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Assistente Administrativo
JL053-2018
DADOS DA OBRA
• Língua Portuguesa
• Raciocínio Lógico-Matemático
• História e Geografia do Amapá
• Noções de Direito Administrativo
• Noções de Direito Constitucional
• Manual de Redação
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Julia Antoneli
Capa
Joel Ferreira dos Santos
SUMÁRIO
Língua Portuguesa
Domínio da ortografia oficial............................................................................................................................................................................... 44
Emprego da acentuação gráfica......................................................................................................................................................................... 47
Emprego dos sinais de pontuação.................................................................................................................................................................... 50
Flexão nominal e verbal......................................................................................................................................................................................... 07
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação........................................................................................................................ 76
Domínio dos mecanismos de coesão textual................................................................................................................................................ 86
Emprego de tempos e modos verbais............................................................................................................................................................. 07
Vozes do verbo.......................................................................................................................................................................................................... 07
Concordância nominal e verbal.......................................................................................................................................................................... 52
Regência nominal e verbal.................................................................................................................................................................................... 58
Sintaxe........................................................................................................................................................................................................................... 63
Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas)............................................................................................ 91
Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados............................................................................................................... 83
Reconhecimento de tipos e gêneros textuais............................................................................................................................................... 86
Adequação da linguagem ao tipo de documento....................................................................................................................................101
Adequação do formato do texto ao gênero.................................................................................................................................................. 86
Raciocínio Lógico-Matemático
Números inteiros e racionais: operações (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação); expressões numéricas;
múltiplos e divisores de números naturais; problemas............................................................................................................................. 01
Frações e operações com frações...................................................................................................................................................................... 01
Números e grandezas proporcionais: razões e proporções; divisão em partes proporcionais; regra de três; porcentagem
e problemas................................................................................................................................................................................................................ 11
Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios; deduzir novas informações
das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas relações.............................. 95
Compreensão e elaboração da lógica das situações por meio de: raciocínio verbal, raciocínio matemático, raciocínio
sequencial, orientação espacial e temporal, formação de conceitos, discriminação de elementos........................................ 95
Compreensão do processo lógico que, a partir de um conjunto de hipóteses, conduz, de forma válida, a conclusões
determinadas............................................................................................................................................................................................................. 95
História do Amapá................................................................................................................................................................................................... 01
Colonização da região do Amapá. .............................................................................................................................................................. 01
Disputas territoriais e conflitos estrangeiros no Amapá. ................................................................................................................... 01
Principais atividades econômicas do Amapá: séculos XIX e XX. ..................................................................................................... 01
A Cabanagem no Amapá. ............................................................................................................................................................................... 01
A Criação do Território Federal do Amapá e sua transformação em Estado do Amapá. ...................................................... 01
Manifestações populares e sincretismo cultural no Amapá. ............................................................................................................ 01
Patrimônio histórico de Macapá................................................................................................................................................................... 01
Geografia do Amapá............................................................................................................................................................................................... 06
O espaço natural do Amapá (noções de relevo, clima, vegetação e hidrografia do estado). ............................................. 06
A população do Amapá: crescimento, distribuição, estrutura e movimentos. .......................................................................... 06
O espaço econômico: atividades agropecuárias,................................................................................................................................... 06
Atos Administrativos: Conceito; Requisitos; Mérito; Atributos; Classificação; Teoria dos Motivos Determinantes; Anulação
e Revogação dos atos administrativos; Discricionariedade..................................................................................................................... 13
Serviços Públicos: Conceito: Classificação; Regulamentação e Controle; Permissão; Concessão e Autorização................ 19
Licitações Públicas e Contratos Administrativos.......................................................................................................................................... 28
Parcerias Público–Privada...................................................................................................................................................................................... 63
Controle administrativo, legislativo e judicial da Administração........................................................................................................... 65
Intervenção do Estado sobre a propriedade privada................................................................................................................................. 76
Bens públicos: caracterização, titularidade, regime jurídico, aquisição, alienação e utilização dos bens públicos pelos
particulares.................................................................................................................................................................................................................. 78
Responsabilidade extracontratual do Estado................................................................................................................................................ 79
Manual de Redação
Redação........................................................................................................................................................................................................................ 01
LÍNGUA PORTUGUESA
Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina. Especialista pela Universidade Estadual Paulista
– Unesp
LETRA E FONEMA
A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da lín-
gua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também,
de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas
palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na
pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção
entre os pares de palavras:
amor – ator / morro – corro / vento - cento
Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que
você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.
Fonema e Letra
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.
- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:
- o fonema /sê/: texto
- o fonema /zê/: exibir
- o fonema /che/: enxame
- o grupo de sons /ks/: táxi
- As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas
palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
“n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.
1) Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, É a sequência formada por uma semivogal, uma vo-
bola. gal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba.
Pode ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tri-
- Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, tongo nasal.
bola.
3) Hiato
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- Abertas: pé, lata, pó É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que
- Fechadas: mês, luta, amor pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
- Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das pa- de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia
lavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”). (po-e-si-a).
Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vo-
Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma gal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
só emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas Existem basicamente dois tipos:
são chamados de semivogais. A diferença fundamental en- 1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r”
tre vogais e semivogais está no fato de que estas não de- e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
sempenham o papel de núcleo silábico. a-tle-ta, cri-se.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: 2-) os que resultam do contato de duas consoantes
pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão Há ainda grupos consonantais que surgem no início
forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade, dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,
história, série. psi-có-lo-go.
3) Consoantes Dígrafos
Para a produção das consoantes, a corrente de ar expi- De maneira geral, cada fonema é representado, na es-
rada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca- crita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verda- quatro letras.
deiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em portu- Há, no entanto, fonemas que são representados, na es-
guês, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: crita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. letras.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Dígrafos Consonantais
Dígrafos Vocálicos
* Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/:
guitarra, aquilo. Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” repre-
senta um fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há
dígrafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo) .
** Dica: Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /agua/ nós
pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ - não
pronunciamos o “u”, então temos dígrafo [aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”]. Portanto: 8 letras e 6 fonemas).
Dífonos
Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos), existem letras que representam dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos
de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.
Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Questões
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
1-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI-
BRAS – FAFIPA/2014) Em todas as palavras a seguir há um
dígrafo, EXCETO em
(A) prazo. As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista
(B) cantor. de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos
(C) trabalho. em seus menores elementos (partes) possuidores de sen-
(D) professor. tido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída por
três elementos significativos:
1-)
(A) prazo – “pr” é encontro consonantal In = elemento indicador de negação
(B) cantor – “an” é dígrafo Explic – elemento que contém o significado básico da
(C) trabalho – “tr” encontro consonantal / “lh” é dígrafo palavra
(D) professor – “pr” encontro consonantal q “ss” é dí- Ável = elemento indicador de possibilidade
grafo
RESPOSTA: “A”. Estes elementos formadores da palavra recebem o
nome de morfemas. Através da união das informações
2-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI- contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
BRAS – FAFIPA/2014) Assinale a alternativa em que os itens tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
destacados possuem o mesmo fonema consonantal em to- tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tornar
das as palavras da sequência. claro”.
(A) Externo – precisa – som – usuário.
MORFEMAS = são as menores unidades significativas
(B) Gente – segurança – adjunto – Japão.
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
(C) Chefe – caixas – deixo – exatamente.
(D) Cozinha – pesada – lesão – exemplo.
Classificação dos morfemas:
2-) Coloquei entre barras ( / / ) o fonema representado
Radical, lexema ou semantema – é o elemento por-
pela letra destacada:
tador de significado. É através do radical que podemos for-
(A) Externo /s/ – precisa /s/ – som /s/ – usuário /z/
mar outras palavras comuns a um grupo de palavras da
(B) Gente /j/ – segurança /g/ – adjunto /j/ – Japão /j/ mesma família. Exemplo: pequeno, pequenininho, pequenez.
(C) Chefe /x/ – caixas /x/ – deixo /x/ – exatamente O conjunto de palavras que se agrupam em torno de um
/z/ mesmo radical denomina-se família de palavras.
(D) cozinha /z/ – pesada /z/ – lesão /z/– exemplo /z/
RESPOSTA: “D”. Afixos – elementos que se juntam ao radical antes (os
prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: beleza (sufi-
3-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE xo), prever (prefixo), infiel.
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “Seja Sangue
Bom!” Na sílaba final da palavra “sangue”, encontramos Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, ob-
duas letras representando um único fonema. Esse fenôme- têm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos,
no também está presente em: amáveis, amavam. Estas modificações ocorrem à medida
A) cartola. que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e
B) problema. plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também
C) guaraná. ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
D) água. (amava, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
E) nascimento. concluir que existem morfemas que indicam as flexões das
palavras. Estes morfemas sempre surgem no fim das pala-
3-) Duas letras representando um único fonema = dí- vras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desi-
grafo nências nominais e desinências verbais.
A) cartola = não há dígrafo
B) problema = não há dígrafo • Desinências nominais: indicam o gênero e o número
C) guaraná = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) dos nomes. Para a indicação de gênero, o português cos-
D) água = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) tuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/
E) nascimento = dígrafo: sc menina. Para a indicação de número, costuma-se utilizar
RESPOSTA: “E”. o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência
de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/
garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos
nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assu-
me a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.
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MATEMÁTICA
Exemplo 2
NÚMEROS INTEIROS E RACIONAIS:
OPERAÇÕES (ADIÇÃO, SUBTRAÇÃO, 40 – 9 x 4 + 23
MULTIPLICAÇÃO, DIVISÃO, 40 – 36 + 23
4 + 23
POTENCIAÇÃO); EXPRESSÕES
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NUMÉRICAS; FRAÇÕES E OPERAÇÕES COM
FRAÇÕES. Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25
Números Racionais
Chama-se de número racional a todo número que
- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um pode ser expresso na forma , onde a e b são inteiros
antecessor (número que vem antes do número dado). quaisquer, com b≠0
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente São exemplos de números racionais:
de zero. -12/51
a) O antecessor do número m é m-1. -3
b) O antecessor de 2 é 1. -(-3)
c) O antecessor de 56 é 55. -2,333...
d) O antecessor de 10 é 9.
As dízimas periódicas podem ser representadas por
Expressões Numéricas fração, portanto são consideradas números racionais.
Como representar esses números?
Nas expressões numéricas aparecem adições, subtra- Representação Decimal das Frações
ções, multiplicações e divisões. Todas as operações podem
acontecer em uma única expressão. Para resolver as ex- Temos 2 possíveis casos para transformar frações em
pressões numéricas utilizamos alguns procedimentos: decimais
Se em uma expressão numérica aparecer as quatro 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o nú-
operações, devemos resolver a multiplicação ou a divisão mero decimal terá um número finito de algarismos após a
primeiramente, na ordem em que elas aparecerem e so- vírgula.
mente depois a adição e a subtração, também na ordem
em que aparecerem e os parênteses são resolvidos primei-
ro.
Exemplo 1
10 + 12 – 6 + 7
22 – 6 + 7
16 + 7
23
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MATEMÁTICA
Números Irracionais
Identificação de números irracionais
10x=3,333...
E então subtraímos:
10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
X=3/9
X=1/3
2
MATEMÁTICA
Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}
Casos
Intervalo:]a,b[ 1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.
Conjunto:{x∈R|a<x<b}
INTERVALOS IIMITADOS
4) Todo número negativo, elevado ao expoente ím-
Semirreta esquerda, fechada de origem b- números
par, resulta em um número negativo.
reais menores ou iguais a b.
Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b} 5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos pas-
sar o sinal para positivo e inverter o número que está na
Semirreta esquerda, aberta de origem b – números base.
reais menores que b.
Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}
3
MATEMÁTICA
6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o Técnica de Cálculo
valor do expoente, o resultado será igual a zero. A determinação da raiz quadrada de um número tor-
na-se mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado
em números primos. Veja:
Propriedades
Exemplos:
24 . 23 = 24+3= 27
(2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27
Observe: 1 1
1
n
a.b = n a .n b
4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores eleva-
dos a um expoente, podemos elevar cada um a esse mes- O radical de índice inteiro e positivo de um produto
mo expoente. indicado é igual ao produto dos radicais de mesmo índice
(4.3)²=4².3² dos fatores do radicando.
a ∈ R+ , b ∈ R *+ , n ∈ N * ,
se
então:
a na
n =
b nb
4
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAPÁ
1
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAPÁ
O Aviso de 4 de novembro de 1621 do Conselho da Dessa ocupação resultou a introdução, no Brasil, de cer-
Regência de Portugal, recomendava que se tomassem as tas plantas e árvores ali aclimatadas e depois difundidas no
medidas necessárias com o fim de povoar e fortificar a cos- país. Entre elas contam-se a cana-de-açúcar (variedade caiena
ta que se estendia do Brasil a São Tomé da Guyana e bocas ou caiana), e a fruta-pão.
do [rio] Drago [na Venezuela], e os rios daquela costa. Após a Independência do Brasil (1822), a região mergulha
Finalmente, a partir de 1623, Luiz Aranha de Vascon- em relativo esquecimento, entrecortada por episódios da his-
celos e Bento Maciel Parente, tendo como subordinados tória regional, como a Cabanagem (1835-1840).
Francisco de Medina, Pedro Teixeira e Ayres de Souza Chi- A descoberta do ouro e a valorização da borracha no
mercado internacional, no último quartel do século XIX, pro-
chorro, com forças recrutadas em Lisboa, no Recife, em
moveram o povoamento do Amapá e acirraram as disputas
São Luís do Maranhão e Belém do Pará, apoiadas por mais territoriais. Uma comunidade de colonos russos foi fundada
de mil índios flecheiros mobilizados pelo frade francisca- em Calçoene em fins do século XIX.
no Cristóvão de São José, atacaram e destruíram posições
inglesas e neerlandesas ao longo da embocadoura do rio Fonte: http://www.achetudoeregiao.com.br/ap/historia_
Amazonas, na ilha de Gurupá e na ilha dos Tocujus. Como do_amapa.htm
conseqüência, seis fidalgos ingleses foram mortos, os for-
tes neerlandeses de Muturu e Nassau foram destruídos, PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO AMAPÁ:
centenas de combatentes mortos ou capturados, provi- SÉCULOS XIX E XX.
sões, armas, munições e escravos da Guiné foram apresa- A economia do Amapá está diretamente ligada com à pre-
dos, e um navio neerlandês afundado. servação ambiental. Suas principais fontes de renda são: agricul-
Dois anos mais tarde, em 1625, Pedro da Costa Favela, tura, pecuária, mineração, indústria e serviços. A participação do
Jerônimo de Albuquerque e Pedro Teixeira, com destaca- Amapá para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, em 2008,
foi de 0,2%. Já para a região Norte, sua colaboração é de 4,5%.
mentos de Belém e Gurupá, reforçados por algumas cen-
Na mineração, o estado também possui grande poten-
tenas de indígenas chefiados pelo franciscano Frei Antônio
cial. A exportação de ouro, caulim e manganês para vários
de Merciana, destruíram novos estabelecimentos na costa países do mundo, principalmente para nações asiáticas. O
do Macapá e no rio Xingú. ouro semimanufaturado corresponde a 38% das exportações,
O Macapá era a designação genérica da região com- o minério de ferro a 23%, outros minérios a 6%. As expor-
preendida entre a foz do rio Paru e a margem esquerda tações somam cerca de 192,4 milhões de dólares. O estado
da foz do rio Amazonas, abrangendo quatro províncias de também é um grande exportador de madeira.
indígenas ali aldeados por missionários franciscanos, entre A pesca exerce grande participação na economia esta-
elas a chamada Província dos Tocujus. dual. O Amapá é beneficiado pela existência de vários rios,
Em 1637, o Rei Felipe IV de Espanha e III de Portugal que proporcionam a realização dessa atividade. Os principais
concedeu a donataria da Capitania do Cabo Norte a Bento peixes do estado são: tambaqui, tucurané, piranha, dourada,
Maciel Parente. A doação foi registrada no livro Segundo pirarucu, filhote e pirarucu. Além dos crustáceos: caranguejo,
da Provedoria do Pará. camarão-rosa e camarão-de-água-doce.
Em relação à agricultura, as principais madeiras de valor
Até meados do século XVII foram registrados choques
comercial encontradas são: andiroba, angelim, breu, cedro,
entre portugueses, neerlandeses e britânicos no delta do
macacaúba, maçaranduba, pau-mulato e sucupira. Também
Amazonas e na Capitania do Cabo Norte. No século XVIII, são encontrados: açaí, palmito, arroz, feijão, milho, mandioca,
a França reivindicou a posse da região do Cabo Norte, e frutas, pimenta-do-reino e a castanha-do-pará. O Programa
embora o Tratado de Utrecht (1713) tenha estabelecido os de Desenvolvimento Sustentável do Amapá (PDSA), garante
limites entre o Estado do Maranhão e a Guiana francesa, um desenvolvimento sustentável a unidade federativa, visto
estes não foram respeitados pelos franceses: o problema que este é o estado mais preservado do Brasil.
da posse da região permaneceria pendente nas relações A área de serviços, que representa 85,8% do PIB ama-
entre as duas Cortes. paense, foi e continua sendo beneficiada pelos concursos pú-
À época, o governador de Caiena, marquês de Férolles, blicos realizados pelo estado e que atraem um enorme con-
à frente de uma força expedicionária francesa e indígena, tingente de pessoas de outros estados para o Amapá. Outro
arrasou os fortes portugueses na região do Cabo Norte e fator que beneficia esta área é o comércio, que também im-
apossou-se da região. Foram logo expulsos. pulsiona a economia do local. No ano de 2011, o Amapá foi o
estado que mais gerou emprego no Brasil, à frente de todos
Da ocupação de Caiena à Proclamação da República os demais estados da Federação.
No que tange as importações, elas movimentam 44,5 mi-
No contexto da Guerra Peninsular, após a chegada da
lhões de dólares. As principais importações são os materiais ele-
Família Real Portuguesa ao Brasil (1808), D. João VI deter-
troeletrônicos (18%), seguido de escavadoras, perfuradoras, car-
minou a ocupação da Guiana Francesa como forma de re-
regadoras (16%), Caminhões dumper (11%) e outros. Os equi-
taliação pela ocupação de Portugal continental. pamentos médicos representam apenas 3% das importações.
A Guiana Francesa esteve sob domínio português de A capital do estado, a cidade de Macapá, tem o quarto
14 de janeiro de 1809 a 21 de novembro de 1817, tendo maior PIB da Região Norte. A cidade de Santana, a segunda
sido seu governador João Severiano Maciel da Costa. maior cidade do estado, tem a décima nona maior eco-
nomia da região. A capital está entre as 15 cidades que
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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAPÁ
recebem o maior número de turistas, ela é a sexta da região, do regime escravocrata; os fazendeiros queriam ter o direito
à frente de cidades como Boa Vista, Porto Velho e Palmas. de escolher o presidente da província. O movimento dos ca-
Assim como as outras capitais do norte do país, tem vocação banos contou com a participação da elite agrária e de comer-
para o eco turismo. ciantes, o desejo dos revoltosos era conquistar mais autono-
mia política e melhores condições de vida, para eles tudo isso
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Ama- se tornaria real a partir da emancipação e da criação de uma
p%C3%A1 república independente.
A capital da província do Grão-Pará era a cidade de Be-
A CABANAGEM NO AMAPÁ. lém, era através dela que os produtos explorados eram expor-
Cabanagem tados. A elite local era extremamente ligada aos portugueses,
A Cabanagem faz parte de uma das revoltas ocorridas no Belém era a cidade que mais dependia de Portugal, isso se
período regencial. O movimento recebeu esse nome devido deve ao fato de pouca coisa ter mudado na região após a
aos participantes do movimento, em sua maioria indígena e declaração de independência brasileira. Em 1835, os caba-
mestiça, habitarem cabanas construídas a margem de rios. Os nos invadiram a então capital e executaram o presidente da
participantes da revolta ficaram conhecidos como cabanos. província Bernardo Lobo de Souza e as demais autoridades.
O Período Regencial (1831-1840) foi relativamente curto, é Com o extermínio do governo local, os cabanos iniciaram o
uma parte da história brasileira compreendida entre o primeiro seu primeiro governo, colocando no poder o fazendeiro Félix
e o segundo reinado. Apesar de ter abrangido um curto período Clemente Malcher. O novo governo traiu o movimento de-
dentro da nossa historiografia, foi suficiente para a eclosão de monstrando sua fidelidade ao governo português, inclusive
uma série de revoltas que refletiam a insatisfação popular e a reprimindo a revolta que o levou ao poder.
situação de abando em que vivia grande parte dos moradores Malcher foi executado e sucedido por Francisco Pedro
dos centros urbanos e principalmente aqueles que habitavam Vinagre. Repetindo o que aconteceu no primeiro governo
as regiões mais afastadas do centro do governo federal. cabano, o novo líder também traiu o movimento. Disposto
A Cabanagem ocorreu entre os anos de 1835 e 1840 na a negociar com o governo central, Vinagre demonstrou até
região conhecida como província do Grão-Pará, que atual-
mesmo o interesse em ceder o seu poder a alguém indicado
mente abrange as regiões dos estados do Pará, Amapá, Ron-
pelos portugueses. O traidor foi sucedido por Eduardo Arge-
dônia, Roraima e Amazonas. Cerca de cento e vinte mil mora-
lim, que persistiu na ideia de reconquistar Belém. Os rebeldes
dores povoavam a região, sendo que a maioria era composta
conseguiram tomar a capital e proclamar uma República em
por índios, negros e mestiços.
agosto de 1835.
A população do Grão-Pará vivia a parte das decisões do
O governo federal reuniu suas tropas para combater os
governo federal, vivendo a margem de rios e sobrevivendo
basicamente da pesca, da exploração da madeira e da extra- revoltosos e reprimir qualquer foco revolucionário na região,
ção das drogas do sertão: castanha-do-pará, cacau, baunilha para isso contou com o apoio de tropas europeias. Uma po-
e ervas medicinais; a miséria e a fome faziam parte do coti- derosa frente militar foi enviada para a região do Grão-Pará, a
diano dos moradores. Além das péssimas condições de vida província se tornou palco de batalhas sangrentas que persis-
a que estavam sujeitados, os cabanos (os moradores eram tiram ao longo de cinco anos. A duração da rebelião demons-
conhecidos dessa forma por habitarem em canas as margens trou a ousadia dos cabanos que se recusavam a rendição.
dos rios) sofriam com o autoritarismo e exploração dos gran- No início da Guerra dos Cabanos, a província do Grão-
des fazendeiros da região. Abandonados pelo governo brasi- -Pará era habitada por cerca de cem mil moradores, com a
leiro, a população estava à mercê da própria sorte. violência dos combates os rebeldes sucumbiram às tropas do
O regime escravocrata ainda persistia no Brasil durante o governo, o que reduziu a população a sessenta mil morado-
período regencial, e na província do Grão-Pará não era diferente. res. Para relembrar o acontecimento, um Memorial foi proje-
A população dessa região trabalhava no regime de escravidão tado pelo arquiteto Oscar Niemayer e erguido em Belém. No
ou em troca de salários bem baixos. As moradias eram feitas ano de 1985 para homenagear o sesquicentenário da Caba-
utilizando estacas às margens dos rios. A Cabanagem ganhou nagem, o monumento foi inaugurado. Sua construção repre-
características de uma rebelião popular, mas não foi organizada senta a força dos cabanos que lutaram bravamente contra a
apenas pela população mais pobre, a elite também participou opressão, a desigualdade social e o abandono em que vivem
do movimento, mas é claro que reivindicando outros direitos. milhares de brasileiros por todo o país. Apesar de sufocada,
Com a promulgação da Constituição de 1824, ficou eviden- os ideais da Cabanagem ainda vivem na luta diária do nosso
te que o imperador não tinha interesse em conceder autonomia povo em busca de melhores condições de vida.
política as províncias brasileiras. O autoritarismo impresso nessa
Constituição gerou um descontentamento nas elites de todas Fonte: http://escolaeducacao.com.br/cabanagem/
as regiões brasileiras. A insatisfação por não poder escolher os
presidentes de suas províncias, motivou os grandes fazendeiros A CRIAÇÃO DO TERRITÓRIO FEDERAL DO AMAPÁ E
e comerciantes a se unirem com os cabanos no Grão-Pará e a SUA TRANSFORMAÇÃO EM ESTADO DO AMAPÁ.
iniciar uma das revoltas sociais mais importantes do período
regencial: a Cabanagem ou Guerra dos Cabanos. A CRIAÇÃO DO TERRITÓRIO FEDERAL DO AMAPÁ
É interessante perceber que um único movimento é Desde a época do Império já se discutia o controle de
capaz de reunir pessoas com reivindicações distintas, mas áreas fronteiriças no Brasil, a serem administradas pelo Po-
que o alvo do descontentamento é o mesmo: o governo der Central. Com a chegada da República as discussões fo-
federal; os cabanos desejavam terras para plantar e o fim ram mais sólidas chegando à criação de Territórios Federais.
3
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAPÁ
“... Porém, espaço geográfico nacional assim denomi- • Segurança militar: na época, o mundo vivenciava a
nado, somente passou a fazer parte da organização po- II Guerra Mundial, havendo uma preocupação do Gover-
lítico-administrativa brasileira, a partir de 25 de fevereiro no Federal em controlar diretamente regiões de fronteiras,
de 1904, quando o Congresso Nacional, através da Lei nº menos povoadas e desenvolvidas economicamente;
1.181, autorizou o Governo Federal a administrar o Acre • Interesses econômicos: Como o Amapá possui uma lo-
que, em 17 de novembro de1903, havia sido incorporado calização privilegiada, sendo a porta de entrada do rio Ama-
ao Brasil, mediante a assinatura com a Bolívia do Tratado zonas, a administração direta da região daria ao Governo
de Petrópolis. Presidia o país, Rodrigues Alves que em de- Federal um maior controle das riquezas da Amazônia.
corrência dessa prerrogativa, dia 7 de abril, editava o De-
creto-Lei nº 5.188, elevando à região acreana a condição
VOCÊ SABIA: durante a II Guerra Mundial, foi construí-
de Território, dividido em departamentos, governados por
da no município de Amapá, a 300 quilômetros de Macapá,
prefeitos nomeados e diretamente subordinados à Presi-
dência da República.” ¹ uma base aérea, administrada pelos Estados Unidos da
Com a revisão constitucional de 3 de setembro de América. A base aérea do município de Amapá tinha como
1926, o artigo 34 parágrafos 16 e 31 davam autonomia objetivos defender o território americano de um ataque
para nossos governantes criarem territórios fronteiriços e inimigo e garantir a operação de aviões da marinha dos
administrá-los. Porém, o que fizeram foi continuar com a Estados Unidos empenhados na guerra antissubmarina e
criação de núcleos coloniais. Quando Vargas assume o Po- nas atividades de salvamento de aviões no mar. Entre os
der no Brasil em 1930, retomadas preocupações peia so- anos de 1942 e 1945, o movimento de aviões e militares
berania brasileira nessas áreas e as Constituições de 1934 norte-americanos foi intenso. Atualmente, restam somente
e a de 1937 deram mais força para implementações e con- ruínas da antiga base, que está sendo transformada em um
troles por parte do Governo Central de áreas fronteiriças. “museu aberto”.³
“O anúncio de Vargas de integrar ao contexto nacio-
nal áreas longínquas, inóspitas e insalubres, marcadamen- VOCABULÁRIO:
te amazônicas, para que ‘deixasse de ser um capítulo da • AMAPÁ A palavra é de origem indígena e vem da
geografia para ser um capítulo da História da Civilização’, nação Nuaruaque, que habitava a região norte do Brasil,
ocorreu quando esteve em Manaus em 10 de outubro de na época do descobrimento. Já o nome do município de
1940. A inicial ação presidencial baseada nessa disposição,
Amapá, assim como a do estado do Amapá originou-se de
entretanto, foi econômica, dois anos após, reativando a ex-
uma espécie de árvore brasileira ou amazônica chamada
ploração de borracha nativa em associação com os Estados
amapazeiro, que possui um tronco volumoso, cerca de um
Unidos, que não contemplou, efetivamente, regiões em
que se projetava a autonomia.” ² metro de diâmetro na base e casca espessa, por onde es-
“Em 13 de setembro de 1943, as terras amapaenses corre um leite branco conhecido como leite do Amapá;
que até então pertenciam ao estado do Pará foram trans- • TERRITÓRIO FEDERAL Áreas administradas pelo Po-
formadas em Território Federal do Amapá por decisão do der Central, resultante de aquisição ou incorporação, ju-
Governo Federal, na época representado pelo presidente ridicamente, denominado de Território, começou com os
Getúlio Vargas. Mas afinal, oque significava, naquela época, Estados Unidos da América, no século XIX, que ampliou
tornasse um ‘território federal’? Acima de tudo, tal condi- substancialmente sua extensão.
ção dava ao Governo Federal total controle sobre a região,
o que significava dizer: CITAÇÕES:
• Os governadores do território seriam escolhidos dire- ¹ SANTOS, Fernando Rodrigues Dos. HISTÓRIA DO
tamente pelo presidente da República; AMAPÁ: Da Autonomia Territorial ao Fim do Janarismo
Não existiria uma Assembleia Legislativa, formada por (1943 – 1970). P. 20.
deputados eleitos pela população local, fazendo leis pró- ² ______________ HISTÓRIA DO AMAPÁ: Da Autonomia
prias para a região, pois todas as leis ou medidas adminis- Territorial ao Fim do Janarismo (1943 – 1970). P. 20. P. 23.
trativas eram tomadas pelo Governo Federal ou por seus ³ SOARES, Marcelo André e RODRIGUES, Mª Emília Bri-
representantes no Amapá; to. AMAPÁ: Vivendo a nossa história. pp. 68/69.
• A exploração das riquezas econômicas atenderia, em
primeiro lugar, às necessidades e interesses do Governo BIBLIOGRAFIA:
Federal; SANTOS, Fernando Rodrigues Dos. HISTÓRIA DO AMA-
• A segurança da região seria responsabilidade do Go- PÁ. Macapá: Valcan, 6ª ed. 2001.
verno Federal, sendo para isso criada a Guarda Territorial ____________ HISTÓRIA DO AMAPÁ: Da Autonomia Ter-
que objetivava manter a ordem interna, cabendo às Forças ritorial ao Fim do Janarismo (1943 – 1970). Macapá: Gráfica
Armadas o controle das fronteiras. O Dia S.A., 1998.
Dessa maneira, entre os anos de 1943 até a transfor- SOARES, Marcelo André e RODRIGUES, Mª Emília Bri-
mação do território em estado, em 1988, a sociedade ama- to. AMAPÁ: Vivendo a nossa história. Curitiba: Base Editora,
paense não teve o controle do seu próprio destino. Mas 2008.
quais seriam os interesses dos governantes, na época, ao
transformar o Amapá em Território Federal? De forma ge- Fonte: http://historiaeliel.blogspot.com.br/2012/10/a-
ral, os interesses que envolveram tal decisão foram: -criacao-do-territorio-federal-do-amapa.html
4
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
1
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
tarefa, pode sentir autorrealização sem necessariamente gestão de uma organização formam um complexo conjun-
ter passado por todas as escalas da piramide. Mas o que é to de funções que muito exige dos gestores e de outros
realização para um, não é realização para todas as pessoas. interessados em seu desenvolvimento econômico, finan-
O ser humano é insaciável, quando realiza algo que dese- ceiro, social e ambiental (FREZATTI et al., 2009).
jou intensamente, logo cobiçara outras coisas. Segundo Müller (2003) a manutenção da competitivi-
O comportamento das pessoas nas organizações afe- dade empresarial está relacionada ao modo pelo qual a or-
ta diretamente na imagem, no sucesso ou insucesso da ganização se projeta para alcançar seus objetivos e cumprir
mesma, o comportamento dos colaboradores refletem seu suas metas, alinhadas, sobretudo, com a estratégia esco-
desempenho. Há uma necessidade das pessoas de ter in- lhida. No entanto, a implementação de um bom planeja-
centivos para que o trabalho flua, a motivação é intrínseca, mento estratégico não é garantia de sucesso empresarial,
mas os estímulos são imprescindíveis para que a motivação sendo necessário também que seja implementado um pro-
pelo trabalho continue gerando resultados para a empresa. cesso de mensuração e avaliação de resultados (BORTO-
Os líderes são importantes no processo de sobrevi- LUZZI et al., 2010), geralmente realizado por meio de sis-
vência no mercado, Lacombe descreveu que o líder tem temas de avaliação de desempenho, o qual Simons (2000)
condição de exercer, função, tarefa ou responsabilidade apud Corrêa e Júnior (2008, p. 53) define como “sistema de
quando é responsável pelo grupo. Um líder precisa ser informações que os administradores usam para rastrear a
motivado, competente, conseguir conquistar e conhecer as implementação da estratégia do negócio, comparando-se
pessoas, ter habilidades e intercalar objetivos pessoais e os resultados reais aos objetivos e metas estratégicas”.
organizacionais. O estilo do líder Democrático contribui na Na concepção de Neely et al. (1995) um sistema de
condução das organizações, ele delega não só tarefas, mas avaliação de desempenho é compreendido como a inte-
poderes, isso é importante para estimular os mais diversos gração dos processos de coleta de dados (input), trata-
profissionais dentro da organização. mento, análise, interpretação e disseminação dos indica-
No processo de centralização a tomada de decisões é dores (output) que norteiam o processo organizacional. A
unilateral, deixando os colaboradores travados, sem po- expressão avaliação de desempenho, entretanto, possui
der de opinião. Já no processo de descentralização existe sentido amplo, oscilando conforme o emprego do termo
maior estimulo por parte dos funcionários, podendo opinar desempenho e do contexto relativo à avaliação; portanto, a
eles se sentem parte ativa da empresa.
correta compreensão do processo de avaliação de desem-
Existem benefícios assegurados por leis e benefícios
penho requer a preliminar compreensão desses conceitos,
espontâneos. Um bom plano de benefícios motiva os co-
os quais referem-se, respectivamente: i) à apuração dos
laboradores. O funcionário hoje com todo seu conheci-
resultados auferidos em determinado período que podem
mento adquirido na empresa tem sido tratado como ativo
ser mensurados; e ii) à análise de determinada situação,
não mais como recurso. Dar estímulos como os benefícios
julgando se o planejamento foi ou não cumprido com a
contribuem para a permanência do funcionário na organi-
atribuição de valor (SANTOS, 2010).
zação. São inúmeras vantagens tanto para o empregado
Nesse sentido, o processo de avaliação de desempe-
quanto para o empregador. Reduzindo insatisfações e au-
mentando a produção, gerando assim resultados satisfa- nho pode ser compreendido como o ato ou efeito de julgar
tórios.1 ou atribuir valor a determinado resultado, em consonân-
O conceito de administração representa uma governa- cia com as expectativas preestabelecidas (SILVA; NIYAMA,
bilidade, gestão de uma empresa ou organização de forma 2011), concretizando-se com a mensuração, compreen-
que as atividades sejam administradas com planejamento, dida como a quantificação da eficácia e da eficiência das
organização, direção e controle. atividades empresariais por meio de um indicador, o qual
é a métrica utilizada nessa quantificação; dessa forma, os
indicadores empregados para quantificar a eficiência e a
eficácia dessas atividades formam um sistema de medição
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO. de desempenho (CATELLI, 2010; NEELY et al., 1995). Tem-
-se, portanto, que a avaliação de desempenho é o processo
que permite às organizações mensurar seus resultados e a
avaliar se cumpriram ou não seus objetivos, caracterizan-
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ORGANIZACIONAL do-se como um instrumento de aprimoramento organiza-
Constituir e manter uma organização que consiga per- cional essencialmente necessário à tomada de decisões.
durar por um longo período de tempo é o que todo em-
presário almeja, idealizando-a de forma a mantê-la ativa O CONTROLE GERENCIAL E O PROCESSO DE AVA-
e competitiva para colher os frutos de seu investimento; LIAÇÃO DE DESEMPENHO
entretanto, não esse processo não é uma tarefa fácil e nem Segundo Müller (2003, p. 103) a avaliação de desem-
tampouco simples, pois a constituição, a manutenção e a penho “encontra-se incorporada nas funções administra-
tivas de controle operacional e planejamento estratégico
1 Fonte: www.administradores.com.br – Por Luciana [...] o planejamento estratégico deve, portanto, incluir uma
de Assis Fernandes Pereira abordagem estruturada para executar sua monitoração e
medição”.
2
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
3
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
O Rei ou Monarca estabelecia seu domínio sobre o país Max Weber, importante cientista social, ocupou-se de
de forma absoluta, não aceitando limites entre a res publi- inúmeros aspectos das sociedades humanas. Na década de
ca e a res principis. Ou seja, a “coisa pública” se confundia 20, publicou estudos sobre o que ele chamou o tipo ideal
com o patrimônio particular dos governantes, pois não ha- de burocracia, ou seja, um esquema que procura sintetizar
via uma fronteira muito bem definida entre ambas. os pontos comuns à maioria das organizações formais mo-
Nessas condições, o aparelho do Estado funciona- dernas, que ele contrastou com as sociedades primitivas e
va como uma extensão do poder do soberano, e os seus feudais. As organizações burocráticas seriam máquinas to-
auxiliares, servidores, possuíam status de nobreza real. Os talmente impessoais, que funcionam de acordo com regras
cargos eram considerados prebendas, ou seja, títulos pas- que ele chamou de racionais – regras que dependem de
síveis de negociação, sujeitos à discricionariedade do go- lógica e não de interesses pessoais.
vernante. Weber estudou e procurou descrever o alicerce for-
A corrupção e o nepotismo eram inerentes a esse tipo mal-legal em que as organizações reais se assentam. Sua
de administração. O foco não se encontrava no atendimen- atenção estava dirigida para o processo de autoridade
to das necessidades coletivas mas, sobretudo, nos interes- obediência (ou processo de dominação) que, no caso das
ses particulares do soberano e de seus auxiliares. organizações modernas, depende de leis. No modelo de
Este cenário muda no final do século XIX, no momento Weber, as expressões “organização formal” e “organização
em que o capitalismo e a democracia se tornam dominan- burocrática” são sinônimas.
tes. Mercado e Sociedade Civil passam a se distinguir do “Dominação” ou autoridade, segundo Weber, é a pro-
Estado. Neste novo momento histórico, a administração babilidade de haver obediência dentro de um grupo deter-
patrimonialista torna-se inaceitável, pois não mais cabia minado. Há três tipos puros de autoridade ou dominação
um modelo de administração pública que privilegiava uns legítima (aquela que conta com o acordo dos dominados):
poucos em detrimento de muitos.
As novas exigências de um mundo em transformação, Dominação de caráter carismático
com o desenvolvimento econômico que se seguia, trou- Repousa na crença da santidade ou heroísmo de uma
xeram a necessidade de reformulação do modo de gestão pessoa. A obediência é devida ao líder pela confiança pes-
do Estado. soal em sua revelação, heroísmo ou exemplaridade, dentro
do círculo em que se acredita em seu carisma.
Administração Pública Burocrática A atitude dos seguidores em relação ao dominador
Surge na segunda metade do século XIX, na época do carismático é marcada pela devoção. Exemplos são líderes
Estado liberal, como forma de combater a corrupção e o religiosos, sociais ou políticos, condutores de multidões de
nepotismo patrimonialista. Constituem princípios orienta- adeptos. O carisma está associado a um tipo de influência
dores do seu desenvolvimento a profissionalização, a ideia que depende de qualidades pessoais.
de carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o for-
Dominação de caráter tradicional
malismo, em síntese, o poder racional legal.
Deriva da crença quotidiana na santidade das tradições
Os controles administrativos implantados visam evitar
que vigoram desde tempos distantes e na legitimidade da-
a corrupção e o nepotismo. A forma de controle é sempre a
queles que são indicados por essa tradição para exercer a
priori, ou seja, controle dos procedimentos, das rotinas que
autoridade.
devem nortear a realização das tarefas. A obediência é devida à pessoa do “senhor”, indicado
Parte-se de uma desconfiança prévia nos administra- pela tradição. A obediência dentro da família, dos feudos e
dores públicos e nos cidadãos que a eles dirigem suas di- das tribos é do tipo tradicional. Nos sistemas em que vigo-
versas demandas sociais. Por isso, são empregados contro- ra a dominação tradicional, as pessoas têm autoridade não
les rígidos dos processos como, por exemplo, na admissão por causa de suas qualidades intrínsecas, como acontece
de pessoal, nas compras e no atendimento aos cidadãos. no caso carismático, mas por causa das instituições tradi-
Uma consequência disto é que os próprios controles se cionais que representam. É o caso dos sacerdotes e das
tornam o objetivo principal do funcionário. Dessa forma, o lideranças, no âmbito das instituições, como os partidos
Estado volta-se para si mesmo, perdendo a noção de sua políticos e as corporações militares.
missão básica, que é servir à sociedade.
A principal qualidade da administração pública buro- Dominação de caráter racional
crática é o controle dos abusos contra o patrimônio públi- Decorre da legalidade de normas instituídas racional-
co; o principal defeito, a ineficiência, a incapacidade de vol- mente e dos direitos de mando das pessoas a quem essas
tar-se para o serviço aos cidadãos vistos como “clientes”. normas responsabilizam pelo exercício da autoridade. A
Esse defeito, entretanto, não se revelou determinante autoridade, portanto, é a contrapartida da responsabilida-
na época do surgimento da administração pública burocrá- de.
tica porque os serviços do Estado eram muito reduzidos. O No caso da autoridade legal, a obediência é devida às
Estado limitava-se a manter a ordem e administrar a justiça, normas impessoais e objetivas, legalmente instituídas, e às
a garantir os contratos e a propriedade. O problema co- pessoas por elas designadas, que agem dentro de uma ju-
meçou a se tornar mais evidente a partir da ampliação da risdição. A autoridade racional fundamenta-se em leis que
participação do Estado na vida dos indivíduos. estabelecem direitos e deveres para os integrantes de uma
Valem aqui alguns comentários adicionais sobre o ter- sociedade ou organização. Por isso, a autoridade que We-
mo “Burocracia”. ber chamou de racional é sinônimo de autoridade formal.
4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
e) Princípio da eficiência: A administração pública Meirelles4 entende que o ato discricionário, editado sob
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com os limites da Lei, confere ao administrador uma margem de
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportuni-
pessoas (o concurso público seleciona os mais qualifi- dade, não sendo necessária a motivação. No entanto, se
cados ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em houver tal fundamentação, o ato deverá condicionar-se a
seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público esta, em razão da necessidade de observância da Teoria
por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de dos Motivos Determinantes. O entendimento majoritário
remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricionário,
procura por produtividade e economicidade. Alcança os é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho
serviços públicos e os serviços administrativos internos, se adotado pelo administrador. Gasparini5, com respaldo no
referindo diretamente à conduta dos agentes. art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de
tais discussões doutrinárias, pois o referido artigo exige a
Outros princípios administrativos motivação para todos os atos nele elencados, compreen-
Além destes cinco princípios administrativo-constitu- dendo entre estes, tanto os atos discricionários quanto os
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem vinculados.
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- c) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos:
dos à função pública a probidade e a motivação: O Estado assumiu a prestação de determinados serviços,
a) Princípio da probidade: um princípio constitu- por considerar que estes são fundamentais à coletividade.
cional incluído dentro dos princípios específicos da licita- Apesar de os prestar de forma descentralizada ou mesmo
ção, é o dever de todo o administrador público, o dever delegada, deve a Administração, até por uma questão de
de honestidade e fidelidade com o Estado, com a popu- coerência, oferecê-los de forma contínua e ininterrupta.
lação, no desempenho de suas funções. Possui contornos Pelo princípio da continuidade dos serviços públicos, o Es-
mais definidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini3 tado é obrigado a não interromper a prestação dos ser-
alerta que alguns autores tratam veem como distintos os viços que disponibiliza. A respeito, tem-se o artigo 22 do
princípios da moralidade e da probidade administrativa, Código de Defesa do Consumidor:
mas não há características que permitam tratar os mesmos
como procedimentos distintos, sendo no máximo possível Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra for-
afirmar que a probidade administrativa é um aspecto parti-
ma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
cular da moralidade administrativa.
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, con-
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
tínuos.
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais
parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pes-
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a
soas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a
causados, na forma prevista neste código.
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro d) Princípios da Tutela e da Autotutela da Adminis-
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da tração Pública: a Administração possui a faculdade de re-
Administração. ver os seus atos, de forma a possibilitar a adequação destes
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá- à realidade fática em que atua, e declarar nulos os efeitos
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- dos atos eivados de vícios quanto à legalidade. O sistema
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos de controle dos atos da Administração adotado no Brasil é
os atos administrativos devem ser motivados para que o o jurisdicional. Esse sistema possibilita, de forma inexorá-
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo vel, ao Judiciário, a revisão das decisões tomadas no âm-
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem bito da Administração, no tocante à sua legalidade. É, por-
ser observados os motivos dos atos administrativos. tanto, denominado controle finalístico, ou de legalidade.
Em relação à necessidade de motivação dos atos ad- À Administração, por conseguinte, cabe tanto a anu-
ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um lação dos atos ilegais como a revogação de atos válidos e
único comportamento possível) e dos atos discricionários eficazes, quando considerados inconvenientes ou inopor-
(aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta tunos aos fins buscados pela Administração. Essa forma de
um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um controle endógeno da Administração denomina-se prin-
juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís- cípio da autotutela. Ao Poder Judiciário cabe somente a
sona na determinação da obrigatoriedade de motivação anulação de atos reputados ilegais. O embasamento de tais
com relação aos atos administrativos vinculados; todavia, condutas é pautado nas Súmulas 346 e 473 do Supremo
diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis- Tribunal Federal.
cricionários. 4 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.
3 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª 5 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2004. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Súmula 346. A administração pública pode declarar a f) Supremacia do interesse público sobre o priva-
nulidade dos seus próprios atos. do: Na maioria das vezes, a Administração, para buscar de
maneira eficaz tais interesses, necessita ainda de se colocar
Súmula 473. A administração pode anular seus próprios em um patamar de superioridade em relação aos particu-
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque lares, numa relação de verticalidade, e para isto se utiliza
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de do princípio da supremacia, conjugado ao princípio da in-
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adqui- disponibilidade, pois, tecnicamente, tal prerrogativa é irre-
ridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. nunciável, por não haver faculdade de atuação ou não do
Poder Público, mas sim “dever” de atuação.
Os atos administrativos podem ser extintos por revo- Sempre que houver conflito entre um interesse indi-
gação ou anulação. A Administração tem o poder de rever vidual e um interesse público coletivo, deve prevalecer o
seus próprios atos, não apenas pela via da anulação, mas interesse público. São as prerrogativas conferidas à Admi-
também pela da revogação. Aliás, não é possível revogar nistração Pública, porque esta atua por conta de tal interes-
atos vinculados, mas apenas discricionários. A revogação se. Com efeito, o exame do princípio é predominantemente
se aplica nas situações de conveniência e oportunidade, feito no caso concreto, analisando a situação de conflito
quanto que a anulação serve para as situações de vício de entre o particular e o interesse público e mensurando qual
legalidade. deve prevalecer.
3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem op- XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
ções de delegar parte de suas atribuições privativas para Constituição, e o Advogado-Geral da União;
os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República XVII - nomear membros do Conselho da República,
ou o Advogado-Geral da União. O Presidente irá delegar nos termos do art. 89, VII;
com relação de hierarquia cada uma destas essencialida- XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e
des dentro da estrutura organizada do Estado. Reforça-se, o Conselho de Defesa Nacional;
desconcentrar significa delegar com hierarquia, pois XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
há uma relação de subordinação dentro de uma estrutura autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
centralizada, isto é, os Ministros de Estado, o Procurador- quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas
-Geral da República e o Advogado-Geral da União respon- mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobi-
dem diretamente ao Presidente da República e, por isso, lização nacional;
não possuem plena discricionariedade na prática dos atos XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
administrativos que lhe foram delegados. Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
privativas da Administração pública direta no âmbito mais que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
central possível, isto é, diretamente pelo chefe do Poder ou nele permaneçam temporariamente;
Executivo, seja porque não são atribuições delegáveis, seja XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
porque se optou por não delegar. nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro-
postas de orçamento previstos nesta Constituição;
Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
da República: dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa,
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; as contas referentes ao exercício anterior;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a di- XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
reção superior da administração federal; na forma da lei;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
previstos nesta Constituição; nos termos do art. 62;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel Constituição.
execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
Descentralizar envolve a delegação de interesses es-
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
tatais para fora da estrutura da Administração direta, o que
a) organização e funcionamento da administração
é possível porque não se refere a essencialidades, ou seja,
federal, quando não implicar aumento de despesa nem
a atos administrativos que somente possam ser praticados
criação ou extinção de órgãos públicos;
pela Administração direta porque se referem a interesses
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
estatais diversos previstos ou não na CF. Descentralizar é
vagos;
uma delegação sem relação de hierarquia, pois é uma
VII - manter relações com Estados estrangeiros e
acreditar seus representantes diplomáticos; delegação de um ente para outro (não há subordinação
VIII - celebrar tratados, convenções e atos interna- nem mesmo quanto ao chefe do Executivo, há apenas uma
cionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; espécie de tutela ou supervisão por parte dos Ministérios –
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; se trata de vínculo e não de subordinação).
X - decretar e executar a intervenção federal; Basicamente, se está diante de um conjunto de pes-
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con- soas jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislati- prestarem serviços de interesse do Estado. Possuem patri-
va, expondo a situação do País e solicitando as providências mônio próprio e são unidades orçamentárias autônomas.
que julgar necessárias; Ainda, exercem em nome próprio direitos e obrigações,
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên- respondendo pessoalmente por seus atos e danos.
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; Existem duas formas pelas quais o Estado pode efetuar
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma- a descentralização administrativa: outorga e delegação.
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade
da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá- e a ela transfere, através de previsão em lei, determinado
-los para os cargos que lhes são privativos; serviço público e é conferida, em regra, por prazo indeter-
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os minado. Isso é o que acontece quanto às entidades da Ad-
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais ministração Indireta prestadoras de serviços públicos. Nes-
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura- te sentido, o Estado descentraliza a prestação dos serviços,
dor-Geral da República, o presidente e os diretores do ban- outorgando-os a outras entidades criadas para prestá-los,
co central e outros servidores, quando determinado em lei; as quais podem tomar a forma de autarquias, empresas
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis- públicas, sociedades de economia mista e fundações pú-
tros do Tribunal de Contas da União; blicas.
4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vínculo polí- Para Reale6, a evolução histórica demonstra o domínio
tico-jurídico da nacionalidade com o Estado, que goza de direitos de um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma
políticos, ou seja, que pode votar e ser votado (sufrágio universal). ordem gradativa entre os valores; mas existem os valores
Destacam-se os seguintes conceitos correlatos: fundamentais e os secundários, sendo que o valor fonte
a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga é o da pessoa humana. Nesse sentido, são os dizeres de
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele Reale7: “partimos dessa ideia, a nosso ver básica, de que a
passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando as- pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. O ho-
sim de direitos e obrigações. mem, como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo
b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais
unidas pelo vínculo da nacionalidade. da mesma espécie. O homem, considerado na sua objeti-
c) População: conjunto de pessoas residentes no Esta- vidade espiritual, enquanto ser que só realiza no sentido
do, nacionais ou não. de seu dever ser, é o que chamamos de pessoa. Só o ho-
Depreende-se que a cidadania é um atributo conferi- mem possui a dignidade originária de ser enquanto deve
do aos nacionais titulares de direitos políticos, permitindo ser, pondo-se essencialmente como razão determinante
a consolidação do sistema democrático. do processo histórico”.
Quando a Constituição Federal assegura a dignidade
1.3) Dignidade da pessoa humana da pessoa humana como um dos fundamentos da Repúbli-
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de in- ca, faz emergir uma nova concepção de proteção de cada
terpretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou membro do seu povo. Tal ideologia de forte fulcro huma-
nacional, que possa se considerar compatível com os va- nista guia a afirmação de todos os direitos fundamentais
lores éticos, notadamente da moral, da justiça e da demo- e confere a eles posição hierárquica superior às normas
cracia. Pensar em dignidade da pessoa humana significa, organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que
acima de tudo, colocar a pessoa humana como centro e está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus
norte para qualquer processo de interpretação jurídico, membros, e não o inverso.
seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação.
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou 1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
plena, é possível conceituar dignidade da pessoa humana Quando o constituinte coloca os valores sociais do tra-
como o principal valor do ordenamento ético e, por con- balho em paridade com a livre iniciativa fica clara a percep-
sequência, jurídico que pretende colocar a pessoa humana ção de necessário equilíbrio entre estas duas concepções.
como um sujeito pleno de direitos e obrigações na or- De um lado, é necessário garantir direitos aos trabalhado-
dem internacional e nacional, cujo desrespeito acarreta a res, notadamente consolidados nos direitos sociais enume-
própria exclusão de sua personalidade. rados no artigo 7º da Constituição; por outro lado, estes
Aponta Barroso4: “o princípio da dignidade da pessoa direitos não devem ser óbice ao exercício da livre iniciativa,
humana identifica um espaço de integridade moral a ser mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade
assegurado a todas as pessoas por sua só existência no dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio
mundo. É um respeito à criação, independente da crença do mais forte sobre o mais fraco.
que se professe quanto à sua origem. A dignidade relacio- Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar
na-se tanto com a liberdade e valores do espírito como a exploração de atividades econômicas no território bra-
com as condições materiais de subsistência”. sileiro, coibindo-se práticas de truste (ex.: monopólio). O
O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do constituinte não tem a intenção de impedir a livre inicia-
Tribunal Superior do Trabalho, trouxe interessante concei- tiva, até mesmo porque o Estado nacional necessita dela
to numa das decisões que relatou: “a dignidade consiste para crescer economicamente e adequar sua estrutura ao
na percepção intrínseca de cada ser humano a respeito atendimento crescente das necessidades de todos os que
dos direitos e obrigações, de modo a assegurar, sob o foco nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é
de condições existenciais mínimas, a participação saudá- possível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais
vel e ativa nos destinos escolhidos, sem que isso importe afirmados na Constituição Federal como direitos funda-
destilação dos valores soberanos da democracia e das li- mentais.
berdades individuais. O processo de valorização do indiví- No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar
duo articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, de maneira racional, tendo em vista os direitos inerentes
sem olvidar que o espectro de abrangência das liberdades aos trabalhadores, no que se consolida a expressão “valo-
individuais encontra limitação em outros direitos funda- res sociais do trabalho”. A pessoa que trabalha para aque-
mentais, tais como a honra, a vida privada, a intimidade, le que explora a livre iniciativa deve ter a sua dignidade
a imagem. Sobreleva registrar que essas garantias, asso- respeitada em todas as suas dimensões, não somente no
ciadas ao princípio da dignidade da pessoa humana, sub- que tange aos direitos sociais, mas em relação a todos os
sistem como conquista da humanidade, razão pela qual direitos fundamentais afirmados pelo constituinte.
auferiram proteção especial consistente em indenização Luiz Bresciani de Fontan Pereira. Brasília, 05 de setembro de
por dano moral decorrente de sua violação”5. 2012j1. Disponível em: www.tst.gov.br. Acesso em: 17 nov.
4 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplica- 2012.
ção da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382. 6 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São
5 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso Paulo: Saraiva, 2002, p. 228.
de Revista n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto 7 Ibid., p. 220.
2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A questão resta melhor delimitada no título VI do texto Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República
constitucional, que aborda a ordem econômica e financei- Federativa do Brasil:
ra: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim II - garantir o desenvolvimento nacional;
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
da justiça social, observados os seguintes princípios [...]”. desigualdades sociais e regionais;
Nota-se no caput a repetição do fundamento republicano IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de dis-
Por sua vez, são princípios instrumentais para a efeti- criminação.
vação deste fundamento, conforme previsão do artigo 1º e
3.1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária
do artigo 170, ambos da Constituição, o princípio da livre
O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a
concorrência (artigo 170, IV, CF), o princípio da busca do
expressão “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade
pleno emprego (artigo 170, VIII, CF) e o princípio do tra- liberdade, igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida as
tamento favorecido para as empresas de pequeno porte três dimensões de direitos humanos: a primeira dimensão,
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede voltada à pessoa como indivíduo, refere-se aos direitos ci-
e administração no País (artigo 170, IX, CF). Ainda, assegu- vis e políticos; a segunda dimensão, focada na promoção
rando a livre iniciativa no exercício de atividades econômi- da igualdade material, remete aos direitos econômicos, so-
cas, o parágrafo único do artigo 170 prevê: “é assegurado ciais e culturais; e a terceira dimensão se concentra numa
a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, perspectiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais.
independentemente de autorização de órgãos públicos, Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a
salvo nos casos previstos em lei”. preservação de direitos fundamentais inatos à pessoa hu-
mana em todas as suas dimensões, indissociáveis e inter-
1.5) Pluralismo político conectadas. Daí o texto constitucional guardar espaço de
A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da destaque para cada uma destas perspectivas.
multiplicidade de ideologias culturais, religiosas, econômi-
cas e sociais no âmbito de uma nação. Quando se fala em 3.2) Garantir o desenvolvimento nacional
pluralismo político, afirma-se que mais do que incorporar Para que o governo possa prover todas as condições
esta multiplicidade de ideologias cabe ao Estado nacional necessárias à implementação de todos os direitos funda-
mentais da pessoa humana mostra-se essencial que o país
fornecer espaço para a manifestação política delas.
se desenvolva, cresça economicamente, de modo que cada
Sendo assim, pluralismo político significa não só res-
indivíduo passe a ter condições de perseguir suas metas.
peitar a multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de
tudo garantir a existência dela, permitindo que os vários 3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e redu-
grupos que compõem os mais diversos setores sociais pos- zir as desigualdades sociais e regionais
sam se fazer ouvir mediante a liberdade de expressão, ma- Garantir o desenvolvimento econômico não basta para
nifestação e opinião, bem como possam exigir do Estado a construção de uma sociedade justa e solidária. É necessá-
substrato para se fazerem subsistir na sociedade. rio ir além e nunca perder de vista a perspectiva da igual-
Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou dade material. Logo, a injeção econômica deve permitir o
multipartidarismo, que é apenas uma de suas consequên- investimento nos setores menos favorecidos, diminuindo
cias e garante que mesmo os partidos menores e com pou- as desigualdades sociais e regionais e paulatinamente er-
cos representantes sejam ouvidos na tomada de decisões radicando a pobreza.
políticas, porque abrange uma verdadeira concepção de O impacto econômico deste objetivo fundamental é
multiculturalidade no âmbito interno. tão relevante que o artigo 170 da Constituição prevê em
seu inciso VII a “redução das desigualdades regionais e so-
2) Separação dos Poderes ciais” como um princípio que deve reger a atividade econô-
A separação de Poderes é inerente ao modelo do Es- mica. A menção deste princípio implica em afirmar que as
políticas públicas econômico-financeiras deverão se guiar
tado Democrático de Direito, impedindo a monopolização
pela busca da redução das desigualdades, fornecendo in-
do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta
centivos específicos para a exploração da atividade econô-
garantida no artigo 2º da Constituição Federal com o se- mica em zonas economicamente marginalizadas.
guinte teor:
3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmôni- origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
cos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. de discriminação
Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio
3) Objetivos fundamentais da igualdade como objetivo a ser alcançado pela República
O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição brasileira. Sendo assim, a república deve promover o prin-
Federal com os objetivos da República Federativa do Brasil, cípio da igualdade e consolidar o bem comum. Em verda-
nos seguintes termos: de, a promoção do bem comum pressupõe a prevalência
do princípio da igualdade.
3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo 4.2) Prevalência dos direitos humanos
Jacques Maritain8 ressaltou que o fim da sociedade é o seu O Estado existe para o homem e não o inverso. Portan-
bem comum, mas esse bem comum é o das pessoas huma- to, toda normativa existe para a sua proteção como pessoa
nas, que compõem a sociedade. Com base neste ideário, humana e o Estado tem o dever de servir a este fim de pre-
apontou as características essenciais do bem comum: re- servação. A única forma de fazer isso é adotando a pessoa
distribuição, pela qual o bem comum deve ser redistribuído humana como valor-fonte de todo o ordenamento, o que
às pessoas e colaborar para o desenvolvimento delas; res- somente é possível com a compreensão de que os direitos
peito à autoridade na sociedade, pois a autoridade é ne- humanos possuem uma posição prioritária no ordenamen-
cessária para conduzir a comunidade de pessoas humanas to jurídico-constitucional.
para o bem comum; moralidade, que constitui a retidão de Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada,
vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos essenciais mas, em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são
do bem comum. aqueles inerentes ao homem enquanto condição para sua
dignidade que usualmente são descritos em documentos
4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º) internacionais para que sejam mais seguramente garanti-
O último artigo do título I trabalha com os princípios dos. A conquista de direitos da pessoa humana é, na verda-
que regem as relações internacionais da República brasi- de, uma busca da dignidade da pessoa humana.
leira:
4.3) Autodeterminação dos povos
A premissa dos direitos políticos é a autodetermina-
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas
ção dos povos. Neste sentido, embora cada Estado tenha
relações internacionais pelos seguintes princípios: obrigações de direito internacional que deve respeitar para
I - independência nacional; a adequada consecução dos fins da comunidade interna-
II - prevalência dos direitos humanos; cional, também tem o direito de se autodeterminar, sendo
III - autodeterminação dos povos; que tal autodeterminação é feita pelo seu povo.
IV - não-intervenção; Se autodeterminar significa garantir a liberdade do
V - igualdade entre os Estados; povo na tomada das decisões políticas, logo, o direito à
VI - defesa da paz; autodeterminação pressupõe a exclusão do colonialismo.
VII - solução pacífica dos conflitos; Não se aceita a ideia de que um Estado domine o outro,
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; tirando a sua autodeterminação.
IX - cooperação entre os povos para o progresso da hu-
manidade; 4.4) Não-intervenção
X - concessão de asilo político. Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasilei-
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus- ro irá respeitar a soberania dos demais Estados nacionais.
cará a integração econômica, política, social e cultural dos Sendo assim, adotará práticas diplomáticas e respeitará as
povos da América Latina, visando à formação de uma comu- decisões políticas tomadas no âmbito de cada Estado, eis
nidade latino-americana de nações. que são paritários na ordem internacional.
4
REDAÇÃO
1
REDAÇÃO
senvolvimento sustentável que é – ou era – primordial? Sabemos que o progresso é inevitável e indispensável para que uma
sociedade se desenvolva e atinja o estágio clímax de suas potencialidades, mas vale a pena conquistar esse progresso às custas
da destruição da fauna, da flora, da qualidade de vida que a natureza nos proporciona? Não podemos continuar cegos diante
dessa realidade. Somos seres racionais em pleno exercício de nossas faculdades, não temos o direito de nos destruirmos em
troca de cédulas com valores monetários que ironicamente estampam espécies animais em seus versos. Progresso e natureza
podem, sim, coexistir, mas, para isso, é preciso que nós – população terrestre – nos conscientizemos de nossa responsabilidade
sobre o lugar que habitamos e ponhamos em prática o que na teoria parece funcionar.
(http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/dissertacao-texto-dissertativo-argumentativo.htm)
http://conversadeportugues.com.br/2015/02/como-organizar-o-texto-dissertativo-argumentativo/
A Introdução da Redação
Não é sem razão que este parágrafo é chamado de introdução. É nessa parte do texto que você vai expor (apresentar)
as principais questões a serem abordadas no restante do texto. No primeiro parágrafo, o leitor terá uma dimensão geral do
assunto e vai entender as razões pelas quais a discussão do problema é relevante.
E nessa hora que você deve envolver o leitor e ser criativo o bastante para instigá-lo a continuar a leitura. Uma boa forma
de fazer isso é relacionar o tema a aspectos pessoais e/ou sociais. Mostre como essa questão pode afetar a vida do leitor ou
como ele está relacionado a ela.
2
REDAÇÃO
Uma boa maneira de treinar a introdução dos seus tex- Outro cuidado importante é em relação aos exem-
tos é ler, pelo menos uma vez por semana, artigos de jornais plos. Eles devem ser bastante representativos para situar
e revistas. Analise como autor utiliza as características desse o leitor e estabelecer a comunicação. Imagine que seus
gênero textual para chamar a atenção do leitor e instigar a exemplos são uma espécie de pontos luminosos do seu
curiosidade para o conteúdo que vem a seguir. texto. Eles devem ser claros o bastante para dar ainda
mais legitimidade aos seus argumentos.
Veja um exemplo de Introdução: Agora, chegou a vez da Conclusão da Redação
“No último ano, o Brasil foi palco de inúmeros protestos Se a palavra-chave do desenvolvimento é argumen-
populares. O País vinha enfrentando uma série de problemas tação, no último parágrafo o termo que você deve ter em
políticos, econômicos e sociais que culminaram com o au- mente é solução. Você levantou uma determinada ques-
mento das passagens de ônibus em diversas capitais. Embora tão ao longo do texto, certo? Agora é a hora de apresen-
tenham sido alvo de críticas no início, os manifestantes conti- tar as possíveis saídas para o problema.
nuaram nas ruas e fizeram com o que o mês de junho de 2013 Nos parágrafos utilizados como exemplo de introdu-
se tornasse um marco histórico”. ção e desenvolvimento, optou-se por abordar a proble-
mática das manifestações. Agora, acompanhe uma possí-
Alerta vermelho: O que você não deve fazer na In- vel conclusão para o que foi apresentado anteriormente:
trodução “Ao que tudo indica, os brasileiros vão seguir com as
O principal cuidado que você deve ter ao escrever a in- manifestações até que suas exigências sejam atendidas.
trodução do seu texto é não misturar os assuntos. A plurali- Trata-se de um momento político delicado. A melhor forma
dade de ideias deixa o texto poluído e o leitor confuso. E ain- de o governo lidar com essa situação é através do diálogo.
da: não mencione nenhum fato na introdução que não será As revoltas que surgiram em função da repressão sofrida
explorado ao longo do texto. Foque na sua tese principal. pelos manifestantes mostram que a diplomacia é sempre a
É recomendável evitar períodos longos no primeiro melhor forma de estabelecer uma conversa coerente e que
parágrafo. O espaço para produzir orações mais longas é gere resultado. Ao mesmo tempo, é imprescindível prestar
o desenvolvimento. E mesmo assim, esse recurso deve ser
contas e apontar melhorias para a situação atual”.
usado com bastante critério.
(https://blogdoenem.com.br/redacao-enem-estrutu-
Veja agora o Desenvolvimento da Redação
ra-texto/)
Essa parte da sua redação pode ser resumida em uma
única palavra: argumentação. É aqui que as informações
III - Aspectos importantes da Dissertação argu-
mais polêmicas devem aparecer. Nesse espaço, você tam-
mentativa
bém pode dar voz a visões opostas sobre o assunto.
Muitos candidatos temem a prova discursiva e con-
Tudo o que foi levantado na introdução deve ser discu-
tido aqui. Meu conselho é que você reserve ao menos dois sideram a dissertação argumentativa um bicho de sete
parágrafos para que todos os dados e referências fiquem cabeças, aqui estão alguns aspectos para tentar ajudar a
claras para o leitor. Desenvolva uma ideia diferente para entender como deve ser escrito esse tipo de dissertação:
cada parágrafo. 1. Em relação à estrutura, o texto dissertativo-argu-
Veja um exemplo de um parágrafo de desenvolvimento. mentativo possui uma estrutura própria, sendo dividido
O trecho abaixo é uma continuação da introdução apresen- em:
tada no item anterior.
“A violência e a depredação do patrimônio público eram TEMA
as principais críticas em relação aos manifestantes. Diversas POSICIONAMENTO
agências bancárias e bens públicos foram depredados, o que, ARGUMENTAÇÃO
para muitas pessoas, legitimou as ações repressivas da polícia. CONCLUSÃO
Mas a postura dos policiais foi amplamente condenada na
mídia internacional e pelos setores considerados de esquerda. 2. Essa estrutura DEVE e PRECISA ser obedecida,
A partir daí, o número de manifestantes cresceu ainda mais. sem inverter a ordem, sendo assim:
Dentre as inúmeras reivindicações estava o próprio direito à • o TEMA e o POSICIONAMENTO devem aparecer
manifestação. As marchas deram propulsão a uma série de já no primeiro parágrafo;
protestos nacionais que reverberam até os dias de hoje”. • a ARGUMENTAÇÃO, que faz parte do desenvol-
vimento do texto, deve estar nos próximos parágrafos,
Alerta vermelho: O que não fazer no desenvolvi- que podem ser 2 ou 3, sendo um parágrafo para cada
mento argumento;
Como os parágrafos de desenvolvimento são mais lon- • a CONCLUSÃO, por fim, faz parte do último pa-
gos, se você não estiver atento, corre o risco de repetir in- rágrafo.
formações – o que acarreta na perda de pontos. O mesmo 3. TEMA: é o assunto sobre o qual o aluno irá disser-
erro pode ocorrer na ânsia em convencer o leitor sobre os tar, deve ser citado de forma resumida, para situar o avalia-
seus argumentos. dor a respeito do que será abordado no texto;
4.
3
REDAÇÃO