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O relacionamento dos pais com filhos e filhas adolescentes é um


grande desafio! As transformações do corpo, a necessidade de
autoafirmação, as contestações, o interesse sexual e a busca por mais
independência são fatores inerentes à adolescência que costumam gerar
grandes conflitos entre as partes envolvidas.
Infelizmente, são poucas as famílias que conseguem passar por essa
fase de forma construtiva, confiante e amorosa.

Por isso, eu estou aqui para lhe ajudar a mudar essa realidade!

O CONFLITO E A COMUNICAÇÃO

A comunicação é o elemento crucial de esclarecimento e conquista da


confiança dentro de uma relação, mas quando um conflito se estabelece é
ela quem é mais afetada!
Reflita por um instante: Qual o principal fator de conflito entre você e
seu filho ou sua filha adolescente? Selecione um.
● Como será que está a sua comunicação com seu filho sobre
esse conflito?
● A comunicação foi interrompida?
● Está conturbada?
● Ou será que está de um jeito incompreensível?
● Vocês não conseguem se entender?
● Se sente como se estivessem falando com as paredes?
● Tem dificuldades em como conversar sobre algum tema
que receia constranger?

Mas calma, isso tem solução!

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Muito pais colocam que querem e tentam conversar com seu ou sua
adolescente, mas que eles e elas se recusam a falar, principalmente se o
assunto for sexualidade. Mas não se renda a esse "NÃO". Quando o
adolescente ou a adolescente diz NÃO para uma conversa com os pais, em
geral, é porque não quer ouvir somente críticas ao seu comportamento. Na
cabeça de quem está na adolescência, uma bronca sem diálogo é sinônimo
de se sentir tratado como se fosse uma criança desobediente. Aos olhos dos
pais em conflito, a rebeldia tem até um nome pejorativo, o famoso
“aborrecente”!

A verdade é que esse tipo de abordagem não leva a lugar nenhum.


Você sabe bem que ninguém gosta de ouvir o outro e não ser ouvido, e com
os adolescentes isso não é diferente. Já pensou em mudar de estratégia?
Acredite: nenhum filho ou filha adolescente irá rejeitar um bom papo
de pais que o(a) ajude a crescer e a desenvolver sua autonomia.

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A adolescência, como diz Içami Tiba,
“É um segundo parto: nascer da família para andar sozinho na
sociedade.”

E esse momento é comprovadamente muito difícil PARA OS PAIS!

Uma pesquisa realizada nos EUA e publicada no livro Crossing


Paths, de Laurence Steinberg, acompanhou 200 famílias por 2 anos a
partir do momento em que o filho mais velho entrou na puberdade. Os
resultados são impressionantes!

40% dos pais apresentaram alterações psicoemocionais, como:


∗ Sentimentos de rejeição
∗ Baixo valor pessoal
∗ Declínio da vida sexual
∗ Aumento de sintomas físicos de estresse

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O GRANDE TABU

Vários fatores podem fazer com que os pais olhem para esse período
com um certo receio, mas há um ponto que os aflige com muito mais
força, consciente ou inconscientemente: a SEXUALIDADE.
E isso acontece, principalmente, por duas razões:
1. A sexualidade é a concretização de que seu filho ou filha não é mais
criança. Ele ou ela está crescendo para o mundo!
2. A sexualidade ainda é um tabu, permeado por valores morais, sobre
a qual se sabe muito pouco, e quase não se conversa sobre ela!

Mas o momento da adolescência não precisa ser sofrido! Uma boa


conversa sobre o assunto que precisa ser resolvido, inclusive os que
envolvem a sexualidade, é a melhor maneira para superar os conflitos. O
papo precisa ser aberto, daqueles em que ambas as partes estão dispostas
a falar e, principalmente, ouvir.

Muitas vezes os pais se sentem mais à vontade com os filhos homens


e as mães com as mulheres. Mas não precisa ser assim. Tanto o pai
quanto a mãe podem e devem conversar com seus filhos sobre
sexualidade, independente do sexo.
O mais importante é lembrar que tudo é uma questão de você criar
o clima adequado e inspirar confiança, não importa o assunto a ser
discutido.

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CONECTE-SE COM O SEU FILHO ADOLESCENTE
É um GRANDE MITO dizer que iniciar uma conversa sobre
sexualidade é um incentivo para que seu filho ou filha tenha relações
sexuais!

Uma pesquisa realizada pelo departamento de pediatria da


Universidade de Montreal, no Canadá, indica que quanto mais os pais
conversam com os filhos sobre sexo, menos eles são sexualmente ativos.

O estudo ouviu 1.171 adolescentes entre 14 e 17 anos. Os dados são


impressionantes.

No total, 45% dos entrevistados afirmaram que obtêm informações


sobre sexo com os pais e 32% com os amigos.

Entre aqueles que mantêm um diálogo aberto com os progenitores,


18% são sexualmente ativos.

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No grupo dos que não fala com os pais sobre sexo, o dobro (37%) já
praticou algum ato sexual. A porcentagem de jovens que se relaciona com
parceiros ocasionais também é maior entre os que não falam sobre sexo com os
pais (41%) comparada com os que falam (29%).

Como obtém informações sobre


SEXO

PAIS QUE FALAM SOBRE SEXO PAIS QUE NÃO FALAM SOBRE SEXO
18%
ATIVOS 37%
ATIVOS

82%
NÃO ATIVOS 63%
NÃO ATIVOS

"Quanto mais os pais conversam com os


filhos sobre sexo, menos eles são
sexualmente ativos."

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Em linhas gerais, quem conversa com os pais sobre sexo tem uma
propensão muito menor tanto para ter uma gravidez na adolescência como
também pegar uma doença sexualmente transmissível.

Para nós que conhecemos profundamente as relações humanas, os


resultados dessa pesquisa não são nenhuma surpresa. Eles apenas confirmam
uma velha lógica:

Quando um ou uma adolescente tem uma boa conexão, um canal


aberto sobre sexualidade com os pais, esse ou essa jovem se torna uma
pessoa mais leve, muito mais feliz e responsável.

Seja uma referência de informação para o seu filho!

É muito importante abrir um canal de comunicação com o filho, pois só


assim ele poderá ver em você uma referência como fonte de informações
confiáveis.

Esse canal aberto é ainda mais importante primeiramente para você, pai
ou mãe. Pois é nessa conversa que conhecemos os nossos filhos, é nessa
conversa que percebemos como eles estão lidando com a sexualidade. Esse
papo revela qual tipo de informação eles têm sobre o sexo e como eles
pensam.

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E ainda mais: a partir do diálogo compreenderemos como é que eles
ou elas estão se sentindo na adolescência, essa fase repleta de
descobertas, em que a sexualidade e outras questões provocam um
verdadeiro terremoto na vida deles ou delas.

A adolescência é a melhor época da vida!

Nessa fase se ganha muitas coisas interessantes e ao mesmo tempo:

● Vitalidade e capacidade de viver e entender melhor o mundo


em seu entorno
● Capacidade crítica e posicionamento próprio
● Conquista da autonomia de ir e vir
● As sensações e emoções afetivas e sexuais

Para tanto, o que um ou uma adolescente quer é ter um pai e uma


mãe companheiros, com quem possa conversar!

Mas como abrir esse canal de comunicação?


Muitos pais querem começar essa conversa com seus filhos, mas
muitos deles se perguntam como.

Tenho ouvido de muitos pais que eles até conseguem iniciar a


conversa, mas muitas vezes a sensação que dá é que tudo o que dizem
entra por um ouvido e sai pelo outro.

Já passou por isso? Já tentou falar com seu filho ou filha e teve a
sensação de que estava conversando com as paredes?

Por isso que estou aqui. A seguir, compartilho com você um passo a
passo para se conectar com seu filho ou filha adolescente através de um
bom e produtivo diálogo.

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Primeiro passo: Cuidado com a sua postura

Entendo que iniciar um diálogo com o seu filho adolescente, ainda


mais sobre sexualidade, para alguns, dá até um frio na espinha.

No entanto, é importante ter em mente que há um ponto a ser


observado antes mesmo de iniciar um diálogo, independente do assunto. A
postura.

1. Se você tem o hábito de dizer para amigos, familiares ou mesmo


conhecidos que tem um “aborrecente” em casa, pare com isso agora
mesmo! Esse olhar e essa postura afastam você de seu filho(a), tirando
a oportunidade dele(a) de contar com o suporte do pai e da mãe para
o desenvolvimento pessoal e sexual. Tudo começa do jeito que você
pensa e fala.
2. Você trocaria confidências com alguém que acha você uma pessoa
aborrecida? Nesse olhar pejorativo está implícito que você é o dono da
verdade e tudo o que não se encaixa ao seu modo de pensar se deve
aos problemas dessa “fase chata da adolescência". Nesse caso, não
acontece um diálogo, acontece um monólogo – da sua parte, é claro!
3. Uma dica importante: olhe seu filho ou sua filha adolescente, como
adolescente. Ou seja: com atenção e carinho! Ele(a) é seu filho ou sua
filha que está num momento especial de seu desenvolvimento pessoal
e você quer, e precisa estar, mais perto dele ou dela para ajudá-lo(a)
com sua experiência, no que for preciso nessa fase.
4. Crie um clima agradável, um clima em que o filho ou a filha se sinta
confortável em conversar com você, apesar da autoridade que tem
sobre ele(a). O jeito que você chega para a conversa, um simples
olhar... pode deixar o clima um pouco “tenso”, ou o contrário -
convidativo.

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Segundo passo: tenha uma boa história

Para iniciar um diálogo, eu uso uma ferramenta infalível: conto uma


história, uma notícia, algo semelhante que tenha acontecido com uma
terceira pessoa. Assim, ele(a) não se sentirá constrangido(a), pressionado(a)
nem exposto(a).

Por exemplo: outro dia precisei conversar com uma adolescente de 14


anos sobre quando ela achava que a primeira relação sexual deveria
acontecer.

Comecei essa conversa mostrando uma matéria que eu tinha lido


naquela semana com a seguinte notícia:
“Pesquisa feita em 37 países mostra que o brasileiro inicia a vida
sexual mais cedo”. A pesquisa ouviu 30 mil pessoas e indicava que, em média,
a primeira relação sexual aconteceu aos 13 anos. E então, eu comentei a
notícia.
“Será que isso é mesmo verdade?” (Fiz a pergunta a ela, como se
estivesse falando comigo mesma)
Então eu levei essa história ou fato para a minha época.
No diálogo com essa garota, contei que, quando eu era adolescente,
tudo era muito diferente. E mesmo a gente só podendo ter a primeira relação
sexual depois de casada, tinha dúvidas e muitas coisas para aprender. Então
perguntei:
- Você sabe como era antes, não é? Quando uma garota podia ter a sua
primeira vez?
Ela respondeu:
- Sim, você acabou de falar. Quando casava.
- Sim. Mas não é só isso, insisti. O que acontecia quando ela, por um
acaso, não resistia aos encantos e carícias de seu namorado (ou, como dizia a
minha mãe: se ela comesse o lanche antes do recreio), ela era obrigada a fugir
com o namorado e depois casar!

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Depois expliquei que, aquelas que eram abandonadas por seus
namorados, os pais expulsavam de casa ou eram obrigadas a ir morar com
algum parente, bem longe dali. Outras, que tinham pais ricos, eram
mandadas para um colégio interno!
Ela abriu bem os olhos e espantada, me falou:
- Que mal! Ainda bem que eu não nasci nessa época.
Eu então comentei:
- Não era fácil viver a sexualidade nessa época! Eu adoraria ter tido
mais liberdade. Você é uma privilegiada.
E então a gente riu junto. Depois acrescentei: você já pegou o mundo
muito mais liberal! Hoje, os adolescentes têm muito mais liberdade sexual!
Abordando dessa forma, eu exponho como é que a gente lidava com
essa mesma situação ou fato naquele tempo. E isso, ajuda muito a quebrar
a resistência ou qualquer defensiva que seu filho ou sua filha pode ter
criado sobre o assunto, mesmo quando se tratar de algo polêmico.

Quando a gente abre o nosso coração para falar como


verdadeiramente se sente diante do que está sendo conversado, eles
passam a se sentir mais à vontade para discutir o assunto, e isso cria um
vínculo de confiança.

A minha exposição também faz com que eles se sintam mais


confortáveis em se posicionar. Essa técnica abre o diálogo e isso é a porta
para criar uma conexão com os seus filhos e suas filhas.

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Terceiro passo: exponha e pergunte

Depois de expor a notícia ou minhas próprias experiências, eu


pergunto:

“Como é para você? É isso mesmo que essa notícia está trazendo?
Isso é verdade? Você tem visto isso acontecer no seu grupo, com seus
amigos? O que que você pensa disso? Qual é a sua opinião?”

No caso desse meu exemplo, eu indaguei:

- Você já teve conhecimento de alguma garota ou garoto ter transado


nessa idade? O que você pensa sobre isso? Na sua opinião, qual o melhor
momento para uma garota ou um garoto ter sua primeira vez?
PRONTO! É aí que está o clímax da conversa! O ambiente mais
favorável proporciona a criação da conexão entre as duas partes.

Mas cuidado! As perguntas não devem serem feitas de uma só vez!

Preste atenção nas respostas de seu filho ou sua filha e faça o


encadeamento de forma coerente e compassada, de acordo com o
próximo passo.

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Quarto passo: permita-se ouvir o que o seu filho ou
sua filha tem a dizer!

Quando digo que a gente precisa se permitir ouvir é porque, muitas


vezes, há pais que só falam e não escutam. E com isso se perde a
oportunidade de descobrir como ajudar o seu filho ou sua filha, saber o
que ele ou ela pensa ou sabe sobre o assunto. Enfim, perde-se a razão do
porquê da conversa!

Essa é a hora mágica! Deixem e escutem seus filhos falarem, mesmo


que eles digam coisas que talvez você não concorde.

Ouça! Isso não quer dizer que você tenha que concordar com ele.
Como com qualquer outra pessoa, você pode e deve ter suas próprias
opiniões e, se forem diferentes, elas devem ser explicitadas - mas não antes
dele(a) finalizar o próprio pensamento!

Lembre-se de não perder de vista que a função do diálogo é a troca


de ideias e, para que haja uma troca, a gente precisa não só saber o que
querer falar com os nossos filhos, mas também se permitir ouvir o que eles
têm a dizer.

Portanto, ouça seu filho ou sua filha sem julgar, sem oprimir nem
constranger, mesmo não concordando com o que eles estão falando.

Se eles já soubessem tudo o que você sabe e enxergassem a vida a


partir do seu ponto de vista, não precisaria haver essa conversa, não é
mesmo?

O ponto crucial no diálogo não é você afirmar quem tem razão, mas
sim, ficar atento e perceber as lacunas de informação que muitas vezes
ocorrem nos argumentos do seu filho, devido à sua pouca experiência na
vida.

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Quinto passo: atente-se às lacunas de informação

A onipotência é uma característica do ser humano que se torna mais


evidente na adolescência! Isso acontece devido ao pouco tempo de vida
experimentada pelos jovens que, deliciosamente, ou para outros,
irritantemente, acreditam que tudo pode dar certo dentro da perspectiva
que eles idealizaram. Isso muitas vezes faz os pais confundirem o
posicionamento dos filhos como uma espécie de arrogância e até uma
provocação pessoal.

Agora, passo para você meu aprendizado mais precioso sobre a


conversa com adolescentes aprendido com o professor Cornélio
Rosemburg, que tive o prazer de ter como orientador:

“Você só vai ser ouvido por um(a) adolescente se conseguir fazê-lo(a)


perceber o valor da conversa. Para isso, identifique as lacunas de
informação que ele vai apresentar em seus argumentos e opiniões e
seja capaz de preenchê-las!”

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Ouça com paciência e interesse e atente-se ao que é de fato relevante:
as lacunas de informações que seus filhos estão apresentando, as
informações equivocadas, os pontos que precisam uma boa orientação.

Ponto chave: a complementariedade é o que solidifica o diálogo e a


conexão com o seu filho ou sua filha.

Quando identificamos essas lacunas de informação é que entramos


com a informação correta, com o conhecimento, com a experiência
adquirida ao longo de nossas vidas.

É juntando o nosso conhecimento com o dele(a) que fazemos


acontecer o fenômeno da complementaridade!

Essa complementaridade é que solidificará a conexão entre o adulto e


os adolescentes, entre um pai ou mãe e um filho ou uma filha.

É complementando que você agrega valor, conquista a confiança e se


torna uma referência para o seu filho ou sua filha.

Na complementariedade você vai se sentir ouvido. Além disso, ele(a)


levará essas conversas que vocês tiveram como uma referência para toda a
sua vida, sempre que tiver que tomar importantes decisões.

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Finalizando…
Como você quer que o seu relacionamento com o seu filho ou filha
esteja daqui a um ano? Um dia, você vai ter desejado ter tido esse diálogo!

Experimente agora!

Mesmo se esse passo a passo parecer difícil para você, ou caso receios
e medos venham dizer que isso não vai dar certo, eu sugiro fortemente que
você tente! Como qualquer experiência nova que vivemos, acertar na
primeira é "sorte de principiante".

Normalmente, a primeira tentativa é sempre um pouco mais


atabalhoada. Mas isso faz parte! Anime-se, tente novamente e logo você
verá que cada vez mais irá se sentir mais confiante e o seu relacionamento
com o seu filho ou sua filha será cada vez melhor!

Confira vídeo que complementam esse e-book.

"Fico triste quando ouço pais falarem


que tem um ‘aborrescente’ em casa"

No meu canal do Youtube e no Facebook encontrará dicas


sobre educação sexual tanto para crianças e adolescentes!
Dá uma visitinha lá e curta e ative as notificações para estar
me acompanhando nas redes sociais!
Toda semana tenho videos novos!

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