Introdução A relação pacifica entre meda, babilônios e egípcios foi interrompida por um jovem rei persa chamado Ciro II. Até então, os persas estavam sob o domínio dos medas, Ciro rebelou-se contra a Média em 553 a.C., e rapidamente conquistou o reino de seus antigos senhores. Ciro avança para Anatólia ainda não conquistada, após esse grande feito volta-se para o Oriente, tomando a Babilônia em 539 a.C., e a incorporando a seu vasto império. Nascia um novo império de proporções nunca vistas. Os Principais Imperadores da Dinastia Aquemênida Ciro e seus sucessores eram membros de uma dinastia chamada Aquemênida, uma referência ao nome do primeiro rei da família, Aquemenas. Os cinco primeiros (e maiores) imperadores persas foram Ciro II, Cambises II, Dario I, Xerxes I e Artaxerxes I. A Ética do Guerreiro Persa A cultura persa defendia que seus membros deveriam ter três atributos essenciais: montar a cavalo, atirar bem com arco e dizer sempre a verdade. Uma vez formados, os homens persas serviam dos 20 aos 50 anos de idade, lutando nos combates do reino. Os dez mil imortais, um corpo de elite do exército, eram selecionados apenas dentre os melhores guerreiros persas e tinham esse nome pelo fato de cada soldado morto ser imediatamente distribuído. Um detalhe importante para as batalhas, que determinou a superioridade persa durante muito tempo, foi a técnica de combate durante a cavalgada. A Religião Persa A religião persa era originalmente politeísta, mas ela sofreu tremenda influência de uma profeta chamado Zaratustra. Ele pregava um conceito que só havia sido explorado com mais profundidade pelos hebreus: o monoteísmo. Zaratustra: as lendas em torno do Profeta Zaratustra era chamado de Zoroastro pelos gregos, por isso, sua religião ficou conhecida como zoroastrismo. A origem de Zaratustra é um mistério, pois ele foi autor apenas de parte dos textos religiosos do Gâthas, e as demais informações sobre ele foram encontradas nos testemunhos tardios dos gregos. Há consenso de que ele viveu depois do ano 1000 a.C., mas o debate não está concluso, porém, há alguma tendência em situar Zaratustra no Afeganistão do século VII a.C. Deixou sua terra natal aos 30 anos e iniciou sua meditação de 10 anos, até que o Vohu Manah (Bom Pensamento) se revelou, dando a Zaratustra a oportunidade de entrevistar o próprio Ahura-Mazda e conhecer a verdade. Pregou durante 30 anos, depois, seus discípulos levaram sua mensagem até a India. Ahura-Mazda, a divindade única de Zaratustra Zaratustra pensou Ahura-Mazda como isento de toda treva e maldade, diferente de outras ideias correntes, nas quais as divindades tinham atitude boas ou más. Ahura-Mazda dominava o duelo dos dois espíritos gêmeos criados por ele, o Spenta Mainyu (Espirito Santo) e Ahra Mainyu (Espirito Mau, ou Ahriman). Este ultimo tornou- se em trevas por causa do livre arbítrio de criatura, decidindo-se tornar-se mau. Essas entidades do bem e do mau se relacionavam com a realidade por meio de representantes físicos: o gado, o fogo, os metais, a terra, a água e as plantas. O divino não era entendido por Zaratustra como potência, mas ordem e justiça. Essa luta entre o bem e mal teria ainda outro desdobramento a partir do profeta Mani, no século III d.C., que afirmava trazer o complemento dos ensinos de Zaratustra, Buda e Cristo, chegando a uma religião da luz. Seus ensinos foram denominados maniqueísmo. Para Mani, o mundo estava em uma eterna luta entre o bem e o mal, a luz e a escuridão. o dualismo ético Zoroastrista Zaratustra proibiu todo tipo de imagem ou rito religioso e os substituiu por uma ética que sacrificava os maus pensamentos e palavras no altar da consciência. A alma humana era iluminada por Ahura-Mazda, mas sempre com o livre arbítrio de escolher a verdade em lugar da mentira. Assim formava-se uma tríade de exigência ética zoroastrista: bons pensamentos, boas palavras e boas ações. Em contrapartida, havia poderes destrutivos da vida e do bem-estar, seres espirituais hierarquicamente organizados, trazidos a existência por Ahriman, eles mentiam e levavam as pessoas a arrogância, explorando os defeitos dos homens com o objetivo de derrubar a humanidade e manter todos afastados do bem. Esse era outro campo de batalha, mais místico: os fiéis deviam renunciar aos demônios mentirosos que os assolavam e impediam de realizar a vontade de Ahura-Mazda, a fim de serem aprovados no juízo final e entrar na vida eterna. O pós-morte Zoroastrista Depois da morte, os justos iriam para a Garo-Demana (Casa dos Cânticos, o Paraiso), e os maus, servidores de Ahriman, iam para o Drujo-Demana (Casa da Mentira, o inferno ao qual já estavam acostumados em vida). Entre os dois lugares havia uma estadia intermediária, o Hamestagan (Purgatório). Para aqueles que viveram o bem e o mal em pé de igualdade. Saoshyant, o salvador escatológico zoroastrista Os zoroastristas cultivaram a crença em um devir escatológico que renovaria o mundo e o livraria do mal quando os mortos ressuscitassem e se tornassem imortais. O momento escatológico final, com a ressurreição dos mortos, ocorreria no final dos tempos com a vinda do Saoshyant, o salvador, um homem que conduziria o fogo celeste pelo qual os ressuscitados passariam: os maus, para destruição, e os justos, para serem dotados de um corpo de bronze. Desenvolveu-se que a cada milênio depois de Zaratustra, teria a vinda de um salvador nascido da semente do profeta, depositada no lago Kasaya. O ultimo Shaoshyant, chamado Astvat-Arta, nasceria de uma virgem que, ao se banhar no lago, seria fecundada. Da linhagem do profeta, nascido de uma virgem, o salvador sofreria oposição dos homens, que o matariam enforcado, mas ele desceria as profundezas da terra, depois subiria para o alto, de onde viria com o exército da luz para julgar e concluir a história. O primeiro contato dos judeus com o Império Persa A relação dos judeus com os persas teve inicio com a conquista da Babilônia por Ciro II. O ultimo rei babilônico, Nabonido, era odiado pelo clero local de Marduque por vários motivos. Ciro chegou a Babilônia e logo se apresentou como enviado de Marduque para restituir seu culto, alegrando o clero local e angariando apoio. Foi uma jogada de mestre, registrada no cilindro de Ciro, escrito logo após a sua chegada. Note a estratégia de Ciro, ele, provável adorador de Ahura-Mazda, apresentou-se como enviado e escolhido de Marduque, o grande senhor, deus da Babilônia. Esse fato nos ajuda a compreender melhor a maneira como funcionava a política persa de cooptação de sacerdócio locais, pois temos textos semelhantes na Bíblia sobre o mesmo Ciro. Esdras 1.2-3 O dualismo zoroastrista e a Fé Cristã Anjos e demônios estão ligados a compreensão de que o mundo é um palco de uma batalha entre o bem e o mal, e que o bem deve vencer no final. Esse principio geral está presente em todas as grandes culturas monoteístas – a judaica, a persa, a cristã e a islâmica. O problema maior ocorreu nas variações posteriores do zoroastrismo, especialmente no zurvanismo, que derivou para o maniqueísmo, no qual Ahura-Mazda estava em oposição direta de Ahriman e em luta com ele. Em outras palavras, o mal seria uma divindade auto existente, assim como o bem. O que estamos tratando é o problema clássico da teodiceia, a resposta divina á questão do mal. O dualismo resolve bem o problema: Se Deus é bom, por que há mal no mundo?