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OS PERSAS

TEXTO BASE: ISAIAS 45.1-7


Introdução
A relação pacifica entre meda, babilônios e egípcios foi interrompida por um jovem rei
persa chamado Ciro II. Até então, os persas estavam sob o domínio dos medas, Ciro
rebelou-se contra a Média em 553 a.C., e rapidamente conquistou o reino de seus
antigos senhores.
Ciro avança para Anatólia ainda não conquistada, após esse grande feito volta-se para
o Oriente, tomando a Babilônia em 539 a.C., e a incorporando a seu vasto império.
Nascia um novo império de proporções nunca vistas.
Os Principais Imperadores da Dinastia Aquemênida
Ciro e seus sucessores eram membros de uma dinastia chamada Aquemênida, uma
referência ao nome do primeiro rei da família, Aquemenas.
Os cinco primeiros (e maiores) imperadores persas foram Ciro II, Cambises II, Dario I,
Xerxes I e Artaxerxes I.
A Ética do Guerreiro Persa
A cultura persa defendia que seus membros deveriam ter três atributos essenciais:
montar a cavalo, atirar bem com arco e dizer sempre a verdade. Uma vez formados, os
homens persas serviam dos 20 aos 50 anos de idade, lutando nos combates do reino.
Os dez mil imortais, um corpo de elite do exército, eram selecionados apenas dentre
os melhores guerreiros persas e tinham esse nome pelo fato de cada soldado morto
ser imediatamente distribuído.
Um detalhe importante para as batalhas, que determinou a superioridade persa
durante muito tempo, foi a técnica de combate durante a cavalgada.
A Religião Persa
A religião persa era originalmente politeísta, mas ela sofreu tremenda influência de
uma profeta chamado Zaratustra. Ele pregava um conceito que só havia sido explorado
com mais profundidade pelos hebreus: o monoteísmo.
Zaratustra: as lendas em torno do Profeta
Zaratustra era chamado de Zoroastro pelos gregos, por isso, sua religião ficou
conhecida como zoroastrismo.
A origem de Zaratustra é um mistério, pois ele foi autor apenas de parte dos textos
religiosos do Gâthas, e as demais informações sobre ele foram encontradas nos
testemunhos tardios dos gregos.
Há consenso de que ele viveu depois do ano 1000 a.C., mas o debate não está
concluso, porém, há alguma tendência em situar Zaratustra no Afeganistão do século
VII a.C.
Deixou sua terra natal aos 30 anos e iniciou sua meditação de 10 anos, até que o Vohu
Manah (Bom Pensamento) se revelou, dando a Zaratustra a oportunidade de
entrevistar o próprio Ahura-Mazda e conhecer a verdade. Pregou durante 30 anos,
depois, seus discípulos levaram sua mensagem até a India.
Ahura-Mazda, a divindade única de Zaratustra
Zaratustra pensou Ahura-Mazda como isento de toda treva e maldade, diferente de
outras ideias correntes, nas quais as divindades tinham atitude boas ou más.
Ahura-Mazda dominava o duelo dos dois espíritos gêmeos criados por ele, o Spenta
Mainyu (Espirito Santo) e Ahra Mainyu (Espirito Mau, ou Ahriman). Este ultimo tornou-
se em trevas por causa do livre arbítrio de criatura, decidindo-se tornar-se mau.
Essas entidades do bem e do mau se relacionavam com a realidade por meio de
representantes físicos: o gado, o fogo, os metais, a terra, a água e as plantas. O divino
não era entendido por Zaratustra como potência, mas ordem e justiça.
Essa luta entre o bem e mal teria ainda outro desdobramento a partir do profeta Mani,
no século III d.C., que afirmava trazer o complemento dos ensinos de Zaratustra, Buda
e Cristo, chegando a uma religião da luz. Seus ensinos foram denominados
maniqueísmo. Para Mani, o mundo estava em uma eterna luta entre o bem e o mal, a
luz e a escuridão.
o dualismo ético Zoroastrista
Zaratustra proibiu todo tipo de imagem ou rito religioso e os substituiu por uma ética
que sacrificava os maus pensamentos e palavras no altar da consciência.
A alma humana era iluminada por Ahura-Mazda, mas sempre com o livre arbítrio de
escolher a verdade em lugar da mentira. Assim formava-se uma tríade de exigência
ética zoroastrista: bons pensamentos, boas palavras e boas ações.
Em contrapartida, havia poderes destrutivos da vida e do bem-estar, seres espirituais
hierarquicamente organizados, trazidos a existência por Ahriman, eles mentiam e
levavam as pessoas a arrogância, explorando os defeitos dos homens com o objetivo
de derrubar a humanidade e manter todos afastados do bem. Esse era outro campo de
batalha, mais místico: os fiéis deviam renunciar aos demônios mentirosos que os
assolavam e impediam de realizar a vontade de Ahura-Mazda, a fim de serem
aprovados no juízo final e entrar na vida eterna.
O pós-morte Zoroastrista
Depois da morte, os justos iriam para a Garo-Demana (Casa dos Cânticos, o Paraiso), e
os maus, servidores de Ahriman, iam para o Drujo-Demana (Casa da Mentira, o inferno
ao qual já estavam acostumados em vida). Entre os dois lugares havia uma estadia
intermediária, o Hamestagan (Purgatório). Para aqueles que viveram o bem e o mal
em pé de igualdade.
Saoshyant, o salvador escatológico zoroastrista
Os zoroastristas cultivaram a crença em um devir escatológico que renovaria o mundo
e o livraria do mal quando os mortos ressuscitassem e se tornassem imortais.
O momento escatológico final, com a ressurreição dos mortos, ocorreria no final dos
tempos com a vinda do Saoshyant, o salvador, um homem que conduziria o fogo
celeste pelo qual os ressuscitados passariam: os maus, para destruição, e os justos,
para serem dotados de um corpo de bronze.
Desenvolveu-se que a cada milênio depois de Zaratustra, teria a vinda de um salvador
nascido da semente do profeta, depositada no lago Kasaya.
O ultimo Shaoshyant, chamado Astvat-Arta, nasceria de uma virgem que, ao se banhar
no lago, seria fecundada. Da linhagem do profeta, nascido de uma virgem, o salvador
sofreria oposição dos homens, que o matariam enforcado, mas ele desceria as
profundezas da terra, depois subiria para o alto, de onde viria com o exército da luz
para julgar e concluir a história.
O primeiro contato dos judeus com o Império Persa
A relação dos judeus com os persas teve inicio com a conquista da Babilônia por Ciro II.
O ultimo rei babilônico, Nabonido, era odiado pelo clero local de Marduque por vários
motivos.
Ciro chegou a Babilônia e logo se apresentou como enviado de Marduque para
restituir seu culto, alegrando o clero local e angariando apoio. Foi uma jogada de
mestre, registrada no cilindro de Ciro, escrito logo após a sua chegada.
Note a estratégia de Ciro, ele, provável adorador de Ahura-Mazda, apresentou-se
como enviado e escolhido de Marduque, o grande senhor, deus da Babilônia. Esse fato
nos ajuda a compreender melhor a maneira como funcionava a política persa de
cooptação de sacerdócio locais, pois temos textos semelhantes na Bíblia sobre o
mesmo Ciro. Esdras 1.2-3
O dualismo zoroastrista e a Fé Cristã
Anjos e demônios estão ligados a compreensão de que o mundo é um palco de uma
batalha entre o bem e o mal, e que o bem deve vencer no final. Esse principio geral
está presente em todas as grandes culturas monoteístas – a judaica, a persa, a cristã e
a islâmica. O problema maior ocorreu nas variações posteriores do zoroastrismo,
especialmente no zurvanismo, que derivou para o maniqueísmo, no qual Ahura-Mazda
estava em oposição direta de Ahriman e em luta com ele. Em outras palavras, o mal
seria uma divindade auto existente, assim como o bem. O que estamos tratando é o
problema clássico da teodiceia, a resposta divina á questão do mal. O dualismo resolve
bem o problema: Se Deus é bom, por que há mal no mundo?

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