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1 Acadêmico do Curso de Química Bacharelado da Universidade de Passo Fundo; Passo Fundo, RS;
E-mail: 77666@upf.br
2 Professora Dra. do Curso de Química Bacharelado da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS
RESUMO - Com a crescente demanda de água para abastecer a população urbana cresce
também a quantidde de matéria prima utilizada para o seu tratamento, gerando maior volume
de resíduos. Desde o ano de 1950, o principal destino destes resíduos era o próprio manancial
de água onde era captada ou cursos de águas próximos a Estações de Tratamento de Águas
(ETAs). No Brasil a partir de 1990, começou-se a questionar a disposição final destes resíduos
e sua toxicidade para o meio ambiente, e normas foram elaboradas para classificar
adequadamente os resíduos sólidos, incluindo o lodo gerado em ETAs. O objetivo deste
trabalho foi avaliar a eficiência da substituição de sulfato de alumínio utilizado em ETAS, por
um polímero orgânico-catiônico e biodegradável (tanino), podendo então assim, esse lodo ser
possivelmente, disponibilizado diretamente em solos ou utilizado como substrato para
agricultura. Os resultados foram satisfatórios, demonstrando a eficiência do tanino, que
apresentou resultados similares ao sulfato de alumínio e com uma dosagem bem menor de
coagulante.
Palavras-chave: água, lodo, taninos.
ABSTRACT - With the increasing demand of water to supply the urban population also
increases the volume of raw material used for its treatment, generating more waste. Since 1950,
the main destination of this waste was the very source of water where it was collected or water
courses near Water Treatment Stations (ETAs). In Brazil, starting in 1990, the final disposal of
these wastes and their toxicity to the environment began to be questioned, and norms were
elaborated to adequately classify solid wastes, including sludge generated in ETAs. The
objective of this work was to evaluate the efficiency of the substitution of aluminum sulphate
used in ETAS by an organic cationic and biodegradable polymer (tannin), so that this sludge
could possibly be made available directly on soils or used as a substrate for agriculture. The
results were satisfactory, demonstrating the efficiency of the tannin, which presented results
similar to aluminum sulfate and with a much lower dosage of coagulant.
Key words: water, sludge, tannins.
1 – Introdução
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a construção desses aterros, impactando em desmatamento e desequilíbrio ecológico (FONTES,
2008)
O uso de polímeros naturais como coagulantes torna-se uma alternativa eficiente em
relação ao sulfato de alumínio, já que estes são biodegradáveis, podendo ser disposto
diretamente em solos ou utilizado como substrato agrícola (MANGRICH et al., 2014).
Sendo assim, o presente estudo de pesquisa teve como objetivo avaliar a comparação e a
eficiência entre o sulfato de alumínio utilizado em uma Estação de Tratamento de Água (ETA),
e o coagulante TANFLOC SG®, um polímero natural, catiônico e biodegradável, extraído da
casca da acácia negra (Acacia mearnsii), produzido pela empresa TANAC S/A, com sede em
Montenegro, RS.
2 – Desenvolvimento
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impermeabilização por argila e geomembrana de PEAD (polietileno de alta densidade), sistema
de drenagem e tratamento de efluentes líquidos e gasosos, além de constante monitoramento
ambiental.
A PCR nº 5, de 28 de Setembro de 2017, Anexo XX, do Ministério da Saúde dispõe
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade, assim, segundo esta, a água destinada ao abastecimento público, deve
atender aos parâmetros estabelecidos na Portaria, entre estes:
3 – Material e Métodos
3.1. Material e equipamentos
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Os equipamentos utilizados foram: AQUA-TESTER® com discos colorimétricos
HELLIGE® para análises colorimétricas de cor (íons Fe2+, íons Mn2+); pHmetro, Marca
DIGIMED, modelo DM; Turbidímetro, Marca HACH, modelo 2100Q; Floculador elétrico com
capacidade para seis copos, Marca POLICONTROL e Chapa elétrica, Marca VELP.
3.2. Métodos
- Determinação de cor: Comparação visual (NBR 13798: 04/1997);
- Determinação de turbidez: Nefelométrico (SMWW, 22º edição, Método 2130 B);
- Determinação de pH (potencial de hidrogênio): Potenciométrico (NBR 7353: 11/2014);
- Determinação de alcalinidade: Titulométrico (NBR 13736: 11/1996);
- Determinação de matéria orgânica: Pergamanganométrico (NBR 10739: 09/1989);
- Determinação de íons Fe2+(aq): Colorimétrico (NBR 8079: 12/2005);
- Determinação de íons Mn2+(aq): Colorimétrico de persulfato (NBR 13739: 11/1996).
3.3. Metodologia
Para execução dos ensaios de coagulação e floculação foi utilizado o Jar-Test ou Teste
de Jarros com duração de 15 minutos (DI BERNARDO, 2002). O teste visa simular em escala
de bancada, as etapas de coagulação, floculação, sedimentação e filtração em recipientes
contendo 1 litro de água. Para simular a mistura rápida, o floculante foi adicionado sob agitação
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rápida de 180 rotações por minuto (rpm) durante 1 minuto. Após 1 minuto o aparelho foi
regulado para uma rotação intermediária entre 70 e 80 rpm até o final do 4o minuto. Até o final
do período, 15o minuto, regulou-se a velocidade entre 50 e 60 rpm. Após, retirou-se as hastes
dos copos, aguardou-se 10 minutos, para sedimentação dos flocos, e filtrou-se a amostra em
funil com algodão em volume suficiente para realização de todas as análises. A filtração em
funil com algodão, simula com eficiência e representabilidade os filtros de areia e cascalho
utilizados em ETAs.
Os testes de jarros foram desenvolvidos em triplicatas, distribuídos em três dias
diferentes, durante o mês de maio de 2018, e para os dois coagulantes. Para a faixa de dosagens
para os coagulantes, é importante determinar as características naturais da água bruta. Matéria
orgânica e turbidez são preponderantes para tal escolha, e é importante também a avaliação do
pH, alcalinidade e temperatura. Empiricamente, para se encontrar a faixa de dosagem do
coagulante pode-se empregar a relação média de que para cada 1 mg L-1 de oxigênio consumido
em meio ácido, (determinação de matéria orgânica), adiciona-se 5 mg L-1 de sulfato de
alumínio. A eficiência do tratamento é avaliada em parâmetros elencados na PRC nº 5, de 28
de Setembro de 2017, Anexo XX, aplicando assim, uma correta dosagem de coagulante, e sem
desperdício do mesmo.
Devido a água bruta estar com um índice de alcalinidade total satisfatório, acima de 20
mg L-1 de carbonato de cálcio, dispensou-se o uso de alcalinizante, no caso cal hidratada
(Ca(OH)2(aq)). Foram preparadas soluções dos coagulantes a 1%, para que no teste de jarros,
com capacidade de 1000 mL, sua concentração fique em ppm (partes por milhão).
Primeiramente foram determinadas as características físicas e químicas necessárias da
água bruta: pH, cor, turbidez, alcalinidade, matéria orgânica, temperatura e íons de ferro II
(Fe2+), íons Mn2+e de manganês II (Mn2+).
No decorrer do trabalho não houve mudanças significativas nas características da água
bruta em questão, então se procurou diminuir a quantidade de coagulante para se conseguir uma
dosagem mínima ideal do tanino.
4 – Resultados e discussão
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Tabela 1. Características físicas e químicas da água bruta para os três testes de jarros
Nº do teste de jarros I II III
Temperatura °C 23 21 20
Turbidez NTU 17 21 18
pH 6,9 7,0 7,2
Cor: 45 mg L-1 Pt-Co 45 45 45
Alcalinidade total: 23 mg L-1 CaCO3 23 23 22
Matéria orgânica: 5,2 mg L-1 O2 5,2 4,2 3,4
Íons Fe2+(aq) 0,6 0,9 0,8
Ions Mn2+(aq) 0,05 0,05 0,05
Foram adicionados 1000 mL de água bruta em cada um dos seis copos, adicionou-se as
concentrações de sulfato de alumínio nos copos simultaneamente nas concentrações de 12, 14,
16, 18, 20 e 22 ppm. Após o término do teste foram determinados os mesmos parâmetros para
o sulfato de alumínio e para o tanino, resultando nos dados das Tabelas 2 a 7 abaixo. Para
aspecto dos flocos e sedimentação urilizou-se classificação conforme Quadro 1:
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Tabela 2. Teste de jarros I com sulfato de alumínio.
Copo / Dosagem 1 / 12 2 / 14 3 / 16 4 / 18 5 / 20 6 / 22
Aspecto do floco N R B B B B
Sedimentação ― L B B B B
pH ― 6,8 6,8 6,8 6,7 6,7
Turbidez (NTU) ― 10 6,1 3,6 2,1 1,8
Turbidez pós filtração ― 2,1 0,8 0,3 0,2 0,2
Cor (mg L-1 Pt-Co) ― 12 5 2 2 2
Alcalinidade (mg L-1 CaCO3) ― 11 11 10 10 8
Íons Fe2+(aq) ― ND ND 0,1 0,1 0,1
Mn2+(aq) ― ND ND 0,02 0,02 0,02
Matéria orgânica (mg L-1 O2) ― ND ND 1,8 1,6 1,5
Considerou-se como dosagem minima ideal para o 1º teste com sulfato de alumínio, 18
ppm, apresentando todos os parâmetros de acordo com a portaria vigente. A dosagem de 14
ppm foi satisfatória em alguns quesitos, más em relação a turbidez após filtração, foi
insatisfatória, já que o mínimo é 0,5 NTU. Não se determinou íons de Ferro II, Manganes II e
matéria orgânica em dosagens inferiores, já que se mostraram fora dos parâmetros.
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o sulfato de alumínio foi mais eficiente na remoção de matéria orgânica, a qual não é um fator
determinante. Como a dosagem minima de tanino de 12 ppm, foi satisfatória, foi reduzida a
dosagem mínima para 8 ppm.
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Teste de jarros III – Sulfato de alumínio.
Para o teste III, foi escolhida como dosagens mínimas 14 ppm para o sulfato e 8 ppm para
o tanino, atendendo assim os parâmetros da PRC nº 5, de 28 de Setembro de 2017, Anexo XX.
Assim, o presente trabalho buscou comparar uma faixa de dosagem de coagulação para o
tanino, em comparação com o sulfato de alumínio, visando alcançar os padrões estabelecidos
pela PRC nº 5, de 28 de Setembro de 2017, Anexo XX. Um dos objetivos era fazer essa
avaliação com águas com baixa turbidez, bem como turbidez mais elevada, característica de
épocas de maior precipitação, mas devido ao período de estiagem no decorrer do trabalho,
avaliou-se somente com águas de turbidez mais baixa. Inicialmente adotou-se uma faixa de
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dosagem de 20 ppm, como intermediária, que poderia ser disposta do 3º ou 4º copo, mas como
o objetivo sempre é de conseguir parâmetros com a melhor dosagem possível, utilizou-se no 5º
copo e foi-se reduzindo as dosagens em 2 ppm respectivamente.
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Constatou-se que o tanino não consome alcalinidade, dispensando assim o uso de
alcalinizantes, e houve pouca ou praticamente nenhuma alteração de pH no uso do tanino,
diferente do sulfato de alumínio que consome alcalinidade e provoca um abaixamento do pH
da água durante a coagulação/floculação. Também houve eficiência na remoção de íons de
Fe2+(aq) e íons de Mn2+(aq), bem como na cor e turbidez da água, com uma dosagem bem inferior
em relação ao sulfato de alumínio. Entretanto observou-se que o sulfato de alumínio é mais
eficiente na remoção da matéria orgânica. Com base nos dados obtidos, a Figura 4 ilustra dois
diagramas comparando dosagem mínima ideal e matéria orgânica presente após filtração.
Figura 4. Dosagem mínima ideal dos Testes de jarros de acordo com parâmetros da PRC nº 5, de 28 de
Setembro de 2017, Anexo XX, e Matéria orgânica das águas filtradas na dosagem mínima ideal.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente trabalho, pode-se concluir que o tanino foi eficiente, obtendo parâmetros
similares ao sulfato de alumínio, e com uma menor dosagem de coagulante. A remoção de cor,
turbidez, íons de ferro e íons de manganês foi satisfatória, atendendo os parâmetros de
potabilidade. Como indicado pelo fabricante, não consome alcalinidade nos processos de
coagulação/floculação, dispensando os custos com alcalinizantes, mantendo praticamente
inalterado o pH do meio, dispensando também o uso de alcalinizantes para correção do pH no
final do processo. Contudo a remoção de matéria orgânica foi menos eficiente em relação ao
sulfato de alumínio, como mencionado anteriormente, o teor de matéria orgânica não tem valor
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mínimo definido, mas está associada ao teor de sólidos dissolvidos totais, onde o Valor Máximo
Permitido é de 1000 mg L-1.
Portanto, o tanino orgânico mostra-se como uma alternativa promissora, pois atende os
parâmetros elencados na PRC nº 5, de 28 de Setembro de 2017, Anexo XX, do Ministerio da
Saúde, diminui o uso de produtos secundários como alcalinizantes, além de diminuir o passivo
ambiental com a disposição final do lodo contendo íons de alumínio, podendo ser disposto
diretamente no solo ou utilizado como substrato para agricultura. Porém é preciso realizar
ensaios preliminares em uma Estação de Tratamento de Água, para determinar sua eficiência
em escala real, e caracterizar esse lodo de acordo com a NBR 10004 da ABNT.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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