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Artigo de Revisão

Avaliação da substituição de sulfato de alumínio por floculante


orgânico em Estações de Tratamento de Água
Marcelo Antônio Matter1 e Janaína Fischer2

1 Acadêmico do Curso de Química Bacharelado da Universidade de Passo Fundo; Passo Fundo, RS;
E-mail: 77666@upf.br
2 Professora Dra. do Curso de Química Bacharelado da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS

RESUMO - Com a crescente demanda de água para abastecer a população urbana cresce
também a quantidde de matéria prima utilizada para o seu tratamento, gerando maior volume
de resíduos. Desde o ano de 1950, o principal destino destes resíduos era o próprio manancial
de água onde era captada ou cursos de águas próximos a Estações de Tratamento de Águas
(ETAs). No Brasil a partir de 1990, começou-se a questionar a disposição final destes resíduos
e sua toxicidade para o meio ambiente, e normas foram elaboradas para classificar
adequadamente os resíduos sólidos, incluindo o lodo gerado em ETAs. O objetivo deste
trabalho foi avaliar a eficiência da substituição de sulfato de alumínio utilizado em ETAS, por
um polímero orgânico-catiônico e biodegradável (tanino), podendo então assim, esse lodo ser
possivelmente, disponibilizado diretamente em solos ou utilizado como substrato para
agricultura. Os resultados foram satisfatórios, demonstrando a eficiência do tanino, que
apresentou resultados similares ao sulfato de alumínio e com uma dosagem bem menor de
coagulante.
Palavras-chave: água, lodo, taninos.

ABSTRACT - With the increasing demand of water to supply the urban population also
increases the volume of raw material used for its treatment, generating more waste. Since 1950,
the main destination of this waste was the very source of water where it was collected or water
courses near Water Treatment Stations (ETAs). In Brazil, starting in 1990, the final disposal of
these wastes and their toxicity to the environment began to be questioned, and norms were
elaborated to adequately classify solid wastes, including sludge generated in ETAs. The
objective of this work was to evaluate the efficiency of the substitution of aluminum sulphate
used in ETAS by an organic cationic and biodegradable polymer (tannin), so that this sludge
could possibly be made available directly on soils or used as a substrate for agriculture. The
results were satisfactory, demonstrating the efficiency of the tannin, which presented results
similar to aluminum sulfate and with a much lower dosage of coagulant.
Key words: water, sludge, tannins.

1 – Introdução

As águas de superfície como rios e lagoas apresentam características impróprias para


consumo in natura, sendo necessário que estas sejam submetidas a etapas de tratamentos
químicos e físicos que a deixem próprio para consumo. Segundo Richter e Neto (1991), tais
etapas visam a remoção de vírus, bactérias e microrganismos nocivos à saúde, compostos
orgânicos, turbidez, cor, odor, sabor e íons metálicos. A Portaria de consolidação nº 5, PRC nº
5, de 28 de Setembro de 2017, Anexo XX, dispõe procedimentos de controle e de vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, assim, a água destinada
ao abastecimento público, deve atender aos parâmetros estabelecidos na Portaria.
Também cabe salientar que devido às emissões de esgoto doméstico in natura,
efluentes industriais e resíduos diversos em rios e córregos, tem causado o aumento do uso de
produtos químicos para garantir potabilidade das águas (HOPPEN, et al 2006).
As etapas básicas de tratamento de água são coagulação e floculação, sedimentação,
filtração, desinfecção e fluoretação (KAWAMURA, 2000). Nas etapas de coagulação e
floculação é adicionado o coagulante, geralmente inorgânico, e normalmente o sulfato de
alumínio (Al2(SO4)3(s)), que possui um valor comercial menor e é eficiente na remoção de
partículas suspensas e dissolvidas na água. De acordo com Pavanelli (2001), na coagulação, em
mistura rápida, ocorre a diminuição de forças repulsivas entre partículas coloidais, fazendo com
que estas se aglomerem, formando flocos gelatinosos. Depois, inicia-se o processo de
floculação que aumenta os pequenos flocos em agregados maiores, para que possam ser
retirados no processo de sedimentação, e ainda na filtração para aqueles que não sedimentaram,
clarificando a água e diminuindo a quantidade de matéria no processo de filtração (FILHO e
SANTANA, 2002; BETTENCOURT e PAULA, 2014).
Entretanto o resíduo final, pós tratamento com sulfato de alumínio, que consiste em
um lodo composto por essas partículas, agregado a íons de alumínio remanescentes do
coagulante deve ser disposto em aterros industriais de resíduos perigosos, aterro Classe II A,
pois os íons de alumínio em elevadas concentrações podem ser prejudiciais ao meio ambiente.
Essa forma de disposição final de resíduos gera custos no transporte e acondicionamento
adequado no referido aterro, sendo necessário também a disponibilidade de grandes áreas para

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a construção desses aterros, impactando em desmatamento e desequilíbrio ecológico (FONTES,
2008)
O uso de polímeros naturais como coagulantes torna-se uma alternativa eficiente em
relação ao sulfato de alumínio, já que estes são biodegradáveis, podendo ser disposto
diretamente em solos ou utilizado como substrato agrícola (MANGRICH et al., 2014).
Sendo assim, o presente estudo de pesquisa teve como objetivo avaliar a comparação e a
eficiência entre o sulfato de alumínio utilizado em uma Estação de Tratamento de Água (ETA),
e o coagulante TANFLOC SG®, um polímero natural, catiônico e biodegradável, extraído da
casca da acácia negra (Acacia mearnsii), produzido pela empresa TANAC S/A, com sede em
Montenegro, RS.

2 – Desenvolvimento

2.1. Tratamento de águas e resíduos gerados


As características da água bruta (sólidos dissolvidos e sólidos totais) influenciam no
volume de produtos químicos adicionados para o tratamento da água e consequentemente no
volume de lodo gerado, composição, bem como, sua característica. O volume de lodo produzido
é aproximadamente 1% do volume de água tratada. O conteúdo de sólidos totais varia entre 0,1
e 3,5%, da água bruta, dependendo do material retirado da água e do método de remoção do
lodo (AWWA, 1978 apud GUERRA 2005).
Segundo Castro (2014), o lodo é basicamente composto por partículas de solo, material
orgânico e subprodutos gerados na adição de produtos químicos a água. As partículas presentes
na água a ser tratada são basicamente coloides que conferem a mesma cor e turbidez. Seu
tamanho varia entre 1 nanômetro e 1000 nanômetros.
Os lodos gerados em ETAs são derivados de processos de coagulação/floculação,
sedimentação e filtração das partículas suspensas em água bruta, que sofrem reações químicas
e operações físicas na formação de flocos para o processo de sedimentação ou flotação.
No Brasil a partir de 1990 começou-se a questionar o destino final do lodo gerado em
ETA, com algum atraso, já que em países da Europa e Estados Unidos, a questão já é discutida
há décadas. O lodo gerado em ETAs é classificado pela NBR- 10.004 (2004) da ABNT
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS) como resíduo sólido de classe II
A, não perigoso e não inerte, não podendo ser lançado em águas superficiais, devendo ser
disposto em Aterro de Resíduos Industriais Perigos (ARIPE), Classe II A, com

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impermeabilização por argila e geomembrana de PEAD (polietileno de alta densidade), sistema
de drenagem e tratamento de efluentes líquidos e gasosos, além de constante monitoramento
ambiental.
A PCR nº 5, de 28 de Setembro de 2017, Anexo XX, do Ministério da Saúde dispõe
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade, assim, segundo esta, a água destinada ao abastecimento público, deve
atender aos parâmetros estabelecidos na Portaria, entre estes:

- Turbidez água filtrada: máximo 0,5 NTU;


- pH: 6,0 a 9,5;
- Cor: máxima 15 mg L-1 Pt-Co;
- Fe2+(aq): máximo 0,3 mg L-1;
- Mn2+(aq): máximo 0,1 mg L-1
Matéria orgânica: Não tem valor específico definido, mas o ideal é o mínimo possível, pois
consome oxigênio dissolvido e cloro livre residual presentes na água, e compromete odor e
sabor. Tem origem da decomposição de plantas e animais, de excrementos e/ou despejos
industriais e cloacais.
Alcalinidade: Não há valor mínimo definido, mas seu controle é importante, pois neutraliza ou
reduz características ácidas da água e influencia em processos de coagulação, abrandamento e
fenômenos de corrosão.

2.2. Mecanismos de coagulação

De acordo com DI BERNARDO e DANTAS (2005) a coagulação se dá por quatro


diferentes mecanismos:
Compressão da dupla camada elétrica: Adição de íons com cargas positivas, opostas à das
partículas coloidais, fazendo com que estes sejam atraídos pelos colóides.
Adsorção e neutralização de cargas: Utilizado na filtração direta, onde não há floculação e
decantação/flotação, as interações desestabilizam a dispersão coloidal, e o coagulante pode ser
ativado na superfície do colóide, reagindo com a água, ou na interface destes, não reagindo com
a água.
Varredura: Nesta etapa há a formação de precipitados Al(OH)3(s) e Fe(OH)3(s), nas reações de
hidrólise dos mesmos. Após a formação dos precipitados dos referidos hidróxidos metálicos,
ocorre a adsorção dos colóides e partículas suspensas presentes na água ao precipitado,
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simultaneamente, também observa-se um arraste das partículas não adsorvidas por este, o qual
atua analogamente a uma vassoura, por isso a utilização do termo varredura (VIANNA, 1997
apud SOLANA, 2014).
Adsorção e formação de pontes: Ocorre no uso de polímeros de grandes cadeias, que servem
de pontes entre as superfícies que se aderem a outras partículas.
O Tanfloc SG® é um polímero natural, orgânico, catiônico, de baixa massa molar, de
origem vegetal, e que atua como coagulante e floculante no tratamento de águas em geral. A
Figura 1 apresenta o coagulante TANFLOC SG®, produzido pela TANAC a partir do tanino
extraído da acácia negra (Acacia mearnsii) e a representação da estrutura molecular do
floculante SG®.

Figura 1. Representação estrutural do tanino SG® e imagem do floculante.

Fonte: Mangrich et al., 2014 (esquerda) e Fatonovo.com.br (direita).

3 – Material e Métodos
3.1. Material e equipamentos

Neste trabalho, utilizou-se, o coagulante TANFLOC SG®, um polímero natural, catiônico


e biodegradável, extraído da casca da acácia negra (Acacia mearnsii), produzido pela empresa
TANAC S/A, com sede em Montenegro, RS e gentilmente cedido para o referido estudo.
Os reagentes utilizados nos experimentos apresentavam grau de pureza analítica.
Também foram utilizadas vidrarias apropriadas para as análises; funis de polietileno e algodão
para os ensaios de filtração.

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Os equipamentos utilizados foram: AQUA-TESTER® com discos colorimétricos
HELLIGE® para análises colorimétricas de cor (íons Fe2+, íons Mn2+); pHmetro, Marca
DIGIMED, modelo DM; Turbidímetro, Marca HACH, modelo 2100Q; Floculador elétrico com
capacidade para seis copos, Marca POLICONTROL e Chapa elétrica, Marca VELP.

3.2. Métodos
- Determinação de cor: Comparação visual (NBR 13798: 04/1997);
- Determinação de turbidez: Nefelométrico (SMWW, 22º edição, Método 2130 B);
- Determinação de pH (potencial de hidrogênio): Potenciométrico (NBR 7353: 11/2014);
- Determinação de alcalinidade: Titulométrico (NBR 13736: 11/1996);
- Determinação de matéria orgânica: Pergamanganométrico (NBR 10739: 09/1989);
- Determinação de íons Fe2+(aq): Colorimétrico (NBR 8079: 12/2005);
- Determinação de íons Mn2+(aq): Colorimétrico de persulfato (NBR 13739: 11/1996).

3.3. Metodologia

O presente trabalho foi desenvolvido na CORSAN, Companhia Rio Grandense de


Saneamento, na Estação de Tratamento de Água, Unidade I (ETA I), situada no Bairro Vila
Rodrigues na cidade de Passo Fundo.
A água bruta, coletada na própria ETA, que produz em média 300 L s-1, é fornecida por
dois mananciais de captação, composta em média de 75% por água fornecida pela barragem do
Arroio Miranda, e 25% pelo rio Passo Fundo.
No estudo realizado buscou-se avaliar a eficiência do tanino TANFLOC SG®, fornecido
pela empresa TANAC S/A, em comparação com o sulfato de alumínio comercial. Inicialmente,
o trabalho visava fazer essa avaliação com águas de alta e baixa turbidez, contudo devido à
estiagem ocorrida no decorrer do estudo não foi possível avaliar o comparativo entre os
coagulantes em águas com turbidez mais elevada.

3.3.1. Ensaios de coagulação, floculação e filtração

Para execução dos ensaios de coagulação e floculação foi utilizado o Jar-Test ou Teste
de Jarros com duração de 15 minutos (DI BERNARDO, 2002). O teste visa simular em escala
de bancada, as etapas de coagulação, floculação, sedimentação e filtração em recipientes
contendo 1 litro de água. Para simular a mistura rápida, o floculante foi adicionado sob agitação

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rápida de 180 rotações por minuto (rpm) durante 1 minuto. Após 1 minuto o aparelho foi
regulado para uma rotação intermediária entre 70 e 80 rpm até o final do 4o minuto. Até o final
do período, 15o minuto, regulou-se a velocidade entre 50 e 60 rpm. Após, retirou-se as hastes
dos copos, aguardou-se 10 minutos, para sedimentação dos flocos, e filtrou-se a amostra em
funil com algodão em volume suficiente para realização de todas as análises. A filtração em
funil com algodão, simula com eficiência e representabilidade os filtros de areia e cascalho
utilizados em ETAs.
Os testes de jarros foram desenvolvidos em triplicatas, distribuídos em três dias
diferentes, durante o mês de maio de 2018, e para os dois coagulantes. Para a faixa de dosagens
para os coagulantes, é importante determinar as características naturais da água bruta. Matéria
orgânica e turbidez são preponderantes para tal escolha, e é importante também a avaliação do
pH, alcalinidade e temperatura. Empiricamente, para se encontrar a faixa de dosagem do
coagulante pode-se empregar a relação média de que para cada 1 mg L-1 de oxigênio consumido
em meio ácido, (determinação de matéria orgânica), adiciona-se 5 mg L-1 de sulfato de
alumínio. A eficiência do tratamento é avaliada em parâmetros elencados na PRC nº 5, de 28
de Setembro de 2017, Anexo XX, aplicando assim, uma correta dosagem de coagulante, e sem
desperdício do mesmo.
Devido a água bruta estar com um índice de alcalinidade total satisfatório, acima de 20
mg L-1 de carbonato de cálcio, dispensou-se o uso de alcalinizante, no caso cal hidratada
(Ca(OH)2(aq)). Foram preparadas soluções dos coagulantes a 1%, para que no teste de jarros,
com capacidade de 1000 mL, sua concentração fique em ppm (partes por milhão).
Primeiramente foram determinadas as características físicas e químicas necessárias da
água bruta: pH, cor, turbidez, alcalinidade, matéria orgânica, temperatura e íons de ferro II
(Fe2+), íons Mn2+e de manganês II (Mn2+).
No decorrer do trabalho não houve mudanças significativas nas características da água
bruta em questão, então se procurou diminuir a quantidade de coagulante para se conseguir uma
dosagem mínima ideal do tanino.

4 – Resultados e discussão

Os resultados dos ensaios iniciais de teste de jarros para determinar as características


físicas e químicas da água bruta estão apresentados na Tabela 1.

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Tabela 1. Características físicas e químicas da água bruta para os três testes de jarros
Nº do teste de jarros I II III
Temperatura °C 23 21 20
Turbidez NTU 17 21 18
pH 6,9 7,0 7,2
Cor: 45 mg L-1 Pt-Co 45 45 45
Alcalinidade total: 23 mg L-1 CaCO3 23 23 22
Matéria orgânica: 5,2 mg L-1 O2 5,2 4,2 3,4
Íons Fe2+(aq) 0,6 0,9 0,8
Ions Mn2+(aq) 0,05 0,05 0,05

Teoricamente, multiplicando-se a matéria orgânica por cinco, como explicado


anteriormente, uma faixa de dosagem ideal, seria de aproximadamente 26 ppm para o teste I.
Entretanto devido a uma turbidez relativamente baixa, adotou-se a inicialmente a faixa de
dosagem que estava sendo utilizada pela ETA no momento, 20 ppm, como dosagem
intermediária, e esta adotou-se no copo cinco.

Teste de jarros I – sulfato de alumínio

Foram adicionados 1000 mL de água bruta em cada um dos seis copos, adicionou-se as
concentrações de sulfato de alumínio nos copos simultaneamente nas concentrações de 12, 14,
16, 18, 20 e 22 ppm. Após o término do teste foram determinados os mesmos parâmetros para
o sulfato de alumínio e para o tanino, resultando nos dados das Tabelas 2 a 7 abaixo. Para
aspecto dos flocos e sedimentação urilizou-se classificação conforme Quadro 1:

Quadro 1. Aspecto e sedimentação dos flocos formados


Aspecto Sedimentação
N = Não floculou N = Não sedimentou
M = Miúdo L = Lenta
R = Regular R = Regular
B = Bom B = Boa
O = Ótimo O = Ótima
ND = Não determinado ND = Não determinado
Fonte: CORSAN, 2012.

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Tabela 2. Teste de jarros I com sulfato de alumínio.
Copo / Dosagem 1 / 12 2 / 14 3 / 16 4 / 18 5 / 20 6 / 22
Aspecto do floco N R B B B B
Sedimentação ― L B B B B
pH ― 6,8 6,8 6,8 6,7 6,7
Turbidez (NTU) ― 10 6,1 3,6 2,1 1,8
Turbidez pós filtração ― 2,1 0,8 0,3 0,2 0,2
Cor (mg L-1 Pt-Co) ― 12 5 2 2 2
Alcalinidade (mg L-1 CaCO3) ― 11 11 10 10 8
Íons Fe2+(aq) ― ND ND 0,1 0,1 0,1
Mn2+(aq) ― ND ND 0,02 0,02 0,02
Matéria orgânica (mg L-1 O2) ― ND ND 1,8 1,6 1,5

Considerou-se como dosagem minima ideal para o 1º teste com sulfato de alumínio, 18
ppm, apresentando todos os parâmetros de acordo com a portaria vigente. A dosagem de 14
ppm foi satisfatória em alguns quesitos, más em relação a turbidez após filtração, foi
insatisfatória, já que o mínimo é 0,5 NTU. Não se determinou íons de Ferro II, Manganes II e
matéria orgânica em dosagens inferiores, já que se mostraram fora dos parâmetros.

Teste de jarros I – Tanino

Adotado o procedimento para o ensaio com o tanino, os resultados estão apresentados na


Tabela 3.

Tabela 3. Teste de jarros I – Tanino.


Copo / Dosagem 1 / 12 2 / 14 3 / 16 4 / 18 5 / 20 6 / 22
Aspecto do floco B B B B B B
Sedimentação B B B B B B
pH 6,9 6,9 6,8 6,9 6,9 6,8
Turbidez (NTU) 3,7 2,8 2,3 1,9 2,1 2,3
Turbidez pós filtração 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2
Cor (mg L-1 Pt-Co) 2 2 2 2 2 2
Alcalinidade (mg L-1 CaCO3) 23 23 23 23 23 23
Íons Fe2+(aq) 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
Mn2+(aq) 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
Matéria orgânica (mg L-1 O2) 2,8 2,6 2,7 2,7 2,8 2,6

Todas as faixas de dosagem do tanino foram satisfatórias. A dosagem minima de 12 ppm


satisfez todos os parâmetros da PRC nº 5, de 28 de Setembro de 2017. Observou-se apenas que

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o sulfato de alumínio foi mais eficiente na remoção de matéria orgânica, a qual não é um fator
determinante. Como a dosagem minima de tanino de 12 ppm, foi satisfatória, foi reduzida a
dosagem mínima para 8 ppm.

Os resultados obtidos para o teste II, estão representados nas Tabelas 4 e 5.

Teste de jarros II – Sulfato de alumínio.

Tabela 4. Teste de jarros II - sulfato de alumínio.


Copo / Dosagem 1/8 2 / 10 3 / 12 4 / 14 5 / 16 6 / 18
Aspecto do floco N M B B B B
Sedimentação ― L R B B B
pH ― 6,7 6,6 6,6 6,6 6,5
Turbidez (NTU) ― 11 8,5 4,0 3,0 1,3
Turbidez pós filtração ― 4,3 2,5 0,8 0,4 0,3
Cor (mg L-1 Pt-Co) ― 12 5 2 2 2
Alcalinidade (mg L-1 CaCO3) ― 18 16 14 12 11
Íons Fe2+(aq) ― ND ND 0,1 0,1 0,1
Mn2+(aq) ― ND ND 0,02 0,02 0,02
Matéria orgânica (mg L-1 O2) ― ND ND 2,3 1,6 1,4

Teste de jarros II – Tanino.

Tabela 5. Teste de jarros II – Tanino.


Copo / Dosagem 1/8 2 / 10 3 / 12 4 / 14 5 / 16 6 / 18
Aspecto do floco B B B O B B
Sedimentação B B B B B B
pH 7,0 6,9 6,9 7,0 7,0 6,9
Turbidez (NTU) 2,8 2,4 2,4 2,5 2,7 3,0
Turbidez pós filtração 0,3 0,2 0,2 0,2 0,3 0,5
Cor (mg L-1 Pt-Co) 2 2 2 2 2 2
Alcalinidade (mg L-1 CaCO3) 23 23 23 23 23 23
Íons Fe2+(aq) 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
Mn2+(aq) 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
Matéria orgânica (mg L-1 O2) 3,1 2,8 2,7 2,9 3,0 3,2

Para o ensaio 2 (Tabelas 4 e 5) dosagem minima ideal de 14 ppm para o sulfato de


alumínio e 8 ppm para o tanino atenderam a portaria em uso. No teste 3 (Tabelas 6 e 7) reduziu-
se a dosagem para 6 ppm, Já que o tanino foi satisfatório com 8 ppm.

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Teste de jarros III – Sulfato de alumínio.

Tabela 6. Teste de jarros III – Sulfato de alumínio.


Copo / Dosagem 1/6 2/8 3 / 10 4 / 12 5 / 14 6 / 16
Aspecto do floco N N M R B B
Sedimentação ― ― L R B B
pH ― ― 6,8 6,7 6,5 6,5
Turbidez (NTU) ― ― 8,7 5,9 4,2 2,9
Turbidez pós filtração ― ― 2,3 1,2 0,4 0,3
Cor (mg L-1 Pt-Co) ― ― 8 2 2 2
Alcalinidade (mg L-1 CaCO3) ― ― 16 15 13 11
Íons Fe2+(aq) ― ― ND ND 0,1 0,1
Mn2+(aq) ― ― ND ND 0,02 0,02
Matéria orgânica (mg L-1 O2) ― ― ND ND 1,9 1,5

Teste de jarros III – Tanino

Tabela 7. Teste de jarros III – Tanino.


Copo / Dosagem 1/6 2/8 3 / 10 4 / 12 5 / 14 6 / 16
Aspecto do floco M B B B B B
Sedimentação L B B R B B
pH 7,1 7,0 7,1 7,1 7,0 7,1
Turbidez (NTU) 4,5 2,4 1,8 2,1 2,4 2,9
Turbidez pós filtração 1,0 0,4 0,3 0,3 0,3 0,4
Cor (mg L-1 Pt-Co) 2 2 2 2 2 2
Alcalinidade (mg L-1 CaCO3) 23 23 23 23 23 23
Íons Fe2+(aq) ND 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
Mn2+(aq) ND 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
Matéria orgânica (mg L-1 O2) ND 2,6 2,5 2,3 2,3 2,2

Para o teste III, foi escolhida como dosagens mínimas 14 ppm para o sulfato e 8 ppm para
o tanino, atendendo assim os parâmetros da PRC nº 5, de 28 de Setembro de 2017, Anexo XX.

Assim, o presente trabalho buscou comparar uma faixa de dosagem de coagulação para o
tanino, em comparação com o sulfato de alumínio, visando alcançar os padrões estabelecidos
pela PRC nº 5, de 28 de Setembro de 2017, Anexo XX. Um dos objetivos era fazer essa
avaliação com águas com baixa turbidez, bem como turbidez mais elevada, característica de
épocas de maior precipitação, mas devido ao período de estiagem no decorrer do trabalho,
avaliou-se somente com águas de turbidez mais baixa. Inicialmente adotou-se uma faixa de

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dosagem de 20 ppm, como intermediária, que poderia ser disposta do 3º ou 4º copo, mas como
o objetivo sempre é de conseguir parâmetros com a melhor dosagem possível, utilizou-se no 5º
copo e foi-se reduzindo as dosagens em 2 ppm respectivamente.

Comparando-se os testes de jarros, observou-se visualmente que o aspecto dos flocos do


tanino é muito similar ao sulfato de alumínio, e que a sedimentação do sulfato de alumínio é
um pouco mais intensa em comparação com o tanino, que também é satisfatória. As Figuras 2
e 3 mostram o teste I para o sulfato de alumínio e para o tanino logo após o ensaio.

Figura 2. Ensaio com sulfato de alumínio.

Fonte: próprio autor

Figura 3. Ensaio com tanino

Fonte: próprio autor

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Constatou-se que o tanino não consome alcalinidade, dispensando assim o uso de
alcalinizantes, e houve pouca ou praticamente nenhuma alteração de pH no uso do tanino,
diferente do sulfato de alumínio que consome alcalinidade e provoca um abaixamento do pH
da água durante a coagulação/floculação. Também houve eficiência na remoção de íons de
Fe2+(aq) e íons de Mn2+(aq), bem como na cor e turbidez da água, com uma dosagem bem inferior
em relação ao sulfato de alumínio. Entretanto observou-se que o sulfato de alumínio é mais
eficiente na remoção da matéria orgânica. Com base nos dados obtidos, a Figura 4 ilustra dois
diagramas comparando dosagem mínima ideal e matéria orgânica presente após filtração.

Figura 4. Dosagem mínima ideal dos Testes de jarros de acordo com parâmetros da PRC nº 5, de 28 de
Setembro de 2017, Anexo XX, e Matéria orgânica das águas filtradas na dosagem mínima ideal.

Dosagem mínima ideal de Matéria orgânica em mg L-1 O2


coagulante em ppm 5
20 4.5
4
15 3.5
3
10 2.5
2
5 1.5
1
0 0.5
0
Dosagem Tanino
Dosagem de Sulfato de alumínio Tanino Sulfato de alumínio

Fonte: próprio autor.

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente trabalho, pode-se concluir que o tanino foi eficiente, obtendo parâmetros
similares ao sulfato de alumínio, e com uma menor dosagem de coagulante. A remoção de cor,
turbidez, íons de ferro e íons de manganês foi satisfatória, atendendo os parâmetros de
potabilidade. Como indicado pelo fabricante, não consome alcalinidade nos processos de
coagulação/floculação, dispensando os custos com alcalinizantes, mantendo praticamente
inalterado o pH do meio, dispensando também o uso de alcalinizantes para correção do pH no
final do processo. Contudo a remoção de matéria orgânica foi menos eficiente em relação ao
sulfato de alumínio, como mencionado anteriormente, o teor de matéria orgânica não tem valor

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mínimo definido, mas está associada ao teor de sólidos dissolvidos totais, onde o Valor Máximo
Permitido é de 1000 mg L-1.

Portanto, o tanino orgânico mostra-se como uma alternativa promissora, pois atende os
parâmetros elencados na PRC nº 5, de 28 de Setembro de 2017, Anexo XX, do Ministerio da
Saúde, diminui o uso de produtos secundários como alcalinizantes, além de diminuir o passivo
ambiental com a disposição final do lodo contendo íons de alumínio, podendo ser disposto
diretamente no solo ou utilizado como substrato para agricultura. Porém é preciso realizar
ensaios preliminares em uma Estação de Tratamento de Água, para determinar sua eficiência
em escala real, e caracterizar esse lodo de acordo com a NBR 10004 da ABNT.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Universidade de Passo Fundo, ao Curso de Química Bacharelado


do ICEG, a CORSAN, Companhia Riograndense de Saneamento, que possibilitaram a
realização do estudo. Também a TANAC S/A, que gentilmente disponibilizou o tanino.

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