do que a de
natalidade. A maioria nas condições de vida de suas populações só ocorreu após a segunda Guerra Mundial
(na segunda metade do século XX), período em que o mundo assistiu à mais espectacular explosão
demográfica de todos tempos.

É importante observar que tanto nos países desenvolvidos quanto nos subdesenvolvidos o crescimento
demográfico resultou fundamentalmente da redução da mortalidade. No entanto, a principal diferença entre
eles é que nos países subdesenvolvidos a diminuição da mortalidade foi muito grande e bastante rápida, ao
passo que nos desenvolvidos ela ocorreu de forma gradativa e num espaço de tempo muito maior.

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As razoes da persistência de elevadas taxas de natalidade nos países subdesenvolvidos está relacionada à
dificuldades de adopção de métodos de controlo da Natalidade.

Quanto à expectativa de vida ela é mais alta nos países desenvolvidos do que nos subdesenvolvidos, porque
estes proporcionam às suas populações condições socioeconómicas e sociais, de saneamento básico, de
atendimento medico-hospitalar, insuficiência alimentar etc., resultando em menor longevidade da população.

Terceira Fase: Baixíssimo crescimento ou estagnação

Nesta fase, caracterizada pela ocorrência de baixas taxas de Natalidade e Mortalidade, resultando em níveis
muito baixos e até mesmo em estagnação do crescimento populacional, a transição demográfica encontra-se
concluída. Actualmente estão nesta fase os países desenvolvidos, a maior parte deles com taxas de
crescimento muito baixas (geralmente inferior a 1%), nulas e até negativas.

Nos países desenvolvidos tem ocorrido uma transformação na estrutura familiar: a taxa de fecundidade é
baixa, permanecendo em torno de 1,5 filho por mulher (taxas de 2,0 filhos por mulher ajudam a manter
estabilizado o tamanho da população). Diversos factores, como a urbanização (exigências da vida urbana), o
aumento da escolarização (que pode facilitar o acesso a métodos de planeamento familiar) e a incorporação
das mulheres ao mercado de trabalho (acumulo de trabalho dentro e fora do lar), contribuem para que as
mulheres tenham menos filhos.

1.1- John Graunt e a fundação da demografia.

É a Achille Guillard (1799-1876) que se deve a invenção do termo demografia, que utilizou no livro
Elements de Statistique humanine ou demographie comparée, publicado em 1855. Mas a história da
demografia começa muito antes, mais precisamente em 25 de Janeiro de 1662, data em que o comerciante
inlges John Graunt (1620-1674) publicou as suas naturais and political observations upon the bills of
mortality. Trabalhando a partir das informações registadas no Bills of mortality, procura conhecer “as leis
que presidem ao estado e á evolução de uma população” e apresenta neste livro a primeira tábua de
mortalidade.

Até á publicação das observações de Graunt, a população era objecto de meras reflexões e expectativas.
Com Graunt, no domínio do estudo dos fenómenos demográficos “a era das supotações extravagantes chega
ao fim e começa a da abordagem numérica” dos factos da vida humana (nascimento, doença, morte …).

Para Graunt, estes factos não são entidades submetidas a “uma vontade sobre natural insondável. Existem
sim. ”Regularidades’’, uma ordem na maneira como eles se produzem, que é possível medir e analisar a
partir de dados de observação. A importância da “intuição” genial de Graunt foi reconhecida por muitos dos

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seus continuadores, tendo o demografo Alemão Susslmich (1707-1767) afirmando em 1741: “Os registos
paroquiais são mantidos desde há séculos pelas necessidade da igreja e dos cidadãos (…) mas quem, antes
de Graunt, se serviu deles para detectar uma ordem? A descoberta era tão simples como a da América, mais
faltava um Cristóvão Colombo capaz de ir mais longe que outros no exame das verdades e de dados antigos
e conhecidos.”

Se Graunt se mantivesse limitado a apresentar os dados registados nos boletins de mortalidade, ele poderia
ser considerado apenas como o precursor de uma nova via para o conhecimento. De facto, esta sua primeira
descoberta – a utilização de registos paróquias como fonte de conhecimento qualificado – é acompanhada
por “ golpes de génio dos quais se pode dizer fundaram a demografia”:

A) A crítica das fontes, com que procura aferir do grau de confiança que pode conceder a cada número,
a cada informação;
B) A analise e medida dos dados, das quais resultam métodos e conceitos novos;
 A aplicação destes métodos a exemplos concretos conduziu – a conclusões sérias.

No domínio metodológico, a invenção de Graunt mais notada foi a da tábua de mortalidade. Porque os Bills
of mortality não davam informação acerca da distribuição dos óbitos por idades, mais do que uma
verdadeira tábua, o que Graunt apresentou foi um modelo de tábua que na opinião de um dos seus
continuadores, terá sido elaborada principalmente com vista a “uma reflexão e uma pesquisa ulteriores”.

1.2 - A aritmética política

Esta foi baptizada no período em que, o primeiro discípulo de Graunt, o seu amigo William Petty (1623-
1687), exerceu um papel determinante no desenvolvimento da nova disciplina lançada por Graunt. Mas
Petty utiliza “as receitas de Graunt para forjar argumentos ao serviço das suas teses politicas” com quais
pretendeu influenciar o Rei e o seu Governo.

Tendo nascido em Inglaterra “da banca e dos negócios”, a aritmética política desenvolveu-se em torno da
Royal Societt, academia fundada em Londres alguns meses depois da publicação do livro de Graunt. A sua
influência rapidamente se estendeu a Holanda, onde os irmãos Louis e Cristiam Huygens e Johan Hude e
Johan de Witt se consagraram à análise das implicações científicas ou económicas da tábua de mortalidade.

Com efeitos, a aritmética política não se resume, ao estudo dos problemas da população. Pelo menos até aos
finais do séc. XIII, nela coexistem simultaneamente dois ramos perfeitamente distintos que, ambos,
desempenham um papel decisivo na construção das primeiras ciências sociais.

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O ramo “Económico”, iniciado por Petty, agrupava os “Políticos”, interessados sobretudo “na análise dos
factos que muitos deles achavam susceptíveis de contribuir para o progresso da arte de governar”. Este
ramo, em confluência com outras correntes nomeadamente os mercantilistas e os fisiocratas, contribuirá
para a criação da economia politica. O ramo dos “metodologistas” – que reúne sobretudo Astrónomos,
médicos, padres e matemáticos - inspirados pelo trabalho de Grant, e “absorvidos pelo estudo do processo
inelutável da mortalidade”, vão aprofundando progressivamente os fundamentos teóricos e metodológicos
da demografia.

Antes do fim do sec. XVIII, os aritméticos políticos tinham, dotados, em particular, a análise demográfica de
dois utensílios notáveis: A tábua de mortalidade e o conceito de população estável.

Em resultado de múltiplos contributos e invenções cujo ponto de partida decisivo é o trabalho de Graunt,
pode-se dizer que, nessa época, a aritmética política, tinha ultrapassado o domínio da “ contabilidade de
homens”, definido por Petty, para se tornar uma ciência autónoma e bem identificada, a ciência da
população.

1.3 - A Demografia hoje

Como definimos a demografia hoje?

Se considerarmos a palavra, ela significa etimologicamente “ciência da população”. O nome inventado em


1855 por Achile Guillard não foi recebido pacificamente e outras designações foram propostas.

Os demografos alemães, por exemplo, que não gostavam da terminologia “grafia” por acharem que ela
remetia para uma concepção demasiado descritiva, preferiram durante algum tempo falar de demologia ou
de populacionista.

Não sendo despicienda, a escolha do nome aparece, no entanto, como uma questão pouco relevante face á
realidade da prática científica acumulada ao longo das populações humanas. No seu Traité de
Démographiem, publicando em 1945, Adolphe Landry analisa a relação, que considera essencial, entre
demografia e estatística, concluindo que, sendo a estatística utilizada em toda a espécie de investigações, em
demografia, “ela ocupa-se de conjuntos tais como a população dum País, conjuntos formados dessas
unidades que são os seres humanos, os indivíduos, ou ainda de outras unidades, como as famílias”.

Quando a propósito da demografia fala de estatística, Landry está a referir - se àquilo que ele e outros
autores designaram de demografia “qualitativa”, ou seja, a que reviva do imperativo que leva a demografia a
considerar em primeiro lugar, as populações sob o aspecto quantitativo, cujo objecto essencial será o estudo
dos movimentos que se produzem nas populações.

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Assim, a demografia será, em primeiro lugar, uma ciência que mede as populações humanas, consideradas
estas enquanto conjuntos. Ao que convém acrescentar: conjuntos que se renovam através do jogo dos
nascimentos, dos óbitos e dos movimentos migratórios.

A relação da demografia com a qualidade é muito mais complexa. No entanto, o seu aprofundamento tem
contribuído para a afirmação e desenvolvimento da demografia como domínio científico autónomo.

No séc. XIX, a questão da qualidade é colocada, por William Farr a propósito das causas de mortalidade.
Mas foi o estudo a fecundidade que mais aproximou a demografia da esfera da biologia e, por conseguinte,
da qualidade. Assim, quando, em 1866, Matheus Duhcan analisa a influencia da idade da mãe sobre o peso
do recém – nascido, ela já está a fazer demografia << qualitativa >>.

Na época em que Landry escreveu os seus tratados, o conceito de demografia qualitativa estava
direccionado sobretudo para a esfera do biológico. Sendo concebida como o estudo das “qualidades dos
seres humanos: qualidades físicas, físico - intelectuais”, ela incluía também o estudo das transmissões
hereditárias, o que leva Jean Sutter a admitir, na mesma época, que a Eugénica pode ser em definitivo
considerada como um ramo da demografia qualitativa.

Mas o estudo das influências biológicas puras não pode fazer esquecer na opinião formulada pelo
mesmo Sutter, que – elas se acham implicadas com as influências económicas.

A par da demografia qualitativa tradicional, tem-se desenvolvido nos últimos anos uma demografia
compreensiva, que intervém, quer a montante quera a jusante da investigação demográfica, seja através
de abordagens exploratórias ou seja enquanto complemento dos resultados quantitativos e
principalmente como contributo “ao mesmo tempo reflexivo e interpretativo”. Ao mesmo tempo, esta
demografia aprofunda e prolonga a demografia qualitativa tradicional, introduzindo novos temas e novas
questões, como sejam, a relação de género e a sexualidade.

Caldwell, ao analisar as relações entre a demografia e as teorias das mudanças económicas – sociais,
refere-se às duas atitudes que, no seu entender, são responsáveis pela tendência isolacionista:

 A primeira atitude é ilustrada pela ilusão de muitos demografos que confiam nas explicações que
pode fornecer a economia acerca das causas da baixa da fecundidade;
 Uma outra atitude, aparentemente inversa, seria a que reforço o isolamento intelectual dos
demografos: a que consiste em considerar que as mudanças demográficas só podem ser
explicadas no contexto demográfico.

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Esta atitude traduziu-se na insistente tendência dos demografos em privilegiar a medida dos fenómenos
demográficos, limitando a sua interpretação ao contexto demográfico “puro”, em que o que conta são as
relações de interferência entre as variáveis demográficas.

A base de análise demográfica assenta essencialmente, a todo o conjunto de procedimentos da investigação


demográfica. Ela não impede, antes estimula, que se passe da “fase de enumeração e medida dos fenómenos
para a fase da investigação das causas”, o que equivale a dizer que, garantindo a unidade e a autonomia da
demografia, a análise demográfica “obriga-a” a confrontar-se com outras ciências. E, assim, enquanto
“território validado pela análise demográfica”, a demografia não corre o risco de se diluir numa espécie de
universo cinzento das ciências sociais em que todos os factos e teorias são pardos.

1.4- A Demografia como Ciência

A demografia estendeu-se além do campo da antropologia Significado: demo - povo; grafia estudo, ou seja,
Demografia é o estudo do povo/população.

A demografia é um estudo que engloba desde estudos individuais e dependentes, até projectos do governo
em relação à população, como o IDH. Ao definir sua política (governo) tem duas opções:

a. Estimular ou dificultar novos nascimentos através de medidas de complementação salarial para


auxílio aos pais que têm mais filhos, ou aumento de impostos para os jovens de uma certa idade que
ainda não tenham filhos, podem ser chamadas Politicas Natalistas, pois, estimulam o aumento da
taxa de Natalidade;
b. Por outro lado, quando o governo sobretaxa o imposto para pais que têm mais filhos, ou desenvolve
políticas directas de controlo da natalidade como liberação do aborto ou distribuição de
anticoncepcionais, está optando por uma Política Antinatalista.

Atendendo as situações opcionais antes referidas, analisemos a seguinte questão:

 O que é demografia

A Demografia foi tida por Caroline Faria, como ciência que estuda a dinâmica populacional humana por
meio de estatísticas que utilizam como critérios, a religião, educação, etnia e outros critérios que são
influenciados por factores como a taxa de natalidade, fecundidade e migrações. Ela constitui um dos ramos
das ciências sociais bastante recente se comparada com outros ramos como neste caso a economia.

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O termo demografia foi criado em 1855 por Achille Guilard no livro Eléments de statistique humaine ou
démographie comparée (Elementos de estatística humana oudemografia comparada), para designar a
ciência que trata das condições, movimento, e progresso das populações. Seu objetivo é estudar a estrutura
da população, seu arranjo espacial ou forma como a população está distribuída no meio físico (urbano, rural)
e sua composição, que pode ser estudado levando-se em consideração a faixa etária, o sexo, ou outras
características da população.

O chamado “movimento da população” também constitui objecto de estudo da demografia. Através de


cálculos e estatísticas são estudados os fenômenos da mortalidade, natalidade e movimentos migratórios,
todos estes influenciados por diversos factores como educação, saneamento, desemprego, desigualdades
sociais e etc.

A Demografia tem como objectivo analisar os seguintes dados populacionais:

 Crescimento demográfico,
 Emigração,
 Taxa de natalidade,
 Taxa de mortalidade,
 Expectativa de vida,
 Distribuição populacional por áreas,
 Faixas de idade, entre outros.

Esta ciência é muito importante, pois os dados gerados por ela servem de base para a definição de políticas
sociais governamentais. São importantes também, pelo facto de servir de amostragem do processo evolutivo
da qualidade de vida das pessoas e famílias numa determinada comunidade.

A palavra Demografia tem hoje significado muito mais amplo, de ciência das populações humanas. Pois, o
seu estudo é a todos títulos fundamental porque:

 A população é elemento político essencial, pois não pode existir estado consolidado despovoado;
 A população dá importância específico à configuração de uma sociedade, conforme seja mais jovens
ou mais idosa, crescente ou decrescente, predominantemente rural ou urbana, mais rica ou mais
pobre, formada por uma ou varias etnias etc. e;
 Consequentemente, todas as questões pertinentes a seus múltiplos aspectos (numero, flutuações,
composição segundo vários critérios, distribuição territorial, movimentos migratórios etc.) tanto

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actuais quanto futuros, são fundamentais para a perfeita compreensão de um pais e como base do
planeamento económico, politico, social ou cultural.
1.4 – Os diferentes critérios de abordagem da ciência demográfica

Do ponto de vista demográfico, as populações podem ser abordadas segundo quatro critérios diferentes, cada
qual com técnicas próprias:

 A abordagem histórica, que tem por objecto a evolução dos fenómenos demográficos ao longo
do tempo e pesquisa as causas e consequências dos factos populacionais com o método das
ciências históricas;
 A abordagem doutrinaria, que analisa as ideias de pensadores, pregadores ou filósofos, em
matéria de população;
 A abordagem analítica que por sua precisão matemática é a mais importante tecnicamente, pelo
fato de fornecer dados indispensáveis sobre determinados acontecimentos, já que ela permite por
meio de processos matemáticos e estatísticos agrupar os dados brutos, os analisa, ajusta e corrige
e;
 A abordagem política, que, apoiada nos elementos obtidos pelos métodos históricos,
doutrinários e analíticos, formula politica demográficas adequadas ao bem – estar nacional ou da
sociedade.

1.5.1– A demografia histórica

Esta tem maiores fundamentos na pré-história, onde a população era tanto mais escassa quanto mais remota.
Pequenas hortas de seis a trinta membros circundavam por áreas imensas à caça de alimentos.

Pode-se dizer que, há cerca de vinte mil anos, o total da população mundial caberia numa cidade moderna de
tamanho médio. Com a agricultura, no período neolítico, deu-se a primeira expansão demográfica (sétimo
milénio a.C.), materializada no aumento da densidade e multiplicação das aldeias, durante o processo de
dispersão populacional.

Além disso, a revolução do quarto milénio a.C. também contribuiu para o adensamento da população. Na
antiguidade oriental, os dados são escassos e aleatórios. O Egipto teria atingido sete milhões de habitantes
antes da invasão persa. A Babilónia, em seu apogeu, seria uma cidade de 300 mil almas. Israel teria nesta
mesma época contado com 35 mil habitantes, no máximo. A pérsia de Xexés talvez tenha tido 18 milhões,
enquanto a China da dinastia Han cerca de setenta milhões. Essas cifras, estavam sujeitas a flutuações
consideráveis, pois todos os estados antigos e medievais, eram extremamente sensíveis a frequentes flagelos
demográficos, tais como: guerras, fome e epidemias.

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A Grécia do século V a.C., dividida em pequenas cidades – estados, teria aproximadamente três milhões de
habitantes, com cerca de 200.000 na Ática, dos quais talvez sessenta mil em Atenas. Alexandria e Selêucia,
as maiores cidades helenísticas, possuiriam de 220.000 a 300.000 habitantes a cada uma. Em Roma, houve
censos periódicos que registaram, sob o imperador Augusto, quatro milhões de cidadãos romanos, sem
contar suas famílias.

Na época de trajano o império teria, cerca de sessenta milhões de pessoas, das quais 1,5 milhão em Roma,
que se reduziram a 400.000 sob Constantino. A cidade chegou a ficar totalmente vazia, por quarenta dias, no
ano 645. Entre os séculos V e Vlll houve acentuado declínio demográfico em todo ocidente, que só retomou
seu crescimento a partir do século Xl. A Bizâncio de Justiniano teve talvez um milhão de habitantes, mas só
restavam cinquenta mil quando ao ser tomada pelos turcos.

Na idade média, período essencialmente rural, as cidades eram pequenas. Londres, em 1086, tinha 17.850
habitantes; Bruges, no século XIII, 35.000. Em meados do século XIV, antes da peste negra, que dizimou o
ocidente, matando quase a metade da população, Florença tinha 55.000 habitantes; Milão e Veneza, pouco
mais de cem mil cada uma; Paris, em 1328,teria cerca de sessenta mil. Colónia teria trinta mil no século XV
e Frankfurt, nove mil.

Na China de Marco Pólo, no entanto, Hangzhou possuía de 1a 1,5 milhão de habitantes. Ao ser descoberta, a
América teria uma população indígena estimada entre 13,4 a 15,6 milhões. Segundo dados da organização
das Nações Unidas de 1953, no período do tráfico negreiro a população do continente foi acrescida de dez
milhões de escravos africanos.

O século XVI foi um período de expansão demográfica na Europa, cuja população sofreu flutuações nos
cem anos seguintes devido às guerras religiosas. No século XVIII, a expansão se acentuou, particularmente
depois da revolução industrial, e adquiriu proporções de verdadeira explosão demográfica nos séculos XIX e
XX. Os conhecimentos médicos mais avançados reduziram a mortalidade e a civilização ocidental passou de
predominantemente rural a urbana, o que acarretou profundas modificações socioculturais. De 1820 em
diante, emigraram da Europa para outros continentes cerca de setenta milhões de pessoas.

1.5.2 - Demografia doutrinária

Muitos povos estudaram a questão da população e formularam a esse respeito as mais diversas soluções e
teorias. De modo geral, distinguem-se em demografia duas tendências fundamentais:

 a populacionista, favorável ao incremento da população, que se considera com dado positivo e;


 a restritiva, favorável ao controlo populacional.
1.5.3 - Demografia analítica

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Esta abordagem demográfica, estabelece a estrutura das populações por idade, sexo e outras variáveis e
calcula sua dinâmica (crescimento ou redução), examinando os processos que nela intervêm: natalidade,
mortalidade, fenómenos migratórios, nupcialidade, fecundidade, etc. levando em conta determinações
biológicas, ecológicas e socioculturais – rigidez ou morbidez das populações, endemias, epidemias,
incidências de métodos anticoncepcionais, controle da natalidade em populações urbanas e rurais - descreve
a situação demográfica considerada sob todos esses aspectos, a fim de computar a população e fazer
projecções futuras.

As estruturas das populações, por idade e sexo, representam-se graficamente pelas pirâmides populacionais,
nas quais se marcam nas ordenadas as idades e nas abcissas o número de habitantes por idade ou grupo de
idades, com mulheres a direita e homens a esquerda. Quanto mais larga a base da pirâmide, mais jovem a
população.

Tema 2: A Demografia e Poder:

2.1 - O poder e acção externa dos estados

No tratado da teoria das relações internacionais, Morgenthau dedica à diplomacia, entendida, em sentido
amplo, como o conjunto da política externa dos estados visando “a promoção do interesse nacional por
meios pacíficos”, dando-lhe quatro referências fundamentais caracterizado pelo seguinte:

1- Definir os seus objectivos em harmonia com o poder efectivo e potencial de que dispunha para os
levar por diante;
2- Estimar os objectivos dos outros estados e o poder efectivo e potencial de que podem dispor para os
levar por diante;
3- Determinar em que medida os objectivos nacionais e os dos estados estrangeiros são compatíveis
entre si;
4- Usar os meios adequados à presença dos seus objectivos.

Qualquer erro em perspectiva desta matéria acarreta habitualmente riscos e custos elevados. Prosseguir uma
politica com objectivos acima dos meios de que dispõe pode conduzir à guerra ou a ter de recuar perante a
força de outros estados com perdas irreparáveis em prestígio, em liberdade de acção futura, na substância
dos interesses, na capacidade de os continuar a proteger. Pelo contrário, tomar para o estado objectivos
abaixo do que é razoavelmente possível obter também é criar riscos, é dar lugar ao nascimento de vazios de
poder, é abrir campo ao avanço de indivíduo de outros estados donde podem surgir situações perigosas. Para
a segurança, a autonomia de acção e, finalmente, a independência nacional.

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Estimar correctamente os intentos da política dos outros estados tem de ser a base de toda a politica de
segurança e protecção dos interesses nacionais. Nas grandes questões de que depende a paz ou a guerra é
crucial averiguar com a possível certeza se está perante uma política actuando no quadro da preservação do
status que, de consolidação da relação de forças existentes no campo internacional, ou, pelo contrário, se
tem pela frente uma politica imperialista, uma politica de aumento do poder do estado, ou aliança de estados,
que a promove, é que sempre terá por consequência a redução do poder e da liberdade de acção dos
restantes.

O erro inverso de tomar por imperialismo o que é pensado pelos que promovem a acção como situando-se
no quadro atado que pode inspirar reacções excessivas, por sua vez vistas como ameaças intoleráveis pela
outra parte, com os inerentes perigos para a paz.

A par dos objectivos, é crucial a avaliação correcta dos meios em que os outros estados podem apoiar-se.
Pois que a viabilidade de qualquer política depende dos meios efectivos ou potenciais que podem ser
mobilizados para a realização da avaliação adequada destes depende a determinação objectiva da
importância da eventual ameaça.

No mundo posterior a II guerra mundial, é básico ter presente que as grandes questões de que depende a paz
ou a guerra não têm somente a ver com as ameaças sobre o território ou com os riscos do desequilíbrio da
balança das forças ofensivas e defensivas.

Têm também a ver com o acesso as matérias – primas e fontes de energia, a abertura dos mercados, o livre
fluxo dos bens e serviços, a fácil circulação das pessoas e da informação. Pois todos se contam entre os
factores de que depende o essencial do bem – estar das nações, e por isso tocam nos fundamentos da sua
segurança pelo que também os objectivos de cada estado nessas áreas e o peso efectivo e potencial que pode
ai exercer é parte da avaliação da relação de forças e dos efeitos potenciais das políticas que promove quer
no sentido de a manter quer no de alterar.

- Na maior ou menor capacidade de avaliar correctamente a compatibilidade ou incompatibilidade dos


objectivos que a nação prossegue com os objectivos dos outros estados assentam em muita larga medida o
bom sucesso no desenvolvimento da política externa. Em essência, há que saber diferenciar, distinguir e
dosear. Diferenciar entre objectivos compatíveis e incompatíveis, distinguir objectivos vitais. Dosear as
acções tendo em conta se está perante interesses vitais ou não vitais dos outros estados.

Um estado que desenvolve objectivos que são compatíveis com os de outros estados tem boas hipóteses de
obter o que deseja se a diplomacia nacional souber actuar com boa arte. Se, porém, o que se deseja é
incompatível com os interesses de outros estados avançar na direcção dos desejos próprios conduz a andar

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por caminhos cheios de riscos. Se tiver de contrariar-se interesses não vitais de outros estados, uma
diplomacia hábil que disponha de contrapartida poderá chegar a uma conciliação de interesses aceitável
pelas diversas partes. Mas se o que se procurar envolve atropelos de interesses vitais de outros estados
avança-se para afrontamentos que podem facilmente desembocar na guerra. Neste caso, se o que se pretende
não é vital para si próprio será prudente orientar a politica externa por caminhos menos sensíveis.

Se a acção que o estado desenvolve e que tem de contrariar de algum modo interesses vitais de outros é
também vital para si próprio o risco de conflito é muito elevado e só a capacidade de negociação, graduação
e compatibilização paciente das acções dos intervenientes poderá conduzir a soluções pacíficas.

- Para realizar a sua política externa os meios ao dispor dos estados são três, na simplicidade algo chocante
da fórmula de Morgenthau, a persuasão, o compromisso e a ameaça de uso da força.

 Persuasão e compromisso, são meios ao alcance de estados de todos os graus de poder utilizáveis
com êxito maior ou menor consoante a arte diplomática de que façam uso.
 Uso da força – esta constitui a opção terciária, pois é mais facilmente utilizável pelos grandes e
poderosos do que pelos pequenos e fracos, embora até a experiencia da época dos armamentos
atómicos tenha mostrado que existem formas de violência ao alcance dos pequenos na defesa dos
seus interesses vitais que se mostram eficazes para moderar e conter até os maiores poderes,
levando-os a aceitarem soluções muito aquém dos seus objectivos iniciais. Nesta perspectiva
considera-se a fórmula de Morgenthau não inteligente, porque nenhuma politica externa que conte
exclusivamente com a persuasão e o compromisso, ainda que concebida tendo em conta a força das
grandes potencias, pode ser ponderada também com proveito por estados que se situem em posição
mais modesta na escala dos poderes.

2.2 - Os elementos do poder dos estados

Ainda que as listas de factores considerados apresentem diferenças relevantes, todas mencionam a
população como factor do poder.

Para Morgenthau, cuja analise sobre o essencial desta questão, os factores do poder nacional são os
seguintes:

 A Geografia
 Os recursos naturais
 A capacidade industrial
 A preparação militar
 A população

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 O carácter nacional
 O moral nacional
 A qualidade da diplomacia
 A qualidade do governo

 O factor que designa por geografia reporta-se a incidência que tem na política dos estados a
dimensão, a configuração e a localização do território. Território extenso significa capacidade
acrescida de resistir a ataque e invasões, usando a possibilidade de recuo para reconstituir as
forças e relançar acções para expulsar atacantes.

Os rios largos que marcam os limites do território de diversos países têm-se afirmado como fronteiras
naturais capazes de ajudar a garantir a segurança contra inimigos externos, historicamente tudo isso actuou,
também, como elemento da consolidação de uma cultura própria. Pela capacidade de travar, canalizar e
moldar as influências provenientes de terras estranhas.

 Recursos naturais – neste âmbito tornam-se relevantes para o poder do estado pois dá especial
atenção, por um lado, as bases da produção alimentar e as reservas alimentares que
potencialmente podem ser constituídas. Por outro lado, as disponibilidades em matérias-primas e
fontes de energia, cuja relevância em termos de poder está naturalmente interligada com a
tecnologia em que assenta a vida económica do estado e o equipamento assim como o emprego
das suas forças armadas.
 A capacidade industrial - é o factor de que depende o aproveitamento pleno, nas condições
modernas, da geografia do território e dos recursos naturais nele existentes. Como bem nota, a
qualidade e a capacidade produtiva das fábricas, a qualidade da mão – de – obra, o valor da
engenharia e da ciência nacional, a qualidade da gestão são factores fundamentais da capacidade
industrial.

Sem uma indústria pesada de dimensão considerável não há no mundo actual possibilidade de atingir o
estatuto de grande potência.

 A preparação militar (Military Preparedness) depende, por seu lado, do nível tecnológico dos
armamentos de que um pais pode dispor para equipar os seus militares, do valor do comando, da
quantidade e qualidade profissional das forças armadas, tudo aferido pela natureza das missões que é
necessário atribuir – lhes no âmbito do desenvolvimento da politica externa do estado.

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 O factor população, pode ser analisado basicamente sob a óptica do numero total de habitantes do
território do estado e das tendências de crescimento que evidencia. É evidente que mais numerosa
população não conduz necessariamente o estado á posição de mais alto poder.

Para Morgenthau, nenhum estado pode aspirar ao estatuto de potência de primeira grandeza se a sua
população não se contar entre as mais numerosas. Pois sem uma grande população não é possível recrutar
uma grande força armada, nem criar os serviços de retaguarda necessários, nem ter uma indústria
suficientemente poderosa, para permitir manter uma força comparável a das maiores potências.

É claro que se a estrutura da economia do estado for tal que se não mostre capaz de assegurar um nível de
vida adequado aos habitantes do seu território, uma grande população tenderá a ser mais um factor de
fraqueza do que de força. De qualquer modo, a níveis comparáveis de desenvolvimento económico e
tecnológico, um diferencial de população se comparam com as dos estados que lhe são vizinhos ou que têm
peso significativo na relação de forças que mais importa à sua segurança.

Os estados cuja população tenha maior proporção de pessoas nas idades correspondentes aos 20 e os 40 anos
terão vantagens sobre aqueles cuja população apresente uma estrutura etária em que os mais idosos tenham
maior peso.

 O carácter nacional, ou o que, usando a terminologia convencional das ciências sociais, pode
designar-se por personalidade de base de um povo, tem-se mostrado elemento decisivo do poder do
estado. A disposição para enfrentar a necessidade de combater para preservar os interesses nacionais,
a coragem, a tenacidade, a disciplina, o modo de encarar os problemas da vida e as exigências e
sacrifícios das acções de defesa, são diversos de nação para nação, e o destino e peso de cada uma na
relação de forças internacionais tem dependido em larga medida da configuração de tais factores que
lhe é específica
 O moral nacional, isto é, na fórmula de Morgenthau, «o grau de determinação com que uma nação
apoia a politica externa do seu governo na paz ou na guerra», é também factor decisivo do poder.
Quando o estado de espírito nacional é adverso á aceitação dos custos de uma política externa que
tenha de estreitar a hostilidade de outros estados a capacidade de resistência da nação será fraca e o
governo terá de acomodar-se às pressões exteriores.

Quando, pelo contrário, a nação está mentalizada para o esforço que é necessário desenvolver para vencer as
pressões externa o governo dispõe de mais liberdade para conduzir a sua política, juntar e aplicar os meios
necessários para realizar os objectivos externos que definiu.

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 O moral nacional tem certa relação com a personalidade básica do povo. Mas reflecte em larga
medida as características que têm no momento na crise o ordenamento da sociedade e a base de
apoio do governo. Uma sociedade dividida por conflitos ideológicos externos, lutas de classes, por
divergências religiosas ou por tensões racionais ou outras comparáveis é uma sociedade frágil.

A sua coesão neste caso dependerá da capacidade dos grupos dirigentes e do governo para encontrarem
formas de conjugação das vontades de grupos dirigentes e do governo para encontrarem formas de
conjugação das vontades e de coligação das forças políticas que mantenham os conflitos e tensões internas
dentro de uma margem de distância que torne menos fácil a sua exploração ou mobilização eficaz pelos
agentes dos estados hostis.

A representatividade do governo, a sua imagem pública de capacidade para entender os interesses em


presença, proteger os grupos que o apoiam e salvaguardar o essencial dos que se lhe opõem, é dos atributos
mais propícios a contribuir de maneira decisiva para a coesão de um pais em situação de insegurança interna
ou externa. Em altura de instabilidade politico económico e social tem sido, frequente em países de tradição
parlamentar a constituição pela duração do conflito de governos de unidade nacional, assentes na coligação
dos partidos da maioria e / ou das minorias mais representativas.

É da concepção e implementação de formas adequadas de contenção e gestão das tensões e conflitos


internos que depende a tenacidade da vontade nacional em tempo de crise, vontade que é elemento essencial
da força que o estado pode aplicar ao serviço da sua politica externa.

Por isso, o Almirante Sacchetti, lembrou que se pode resumir a essência do poder na fórmula P= V x C, isto
é, o poder é igual á vontade vezes a capacidade.

 A diplomacia, entendida mais uma vez no sentido amplo de conjunto da política externa, é a arte de
combinar os diferentes factores do poder nacional e de os aplicar do modo mais propício ao sucesso
na defesa dos objectivos nacionais. Trata-se, na fórmula de Morgenthau, de integrar os diferentes
factores em um conjunto coerente e de lhes fixar direcção e ponto de aplicação por formas a
maximizar os efeitos nos pontos estratégicos da situação internacional que mais interessam ao país.
 O conceito de qualidade do governo compreende as três capacidades fundamentais que são exigidas
para uma acção internacional eficaz, a capacidade para fixar á sua politica externa objectivos que
estejam ao alcance dos meios de que pode dispor, a capacidade de combinar e conjugar em termos
apropriados aos fins externos que prossegue os diferentes elementos do estado e a capacidade de
conseguir o apoio da opinião publica para a acção politica que entende necessário realizar no
exterior.

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A adequação dos objectivos externos ao potencial do país, os governos podem errar por excesso ou por
defeito, criando, tanto num caso como no outro, situações de risco, ou porque avançam por caminhos que
envolvem esforço acima do que podem aplicar na conjuntura concreta em que actuam, ou porque ficam
aquém do que deveriam procurar, criando vazios de poder que servirão como estímulo á iniciativa de outros
estados.

Na combinação e conjugação dos meios nacionais, incumbe aos dirigentes do pais apreender onde está o
centro de gravidade do poder necessário ao estado e agir em conformidade.

 A combinação e conjugação adequada de meios no conceito de Morgenthau incluem igualmente a


ideia do equilíbrio na construção do poder nacional. Uma transformação militar, industrial e
económica demasiado rápida, ainda que justificada por fins de engrandecimento nacional, acarreta
transformações sociais e politicas que podem comprometer o próprio objectivo de engrandecimento.
As mudanças rápidas são em regra mal absorvidas pelo corpo social. E criam por isso, facilmente
situações de anomalias capazes de conduzirem a conjunturas de risco para a estabilidade das
estruturas do poder.

A capacidade de conseguir e manter o apoio da opinião pública para a política externa que entende convir ao
país é dos grandes desafios que se põe a qualquer governo. Porque os problemas de politica externa são
raramente de entendimento fácil para a maioria, por escaparem á experiencia imediata dos cidadãos, porque
muitas vezes exigem prossecução de objectivos segundo processos em que a transparência publica porá em
causa a eficácia, porque com frequência acarretam custos que não parecem proporcionados aos benefícios,
porque facilmente as inevitáveis querelas politicas internas entre o governo e os seus opositores levam a
desvirtuar o sentido do que se está a fazer, porque a rotação ordinária de funções faz mudar a rotação
ordinária de funções faz mudar o pessoal politico dirigente, e assim por diante, é corrente que seja difícil nas
condições modernas manter neste campo a continuidade necessária para alcançar resultados favoráveis.

A experiencia mostra que os governos mais bem sucedidos nesta matéria são os que tem ao seu serviço um
bom corpo de profissionais da diplomacia e da defesa bem como das outras actividades conexas com as
relações externas, aptos a juntar as informações, realizar as análises e habilitar os dirigentes políticos para a
definição esclarecida de objectivos, tudo de modo a consolidar e prosseguir uma estratégia nacional que
preserve a continuidade para além das mudanças impostas pelas flutuações da conjuntura política interna.

2.3 - Avaliação do poder dos estados

O poder efectivo e potencial de cada estado resulta da combinação de factores de poder que lhe é específica
e do posicionamento que dai decorre na comparação com o poder dos outros estados. Ora tanto o peso dos

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diferentes factores na soma total do poder como o posicionamento dos estados variam continuamente donde
decorre que a medida do poder não é segura, ainda que a lista dos ingredientes que nele entram possa
estabelecer-se sem problemas de maior, e também que não deve atribuir-se fiabilidade mais do que
temporária ao resultado que se venha a obter.

A confiança nas medidas do poder é posta em causa á partida por efeito dos elementos que concorrem para o
resultado final não se conseguir estabelecer com o necessário rigor. A geografia é o factor mais estável, mas
o mesmo está sujeita a variações. Os estados perdem e ganham territórios, o grau de vulnerabilidade das
suas fronteiras vária sob o impacto da evolução da tecnologia utilizável para fins de ataque e defesa.

O conteúdo dos recursos naturais muda com as alterações na tecnologia, que umas vezes valoriza um
material a que antes se não dava importância e outras vezes torna irrelevantes coisas que antes eram tidas
por fundamentais. Um estado forte pela presença de certa matéria-prima importante pode tornar-se
vulnerável por lhe faltar outra que a tecnologia veio a tornar necessária.

Ex: O carvão fez a força da Grabretanha na época da tecnologia da máquina a vapor. Quando os navios
passaram a depender do petróleo á segurança ficou condicionada á capacidade de conquistar posições por
via directa ou indirecta nos territórios onde ele se podia obter.

A capacidade industrial altera-se em função dos critérios de investimentos e dos ritmos de expansão da
economia e a posição relativa dos diferentes estados modifica-se.

 A capacidade militar é vulnerável á mudança na tecnologia dos armamentos e na capacidade


industrial nacional e as grandes forças podem tornar-se obsoletas e ser superadas por outras que
empregam meios mais avançados.
 A população está sujeita a prazo a mudanças significativas no número total e na sua estrutura. O
rápido crescimento demográfico de um país e o crescimento lento de outros reflectem-se na relação
de forças.

Outros elementos do poder podem ter os seus efeitos comprometidos por variações na conjuntura. É o que
acontece com a qualidade da diplomacia, a qualidade do governo e a força financeira disponível. O carácter
nacional parece ser algo que se faz sentir de forma mais permanente, mas o seu efeito sobre a política
seguida depende bastante da capacidade dos dirigentes nacionais para aproveitar e orientar as prospecções
espontâneas do povo, e por isso é vulnerável à qualidade do governo e a qualidade da diplomacia.

 A consciência da mudança nas relações de forças que decorre de evolução cientifica, técnica,
económica e social em curso nos diversos continentes, e da importância de as avaliar e prever com a
antecedência necessária para prevenir os seus efeitos determinou os estudos de prospectivas,

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impulsionados ao mais alto nível dos estados unidos e cuja divulgação fez a celebridade de Herman
Kahn e dos seus colaboradores.

Para Cline, a população e o território, que no seu conjunto constituem a massa crítica do estado, a
capacidade económica, a capacidade militar, a estratégia nacional e a vontade nacional são os factores a ter
em conta.

A capacidade económica mede-se pelo montante do produto nacional bruto, pelos recursos em energia
oriunda de quatro fontes (Petróleo, Carvão, Gás natural, nuclear), pelas disponibilidades em cinco
minerais estratégicos (ferro, cobre, bauxite,crómio, urânio), pela capacidade industrial (avaliada pelos
montantes da produção nacional de aço, alumínio e cimento). Pela capacidade alimentar (medida pelo saldo
das importações / exportações de trigo, milho e arroz), pela capacidade comercial (expressa pela soma das
importações e das exportações).

2.4 - Os registos eclesiásticos às estatísticas do movimento da população.

As observações de Graunt começaram com a descrição dos Billis of Moftality: “o primeiro dos boletins
semanais de mortalidade estabelecido de uma maneira contínua (…) começa a 29 de Dezembro de 1603,
primeiro ano do reino do Rei Jaime. Desde essa data, tem sido mantida uma conta semanal dos enterros e
dos baptismos.” Graunt refere também que eles ‘’ têm a sua origem da peste, pois estes boletins, ao que
parece, começaram a ser estabelecidos no ano de 1592, época de grande mortalidade.

Os BIllis of Mortality estão entre os mais antigos registos escritos dos factos relevantes da vida humana,
com uma particularidade importante. Ao contrário de todos os registos feitos em outros países, os registos
ingleses foram determinados por ordem do poder político:

1. Em 1538, Henrique VIII, inspirado por Thomas Cromwel, “ordenou que houvesse em todas as
igrejas um livro de registo contendo a inscrição da data de qualquer casamento, baptismo foi
sepultura verificados na paróquia”;
2. No ano seguinte, o exemplo inglês é em parte adoptado pelo rei Francês Francisco I : “A ordenança –
dita de Villers – Cottereis exige que sejam feitos registos, em forma de prova, dos baptizados”.

Sabe-se que “o registo dos nascimentos e dos óbitos já era praticado desde a antiguidade romano – egípcia e
talvez mesmo na China”. Mas, na Europa, estes registos têm indiscutivelmente a sua origem na Igreja
Católica, que muito lentamente irá passar da obrigação do registo de confissões e comunhões anuais ao
registo de baptizados, casamentos e sepulturas.

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A reforma protestante veio acelerar este processo. No primeiro quartel do séc. XVI, “A competição pelo
controlo religioso dos fiéis estava aberto entre católicos e protestantes”. Segundo Jacques e Michel
Dupâquier, “a partir da reforma, o registo generaliza-se, tanto nos países católicos como nos países
protestantes (…) só a Europa ortodoxa – em particular a Rússia – ficam Dura do movimento ”. No entanto,
só em 11 de Novembro de 1563, na sua 26ªsessao, é que o concilio de Trento veio confirmar as novas
disposições e procedeu á respectiva regulamentação. Acresce ainda que foi preciso esperar pelo ritual
romano, imposto em 17 de Junho de 1614 pelo Papa Paulo V, para que a Igreja Católica estabelece a
obrigação, de se registarem os Baptizados, as confirmações, os casamentos e as sepulturas.

A história dos registos eclesiásticos ou paroquiais não é uma historia linear e sem problemas. Assim, a
regulamentação e a pratica dos registos “conhecerão dois ou três séculos de Balbuciamentos” até á sua
generalização:

- “Foi no séc. XVI em certas dioceses e no séc. XVII em toda a cristandade (Católica e reformada) que o
registo por cada Igreja dos baptizados, casamentos e sepulturas dos seus fiéis foi definitivamente
estabelecido”. Quanto á qualidade da manutenção dos registos, durante muito tempo, ela deixava muito a
desejar: Muitos dos dados conservados são de fraca qualidade, e a possibilidade de se reconstituírem séries
contínuas de longa duração é relativamente rara. Assim sendo, a sua exploração – de que se ocupa a
demografia histórica – sé é verdadeiramente frutuoso a partir de 1734.

Mas essas limitações valem sobretudo para os países católicos, porventura menos sensíveis do que os países
protestantes á utilidade publicados registos escritos e á ideia de contagem. Foram o protestante que cedo – a
partir da segunda metade do séc. XVII – Demonstraram na prática o partido que se poderia tirar desses
registos: basta recordar que foi a partir dos Bills of Mortality. Que Graunt chegou á demografia e que a
maior parte dos seus seguidores mais importantes são todos protestantes. Não admira, pois que, até meados
do séc. XVIII, a compilação dos registos e a publicação de estatísticas tenha sido protagonizada sobretudo
por países ou cidades protestantes tais como: Londres (publicação semanal regular de óbitos a partir pelo
menos de 1592); Leipzig (1676) Estugarda (1692), Hamburgo (1702). Mas “a iniciativa mais espectacular
coube ao grande eleitor Frederico Guilherme, que fez compilar a partir de 1685 os dados do movimento
natural da população para o conjunto do Brandenburgo”. No mundo católico, terá sido a França quem
melhor apreendeu as vantagens do exemplo protestante; Pois, em 1670, Colbert ordena a publicação dos
nascimentos, casamentos e óbitos ocorridos em Paris, mas a publicação é interrompida ou é incompleta em
1673, 1677 e 1678 e foi interrompida em 1684, só tendo sido reformada em 1709.

Serão ainda os protestantes – neste caso a Suécia – a organizarem, a partir dos registos paroquiais, o
primeiro sistema nacional de estatísticas demográficas.

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O lançamento desta teve o seu inicio em 1794 quando, tendo Eric Benzelins, Arcebispo de Linkoping,
apresentado ao Rijksdag (parlamento) uma avaliação dos nascimentos, dos óbitos e do crescimento natural
registado na sua diocese entre 1721 e 1730, esta iniciativa tenha” parecido suficientemente interessante para
que em 1735 ou 1736, segundo as fontes, sobre recomendação do Riyhsdog, o rei Pedisse dos governadores
das províncias que apresentassem ao Governo, antes da data da assembleia Parlamentar, um relatório
indicando nomeadamente o aumento a diminuição dos habitantes das suas províncias.

No final do sec. XVIII, foram criados os pressupostos essenciais que orientam a progressiva criação durante
o sec. XIX de sistema nacionais de estatísticas em todos os países Europeus.

Por um lado, a Tabellverket Sueca introduz inovações que foram sendo copiadas:

 A Distinção entre estatísticas do movimento da população e do estado da população


(recenseamento);
 A periodicidade da colecta de dados: anual para as estatísticas do movimento e quinquenal para o
recenseamento.
 A organização de um organismo oficial de estatística, a Tabellkomissionem
 A publicação de dados estatísticos apurados.

Por outro lado, a revolução Francesa incentivou a intervenção do estado na observação dos fenómenos
demográficos, o que constitui um garantia com vista a melhoria da qualidade dos dados.

Efectivamente, um dos elementos essenciais da criação dos sistemas estatístico nacional durante o sec. XIX
foi a instituição do registo civil obrigatório. A iniciativa partiu.

Em 1792 da França Revolucionaria, quando a assembleia Nacional Francesa decide retirar ao clero católico
a competência para registar os nascimentos, os casamentos e os óbitos e confiar esses registos aos maiorais
das comunas. Mais tarde, Napoleão confirmou legislação revolucionária e o registo civil passou a ser
regulamento pelo código civil, promulgado em 1804.

A introdução do registo civil obrigatório não podia deixar de ser um processo lento e demorado, na medida
em que, sendo um elemento – chave da laicização das sociedades Europeus, punha em causa o poder
eclesiástico, consagrava a separação entre a esfera religiosa e a sociedade civil e provocava fortes
resistências quer dos sectores eclesiástico e dos grupos mais conservadores, quer da população em geral.

Do ponto de vista do conhecimento demográfico, o registo civil apresentava uma vantagem evidente: que
vantagens são verificáveis na acessão da ciência demográfica

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- Enquanto os registos eclesiásticos excluíam as pessoas que estavam a margem da população dos ”fiéis” o
registo civil, sendo universal e obrigatório, englobava todos os indivíduos. Por outro lado, o facto de o
funcionamento do registo civil exigir funcionários e repartições especializadas incentivava cada vez mais o
estado a interessar - se directamente pela produção de estatísticas da população, criando para o efeito órgãos
responsáveis pelo tratamento das informações fornecidas pelo registo civil e pela publicação. Ao mesmo
tempo, esses organismos, a luz do modelo sueco, concentravam em si a competência para a realização de
recenseamentos. O que equivale a dizer que, na media em que a produção de estatística era da
responsabilidade de organismos especializados, os seus objectivos e motivações deixavam de se subordinar
a lógica tradicional de se procurar controlar a lógica tradicional de se procurar controlar a populaça por
razoes fiscais, religiosas, administrativas ou militares. E assim, se bem que a produção de estatísticas passe
para a competência exclusiva do estado e que por ele sejam utilizadas enquanto instrumento privilegiados
com vista a governação, as estatísticas passam a conceder muito mais importância e espaço a enteses
puramente científicos.

2.5 - O Recenseamento Moderno

Na longa história das contagens de população existe uma fronteira, que começa a ser traçado ainda no Sec.
XVII e que separa as contagens tradicionais do recenseamento moderno.

As contagens tradicionais tinham objectivos fiscais, militares, administrativos e realizam-se apenas quando
uma forte razão de estado impunha a sua necessidade. Não existiam nem organismos nem pessoal
especializado para sua realização os poderes centrais limitavam-se a estabelecer directrizes genéricas e a
realização das contagens dependia de funcionários administrativos locais que procediam a seu belo prazer,
procurando” evitar incidentes, poupando os poderosos”, fazendo contas ás “vantagens e inconvenientes da
sinceridade estatística”.O instrumento de contagens mais frequentemente utilizadas era as listas de fogos:
contavam-se os fogos e o resultado dessa conta permitia avaliar a população consoante a ideia que se tivesse
quanto ao número de pessoas reunidas num fogo: “este numero, algo variável, segundo as províncias as
localidades e também, em menor grau, as épocas, parece ter sido para a França de outrora em media, da
ordem de 4,5” O recenseamento moderno, tal como é concebido e concretizado inicialmente na Suécia, é
muito diferente destas contagens: ele tem uma periodicidade previamente determinada, é realizado por um
organismo e por pessoal especializados e dirige-se ao conhecimento dos indivíduos o que permite o
conhecimento da população não apenas no seu “ volume” e respectiva distribuição geográfica mas também’’
a sua distribuição por sexo, idade Estado Civil e profissão’’.

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Um verdadeiro recenseamento é aquele que comporta contagens feita a maneira tradicional, que se limita a
‘’ revelar o número de pessoas do cada sexo, o respectivo sector de actividade (…), o número de casas e o
de famílias. O primeiro recenseamento moderno foi organizado em 1841, o qual permitiu pela primeira vez
ser organizado sob a responsabilidade de um organismo centrar – o registar General Officee, também pela
primeira vez, introduziu-se o boletim de família, mas controlado pelo agente recenseador.

Verdadeiro recenseamento porque? Porque a sua realização obedeceu aos requisitos adoptados
internacionalmente: colheita simultânea de informações de carácter demográfico relativas a toda a população
de um determinado território, realizada pelas autoridades do estado, num determinado momento. Operação
repetida com regularidade e periodicidade. Quatro condições simultaneidade, generalidade, natureza oficial
e periodicidade respeitadas no recenseamento.

A simultaneidade dos recenseamentos implica a escolha de um momento censitário, isto é a contagem da


população é atribuída às zero horas do dia.

Pelo objectivo de se chegara uma estatística internacional a acção de quetelet concentra – se na


internacionalização de esforços com vista a definição de normas universais para a produção de estatísticas
demográficas. Deste modo, por iniciativa de quetelet foram organizados, entre 1853 e 1869, sete congressos
internacionais de estatísticas, o primeiro dos quais Bruxelas em 1853.

Estes congressos tiveram papel relevante na progressiva uniformização dos procedimentos relativos às
estatísticas demográficas. Assim, logo no primeiro congresso é aprovada a recomendação para a instituição
em cada país de uma comissão central de estatística. Simultaneamente sai aprovadas normas para a
realização de recenseamentos:

1- Os recenseamentos devem ser normativos e baseados sobre o princípio da população de base;


2- Os recenseamentos terão lugar por períodos decimais e devem ser feitos no mês de Dezembro;
3- Deve haver um boletim por cada família;
4- Agentes especiais, encarregados de distribuir e de levantar os boletins, farão o necessário para que os
boletins sejam correctamente preenchidos, ou preenchê-los-ão eles próprios segundo as indicações
que lhes sejam dados.

Quanto ao movimento da população o congresso estabeleceu também um conjunto de


recomendações quanto a recolha de dados relativos aos nascimentos, óbitos e casamentos. Pela
primeira vez, são equacionados, neste congresso, os procedimentos para o estabelecimento de
estatísticas necessárias ‘’à medida das migrações internacionais’’.

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Comparando os contributos da estatística Alemã com os contributos da aritmética politica pode-se
afirmar que, enquanto a aritmética ‘’ legou instrumentos’’ de conhecimentos pelo contrario,’’ a
estatística alemã, quadro formal de descrição global do poder dos estados, ao não sublinhar os
métodos qualitativos, não transmitiu nada de semelhante.
Factos a considerar nas abordagens estatísticas:
- Em primeiro lugar, há a considerar que as estatísticas enquanto fonte do ‘’conhecimento
numérico’’ indispensável às sociedades modernas, é uma criação da aritmética política.

2.6 - A Consolidação da Demografia

No plano metodológico, pode-se dizer que as invenções de Farr, lança as bases do essencial da analise
demográfica moderna fundamentadas em:

- Definição do conceito de população média e explicitação, sob o termo de ‘’ probabilidade de falecer’’ da


noção de quociente’’; distinção entre taxa de mortalidade e ‘’probabilidade de sobrevivência’’
(complemento do quociente de mortalidade) ‘‘, formula que permite passar de uma taxa de mortalidade por
idade em, á probabilidade de sobrevivência na idade inicial e um método de ‘’calculo da taxa de mortalidade
infantil perfeitamente correcto’’.

Se bem que, a par do estudo da mortalidade, o crescimento demográfico e a avaliação da dimensão das
populações tenham estado sempre no centro das preocupações dos aritméticos políticos, eles não chegaram a
equacionar nem o estudo da fecundidade nem o estudo da reprodução: para eles, quanto se dava o caso de
haver informações quanto ao numero de nascimentos, essas informações apenas servem à aplicação da
técnica do multiplicador universal.

A ausência de conceptualização tanto mais estranha quanto a publicação, em 1798 do ensaio de Mathus,
levantava à demografia questões novas quanto aos comportamentos em matéria de procriação, para as quais
não havia resposta. O próprio Mathus tentou responder a algumas dessas questões, como sejam a
produtividade procriadora dos casamentos e ‘’sem formular claramente o conceito, esforça-se por definir um
indicador de descendência ‘’ mas, não sendo demográfico e muito menos metodólogo, limitou-se a
especular.

A Obra de Mathus, que coloca a questão do controlo de nascimentos no centro de todas as discussões,
inscreve-se na velha polémica entre populacionismo e anti-populacionismo que apôs sobretudo os
mercantilistas e os fisiocratas. Montchréstien, um dos primeiros mercantilistas, escrevia em 1615 que a
maior das riquezas que qualquer pode possuir é ‘’ a inesgotável abundância dos seus homens’’. Tal
populacionismo encontrava justificação no postulado mercantilista segundo o qual o ‘’ crescimento

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demográfico permite o desenvolvimento da indústria. Explorada, única capaz de fazer aumentar a riqueza o
estado ‘’. Pelo contrário para os fisiocratas, a ‘’ verdade riqueza de uma nação não é nem as suas reservas
em ouro, nem a sua população, é a sua terra e a sua agricultura’’.

Nesta polémica, a aritmética política, se bem que não tivesse propriamente tomado partido, estava
implicitamente do lado dos mercantilistas.

Mas a tese de Malthus introduziu uma nova perspectiva. Segundo ele, o equilíbrio entre crescimento
demográfico e recursos alimentares depende principalmente de comportamentos individuais que asseguram
o auto controlo da descendência através da castidade e do casamento tardio.

Apesar das fortes repercussões desta tese ela não teve influência sobre a evolução a demografia e o
desinteresse dos demografos pela fecundidade manter-se-á durante a primeira metade do sec. XIX, mais
concretamente ate a publicação, em 1866, do livro de Mathws Ducan Fecundith, Fertility, Strrility and
Allied topics.

Em 1852, W. Farr cria os conceitos de taxa globais de fecundidade legítima e ilegítima ‘’. Mas é em 1866,
que se produz um facto decisivo: o escocês Mathews Ducan, a partir dos apurados sobre a fecundidade das
Mulheres de GLASGOW e EDIMBURGO, analisa a fecundidade feminina e inventa como instrumento
dessa análise, entre outros conceitos, os de descendência final na ausência da mortalidade, de descendência
segundo a idade da mãe e a duração de casamento e de medida dos intervalos intergenesicos em função da
descendência final. A partir da obra de DUCAN, estado os instrumentos para o estudo da fecundidade bem
definidos, a única dificuldade – Que em alguns aspectos se mantém ate hoje – derivava da inexistência de
dados estatísticos apropriados.

Na sequência das descobertas de Ducan, a fecundidade enquanto questão central da demografia. Entre o
final do sec. XIX.

Modernidade entre populacionista e anti – populacionista, iniciado no tempo de Maquiavel, desenvolve-


se ao longo dos séculos XVII e XVIII em ligação com outras controvérsias, como, por exemplo, a que
opunha fisiocratas e mercantilistas acerca do papel da agricultura e da indústria na criação de riqueza.

O que esta em causa nesse debate não é a questão de se saber o crescimento demográfico é ou não desejável.
Havendo o reconhecimento de que a força de uma nação, na paz como na guerra, depende do numero dos
seus habitantes, a divergência exprime-se apenas quanto á relação entre população e riqueza. Assim, a
afirmação de Diderot segundo a qual “ uma sociedade quanto mais numerosa for mais poderosa é durante a
paz, mais temível é durante a guerra”corresponde a preocupações que não sofrem contestação nos países
Europeus. Mais quando o mesmo Diderot acrescenta que “a grande riqueza de um estado é o numero dos

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seus sujeitos”, ele está a perfilhar ma tese populacionista contestada por outros enciclopedistas e, em
particular, pelo fisiocrata quesnay, para quem o crescimento demográfico depende da melhoria da situação
económica, particularmente da agricultura:

É “o crescimento dos rendimentos (que) aumentam a população” ou seja, existe um laço biológico entre
população e substancias de tal maneira que como escreveu Cantillon “quando os alimentos aumentam, os
homens multiplicam-se como ratos numa granja”.

Tema 3: As principais teorias

3.1 - Malthus e o Malthusianismo

Este laço “Biológico” entre população e substancias, entendido numa perspectiva que se pode considerar
anti – populacionista, apresentada em primeira versão na 1ª edição do ensino sobre o princípio de população
segundo o qual “o poder do crescimento da população é infinitamente maior do que o poder na terra para
produzir as substâncias do homem.

A Teoria demográfica amplamente conhecida, foi publicada na Inglaterra em 1798, pelo economista e
sacerdote Thomas Robert Malthus (1766 -1834), preocupado com os problemas enfrentados por seu país
durante a revolução industrial (o êxodo rural, desemprego, aumento populacional, etc.).

Malthus expôs sua famosa teoria na obra Um ensaio sobre o princípio da população, na qual atribuía toda a
culpa da caótica situação social da época ao grande crescimento no número de pobres. Sua teoria
fundamentada na relação entre crescimento populacional e meios de subsistência, apoia-se nas seguintes
premissas:

 Caso não seja detida por obstáculos (guerras, epidemias, etc.), a população tende a crescer segundo
uma progressão geométrica, duplicando a cada 25 anos;
 Os meios de subsistência, na melhor das hipóteses, só podem aumentar segundo uma progressão
aritmética.

Assim, para evitar o caos, Malthus propôs erradicação da pobreza e da fome por meio de uma políptica
antinatalista com medidas como o controlo da natalidade, casamentos tardios, números de filhos
compatível com os recursos dos pais e abstinência sexual, etc. Seus seguidores sugeriram, em lugar de
abstinência, o uso de métodos anticoncepcionais: são os neomalthusianos, que reuniram em ligas a partir de
1877, para difundir o planeamento familiar e o emprego de métodos contraceptivos. Ou melhor duas
premissas podem ser percebidas da seguinte forma:

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 O alimento, é necessária a existência do homem;
 A paixão entre os sexos é necessária e permanecerá aproximadamente em seu presente

As teses de Malthus suscitaram muita polémica e controvérsias, sobretudo porque a tecnologia aumentou
notavelmente a produção de alimentos e a produtividade do sector agropecuária. Opuseram-se a Malthus:

a) A Igreja Católica, que restringe a aplicação de métodos anticoncepcionais, por entender que a
procriação e a educação dos filhos são os fins principais de casamento;
b) Outros grupos religiosos, como os mórmones, os judeus ortodoxos, etc.;
c) Os socialistas, de Marx a Stalin, por julgarem que a carência de bens de consumo está ligada à
distribuição não – equitativa da riqueza própria do regime capitalista;
d) E os Modernistas, termo que designa diferentes correntes de pensamento como as optimistas,
biológicas, demográficas, económicas, sociológicas e psicossociais.

Malthus estava certo?

Decorridos quase dois séculos, a teoria de Malthus continua suscitando muitos debates. Entretanto, o
tempo tem demonstrado que ela carece de fundamentação científica. Assim, descreve-se em síntese as
principais linhas levantadas por alguns críticos para além daqueles antes descritos:

 O crescimento geométrico da população previsto por Malthus não ocorreu. Enquanto o aumento
da produção mundial de alimentos ultrapassou os 3 % anuais, a media do crescimento
populacional nos últimos anos. Em todos os continentes, com excepção da África, houve uma
redução significativa das taxas de crescimento populacional;
 A Europa e as demais áreas desenvolvidas do mundo mostraram que o desenvolvimento
económico, reformas e bem - estar social são a fórmula para deter o crescimento populacional.
 A progressiva emancipação da mulher (certamente não prevista por Malthus) tem sido decisiva
no controlo da fertilidade, pois, a mulher passou a decidir o número de filhos desejado.
 A maior parte das Terras agrícolas dos países subdesenvolvidos (grandes propriedades rurais) é
utilizada para culturas de exportação, nem sempre atendendo às necessidades alimentares das
populações locais.
 O desenvolvimento científico e tecnológico ocorrido no campo da agropecuária e da genética
possibilitou produzir ofertas recordes de alimentos, suficientes para suprir as necessidades de
toda a humanidade.

Como se pode perceber, portanto, não se pode responsabilizar o crescimento populacional pelo
estado de miséria e de fome em que se encontram muitos países. Na realidade, as causas da fome

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são políticas económicas, pois, não se trata da falta de alimentos e sim do seu alto custo para a
grande parcela pobre da população mundial, que não dispõe de renda suficiente para adquiri-los, em
virtude da dificuldade de acesso à Terra, ou até mesmo produzi-los.

A inclusão na 2ª edição do ensaio do Apólogo acerca do “grande banquete da natureza” provocou o


aumento das críticas dirigidas ao Pastor Inglês, as mais violentas das quais tinham a sua origem em Marx e
outros socialistas.

Sensível às criticas que tinham sido dirigidas á 1ª edição do ensaio, Malthus estuda e procura informar-se,
torna-se demografo “a força”. Em resultado deste trabalho, publica em 1803 uma 2ª edição que é facto,
como ele próprio admite na introdução, uma obra inteiramente nova.

Assim, por exemplo, os dois postulados apresentados na 1ª edição acerca da relação necessária entre o
homem e os alimentos e acerca da “Paixão entre os sexos” são suprimidos na edição seguinte destes dois
postulados decorriam três teses:

1ª Tese: O aumento da população é necessariamente limitado pelos meios de subsistência;

2ª Tese: A população aumentará inevitavelmente sempre que aumentarem as substâncias;

3ª Tese: O dinamismo inerente a expansão da população é reprimido e aquela mantida em equilíbrio


com as substâncias através do duplo constrangimento da miséria e vício.

A partir da 2ª edição. Malthus “acrescenta á sua 3ª tese um terceiro travão obrigação moral ” (moral
restraint).

Esta obrigação moral refere-se principalmente á opção pelo Celibato e pelo casamento tardio, a qual é
necessária, aos olhos de Malthus, pelo facto de que qualquer homem que pretenda constituir uma família só
deverá faze-lo se e quando reunir os meios que assegurem a sua substância e a dos seus familiares. Esta
obrigação é absolutamente imperativa, sendo os outros travões preventivos que se opõem ao crescimento das
populações, em particular a contracepção e o aborto, condenados por Malthus.

Jacques dupâquier vê nesta defesa do Celibato um traço de Génio “de Malthus:” Ele descobriu (…) que é
o casamento que constitui a engrenagem central de mecanismo regulador das populações humanas; Mas para
ele, esta regulação tem de ser voluntaria e resultar de uma tomada de consciência á escala individual. ‘’

Traço de génio ‘’ que distingue Malthus do anti - populacionismo tradicional e a leva a introduzir uma nova
perspectiva, segundo o qual, em última instancia, os desequilíbrios provocados pelo crescimento
demográfico podem ser travados pela acção individual. Ao contrário das opiniões correntes, as suas ideias ‘’

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convinham às necessidades da revolução industrial’’, pois, um século antes de Max Weber a da sua ‘’ ética
protestante’’Mathus defendia a necessidade do espaço individual pelo trabalho e pela abstinência, sem o
qual não haveria acumulação de capital.

Malthus é um Whig ingrimentalista liberal de progresso – que defende ‘’ a Educação para todos, a extensão
do direito de voto, a assistência medica gratuita para os pobres, a ajuda à emigração, uma mais justa
distribuição das terras e dos rendimentos’’ e que, ao contrario do pessimismo implícito ao seu principio de
população, não considera’’ o vicio e a miséria que engendra uma população excessiva como males
inevitáveis’’.

Confrontando as teorias de Malthus com as características actuais da população mundial, Etienne Van de
Walle indica três domínios em que ‘’ o Mundo evoluiu em sentido contrário da sua teoria’’. Assim:

1- Os travões positivos não limitaram o crescimento da população.


2- Os efeitos da ‘’ paixão entre os sexos’’ foram travados não pelos travões negativos da Malthus,
mas pela contracepção que condenava.
3- A quantidade de subsistências aumentou muito para além do que Malthus imaginava.

Na primeira linha desse movimento, colocaram-se os neo-malthusianos.

O movimento neo-malthusiano inicia-se em Inglaterra nos anos 1820-1830, sob o impulso de Francis
Place e Richara Charlie. Embora reclamando-se de Malthus, os neo - malthusianos centravam a sua
actividade na propaganda a favor da utilização de meios contraceptivos, o que como vimos, era rejeitado por
Malthus razão pela qual, o Neo-Malthusiano foi apelidado de Anti-malthusiano’’o movimento era
também Anti Malthusiano’’ na medida em que se queria ‘’contestário da moral tradicional e subversivo da
moral tradicional e subversivo das relações sociais dando aos deserdados o conhecimento supremo: o da
procriação ‘’.

A influência dos movimentos Neo-Malthusianos desenvolveu-se em círculos relativamente restritos, atraídos


pelas ideias anarquistas e pelo feminismo, os quais eram muito minoritários no confronto com outros
movimentos ‘’ de esquerda’’, em particular, os partidos socialistas implantados no ‘’movimento
operário’’enquanto os socialistas se opunham com veemência as teses Malthusianas, afirmando que não
havia uma questão demográfica, mas sim uma questão ‘’ social’’, a pratica dos Neo - Malthusianismo
anarquista e feminista conduzia-os para o terreno da questão’’ sexual’’

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Tendo como objectivo supremo ‘’Educar ‘’o proletariado e as Mulheres no acesso ao controlo da procriação,
os Neo - Malthusianos dissociam a procriação do acto sexual e defendem o directo ao prazer. Em
consequência, questionam os termos em que se relacionam os sexos e o lugar da Mulher na sociedade.

Neomalthusianismo

A explosão demográfica no período pós segunda guerra Mundial ressuscitou as ideias de Malthus.
Conhecidos como Neomalthosianisnos ou Alarmistas, os adeptos dessa teoria assumiram novas posturas e
aprimoraram a teoria defendendo as seguintes ideias principais:

 Atribuíam a culpa pela situação de miséria dos países subdesenvolvidos ao acelerado crescimento
populacional.
 Controlavam que a Agricultura era capaz de produzir alimentos suficientes para todos.
 Defendiam programas rígidos e oficiais de controlo da Natalidade, em geral rotulados‘‘planeamento
familiar’’, com o emprego de diversos métodos, como: pílulas anticoncepcionais, ligadura das
trompas, dispositivo intra-uterino (DIU), abortos e vasectomia.
 Alegando que a elevada fecundidade era causa e não consequência do subdesenvolvimento, muitos
governos de países ricos passaram a investir mais em politicas demográficas do que em politicas
económicas para resolver o problema da pobreza e do desajuste entre a população e os recursos nos
países subdesenvolvidos.

Apesar de ser muito criticadas, essas políticas antinatalistas de controlo da natalidade foram adoptadas por
alguns países como a Índia Egipto, México e China. Com excepção da China que em quarenta anos
conseguiu reduzir a natalidade em mais da metade, os outros países não obtiveram resultados satisfatórios.

Para que seja bem sucedido, um programa de planeamento familiar deve não apenas ser parte integrante de
um plano de desenvolvimento socioeconómico; ele requer a existência de uma serie de condições
favoráveis, como a Educação, Saúde, Atendimento medico-hospitalar, Conscientização e aprovação popular.
Estes factores explicam o sucesso do programa oficial do controlo da natalidade iniciado em 1948 no Japão,
único país desenvolvido a adopta-lo.

Reformistas ou Marxistas

Ao contrário dos neomalthusianos, os reformistas, aqueles que defenderam teorias demográficas marxistas,
consideram a própria miséria responsável pelo acelerado crescimento da população. Por isso, defendem a
necessidade de reformas socioeconómicas que permitam a elevação do padrão de vida do cidadão,
melhorando - entre outros pontos – a distribuição de renda e de alimentos e propciando um aumento da

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escolaridade, que resultariam num planeamento familiar e na diminuição da natalidade e do crescimento
vegetativo

Apesar da influencia social o neo - malthusianismo ser limitada, as suas ‟ repercussões ideológicas, as
ameaças latentes de que era portador suscitaram uma forte oposição, tanto da parte dos socialistas, como dos
governos”. Tendo sido durante a primeira metade do sec. XX um movimentos perseguidos em muitos
países, apesar disso, os ideais definidos pelos neo – malthusianos tornaram-se uma das bandeiras dos
movimentos juvenis de final dos anos 60, sendo posteriormente progressivamente assimiladas e tolerados
principalmente nos países ``mais desenvolvidos”.

O papel dominante que têm actualmente as ideologias ambientais, no seu combate à degradação, destruição
e desperdício dos recursos naturais, remete para um certo renascer das ideias malthusianas. Renascimento
que é reforçado pela percepção da existência de uma ameaça, induzida por uma explosão demográfica
incontrolável, que tem a sua origem em países, regiões e continentes mais pobres.

3.2 - Notestein e a Teoria da Transição Demográfica

O primeiro esboço da teoria da transição demográfica, formulado por Thompson em 1929 coloca-se no
centro da velha questão demográfica, isto é a do equilíbrio entre o crescimento e subsistências. Mas
Thompson limitou-se a sistematizar três grandes grupos de população, consoante a respectiva dinâmica
demográfica, estabelecendo o princípio segundo o qual esse dinamismo é condicionado pela disponibilidade
de terras. Em relação a Malthus, Thompson apresenta duas novidades:

1- O reconhecimento da existência de diferentes estados - e não estádios população.


2- A utilização das tendências da mortalidade e da natalidade como critérios diferenciadores desses
estados.

A ideia de transição começa ser apresentada pela primeira vez, em 1945 por Notestein, na sua teoria dos
estádios de desenvolvimento das populações.

Apesar das múltiplas alegações – muitas vezes responsáveis pela difusão de uma versão demasiado simplista
e esquemática – segundo as quais, a teoria da transição demográfica seria criação de vários autores, ``a
moderna teoria da transição demográfica nasceu de forma quase madura num texto escrito por Notestein em
1945``.

Os três padrões de crescimento demográfico afirmado por Notestein, correspondentes a diferentes estádios
de desenvolvimento demográfico:

a) High growth potential.

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b) Transicional growth
c) Incipient decline

No segundo padrão define: `o estádio do crescimento transacional é aquele em que o declínio da


fecundidade e da mortalidade está bem estabelecido mas no qual o declínio da mortalidade precede o da
fecundidade e produz um rápido crescimento”.

Para Notestein a transição demográfica constitui um processo de ruptura com o “antigo regime “, isto é, o
estádio de high growth potential. Ruptura através da qual o crescimento natural é duplamente controlado
pelo: controlo da mortalidade, o qual origina uma fase de crescimento demográfico e controlo da
fecundidade, o qual representa “uma forma avançada (…) através da qual o crescimento pode ser controlado
de outro modo do que a morte”. É este um dos pontos em que a sua teoria se distancia claramente da
adequação entre o crescimento das populações e o aumento das substâncias, subestimou as potencialidades
dos mecanismos de auto - regulação das populações.

A sequência e a articulação dos três estádios de crescimento são apresentadas por Notestein com alguma
prudência. Referindo-se ao high growth potential, considera que ele caracteriza mais de metade da
população mundial, a qual ainda não iniciou o estádio de crescimento transicional. Mas reconhece que “as
tendências passadas e as actuais taxas de crescimento dos membros deste grupo estão longe de ser
homogéneas. Mas é em relação às consequências do 3º estádio (incipient decline) que se avolumam as
dúvidas de Notestein. Embora predizendo que “o progressivo envelhecimento e o cada vez mais lento
crescimento da população são claros”, escreve que “ não é possível predizer o actual curso das futuras
mudanças da população “ e acrescenta de maneira algo volumentarista que “a fecundidade tem que subir
substancialmente para evitar o declínio”.

O paradigma do regime demográfico moderno, que Notestein atribui aos países industrializados, aparece,
assim, na perspectiva, mais problemático do que afirma a versão esquemática da teoria. Segundo esta
versão, amplamente divulgada, a transição demográfica conduz inevitavelmente a um regime estacionário,
com baixas taxas de natalidade e mortalidade.

3.3 - Landry e a Teoria do Regime Demográfico Moderno

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A crítica de Landry abrange os outros economistas clássicos. Contra todos, apresenta dois argumentos
decisivos:

A. Reivindicando para a demografia, à semelhança de qualquer outra ciência, a necessidade do método


indutivo, à luz do qual só a observação dos factos pode fundamentar a teoria.
B. Afirmando o principio do relativismo das teorias demográficas, segundo o qual, em demografia,
nenhuma teoria pode ser considerada valida em geral, e aplicável universalmente a todas as
sociedades.

Ao comparar as teorias de Townsed e de Cantillon, entende que, enquanto a primeira “não vale senão
para as sociedades mais atrasadas, a de Cantillon tem uma aplicação mais extensa”.

A irreversibilidade desta tendência é para Landry facto assente e decorre de alterações estruturais de
comportamentos em matéria de procriação. Tais alterações testemunham a emergência de um novo
regime demográfico. Mas do seu pensamento - ao contrário do Malthus e dos teóricos da transição
demográfica - estava ausente a ideia de que tais mudanças ocorriam inevitavelmente noutras regiões do
mundo.

3.4 - Questões em torno da teoria da transição demográfica

Principais criticas que se põem em conta:

 O paradigma evolucionista
 O desajustamento dos parâmetros demográficos, definidos como fundamentos da teoria, em
relação diversidade das tendências verificadas nas populações.
 A omissão relativamente ao papel da nupcialidade e das migrações externas.
 O primado das estruturas sócio – económicas, enquanto causa da transição.

3.5 - Conceito de geração

O exemplo mais comum de corte é a Geração, cujo acontecimento – origem é o nascimento de indivíduos,
numa determinada população, durante o mesmo ano civil.

O conceito de geração, em sentido demográfico, exprime a ideia de contemporaneidade inter – individual e


de comunidade de experiencias formuladas por Dilthey, mas numa perspectiva simultaneamente mais
restrita e mais universal. Por um, lado, a geração demográfica exclui, enquanto elemento fundador, o tipo de
contemporaneidade de inter – subjectivas vividas por determinados grupos, em geral na juventude, referido
por Dilthey. Por outro lado, inclui, sem excepção, todos os indivíduos que, independentemente da sua
pertença social, viveram um memo e único acontecimento: terem nascido no mesmo ano.

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Porque se trata de um processo alimentado, sem descontinuidades, pela substituição de gerações, a auto –
reprodução das populações é determinada por acontecimentos singulares, o nascimento de cada indivíduo,
sendo cada um destes acontecimentos considerado confudador de uma geração. Se bem que a linha continua
de gerações passa ser condicionada por vários tipos de laços familiares e sociais, eventualmente sujeitos a
mudanças ou mesmo rupturas, no plano estreitamente demográfico, as variações das dinâmicas
demográficas não afectam, sob pena de colapso das populações a continuidade das linhas de vida inter –
geracionais.

Embora a geração assente no ritmo biológico do nascimento e da morte, ela é também social, na medida em
que é determinada por formas de interacção social entre os indivíduos que a ela pertencem e por uma
estrutura social definida e por uma história que dá a continuidade ao fluxo das gerações.

Nesta perspectiva, a vida social – tal como a vida das populações - é determinada pela substituição das
gerações e também pelo seu confronto, isto é:

 Aparecem continuamente novos participantes no processo cultural.


 Continuamente, há participantes que se retiram.
 A participação de cada geração é temporária.
 Entre as gerações, há sempre uma herança que se transmite na sucessão ininterrupta, através da qual
aparecem e desaparecem.

3.5. “Drásticas mudanças na cena social e económica” versus primado dos factores económicos

A teoria da transição demográfica tem incidência sobre a afirmação corrente segundo a qual a queda da
mortalidade e da fecundidade seria uma resposta directa à industrialização e a urbanização. V. Piché e J.
Poirier, por exemplo, interpretaram essa crítica com a expressão da oposição de uma visão culturalista a
uma a uma interpretação economicista, estrutural – funcionalista.

Na explicação destas causas de transição, Notestein é, mais prudente; pois, começa por introduzir uma
distinção entre as causas do declínio da mortalidade, verificado no inicio da transição, e as causas da baixa
de fecundidade que se desenvolveu posteriormente. A razão da dessincronização destes dois movimentos
deve-se, segundo ele, ao facto de que, enquanto era provavelmente inevitável que a mortalidade respondesse
de maneira mais rápida às “forças da modernização”, a “ redução da fecundidade requer mudanças nas
metas sociais “ – que anteriormente eram dirigidas para a sobrevivência do grupo – “para as que são
orientadas para o bem – estar e desenvolvimento do indivíduo”.

Mas estas mudanças resultam em primeiro lugar da transformação das antigas formas de organização
familiar, baseadas num sistema de valores, doutrinas religiosas, códigos morais e costumes, cuja finalidade

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suprema era assegurar uma alta fecundidade necessária à perpetuação e sobrevivência do grupo familiar.
Sob” o impacto da vida urbana “ a família alargada tornou-se cada vez mais uma “ empresa difícil e cara “ e
“o objectivo social de perpetuar a família cedeu progressivamente o lugar ao de promover a saúde, a
educação e o bem - estar material do indivíduo criança”.

Tema 4

Análise demográfica: Princípios e Metodologia

Apresentado pela primeira vez por Alfred lotka (1880 – 1949), o conceito de análise demográfica serviu
principalmente para lançar as bases da demografia matemática. Em Analyse demographique avec aplication
particulalière à l´esèce humaine, onde apresenta a sua teoria das populações estáveis, Lotka define a análise
demográfica como “o estudo das relações necessárias (…) entre as quantidades que servem para descrever o
estado e as mudanças de estado de uma população”. O essencial desta obra era “consagrado à análise
matemática destas grandezas, isto é, à sua decomposição em quantidades infinitesimais e a à álgebra das
suas relações em certas situações teóricas particulares”.

A partir dos anos 1950, o conceito de análise demográfica distancia-se da teoria de Lotka – que passará a ser
conotada sobretudo com a demografia matemática - e começa a designar um conjunto de princípios e
métodos teorizados principalmente por Louis Henry e também por Roland Pressat, em França. Esta “nova “
análise demográfica, menos preocupada com a análise matemática da dinâmica das populações e mais
centrada na análise dos fenómenos demográficos, organiza-se, no essencial, em torno do conceito de análise
longitudinal.

Enquanto Lotka recorria a um aparelho matemático relativamente sofisticado, Henry e Pressat, mobilizam
“um saber matemático muito modesto” com o qual pretendem, a partir dos dados brutos fornecidos pelos
recenseamentos, pelo registo civil ou por inquéritos específicos, chegar à construção de tábuas “e precisar as
modalidades quantitativas segundo as quais as populações se renovam”. Entendem a análise demográfica
com “uma fase capital de qualquer investigação demográfica “, sendo sua finalidade principal “ separar os
factores, isolar os fenómenos simples, eliminar as impurezas, as influências parasitas”.

4.1 - A observação demográfica

Como outras ciências, a investigação demográfica está condicionada pela existência de dados de observação
relativos aos factos. O conjunto dos acontecimentos demográficos - nascimentos óbitos migrações e

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casamentos – observados no tempo constituem o movimento da população e são conhecidos em geral a
partir das informações fornecidas pelos serviços de Registo Civil.

Tipos de observação e instrumento de colecta:

 Observação continua
 Observação retrospectiva e seguida
 A observação instantânea
 Os registos de população
 Os recenseamentos
 Os inquéritos
4.2 - As representações dos fenómenos demográficos
4.2.1- As primeiras representações gráficas em demografia

A ideia de representar graficamente os fenómenos demográficos, utilizando essas representações como


instrumento de observação e analise, ocorreu pela primeira vez em 1669, sugerido pela Christrian Huygens,
quando procurou demonstrar ao seu irmão Louis alguns dos conceitos que lhe sugeria a tábua de John
Graunt, aquele astrónomo holandês recorreu à representação, através de curvas, da serie dos sobreviventes
da tábua de Graunt e da esperança de vida em função da idade.

4.2.2 - As pirâmides, representação das principais estruturas de população

O estado da população pode ser sintetizado - num dado momento – através de uma representação gráfica das
idades e do sexo, que designamos por pirâmides das idades. Este modelo de representação gráfica foi
apresentado pela primeira vez nos Estados Unidos da América pelo coronel Francis A. Walker,
superintendente do recenseamento de 1870.

Trata-se de um duplo histograma, formado por uma ordenada comum (vertical) – que as idades
(aniversários) – e duas abcissas, que representam os efectivos, respectivamente do sexo masculino (à
esquerda) e do sexo feminino (à direita). Paralelamente ao eixo das idades, podem-se escrever os anos de
nascimento, o que permite observar as gerações ‘no primeiro Mês de cada ano de observação).

A construção de uma pirâmide etária levanta alguns problemas de fácil resolução:

Analise o quadro a seguir:

Idade Homens Mulheres


0–4 58855 57102

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5–9 74615 43746
10 – 14 56510 54471
15 – 19 54125 50842
20 – 29 36748 33256

O recurso às pirâmides demográficas oferece diferentes possibilidades de leitura da dinâmica das


populações, como por exemplo:

 As dinâmicas que emergem a partir da identificação fotográfica do estado da população num


determinado momento.
 A comparação e análise evolutiva de uma população ao longo do tempo.
 As comparações entre diferentes populações na mesma época.
 A identificação de acontecimentos significativos da história das gerações.

4.3 - Análise da mortalidade

O avanço metodológico que se verificou nos últimos anos na forma de medir a mortalidade permitiu precisar
com bastante clareza a sua diversidade no tempo e no espaço. Esta diversidade deriva do facto de a sua
característica principal durante o século XX ser o seu declínio. Este declínio não se fez observar em todos os
países ao mesmo tempo e, nos países em que tal aconteceu, não declinou com a mesma velocidade nos
diversos tipos de grupos que integram a as estruturas sócio - demográficas.

Assim, as investigações sobre a mortalidade enquanto fenómeno social gravitam em torno de três eixos
Fundamentais:

a) Caracterização do declínio observado na época contemporânea;


b) Estudo dos factores responsáveis por este declínio;
c) Identificação das diferenças observadas entre determinados grupos.

A procura das causas do declínio da mortalidade levou ao desenvolvimento da investigação da Demografia


Histórica nesta área temática, e os resultados não se fizeram esperar. A existência de elevados níveis de
mortalidade no passado parece ser devido a seis razões principais:

a) A existência de frequentes períodos de fome associados à ausência de técnicas de armazenamento


e de uma rede de transportes eficaz;
b) Subnutrição as classes sociais menos abastadas;
c) Guerras;

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d) Epidemias (cólera, Varíola, tifo);
e) Pestes;
f) Ausência de condições sanitárias.

A identificação destes factores permitiu explicar as causas do declínio da mortalidade nos países
desenvolvidos e também identificar os factores que neste momento actuam no recente processo de declínio
da mortalidade nos países menos desenvolvidos. Assim, os factores mais relevantes e intervenientes no
declínio da mortalidade no mundo, globalizam-se na seguinte perspectiva:

 Factores educacionais (melhores conhecimentos sobre o vestuário, alimentação);


 Factores sanitários (melhores condições sanitárias e de higiene, nomeadamente a canalização da
agua, a abertura de esgotos, a modificação da s condições de habitação):
 Factores ligados à medicina (melhores conhecimentos sobre prevenção, diagnostico e curas de
certas doenças);
 Factores económicos (o desenvolvimento económico transformou as economias de subsistência em
economias se mercado, desenvolveu as redes de comunicação e aumentou os níveis de bem – estar
económico e social);
 Factores sociais (melhoria nas condições de habitação e das condições de trabalho).

4.4 - As medidas de mortalidade em grupos específicos (as medidas de mortalidade infantil)

As medidas de mortalidade infantil são frequentemente utilizadas como indicadores do nível de


desenvolvimento da sociedade, atendendo ao facto do seu nível estar relacionado a algumas variáveis
socioeconómicas fundamentais, tais como o nível de educação dos pais, as condições de higiene, a
acessibilidade e a qualidade da assistência médico-sanitária. Nos dias de hoje, nos países ocidentais, a
mortalidade infantil esta cada vez menos associada a este tipo de indicadores e está cada vez mais
dependente de causas mais biológicas do que sociais, tais como os factores congénitos e os riscos no parto.

O indicador de mortalidade infantil mais conhecido é a Taxa de Mortalidade Infantil.

Se numa perspectiva de análise demográfica, aplicarmos a noção de taxa, teríamos apenas de dividir o total
de óbitos observados entre os 0 e 1 anos exactos pela população média existente nesse intervalo de idades.
Por exemplo, se em Namibe houve 174685 nascimentos em 1972, 172324 nascimentos em 1973, 7726
óbitos com menos de 1 ano de vida em 1973, e a população calculada para o meio do ano de 1973, com
menos de 1 ano, foi de 165300 pessoas, ai o aplicarmos a noção de taxa teríamos:

 1ª Versão do cálculo da TMI (aplicação da noção taxa):

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TMI = (óbitos com menos de 1 ano/população media) × 1000

TMI (1973) = (7726/165300) × 1000 = 46,74 por mil

Porém, quando se fala de taxa de mortalidade infantil, chama-se taxa a algo que na realidade é um
quociente, ou seja, quando dividimos os óbitos cm menos de um ano de vida pelo efectivo de nascimentos
observados nesse ano. Estamos assim perante um indicador que obtém - se através da generalização da
noção de quociente e não aplicado a noção de taxa. Se aplicarmos este raciocínio aos dados do exemplo
apresentado anteriormente, temos:

 2ª Versão do cálculo da TMI (aplicação da noção de quociente)

TMI = (óbitos com menos de um (1) ano/nascimentos) × 1000

TMI (1973) = 7726/172324) ×1000 = 44,83 por mil

À taxa de mortalidade infantil, que resulta da aplicação da generalização da noção de quociente, é usual
chamar-se Tábua de Mortalidade Infantil Clássica. Tem a incontestável vantagem de relacionar
directamente os óbitos nos primeiros ano de vida com os nascimentos, em vez de relacionar com a
população média, como é o caso da aplicação da noção taxa.

Esta forma de calcular a mortalidade infantil também não é inteiramente satisfatórios porque os óbitos
observado num ano civil, num ano completo, pertencem a duas gerações. No nosso exemplo, os 7726 óbitos
ocorridos no primeiro ano de vida resultam dos 172324 nascimentos observados em 1973 e 174685
nascimentos observados em 1972.

Nos países onde existe a dupla classificação, resolve-se facilmente esta situação fazendo a soma das duas
relações. Analisemos em suposição a seguinte situação:

 Em Portugal os 7726 óbitos repartem – se da seguinte forma: 5563 no primeiro triângulo pertencente
à geração de 1973 e 2163 no segundo triangulo, pertencente à geração de 1972. Para resolver este
problema bastaria dividir o número de óbitos pelo número de nascimentos e somar (5563/ 172324) +
(2163/174685) × 1000 = 44,66 ‰

Como se pode observar, este novo valor é tanto mais divergente do calculado anterior quanto maior
diferença houver entre os efectivos das gerações. Se os efectivos forem iguais, basta calcularmos a Taxa de
Mortalidade Infantil Clássica. Uma das soluções possíveis é, imputar os óbitos infantis a uma média
ponderada dos dois efectivos der nascimentos em causa. A este processo de cálculo chamar-se-á o método

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da média ponderada e a taxa de mortalidade infantil passa a chamar-se a Verdadeira Taxa de
Mortalidade Infantil e que tem a seguinte fórmula de cálculo:

 ª Versão do cálculo da TMI (a verdadeira taxa infantil)

TMI = (Óbitos com menos de 1anos/ (k” 𝑁0 + K´ 𝑁1 ) × 1000

TMI (1973) = 7726/ (0,20) 174685) + (0,80) 172324) × 1000= 44,71‰

Conforme se pode verificar, a diferença entre as duas taxas é praticamente nula devido aos efectivos de
nascimentos em 1972 e 1973 serem quase iguais. Mas, atendendo ao facto de que nem sempre assim
acontece, mesmo nos casos de mortalidade infantil abaixo dos cinquenta por mil é sempre prudente calcular
a taxa de mortalidade infantil verdadeira.

Neste caso, os ponderadores são os calculadores utilizados por Shryock e Siegel e que vieram substituir os
da escola francesa de Reed e Merred (Shryock e Siegel, 1976):

4.5 - Ponderadores para o cálculo da mortalidade infantil

𝟏𝒒𝟎 K´ K”
200 0,60 0,40
150 0,67 0,33
100 0,75 0,25
50 0,80 0,20
25 0,85 0,15
15 0,95 0,05

Dada a importância do processo de análise da mortalidade nos primeiros anos de vida, é significante a
existência de outros tipos de taxas que são muito utilizados como indicadores do estado sanitário de uma
população. Assim, as principais são:

 A Taxa de Mortalidade Neonatal – obtém-se dividindo o número de óbitos de crianças com menos de
28 dias de vida pelos nados-vivos;

Ex: 3647/172324 ×1000 = 21,16 ‰

 A Taxa de Mortalidade Neonatal Precoce e a Taxa de Mortalidade Tardia – obtém-se atendendo ao


peso no período Neonatal dos óbitos de crianças com menos de 7 dias (ou do grupo 0 - 6 anos
completo) costuma separar-se a mortalidade Neonatal precoce tardia; na mortalidade Neonatal
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precoce, divide-se o total de óbitos com menos de 7 dias pelos nascimentos e na mortalidade tardia
divide-se o total dos óbitos no grupo 7 – 27 dias também pelos nascimentos.
 Ex.: T.M. Neonatal Precoce = 2502/ 172324× 1000 = 14,52 ‰
T.M. Neonatal Tardia = 1145/172324 × 1000 = 6,64‰

A Taxa de mortalidade Neonatal (21, 16 por mil) é igual à soma da Taxa de Mortalidade Neonatal Precoce
(14,52 por mil) e da Taxa de Mortalidade Neonatal Tardia (6,64 por mil).

 A Taxa de Mortalidade Pós – neonatal – obtém-se dividindo os óbitos com 28- 365 dias pelos
nascimentos; exemplo:
TM.Pós – Neonatal = $079 / 172324×1000 =23,67‰
 Se somarmos a Taxa de Mortalidade Pós – Neonatal (23,67‰) com a Taxa de Mortalidade
Neonatal (21,16‰) obtemos de novo a Taxa de Mortalidade Infantil Clássica (44,83‰).
 A Taxa de Mortalidade Fetal Tardia ou Mortalidade – obtém-se dividindo o número de fetos -
mortos com 28 ou mais semanas de gestação pelos nascimentos; ex:
T.M. Fetal tardia = 3319 /172324 × 1000 =19,26 por mil
 A Taxa de Mortalidade pré – Natal – obtém-se dividindo os óbitos pré – natais (óbitos fetais
tardios e óbitos neonatais precoces) pelos nascimentos; ex:
T.M. Pré – Natal = (3319 + 2502) / 172324×1000 = 33,78 por mil

 A Taxa de mortalidade Feto – Infantil – obtém-se dividindo os óbitos fetais tardios mais os óbitos
com menos de um ano pelos nascimentos; ex:
T.M. Feto – Infantil = (3319 + 7726 / 172324 ×1000 = 64,09 por mil

4.6 - Medidas das estruturas demográficas: relações e proporções

A composição de uma população, determinada pelos critérios de sexo e de idade, é conhecida através de
medidas que qualificam o peso relativo de cada estrutura ou grupo demográfico no conjunto da população,
num determinado momento: as relações e as proporções de masculinidade medem o peso da população
masculina; as relações e as proporções etárias medem o peso dos diferentes grupos etários.

4.6.1 - As relações de masculinidade

Em cada população ou em cada classe etária, é preciso analisar com maior frieza a representação
quantitativa dos efectivos masculinos e dos efectivos femininos. Essa representação pode ser medida de duas
formas bem diferenciadas:

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 Relacionando os efectivos masculinos com os efectivos femininos, ou calculando a proporção de
cada um desses efectivos no conjunto da população ou grupo etário. No primeiro caso, falamos
de relações de masculinidade, no segundo de proporções de masculinidade ou de feminidade.

Uma relação de masculinidade, Rm, exprime-se pelo quociente seguinte:

𝑝𝑚
𝑅𝑚 = .100
𝑝𝑓

Onde Pm e Pf representam, respectivamente, o efectivo masculino e o efectivo feminino no


momento t.

Observa os dados seguintes:

Procedeu-se uma recolha de dados referentes a população recenseado em Angola no período de 1982
em áreas seleccionadas no dia 15 de Maio do mesmo ano, cifrada em 9.862.540 residentes, das quais
4.754.632 eram do sexo masculino e 5.107.908 do sexo feminino. A partir destes dados obteremos:

4.754.632
𝑅𝑚 = . 100 = 93.08
5.101.908

O que significa neste caso, o conjunto da população registada e residentes no período em referência
para cada 100 pessoas do sexo feminino, existiam 93.08 pessoas do sexo masculino.

Do mesmo modo podemos medir a relação entre efectivos masculinos e efectivos femininos nas
diferentes classes etárias x. Para tal teremos:

𝑃𝑚(𝑥)
𝑅𝑚(𝑥) = . 100
𝑃𝑓

Retomando o mesmo exemplo acima colocado; supomos que nesta data foram recenseados 398.442
rapazes e 383.142 raparigas, com idades compreendidas entre 10 e15 anos exactos. O que permite
calcular a relação de masculinidade aos 10 – 15 anos, ou seja:

398.442
𝑅𝑚(10 − 15) = . 100 = 104.0
383.142

A comparação entre efectivos masculinos e efectivos femininos deve também ser calculada no momento de
nascimento. Mas, ao contrário das relações anteriormente expostas, a relação de masculinidade no
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nascimento é medida a partir de dados do movimento da população – os nascimentos – e não de dados
relativos ao estado da população.

Nesta base considera-se o total de nascimentos ou apenas o total de nados – vivos, tendo para o efeito quanto
à relação da masculinidade no nascimento, respectivamente:

 Relação de masculinidade dos nascimentos;

𝑁(𝑚)
𝑅𝑚(𝑛) = . 100
𝑁(𝑓)

 Relação de masculinidade dos nados vivos;

𝑁𝑣(𝑚)
𝑅(𝑛𝑣) = . 100
𝑁𝑣(𝑓)

Recorrendo ao mesmo exemplo teremos:

Durante o ano em referência, foram registados 116.383 nados – vivos, dos quais 59.953 eram do sexo
masculino e 56.430 eram do sexo feminino. Calculemos então, a respetiva relação de masculinidade no
nascimento (nados – vivos):

59.953
𝑅𝑚(𝑛𝑣) = . 100 = 106.26
56.430

4.6.2 - Proporções de masculinidade e de feminidade

De um modo geral, uma proporção mede o peso de uma sub – população no conjunto da população a que
pertence. Significando para o efeito que, sendo por definição, uma população um conjunto de sub –
populações, pode ser medido n proporções: de homens, de mulheres, de casados, de solteiros, de activos, de
inactivos, etc.

As proporções relativas ao sexo masculino e ao sexo feminino devem ser designadas, respectivamente, por
proporções de masculinidade e proporções de feminidade através dos cálculos de quociente seguinte:

𝑃𝑚 Pf
𝑃𝑚 = . 100 𝑒 𝑃𝑓 = . 100
𝑃𝑚 + 𝑃𝑓 𝑃𝑚 + 𝑃𝑓

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Tal como para as relações de masculinidade, as proporções de masculinidade e de feminidade podem ser
calculadas segundo a idade x e também no nascimento.

Utilizando os dados já exemplificados para o cálculo das relações de masculinidade, teremos então;

 Proporções de masculinidade e de feminidade:

4.754.632
𝑃𝑚 = . 100 = 48,24%
4.754.632 + 5.101.908

5.101.908
Pf = . 100 = 51,76%
4,754.632 + 5,101.908

 Proporções aos 10 – 15 anos exactos no ano em referência:

398.442
Pm(10 − 15) = . 100 = 50.98%
398.442 + 383.142

383.142
Pf(10 − 15) = . 100 = 49.02%
398.442 + 383.142

 Proporções de masculinidade e de feminidade no nascimento:

59.953
𝑃𝑚(𝑛𝑣) = . 100 = 51.51%
59.953 + 56.430

56.430
𝑃𝑓(𝑛𝑣) = . 100 = 48.49%
59.953 + 56.430

Exercícios:

1 - Admita que um dos municípios da província do Huambo ocorreu, em 1988, 3072 nascimentos
vivos e 2944 óbitos. Por outro lado, emigraram dali 568 indivíduos e retornaram (imigraram 256).
Sabendo-se que a população absoluta era no inicio daquele ano de 25600 habitantes, calcule?
a) A taxa de natalidade e a taxa de mortalidade.
b) O saldo migratório

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c) A taxa de crescimento efectivo.
2 - A que dá, habitualmente, o nome de «Explosão demográfica»? Que tipos de Países são os
principais responsáveis por este fenómeno?
3 - Nem sempre o elemento produto interno bruto por habitante é sinónimo de elevado nível de vida
das respectivas populações. Justifique esta afirmação.
4 Em seu entendimento, que medidas deviam ser tomadas para travar o desmesurado crescimento da
população nos países do terceiro mundo.
5 Mencione as principais causas da persistência de altas taxas de natalidade em grande parte dos países
do terceiro mundo.

Alguns problemas:

1-Num determinado distrito do nosso Pais, cuja população absoluta era, em 1989, de 435 200 habitantes,
ocorreram, naquele ano, 5019 nascimentos e 4196 óbitos. Por outro lado, regressaram ao distrito 1500
migrante e saíram (emigrantes) 1800.

Calculemos:

1º O saldo fisiológico ou crescimento natural: CN= N- M= 5019 – 4196 = 823

2º O saldo migratório:

Sm= I - E=1500 -1800= - 300 (saldo migratório negativo)

3º O crescimento efectivo:

Cef=Cn+Sm = 823+ (-300) = 823 - 300 = 523

4º A taxa de crescimento efectivo

Alguns problemas:

1-Num determinado distrito do nosso País, cuja população absoluta era, em 1989, de 435 200 habitantes,
ocorreram, naquele ano, 5019 nascimentos e 4196 óbitos. Por outro lado, regressaram as áreas de origem
1500 migrantes e saíram (emigrantes) 1800.

Calculemos:

1º O saldo fisiológico ou crescimento natural: CN = N- M = 5019 – 4196 = 823

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2º O saldo migratório:
Sm = I - E = 1500 – 1800 = -300 (saldo migratório negativo)

3º O crescimento efectivo:
Cef = Cn + Sm = 823 + (- 300) = 823 – 300 = 523

4º A taxa de crescimento efectivo:


Tcef = N – M + I – E x 1000
Pt

= 5019 – 4196 + 1500 – 1800 x 1000 = 1,2%º


435200

2-Admita que num dos municípios da província do Uíge ocorreram, em 2004, 3072 nascimentos vivos e
2944 óbitos. Por outro lado, emigraram dali 568 indivíduos e retornaram (imigraram) 256. Sabendo-se que a
população absoluta era no inicio daquele ano de 25 600 habitantes, calcule:

A) A taxa de natalidade e a taxa de mortalidade.


B) O saldo migratório.
C) A taxa de crescimento efectivo.
1- Angola é um país constituído por 16 milhões de habitantes aproximadamente distribuídos por 18
províncias. (Dados não oficiais).

3-Calcule a sua densidade populacional?

Dp = População total Hab. / km2

Sup. Total

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