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Tutoria 1 – HOMEOSTASE

OBJETIVO 1 - DEFINIR HOMEOSTASE, E OS FATORES AMBIENTAIS QUE


LEVAM AO DESEQUILÍBRIO.
Em 1929, o fisiologista americano Walter Cannon {1871-1945) criou o termo
homeostasia para descrever a manutenção de condições quase constantes no meio
interno. Essencialmente, todos os órgãos e tecidos do corpo humano executam
funções que contribuem para manter essas condições relativamente constantes.
As funções normais do organismo exigem ações integradas de células,
tecidos, órgãos e múltiplos sistemas de controle nervosos, hormonais e locais que
contribuem conjuntamente para a homeostasia e para a boa saúde.
A doença é usualmente considerada um estado de ruptura da homeostasia.
No entanto, mesmo na presença de doenças, os mecanismos homeostáticos
permanecem ativos e mantêm as funções vitais, por meio de múltiplas
compensações.
Em alguns casos, essas compensações podem levar, por si próprias, a
desvios significativos da faixa normal das funções corporais, tornando difícil a
distinção entre a causa principal da doença e as respostas compensatórias.
Desse modo, as compensações homeostáticas, que se seguem após a lesão,
doença ou grandes agressões ambientais ao corpo, podem representar um
"compromisso" necessário para manter as funções vitais do corpo, mas a longo
prazo contribuem para anomalias adicionais no organismo. A disciplina da
fisiopatologia procura explicar como os vários processos fisiológicos são alterados
em doenças e lesões.

GUYTON & HALL, Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier, 13° Edição.

Envolve a regulação do: • Volume e pressão internos • Concentração iônica


e de gases (O2 e CO2 ) • pH • Temperatura • Nutrientes e metabólitos

O corpo vivo, embora necessite do ambiente que o circunda, é, apesar disso,


relativamente independente do mesmo. Esta independência do organismo com
relação ao seu ambiente externo deriva do fato de que, nos seres vivos, os tecidos
são, de fato , removidos removidos das influências influências externas externas
diretas, diretas, e são protegidos protegidos por um verdadeiro ambiente interno,
que é constituído, particularmente, pelos fluidos que circulam no corpo.
ORGANISMOS VIVOS PRESERVAM UM MEIO INTERNO DISTINTO,
APESAR DAS ALTERAÇÕES NO MEIO EXTERNO
O que é Homeostase?
A propriedade do ser vivo de manter relativamente constante seu meio interno
é chamada de HOMEOSTASE, isso gera um EQUILIBRIO corporal. Com a
homeostasia conseguimos manter constantes, como por exemplo a temperatura
corporal, a quantidade de agua no organismo e a concentração de diversas
substancias no nosso corpo. A homeostase é importante para a manutenção da vida,
se o nosso ambiente interno mudar muito, ficando, por exemplo, muito quente ou
muito frio, as reações químicas existentes podem parar, isso é incompatível com a
vida.
Conceito de Homeostasia: O corpo está a todo momento tentando manter o
equilíbrio das funções vitais, físicas e bioquímicas, criando condições ideais para o
funcionamento orgânico.

Homeostase no corpo humano


A capacidade de sustentar a vida está dependência da constância dos fluidos
do corpo humano, e que poderá ser afetada por uma série de fatores, como a
temperatura, a salinidade, o pH, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose,
gases como o oxigênio, e resíduos, como o dióxido de carbono e a uréia. Estes
fatores em desequilíbrio (pela falta ou pelo excesso) podem afetar a ocorrência de
reações químicas essenciais para a manutenção do corpo vivo. Para manter os
mecanismos fisiológicos é necessário manter todas esses fatores dentro dos limites
desejáveis.

EXEMPLOS DE MECANISMOS REGULATÓRIOS


Como base para a adaptação, os organismos mais evoluídos farão uso
principalmente de dois recursos básicos: o sistema nervoso, atuando basicamente
no controle, e o sistema endócrino, atuando principalmente na sinalização. Estes
recursos permitirão que o organismo animal se adapte às novas condições
determinadas pelo meio ambiente, sempre no sentido de manter constantes as suas
condições internas permitindo ajustes no seu metabolismo e mantê-lo compatível
com sua sobrevivência.
- Controle da Osmolaridade - Nas situações em que ocorrer o aumento da
osmolaridade plasmática os osmoreceptores hipotalâmicos perceberão a variação e
farão com o que o hipotálamo secrete o ADH (hormônio antidiurético) evitando a
perda de água, além de acionar mecanismos que trarão a sensação da sede. Após a
ingestão da água a osmolaridade plasmática volta a níveis “normais”, a diurese
permite a eliminação dos sais e o organismo retorna ao equilíbrio, ou seja, à
homeostase.
- Regulação Térmica - Por influência do hipotálamo, os músculos
esqueléticos tremem para produzir calor quando a temperatura corporal é muito
baixa. Quando a temperatura é muito alta o suor arrefece o corpo por evaporação.
Para que isto aconteça é necessário que os termorreceptores do organismo
sinalizem para o hipotálamo a variação da temperatura corpórea para baixo ou para
cima. Outra forma de gerar calor envolve o metabolismo de gordura.
- Regulação da Glicemia - O pâncreas produz insulina e glucagon para
regular a concentração de açúcar no sangue (glicemia). Quando ocorre aumento da
concentração de glicose no sangue a insulina entra em com sua ação
hipoglicemiante, e quando ocorre queda na concentração da glicose é a vez do
glucagon atuar com sua ação hiperglicemiante. Será necessário que os receptores
do organismo sinalizem a alteração na concentração sanguínea de açúcares.
- Regulação do CO2 - O CO2 é o produto final de muitas rotas de
metabolismo essenciais para o organismo, no entanto é tóxico para o mesmo, e
precisa ser removido para garantir a sobrevivência. O órgão responsável pela
eliminação do CO2 é o pulmão que se encarrega de fazer trocas com o meio
ambiente, absorvendo o oxigênio rico no ar atmosférico e devolvendo o CO 2. O
controle desse processo fica por conta do sistema nervoso que age central e
perifericamente aumentando ou diminuindo a frequência respiratória para garantir
maior ou menor perda de CO2 e absorção de O2.
- Controle Hídrico - Os rins excretam uréia e regulam as concentrações de
água e de uma grande variedade de íons. Além de outros mecanismos, os rins tem a
capacidade de responder ao ADH (hormônio antidiurético) produzido pelo
hipotálamo, que evita a perda de água e desidratação do organismo. Nas situações
em que houver aumento da osmolaridade plasmática (maior concentração de sais),
baseado num princípio de emergência de água, o organismo produz o ADH para
impedir a perda de água e as complicações decorrentes do excesso de sais no
organismo. Quando o animal faz a ingestão da água, os osmorreceptores sensíveis
à variação da osmolaridade plasmática percebem a mudança ocorrida e informam
ao hipotálamo para que este diminua o ADH e a diurese volte ao normal.
(SILVERTHORN, 2017)

Organismo em
Homeostasia

Alteração Externa Alteração Interna

A alteração interna leva à


perda da homeostasia

O organismo tenta
compensar a alteração

Falha na Compensação Sucesso na Compensação

Doença ou outra enfermidade Saúde

SILVERTHORN (2017)
Na forma mais simples, todos os sistemas de controle possuem três
componentes: (1) um sinal de entrada; (2) um controlador, ou centro integrador,
que integra a informação aferente e inicia uma resposta apropriada; e (3) um sinal
de saída que produz uma resposta.
A forma mais simples de controle é o controle local, que está restrito ao
tecido ou à célula envolvida. No controle local, uma mudança relativamente isolada
ocorre em um tecido. Uma célula próxima ou um grupo de células detecta a
mudança em suas imediações e responde, normalmente com a liberação de alguma
substância química. A resposta fica restrita à região onde a mudança ocorreu – por
isso o termo controle local.
Influência de Fatores Ambientais na Homeostase
Em 1929, um fisiologista norte-americano, chamado Walter B. Cannon,
escreveu uma revisão para a Sociedade de Fisiologia dos Estados Unidos
(American Physiological Society). Utilizando as observações feitas por numerosos
fisiologistas e médicos durante o século XIX e o início do século XX, Cannon propôs
uma lista de variáveis que estão sob o controle homeostático. Hoje, sabemos que
essa lista era acurada e completa. Cannon dividiu suas variáveis no que ele
descreveu como fatores ambientais que afetam as células (osmolaridade,
temperatura e pH) e “substâncias para as necessidades celulares” (nutrientes, água,
sódio, cálcio, outros íons inorgânicos, oxigênio, bem como “secreções internas com
efeitos gerais e contínuos”). As “secreções internas” de Cannon são os hormônios e
outras substâncias químicas que as células utilizam para se comunicarem umas com
as outras.
O corpo humano é um sistema aberto que troca calor e matéria com o
ambiente externo. Para manter a homeostasia, o corpo deve manter o balanço de
massa. A lei do balanço de massa diz que se a quantidade de uma substância no
corpo deve permanecer constante, qualquer ganho deve ser compensado por uma
perda igual. A quantidade de uma substância no corpo também é chamada de carga
corporal daquela substância, como em “carga de sódio”.
Por exemplo, a perda de água para o ambiente externo (saída) pelo suor e
pela urina deve ser balanceada pelo ganho de água a partir do ambiente externo
somado à produção metabólica de água (entrada). A concentração de outras
substâncias, como oxigênio e dióxido de carbono, sais e concentração
hidrogeniônica (pH) também são mantidas pelo balanço de massa.
Lei do Balanço de Massa

Massa Entrada ou Excreção ou


Balanço de Massa = existente no+ produção - Remoção
corpo metabólica metabólica

OBJETIVO 2 – ABORDAR O SISTEMA NERVOSO CENTRAL, SISTEMA


NERVOSO PERIFÉRICO, SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO
O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacitam o
organismo a perceber as variações do meio (interno e externo), a difundir as
modificações que essas variações produzem e a executar as respostas adequadas
para que seja mantido o equilíbrio interno do corpo (homeostase). São os sistemas
envolvidos na coordenação e regulação das funções corporais.
No sistema nervoso diferenciam-se duas linhagens celulares: os neurônios e
as células da glia (ou da neuróglica). Os neurônios são as células responsáveis pela
recepção e transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao
organismo a execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostase.
Para exercerem tais funções, contam com duas propriedades fundamentais: a
irritabilidade (também denominada excitabilidade ou responsividade) e a
condutibilidade. Irritabilidade é a capacidade que permite a uma célula responder a
estímulos, sejam eles internos ou externos. Portanto, irritabilidade não é uma
resposta, mas a propriedade que torna a célula apta a responder. Essa propriedade
é inerente aos vários tipos celulares do organismo.
As respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem umas
das outras. A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica
transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os
neurônios transmitem essa onda de excitação - chamada de impulso nervoso - por
toda a sua extensão em grande velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse
fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade.
Um neurônio é uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo,
o citoplasma e o citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares denominados
neuritos, que podem ser subdivididos em dendritos e axônios. Os dendritos são
prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como receptores de
estímulos, funcionando portanto, como “antenas” para o neurônio. Os axônios são
prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos nervosos. Os
axônios podem se ramificar e essas ramificações são chamadas de colaterais. O
terminal axonal é o local onde o axônio entra em contato com outros neurônios e/ou
outras células e passa a informação (impulso nervoso) para eles. A região de
passagem do impulso nervoso de um neurônio para a célula adjacente chama-se
sinapse.
Os corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em áreas
restritas do sistema nervoso, que formam o Sistema Nervoso Central (SNC), ou nos
gânglios nervosos, localizados próximo da coluna vertebral.
Do sistema nervoso central partem os prolongamentos dos neurônios,
formando feixes chamados nervos, que constituem o Sistema Nervoso Periférico
(SNP). O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de
Schwann (encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas no
SNC) Em muitos axônios, esses tipos celulares determinam a formação da bainha
de mielina - invólucro principalmente lipídico (também possui como constituinte a
chamada proteína básica da mielina) que atua como isolante térmico e facilita a
transmissão do impulso nervoso. Em axônios mielinizados existem regiões de
descontinuidade da bainha de mielina, que acarretam a existência de uma
constrição (estrangulamento) denominada nódulo de Ranvier.
Divisão do Sistema Nervoso Com Base em Critérios Anatômicos

(MACHADO, 2014)

Sistema nervoso central é aquele que se localiza dentro do esqueleto axial


(cavidade craniana e canal vertebral); sistema nervoso periférico é aquele que se
encontra fora deste esqueleto. Esta distinção, embora geralmente utilizada, não é
perfeitamente exata, pois como é óbvio, os nervos e raízes nervosas, para fazer
conexão com o sistema nervoso central, penetram no crânio e no canal vertebral.
Além disso, alguns gânglios localizam-se dentro do esqueleto axial.
Encéfalo é a parte do sistema nervoso central situada dentro do crânio; a
medula se localiza dentro do canal vertebral. Encéfalo e medula constituem o
sistema nervoso central. No encéfalo temos cérebro, cerebelo e tronco encefálico. A
ponte separa o bulbo, situado caudalmente, do mesencéfalo, situado cranialmente.
Dorsalmente à ponte e ao bulbo, localiza-se o cerebelo.
Nervos são cordões esbranquiçados que unem o sistema nervoso central aos
órgãos periféricos. Se a união se faz com o encéfalo, os nervos são cranianos; se
com a medula, espinhais. Em relação com alguns nervos e raízes nervosas existem
dilatações constituídas sobretudo de corpos de neurônios, que são os gânglios. Do
ponto de vista funcional, existem gânglios sensitivos e gânglios motores viscerais
(do sistema nervoso autónomo). Na extremidade das fibras que constituem os
nervos situam-se as terminações nervosas que, do ponto de vista funcional, são de
dois tipos: sensitivas (ou aferentes) e motoras (ou eferentes).
Divisão Do Sistema Nervoso Com Base Em Critérios Funcionais

Pode-se dividir o sistema nervoso em sistema nervoso da vida de relação, ou


somático, e sistema nervoso da vida vegetativa, ou visceral. O sistema nervoso da
vida de relação é aquele que relaciona o organismo com o meio ambiente.
Apresenta um componente aferente e outro eferente. O componente aferente
conduz aos centros nervosos impulsos originados em receptores periféricos,
informando-os sobre o que se passa no meio ambiente. O componente eferente leva
aos músculos estriados esqueléticos o comando dos centros nervosos, resultando,
pois, em movimentos voluntários. Sistema nervoso visceral é aquele que se
relaciona com a inervação e controle das estruturas viscerais. É muito importante
para a integração das diversas vísceras no sentido da manutenção da constância do
meio interno. Assim como no sistema nervoso da vida de relação, distinguimos no
sistema nervoso visceral uma parte aferente e outra eferente. O componente
aferente conduz os impulsos nervosos originados em receptores das vísceras
(visceroceptores) a áreas específicas do sistema nervoso central.
O componente eferente leva os impulsos originados em certos centros
nervosos até as vísceras, terminando em glândulas, músculos lisos ou músculo
cardíaco. O componente eferente do sistema nervoso visceral é denominado
sistema nervoso autónomo e pode ser subdividido em simpático e parassimpático.

Organização Geral Do Sistema Nervoso


Os neurônios sensitivos, cujos corpos estão nos gânglios sensitivos,
conduzem à medula ou ao tronco encefálico impulsos nervosos originados em
receptores situados na superfície (por exemplo, na pele) ou no interior (vísceras,
músculos e tendões) do animal. Os prolongamentos centrais destes neurônios
ligam-se diretamente (reflexo simples), ou por meio de neurônios de associação, aos
neurônios motores (somáticos ou viscerais), os quais levam o impulso a músculos ou
a glândulas, formando-se, assim, arcos reflexos mono ou polissinápticos. Por este
mecanismo, podemos rápida e involuntariamente retirar a mão quando tocamos em
uma chapa quente. Neste caso, entretanto, é conveniente que o cérebro seja
“informado” do ocorrido. Para isto, os neurônios sensitivos ligam-se a neurônios de
associação situados na medula. Estes levam o impulso ao cérebro, onde o mesmo é
interpretado, tomando-se consciente e manifestando-se como dor. A retirada reflexa
da mão é automática e independe da sensação de dor.
Na realidade, o movimento reflexo se faz mesmo quando a medula está
seccionada, o que obviamente impede qualquer sensação abaixo do nível da lesão.
As fibras que levam ao sistema nervoso suprassegmentar as informações recebidas
no sistema nervoso segmentar constituem as grandes vias ascendentes do sistema
nervoso. No exemplo anterior, tomando-se consciente do que ocorreu, o indivíduo,
por meio de áreas de seu córtex cerebral, irá decidir se deve tomar algumas
providências, como cuidar de sua mão queimada ou desligar a chapa quente.
Qualquer dessas ações irá envolver a execução de um ato motor voluntário. Para
isso, os neurônios das áreas motoras do córtex cerebral enviam uma “ordem”, por
meio de fibras descendentes, aos neurônios motores situados no sistema nervoso
segmentar. Estes “retransmitem” a ordem aos músculos estriados, de modo que os
movimentos necessários ao ato sejam realizados. A coordenação destes
movimentos é feita por várias áreas do sistema nervoso central, sendo o cerebelo
uma dos mais importantes. Ele recebe, por meio do sistema nervoso segmentar,
informações sobre o grau de contração dos músculos e envia, através de vias
descendentes complexas, impulsos capazes de coordenar a resposta motora, que é
também coordenada por algumas partes do cérebro.

Sistema Sistema Nervoso Nervoso Autônomo


O sistema nervoso autônomo distingue-se em uma parte aferente e outra
eferente.
O componente aferente conduz impulsos oriundos dos receptores das
vísceras para áreas específicas do sistema nervoso central.
O componente eferente traz impulsos de certos centros nervosos até as
estruturas viscerais. Por definição, denomina-se sistema nervoso autônomo apenas
o componente eferente do sistema nervoso visceral.

O SN pode ser dividido funcionalmente em:


a) SN somático: ou sistema nervoso da vida de relação que garante ao
organismo a sua atuação no meio ambiente externo através do controle sobre
atividade da musculatura esquelética. Esse controla o sistema músculo esquelético
através de um único motoneurônio cujo corpo celular encontra-se nos núcleos
motores da medula e do tronco encefálico.
b) SN visceral: ou sistema nervoso da vida vegetativa que garante ao
organismo o controle sobre o meio ambiente interno regulando a atividade dos
órgãos viscerais (glândulas, músculos liso e cardíaco). Nesse caso, os órgãos
viscerais são controlados por uma outra via eferente denominada Sistema Nervoso
Autônomo (SNA) constituído de duas divisões anatômica e funcionalmente distintas:
simpático e parassimpático. Os órgãos viscerais são inervados por uma cadeia de
dois neurônios: um neurônio pré-ganglionar cujo corpo fica localizado dentro do SNC
e outro, neurônio pós-ganglionar, cujo corpo celular fica localizado dentro de um
gânglio. Na grande maioria dos casos, um mesmo órgão visceral possui inervação
simpática e parassimpática, cada um exercendo efeitos antagônicos.
O simpático é recrutado sempre que o organismo encontra-se numa situação
de emergência como lutar-ou-fugir, ou seja, quando tem que se gastar energia. Já
atividade parassimpática causa efeitos antagônicos sobre um mesmo órgão
inervado pelo simpático e está relacionado às funções de economia e obtenção de
energia (repouso e digestão). De qualquer maneira, um determinado estado do
organismo é uma consequência do balanço entre as atividades simpáticas e
parassimpáticas que se integram e se complementam.
O nível de atividade do SNA é regulado pelas vias aferentes periféricas
viscerais, pelo tronco encefálico, hipotálamo, o sistema límbico e outros centros do
SNC. Lembre-se que muitas reações emocionais e atividades mentais são
acompanhadas de manifestações viscerais.
Neuroanatomia Funcional (Angelo Machado)
Figura - Estrutura de grande neurônio do encéfalo onde estão apontadas suas partes
funcionais mais importantes. GUYTON & HALL
Figura - Eixo somatossensorial do sistema nervoso. GUYTON & HALL

O Córtex Cerebral é Organizado em Áreas Funcionais


O córtex cerebral atua como centro integrador para a informação sensorial e
como uma região de tomada de decisões para muitos tipos de respostas motoras.
Se examinarmos o córtex do ponto de vista funcional, podemos dividi-lo em três
especializações: (1) áreas sensoriais (também chamadas de campos sensoriais),
que recebem estímulos sensoriais e os traduzem em percepção (consciência); (2)
áreas motoras, que direcionam o movimento do músculo esquelético; e (3) áreas de
associação (córtices de associação), que integram informações de áreas sensoriais
e motoras, podendo direcionar comportamentos voluntários. A informação que
transita por uma via é geralmente processada em mais de uma dessas áreas.
(SILVERTHORN, 2017).

OBJETIVO 3 – ABORDAGEM DE NEUROTRANSMISSORES E RECEPTORES

Neurotransmissores e Vesículas Sinápticas


Entre os neurotransmissores conhecidos estão a acetilcolina, certos
aminoácidos como a glicina e o glutamato, o ácido gama-amino-butírico (GABA) e as
monoaminas dopamina, noradrenalina, adrenalina, serotonina e histamina. Sabe-se
hoje que muitos peptídeos também podem funcionar como neurotransmissores,
como a substância P, em neurônios sensitivos, e os opióides. Esses últimos
pertencem ao mesmo grupo químico da morfina e entre eles estão as endorfinas e
as encefalinas.
Acreditava-se que cada neurônio sintetizasse apenas um neurotransmissor.
Hoje, sabe-se que pode haver coexistência de neurotransmissores clássicos
(acetilcolina, monoaminas e aminoácidos) com peptídeos.
As sinapses químicas caracterizam-se por serem polarizadas, ou seja,
apenas um dos dois elementos em contato, o chamado elemento pré-sináptico,
possui o neurotransmissor. Este é armazenado em vesículas especiais,
denominadas vesículas sinápticas, identificáveis apenas à microscopia eletrónica,
onde apresentam morfologia variada.
Uma sinapse química compreende o elemento pré-sináptico, que armazena e
libera o neurotransmissor, o elemento pós-sináptico, que contém receptores para o
neurotransmissor, e uma fenda sináptica, que separa as duas membranas
sinápticas. Para descrição, tomemos uma sinapse axodendrítica, o elemento pré-
sináptico é, no caso, um botão terminal que contém, em seu citoplasma, quantidade
apreciável de vesículas sinápticas agranulares. Além disso, encontram-se algumas
mitocôndrias, túbulos de retículo endoplasmático agranular, neurofilamentos e
microfilamentos de actina. A membrana do botão, na face em aposição à membrana
do dendrito, chama-se membrana pré-sináptica. Sobre ela se arrumam, em
intervalos regulares, estruturas proteicas sob a forma de projeções densas que, em
conjunto, formam a densidade pré-sináptica.
As projeções densas têm disposição triangular e se unem por delicados
filamentos, de modo que a densidade pré-sináptica é, na verdade, uma grade em
cujas malhas as vesículas sinápticas se encaixam. Desse modo, essas vesículas se
aproximam adequadamente da membrana pré-sináptica para com ela se fundir
rapidamente, liberando o neurotransmissor por um processo de exocitose.
A densidade pré-sináptica corresponde à zona ativa da sinapse, isto é, local
no qual se dá, de maneira eficiente, a liberação do neurotransmissor na fenda
sináptica. Na verdade, esse espaço é atravessado por moléculas que mantêm
firmemente unidas as duas membranas sinápticas.
O elemento pós-sináptico é formado pela membrana pós-sináptica e a
densidade pós-sináptica. Nessa membrana inserem-se os receptores específicos
para cada neurotransmissor. Esses receptores são formados por proteínas integrais
que ocupam toda a espessura da membrana e se projetam tanto do lado externo
como do lado citoplasmático da membrana.
No citoplasma, junto à membrana, concentram-se moléculas relacionadas
com a função sináptica. Tais moléculas, juntamente com os receptores,
provavelmente formam a densidade pós-sináptica. A transmissão sináptica decorre
da união do neurotransmissor com seu receptor na membrana pós-sináptica.

SINAPSES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL


A informação é transmitida para o sistema nervoso central, em sua maior
parte, na forma de potenciais de ação, chamados simplesmente impulsos nervosos
que se propagam por sucessão de neurônios, um após o outro.
Entretanto, além disso, cada impulso (1) pode ser bloqueado, na sua
transmissão de um neurônio para o outro; (2) pode ser transformado de impulso
único em impulsos repetitivos; ou (3) pode ainda ser integrado a impulsos vindos de
outros neurônios, para gerar padrões de impulsos muito complexos em neurônios
sucessivos. Todas essas funções podem ser classificadas como funções sinápticas
dos neurônios. (GUYTON & HALL)

Mais de 40 neurotransmissores importantes foram descobertos nos últimos


anos. Alguns dos mais conhecidos são: acetilcolina, norepinefrina, epinefrina,
histamina, ácido gama-aminobutírico (GABA), glicina, serotonina e glutamato
(GUYTON & HALL).
(SILVERTHORN, 2017)
A acetilcolina é o principal neurotransmissor dos gânglios autonômicos
simpáticos e parassimpáticos. Na membrana pós-sinaptica há receptores nicotínicos
e muscarínicos, sendo que os nicotínicos diferem um pouco daqueles das fibras
musculares esqueléticas.

Neurotransmissores dos Neurônios Pós-Ganglionares Simpáticos


Os neurônios pós-ganglionares simpáticos liberam noradrenalina (Nor) e a
medula adrenal, Nor (20%) e Adr (80%). Os receptores para as catecolaminas são
de dois tipos: α e β sendo que há os subtipos α1, α2, β1 e β2. O coração possui
receptores do tipo β enquanto que os vasos expressam o tipo α. Assim, durante uma
ativação simpática os vasos sofrem vasoconstrição via receptores α e no coração, o
aumento da frequência de batimento, é estimulada através de receptores β1.
Nas glândulas sudoríparas, onde a inervação parassimpática é ausente, os
neurônios pós-ganglionares secretam Ach e os receptores são do tipo muscarínico.
A medula adrenal faz parte da glândula supra-renal e tem a sua origem em
um gânglio simpático e as células cromafins são na verdade, neurônios pós-
ganglionares simpáticas sem axônios. Quando o SNA simpático é estimulado, estas
células secretam 80% de adrenalina e 20% de noradrenalina, diretamente na
corrente sanguínea. A medula adrenal funciona, desta maneira, como uma glândula
neuroendócrina, tornando a ação simpática mais difusa e prolongada. A adrenalina
também tem receptores α e β nos tecidos-alvo e seus efeitos são equipotentes ao da
noradrenalina.
Curiosamente, alguns neurônios pós-ganglionares simpáticos ao invés de
secretarem noradrenalina, secretam acetilcolina como é o caso da inervação das
glândulas sudoríparas e dos vasos sanguíneos da musculatura esquelética cujos
receptores são muscarínicos.

Neurotransmissores dos Neurônios Pós-Ganglionares Parassimpáticos


Classicamente o neurotransmissor é Acetilcolina cujo efeito é mediado por
receptores exclusivamente muscarínicos, com seus vários subtipos (M1, M2, M3, M4
e M5).

Os Principais Neurotrasmissores
• Acetilcolina – neurotransmissor da junção neuromuscular
• Glutamato – principal neurotransmissor excitatório central
• GABA – principal neurotransmissor inibitório central
• Glicina – neurotransmissor inibitório
Outros Neurotransmissores
• ATP
•Adrenalina, nor-adrenalina
•Serotonina
•Dopamina
•Histamina
•Neuropeptídeos

Transmissores Excitatórios Abrem Canais Catiônicos


• Acetilcolina – Receptor nicotínico
• Glutamato (principal NT central) – Receptor AMPA – Receptor kainato – Receptor
NMDA
• ATP – Receptor P2X

Transmissores Inibitórios Abrem Canais Aniônicos Permeáveis ao Cloreto


• Ácido gama amino butírico (GABA) – Receptor GABAA
• Glicina – Receptor glicinérgico
1 - Glutamato: O glutamato é o neurotransmissor excitatório mais comum no
SNC. Ele pode se ligar a receptores ionotrópicos de glutamato, que incluem os
receptores NMDA (N-metil-D-aspartato), receptores de AMPA (_-amino-3-hidroxilo-5-
metil-4-isoxazole-propionato) e receptores de cainato.

2 - GABA e glicina: O ácido-aminobutírico (GABA) e a glicina são os


neurotransmissores inibitórios mais importantes do SNC. Cerca de metade de todas
as sinapses inibitórias na medula espinal utiliza glicina. A glicina se liga a um
receptor ionotrópico, que permite o influxo de Cl_.

3 - Acetilcolina: A acetilcolina (ACh) é o neurotransmissor utilizado no SNP


(gânglios do sistema motor visceral) e SNC (cérebro). Também é utilizado na junção
neuromuscular.
Existem dois tipos de receptores de ACh: 1) Os receptores nicotínicos de ACh
são receptores ionotrópicos e estão acoplados a um canal de cátion não seletivo; 2)
os receptores muscarínicos de ACh compreendem uma família de receptores
metabotrópicos ligada a vias mediadas pela proteína G.
Não há mecanismo de recaptação de ACh pela fenda sináptica. Sua
depuração depende da enzima acetilcolinesterase, que hidrolisa o neurotransmissor
e o desativa.
4. Aminas biogênicas: São um grupo de neurotransmissores com um grupo
amina em sua estrutura. Compreendem as catecolaminas dopamina, noradrenalina
e adrenalina, bem como a histamina e a serotonina.
a. Dopamina: A dopamina está envolvida em muitos circuitos do cérebro
associados a emoções, motivação e recompensa. Atua em receptores acoplados à
proteína G; sua ação pode ser tanto excitatória (via receptores D1) quanto inibitória
(via receptores D2).
b. Noradrenalina: A noradrenalina (também conhecida como norepinefrina) é
um neurotransmissor essencial envolvido no estado de vigília e atenção. Atua nos
receptores metabotrópicos - adrenérgicos e -adrenérgicos, ambos excitatórios. A
adrenalina (também conhecida como epinefrina) atua sobre os mesmos receptores,
mas sua concentração no SNC é muito mais baixa que a de noradrenalina.
c. Histamina: A histamina se liga a um receptor metabotrópico excitatório. No
SNC, está envolvida na vigília.
d. Serotonina: A serotonina pode ter tanto efeitos excitatórios quanto
inibitórios. Está envolvida em uma infinidade de vias que regulam o humor, a
emoção e várias vias homeostáticas. A maioria dos receptores de serotonina é do
tipo metabotrópica. Existe apenas um receptor ionotrópico, que é um canal de
cátions não seletivo, sendo, portanto, excitatório.
5. ATP: O ATP é mais conhecido como a fonte de energia dentro das células.
Contudo, é também liberado pelos neurônios pré-sinápticos como um
neurotransmissor. Por ser muitas vezes liberado junto com outros
neurotransmissores, é chamado de cotransmissor. Os ionotrópicos são acoplados a
canais catiônicos não específicos e são excitatórios.
O ATP e as purinas são neuromoduladores. Uma vez que são liberados junto
com outros neurotransmissores, o grau de ativação do P2X ou P2Y modulará a
resposta ao outro neurotransmissor secretado, aumentando sua ação ou inibindo-o.
6. Neuropeptídeos: Os neuropeptídeos são um grupo de peptídeos
envolvidos na neurotransmissão. Incluem as moléculas envolvidas na percepção e
modulação da dor, como a substância P, as metencefalinas e os opioides. Outros
neuropeptídeos estão envolvidos na resposta neural ao estresse, como o hormônio
liberador da corticotrofina e o hormônio adrenocorticotrófico.
(SILVERTHORN, 2017)
TIPOS DE RECEPTORES SENSORIAIS E OS ESTÍMULOS QUE DETECTAM
Cinco tipos básicos de receptores sensoriais:
(1) Mecanorreceptores, que detectam a compressão mecânica ou o
estiramento do receptor ou dos tecidos adjacentes ao receptor;
(2) Termorreceptores, que detectam alterações da temperatura, alguns
receptores detectam o frio, outros detectando calor;
(3) Nociceptores (receptores da dor), que detectam danos físicos ou
químicos que ocorrem nos tecidos;
(4) Receptores eletromagnéticos, que detectam a luz que incide na retina
dos olhos; e
(5) Quimiorreceptores, que detectam o gosto na boca, o cheiro no nariz, o
nível de oxigênio no sangue arterial, a osmolalidade dos líquidos corpóreos, a
concentração de dióxido de carbono e outros fatores que compõem a química do
corpo. (GUYTON & HALL)

Todos os receptores sensoriais têm característica comum. Qualquer que seja


o tipo de estímulo que excite o receptor, seu efeito imediato é o de alterar o potencial
elétrico da membrana do receptor. Essa alteração do potencial é chamada potencial
receptor.
MECANISMOS DOS POTENCIAIS RECEPTORES. Os diferentes receptores
podem ser excitados de várias maneiras para causar um potencial receptor: (1) por
deformação mecânica do receptor que distende a membrana do receptor e abre os
canais iônicos; (2) pela aplicação de substância química na membrana que também
abre os canais iônicos; (3) pela alteração da temperatura da membrana que altera a
permeabilidade da membrana; ou (4) pelos efeitos da radiação eletromagnética, tais
como a luz no receptor visual da retina que, direta ou indiretamente, alteram as
características da membrana do receptor e permitem que os íons fluam pelos canais
da membrana. (GUYTON & HALL)

OBJETIVO 4 – CARACTERIZAR OS COMPONENTES INTRA E


EXTRACELULARES E A MANUTENÇÃO DO EQUILIBRIO ENTRE ELES

Embora a maior parte desse líquido esteja dentro das células e seja chamado
líquido intracelular, cerca de um terço se encontra nos espaços fora das células e é
chamado líquido extracelular. Este líquido extracelular está em movimento constante
por todo o corpo. Ele é rapidamente transportado no sangue circulante e, em
seguida, misturado no sangue pelos líquidos teciduais, por difusão, através das
paredes dos capilares. (GUYTON
& HALL)
No líquido extracelular estão os íons e nutrientes necessários para manter a
vida celular. Dessa forma, todas as células vivem, essencialmente, no mesmo
ambiente — o líquido extracelular. Por esse motivo, o líquido extracelular também é
chamado meio interno do corpo. (GUYTON & HALL)

Diferenças entre os Líquidos Extracelular e Intracelular.


O líquido extracelular contém grandes quantidades de sódio, cloreto e íons
bicarbonato mais os nutrientes para as células, como oxigênio, glicose, ácidos
graxos e aminoácidos. Também contém dióxido de carbono, que é transportado das
células para os pulmões para ser excretado, além de outros produtos de excreção
celulares, que são transportados para os rins para serem eliminados.
O líquido intracelular difere significativamente do líquido extracelular; por
exemplo, ele contém grandes quantidades de íons potássio, magnésio e fosfato, em
vez dos íons sódio e cloreto, encontrados no líquido extracelular.
Mecanismos especiais para o transporte de íons, através das membranas
celulares, mantêm as diferenças de concentração iônica entre os líquidos
extracelulares e intracelulares. (GUYTON & HALL)

Características Físicas de Importantes Constituintes do Líquido Extracelular


Aumento da temperatura corporal de apenas 11°F (7°C) acima da normal
pode levar a ciclo vicioso de aumento do metabolismo celular que destrói as células.
Observe também a estreita faixa de equilíbrio ácido-base do corpo, com valor normal
de pH de 7,4 e valores letais com apenas 0,5 unidade de pH acima ou abaixo do
normal. Outro fator importante é a concentração de íon potássio, pois sempre que
ela cai para menos de um terço da normal, o indivíduo provavelmente apresenta
paralisia em consequência da incapacidade dos nervos de conduzir impulsos.
Alternativamente, se a concentração de íon potássio aumentar para duas ou
mais vezes em relação à normal, provavelmente o músculo cardíaco será
gravemente deprimido. Além disso, quando a concentração de íon cálcio cai abaixo
da metade da normal, o indivíduo provavelmente apresentará contração tetânica dos
músculos do corpo, por causa da geração espontânea de impulsos nervosos em
excesso nos nervos periféricos. Quando a concentração de glicose cai abaixo da
metade da normal, o indivíduo, geralmente, apresenta irritabilidade mental extrema
e, às vezes, até mesmo convulsões.

COMPONENTES INTRACELULARES
As diferentes substâncias, INTRACELULARES que formam a célula, são
chamadas coletivamente protoplasma. O protoplasma é composto, principalmente,
de cinco substâncias básicas: água, eletrólitos, proteínas, lipídios e carboidratos.
Água. O principal meio líquido da célula é a água, presente na maioria das
células, exceto nas células de gordura. Muitas substâncias químicas celulares estão
dissolvidas na água. Outras ficam suspensas nela, como partículas sólidas. Ocorrem
reações químicas nos produtos químicos dissolvidos ou nas superfícies das
partículas suspensas ou das membranas.
Íons. Os íons mais importantes na célula são os de potássio, magnésio,
fosfato, sulfato, bicarbonato, e, em menores quantidades, os de sódio, cloreto e
cálcio. Os íons fornecem as substâncias químicas inorgânicas para as reações
celulares e são também necessários para a operação de alguns dos mecanismos de
controle celular.
Proteínas. Depois da água, as substâncias mais abundantes, na maioria das
células, são as proteínas que normalmente constituem 10% a 20% da massa celular.
Elas podem ser divididas em dois tipos: proteínas estruturais e proteínas funcionais.
Lipídios. Os lipídios são diversos tipos de substâncias agrupadas por suas
propriedades comuns de solubilidade em solventes de gordura. Os lipídios
especialmente importantes são os fosfolipídios e o colesterol, que juntos constituem
cerca de 2% do total da massa celular. A significância dos fosfolipídios e do
colesterol é que eles são insolúveis principalmente em água e, portanto, são usados
para formar a membrana celular e as membranas intracelulares, barreiras que
separam os diferentes compartimentos da célula.
Carboidratos. Os carboidratos têm pouca função estrutural na célula, exceto
como partes das moléculas de glicoproteínas, mas desempenham o papel principal
na nutrição da célula.

CONTROLE DE PASSAGEM DE SUBSTÂNCIAS ENTRE OS MEIOS INTRA E


EXTRACELULAR
A estrutura da membrana que reveste externamente cada célula do corpo
consiste quase inteiramente em uma bicamada lipídica, contendo também grande
número de moléculas de proteínas incrustadas nos lipídios, muitas delas penetrando
por toda a espessura da membrana.
A bicamada lipídica não é miscível nos líquidos extra e intracelulares. Assim,
ela constitui barreira contra os movimentos das moléculas de água e de substâncias
hidrossolúveis, entre os compartimentos dos líquidos intra e extracelulares.
Substâncias lipossolúveis podem atravessar essa bicamada lipídica
dispersando-se, de modo direto, através da substância lipídica.
As moléculas de proteína na membrana apresentam propriedades totalmente
diferentes para o transporte de substâncias. Suas estruturas moleculares
interrompem a continuidade da bicamada lipídica, representando uma via alternativa
através da membrana celular. Muitas dessas proteínas penetrantes podem funcionar
como proteínas transportadoras. Diferentes proteínas funcionam de modos distintos.
Algumas contêm espaços aquosos por toda a extensão da molécula, permitindo o
livre movimento da água, bem como de íons ou de moléculas selecionados; elas são
chamadas proteínas canais.
Outras, conhecidas como proteínas carreadoras, se ligam às moléculas ou
aos íons a serem transportados e alterações estruturais nas moléculas da proteína,
então, movem a substância através dos interstícios da proteína até o outro lado da
membrana. As proteínas canais e as proteínas carreadoras são, via de regra,
seletivas para os tipos de moléculas ou de íons que poderão atravessar a
membrana.

“DIFUSÃO” VERSUS “TRANSPORTE ATIVO”.


O transporte através da membrana celular, tanto diretamente, através da
bicamada lipídica, como por meio de proteínas, ocorre por um de dois processos
básicos: difusão ou transporte ativo.
Embora existam muitas variações desses mecanismos básicos, difusão
significa o movimento molecular aleatório de substâncias, molécula a molécula,
através dos espaços intramoleculares da membrana ou em combinação com
proteína carreadora. A energia causadora da difusão é a energia da movimentação
cinética normal da matéria.
Como contraste, transporte ativo significa o movimento dos íons ou de outras
substâncias, através da membrana em combinação com uma proteína carreadora,
de modo tal que a proteína carreadora faz com que a substância se mova em
direção oposta à de um gradiente de energia, como passando de um estado de
baixa concentração para um estado de alta concentração. Esse movimento requer
uma fonte adicional de energia, além da energia cinética. A difusão facilitada requer
a interação com uma proteína carreadora. A proteína carreadora ajuda a passagem
das moléculas ou dos íons, através da membrana, por meio de ligação química com
eles, transportando-os, dessa forma, em movimento de vaivém através da
membrana.
A difusão simples pode ocorrer através da membrana celular por duas vias:
(1) pelos interstícios da bicamada lipídica, no caso da substância que se
difunde ser lipossolúvel; e (2) pelos canais aquosos que penetram por toda a
espessura da membrana, por meio de alguma das grandes proteínas
transportadoras.

A Bomba de Sódio-Potássio Transporta Íons Sódio para Fora das Células e


Íons Potássio para o Interior das Células

Entre as substâncias que são transportadas por transporte ativo primário


estão o sódio, o potássio, o cálcio, o hidrogênio, o cloreto e alguns outros íons.
O mecanismo de transporte ativo mais estudado em seus detalhes é a bomba
de sódio-potássio (Na+−K+), processo de transporte que bombeia íons sódio para
fora, através da membrana celular de todas as células, e ao mesmo tempo bombeia
íons potássio de fora para dentro. Essa bomba é a responsável pela manutenção
das diferenças de concentração entre o sódio e o potássio através da membrana
celular, bem como pelo estabelecimento da voltagem elétrica negativa dentro das
células.
Quando dois íons potássio se ligam à parte externa da proteína carreadora e
três íons sódio se ligam à parte interna, a função de ATPase da proteína é ativada. A
ativação da função ATPase leva à clivagem de uma molécula de ATP, que se divide
em difosfato de adenosina (ADP) e libera uma ligação fosfato de alta energia.
Acredita-se que essa energia liberada cause alteração química e conformacional da
molécula da proteína carreadora, expulsando os três íons sódio para fora e os dois
íons potássio para dentro.

OBJETIVO 5 – SINALIZAÇÃO INTERCELULAR E EXTRACELULAR

COMUNICAÇÃO INTERCELULAR
Cada um dos órgãos de nosso organismo deve trabalhar juntos de modo a
garantir o bem-estar do indivíduo como um todo. A cooperação requer comunicação
entre os órgãos e as células dentro dos órgãos. Algumas células contatam e se
comunicam umas com as outras diretamente por junções comunicantes (gap). As
junções comunicantes são poros regulados que permitem a troca de informações
químicas e elétricas e têm um papel vital na coordenação da excitação e contração
cardíaca, por exemplo. A maior parte da comunicação intercelular ocorre pela
utilização de sinais químicos, que têm sido tradicionalmente classificados de acordo
com a distância e a rota que percorrem para exercer um efeito fisiológico. Os
hormônios são substâncias químicas produzidas por glândulas endócrinas e alguns
tecidos não endócrinos, que são levadas a alvos distantes pelos vasos sanguíneos.
As moléculas parácrinas são liberadas das células muito próximas ao seu alvo. Os
mensageiros autócrinos se ligam a receptores na mesma célula que os liberou,
gerando uma rota de retroalimentação negativa que modula a liberação autócrina.
Os mensageiros autócrinos, assim como as moléculas parácrinas, têm uma
amplitude de sinalização muito limitada.

SINALIZAÇÃO INTRACELULAR
Uma vez que uma mensagem química chega ao seu destino, deve ser
reconhecida como tal pela célula-alvo e então transduzida de forma que possa
modificar a função celular. A maioria dos mensageiros químicos possui carga e não
pode ultrapassar a membrana, assim o reconhecimento deve ocorrer na superfície
da célula. Esse reconhecimento é feito por receptores, que servem como
acionadores celulares. A ligação de um hormônio ou um neurotransmissor aciona o
comando e faz surgir um conjunto de instruções pré-programadas que culmina em
uma resposta celular. Os receptores são geralmente proteínas integrais da
membrana, tais como canais dependentes de ligante, receptores acoplados à
proteína G (GPCRs) ou receptores com atividade enzimática. Os mensageiros
lipolíficos podem cruzar a membrana plasmática, e são reconhecidos por receptores
intracelulares.

SINAPSES
Os neurônios, sobretudo através de suas terminações axônicas, entram em
contato com outros neurônios, passando-lhes informações. Os locais de tais
contatos são denominados sinapses ou, mais precisamente, sinapses
interneuronais.
No sistema nervoso periférico, terminações axônicas podem relacionar-se
também com células não neuronais ou efetuadoras, como células musculares
(esqueléticas, cardíacas ou lisas) e células secretoras (em glândulas salivares, por
exemplo), controlando suas funções. Os termos sinapses e junções
neuroefetuadoras são usados para denominar tais contatos.
Quanto à morfologia e ao modo de funcionamento, reconhecem-se dois tipos
de sinapses: sinapses elétricas e sinapses químicas. (MACHADO, 2014)

Sinapses Elétricas
São raras em vertebrados e exclusivamente interneuronais. Nessas sinapses,
as membranas plasmáticas dos neurônios envolvidos entram em contato em
pequena região. No entanto, há acoplamento iônico, isto é, ocorre comunicação
entre os dois neurônios, através de canais iônicos concentrados em cada uma das
membranas em contato. Esses canais projetam-se no espaço intercelular,
justapondo-se de modo a estabelecer comunicações intercelulares que permitem a
passagem direta de pequenas moléculas, como ions, do citoplasma de uma das
células para o da outra. Tais junções servem para sincronizar a atividade de grupos
de neurônios. Elas existem, por exemplo, no centro respiratório situado no bulbo e
permitem o disparo sincronizado dos neurônios aí localizados, responsáveis pelo
ritmo respiratório.

Sinapses Químicas
Nos vertebrados, a grande maioria das sinapses interneuronais e todas as
sinapses neuroefetuadoras são sinapses químicas, ou seja, a comunicação entre os
elementos em contato depende da liberação de substâncias químicas, denominadas
neurotransmissores.

POTENCIAL DE AÇÃO DOS NEURÔNIOS


Os sinais nervosos são transmitidos por potenciais de ação, que são rápidas
alterações do potencial de membrana que se propagam com grande velocidade por
toda a membrana da fibra nervosa. Cada potencial de ação começa por uma
alteração súbita do potencial de membrana normal negativo para um potencial
positivo, terminando com retorno quase tão rápido para o potencial negativo. Para
conduzir o sinal nervoso, o potencial de ação se desloca ao longo da fibra nervosa
até sua extremidade final.
Estágio de Repouso. O estágio de repouso é o potencial de repouso da
membrana, antes do início do potencial de ação.
Estágio de Despolarização. A esse tempo, a membrana fica subitamente
muito permeável aos íons sódio, permitindo que grande número de íons sódio,
positivamente carregados, se difunda para o interior do axônio. O estado normal de
“polarização” é, de imediato, neutralizado pelo influxo dos íons sódio com carga
positiva, com o potencial aumentando rapidamente para valor positivo, um processo
chamado despolarização. Nas fibras nervosas de maior calibre, o grande excesso
dos íons sódio positivos que se deslocam para o interior da fibra faz com que o
potencial de membrana “ultrapasse” (overshoot) rapidamente o nível zero e torne-se
positivo.
Estágio de Repolarização. Em alguns décimos de milésimos de segundo
após a membrana ter ficado muito permeável aos íons sódio, os canais de sódio
começam a se fechar, e os canais de potássio se abrem mais que o normal. Então, a
rápida difusão dos íons potássio para o exterior restabelece o potencial de repouso
negativo da membrana que é referido como repolarização da membrana. (GUYTON
& HALL)

OBJETIVO 6 – ESTUDAR O CICLO CIRCADIANO E AS CONSEQUÊNCIAS DE


SEU DESEQUILÍBRIO
Os ritmos circadianos relacionados ao ciclo claro-escuro podem estar
associados a ciclos de repouso-atividade. Esses ritmos permitem ao nosso corpo
antecipar um comportamento e coordenar os processos corporais adequadamente.
Os ritmos circadianos ocorrem em quase todos os organismos e são gerados
em marca-passos ou relógios biológicos. Está hoje demonstrado que, nos
mamíferos, o principal marca-passo situa-se no núcleo supraquiasmático do
hipotálamo.
O núcleo supraquiasmático sincroniza o ritmo vigília sono com o ciclo dia
noite e para isto recebe informações através do trato retino-hipotalâmico. Pesquisas
recentes mostram a existência de fibras que da retina projetam-se diretamente para
o núcleo pré-óptico ventrolateral bloqueando o efeito inibidor que esses neurônios
têm sobre o sistema ativador ascendente. Isso explica porque a luz dificulta o
adormecer.
A melatonina é responsável pelas funções atribuídas à glândula pineal. Ela é
sintetizada pelos pinealóeitos a partir da serotonina e o processo de síntese é
ativado pela noradrenalina liberada pelas fibras simpáticas. Durante o dia, essas
fibras têm pouca atividade e os níveis de melatonina na pineal e na circulação são
muito baixos. Entretanto, durante a noite, a inervação simpática da pineal é ativada,
liberando noradrenalina, e os níveis de melatonina circulante aumentam cerca de
dez vezes. Deste modo, a concentração de melatonina no sangue obedece a um
ritmo circadiano, com pico durante a noite.
Embora a principal fonte de melatonina seja a pineal, ela é sintetizada
também na retina, no intestino, nas células do sistema imunitário e na placenta onde
é responsável pelo aumento da melatonina circulante durante a gravidez.
O ritmo vigília-sono no homem é sincronizado com o ciclo dia-noite pelo
núcleo supraquiasmático que para isto recebe informações sobre a luminosidade do
ambiente pelo trato retino-hipotalâmico. A melatonina tem uma ação sincronizadora
suplementar sobre este ritmo agindo diretamente sobre os neurônios do núcleo
supraquiasmático que têm receptores para melatonina. Esta ação é especialmente
importante quando há mudanças acentuadas no ciclo natural de dia-noite. Isto
ocorre, por exemplo, nos voos intercontinentais em aviões a jato, quando de repente
o indivíduo é deslocado para uma região onde é dia quando seu ritmo circadiano
está em fase de sono. O mal-estar e a sonolência (Jet-lag) observados nesta
situação melhora mais rapidamente com a administração de melatonina. Este
hormônio começa a ter aplicação clínica como cronobiótico, ou seja, uma substância
usada como agente profilático ou terapêutico em casos de desordens do ritmo
circadiano de sono e vigília. (MACHADO, Neuroanatomia
Funcional, 2014)

A ruptura do ritmo circadiano, como ocorre quando há alternância de turno de


trabalho ou jet lag, pode levar a prejuízos na saúde física e mental. Os transtornos
do sono, depressão, depressão sazonal, diabetes e obesidade vêm sendo
relacionados com anormalidades dos ritmos circadianos. (SILVERTHORN, 2017)

OBJETIVO 7 – CONCEITUAR HORMÔNIOS, OS TIPOS DE RECEPTORES E OS


MECANISMOS DE AÇÃO DOS HORMÔNIOS

COORDENAÇÃO DAS FUNÇÕES CORPORAIS POR MENSAGEIROS QUÍMICOS


Os múltiplos sistemas hormonais desempenham papel-chave na regulação de
quase todas as funções corporais, incluindo o metabolismo, crescimento e
desenvolvimento, equilíbrio hidroeletrolítico, reprodução e comportamento.
As múltiplas atividades de células, tecidos e órgãos do corpo são
coordenadas pelo inter-relacionamento de vários tipos de sistemas de mensageiros
químicos:
1. Neurotransmissores são liberados por terminais de axônios de neurônios
nas junções sinápticas e atuam localmente para controlar as funções das células
nervosas.
2. Hormônios endócrinos são liberados por glândulas ou células
especializadas no sangue circulante e influenciam a função das células alvo em
outro local do corpo.
3. Hormônios neuroendócrinos são secretados por neurônios no sangue
circulante e influenciam a função de células-alvo, em outro local do corpo.
4. Parácrinos são secretados por células no líquido extracelular e afetam
células-alvo vizinhas de tipo diferente.
5. Autócrinos são secretados por células no líquido extracelular e afetam a
função das mesmas células que os produziram, ligando-se a receptores na
superfície celular.
6. Citocinas são peptídeos secretados por células no líquido extracelular e
podem funcionar como hormônios autócrinos, parácrinos ou endócrinos.
Os hormônios endócrinos são transportados pelo sistema circulatório para
células em todo o corpo, incluindo o sistema nervoso em alguns casos, onde se
ligam a receptores e iniciam muitas reações celulares. Alguns hormônios endócrinos
afetam muitos tipos diferentes de células do corpo; por exemplo, o hormônio do
crescimento (da hipófise anterior) causa crescimento da maioria das partes do corpo
e a tiroxina (da tireoide) aumenta a velocidade de muitas reações químicas em
quase todas as células do corpo.
Outros hormônios afetam principalmente os tecidos-alvo específicos, porque
somente esses tecidos têm abundantes receptores para o hormônio.

ESTRUTURA QUÍMICA E SÍNTESE DE HORMÔNIOS


Existem três classes gerais de hormônios:
1. Proteínas e polipeptídeos, incluindo hormônios secretados pela hipófise
anterior e posterior, pelo pâncreas (insulina e glucagon), pela paratireoide
(paratormônio) e por muitos outros.
2. Esteroides secretados pelo córtex adrenal (cortisol e aldosterona),
pelos ovários (estrogênio e progesterona), testículos (testosterona) e pela placenta
(estrogênio e progesterona).
3. Derivados do aminoácido tirosina, secretados pela tireoide (tiroxina e
triiodotironina) e medula adrenal (epinefrina e norepinefrina). Não existe hormônio
conhecido com polissacarídeos ou ácidos nucleicos.

MECANISMOS DE AÇÃO DOS HORMÔNIOS


RECEPTORES HORMONAIS E SUA ATIVAÇÃO
A primeira etapa da ação do hormônio é a de se ligar a receptores
específicos, na célula-alvo. As células que não têm receptores para hormônios não
respondem. Os receptores, para alguns hormônios, estão localizados na membrana
da célula-alvo, enquanto outros receptores hormonais localizam-se no citoplasma ou
no núcleo. Quando o hormônio se combina com seu receptor, essa ação em geral
inicia uma cascata de reações na célula, com cada etapa ficando mais
potencialmente ativada, de modo que até pequenas concentrações do hormônio
podem ter grande efeito.
Os receptores hormonais são grandes proteínas e cada célula estimulada tem
em geral uns 2.000 a 100.000 receptores. Igualmente, cada receptor costuma ser
muito específico para um só hormônio; isso determina o tipo de hormônio que atuará
sobre um tecido em particular. Os tecidos-alvo, afetados por um hormônio, são os
que contêm seus receptores específicos.
As localizações para os diferentes tipos de receptores de hormônios, em
geral, são as seguintes:
1. Na membrana celular ou em sua superfície. Os receptores de membrana
são específicos, principalmente para os hormônios proteicos, peptídicos e
catecolamínicos.
2. No citoplasma celular. Os receptores primários para os diferentes
hormônios esteroides são encontrados principalmente no citoplasma.
3. No núcleo da célula. Os receptores para os hormônios da tireoide são
encontrados no núcleo e acredita-se que sua localização está em associação direta
com um ou mais dos cromossomos.
Receptores Ligados a Canais Iônicos. Praticamente todas as substâncias
neurotransmissoras, como a acetilcolina e a norepinefrina, combinam-se com
receptores na membrana pós-sináptica. Essa combinação causa, quase sempre,
alteração da estrutura do receptor, geralmente abrindo ou fechando o canal para um
ou mais íons.
Receptores Hormonais Ligados à Proteína G. Muitos hormônios ativam
receptores que regulam indiretamente a atividade de proteínas-alvo (p. ex., enzimas
ou canais iônicos) por acoplamento com grupos de proteínas da membrana celular,
chamadas proteínas heterotriméricas de ligação a guanosina trifosfato (GTP)
(proteínas G).
Quando o ligante (hormônio) se une à parte extracelular do receptor, ocorre
alteração da conformação no receptor, ativando as proteínas G e induzindo sinais
intracelulares que (1) abrem ou fecham os canais iônicos da membrana celular, (2)
mudam a atividade de uma enzima no citoplasma da célula, ou (3) ativam a
transcrição gênica.
Receptores Hormonais Ligados a Enzimas. Alguns receptores, quando
ativados, funcionam diretamente como enzimas ou se associam estreitamente às
enzimas que ativam. Esses receptores ligados a enzimas são proteínas que
atravessam a membrana por apenas uma vez, diferentemente das sete alças
transmembranas dos receptores acoplados às proteínas G. Os receptores ligados a
enzimas têm seu local de ligação ao hormônio no exterior da membrana celular e
seu local catalítico ou de ligação a enzima, no interior. Quando o hormônio se liga à
parte extracelular do receptor, é ativada (ou por vezes inativada) uma enzima,
imediatamente dentro da membrana celular. (GUYTON & HALL, 2017)

OBJETIVO 9 – ENTENDER O MECANISMO DE COMUNICAÇÃO NEURO-


HORMONAL
Além do controle direto da atividade cerebral, pela transmissão específica de
sinais neurais do tronco cerebral para as regiões corticais, ainda outro mecanismo
fisiológico é muito usado para controlar a atividade cerebral. Esse mecanismo
consiste na secreção de agentes hormonais neurotransmissores excitatórios ou
inibitórios, na própria substância do cérebro. Esses neurohormônios, em geral,
persistem por minutos a horas e, consequentemente, permitem longos períodos de
controle, em vez de apenas ativação ou inibição instantânea.
(GUYTON & HALL)
Muitos reflexos endócrinos envolvem o sistema nervoso O sistema nervoso e
o sistema endócrino se sobrepõem tanto em estrutura como em função. Os
estímulos integrados pelo sistema nervoso central influenciam a liberação de
diversos hormônios através de neurônios eferentes, como descrito anteriormente
para a insulina. Além disso, grupos especializados de neurônios secretam neuro-
hormônios, e duas estruturas endócrinas são incorporadas à anatomia do encéfalo:
a glândula pineal e a glândula hipófise.
Uma das associações mais fascinantes entre o encéfalo e o sistema
endócrino é a influência das emoções sobre a secreção e a função de hormônios.
Por séculos, médicos têm relatado situações em que o estado emocional influencia a
saúde ou os processos fisiológicos normais.
(SILVERTHORN, 2017)

Os Neuro-Hormônios São Secretados No Sangue Por Neurônios


Como observado anteriormente, os neuro-hormônios são sinais químicos
liberados para o sangue por um neurônio.
O sistema nervoso humano produz três principais grupos de neuro-
hormônios: (1) catecolaminas (descritas anteriormente), produzidas por neurônios
modificados da medula da glândula suprarrenal, (2) neuro-hormônios hipotalâmicos
secretados pela neuro-hipófise e (3) neuro-hormônios hipotalâmicos que controlam a
liberação de hormônios da adeno-hipófise. Devido ao fato de os dois últimos grupos
de neuro-hormônios estarem associados à glândula hipófise, descrevemos esta
importante estrutura endócrina primeiro.
(SILVERTHORN, 2017)

OBJETIVO 10 – DISCUTIR O FATOR ESTRESSE COMO FATOR


DESENCADEANTE RELACIONADO AO SISTEMA NEUROENDOCRINO
ANSIEDADE E ESTRESSE
Como já foi visto, as respostas autonômicas e comportamentais que ocorrem
na reação normal ao medo têm o papel de preparar o organismo para situações
agudas de emergência. A ansiedade é um transtorno psiquiátrico muito comum. Ele
é a expressão inapropriada do medo, que neste caso é duradouro e pode ser
desencadeado por perigos pouco definidos ou pela recordação de eventos que
supostamente podem ser perigosos. A ansiedade desencadeada de forma crónica
se transforma em estresse e causa danos ao organismo. Uma pessoa sadia regula a
resposta ao medo através do aprendizado. No transtorno de ansiedade, o motivo
pode não estar presente e, mesmo assim, resulta na ativação da amígdala. Os
neurônios hipotalâmicos, em resposta a estímulos da amígdala, promovem a
liberação do hormônio adrenotropicocórtico (ACTH) que, por sua vez, induz a
liberação do cortisol pela adrenal.
O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal é regulado pelo hipocampo, que exerce
seu efeito inibindo este eixo. A exposição crónica ao cortisol pode levar à disfunção e
à morte dos neurônios hipocampais. Assim, a degeneração do hipocampo torna a
resposta ao estresse mais acentuada, levando a maior liberação de cortisol e maior
lesão do hipocampo. Estudos de neuroimagem mostraram redução no volume do
hipocampo com repercussão sobre a memória em pacientes que sofreram de
transtorno de estresse pós-traumático. A resposta ao estresse tem sido relacionada
tanto à hiperatividade da amígdala como à redução da atividade do hipocampo.
(MACHADO, 2014)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana. Uma abordagem integrada. Porto Alegre: Artmed,
7° Ed. 2017.
GUYTON, A.C. & HALL, J.E., Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Editora
ELSEVIER, Ed.13, 2017.
MACHADO, Angelo B.M.; HAERTEL, Lúcia Machado. Neuroanatomia funcional. 3.ed. São Paulo: Editora
Atheneu, 2014.

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