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CUDNEY Da ito TC a wT ies PSL uty Saco) HH N 7 \ \ |i que serve. E como se livrar desse sufoco. Ter eeel Sees eee Qual éo seu medo? 4 coisa de quatro meses, eu estava de ban- fl dana cals excuros, camiset de band, ingresso na mao, pronta para encontrar ‘meus amigos ¢ ir a0 show do Guns N’ Roses (ndo me julgue, leitor, todos temos direito a uma dose de saudosismo). Fui até a cozinha ara tomar um copo de agua antes de sair. Mas ela estava Id, Pouco mais de 2 cm, provavelmente, mas pparecia uma ameaca intransponivel. Suei fio, trem, um_ bolona garganta. Me muni de inseticida (normalmente tenho uns trés tubos pela casa para sacar imediatamen- tee ataquei. Mas ela munca parece suficientemente morta. Tremendo, bati com um chinelo até destrocar. Em pedagos, ela e 0 meu emocional:joguei um papel- toalha por cima, forrei minha mio com uma sacola ¢,falando em voz alta algo como “Ai, a, ai, ai, a, ai", juntei rapidamente e joguei os restos no lixo. Abri a porta da cozinha (moro no térreo) ¢ elas estavam li, as dezenas. Em prantos, liguei primeiro para minha ‘ie (tenho 37 anos, caso vocé tenha ficado curioso), depois para uma empresa de dedetizacio— nao regateei prego $6 quera acabar com aquilo. Esa lembeanga me assombrou o show inteiro, Passei dois dias sem ie para casa, duas semanas sem entrar na cozinha para quase nada. Voltei pouco a pouco a frequentar aquela parteda minha propria casa, mas ainda hesito & noite. ‘Ver uma barata me estraga o dia. ‘A ansiedade pode ser uma coisa boa, nos protege dos perigos iminentes e coloca nosso corpo em aler- ta. Mas, em excesso, nos atira num pogo de transtor- nos que vio desde 0 TOC até as fobias que parecem inexpliciveis de coisas que poderiamos amassar com uma s6 pisada. Nesta edigao, fizemos um retrato da ansiedade: hist6ria, transtornos, tratamentos e até 0 ado bom. Tudo para que vocé reconheca, compreenda lide melhor com a sua. Boa leitura. Clarissa Barreto Editora oe ee QUAIS AS ORIGENS Uma breve histéria da ansiedade 14 Ansiedade: modo de usar Pree ere rere Medo que paralisa Um problema de berco 32. Nao ha vida sem Mitos e (meias) verdades Quando a ansiedade vira tristeza 4 #SOMOSTODOSANSIOSOS Alivio em cépsulas 2 Convivacom seus monstros Como treinar seu dragio (interior) Mentes saciadas Aarte da angistia Go OR- A historia da ansiedade é a nossa prop historia — foi o Imecanismo qu garantiu a sobmgjivéncia do homem. Porggso é tao dificil ignGiar essa sensacao. E N 6 ansigoave especial ansiedade. GAP. O1 2 4 ‘QUAIS AS ORIGENS 8B ansieoave UMA HISTORIA BREVE DAANSIEDADE Foia sensagao de inseguranga | que criou ohomem moderno. Entenda aqui as origens, aimportancia cos efeitos da ansiedade para nos. POR MAURICIO HORTA 4 muito em comum entre a ansiedade e o medo. Os dois sio estados aversivos causados por uma ameaca e que tém ‘como objetivo proteger o organismo, Mas hd também uma diferenca bastante clara entre os dois. O medo ¢ uma emo- ‘do engatilhada por algo muito especifico e imediato - por exemplo,a visio de um urso faminto. Ld est a ameaca,e é entio iniciada uma reacao de lutae fuga. Jia ansiedade nao é exatamente uma emocao primaria. Enquanto o medo é uma disposi¢ao corporal momentanea, a ansiedade é um estado mental e corporal mais espalhado no tempo. Ela ¢ causada por uma ameaga dilufda: no 0 urso, ‘mas a possibilidade de que um lugar tenha ursos. Nao um assaltante com uma arma na cabeca no caixa do banco, mas a possibilidade de que alguém possa assalti-lo, ou que vocé um dia possa perder o emprego e ficar sem fonte de renda. Enquanto 0 medo torna nosso corpo apto para se defender ou fugir de uma situagao de frente para nés, a ansiedade antecipa essa prontidao, Se a depressio ¢ uma reagio a uma perda passada,a ansiedade é a reagio a ‘uma perda futura. Com ela, nds permanecemos preocupados, mas nao sabemos por qué. Nao identificamos qual o gatilho, pois ele realmente nao existe. Ele poderd vir a acontecer. Ou nao. E isso basta para que nés nos preparemos. Para {que fiquemos ansiosos. Elaé como o guanda de transito - sua fiscalizagio vai fazer o motorista perder ‘tempo e recursos, mas também vai protegé-lo de riscos futuros. ‘Qualquer incerteza ou imprevisibilidade é gatilho de ansiedade. E, como a vida é cheia de incertezas, nao é de admirar que tantas pessoas vivam ansiosas. > eae To ANSIEDADE 9 Dentre os transtornos mentais, os de ansiedade sio os mais frequentes, se- ‘gundo a Organizagio Mundial de Saide. Naregiéo metropolitana de Sao Paulo, 19.9% das pessoas ja tiveram ao me~ nos um quadro clinico de ansiedade, segundo um levantamento do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas ‘da USP. Mas sera que vivemos em tem- pos mais ansiosos do que a média da histéria humana? E impossivel afirmar que sim ou que ndo. Cada época teve grandes problemas que causaram an- siedade. O que da para afirmar & que aansiedade sempre foi um estimulo para resolver esses problemas. Entre grupos de cacadores e coleto- res, havia a ameaca constante de ataque de predadores e inimigos,e 0 risco de perder territério, de faltarem animais para cacar e de acabarem os vegetais comestiveis. A ansiedade levou nossos antepassados a buscar abrigos contra predadores,a se unir e se prevenir con- trainimigos externos,a guardar provi- ses e a antecipar a procura por fontes, alternativas de alimento. ‘A busca por novas fontesde comida levou a fixagio na terra e a formacio das primeiras sociedades rurais, Nelas, as incertezas das chuvas e das secas, exam fontes muito fortes, assim como a disputa por éreas cultivaveis. A an- siedade diante do risco de seca levou Accriagao de sistemas de irrigarao, que ddiminuiram os riscosda irregularidade das chuvas, ¢ A armazenagem de ali- ‘mentos, que protegeu populacdes do risco de desabastecimento. Sé que, para isso, foi necessério uma grande centralizacio de poder— ou seja, a criagio do Estado. Agricultores em Estados demodo de producio asiatico A HISTO RIA DA HUMANIDADE E TAMBEM A 1ndo viveram livres da ansiedade ~ muito ‘menos os escravos. Por um lado, havia aansiedade diante da autoridade de um chefe de Estado e das divindades (que, em geral, inclufam o proprio chefe de Estado) Por outro, havia a ansiedade diante da ameaca da guerra com outros Estados. Ou de invasdes barbaras. No caso do Império Romano, vence- ram as invasdes barbaras, que condu- ztiram a Europaa Idade Média. Se vocé fosseum romano, ficaria muito ansioso com a regressio para uma sociedade feudal. Tehan, tchau, Pax Romana, ba- hos piiblicos trigo egipcio chegando em casa. La vai mais ansiedade diante dos conflitos entre senhores feudais e da escassez. Mas essa mesma ansieda- de diante da escassez também levou a criagio de inovagdes tecnolégicas na agricultura, Resultado? Aumento da producio agricola, que, por sua ver, im- pulsionou uma explosio demogratica, Muita gente em pouco espago signi- fica duas coisas: urbanizagao e ansie- dade. A populagao rural estava ansiosa para comercializar sua producéo exce- dente. E partedela estava ansiosa para trabalhar em outras atividades, jé que ra terra nao havia mais oportunidades. Isso deu origem as cidades medievais. Cidades medievais significam divi- io de trabalho em guildas e ofloresci- mento do comércio. O comércio aumen- touacirculacao de dinheiro. Algumas pessoas conseguiram acumular muito HISTORIA DA ANSIEDADE. ‘ouro com isso, Muito ouro mesmo. O que trazia mais uma ansiedade- ome- dodeele ser roubado, Entdo, essesrica- ‘0s passaram a deixar a grana guarlada ‘com uma pessoa - 0 ourives, que tinha ‘cofres seguros o suficiente para manter ‘0s materiais preciosos com os quais, fazia joias. Em troca, dava um recibo. Esse recibo den origem ao dinheiro de papel e todo o sistema financeiro que bancaria as grandes navegacdes e ali- ‘mentaria os Estados modernos. Os Estados modemos viam uns ‘40s outros como rivais. A ansiedade diante do que um poderia fazer alimen- towa formagao de exércitos nacionais, de aliangas de uns contra outros. De ‘tempos em tempos, ea entrava numa escalada de animos e culminava nu- ‘ma guerra. Até que,durantea Segunda Guerra Mundial, ansiedade diante do risco dea Alemanha nazista produzir uma arma nuclear levou ao Projeto Manhattan, um esforgo de engenha- ria que culminou no bombardeio de Hiroshima e Nagasaki. Consequente- ‘mente, a ansiedade causada pelo risco dea espécie humana ser eliminada da ‘Terra num conflito nuclear levouao fim das guerras entre paises que possuem bombas atémicas. ‘Ou seja,a histéria da humanidade & ahistéria da ansiedade. Hoje, vivemos os tempos com as taxas mais baixas de homicidio, ‘maior seguranca alimentar e mais alta-> ce Lutar ou correr Quando vocé sente ansiedade, o corps sevolpevecatho-atathe situagao de CABECA Ser ae wo teantranries iecananecnae fos masculos, pare diminuir a — perda em caso de erimenta (0s poros do couro cabeludo contraem-s0 d30 a sensacio dde"ficar decabelo em pl. CEREBRO ‘Uma parte do cérebro charmada | eixo hipotélamo-pitultéria- ‘adrenal (HPA) 6 ativadaliberando “mensageiras quimicns", como dopamina, norepinefrinae epinefrna Eles ativam a amigdala cerebral, que cdspara.o mecanisme de utae fuga. ‘SUOR FRIO ‘Assim como nasersacso de cabelo em pé, a diminuicéo dde sangue na derme produz 2 sensayaode'star fi borates densa ee Soren pacer eae SSemancome stra Leeeereateatan surest cmiresine: tenes econ, ear ceSeieress nator penta ateuaospe a MOscuLos FiGapO ~Tenséo muscular - os grandes sistema suprarrenal produz Paradstribuir mais oxigénio grupos musculares recebem atengSo ‘uma quantidadeexcessiva de pelo corpo, obagotratade ‘especial do crebro edo sstemaneu. cortisol Esse horménio ka descarregaruma dose extra rolégicaenrijecendo eficando pronto ofigado a produai mais. de gldbulosvermelhos ¢ paraser usado. Depols de passadoo slucose, o “agdcar sangul- brancos, fazendo o fix san- ‘evento causador da ansiedade, a sen ‘neo! que dé mals energia em ‘guineo aumentar até 400%. ‘2;$o é deafrouarnento muscular. casodeameaca. (Wagner Machado) (Eilauars as onroens COMO NUM CARTOON ‘Os desenhos animades si0 prédigos em transformar ‘em imagens emocBes {que temos, embora elas s2jam, obviamente, invi- sivels, So sensacées que descrevemos nodia adiae ‘que fazem todo osentido, mesmo que paregam um simples modo dedizer. Pols cessas sensagées t8mum motivo, nfo so apenas fruto da imaginacio. FG Sstenies cscabelos ni fiquem de fato arrepiados, ‘essa sensaglo ocorre Porque, nos momentos de ansiedade,o sangue das célulascutSneas é seater 240r0 A e Ei cian vies ooene (aa. existe a bagagem genética, além de fatoresambientais e temperamentais’, afirma Dania. Sabe-se que, em gémeos idénticos, quando um dos irmaos tem transtorno de panico, o outro tem mais chance de desenvolver a doenga. Mas essa hereditarie- dadenio é tio simples de elucidar 0 fator ambiental outro elemento importante na conta, Aprende-se ater medo com pais superprotetores, medrosos ou queixosos. Por fim, hd os fatores temperamentais: a forma como situagdes que podem produzir ansiedade sio assimiladas. Algumas pessoas tém o que se chamade afetividade negativa (uma maior propensio a enten- der seu entorno negativamente) e também sio mais sensiveis & ansiedade. Essas pessoas acreditam que aquilo que esto sentindo sio sintomas de um mal maior — e nao reagdes normais. Identificando o disturbio O diagnéstico de um transtorno é clfnico, em conver- sas de avaliacéo no consultério do terapeuta ou do psiquiatra. O especialista leva em conta os sintomas ansiosos, 0s contextos em que ocorrem e o prejuizo que trazem a vida do paciente para avaliar se a pessoa precisa ou nao de atencio médica. Ha seis principais distirbios de ansiedade: fobia social ou transtorno de ansiedade social (TAS), fo- bia especifica, transtomos de ansiedade generalizada (TAG), transtorno do panico, stress pés-traumético e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). A edigao mais recente do DSM, manual de diagnéstico de transtornos ‘que serve de base para as definigdes de satide mental, coloca TOC e pés-traumstico em categorias a parte, ainda que, para muitos psiquiatras, eles integrem 0 espectro da ansiedade. Estio todos tao conectados que os pacientes podem ter mais de um transtorno associado, Dai aimportincia de se conscientizar sobre a ansiedade patoldgica: um transtorno ndo tratado pode levar ao desenvolvimento de outros. Existe a urgéncia em que vivemos,a necessi- dale de controlar os proprios sentimentos edemonstrar felicidad o tempo todo. Iss0 faz.com que demoremosa agir sobre aansiedadk’,diza psicéloga Andrea Vianna, da direcio da Associacao dos Portadores de Transtomos de Ansiedade. O negécio éabandonar o estigma da doenga ~eparar deacreditar que a ansiedade patol6gica vemino ppacote de “a vidaé assim mesmo”. Ela ndo precisa ser. FOBIA SOCIAL O inferno Sao Os outros sinroma cxAssico da fo- CD bia social éaquele que vo- @ imagina: 0 rubor facial Sabe aquele colega que sempre ficava vermelho nna hora de falar na frente da turma? Nao seriauma surpresa descobrir que dle desenvolveu o transtorno. ‘Ao longo da vida, 12% das pessoas sofrem com o transtomo de ansiedade social (TAS), como também é chama- do o medo excessivo e irracional de ser avaliado por outras pessoas em interagdes sociais, falando em piiblico ‘ou simplesmente estando cercado de gente. A sensaciode ser observado a0 ‘comer em um restaurante ou a0 usar ‘um banheiro piblico pode ser suficente para disparar sintomas ansiosos, como sudorese, taquicardia, “brancos' e, em casos graves, até um ataque de panico. ( transtomo gera ansiedade anteci- patéria¢ esquiva: a pessoa sabe que, no dia. a dia, ird deparar com as situagbes temidas, na escola, na faculdade,no tra- balho. Sofre por antecipacio imaginan- dooconstrangimento ou a humilhaco deser visto fragilizado e, por isso, passa aevitara todo custo esses encontros—0 que pode significar abrir mio da vida sociale até de sait rua, ‘As consequéncias a longo prazo sio ddramaticas, “Em uma fobia social grave, inevitavelmente o paciente tem depres Sfoassociada, porque fica muito triste pelo isolamento social. E a pessoa que Ido sabe o que fazer pode buscar alivio bebendo ou seja,o alcoolismo também uma complicagao do transtorno", diz, a psiquiatra Daniela Zippin Knijnik. Lares superprotetores A fobia social se origina na infancia, emcriancas com tendéncia a manifestar inibigio, solamento e recusa em estar ‘com seus pares. Segundo o psiquiatra Tito Paes de Barros Neto, o ambiente ‘em que os pequenos se desenvolvem também tem um papel importante. “Além da genética, 0 tipo de relacao que se estabelece com 0 pai e a mie parece contribuir muito paraa génese do quadro. Ha pais que educam filhos ‘com muita énfase na opiniao alheta: a ccrianga cresce com aquela preocupacio, ‘oque vao pensar de mim’, o tempo todo ‘com medo da avaliagao dos outros.” Diferentemente da timidez, o trans- torno de ansiedade social, quando nao é tratado, tende a agravar-se com 0 passar do tempo, Nao por acaso, ¢ 0 inicio da adolescénciaa fase tipica para © diagnéstico da fobia. “Se chega um adolescente e diz.'sou envergonhado desde pequeno, tenhomedo de sair de noite, nunca fiquei com ninguém, j4 suspeito de fobia social”, diz Daniela Zippin Knijnik. ‘Hd um tipo especifico de fobia social em que 0 individuo teme somente situ- ages de desempenho em puiblico. Nao sofre diante de encontrose conversas, ‘mas experimenta ansiedade e medo de ser avaliado enquanto profere uma palestra, d4uma aula ou apresentaum trabalho, por exemplo. Se essa é uma atividade corriqueira, apessoa tendea evitar situagdes de que podedepender ‘seu sucesso profissional. Mas ha quem ‘6 descubra que tem fobia social especi- fica paraessas situardes quando, diante dda necessidade de falar em piiblico, so- fre uma crise de ansiedade aguda. Verdade seja dita, a maioria dos timi- dosnio é fobico. Mas a timidez.diminui com a idade, enquanto a fobia social piora. A confusao leva muitos fébicos sociais ademorara buscar tratamento. Odiagnéstico acaba sendoum alen- to. “Quando vocé diz para o paciente que ele tem fobia social, ele fica sur- reso ealiviado, porque achava que sé ele no mundotinha aquele problema’, afirma Daniela. > SINTOMAS 3 tacwreanow 3 tmeto ‘QUANDO VIRA DOENGA FOBIA ESPECIFICA Terror de todo dia FoBIA, AEROFOBIA. Tal- vver.as fobias especificas sejam os transtornos de ansiedade mais presentes no imagindrio popular. Ainda que 0 ‘senso comum possa empregar 0 ter- ‘mo sem compromisso com a precisio. ‘médica, o medo crinicoe paralisante de objetos ou situacdes éum problemareal que acomete cerca de 10% da populacio. “Existe uma classificagao de fobias especificas. Ambiente natural, que envolve égua, altura, escuridao, As si- tuacionais, de avido, de dirigir. As de injecio, de sangue. Ai vem as fobias de animais:s6 0s artrépodes, que S40 0s in- setos, constituem trés quartos das espécies animais do planeta’, dizo psiquiatra Tito Paes de Barros Neto. HA coisa a beca para se temer neste rmundo. Em seu site The Pho- bia List, o americano Fredd Culbertson descreve mais de 500 fobias distintas, que ele coletou em publi- cages cientificas nas tiltimas trés décadas. ‘As fobias chegam a causar ataques de panico, ainda que 0 paciente saiba que, muitas vezes, seus temores sio irracio- nais. A perspectiva de ter de enfrentar algum dos estimulos FOBIA ESPECIFICA VS. AGORAFOBIA YS, FOBIA ‘SOCIAL Aprimeira vista, 4 fail confundir a fobia ‘specifica situacional coma ‘agorafobia - ambas podem ‘emer adentrar um avigo. ‘Mas hd critérios para dite- renclar uma da outra. Umagorafébico pode temer voat, no pelo medo de que 2 aeronave cala, mas por- ‘que, se ocorrerumataque de pinico, ndoterd como ‘escapar. O DSMestabelece cinco meds tipicos: uso de transporte piblico; per- manecer emlugar aberto (uma ponte, por exemplo); permanecer emlugarfecha- do (como um cinema); fas ‘e multidéese sale ozinho. Umagoratébico deve ter, pelomenos, dois deles.Na {obla especifica, ocorre o medo dlante da stuagso das pessoas fobicas nao passou pot ex- periéncias dolorasas ou desconfortaveis com objeto de seu medo ou nao lem- bbra quando nem por que os temores comegaram. Hé diversas teorias que ‘buscam explicar por que os fébicos ‘temem o que temem. Algumas suge- rem que tendemosa ter medo do que éimprevisivel e de situagdes menos frequentes em nossas vidas,em que nao ‘temos boas experiéncias suficientes pa- ra afastar o temor de o pior acontecer. Susto na infancia Na linha do tempo dos transtornos de ansiedade, a fobia especifica costuma ser a primeira a entrar em cena, ain- da na infancia. ‘Sao criangas em torno de 10 anos. Podem ter visto alguém ser picado, ou entendi- do que'a mie esteve em uma tempestade ¢ derrapou de carro, ou testermmnhado um afogamento na praia. (Ou ainda, diante das noticias sobre aciden- tes aéreos na televisio, ter percebido que 0 pai ndo quer voar de aviio’, exemplifica a terapeuta cognitivo- comportamental Da- niela Zippin Knijnik. ‘A infancia é uma fa- se sensivel a eventos impactantes, fatores como superprotecao podem tornar a crian- f6bicos (comosio cha-_iminente.Na agorafobia, os ca mais vulneravel aos, mados os objetos ou *intomatansiososs30 mais diyersos transtornos situagdes temidas)é0 _Persutantes: dramem de ansiedade, incluin- bastanteparadisparar Grertériaparacaacter- «do a fobias. Mas a ‘ossintomas ansiosos. zara agorafobia ea fobla fobia especifica tam- Curiosidade:metade social siosemethantes. ‘bém pode chegar mais tarde na vida ~ é um dos transtornés mais comuns em idosos. Um tombo inesperado pode levar ao medo de lo- ‘comogio e a piora da situacao clinica do paciente, culminando em isolamento, depressao e propensio a deméncia. ‘Em qualquer fase da vida, as fobias podem ser tratadas. Mas, ainda que percebam o transtorno, a maior par- te dos pacientes no procura ajuda. Em vez disso, passa a evitar o que the causa ansiedade. O problema é que a esquiva fdbica, como ¢ chamado esse ‘comportamento, pode acentuar os sin- tomas ansiosos, na medida em que se ‘tem cada vez menos base paraavaliar 0 real perigo daquilo que se teme. ‘Segundo 0 DSM-5, 75% dos indi- viduos fobicos temem mais de uma situagao ou objeto. Serd que vocé se encaixa em alguma delas? Animais Entram nessa categoria os medos de cachorro, cobra, barata e aranha, ‘apenas para comesar. £ provivel que fobias de animais estejam ligadas & evolugao do homem, que tinha de se proteger de predadores e das picadas de insetos. Atualmente, a fobia é ca- racterizada pelo medo irracional tipico dos transtornos de ansiedade. Para lidar com o medo, ndo tem jei & preciso encard-lo, Mas aos poucos. “Sao sessbes de terapia comportamental em que se expoe a pessoa gradualmente as imagens de baratas. A exposigao, que éo tratamento de base das fobias, é feta de forma gradual, epetida e prolongada, ‘Na fase final a pessoa vai matar a barata” Ambiente natural ‘Sio as fobias de altura, tempestades e gua, por exemplo. Comona fobia por animais, nao é dificil supor o papel evolutivo do medo de relampagos, enxurradas. /airdda que muitos de nés sin- tam-se assustados quando aquele trovao nos desperta no meio da noite, sabemos que o melhor a fazer € voltara dormir. E compreensivel que sintamos aquela vertigem ao visitar o amigo que ‘mora no 20 andar, mas nao deixaria- ‘mos de visité-lo por isso. Uma pessoa fobica pode entrar em crise de ansie- dade diante de estimuilos como esse —e atémesmo de imagens que remetam a le, como uma cena nas alturas em um filme no cinema. Sangue, injecioe ferimento Hospitais nao evocam boas memérias, endo é de se surpreender que muita gente nao goste de frequenti-los. Mas ~ hd quem tenha fobia de procedimentos ‘médicos que tem sua propria categoria ‘no DSM: Sangue-injegao-ferimentos, assim mesmo, com hifens. ‘A psiquiatra Daniela Zippin Knijnik diz ser importante diferenciar a fobia da aversio a injegdes que pode aparecer em pacientes com TOC. “O paciente fobico tem medo de ver a injegao. Se ele tivesse TOC, ele ndo gostaria por nojo, por ideia de contaminacZo." Quem tem fobia de injegao, sangue e ferimentos, experimenta um sintoma particular: a pressio arterial sobee, em seguida, tem uma queda, o que pode levara desmaios. Situacional Eo medo de situacdes como viajar de aviio, utilizar o elevador ou frequen- tar locais fechados. O temor de ficar encurralado em uma caverna estreita std cravado em algum lugar do genoma ‘humano, dos tempos em que avistar um avido no ar, por si s6, jd seria capaz de rovocar pénico. Mesmo sabendo que © avido é mais seguro que 0 carro, 0 f6bico no consegue controlar omedo que a perspectiva de entrar em uma aeronave desperta. > ANSIEDADE 23 Ebawanoo vina voew PANICO Morrendo de medo de morrer E REPENTE, E. COMO s¢ 0 cho desaparecesse sob os pés. O corpo treme, sua, fraqueja. Falta o ar, vém a ndusea, atontura,o medo de estar Abeira da morte ou enlouque- cendo. Se passou por essa experiencia, ‘vocé pode ter tido um ataque de pinico, Nao se sinta s6. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que 23% da po- pulacdo sofraao menos um desses ata- ‘quesao longo da vida. E a manifestagao ‘mais aguda das sintomas de ansiedade, a intensaativagao dos mecanismos de defesa do organismo que preparam o ‘corpo para a fuga de uma ameaca. Mas, muitas vezes, nao hd ameaca al- guma. Essa diferenciacao é crucial para ‘Odiagnéstico do transtorno de panico (TP). Ataques isolados podem ocorrer em todos os transtornos de ansiedade em resposta a uma situagio temida. E na origem da crise - ou na aparente inexisténcia dela — que comega o diag- néstico. “Em qualquer transtorno, vai aver alguma situago que provocou 0 medo, exceto no de panico, em que é ‘oataque assituacional: vem do nada’, diza psiquiatra Daniela Zippin Knijnik. O TP é um dos mais prevalentes entre os disturbios de ansiedade. As primeiras crises ocorrem sem aviso, in~ cusive em momentos derelaxamento, antes de dormir ou como um sobres- salto durante o sono. Nao é de se sur- preender que, acometidos por sintomas intensos como desorientagio e dor no ppeito, muitos pensem estar a beira da morte.“Os portadoresde transtorno de panico soos maiores frequentadores de hospitais. Jé passaram por muitos atendimentos, acreditando que estio sofrendo ataques cardiacos, foram re- virados e nao tém nada’, diz Daniela. ‘Arecorréncia também é definidora do TP. Os ataques inesperados ocor- rem mais de uma vez. em intervalos 24 aNsieDADe de meses. Podem acontecer de forma inesperada ou ser desencadeados por alguma situacio especifica. Cada vez {que os sintomas comecam, vem a hi- pervigilancia: de tio atenta asalteragbes que percebe no organismo, a pessoa fica cada vez mais ansiosa, ‘Ainda que ndo haja uma relacio de causa ¢ efeito entre a crise e as circunstincias em que ela ocorreu, © paciente pode passar a evitar essas situagdes. “Uma explicacio no campo da teoria cognitivo-comportamental é {que a pessoa tem os sintomas e eles geram um desconforto tio grande diante de uma primeira situago (por exemplo, um ataque no supermercado) que ir a0 mercado, que até entio era sum estimulo sem importéncia, passa a ser uma situacao que produz medoe ansiedade",explica a psicdloga clinica Andrea Vianna, Do transtorno a fobia Uma das comorbidades mais frequentes, ‘em quem tem transtorno de panico é uum distirbio de ansiedade a parte. A agorafobia (tomada ao pé da letra, “medo da praca publica’) pode ser enxergada ‘como uma complicacéo do TP. A an- siedade ou medo de espacos abertos on fechados, de transporte piibico, de multiddes ou de sair de casa sozinho. Mais frequente em adolescentes e adultos, a agorafobia é um dos mais incapacitantes distirbios de ansiedade: maisde 33% dos agorafdbicos nao saem de casa Em pouco tempo, pacientes de ‘TP e agorafobia passam a depender de familiares e amigos de confianca nio apenas para buscar ajuda, mas para desempenhar as tarefas mais triviais. ( individuo evita as situagbes ago- rafdbicas porque teme ter reagdes an- siosas.O isolamento gerado pelomedo de sair de casa leva a problemas secun- darios, como depressio e alcoolismo. SINTOMAS Para que uma crise de ansiedade configure um ‘ataque de pinico, 20menos {quatro dos sintomas abalxo devemestar presentes. > paupitacoes © > oesconronto rorkcico > nausea > pesneauizagio ou DesPensonatizacho > meDo DE enrouquecee SINTOMAS ‘Alémda ansiedade e da apreensioexcessiva, constantee duradoura, ‘quem tem TAG apresen- ta a0menos tres dos sintomas abaixo: > inquieragzo, NenvosA FLOR > cansaco De coNceNTRACKO TAG Angustia geral NovIDADES: a mesma rotina de sempre, pouco espaco para surpresas. As contas do més esto ‘pagas, 0s filhos estdo bem de sade e ra escola, agenda tem até um espago arantido para um cineminha a dois. Etim dia upico na sua vida ~ inclin- doa apreensio entalada na garganta, a sensacdo constante de que ha algo incontrolavel prestes a dar errado. Essa angistia onipresentee duradoura tem nome: transtorno de ansiedade gene- ralizada, ou apenas TAG. Nao ha como controlé-a,e seu corpo parece saber disso. “Se um paciente diz: ‘sou muito ansioso, tenho muita tensio ‘muscular, nunca relaxo, tenho dor nos “ombros, de cabeca, distirbio do sono, é ansiedade generalizadd, afirma Daniela Zippin Knijnik. Segundo a psiquiatra, a expresso que define 0 TAG é “preo ‘cupagio com apreocupacao’, do inglés ‘worry about the worry. Havendo uma infima chance de algo dar errado, a pessoa com TAG se debruga sobre essa possibilidade, superestimando as preocupagdes subestimando a prépria capacidade de lidar com elas. Viver se torna ta- refa softida— ainda que odesafio real do sejam asatividades rotineiras, mas lidar com o tanto de sofrimento que resulta desse exercicio antecipatério. A ansiedade parece ser a origem ea consequéncia dos problemas. Mas, na verdade, é ela o problema. Segundo Daniela, o ansioso genera- lizado é bem exemplificado pelo sujei- ‘to workaholic que ndo para munca de trabalhar, é extremamente minucioso rma vida profissional, preocupado com cada chamada nio atendida ecom cada minuto de atraso, mas nao olha para a sade. “Brincamos que este paciente std olhando tanto para um lado que se esquece de olhar para o outro” A psicéloga Andrea Vianna lembra {que outro aspecto determinante para 0 diagndstico é 0 prejuizo trazido pe- lo estado frequente de ansiedade ao desempenho social e profissional do individuo, "No transtorno deansiedade generalizada, a pessoa fica tio preo- Cupada em ter aatitude correta que simplesmente deixa de agir. E como seela criasse varios problemas que no existem’ diz. Individuos com TAG frequentemen- te experimentam sintomas fisicos de ansiedade, como sudorese, néuseas ediarreia. Além disso, o TAG é uma ‘comorbidade comum em quem tem ou- tras doengas mentais, como depressio, abuso de dloool e drogas,e outros trans- tornos ansiosos. "A comorbidade com fobia social é praticamente uma regra’, afirma Daniela Knijnik. “Dificitmente alguém vem ao consultério porque est muito preocupado com as preocupa- es. O paciente procurao terapeuta por fobia social, e 0 profissional encontra a comorbidade do TAG.” ‘Se todos nés somos, eventualmen- te, ansiosos diante de tuma entrevista de emprego, um momento amoroso conturbado, as contas que extrapolam © saldo no banco, estima-se que em torno de2%a 4%dos individuos sejam. ansiosos generalizados. (O risco dedesemvolver TAG é maior em mulheres. A prevaléncia também varia de regido para regio, o que re- vvela, também, a influéncia do meio no desenvolvimento da doenga. Mais prevalente em descendentes de europeus ¢ na América do Norte, 0 TAG parece ser um transtomo tipico de paises desenvolvidos. Quer dit parece haver uma relacio entre o rit- mode vida, as expectativas depositadas, sobre 0 individuoe a chance deestese tornar um ansioso crénico. > ANGIEDADE 25 Eilauanoo vine ooew TOC [VERO MATAR MINHAMAE, quero matar minha mie, quero matar minha mie. ula Vez vou lavar minhas mios, ‘vou lavar minhas mos. Parece um po- ema esquisito, mas eis um ritual tipico de gente com transtorno obsessivo. A mente de quem tem TOC é marcada por repetic6es: pensamentos descon- fortdveis de que nao se consegue fu- gir, combatidos com comportamentos compulsivos para atenuar 0 sofrimento. (Os pensamentos obsessivos sio in- trusivos: chegam inesperadamente e no hd como evité-los. “A pessoa lava amio e vé que dimimuiu 0 desconfor- toe tendea repetir, mantendo o que se chama de reforco negativo", diz. a psicéloga clinica Andrea Vianna, da Associacao dos Portadores de Trans- tornos de Ansiedade (Aporta) ‘Omanual de diagnéstico DSM-5, um dos standards da psiquiatria, identifica os conteiidos mais comuns das obses- s6es e compulsdes entre individuos: ‘obsessdes por contaminagio e compul- ‘es por limpeza; obsessGes por sime- triae obsessdes por repeticao, organiza- ‘20 contagem; obsessdes agressivas e senuais; obsessbes pela ideiade ferir asi ‘mesmo oua terceiros e compulsio por verificar se isso realmente ocorreu. 0 ‘mesmo paciente pode ter varias obses- s6es ou rituais compulsivos distintos. “Namaior parte dos casos, a conexao entre a obsessio e a compulsao nao parece légica. Obsessbes de agressio podem ser ligadas a compulsGes re- ligiosas,a pessoa comecar a rezar ou a blasfemar, falar palavrdes', afirma Andrea, Hé casos em que nao hd uma ‘bsessio propriamente dita, mas a sen- ‘sagio — um nojo ou asco inesperado (que se tenta afastar por meio do ritual compulsivo. Também séo comuns os rituais mentais: mentalmente a pessoa 26 ansieoane estd contando quantasarestas tem uma determinada janela. ‘Vocé pode estar ai pensando: “Nossa, devo ter TOC". Muitos denés mantém singelas “manias" (entre aspas, porque em psicologia mania é outra coisa),co- ‘mo admirar-se toda vez que o rel6gio ‘marca um hordrio curioso, ou ade so~ ‘mar niimeros nas placas de automével. PN Mas, calma ld, ndo va se angustiar: so- mente 25% das pessoas desenvolvem o transtorno. O que vai determinar se & doenca ¢ 0 grau de sofrimento ¢ 0 quanto a pessoa vai passar seus dias envolvida pelos pensamentos erituais. Ela pode adorar deixar a casa em or- dem, refazer varias vezes e no serum. problema para elae para quem convive. OTOC causa prefuizos significativos & vida dos pacientes. As compulsdes tor- ‘nam-se paralisantes ~ nao se consegue ‘ais realizar as tarefas mais corriquei- rase indispensiveis. Estima-se que 76% dos pacientes com TOC desenvolvem algum outro transtorno, como panico, ansiedade generalizada ou depressio, ao longo da vida — 0 que aponta para fatores de risco comuns entre as patologias. Mas também hi bases neurolégicas e genéticas. Gémeos idénticos so qua- tro vezes mais propensos do que os no idénticos a reproduzir o outro em termos de TOC. Humilhante e dificultante ‘A pessoa com TOC tem autocritica, ppercebe que os pensamentos intrusivos ¢ rituais que emprega para afasti-los ‘0, muitas vezes, ridiculos. Aomesmo ‘tempo, acredita que oatode pensar em algo € perigoso, aumenta a probabili- dade de acontecer o que mais se teme mas sente-se sozinha, como se $6 ela fosse capaz de imaginar tantos absur- dos. A vergonha e o constrangimento 6 dificultam a busca por ajuda. AS COMPULSOES MAIS FREQUENTES EM PACIENTES DE TOC a ee = coop HE se Feta be ety, ee ede be on) TEPT Quando o trauma insiste em visitar HISTORIA DO TRANSTOR- no de stress pés-traumd- tico (TEPT) esta ligada as guerras e atrocidades que marcaram o século 20.0 soldado deixa o front e parte de volta para casa, mas a guerra nunca o aban- dona. Em visitas inesperadas, repassa diante dos othos as cenas de sangue e ‘morte, ea tenso extrema toma conta do corpo. O terror provocado é tio intenso e inescapavel que muitos acabam, por ‘conta prépria, colocando fim vida que ‘a guerra poupou. ‘Em um estudo de 2012 com500 mil Aldados americanos que serviram no Traque e no Afeganistio, 21% deles fo- ram diagnosticados com TEPT. A pre- valencia eevada revelao custo humano da guerra para o lado supostamente vencedor, ea conta compartilhada por toda a sociedade. Comparado a um cidadio comum, um veterano com o transtomo gera seis vezes mais des- ‘pesas para o sistema de saide. “Testemunhar a morte de alguém, ppassar por um sequestro ou uma situa ‘0 de tortura, covantia do estupro si0 situagGes potencialmente traumdticas’, diz o psiquiatra Tito Paes de Barros Neto. Um filhoque apanhou do pai pode sentir-se envergonhado e guardar a vio- léncia em segredo, plantando a semente Para o que pode se tornar um frondoso ce armaigado transtorno pés-traumitico. A situagio violenta pode ter sido apenas testemunhada por quem desenvolve 0 transtorno. Mas a re- gra do TEPT é clara: frata-se de um dis- ttirbio que se origina necessariamente a partir de um evento traumitico. SINTOMAS > amsonia eriso0i0s o > ipenvicitawcia Uns sim, outros nao ‘Nao surpreende que um grupo especialmente vulnerdvel sejam po- liciais militares que travam embates cotidianos com a criminalidade. A psicéloga clinica Andrea Vianna fez ‘uma pesquisa de mestrado avaliando tragos de personatidade que favo- recem 0 desenvolvimento de TEPT em um grupo de policiais que havia presenciado uma série de ataques de uma faccio criminosaa postos da PM em Sao Paulo. Mais de um quarto deles desenvolveu sintomas do trans tormo, mas aoutra parte se recuperou. “Uma caracteristica que protege 0 individuo é o autoditecionamento. Se a pessoa planeja melhor as situagoes ‘com que vai entrar em contato, tende ase proteger mais dos traumas’ diz. Mas situagdes violentas costumam ser inesperadas. Segundo Tito Paes de Barros Neto, admite-se que o trauma seja a causa do TEPT, mas que a ma- nifestagio dependa da capacidade de resiligncia do individuo. Quem, por razbes biol6gicas, temperamentais ou de histéria de vida, néo consegue lidar dessa forma, mergulha em um mundo de medo e ansiedade. Como os sinto- ‘mas do TEPT nao desaparecem mesmo ‘meses apés o trauma, passa-se aevitar situagdes que possam desencaded-los. Basta um estimulo que remeta vaga- mente a aspectos do evento traumético — um cheiro, um objeto, uma sensagio - para disparar o sofrimento psicolégico intenso. Um dos sintomas especificas do TEPT é oflashback.“Eum pe- sadelo acordado:estou conversando com vo- ce vera imagem do PANIC acontecido,a sensacio daquele momento’, diz Andrea. A re- vivéncia do evento traumético leva a ataques de panico, fechando um ciclo de ansiedade.Frequentemente, quem sofre com TEPT se torna autodestrutivo ou agressivo sem motivo aparente. A de- ppressio ¢ uma comorbidade importante, atingindo 80% dos pacientes. E comum que os individuos expe- rimentem “brancos’ ou pensamentos equivocados sobre oevento, incluindo culpara si ou a outras pessoas pelo trau- sma. Bo que ocorre com muttas vitimas de estupro na infancia e na adolescéncia, por exemplo, que se responsabilizam Por terem provocado o abusador. Oambiente salva Familias disfuncionais, pobreza e con- digo minoritéria tornam o individuo mais vulnerdvel ao TEPT. Nao s6 por estarem associados & violéncia, mas porque o que ocorre depois do trau- ‘ma também é fundamental para aassi- ilagio da situacio e a prevencio dos sintomas. “Se apessoa temalguém em ‘quem confia, com quem pode ter uma escuta nao punitiva, um ambiente em que consegue se sentir acolhida no pri- ‘meiro més apés o trauma, acaba sendo ‘omelhor dos tratamentos’ diz. Andrea, Os primeiros sintomas costumam aparecer até trés meses apés 0 trau- ‘ma, e durar varios meses. H4 quem en- frente-os por décadas,e quem obtenha ‘melhora significativa em pouco tempo de tratamento. “No TEPT, é como seaestrutura que nos protege do medo se rompesse. A vitima de assalto comecaa evitar rapa- zzes com barba porque o assaltante tinha barba.Conformese expdea homens de barba e vé que, em geral, os homens de barba nao so perigosos, ganha em segurangae percebe que aquela situagSo que dla viveunio acontece novamente’, afirma Andrea. @ ANsieDAve 27 Eblawanoo vina poenca UM PROBLEM DE BERCO Medo de ficar sozinho, de falar e de ir a escola: os sintomas de ansiedade em criangas podem até parecer normais - mas nao podem ser ignorados. POR MARIA JOANA DE AVELLAR Per cer) GAP cena é um clissico do comego de ano nas escolasde todoo mundo. Enquanto algumas felizardas re- ‘cebem apenas um aceno de lon- ge,outras mies, tentando deixar ‘0s pequenos na escola, enfren- tam choroe ranger de dentes de desespero. Quem nao conhece uma crianga que parece birrenta? Ou que segue dormindo na cama dos pais depois de grande? Nossas lembrancas de uma infancia plenamente feliz: sto filtros. Crescer e adaptar-se ao mundo é essen- cialmente angustiante, o que causa ansiedade. Mas, quando a crianga no relaxa nunca, nao quer sair de casa, nao consegue ficar sozinha, sua ansiedade pode ter se tornado doenga. A ansiedade é uma das patologias psiquiatri- cas mais comuns nas criangas, atrés apenas dos ‘Transtonos de Déficit de Atencao e Hiperatividade (TDAH) de conduta. Cerca de 10% dos pequenos sofre de algum transtorno ansioso, cinco em cada dez passario por algum epis6dio depressivo por causa dela. E necessirio estar atento, também, a ansiedade que nao chega a ser um transtorno, mas, que traz sofrimentos e prejuizos cotidianos, como diminuigdo da autoestima. O novo Manual Diagnéstico e Estatistico de ‘Transtornos Mentais (DSM-V) tem um novo olhar sobre os quadros psiquidtricos em geral,em particu- laros deansiedade. Antes, separavam-se os de inicio especifico na infancia; hoje, esto todos catalogados sem divisao de faixa etdria. Isso significa que os transtornos presentes em criancas e adolescentes no so mais vistos como menos graves. (Os mais frequentes na primeira faseda vida sioo transtorno de ansiedade de separa¢a0, 0 transtorno de ansiedade generalizada e as fobias especificas, (medo de animais, deavido, de elevador..)seguidos pela fobia social e o transtorno de panico. Apesar da existéncia de um quadro clinico para cadaum,a ‘maioria das criancas apresentard mais de um trans- torno ansioso - a chamada comorbidade. ANSIEDADE 29 Eilauanoo vine ooew “Fica Otranstorno de ansiedade de separagio é um dos mais co- ‘muns em criangas pequenas. Elas temem que algo possa acontecer com seus pais, ‘como acidentes, sequestros, assaltos ou doencas. Em casa, precisam de compa- nhia para dormir e resistem ‘a0 sono - e até pesadelos acontecem. Por ter medo de estar longe, ficam assustadas na escola. ‘Quando a crianga percebe que seus pais vao se ausentar ou 0 afastamento realmente acon- tece, aparecem até problemas fisicos. Os pequenos podem sofrer com dor abdominal ede cabega, nausea e vomi- tos. Em criangas maiores, os sintomas chegama taqui- cardia, tontura e sensagao de desmaio. A crianga, que em geral gosta da escola, acaba se sentindo humithada e me- drosa, com baixa autoestima. Dai para a depressio pode serum pulo. Ji ha estudos que indieam que ansiedade de separagio nao tratada na infancia pode ser um fator de risco para outros transtornos de ansiedade na vida adulta. Se hamedo de ir para a esco- a,0 ideal é fazer com que elas retornem. Manté-las longe do ambiente de sala de aula pode tornar 0 medo ainda mais crénico. Deve haver uma sintonia entre a escola, os pais €0 terapeuta quanto aos obje- tivos, conduta e manejo. Oretomo deve ser gradual, pois se trata de uma readapta- ‘sao, respeitando as limitagoes da criangae seu grau de sofri- ‘mento e comprometimento. 30 AwsteDave Quando é doenca? A terapia cognitivo-comportamental (TCC), que tem eficdcia comprovada no tratamento de distir- bios ansiosos, vé que os individuos com ansiedade percebem o mundo como um lugar perigoso, que exige constante vigilncia. Além disso, sao sensi- veis demais a estimulos que sugerem reprovacio, e sofrem de autocritica exagerada. ‘Coordenador do Programa de Transtornos de Ansiedade na Infancia e Adolescéncia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da FMUSP, Fernando Ramos Asbahr compara a percepeao do ansioso a um sensor desregulado de incéndio, que alaga um prédio inteiro por conta de um riscar de fésforo."“A ansiedade pode até atrapalhar o desenvol- vimento, mas o problema é quando alterao diaa dia. A crianga nao consegue ir para a escola, no entra ‘uma loja, tem problemas de convivéncia’, firma. Pais nervosos, filhos ansiosos ‘Tanto por caracteristicas do ambiente em que sio criados quanto pela heranca biolégica,a ansiedade dos pais tem influéncia crucial na satide dos filhos.. “0 maior fator de risco de uma crianca ou adolescente é ter um pai ou mae ansioso’, diz. Asbahr. Ha casos ‘em que os pais sentem-se fragilizados frente a prole, acabam nao segurando a barra de ser um ponto de referéncia e seguranca. E também por isso que oenvolvimento dos pais na terapia ¢ fundamental para o sucesso do tratamento. No transtomno de ansiedade da separacio, os adultos tém um papel determinante. Com aparect- mento precoce, ele é caracterizado pela dificuldade da crianca em ficar sozinha e se adaptar na escola, incompativel com o seu nivel de desenvolvimento. s sintomas, que acometem principalmente crian- gas na faixa dos 6 a 8 anos, caracterizam-se por Preocupagdes excessivas quanto aos perigos que envolvemos pais ou asi proprio relutdncia em estar desacompanhado deles ea dificuldade em adormecer ‘ou dormir fora.“O pai ou mae ansioso, queacha que ofilho vai sofrer na escola, deixa 0 filho ansioso", diz Asbahr. Por outro lado, ele afirma que, em certos casos, ansiedade auxilia no diagnéstico. “Pais que sofreram na infancia pensam ‘eu sei o que ele esta sentindo, eu tinha isso’. Se a pessoa teve prejuizo pela ansiedade, vai sentir empatia, e isso é bom.” (ver quadro a0 lado) Usar técnicas de relaxamento e respiracdo com ‘os pequenos, expor devagar os filhos a circunstan- cias diferente’ e, principalmente, ndo se zangar, mas trabalhar em conjunto com as criangas para superar as dificuldades sio dicas importantes para os pais. ‘Tratamento ATCC (vejanapdg 52) costuma sera primeira escolha ara os psiquiatras infantis. “O uso da medicagio estd associado a intensidade: se ndo é um quadro tao grave, trata-se de uma segunda opgio. Mas se a pessoa nao responde, se nao hé uma participagao total do paciente e da famitia - principalmente no caso de criangas menores -, néo funciona” ‘Quando esse tratamento nao tem sucesso, com- binacéo de medicacao e terapia costuma ser eficaz. ‘Sao indicados antidepressivos inibidores da captacio da serotonina, comecando por um periodo de seis meses, um ano. tratamento no medicamentoso é deexposicao: “sea crianga tem medo de cachorro, vai se aproxi- mando. O que esté por tris da ideia é a pessoa ir se habituando, mudando o significado, tirando a im- portincia do medo.” Falta muito? A vida agitada,a agenda lotada ea tecnologia sempre disponivel tornaram a paciéncia uma qualidade que nao se desenvolve sozinha. A formacio atual das familias faz com que os filhos, sem irmios, ndo tenham que esperar a sua vez para nada. Criancas ndo precisam nem ao menos aguardar seu dese- ho favorito passar na televisdo: podem assisti-lo a qualquer hora, em qualquer plataforma e lugar. E comum observarmos os pequenos absortos em tablets e celulares em restaurantes, para que todos jantem em tranquilidade. ‘As solugdes ao alcance de um clique causam an- siedade, endo apenas nas criangas. Isso piora quando 0s pais, para compensar a menor disponibilidade de tempo, satisfazem todas as vontades da crianga. Crer que 0 mundo é um lugar adaptado aos seus desejos cedo ou tarde traz.sofrimento, e constatar que 0 planeta nao gira ao redor deles nem sempre é facil. Ensinar paciéncia exige envolvé-los nas si- ‘tuagdes: explicar a necessidade da espera e ensinar bbrincadeiras que nao incluam tecnologia para quese distraiam. E preciso falar sobre o que est4 aconte- ccendo quando esto no supermercado, por exemplo, em vez de exclui-los dessas atividades. Ao compre- enderem que existe um processo para que as coisas fiquem prontas ou acontecam, criangas tornam-se ‘mais felizes. A paciéncia melhora o aprendizado e diminui a ansiedade, jf que elas aprendem a ouvir, pensar antes de falar e argumentar. O gato comeu sua lingua? A timidez, tio comum nos pequenos, é um tra~ {go da personalidade em construc que deve ser ENSINAR PACIENCIA AS CRIANCAS PODE DIMINUIR A ANSIEDADE. monitorado. Vocé provavelmente teve um colega que nio se manifestava na classe, ou foi um deles. io tirava suas diividas, tinha vergonha de falar besteira, de mostrar nervosismo, de se expor. A ini- bigéo comportamental esté associada ao medo de novidades, einctui caracteristicas como introversio, esquiva e medo de pessoas estranhas. Protegidos em demasia pelos pais, meninos e me- rninas com esse perfil tornam-se ainda maisretraidos, formandoum ciclo viciosoe ganhando cinco vezes mais chances de desenvolver fobia social. Portado- tes do transtorno tém pavor de passar vergonha e sofrem de medo persistente ou desproporcional em situagdes em que julgam estar expostas aavaliagao dos outros. ‘Omutismo seletivo, quando a crianga fracassa a0 tentar falar com pessoas que no sio de seu circulo mais préximo, também estd associado ao tempera- ‘mento timido, Porndo conseguirem iniciar conversas ou responder, além de se recusarem a abrir a boca rma escola, podem ter prejuizos educacionais. E normal que os problemas passem batido, ja que o timido ansioso nao perturba tanto quanto © hiperativo. Mas a angustia ansiosa costuma se ‘manifestar fisicamente. Ao ouvirem reclamagdes constantes referentes a disparos do coracéo, mal- -estar gastrico, tremores, certos pais rondam por emergéncias e hospitais pedidtricos sem encontrar explicagao para as queixas dos filhos, que estd na cabega e nao no corpo. E importante que pais, professores e cuidadores fiquem atentosaos sinaisde ansiedade dos pequenos. Caso contrétio, eles se tornario adultos ansiosos. € ANGtEDADE 32 NAO HA VIDA Anomofobia, o medo de ficar sem smartphone, ea FoMO, o medo de estar perdendo alguma coisa, sio as mais novas facetas da ansiedade. Descubra aqui se vocé sofre desses males modernos. POR FERNANDO CORREA ada de insetos, cobras, avides ou elevadores. O que ser humano con- temporineo teme, mesmo, € ficar Tonge de seu com- panheiro de todas as horas: smartphone. Seas pesquisas cada vez. mais numerosas sobre 0 as- unto estio certas, ébem provavel que vvocé também sofra desse mal chamado rnomofobia abreviagio de no-mobile-pho- ne-fobia, ou fobia de ficar sem celular). Cerca de dois tercas dos americanos ‘e uma porcentagem semelhante entre (0s britanicos se considera nomofébi- cos.O nome éestranho, mas a situacéo 6 familiar. Voo® jé deve ter se sentido ansioso ao esquecer o telefone em casa ‘ou ao ficar com a bateria zerada sem sum carregador por perto. Se as fobias descritas pela psiquiatria so medos irracionais, a nomofobia no édificil de compreender. O smartphone se tornou © canivete suico da vida contempori- nnea:a ferramenta com a qual enfren- tamos os desafios do dia adia. E nossa agenda de contatos e de compromissos. Nosso relégio. Nosso centro de entrete- rnimento, Nossa camera nosso dlbum de fotos. E, além de tudo isso, nosso principal instrumento de comunicagio ‘comas pessoas e com o mundo. Estar longe do celular é como estar desorientado e desconectado da rea- lidade. E isso provoca ansiedade. Ao analisar os dados de uma das mais profundas pesquisas sobre a nomo- fobia, pesquisadores da Universidade de Iowa (EUA) concluiram que a an- sgiistia desencadeada por pelo menos quatro componentes:néo ser capaz de se comunicar com as pessoas, perder a conexiio em geral, nao ter acesso a informagio e por simples convenién- cia. As consequéncias paraa saide, no entanto, ainda nao ficaram tio claras. “Por enquanto, néo temos estudos suas 24010 cientificos longitudinais para poder avaliar a prevaléncia da nomofobia e 0s problemas decorrentes dela ao longo dos anos, até porque é algo relativa- mente recente e que tem mudado de caracteristicas’, diz Sylvia van Enck Meira, psicéloga do Programa de De- pendéncias Tecnolégicas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de So Paulo. “Se 0 acesso aos jogos peloscomputadores de mesa jéera algo {que preocupava a questo do acesso as redes sociais por meio dos smartphones éalgoainda mais intensoe alarmante” ‘Nos anos 2000, as reportagens s- bredependéncia de tecnologia tinham sum personagem tipico. Eram criancas e adolescentes viciados em games, aquele ‘seuamigo (ou vocé mesmo) que varava ‘madrugadas jogando em casa ou nas lan houses. Agora, as redes sociais sio ‘como um game que todos jogam e 0 maior adversario é vocé mesmo, sua ansiedade eas coisas que deixa de fazer para acumular atualizagGes e likes, que ativam dreas responsaveis pelo prazer no eérebro - na verdade, os mesmos pontos ativados quando comemos um doce ou ganhames dinheiro.E ficamos viciados nessa sensagio. O medo de ficar de fora Uma explicagio em voga é de que nossa ligacSo exagerada com as tredes nao pas- sade um medo irracional de ficar por fora. O fendmeno tem nome: FoMO, ou {fear of missing out. Desde 2033, 0 termo integra o Diciondrio Oxford. Garanto que voce jé ouvin falar... ndo? Como voo’ perdeu essa? Brincadeiras & parte, o FoMO ¢ coisa séria — tem sido apontado como uma das forgas motrizes do vicio em redes sociais. E que a web nos bombardeia com tanta informagéo sobre festas, noticias, memes viagens que sentimos que tem sempre algo incrivel que nosso radar nao captou por a. O fendmeno ¢ especialmente > ANSIEDADE 33. Eilauanoo vine ooew Adolescéncia, fase critica ‘Omedo de serexcluido écomum naadolescéncia - uma fase com particularidades fsiol6gicas que, por si sé, criamvulnerabilidade aos transtornos. Os jovens passam Por um periodo de maturago neural relacionada como ‘controle dos impulsos. sso jé delxao adolescente mals ‘ansloso quando algumas coisas no chegam para ele ra- pidamente, como respostas a mensagens que ele postou, ¢,2 partir dai, comeca todo um ciclo de pensamentos negativos, como " ime respondeu seeston- {ine2", “onde ue falei atguma besteira?”. de aliviar, esse processo aumenta preocupante na adolescéncia, fase em {que status e relacionamentos andam de maos dadas com a autoestima, e 0 temor de sero tinicoando saber dd uma goleada na vontade de prestar atengio na aula, por exemplo, Maso FoMO tam- ‘bém esté por trés de condutas perigosas de gente mais velha, como acessar as redes sociais e dirigir ao mesmo tempo. Por medo de ficar por fora, muita gente checa as redes sociais ao despertar de madrugada, ou tem detirios de que 0 telefone vibrou anunciando uma nova ‘mensagem, quando néo hd nada. ‘Apesar dos exemplos atuais, o Fo- MO nio éum fenémeno novo, mas um reflexo de nossa prépria condigio. “O que diferencia o humano dos outros animais é que temos a capacidade de entender o tempo. Eo tempo é pautado pela ideia de morte: de que as coisas duram, muidam e acabam. Ao saber que ndo vai viver para sempre, vocé precisa fazer escolhas. E, quando vocé escolhe, estd perdendo outras coisas que no vai ter como recuperar’, diz a psicdloga Ana Luiza Mano, professora de cursos de extensio da PUC-SP. Criador do termo, o psicélogo expe- imental britanico Andrew Praybylski, do Instituto de Internet de Oxford, co- ‘mandou pesquisas sobre os tracos pst colégicos que podem tornar as pessoas, ‘ais vulnerdveis, “Nossa compreensio atual é de que a privagao das necessi- dades psicoldgicas basicas de compe- ‘téncia,autonomiae um sentimento de pertencimento pode contribuir para as sensagSes de FoMO’, disse Praybylski em entrevista a SUPER. ‘A impressio de estarmos sempre deixando algo passar gera anguistia. O medo de ficar por fora passa a ser pa- tolégico quando, “ao nao conseguir ter informagio sobre tudo, vocé se sente ‘mal, tenta incessantemente fazer isso acontecer e sempre se frustra’,afirma ‘Ana Luiza. Pessoas com mais dificul- dade de abrir mao do controle sobre Sree Perec rere) as escolhas e 0 futuro estario mais propensas a experimentar ansiedade. Nem tudo esta tao claro Em 2015,0 centro de pesquisa PewRe- search,em Washington, produziu um levantamento sobre a relagao entre rredes sociais e stress. “Faz. sentido se perguntarse ouso da tecnologia digital cria stress’, dizia o texto de apresen- tacio. “Ha mais informagio fluindo elas vidas das pessoas agora do que nunca - grande partedela angustiantee desafiadora. H4 mais possibilidades de interrupgdes e distragdes. E mais facil rastrearo queos amigos, conhecidos e desafetos estio fazendo. Ha mais pres- 0 social para divulgar informacdes pessoais.” O estudo se propés a ava- liar o risco dos efeitos negativos que 0 stress tecnolégico pode causar. Mas os resultados no confirmaram a suspeita Cruzando um questiondrio que de~ tectou o nivel de stress dos participan- tes com outro sobre 0 uso das redes sociais, os pesquisadores conclufram que, em homens, nao havia correlagio clara entre os dois fatores. Ou seja, quem acessava mais as redes sociais, nao necessariamente era também mais estressado. Em mulheres, evelou-se in- clusive uma tendéncia a menos stress entre aquelas que compartilhavam mais fotos, trocavam mais e-mails e utiliza- vam mais o Twitter. Mas a pesquisa foi sobre o efeito do uso das redes sociais no estado emocio- nal. Ese os participantes fossem priva- dos dessas ferramentas, o que ocorreria? Mundo virtual, sintomas reais “Para quem tem dependéncia, de fato, ‘muitas vezes a abstinéncia gera sinto- ‘mas, ainda que momentaneos, seme- Ihantes & abstinéncia de dlcool e drogas. A pessoa fica tensa, apresenta sudores ‘taquicardia, pode entrar em depressio*, diz Sylvia van Enck Meira, ‘Como em outros transtornos, nao se eee) pode avaliara dependéncia tecnolbgica pelo tempo que passamos conectados, ‘mas pelo prejuiao que o uso - ow pri- vvagio dele — provoca em nossas vidas. O usudrio dependente nao consegue fazer atividades como comer, dormir, estudar ou trabalhar sem interferéncia do.uso da internet. Quando a pessoa precisa, acima de tudo, estar conectada ce deixa de fazer coisas da rotina,é que precisa de tratamento. ‘Como ocorre com as drogas, a tec- nologia acaba sendo usada c¢ tra¢do e mesmo “automedicag ‘0s momentos de tédio ou preocupacio. Segundo Andrew Przybyiski um te- ‘ma quente no meio cientifico é0 que vai ocorrer no futuro, na medida em que hd cada vez. mais producao de in- formago, mas o ser humanopermanece ‘omesmo -e coma mesma capacidade de absorver coisas novas. Segundo a consultoria Gartner, até 2020, serdo 6,4 bilhdes de dispositivos conectados no mundo de geladeiras a ténis. Quando estivermos imersos nessa Internet das Coisas,e 0 mundo ao nosso redor néo perder mais informacao alguma, vai ficar ainda mais dificil nos livrarmos desse vicio, ANSIEDADE 35 Eblawanoo vine poenca E (MEI VERDADES .. Reunimos as principais dividas sobre a ansiedade ¢ desvendamos o que é real eo que nao passa de mito. POR BRENDA VIDAL E RENATA CARDOSO 36 ansieoane ANIMAIS DE ESTIMAGAG PODEM AJUDAR PESSOAS ANSIOSAS VERDADE. Sabe aquela alegria ‘aoencontrar seu animal de testimago 20 chegar em casa? Poisé, estudos apontam que ccomviver com um bichinho traz indmeros beneficios para asatide —entre eles, diminuir a ansiedade. Segundouma pesquisa da Faculdade de Medicina de Virginia (EUA), apds sessbes de recreagio ceterapia assistida com os pets, pacientes com distrbios psicéticos, do humor outros transtornos foram avallados « apresentaram reduces signifcativas nos indices de ansiedade Certas bebidas amenizam eoutras intensificam os sintomas da ansiedade. wen a] VERDADE, Aguacom agiicar, chés, bebidas com, cafeina... Dependendo do momento e da sua situagio, é bem provavel ‘que uma bebida quente ‘raga algum conforto. Porém,é preciso dizer: cha de camomilae ssuco de maracujé, por ‘exemplo, ém apenas feito placebo (aquele sentimento de curaque ro tem comprovagio Gentifica), ou nentum feito, ‘De maneira geral, para apresentar algum resultado, essas bebidas precisam ser ingeridas em grande ‘quantidade’, afirma o presidente da Associagao Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva. Ja substncias como a cafeina, presentes em alguns tipos de chds, refrigerantes em geral, achocolatados ¢ principalmente, no ‘afezinho, interferem nos niveis de varios neurotransmissores, funcionando como estimulantes. Em alguns casos, é possivel associar acafeina dansiedade, dependendo da ‘quantidade ingerida edo organismo de cada individuo. A ansiedade esta ligada ao envelhecimento. MEIA VERDADE. N3o6 que a pele fique mais enrugada instantaneamente ‘ou que os pés de galinha se multipliquem. Mas, em nivelcelula, esse ‘envethecimento precoce pode mesmo acontecer. ranstornos de ansledade podem ter conexo como envelhecimento precoce das células de pessoas ‘de mela-idade — ¢ sso que aponta um estudo realizado por pesquisadores do Bringharn ‘and Women's Hospital, ligado & Universidade de Har ard, nos Estados Unidos. Durante apesquisa, oenvelhecimento celular precoce era uma caracterstica comum, ‘em todas as mulheres que descreveram sintomas do transtorno de ansiedade. Nessas participantes, as células aparentavam ser sels anos mais velhas que onormal. AFASTAR-SE DA CAUSA DA ANSIEDADE FAZ COM QUE ELA SUMA Miro, Evitara ansiedade tende a reforgé-la. De acordo ‘coma Anxiety and Depression ‘Assocation of America (ADAA),suprimirseus pensamentos torna-os mals fortes efrequentes. Esquivarse do sentimento no uma boa salda, pols passa aimpressSode ‘que nada esté acontecendo— e quanto mats se eta o problema, pior ele fica. Inclusive, em foblas, 3s técnicas costumam ser de enfrentamento eno de evtagSo ~passo a passoo paciente aproximadodomotiv da fobla Exercicios respiratérios podem ajudar durante crises. VeRDADE. Arespkagso éum dos rmecanismos de controle durante uma crise de ansiedade, mas ‘us efeitos variam para cada pessoa, Os exerclcios respiratérlas se mostrar ceficazes e esto presentes 1a terapla cognitivo-com- portamental ena medi- ‘tagdo, ambas eficazes no tratamento da ansiedade. > ANSIEDADE 37 Eilauanoo vine ooew Bebidas alcoolicas ajudam a combater a ansiedade. vito. Apés um longo dia de trabalho, uma cerveja $3 gelada no bar nao é nenhum pecado, nao é mesmo? 'S6 que nem sempre aquele happy hour é inocente. Em muitos casos, as pessoas com ansiedade podem recorrer a artificios como as bebidas, para tentar escapar de uma sensagio, que, na verdade, precisa de acompanhamento médico. ‘A impressio de tranquilidade trazida apés goles e goles é pas- ‘sageira - e pode acarretar ainda mais problemas, como a depen- déncia, Um artigo publicado pelo Instituto Nacional de Abuso de Alcool e Alcoolismo (EUA) explica que pessoas com altos niveis de ansiedade relatam que o dlcool as ajuda a se sentir mais confor- taveis em situag6es sociais. Assim, nao é surpreendente que indi- vviduos com transtorno de ansiedade social clinicamente diagnos- ticado tenham uma maior incidéncia de problemas relacionados 20 alcool do que a populacéo em geral, gragas ao alivio temporério. IMPOTENCIA Ter um hobby combate a ansiedade. E EJACULA- CAO PRECO- CE SAO SIN- TOMAS DE ANSIEDADE EIA VER- DADE, Um grauleveda sensacio pode ‘ser positiva para homens ‘emulheres -induz a excl- tagdoe pode até faciltar ‘oorgasmo, Noentanto, ‘casos mals graves de an- sledade siorealmente Prejudicial. Homens com jaculagio precoce podem teraté2,5 vezes mals chance de ter ansiedade grave, Hé estudos que indicam prevaléncla de homens que apresentarn disfungées sewuals entre ‘os diagnosticados com ‘transtornos de ansiedade 38 ancteoane NEIA VERDADE. Hobbies epassatempos em geral podem aunilar pessoas com sintomas de ansiedade. Entretanto, seo individuo fol diagnosticado com ‘ranstorno deansiedade, apenas atividades ocupacionalsou delazer no serio suficientes para que ele e cure. Quando vocé usa medicacSo, pscoterapla e _acescenta hobbies, voct ajuda o tratamento. Mas sempre temos que dferenciar aansieda- de sintoma da ansiedade doenca’,afrma Anténio Geraldo da Silva, presidente da Assocla- ‘Glo Brasileira de Psiquiatria. Ou sea, apenas um ansioso no patolégico podemelhorar. LUGARES, OBJETOS E ATE CHEIROS PODEM GERAR CRISES DE ANSIEDADE venDAne. Uma pessoa a com transtorno de ansiedade pode fear mais sensiel até dante de uma stvacso corrqueira. De acordo com o presidente 44a ABP, ugaresobjetos echeros podem, sim, agircomo gatilhs para aparecimen- to.desintomas da ansiedadee estdo relacionados is viénclas anteriores de cada individu. ANSIEDADE PODE TER RELAGAO Drogas COM DOENGAS GASTROINTESTINAIS. sintéticas no Canad, ointstno humane aga quae hes de bac qo comolSD ‘aedo tabled: pl inesUnoincluam, por cera stema nevoso podem funcionar tntreiot ntestna¢ um npereant fatsna fra coma copoifumcla ore em tratamentos bro cimrfereno rca de Joengas ncuindeansedadee vanstoresdehumer contra ansiedade. Maconha causa reste ansiedade. EIA VERDADE. Ouso da maconha pode desper- tar ansiedade da mesma forma que pode aliviar a tensio, tudo depende de como é usada: quantidade, experiéncia prévia e contexto, Pesquisas tém demonstrado o envolvimento da ‘maconha na regulacio das emogdes. artigo publicado pelo periédico cientifico Revista da Biologia, da USP, explica que o uso da cannabis pode causar efeitos ansioliticos, ansiogéni- cos ou ocorréncia de ataques de pani- co. Usuarios crénicos, de acordo com a publicacio, relatam uma reducéo ra ansiedade e alivio da tensio apés ‘consumo, uma das razées para ‘uso continuo da maconha. A ANSIEDADE TEM CAUSAS GENETICAS E AMBIENTAIS \VERDADE. Os transtornos de ansiedade ‘também esto relacionados 4 hereditarieda- de, ouseja, 3s informagées genéticas ‘quevoct recebe de seus pals. atores am- bientals, como a exposigfo ao churn ‘como desencadeadores da patologia" ‘presidente da ABP, AntGnio Geraldo daSilva, Nacional de Ciénclas dos EUA publicou um estudo nofinal de 2016 que aponta que, em muitos distirblos psiquldtrices, ‘o cérebro age em padres automatizados erlgidos, Nesses casos, assubstinclas alucinégenas trabalham para quebrar as desordens. ‘Ousela:as drogas podem desligar os padres que ‘causam os transtornes assim, atuarno tratamento de problemas psicoléglcos. Vale lembrar que possiveis ‘eraplas terlam de ser acompanhadas por profissionais. Tentar se distrair ajuda aacalmar pessoas ansiosas? EIA VERDADE. Agdes que distraem (como cespregukar-se, contar o nlimero de limpadas naterzsorsio ANSIEDADE 44 DO VIRA DOEN Olado bom da depré ‘Atéela pode ser benéfica. Saber ahora de parar éumaétima pedida ~e pode ser ‘lado bom dadepressio.A psicologia evolutiva, que estuda os fenémenos dda mente sob a perspectivadasselecio natural, indicaalgumas possibilidades para explicar por que adepressio tem ‘tamanha presencana populace - € ‘também por que diabos a naturezateria selecionado frustrac3o, apatia e ansieda- cde emdetrimento da felicidade. Umadelasé hierarquia. Animals mais sofisticados se saem melhor quando s50 ‘organizados em sociedades - e essas, por ‘sua ver, precisam de um lider. Porém, ‘esse lider costuma ser desafiado. Seo ‘oponente derrotado no é desenco- rajado, ele tentard denovo e de novo, prejudicando o grupo. Se ele, 20 perder, fica abalado ese retira emumestado depressivo, reconhece o vencedor, garan- tindo a paz do grupo. Outra explicagso ‘uma vida menos estressante. Mem- ‘bros do grupo social que nso tinham condigdes psicolégicas de lidar com multiddes, lugares altos e perigosos, no ‘sedestacavam, iam paraa toca quando sesentiamem perigo;em resumo, eram mais letérgicos, perdiam menos tempoe viviam mais. E, naturalmente, se repro- duziram mais. Adoenca serviria ainda paranos mostrar ahoracerta de desistr. Um estudo publicado em Fevereiro deste ano no Journal of Behavior Therapy and Experimental Psychiatry mostrou quea depressio pode ser o gatitho para nos fa- er abandonardesafios intransponivels. Pesquisadores da Universidade Friedrich ‘Schiller, em Jena (Alemanha), deram apacientese aum grupo de controle anagramas para solucionar. Alguns ‘io tinham resposta - e os depressivos desistiram primeiro e perderam menos ‘tempo do que o grupo sem a doenca. Essa falta de motivacio, curiosamente, pode ser usada para atenuar adepres- ‘Go: descobrem-se os possivels objetivos Inatingivels que levaram o paciente & doencae maneja-se acapacidadede desistir para reorganizaro foco. 42 aNsIEDADE recebe diagnéstico para algum transtomno de ansie- dade. Embora sejam doencas diferentes, elas tfm sin- tomas parecidos e, ainda que nao hajaevidéncias na pesquisa clinica que ndiquem que uma pode casar aoutra, dados da ADAA mostram que boa parte dos pacientes com depressao tem um histbrico de trans- torno de ansiedade anterior. No rol de deprimidos, as mulheres sio maioria: 20% contra 12% dos homens sofrem da doenca. ‘Tristezinha nao é depressio Ocontririo da depressio nao ¢ felicidade, mas vitali- dade, disse Solomon em uma palestra TED, em 2013 A tristeza pode ser decorréncia do estado letargico um dos principais sintomas paraa doenca. Pessoas ddiagnosticadas com depressio relatam falta de energia, -razer, pensamentos negativos, problemas com sono e apetite. Mas esses sintomas, sozinhos, nao fazem ‘um deprimido — afinal, todo mundo passa por dias ruins. Como a ansiedade, o diagnéstico aparece quan- do 0 “dia ruim’ se prolonga para além do esperado, trazendo prejuizos paraa vida: um depressivo severo pode néo se alimentar, ndo tomar banhoe sequer ter forgas para levantar da cama por longos periodos. ‘Como a prima ansiedade, a depressio também tem suas idiossincrasias - e tipos diferentes. E pelo ‘menos 300 milhdes de pessoas sofrem com algum deles a0 redor do mundo, segundo dados da OMS. Transtorno Depressivo Maior é 0 de Solomon: retine sintomas como humor depressivo (tristeza, vvazio, apatia), perda de prazer, oscilagio no peso, no sonoe no apetite, fadiga e perda de energia, falta de concentrario e até pensamentos suicidas. Para ser diagnosticado como tal, 0 paciente precisa ter pelo ‘menos cinco ou mais sintomas por pelo menos duas semanas ~ ¢ os dois primeiros precisam estar entre les; além disso, os sintomas nao podem ser causados por drogas, remédios ou outras doencas psiquicas, como esquizofrenia. Outra variagéo da depressio bem conhecida é a distimia ou Transtorno Depressivo Persistente-uma combinacéo de mau humor crénico, pessimismo e irvitabilidade. Para os maiores de 30 anos, lembra a hiena Hardy dos desenhos animados da Hanna-Bar- bera, que se lamentava episédio apés episédio com 0 bordio “Oh, oéus, oh, vida, oh, azar.” Euma depressio eve em comparagao com o Transtorno Depressivo ‘Maior, mas que atinge em cheio a vida social do sujeito: ‘quem quer ter por perto um rabugento desse quilate? MULHERES SAO MAIORIA ENTRE OS DEPRIMIDOS: 20% TEM A DOENCA. Ela é de dificil diagndstico, é que as pessoas podem acreditar que sao “assim mesmo" e tocam a vida sem ‘se sentirem paralisadas como os pacientes de TDM. Paradar o diagnéstico,¢ preciso que as sintomas sejam observados por pelo menos dois anes. Um dos “efeitos colaterais’ de uma depressio no tratada é grave: cerca de 800 mil pessoas morrem por suicidio no mundo todos os anos ¢ jd é a segunda causa de morte entre jovens de15a 29 anos de idade. ‘Tem tratamento, sim ‘Apesarda sensacao de desesperanca,a depressio tem ‘tratamento. Como no caso da ansiedade, a terapia cognitivo-comportamental é um dos mais eficazes, especialmente se combinada com medicamentos antidepressivos. Nos casos em que terapias e medicagio nao dio resultado, ha terapia de choque (literalmente). A eletroconvulsoterapia, que parecia relegada & Idade Média dos tratamentos psiquidtricos, é eficaz nos casos mais graves de TDM. Com uma semana de tratamento, jé é possivel verificar melhora nos sin- tomas. O equipamento da descargas elétricas (com © paciente anestesiado) que reequilibram os niveis dos neurotransmissores responsaveis por espalhar ‘0s impulsos nervosos do cérebroe mantero bem-es- tar. Sdo sess6es curtas, de nomdximo 10 minutos, e com duracio de até 12 sessOes, em média. Entre os contras, hd uma ligeira confusio mental logo apés a sessioe perda de meméria recente. Tem jeito paraa depressio. Mas é preciso pedir ajuda. € ANSIEDADE 43 Eilawanoo vina pone #SOMOSTOD O Brasil é 0 pais mais an: nsiosos, deprimidos,angustiados. Othe para oslados, leitor:nao pa- rece que esté todo mundoassim ‘no metré, no meio da rua, até na beira da praia? Os brasileiros so ‘os mais ansiosos do planeta - e vocé deve estar pensando que motivos nio faltam. Mas veja esta: entre os cinco paises menos desenvolvidos do ‘mundo, a média da populagio que sofre de transtornos de ansiedadeé menor quea médiado planeta. E que, além de fatores genéticos, qualidade de vida, stress até o que se come entra nessa conta, so do mundo, seguido por US$ 1 TRILHAO £OQUE CUSTAMA ECONOMIA GLOBAL OS. TRANSTORNOS DE ANSIEDADE E DEPRESSAO POR ANO. BRASIL | ~ wh eee JO [] [| [| = No total, sho 18.457.943 casos ‘QUATRO CAPITAIS. BRASILEIRAS TEM TAKAS MAIORES ‘QUE 50x DE. ‘TRANSTOI MENTAIS. ‘cOMUNS © a ShoPado PortoAlege Rlodejaneieo Som. Sos soe 2 % dos braslleros ter dstrbios © relacionados & ansiedade um dia. ‘Abe isn, um also tam qutrovezes ‘mals chances de morrerpor problemas cardiac. 44 Ansteoane Novazelinds —Auselln —Mddlgmundat Viet “a ae 2am 1/3 ‘DOS BRASILEIROS ENDIVIDADOS TEM ANSIEDADE,_ DORES DE CABECA E FALTADE S0NO®. 3BO sine tdmdor aniidade “Surndormie stabldnde decabega OSANSIOSOS Paraguai, Noruega, Nova Zelandia e Australia. por couaroa ENoLER REGIAO DO SUDESTE ASIATICO TEM MAIS PESSOAS. ‘COM TRANSTORNO DE ANSIEDADE NO MUNDO" © & vets “a sie ois a nf 2 g = ie ce Oscinco paises MAIS. Os cinco paises MENOS macuumee. er csensces cri a “= Ce eee [Js ‘catar +O PAIS MAIS RICO DO MUNDO é mais am ‘ansioso queO PAIS MAIS POI As pessoasque malsapresentaram ‘sintomas do transtorno de ansiedade esto nafaze dos AQ-49 MULHERES ‘témodobrede chance de sentiransiedade que homens 9. \VITIMAS DE PRECONCEITO.DE RAGA. ‘GEMERO TEM 4 VEZES MAIS CHANCE DE ‘SOFRER ANSIEDADE E DE PRESSAO, além deagravara chance de outras deencas. ATE10% das criancase ‘adolescentes sofrem algum tipo de transtorno.ansioso (excluide 0 TOC, queafeta ‘até 2% delas) ©, 450% weer apogonnodd ENTRE 15: fas pessoas que -eram violencia urbana, agresso a, abuso sexual, terrorisme, tortura, ‘assalto, sequestro, acidentes ou guerra desenvolvem stress pés-traumético ®. SEED SS CSTE aes cet cena snr rm) Qetae seni eines Bioiwnailede antedge Ditede mamnorosanwrds @ ase taseal oeseistaares ANSIEDADE 45 TRA Terapias, medicament alimentacao, exercicios, medi Conhega os trug para driblar a angtstia. especial ansiodade. CAP. COMO TRATAR VAT 3, ee Pe MEDIC. USO ADULTO FV SST Sc Dos primeiros remédios para dormir as drogas de ultima geragao, a lista de medicamentos para combater a ansiedade nao para de crescer. POR TATIANA RECKZIEGEL 48 areieoane os Angeles, EUA, 5 de agosto de 1962. Uma bela moga loira de 36 anos é encontrada morta deitada mua na cama ao lado de frascos de remédios paraa ansiedade. As capas de jornal que estampavam a morte de Marilyn Monroe ~ as- ‘sim como as de Jimi Hendrix e de Judy Garland anos depois ~ forgaram a induis- tria farmacéutica a se reinventar no tratamento do transtorno. Muito em fungio do perigo de overdose representado pelos medicamentos da época, até hoje ‘uma aura negativa paira sobre os ansioliticos. Mas desde aquela geragio, dos barbituiricos perigosos até as drogas atuais, muita coisa mudou. Antes da década de 1970, a medicagio mais co- lar como um comprimido para dormir. De 39 -gundos a 15 minutos depois de tomar oremédio, ji a possivel sentir orelaxamento profundo pela a¢a0} droga no sistema nervoso central. Até ai, parece} ‘boa opcao. O problema dos barbituricos é que| pacientes ficavam progressivamente menos s iveis aos efeitos. Por isso, iam aumentando as doses} ra reproduzir aquele alivio inicial, Automedicar assim seria s6 imprudente, se nao fosse letal. Os -bitiricos ficaram estigmati zados pelas altas taxas le overdoses acidentais e intencionais. O comeco de uma nova geracao de ansioliticos io com os benzodiazepinicos. Em 1957, 0 quimico] roata Leo Stemnbach, que trabalhava nos laborat os da Roche nos Estados Unidos, descobriu uma| .do Rivotril langou verdadeiros hits farmacolégicos| J4no final dos anos1970, 0s benzodiazepinicos eram| las drogas mais prescritas do mundo. Excelente aco contra a ansiedade sem o fantasma da overdose. Mas ai pintou outro fantasma: a alta dependéncia com ouso prolongado dos remédios. Um estudo pu- blicado em 2014 também associa o tipo de ansiolitico a0 aumento de 51% no risco de desenvolver Alzhei- ‘mer. Ele ainda pode provocar sindrome de abstinén- cia, inclusive em bebés de mies que fizeram uso do medicamento durante a gravidez ou aamamentacio, especial ansiedade. CAP. 09 noticia éque nio causa dependéncia,¢ aquela leseira fica menor com mais tempo de uso da droga. As drogas moderninhas Mesmo sendo 0s ansioliticos - como o préprio nome diz —“destruidores de ansiedade’, outras drogas man- dam bem nessa funcio. Meio por acaso, descobriu- se que os antidepressivos, criados para combater a depressio (claro), sdo excelentes medicamentos para otratamento também da ansiedade. Dando um zoom nos nossos neurdnios, dé para entender melhor. A serotonina é um neurotransmissor que regula sono, humor, apetite ¢ trabatha mais ou menos como um regente da ansiedade. Os remédios para depressio agem,cada um a sua forma, diretamente na serotonina. Desdeessa descoberta, na década de 1980, 0s anti- fessivos passaram a dominar os receitudrios par les atuavam sob um guarda-chuva bem maior que| serotonina, o das monoaminas, e isso provocaval feitos indesejados, como ganho de peso, disfuncéo| sexual e pressio baixa. Os IMAO estio quase sumidos ‘napa, principalmente por outea razio. E quequem| tiliza esse remédio tem que dar adeus a0 vinho, aos 1eijos, aos embutidos ea outros alimentos com alt \centracao do aminodcido tiramina, sob pera de| sar por uma grave crise de hipertenséo. ‘A buspirona nao poderia ficar fora da lista de| 1edicamentos mais populares para ansiedade. O| ‘ncipio ativo do Buspar é 0 tinico da classe das ironas comercializado no Brasil. Por muito tem ‘medicagao foi utilizada como uma alternativa aos| zodiazepinicos, mas sua eficdcia no tratamento} le transtornos deansiedade ¢ bastante questiondvel ‘maioria dos estudos realizados nio foi conchisi sobre o seu mecanismo de ago contra as psicopa! tologias. Pendendo para o lado bom da balanga, a ‘buspirona nao tem riscos de dependéncia e nem in- terage com odlcool. Os efeitos colaterais so menos reocupantes, como néusea, vertigem e dor de cabeca. ‘Sé que leva umas duas semanas até aparecerem as primeiras melhoras no paciente, o que ¢ considerado sum periodo meio longo — especial- ‘mente para um ansioso. Mesmo nao sendo os ititimos na ordem cronolégica, tendo sido descobertos na década de 1970, 0s inibidores seletivos de receptacio de serotonina (ISRS) s4o 0 que hd Apesar disso, os benzodiazepinicos continuam sendo utilizados em tratamentos atuais para casos agudos, em geral de sindrome do pinico. Pode parecer estranho, mas as vezes um remédio é utilizado justamente por seus efeitos colaterais. 0s ansioliticor clonazepam (Rivotril), ‘bromazepam (Lexotan) alprazolam (Frontal) ‘foramos tarja preta mais conmnidoane Pas da Foi assim com o uso de anti-histaminicos contraa de mais moderno nos tratamentosStode'aardocom ansiedade. Os farmacos, que foram pensados para contraansiedade. A diferencaé que __levantamentoda Amvisa, Combater os efeitos de alergias, apresentaram um essetipo dedroga age seletivamente __ Emdadosmalstuals da consultoria IMS Heatth, 0 Brasil atingiua impressio- rnante marea de 29 mithies de calxas de donazepam \endidas em 2015, bom e surpreendente desempenho ansiolitico. A hi- droxizina é a mais popular do grupo. $é que, como a maioria dos anti-histaminicos, conforme estudo, rovoca sonoléncia em 28% dos pacientes. A boa na serotonina. Logo, os ISRS tém ‘bem menos efeitos colaterais, mas ainda podem dar néuseas, urticd- ria e agitagdo, Hoje, eles costumam. ANGIEDADE 49) (ee) EJ como rrarar ser a primeira opcio de medicamento para tratar os, pacientes de transtornos de ansiedade. Com eficiéncia comparavel 4 da buspirona, os inibidores seletivos de receptacao de serotonina e noradrenalina (ISRSNA) funcionam de forma bem semelhante aos inibidores seletivos de receptacao de serotonina. Eles s4o mais novos que os ISRS, mas nem de longe superaram a preciso dos an- tecessores - apesar de terem efeitos colaterais semelhantes, como perda de libido e retardar a @jaculagdo no caso dos homens. A questo é que nem sempre inter vir na noradrenalina é positivo. Da turma dos neurotransmissores (substdncias roduzidas pelos neurénios que permitem que eles conversem com outras células) ela é responsdvel por regular, além da ansiedade, o humor e outras fungGes do corpo. Isso faz. remédios como a ven- lafaxina estarem entre as op¢des mais atuais de tratamento, mas ndo ocuparem o primeiro lugar. Ja nosiiltimos anos, os betabloqueadores drogas, originalmente receitadas para doencas cardiacas — entraram na moda entre os pacientes de ansiedade. Funcionam para atenuar sintomas como tremores e taquicardias em situacGes de ansiedade. Isso da con- fianca paraa pessoa seguir em frente com a terapia. ‘Além do transtorno de ansiedade generalizada TAG), ‘0s betabloqueadores so usados contra aansiedade Como agem os remédios EO on ty POT LTT} Cae ‘comunicagio entre os neurénios. Peery raat Ceara es Inundamo cérebro cetera Ere comers ray rec} Pi ee eet ‘uma forma stil no nivel dos neurSnios. paerer ear eens ppersteete ener sy nen Prey ru ean ee Cpe rere nro porcine ee nonin rey situacional, como falar em piblico. Porém, como toda moda medicamentosa, oferece riscos se no houver orientagio médica. “Como vo- ‘cé ndo compra remédios para ansiedade sem receita, existem pacientes que usam outras medicagdes de venda livre sem indicagio, o que ¢ um perigo”, comenta Marcio Bernik, psiquiatra e coordenador do Ambulatério de Ansiedade do Instituto de Psi- quiatria do Hospital das Clinicas de Sao Paulo. O propranolol e o metropolol, por exemplo, podem desencadear crises de asma e pressio baixa. Apréxima geracao Daqui paraa frente, tudo é hipétese nos tratamentos ‘medicamentosos da ansiedade. A préxima geragio de remédios pode surgir a partir de uma descoberta fres- erg do ANSIEDADE 53. COMO TRATAI que a TOC realmente modificaas partes do cérebro envolvidas em processar e regular emogdes. Os pesquisadores da Universidade de Zurique descobriram que, depois de apenas dez semanas de ‘tratamento, a terapia restabelece 0 ba- lanco de importantes regiGes cerebrais ¢, de quebra, deixa essas reas muito mais conectadas entre si. Na prdtica, a terapia de hoje se vale principalmente de uma técnica conhect- da como exposicao. E tao direta quanto ‘onome faz soar. A pessoa precisa se expor aos eventos que disparam a sua ansiedade. Antes de tudo, o terapeuta levanta uma espécie de “hierarquia de ‘medos’. Vale tanto para fobias espect- ficas, como de barata, quanto para 0 ‘medo de falar em piblico, comum nos {fébicos sociais. Para quem detesta os insetos antenudos, a graduacao pode ‘comegar com o desenho de uma bara- tinha sorrindoe terminar com muitas baratas escalando o seu corpo. A ideia é que 0 paciente va perdendo poucoa poucoa sensibilidade depoisde entrar em contato com a causa de sta ansiedade por diversas vezes, Primeiro ele observa o desenho da barata, até que, na sessio seguinte, toca nele. Depois uma foto do inseto e vai avangando até que ele consiga ver o animal de verdade sem sofrer com as descargas de adrenalin habituais. “Nas terapias cognitivo-comportamentais, a ideia é «que o paciente também seja seu proprio terapeuta. Ele trabalha no consultério, ‘mas pratica fora com uma sériede tare- fas de casa’, diz Ricardo Wainer, doutor em psicologia e especialista em psico- terapias cognitivo-comportamentais. ‘Noscasosem quea exposigao ¢ mais complicada que tocar em uma barata, ela pode acontecer sé na mente mesmo. Como um paciente claustrofdbico que se imagina em espagos cada vez meno- res, até que passa. ser capaz de encarar ‘um aparelho de ressonancia magnética. Cada patologia exige uma aborda- ‘gem distinta. No transtorno obsessivo compulsivo, o tratamento ¢ feito con- trotandoo alivio quea pessoa sente por satisfazer sua compulsio. Alguém com ‘TOC de contaminacao encosta em um 54 ANSIEDADE celular e precisa ficar dez minutos sem lavara mao. A ansiedade baixa natu- ralmente e 0 alivio que 0 corpo recebe em troca também é menor. Ja na fobia social, o desafio é que a pessoa nao evite 0 contato, em pri- ‘meio lugar, com o préprio terapeuta Enquanto, nos ataques ouno transtorno do panico,a psicoeducagao pode ter um. papel mais importante. Conhecimento é terapéutico Eo que é psicoeducagéo? Imagine se deparar com 0 seu maior medo. Na mesma hora, vocé sente taquicardia, bboca seca e pupilas dilatadas. Vocé estd pronto para lutar ou fugir, do- minado da cabega aos pés por aquele sentimento, Mas, se aguentar encard-to por dez minutos, acredite, a resposta fisiolégica vai sumir. da natureza das emogdes terem grande intensidade e curta duracao, Esse conhecimento se chama psicoeducagao e é capaz de mudar a vida de quem sofre com transtornos de ansiedade. Entender o funcionamento da QUEM TEM FOBIA DE BARATA VAI SER EXPOSTO AO BICHO. ‘emogao jé ajuda a racionalizar os me- dos em situagdes criticas. Quem tem transtomno de pinico, por exemplo, sente todos os sintomas do banho de adrenalina no corpo e acredita que vai morrer daquilo, Se ele racionalizar que nio funciona assim, que a ansiedade ‘tem que baixar depois de alguns minu- tos, vai estar munido de conhecimento para contornar melhor uma futura crise. Combinando psicoeducagéo com TCC e medicamentos - caso seja ne- cessério -, 0 tratamento cognitivo- comportamental para os transtornos de ansiedade tem uma duragao média de seis meses, variando bastante de ‘caso para caso. Mesmo quem consegue superar todos os sintomas tem que se manter vigilante como um terapeuta de si mesmo. O paciente deve estar 0 ‘tempo todo identificando quais ansie- dades sio improdutivas no seudiaa dia e munca parar de se expor. Afinal, se nao for praticado, todo o aprendizado pode ir pelo ralo do nosso cérebro. Emalta A grande tendéncia no universo das psi- coterapias é prevenirmais e tratarcada ‘vez mais cedo. Uma pesquisa divulga- da recentemente pela Universidade de Washington mostra que 0 cérebro dos recém-nascidosj da sinais do que pode se transformar em um transtomo de ansiedade ou uma depressio. Certos padrdes de conectividade cerebral, que esto presentes desde o nosso nasci- ‘mento, so intimamente ligados auma série de psicopatologias. E dlaro que genética importa, masa criagio também é fundamental para que uma crianga ansiosa desenvolva, de fato, uum transtorno. Segundo um estudo de 2016 da Universidade de Cambridge, as, mulheres tém duas vezes mais chance de sofrer com transtornos de ansiedade ‘que os homens. Acredita-se que parte seja por razdes evolutivas e parte seja responsabilidade também da criagao de ‘meninas sob a crenga do “sexo frdgil’ ‘Quando os pequenos crescem sendo levados a acreditar que sao vulnerdveis ‘ou incapazes, é mais provavel que se ssintam assim para encarar a vida. Quao ansioso vocé é? Aansiedade requer ferramentas para vocé descobrir quan- do ela passou da conta. Um dos recursos mais Escala ou Inventario de Ansiedade de Beck. Assinale quanto vocé sentiu dos sintomas utilizados é a ‘ados durante o iltimo més. WEM UM | Pouco, | MODERADO, | mUITo, wouco | frenedso’ | safewqum | incomedee Sataoe ronre até 21 pouyos ais DE 36 poTos Figs stent teso no eee ieee. seins, ad ‘iaedsdeapenssim —ineerteentnsseauida” — Patscomplicads Mas em Gees Tecate, Gaeeecnias ieeomes (Siempre jentremee mae Masskrasepreditias. Sudapronssenal rocureum especalista ANSIEDADE 55 OOM Vs SEU DRAGAO (INTERIOR) RWS Se RCC nice ig Roe Roum a ECA Cue ecu a ansiedade sozinho. POR LUIZA GUERIM ‘magine que vocé esté sentado em uma cadeira confortavel em um quarto silencioso. Com os olhos fechados, vocé foca a sua atengao em como oseupeito sobeedesce a cada vez que inspira e expira. ‘Vocé se concentra apenas no aqui e agora: na pressio dacadeirano ‘seu corpo, na sensagio das suas maos apoiadas nos joelhos, no ar circulando pelos seus pulmées. Essa ‘técnica é usada pela meditagio ha milénios - e foi emprestada pelo mind fulness (em portugués, “aten- ( plena’). O exercicio trata de aceitar e estar cons- Ciente do que acontece no presente, sem julgar seus sentimentos e pensamentos. Uma meditacao laica, digamos. O que antes, no entanto, era uma pratica espiritual milenar se tornou uma alternativa para tratar a ansiedade. ‘A busca por autoconsciéneia faz sentido para quem sofre desse mal. Em seu livro The Mindfulness Solu- tion (“A solugéo mindfulness’, sem traduca0 para o portugués),o psicdlogo e professor da Universidade de Harvard Ronald Siegel explica que, ao focar no presente, a meditacio mindfulness proporciona uma aceitacao de que as mudangas sao inevitaveis e da situagio em que se vive. Considerando que omedoe reocupacao excessivos sio caracteristicas marcantes da ansiedade, ter consciéncia plena daquilo que sente pensa, como propdea técnica, pode ser importante para enfrentar o problema. Essa ndo 6, no entanto, apenas mais uma préti- ca de vida saudavel que virou moda. Ha décadas, pesquisadores estudam o efeito da meditarao no organismo humano. E provas da eficdcia da técnica nao faltam. Por exemplo, o neurocientista Richard. Davidson, da Universidade de Wisconsin, investigon © cérebro de Matthieu Ricard, monge budista com décadas de experiéncia em mindfulness. O pesquisa dor conseguiu, ao medir e mapear a tividade neural de Ricard, identificar que a meditagao proporciona uma maior ativagio do cértex pré-frontal esquerdo, algo que acontece quando temos menos pensamentos negativos e estamos felizes. No caso do monge, a> A CHAVE PARA ALIVIAR O STRESS VIA MEDITACAO E SE MANTER NO PRESENTE E FICAR CONSCIENTE DOS PROPRIOS PENSAMENTOS ANSIEDADE 57 COMO TRATAI 58 Ansieoave atividade neural era fora do normal, O estudo rendeu a Ricard o posto de “o homem mais feliz da Terra” pela imprensa internacional. Mas, nao se preocupe, vocé nao precisa ser um monge budista ou ter anos de experiéncia com meditagao para sentiros efeitos dda pratica na sua satide, Oito semanas de meditagio jé podem ajudar e muito ~aomenos 60 que prometem os entendidos. Em 1979, 0 cientista nova-iorquino Jon Kabat-Zinn, 20 lado de dois colegas, criou uma clinica experimen tal com 0 objetivo de utilizar praticas de meditacao no tratamento de pacientes com diferentes doencas crénicas. Todos os casos tinham um denominador passos para praticaro mindfulness Com a pressa do dia adi fica i momento em que voci conseguir sentar em posicao de létus para meditar e en- toar mantras. A boa noti 6 que vocé nao precisa se comum: o stress. O médico entio desenvolveu 0 programa chamado de Reducao do Stress Baseada em Mindfulness, com oito semanas de duracio. O programa consiste em sessGes semanais em grupo ‘que duram de duas a duas horas e meia cada,¢ uma sessio intensiva de seis horasna sexta semana. Desde entio, 0 programa foi objeto de estudo em centenas de pesquisas para comprovar a sua eficdcia. Cérebro reprogramado Um dos estudos mais expressivos, liderado pela neurocientista Sara Lazar, da Universidade de Har- vard, apontou que a meditagao mindfulness pode ENCONTRE UMA UTILIZE UM prender ao modo tradicional POsi¢AO CONFORTA- CRONOMETRO 7 VEL E'UM AMBIENTE ‘Quando se comega 2 da técnica milenar. Am SILENCIOSO meditar, comum 3 Omaisimportanted tero Aistrairpensando sobre ditagao mindfulness é bem mais simples do que vocé pensa. Saiba como comegar apraticar a aten¢ao plena. minimo possivel dedistra- ‘es. Entio, acomode-se da forma que sesentir melhor: sentado emuma cadeira, ajoethado em uma almofa- da ou até mesmo deitado, fo tempo:estabeleca um. periodo para o seucroné- metro endose preoaupe ‘com os minutos. Inde com sessiesmals curtas, de10295 minutos. rovocaralteragdes na estrutura do cérebro. Foi pos- sivel identificar que os participantes da pesquisa que atuaram no programa MBSR tiveram aumento da ‘massa cinzenta no hipocampo esquerdo, no cértex ‘cingulado posterior e na jungéo temporo-parietal, areas envolvidas no processo de aprendizagem, de ‘memiéria e na regulacio das emogoes. E qual a con- clusic? Sentiam menos stress. Outro estudo, realizado pelo Departamento de Psi- (quiatria do Hospital Geral de Massachusetts, mostrou que individuos com transtorno de ansiedade genera- lizada apresentaram uma reducio significativa dos sintomas apés participar do programa criado por Jon FECHE 0S OLHOS E RESPIRE FUNDO Concentre-se eminspirar ‘eexpirar, sentindo o pelto movimentar. A respiracSo funciona tanto como um hipnotizador quantouma {ncora para a sua mente, sendo capazde aquietar ‘os pensamentos e manter ‘ofocoemuma tnica aio. NAO SE PREOCUPE EM ESVAZIAR A MENTE prtica significa parar de pensar Pelocontravo, a técnica gra em torno de foco. voc’ observar fo que acontecena sua mente 2 aceitarseus pensamentos ‘ezentimentozsem medos ou julgamentos Kabat-Zinn. Os beneficios da meditagio podem ser sentidos tanto a curto prazo, com a sensacio imediata de tranquilidade apés uma sessio, como a médio pram, com a diminuicao da frequéncia de pensamen- tos negativos. E muito além. Segundo uma pesquisa da Escola de Medicina de Harvard, comandada pela psiquiatra Elizabeth Hoge, praticantes de meditacio apresentaram telémeros — que sio como ampulhetas naturais das células — mais longos em comparacioa ‘quem nao meditava. O que, em teoria, garante ales ‘uma diminuigdo do envelhecimento celular. Resu- ‘midamente, quem medita mais pode viver mais - sem ansiedade. Um prato cheio. © FACA DA MEDITACAO UM HABITO FREQUENTE Tenteincorporara técnica nazuarotina, Ameditagso uma pritica que é aprimo- rada com otempo, necessi- ‘tando dedicacio, paciénda ‘epersistancia. Ertabeleca metas e participede grupos para tornar aexperiancia mais completa, ANSIEDADE 59 MENTES SACIADAS Disturbios alimentares vém acompanhados de ansiedade. E, para combaté-los, o cérebro precisa de alguns nutrientes especificos. A boa noticia? Eso inclui-fos na dieta. POR LAIS SOARES* 60 ansteoave rrio na barriga, dores de estmago. Ou quem sabe peso, enjoo, sensagao ruim na regio do bbaixo ventre? A ansiedade nao acontece s6 do ppescogo para cima, ‘Como todos os outros érgaos do nosso corpo, sum eérebro azeitado também depende de uma alimentagio adequada. Parece Sbvio, mas essa telacio é mais complexa do que se imagina O ccérebro é formado por bilhdes de conexdes nervosas,e o seu bom funcionamento depende da comunicagao entre os neurénios,feita pelos neurotransmissores, as substancias-chave para entender como aescotha de uma dieta influencia o cérebro. ‘Atuando em diferentes dreas do sistema nervoso, inchuindo as, sensagées, fungdes motoras, meméria eaprendizado, os “mensagei- ros’ do cérebro sio feitos a partir de aminodcidos,que podem ou nao ser produzidas pelo corpo. Os que nao so produzidos naturalmente chamam-se aminodcidos essenciais,e precisam ser obtidosa partir de uma dieta balanceada. Assim, quando a alimentarao néo fornece as quantidades necessarias deles, como o triptofano, presente na carne e nos feijbes, que garante a producao da serotonina, cria-se ‘uma comunicagao problemdtica entre os neurénios, em fun¢ao da queda na producao dos neurotransmissores. Mas e a ansiedade nessa historia? De acordo com a pesquisa Feeding Minds: the Impact of Food on Mental Health (Alimentando Mentes: 0 Impacto da Comida na Satide Menta), desenvolvida pelo grupo britanico The Mental Health Foundation, existem quatro grupos de neurotransmissores que, quando deficientes no organis- ‘mo, podem causar sintomas relacionados a depressio e ansiedade, além de sensagSes como apatia, desmotivagao e iritagao (veja box nna préxima pégina). Alimentos e substincias como bebidas com cafeina, chocolate, frituras,dlcool e nicotina também tém uma alta capacidade de ativar os neurotransmissores que estio escassos no cérebro, liberando uma sensacio de prazer tempordrio. Embora sejaimpossivel negar os beneficios psicolbgicosimediatos dessas substincias,aagio delas PARA ALEM DA ATIVIDADE CEREBRAL A préticade exerccios ‘regulares trax benefice ‘emoctonals e psicoldgios. Confira quais so eles. Ol er’ Od iin aueapresen tem desafios mesmo ‘quepequencs, como ‘SKancaruma quaridade spediicade qulémetros ten umaconida,pade 20 ‘mentaraautoconfiana, or mostrar ace ansiosos fis capaciade de geen ar desaoseomengas potenciais oisreacio ‘Acapacidade ‘as atividades feicasde re dduzira ansiedade durante periodosestressantes possul a mesma efcicia {quecs tratamentos base- _ados em meditagso, mas ‘comefeitasansioliticas ‘mais duredouros. eee O: Based sone ‘ecidos com os da anse ‘dade, como batimentos cardiacos acelerades ‘Assim, apriticaregular ‘aumenta a tolerancia| 2a sensagéesflicas que ‘normalmente $30 cons: dderadas desconfortivels Austeoave 64 Ha alimentos especifico: que podem ser usados de ansiedade e que fora em pesquisas recentes. Eles estao em um artigo publicado pela doutora em medicina e professo assistente na Escola de Harvard, Uma Naidoo. no eérebro nio passa de uma engana¢ao longo prazo. ‘Sabe aquela sensario de bem-estar depois de comer um chocolate? Vocé esté sendo manipulado. Ao comer uma certa quantidade de chocolate, seucére- bro fecha alguns receptores para tentar regular a inundagio de noradrenalina {neurotransmissor responsdvel por deixé-lo feliz depois de um pedago de chocolate) que estd recebendo, proceso conhecido como down-regulation, Com o passar do tempo, uma barrinha do doce jé ndo faz 0 mesmo efeito no seu corpo, pois seu cérebro se acostumou com aquela quantidade. Assim, seu desejo por chocolate aumenta e vocé tende a comer cada vezmais para obter a mesma sensagao. Essa relacao pode se transformar em um circulo vicioso, em que océrebro estabelece a down-re- gulation em respostaa certos alimentos. Por issoé tao dificil resistira “sé mais sum pedacinho*. Quando a fome vem Embora ndo estejam no mesmo ca- pitulo da biblia da mente, o DSM-V, ublicagio que é um apanhado das doengas mentais, ¢ quase impossivel dissociar os transtornos alimentares 62 ansieoace Ansiolitico no prato para reduzir os sintomas testados e comprovados ESPINAFRE E ACELGA Ricos emmagnésio, osalimentos ‘ajudam a forjar a sensacio de ‘ranqullidade. Estudo indica que ‘camundongos que tiveram omag~ nésio suprimidoda alimentag3o ‘acabaram por demonstrarum ra . comportamento ansioso. daansiedade - nao é 4 toa que andam de mios dadas. A OMS estima que 1% da populacio do mundo sofra com al- gum tipo de transtorno alimentar. Os mais conhecidos soa bulimia (quando a pessoa come e forca a expulsio do alimento com vémito ou laxantes)¢ a anorexia (quando o paciente pratica- ‘mente cortaa alimentagio por panico de engordar) -e aansiedadeassombra ambos. Em mais da metade dos casos das doencas, foram também diagnosti- cados transtornos da ansiedade. Entre ‘os mais conmuns, estio aansiedade ge- neralizada,a fobia social e os transtor- ros obsessivos-compulsivos. “0 paciente torna-se refém do corpo ede sua imagem, bem como do prato, aumentando aansiedade eo mal-estar. E piora muito a sua satide devido a desregulacio nutricional decorrente do transtorno alimentar, como ocorre no comer insuficiente, nos vomitos incontroléveis ou no uso intermindvel de laxantes, Isso realimenta o TAD (sigla para transtornos de ansiedade edepressio),e af os problemas se ex- ponenciam’, diz 0 psiquiatra Breno Serson, doutor em Ciéncias Cogniti- vvas, no livro Transtornos de Ansiedade, Estresse e Depressdes. OVO, FIGADO, CASTANHAS DECAJU EOSTRAS ‘Alimentos com alta concentragSo dezinco aio indlepensivels. Equea deficiénciado mineral vem sendo relacionada em pes- {quisas com pacientes que sofrem dedepressio e ansiedade. HA outros transtornos alimentares ligados & ansiedade. A compulsio ali- ‘mentar periédica é quando o paciente ‘come muito e mais rapidamente que © normal, até se sentir empanturrado. Em geral, come sozinho por vergonha das quantidades de alimentos que in- .geremesmo sem sentir fome. No final, sobram repulsa, depressio ou culpa. No outro extremo, esté a vigorexia que, apesar de ndo ser enquadrada como um transtorno alimentar no DSM-Y, vem crescendo. Ea preocupa- «fo excessiva com 0 corpo musculoso € a altera¢do da rotina em fungao do excesso de exercicios e de dieta rigi- damente controlada. A ortorexia, que também nio é um distirbio cataloga- do, éa busca pela alimentagao saudavel ao extremo, a ponto dea pessoa deixar de comer se no souber exatamente a procedéncia do alimento, nutrientesetc. “Algumas pessoas acreditam que, a0 ‘comer um alimento‘proibido, ‘gordura vai direto para o quadril ouparaabarri- ga, diz Serson. “O mais correto é fazer umareeducagéo alimentar geral e dentro do que é razoavel e consagrado Isso, caro, envolve mudar os padroes de com- portamento. Comer pode, sim, ser um. razer sem culpa. E sem ansiedade. PICLES, CHUCRUTE, KEFIR E ASPARGOS FRUTAS VERMELHAS FRUTAS E VEGETAIS CONSER- ‘Apso governe chings aprovaro.uso Alimentos antioxidantes, que VADOS EM SALMOURA doextrato de aspargona indistria protegem ae célularsadias do Alimentos ricas em probiéticos alimenticia, estudantes da Acade- ‘organismo, como frutas verme- foram associodos 3 ielewigao da mia Chinesa deClindas Médicas thas, e espedarias, como agafrio ansiedade, rlacionando bactérias comprovaram as propriedades ‘egengibre, possuem alto nivel benéficas, saidedo intestinoe ‘antiansiedade do vegetal, raga de propriedades antiansiedade, diminuigao da ansiedade sodal | presenca do Scido fico. reduzindo a cortzal. Neurotransmissores da alegria Serotonina Acido gam: Acetilcolina Catecolaminas ©auetOneurotrans- — aminobutirico © que Umneuro- © que ¢ Uma classe de missor“dafelicddade"é (GABA) transmissor importante neurotransmissores tum dos mais populares © aus Eoneuro- paradiferentesfuncBes _queincluem dopamina, ‘quando sefalaem transmissorquetem _no.cérebro, como adrenalinae noradrena- alimentagioe compor- _malorcontrole sobre -—aprendizado, memérlae lina, eso responsivels tamento. A serotoninaé a ansiedade.OGABA controle muscular. pela regulacio do formadapelo aminoseldo éumfortesedatvodo —suasscassezcausa humor. triptofano. sistema nervoso. inibe _dificuldade de con- SUA ESCASSEE CAUSA suacscasse: causa aatividade das éreas——_centraglo, confusio falta de motivacioe mauhumor,faltade _—excitatérias docérebro. _eesquecimento.A concentragio, além de sono, ansiedadee ‘Ainda responsavel colina, responsivel pela umdesejo incontrolével desinimo. pelasensacioderela- __formacioda acetiico- __poralimentos esubs- ONDE ENCONTRAR Para xamentoebem-estar _—lina, éproduzidapelo _—tdncias estimulantes, cevitar as sensagées inde- durante o sono. corpo, mas precisa ser _prejudiclais para otra- sejadas,érecomendada sua scasstz causa eamplementadacoma _tamento da ansledade. alngestiodealimentos difculdadederelaxar _alimentagio. ONDE ENCONTRAR como camese queljos _edesligar-sedede- onde enconvaan Em Atirosina, responsével com pouca gordura,oves terminadassituagées, alimentos como.vos, _pela formago das efeliées. Oconsumode —_ansiedadeextrema, figado, salmio, atu, _catecolaminas, precisa carboldratos também é —_leritagloe baixaestima. _sardinha ecouveflor. _dealguns nutrientes importante. Apesarde —onor sconvnaxEm —_Paragarantir uma para funcionar. Assim, no possuiremconcen- alimentos ricosem produgéo regular de frutas everduras.com tragiodetriptofanona _acidoglutimico,ma-__—acatilcolina no organis-_altaconcentrago de vi- composigio, os plezi-_téria-primadoGABA, _—mo, ainda énecessirio. —_tamina C, como laranja, nhosemassas aumentam vegetals verde-escuros, _incrementaroconsumo —_ cereals integrals 350, ‘adisponibilidade da sementes enozes,bata- de alimentosricos em _essenclals para garantie substinciano.cérebro. tas, bananas eovos. vitaminas oequilibrio. Ansieoane 63 Tree ee reer ire COMO TRATAI en Em cena, as diversas faces da ansiedade. Conhega livros ¢ filmes que transformaram a doenga em otima fic¢ao. POR RAFAELA MASONI Adaptacao Cr kanes Kaufman é convidado f) rote’ Pca ieee ery ee eee clona e vende orquideas raras. Charlie ee ees generalizada e, além da dificuldadee Co oe ers ene ert rn autoestima e episédios de paranoia. oon ‘A tramagira em tomo de Sam, ‘um homem com distirbios {queo fazemter amentalidade ddeuma clangade7 anos, que cuida dafiha, Lucy. Correndo o isco de perder a guarda da menina, ele precisa que sua vzinha Annie deponha aseu favor em tum tribunal, Annie, no entanto, sofre de ‘agorafobia, medo de espagos publicas e lugares dificeisdefugir ou obtersecorra. 64 ansieoane (2004) Jenna Rink tem 3 anos ea sensacio de que tudo est ‘erado em sua vida no con ‘segue atencSo des populares ddaescola, seus pals esto sempreno seu péeogaroto por quem é apaixonads ‘nem sabe de ua existéncia,Porisso, _agarotaanselapelavida adultae, em seu anversério, desejacrescer Logo para tera vidacoma qual sempre sonhou. (4963) Ocléssico de Federico Felin, om atuagSo de Marcello Mas ‘olan, conta ahistéria de Guido ‘Anselmium dretor de cinema ‘em um bloqueiocritivo quando est prestes 2 rodar seu préximo filme. Emcrise ese ‘entindo pressionado, Guido comeyaa con. fund sonho ememéria, passadoe presente, fantasia erealidade. 8 1/2 éautobiografico, ‘com cenas inspiradas na vida de Fel Peres errr Fiooon posroievsnt MEMORIAS. Do SUBSOLO ect MEMORIAS DO SUBSOLO F1600R vosToIEVsKI Provavel- mente no écoinc dénciaro narrador deste romance de Destolévski ndo tem nome. Ele sofre de fobla socal, um transtorne de ansiedade que faz com ‘que a pessoasse sinta ‘extremamente descon- fortével em situacées nas ‘quals precisa nteragir com ‘outras. O personagem, entio, procura evitar ‘qualquer tipo de exposicso piiblica evive escondide no subsolo, O anti-herdi do escritorrusso éum dos maiores exemplos de fluxode conscléncla da edade. GAP. 08 20 are Michael Cunningham As Horas otal common [Aesertor ingles Virginia Woot 3 dona de case Laura Brown escdtora Clarissa Vaughon So's protagonists datrome, que masts um diana vida de cada uma: Em 1933, Wool escreve Mrs. Daloway, que lide por Laura nadécada de 950, tnquanto Clarissa, em aver, vive uma histériasemethante, planejauma festa para um ex-namorado que esté mer: rend. Cunningham mastra relay Sodas peronagens com transtomos como ansledade«depresso,aterando feqSo e nsec. As Horestecebeu um Pultan em 999.0, m0, J.D. SALINGER Holden Caufield & ur ‘adolescent angustiado ‘emelancélico, que se mostra revoltado com abipocrisia humana. A narratva dojovern sobre ‘ua vidaé aforma que]. Salinger encontra para mostrar oquanto ‘os problemas da soce dade poder impactar rmentes mais sensvels, ‘causando transtornos ‘como ansiedade ede pressdo. Olivo tem mais {de60 anos einfluenciou seragbes de letores ‘CYNTHIA HAND Narrado fem primeira pessoa) O.Ukimo ‘Adeuscontaa histéria ddeLex, uma garota de wBanosqueé estimulada por seu terapeuta 2 cescrever um disrio paraexpressar seus sentimentosretraldos. Tendo de idar com urna siriede acontecimentos immpactantes, 3 jovern| ‘experimenta sintomas ddeansiedade e precisa ‘aprender alidarcom serkimentos come Uteratura mundial. ‘também ganhou uma versio para o cinema. perda eculpa REPULSA Repulsa ao Sexo ¢O inuitno fazem parte vive em Londres com a irmé mais velha dda sequéncia conhecida como “trilogia do ‘Quando fica sozinha em casa, a ansiedade AO SEXO e apartamento”, filmes de Roman Polanski ‘eos medos vém & tona, em alucinacoes OQ INQUILING — estdssenctam, bem, rumapartamento, _vilentasepervesas Neles, oclima é obscuroe claustrofébico, Jéem0 Inguitno, além de roteirista ediretor, (196s £1976) perfeito para a paranoia dos personagens Polanski é protagonista.O filme conta (0 terceiro titulo aintegrar atriade é ‘ahistéria de Trlkovsky, um polonés que (0 Bebé de Rosemary, de 968) ‘aluga um apartamento em um prio antigo, Em Repulsa ao Sexo, Carol Ledoux, interpretada_e temaimpresséo de que os vizinhos 0 porCatherineDeneuve,éuma manicure que _observam. E a paranoia se instala eter so ANsieDAve 65 oes ee corora Abril ‘ere "asneam) ‘consort Vicor Civita No (Presidente), Thomaz Soulo Conta (Vie Presidente, “Alesandra Zapparol, Giancarlo Cita eJoséRober Guzzo intra tori ePaberda ab: Alesandra Zappa Dieter de peur Fabio Petossi Gallo intr desnatiras Ricardo Perez ‘Dretoa da cra or iva Pda. Dieter cotae Dimas Mito, eure decade abel Amorim Distr de an june Cnt Opes Eason Soares Detar de eign de “Andrea Abella ‘Dretordetecaap Carbs Sungiorg Distr trast de Vide Slo Gwercman Canad Dietor de Redacio: Aland Vrsgass Diretor de Are: Fav Mande Eciores: rune Gratin arn Husk eT Joka ‘Designers: ve Ps, Maya Rand, Tand Geese Thies Malina Reporteres: Ana Calin eanar Felipe Germana ePinel Carhart Gaaid DossIE {itor Kain ane Colsboraram nest ecb: Cart - Agta Cn i), Bead Carn ar Ear ne Rend Cr atone te Gov, nde vy Melt eda r,t Tater lateet Labrie Cate Vinal dyin Cas ed), i Stara etme magemdep) AlaneeC ara rds) eAnderan deere) ANSIEDADE ISBN 978-85 69520355 éomitro dh Ean Aba SA. diasbakioen pdb oslpeh DinapSA Detain Nicinal “e Pusicaies Sp Pus, Oven Ansedadsndoatepeaiadcedatoral IMPRESSO NA GRAFICA ABRIL, Ansiedade: as origens, os distirbios e os tratamentos para o mal do séeulo, / Editora Abril.- So Paulo: Abril, 2017 68 pil; z7em, (Dossié Superinteressante , ISBN 978-85-69522-35-5) 1. Ansiedade. 2. Sistema nervoso - Doengas. 3. Neuroses - Ansiedade. L Titulo. IL, Série CDD 6168522

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