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Apostila de

Curso Técnico
de Química
Fundamentos da Metrologia

Apostila Fundamentos da Metrologia – Prof. Alexandre Mendes – IFRJ – campus Nilópolis – maio 2015 2
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Elaboração:
Prof. Alexandre Mendes

1.METROLOGIA: HISTÓRICO E DEFINIÇÕES


e práticos da medição, qualquer que seja a incerteza da
1.1 Metrologia e suas áreas.
medição e o campo de aplicação”.
A Metrologia tem origem na palavra grega metron,
Analisando-se a definição, observa-se a
que significa medida, e logos, que significa ciência.
necessidade de conhecimento teórico sobre os
Logo, a metrologia é a ciência das medições e como tal
conceitos e as técnicas de medição, acrescido à
possui função estratégica para o desenvolvimento de
percepção das grandezas de influência e da obtenção
uma nação e essencial para o crescimento tecnológico
de resultados práticos consistentes. Uma vez que os
e comercial das organizações. Para o profissional, que
resultados das medições são influenciados por fatores
no dia-a-dia de suas atividades está envolvido com as
internos e externos ao processo de medição,
técnicas de medição, atuando em laboratórios e
precisamos determinar a incerteza da medição que está
centros de pesquisas, é imprescindível o conhecimento
associada aos requisitos de uso.
dos fundamentos matemáticos, das ferramentas
Desta maneira, é a ciência das medidas e das
estatísticas, das técnicas e dos seus procedimentos
medições e como tal está dividida em três grandes
operacionais.
partes, a saber:
O Vocabulário Internacional de Metrologia –
Conceitos Fundamentais e Gerais e Termos Associados
(VIM 2012), adotado no Brasil pela Portaria Inmetro
(Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial) n.º 232, de 08 de maio de 2012,
 A Metrologia Científica visa manter e
define Metrologia como a “ciência da medição e suas
aprimorar os padrões internacionais de medição e
aplicações”. Complementa esta definição com uma
desenvolver novas tecnologias de medição. É a
nota: “A metrologia engloba todos os aspectos teóricos
área da metrologia dedicada à pesquisa e ao

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desenvolvimento de equipamentos e métodos de chamado de ”Cúbito Real Egípcio”. Seu comprimento
medição. era equivalente à soma dos comprimentos da mão e do
 A Metrologia Industrial tem seu campo antebraço do faraó.
de atuação na indústria e procura definir e
aperfeiçoar critérios para a aceitação de um
instrumento ou método de medição válido para
um determinado nível de confiança, a fim de tornar
o processo produtivo mais eficiente, reduzindo
custos de produção e retrabalho.
 A Metrologia Legal tem como objetivo
principal proteger o consumidor tratando das
unidades de medida, métodos e instrumentos de
medição, de acordo com as exigências técnicas e Figura 1:Primeira aplicação da lógica de padrão de medição
legais obrigatórias. Dentre as áreas da metrologia
legal, destacam-se as operações de compra e Outras unidades de medida, como a polegada, o

venda, brinquedo, equipamentos médicos e palmo, o pé e a jarda vieram com o tempo e sempre se

hospitalares, segurança ocupacional, produtos pré- utilizando de padrões do comprimento do corpo do rei

medidos (aqueles que são medidos na ausência do ou faraó.

consumidor) e toda e qualquer medição que


envolva risco indesejável ao consumidor.

1.2. Breve histórico


A grande diversidade de unidades usadas nas
trocas e no comércio de mercadorias entre os povos Figura 2:Representação das unidades de medidas:
polegada; palmo e pé.
trouxe a necessidade de se estabelecer unidades de
medida. Em 1789, com a Revolução Francesa, uma
O homem descobriu, logo cedo, que sua habilidade crescente necessidade de mudança envolve toda a
para medir não era suficiente. Para sua medição ter Europa. Nela, não só as velhas medidas baseadas no
sentido, ela teria de concordar com as medições de corpo dos reis eram um fardo, mas todo o sistema de
outros homens. medição. Surge então um sistema novo e universal de
Os primeiros registros de medição, conhecidos na unidade de medidas, um sistema científico, e não
metrologia, datam de aproximadamente 4800 anos a.C baseado na anatomia da realeza.
na região da Caldéia, antiga Mesopotâmia, onde o povo Em 1799 o metro foi definido como sendo uma
já utilizava soluções metrológicas. barra de platina de seção retangular, com 25,3 mm de
Os primeiros padrões de comprimento que se tem largura e 4 mm de espessura, para 1 metro de
registro são de aproximadamente 4000a.C e são comprimento de ponta a ponta. Na mesma época, foi
atribuídos ao povo egípcio. confeccionado um padrão de massa (quilograma) para
O faraó Khufu foi o primeiro a decretar que uma representar o peso de 1 dm3 de água pura, na
unidade padrão de comprimento deveria ser fixada. O temperatura de 4,44 oC. O quilograma foi representado
padrão escolhido foi feito de granito preto e foi

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por um cilindro de platina com diâmetro igual à altura tratado, ficando reticentes em estabelecer uma
de 39 mm. Esses padrões vigoraram por mais de 90 organização mais ampla. A Grã-Bretanha estava
anos. incomodada pelo fato de a Conferência Geral estar
encarregada de propagar o sistema métrico,
interferindo com o sistema inglês. Em 1870, vários
países adotaram o sistema métrico e em 1884,
finalmente a Grã-Bretanha assinou o tratado.
No Brasil, D.Pedro II, em 1837 adota o sistema
métrico decimal, que mais tarde, em 1862, promulga a
Lei Imperial que oficializa o sistema métrico decimal
como o sistema oficial de unidades do Brasil. Essa lei foi
assinada em 26 de junho, tornando-se então o dia do
Figura 3:Foto do metro padrão e do quilograma padrão
metrologista.
A Inglaterra, país cuja economia era baseada na Em 24 de maio de 1933, subordinado ao Ministério
indústria, comércio e finanças, não aceitava essas da Agricultura é criado o Instituto de Tecnologia. Um
mudanças abruptas no sistema de medição, alegava ano depois transformado em Instituto Nacional de
que essas mudanças prejudicariam o seu crescimento, Tecnologia.
tendo que mudar as dimensões da maioria das As atribuições do INT fixadas pela lei eram bastante
exportações e unidades utilizadas em peças de extensas. Deveria conservar os padrões nacionais e
maquinário. Propuseram mudanças moderadas, uma estabelecer o quadro de medidas legais e a tabela de
vez que, desde 1824, era adotado um sistema de taxas e multas previstas, entre outras atribuições.
medida com base nas unidades romanas e usadas em Em 1934, o governo do estado de São Paulo
todo Império Britânico. As medidas de comprimento transforma o laboratório de ensaios de materiais no
eram: polegadas, pés, jardas e milhas. Medidas de Instituto de Pesquisas Tecnológicas, uma autarquia
peso: grão, onça, libras e toneladas. estadual com atribuições de pesquisa científica.
Em 8 de agosto de 1870, foi criada a Comissão Neste mesmo ano, contando com um mínimo de
Métrica Internacional. A Comissão era formada por recursos humanos, o IPT cria uma sessão de metrologia,
trinta países. Seus representantes propuseram a criação com o objetivo de conservar os seus padrões, calibrar
de uma organização internacional, financiada pelos instrumentos de medida do laboratório ou de terceiros,
países membros, com a responsabilidade de fazer e e executar medições especiais, e difundir e uniformizar
preservar os novos padrões, verificar os padrões de a educação metrológica.
outros países e desenvolver novos instrumentos. É Em 1935, seu relatório anual informava o
criado então, o Bureau Internacional de Pesos e recebimento do padrão fundamental de massa,
Medidas, cujos membros são delegados das nações constituído por 1 kg padrão de latão dourado, calibrado
signatárias e que se reuniriam numa Conferencia Geral pelo BIPM e do padrão de comprimento, o metro
de Pesos e Medidas a cada seis anos. padrão, criteriosamente fabricado e comparado com o
Em 20 de maio de 1875, data conhecida como Dia padrão do BIPM.
Metrológico Internacional, dezessete países, assinaram Em 1960 ocorre a 11ª Conferencia Geral de Pesos e
o tratado que criara a Comissão Métrica Internacional. Medidas (CGPM) estabelecendo o Sistema
A Grã-Bretanha, Holanda e Grécia não assinaram o Internacional de Unidades (SI). O SI pretende ser um

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sistema pratico de unidades de medida, instituindo  Fortalecer a participação do País nas
regras de como escrevê-las, seus prefixos, suas atividades internacionais relacionadas com
unidades de base e derivadas, entre outras definições. metrologia e qualidade, além de promover o
Em 1961, é criado o Instituto Nacional de Pesos e intercâmbio com entidades e organismos
Medidas (INPM), que implantou a Rede Brasileira de estrangeiros e internacionais;
Metrologia Legal e Qualidade, os atuais IPEMs, e  Planejar e executar as atividades de
instituiu o Sistema Internacional de Unidades (SI) em acreditação de laboratórios de calibração e de
todo o território nacional. ensaios, de provedores de ensaios de proficiência,
Em 1973, nasce o Instituto Nacional de de organismos de certificação, de inspeção, de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, o treinamento e de outros, necessários ao
INMETRO, que objetiva fortalecer as empresas desenvolvimento da infraestrutura de serviços
nacionais, aumentando a sua produtividade por meio tecnológicos no País;
da adoção de mecanismos destinados à melhoria da  Coordenar, no âmbito do Sinmetro, a
qualidade de produtos e serviços. certificação compulsória e voluntária de produtos,
de processos, de serviços e a certificação voluntária
de pessoal.

Para garantir a confiabilidade das medições, foi


criada no ano de 1980 a Rede Nacional de Calibração
Figura 4:Logomarca do INMETRO (RNC), que sofreu uma reformulação em 1992, se
dividindo nas: Rede Brasileira de Calibração (RBC) e
O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaio (RBLE).
Qualidade Industrial - INMETRO - é uma autarquia
Essas Redes são formadas por laboratórios
federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento,
credenciados pelo INMETRO, possuindo o
Indústria e Comércio Exterior. Em 2011 o INMETRO
reconhecimento formal de sua competência na área
passa a se chamar Instituto Nacional de Metrologia,
acreditada.
Qualidade e Tecnologia.

Dentre as competências e atribuições do INMETRO


destacam-se:
 Executar as políticas nacionais de metrologia e
da qualidade;
 Verificar a observância das normas técnicas e
legais, no que se refere às unidades de medida,
métodos de medição, medidas materializadas,
instrumentos de medição e produtos pré-medidos; Figura 5: Selos referentes à RBC e RBLE

 Manter e conservar os padrões das unidades


de medida, assim como implantar e manter a
cadeia de rastreabilidade dos padrões das unidades
de medida no País.

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2. SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES – SI
2.1 Unidades Básicas e Derivadas
O SI é o sistema de unidades recomendado pela CGPM - Conferência Geral de Pesos e Medidas. No Brasil foi
adotado por meio do Decreto no 52.243, de 30/08/63, mais tarde substituído pelo de no 63.323, de 12/09/68.
Além de ser uma obrigatoriedade legal, a adoção apresenta aspectos positivos. Destacamos:
 Facilidade, em nível internacional, na troca e entendimento das informações nas relações comerciais e
científicas;
 Abandono de sistemas superados ou em desuso;
 Simplificação das equações devido à coerência entre as unidades das grandezas envolvidas.
 Unidades de base únicas, que podem ser reproduzidas e realizadas em qualquer lugar do mundo;
 Poucas unidades de base, separadas e independentes;
 Coerente, de modo que a combinação de unidades existentes produz outras unidades sem a necessidade de
constantes.
No SI existem duas classes de unidades: as unidades de base e as unidades derivadas.
a) Unidades de Base
São sete grandezas físicas independentes, chamadas de unidades de base. As definições e
símbolos das unidades de base estão apresentados a seguir:
GRANDEZA DEFINIÇÃO SÍMBOLO
O metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no
Comprimento vácuo, durante o intervalo de tempo de 1/299.792.458 do m
segundo.
O quilograma é a unidade de massa igual à massa do protótipo
Massa kg
internacional do quilograma.
O segundo é a duração de 9.192.631.770 períodos da radiação
Tempo correspondente à transição entre dois níveis hiperfinos do s
estado fundamental do césio 133.
Intensidade O ampère é a intensidade de uma corrente elétrica constante A
de corrente elétrica que, mantida entre dois condutores paralelos, retilíneos, de

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comprimento infinito, de seção circular desprezível, e situada à
distância de 1 metro entre si, no vácuo, produz entre estes
condutores uma força igual a 2x10 -7 newtons por metro de
comprimento.
Temperatura O kelvin é a fração 1/273,16 da temperatura termodinâmica do
K
termodinâmica ponto tríplice da água.
A candela é a intensidade luminosa, numa direção dada, de
Intensidade uma fonte que emite uma radiação monocromática de
cd
luminosa freqüência 540x1012 hertz e cuja intensidade energética naquela
direção é de 1/683 watt por esterradiano.
O mol é a quantidade de matéria de um sistema contendo
Quantidade de
tantas entidades elementares quanto átomos existem em 0,012 mol
matéria
kg de carbono 12.
Tabela 1: Unidades de básicas do SI

O quilograma é a única unidade de base cujo nome contém um prefixo (quilo - k) e a única unidade de base ainda
representada por uma medida materializada.
b) Unidades Derivadas
São as unidades formadas pela combinação das unidades de base, segundo relações matemáticas
que correlacionam as correspondentes grandezas. Exemplos de algumas unidades derivadas.
GRANDEZA DEFINIÇÃO SÍMBOLO
Superfície, área metro quadrado m2
Volume metro cúbico m3
Velocidade metro por segundo m/s
Massa específica quilograma por metro cúbico kg/m3
Força newton N
Pressão pascal Pa
Potência, fluxo energético watt W
Temperatura Celsius grau Celsius °C
Freqüência hertz Hz
Resistência elétrica ohm 
Tabela 2: Exemplos de unidades derivadas do SI

c) Múltiplos e Submúltiplos
No SI, foram definidos múltiplos e submúltiplos, com a nomenclatura e simbologia dada na
tabela a seguir.
FATOR PREFIXO SÍMBOLO FATOR PREFIXO SÍMBOLO
1024 yotta Y 10-1 deci d
1021 zetta Z 10-2 centi c
1018 exa E 10-3 mili m
1015 peta P 10-6 micro 
1012 tera T 10-9 nano n
109 giga G 10-12 pico p
106 mega M 10-15 femto f
103 quilo k 10-18 atto a
102 hecto h 10-21 zepto z
10 deca da 10-24 yocto y
Tabela 3: Múltiplos e submúltiplos do SI

Apesar de serem previstos os múltiplos da (deca) e h (hecto) e os submúltiplos d (deci) e c (centi), o seu uso não é
usual no SI e recomenda-se expressar em k (quilo), m (mili) e  (micro).

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d) Unidades Fora do SI
O BIPM - Bureau Internacional de Pesos e Medidas - reconhece que existe a necessidade de
utilizar algumas unidades que não fazem parte do SI, sendo, porém, amplamente difundidas. Estas
unidades estão apresentadas a seguir.
NOME SÍMBOLO VALOR EM UNIDADE SI
minuto min 60 s
hora h 3600 s
dia d 86400 s
grau ° /180 rad
minuto ` /10800 rad
segundo “ /648000 rad
litro l ou L 1 dm3 = 10-3 m3
tonelada t 1000 kg
elétron-volt eV (*)
bar bar 0,1 MPa = 100 kPa
(*) 1 eV é a energia cinética adquirida por um elétron atravessando uma
diferença de potencial de 1 volt no vácuo (1,60219 x 10 -19
aproximadamente).
Tabela 4: Unidades de medida fora do SI

e) Unidades Admitidas Temporariamente


Em virtude da força de hábitos existentes em certos países e em certos domínios, o BIPM julgou
aceitável que as unidades contidas a seguir continuassem a ser utilizadas, em conjunto com as
unidades SI, até que seu emprego não seja mais necessário. Não devem, todavia, ser introduzidas
nos domínios onde elas já não são mais usadas.
NOME SÍMBOLO VALOR EM UNIDADE SI
milha marítima - 1852 m
nó = milha marítima por hora - 1852 m/h
o
ângstron 0,1 nm = 0,1 x 10-9 m
A
are a 100 m2
hectare = 100 ares ha 10000 m2
Tabela 5: Unidades de medida admitidas temporariamente

2.2 Correta escrita das unidades não são seguidos por pontos.
a) Os símbolos são expressos com letras Ex.: 10 kg, 500 m
minúsculas e em caracteres romanos. d) No plural das unidades acrescenta-se apenas o
Ex.: metro (m), segundo (s) “s” ao final da mesma.
As exceções são as letras gregas  (mícron) e  (ohm). Ex.: 10 pascals
b) Se o nome da unidade é um nome próprio, a Na divisão de uma unidade por outra se utiliza a barra
primeira letra do símbolo é maiúscula, porém, inclinada, o traço horizontal, ou potência negativa.
escreve-se por extenso com letra minúscula. km
Ex.: km/h, ou km.h-1
Ex.: pascal (Pa), kelvin (K) h
Exceção: grau Celsius (°C) e) Não usar mais de uma barra inclinada, para

c) Os símbolos das unidades não têm plurais e evitar ambiguidades. Utilizar parênteses ou

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potências negativas.
Ex.: m/s2 ou m.s-2 e nunca m/s/s
f) O acento tônico não recai sobre o prefixo e sim
sobre a unidade.
Ex.: micrometro, megâmetro
Exceções: quilômetro, decímetro, centímetro,
milímetro.
g) O quilograma, seus múltiplos e submúltiplos
pertencem ao gênero masculino.
 O metro é abreviado como m e não mts.
Ex.: duzentos quilogramas, um grama
h) Medidas de tempo:
Correto - 5 h 14 min; 3 h 30 min 15 s; 2 h
Errado - 5:14 h; 3 h 30’ 15’’; 3:30:15 h
Obs.: a hora (h) e o minuto (min) não são unidades do
SI.
i) Espaçamento entre o prefixo e a unidade:
2.3. Exercícios
Correto: 124,6 mm (valor numérico/prefixo da
1. Qual o símbolo da grandeza comprimento no SI?
unidade/unidade)
a) Mts
Errado: 124,6 m m b) m
c) KM
j) Não misturar nome com o símbolo.
d) Pés
Correto: quilômetro por hora ou km/h
Errado: km/hora ou quilômetro/h 2. Qual o símbolo da grandeza de base tempo no SI?
a) s
b) seg
A seguir alguns erros encontrados em placas e
c) h
anúncios de jornais e revistas. d) hs
 Velocidade é medida em km/h e não em km.
3. Qual o símbolo da grandeza velocidade no SI?
a) mts/s
b) m/seg
c) km/hr
d) m/s

4. A unidade de pressão no Sistema Internacional é:


a) pascal
b) psi
c) quilograma-força
d) bar

5. Qual o símbolo da grandeza temperatura no SI?


 Minuto é abreviado como min e não m a) K
b) 0F
c) °K
d) C
6. Assinale a alternativa correta quanto à escrita.

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a) 18 hrs d) Velocidade.
b) 3 mts
c) 10 hs
d) 9L

7. (Prefeitura de ITU – 2012). Qual a unidade de medida


para pressão?
a) Pascal.
b) Mol.
c) Candela.
d) Kelvin.

8. (Prefeitura de ITU – 2012). Qual a unidade de medida


para volume?
a) Quilograma.
b) Metro cúbico.
c) Metro quadrado.
d) Mol.

9. (Prefeitura de ITU – 2012). O símbolo (m3/s)


representa qual grandeza?
a) Massa específica.
b) Volume.
c) Vazão.

3. SISTEMAS DE MEDIÇÃO
3.1. Sistemas de medição Por definição, medição é o “processo de obtenção
Em qualquer campo de atividade as decisões são experimental de um ou mais valores que podem ser
tomadas com base em informações. Na área científica e razoavelmente atribuídos a uma grandeza”. “A medição
tecnológica tais informações são, em geral, medições pressupõe uma descrição da grandeza que seja
realizadas de forma direta ou indireta, relacionadas compatível com o uso pretendido de um resultado de
com o objeto em estudo. medição, de um procedimento de medição e de um
A importância de medir foi destacada há muitos sistema de medição calibrado que opera de acordo com
anos por dois grandes cientistas. Galileu Galilei dizia um procedimento de medição especificado, incluindo
que: as condições de medição”.
“É necessário medir o que for mensurável, e As medições são, geralmente, influenciadas por
tornar mensurável aquilo que não o é.” alguns agentes metrológicos, tais como:
O método de medição, a amostra, o operador, o
Lord Kelvin afirmava que: equipamento de medição, as condições ambientais e a
“Quando você puder medir um fenômeno e rastreabilidade dos equipamentos e padrões.
descrevê-lo com números, então pode afirmar que Dessa maneira, podemos entender a medida como
sabe algo sobre ele. Quando não puder medi-lo e sendo o resultado do processo de medição e, nesse
expressá-lo com números, seu conhecimento é de uma sentido, sua qualidade depende de como tal processo é
classe inferior e insatisfatória.” gerenciado.
A Figura 6 a seguir, representa graficamente os

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agentes metrológicos citados e que influenciam no mais viável, seria escolher aleatoriamente um
processo de medição. determinado número de peças como amostra,
utilizando os critérios estabelecidos na norma ABNT
NBR 5426, por exemplo. A média das medidas do passo
das peças escolhidas pode ser considerada como uma
boa estimativa para o total de parafusos.
Devemos tomar cuidado na seleção e utilização da
Figura 6: Agentes metrológicos numa medição
amostra de modo que ela realmente represente o

3.2. Agentes metrológicos numa medição. conjunto, caso contrário, estaremos atribuindo valores

a) Método de Medição errados por uma escolha ou manuseio indevidos da

É a “descrição genérica da organização lógica de amostra.

operações utilizadas na realização de uma medição”. O Alguns cuidados básicos devem ser observados na

método de medição pode estar contido em uma norma escolha da amostra, tais como:

técnica, um procedimento, uma instrução de trabalho,  tamanho, ou quantidade, adequada da

um fluxograma ou em qualquer outra forma de amostra;

documento interno da organização.  seleção aleatória da amostra e que esta


pertença ao mesmo lote de fabricação;

Exemplo: calibração de Manômetros Tipo Bourdon.  que as medições sejam realizadas em

A norma ABNT NBR 14105 determina as condições condições definidas em normas ou

necessárias para a realização da calibração de procedimentos técnicos;

Manômetros Tipo Bourdon. Dentre os vários requisitos  evitar contaminações que possam modificar

ela define, por exemplo, o número mínimo de pontos as características físicas ou químicas da amostra;

de calibração em função da classe de exatidão do  verificar o prazo de validade da amostra.

manômetro (classes A1/A2/A3/A4 – 10 pontos; classes


A/B/C/D – 5 pontos). c) Operador
Devemos ressaltar que o método de medição deve O operador, ou usuário do sistema, é uma peça-
ser desenvolvido por especialistas no assunto em chave no processo. Ele deve:
questão e que, de regra geral, será utilizado por outros  ser conhecedor do método de medição;
profissionais com um mínimo de conhecimento e  saber avaliar as condições ambientais e
capacitação nas técnicas definidas no método. decidir sobre a realização ou não das medições;
 saber selecionar adequadamente a amostra a
b) Amostra ser avaliada;
É uma parte de um todo que, uma vez avaliada,  ser treinado e capacitado para a utilização
analisada e medida, possibilita que os resultados correta dos instrumentos de medição que
encontrados sejam atribuídos ao conjunto original. compõem o sistema, além de registrar e
Exemplo: Verificação do passo da rosca de um parafuso interpretar corretamente o resultado das
em um lote de 10000 parafusos. medições;
Uma alternativa seria medir todos os parafusos  avaliar e confirmar a rastreabilidade dos
(processo demorado e oneroso). Outra alternativa, instrumentos de medição.

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d) Condições Ambientais Exemplos de instrumentos de medição:
Entendemos as condições ambientais como sendo Manômetro, paquímetro, micrômetro, termômetro de
a influência de fatores ambientais, tais como a líquido em vidro (TLV), multímetro, balança analítica.
temperatura, umidade, poeira, vibração, flutuação na
tensão de alimentação elétrica, ruído elétrico ou Exemplos de sistemas de medição:
magnético, e outros fatores existentes no local onde as Bomba de gasolina de um posto de abastecimento;
medições são realizadas. aparelhagem para calibração de termômetros clínicos;
Esses fatores devem ser monitorados e controlados aparelhagem para medição de condutividade de
de modo a minimizar seus efeitos no resultado final da materiais semicondutores.
medição.
3.3. Realização da Medição
Exemplo: Basicamente existem duas formas de realizar uma
Para medirmos a concentração de um determinado medição, a direta e a indireta.
ingrediente ativo que entra na composição de um
remédio, é preciso que a temperatura do laboratório a) Medição direta
seja mantida em (22,0 + 0,5)°C e a umidade relativa em Neste caso existe apenas uma grandeza envolvida
(50 + 5)%. Um sistema condicionador de ar deve, então, no processo, e utilizamos diretamente o instrumento
controlar a temperatura e a umidade nas condições para se obter o resultado da medição desejada.
ideais. Quando qualquer anomalia surgir, seja na Exemplos: medição do diâmetro de uma peça com um
temperatura ou na umidade, devemos interromper as paquímetro; pesagem de um objeto com uma balança
medições. digital; medição da corrente elétrica de um circuito com
amperímetro; indicação da temperatura usando um
Outro exemplo: termômetro de líquido em vidro (TLV).
A norma ABNT NBR 14105 determina que as
calibrações dos manômetros tipo bourdon sejam b) Medição indireta
efetuadas em condições controladas de temperatura na Nesta situação as medições são efetuadas
faixa de (20 + 2)°C. envolvendo duas ou mais grandezas, e essas grandezas
são relacionadas através de uma equação matemática.
e) Instrumento de medição Exemplos: determinar a área de um terreno retangular
Todo e qualquer “dispositivo utilizado para realizar medindo-se o comprimento de cada um dos lados.
medições, individualmente ou associado a um ou mais Comparativamente cada forma de realização da
dispositivos suplementares” é chamado de instrumento medição possui características metrológicas diferentes,
de medição. O “conjunto de um ou mais instrumentos e é a escolha adequada da medição (direta ou indireta)
de medição e freqüentemente outros dispositivos, que possibilita o resultado mais próximo do desejado.
compreendendo, se necessário, reagentes e insumos,
montado e adaptado para fornecer informações Exemplo:
destinadas à obtenção dos valores medidos, dentro de Podemos medir a massa específica de um líquido
intervalos especificados para grandezas e tipos utilizando um densímetro de flutuação (método direto);
especificados” é denominado sistema de medição. ou podemos medir a massa e o volume do líquido e

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dividir o valor da massa pelo valor do volume (método
indireto). c) Incremento Digital
Na medição direta usamos somente um Corresponde à menor variação da indicação direta
instrumento (densímetro), ao passo que na medição possível nos instrumentos com mostradores digitais.
indireta necessitamos de uma balança e de uma
vidraria com volume conhecido. d) Resolução
Os dois métodos deverão apresentar resultados Resolução é a “menor variação da grandeza
semelhantes, mas a incerteza final de cada um dos medida que causa uma variação perceptível na
métodos poderá ser significativamente diferente. Desta indicação correspondente”.
forma, a escolha do método deverá avaliar o erro e a Nos sistemas com mostradores digitais a resolução
incerteza de medição. de leitura corresponde ao incremento digital (figura 7).

3.4. Parâmetros Característicos de um Sistema de


Medição
É importante identificar e aplicar corretamente
alguns parâmetros característicos do Sistema de
Medição, de modo a permitir uma adequada
interpretação dos resultados de medição.

a) Valor de uma Divisão (VD)


Figura 7: Termohigrometro - temperatura resolução de
É a diferença entre os valores da escala 0,1 °C; umidade: resolução de 1 %

correspondentes a duas marcas sucessivas. O valor de


Nos sistemas com mostradores analógicos a resolução
uma divisão é expresso na unidade marcada sobre a
de leitura deverá ser avaliada pelo operador, já que
escala, qualquer que seja a unidade do mensurando.
teoricamente pode ser zero (figura 8).
Exemplos: manômetro: VD = 0,2 bar
termômetro: VD = 5 ºC

b) Sensibilidade
“Quociente entre a variação de uma indicação de
um sistema de medição e a variação correspondente do
valor da grandeza medida”.
Exemplos: Figura 8: termômetro de liquido em vidro
Um termômetro de resistência de platina, tipo Pt-100, Resolução: 1 ºC? 0,5 ºC? 0,1 ºC?

apresenta uma sensibilidade de 0,38 /ºC, ou seja,


A resolução de um dispositivo mostrador será
cada 1ºC de estímulo provoca uma variação na
sempre “a menor diferença entre indicações que pode
resistência elétrica de 0,38 ohms;
ser significativamente percebida”, ou seja, o menor
A sensibilidade de um eletrodo para medição de
valor que, com segurança, pode ser lido em uma
pH deve ser de 59,16 mV/pH, ou seja, a variação de 1
medição.
pH na substância deve gerar 59,16 mV de variação na
Não devemos supor que a resolução de leitura seja
saída do eletrodo.

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menor do que de fato é. Para uma escolha adequada dispersão XY, os valores do instrumento a ser calibrado
não podemos ignorar a sensibilidade do instrumento, (eixo X) com os valores do padrão (eixo Y).
assim, a resolução nunca será menor que a Geralmente a curva de calibração é uma linha reta,
sensibilidade. mas os pontos medidos podem ser ajustados para um
polinômio de 2a ou 3a ordem, uma função logarítima ou
e) Precisão de medição exponencial. A equação que resulta deste gráfico
É o “grau de concordância entre indicações ou descreve o comportamento do instrumento que está
valores medidos, obtidos por medições repetidas, no sendo calibrado, em comparação ao padrão adotado. O
mesmo objeto ou em objetos similares, sob condições capítulo intitulado AJUSTE discutirá este ponto.
especificadas”. A seguir exemplificamos com uma curva
A precisão de medição pode ser expressa de calibração (Gráfico 1) de um medidor de
quantitativamente por indicadores da incerteza, tais
pH, gerada a partir dos pontos da tabela 1.
como a dispersão das indicações, desvio-padrão,
Padrão Média do valor do objeto
variância ou coeficiente de variação, com uma 2,00 1,98
probabilidade estatística definida. Na metrologia esta 4,00 3,99
6,00 6,05
probabilidade estatística é de 95,45%. 8,00 7,98
10,00 9,99
12,00 11,98
f) Condição de repetitividade Tabela 5 – pontos de calibração de um pH
É a “condição de medição num conjunto de
condições, as quais compreendem o mesmo
15
procedimento de medição, os mesmos operadores, o
Padrão

10
mesmo sistema de medição, as mesmas condições de y = 1,0009x - 0,0016
5
operação, o mesmo local, assim como medições R2 = 0,9999
0
repetidas no mesmo objeto ou em objetos similares 0 5 10 15

durante um curto período de tempo”. Média do valor do objeto

A repetitividade de medição é, então, definida como a


Gráfico 1 - Curva de calibração - medidor de pH
“precisão da medição em condições de repetitividade”.

A equação y = 1,0009 x - 0,0016, relaciona os valores do


g) Curva de Calibração
padrão (y) com os valores de indicação do medidor a
Calibração é a “operação que estabelece, numa
ser calibrado (x).
primeira etapa e sob condições especificadas, uma
relação entre os valores e as incertezas de medição
h) Exatidão de medição
fornecidas por padrões e as indicações
“Grau de concordância entre um valor medido e
correspondentes com as incertezas associadas; numa
um valor verdadeiro de um mensurando”.
segunda etapa, utiliza esta informação para estabelecer
Devemos, neste momento, incluir a definição de
uma relação visando à obtenção de um resultado de
valor verdadeiro: “valor de uma grandeza compatível
medição a partir de uma indicação.”.
com a definição da grandeza”. O valor verdadeiro é
Uma forma usual de apresentação dos resultados
aquele que seria obtido por uma medição perfeita (o
de uma calibração é por meio de uma tabela ou uma
que não existe) sendo, por natureza, indeterminado.
curva de calibração que relaciona, num gráfico tipo

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Uma vez que o valor verdadeiro é indeterminado massas padrão usadas na calibração de balanças
usa-se ou o valor convencional “valor atribuído a uma são classificadas nas classes de exatidão E1, E2, F1,
grandeza específica por um acordo, para um dado F2, M1 e M2. Uma massa de 100 mg, por exemplo,
propósito” ou o valor de referência “valor de uma apresenta por classe de exatidão os seguintes erros
grandeza utilizado como base para comparação com máximos admissíveis:
valores de grandezas do mesmo tipo”.  Classe E1 = + 0,005 mg
Desta forma, considerando o valor de um padrão  Classe E2 = + 0,015 mg
de medição calibrado como o “valor convencional”, a  Classe F1 = + 0,05 mg
exatidão do instrumento está relacionada à sua  Classe F2 = + 0,15 mg
capacidade em apresentar os resultados das medições
 Classe M1 = + 0,5 mg
o mais próximo possível do valor deste padrão.
 Classe M2 = + 1,5 mg
A exatidão de medição não é uma grandeza e,
desta forma, não lhe é atribuída um valor numérico.
3.5. Algarismos Significativos
Uma medição é dita mais exata quando é caracterizada
O resultado de um cálculo utilizando todos os
por um erro de medição menor.
dígitos do display de uma calculadora implica que ele é
exato para todos os dígitos, fato que raramente é
i) Classe de exatidão
possível na prática (com o uso dos computadores o
“Classe de instrumentos de medição ou de
número de dígitos pode ser aumentado
sistemas de medição que atendem a requisitos
consideravelmente).
metrológicos estabelecidos para manter os erros de
Quando utilizamos o resultado de uma medição
medição ou as incertezas de medição instrumentais
originada a partir de cálculos devemos ter em mente
dentro de limites especificados, sob condições de
que os números usados têm somente um valor limitado
funcionamento especificadas.”.
de algarismos significativos, porque ele envolve os
Exemplos:
conceitos de incerteza, tolerância, resolução e
 Segundo a NBR NM 215:2000, um bloco-padrão
conversão de unidades.
de Classe 1 de exatidão pode apresentar, no
Suponhamos que a medida 13,403 m indique o
máximo, uma variação no seu comprimento L
valor mais provável de uma grandeza, e que a variação
(valor de L em mm) de ± (0,05 + 0,5 x 10-6 L)
máxima na série de medições que permitiram calcular
(m/ano)
este valor seja de 0,04 m. Como o sinal desta variação
 A NBR 14105 define para manômetros tipo
pode ser positivo ou negativo devemos expressar o
bourdon os seguintes erros máximos admissíveis
resultado da medição da seguinte maneira:
por classe de exatidão:
(13,403  0,04) m
 classe A4 = 0,10%;
Analisando o resultado com mais cuidado notamos
 classe A3 = 0,25%;
que existe uma dúvida e que esta afeta a segunda casa
 classe A2 = 0,50%;
decimal do valor mais provável. É, portanto,
 classe A1 = 1,0%.
desnecessário escrever a terceira casa decimal, uma vez
que a anterior já é duvidosa.
 Segundo as recomendações da OIML
O resultado da medição deve ser expresso, então:
(Organização Internacional de Metrologia Legal), as
(13,40  0,04) m

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Das considerações feitas podemos tirar a definição Por exemplo, a medida 34,527 m possui cinco
de algarismos significativos: significativos. Se, por acaso, temos de expressá-la com
”Os algarismos significativos de uma medida são apenas três devemos escrever 34,5 m; havendo
os algarismos considerados corretos, a contar do necessidade de quatro escrevemos 34,53 m.
primeiro diferente de zero, e o último algarismo, que é Observamos que o algarismo da segunda casa
o duvidoso.” decimal passou de 2 para 3.

No caso apresentado, a medida 13,40 m possui Eis o motivo. Se tivéssemos usado 34,52 m

quatro algarismos significativos. estaríamos cometendo um erro, por falta, igual a:

Outros exemplos: (34,527 - 34,52) m = 0,007 m.

 23,50 m - quatro significativos Usando 34,53 m cometemos um erro menor, por


excesso, de: (34,53 - 34,527) m = 0,003 m.
 0,0043 m - dois significativos
Segundo a ABNT NBR 5891:1977 – Regras de
 67 cm - dois significativos
arredondamento na numeração decimal - ao
 67,2 cm - três significativos
arredondarmos um número devemos ter em mente as
seguintes regras:
Devemos tomar cuidado no caso do algarismo zero no
final dos números. Se os “zeros” são escritos
 O último algarismo de um número deve sempre
corretamente para corresponder aos números
ser acrescido de uma unidade caso o algarismo
significativos, então 36,00 possui quatro algarismos
descartado seja superior a cinco.
significativos e 36,0 possui três. Nestes dois casos os
Exemplos de arredondamento para três significativos:
zeros são necessários para definir a exatidão da
medição.
134,7 = 135
Para diminuir as ambigüidades, devemos observar as
0,03432 = 0,0343
seguintes regras quanto aos “zeros”:

 Os zeros à direita, em números decimais, só


 No caso do algarismo descartado ser igual a cinco,
devem ser escritos quando garantidamente
se após o cinco descartado existirem quaisquer
significativos;
outros algarismos diferentes de zero, o último
Ex: 0,12300 (cinco algarismos significativos) algarismo retido será acrescido de uma unidade.
 Os zeros só são significativos se situados à
direita de um algarismo significativo. Exemplos de arredondamento para três significativos:
Ex: 0,023 kg (2 algarismos significativos) 14,751 = 14,8

 Os zeros à esquerda do algarismo 2 só 0,0346501 = 0,0347

expressam que o resultado da medição é inferior


à unidade (1 kg).  No caso do algarismo descartado ser igual a cinco,
se após o cinco descartado só existirem zeros ou

3.6. Arredondamento não existir outro algarismo, o último algarismo

Quando a medida possui mais algarismos retido será acrescido de uma unidade somente se

significativos do que se precisa devemos conservar for ímpar.

apenas os necessários e abandonar os demais. Exemplos de arredondamento para três significativos:


4,8350 = 4,84

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34,25 = 34,2 a) 478,9 m =
b) 642,5 kg =
c) 123,4 L =
3.7. Operações com Algarismos Significativos
d) 56,150 cm =
Para que o resultado das operações contenha
apenas algarismos significativos, devemos agir da 3. Efetuar as operações abaixo:
seguinte maneira:
a) 52,69 m + 36,8 m =
a) Adição e Subtração b) 68,487 m x 0,12 m =
Somamos ou subtraímos normalmente as parcelas
e o resultado final da operação deve ter o mesmo 4. De acordo com o manômetro da figura abaixo
número de casas decimais da parcela que possuir o responda:
menor número de casas decimais.
Ex: 85,45 m + 5,6 m + 98,523 m = 189,573 m
Adotando a regra da soma e subtração, temos que
o resultado final será 189,6 m (a parcela com menor
número de casas decimais é 5,6 – 1 casa decimal).
Usar a regra somente para o resultado final e não a) Qual resolução de leitura você adotaria?
para as demais parcelas. b) Como você escreveria o resultado da leitura do
manômetro se o ponteiro estivesse em cima do
Ex.: (85,45+5,6+98,523) m  (85,4+5,6+98,5) m = número 6?
189,5 m ≠ 189,6 m
5. De acordo com o termômetro da figura abaixo,

b) Multiplicação e Divisão responda:

Multiplicamos ou dividimos normalmente as


parcelas e o resultado da operação deve ter o mesmo
número de algarismos significativos da parcela que
possuir o menor número de algarismos significativos.

89,1 m 2
16,29182666 m
5,4690 m

Adotando a regra da multiplicação e divisão, temos


que o resultado final será 16,3 m. a) Qual resolução de leitura você adotaria?
b) Como você escreveria o resultado da leitura do
termômetro indicado na figura?
3.8. Exercícios
6. Qual a amplitude do intervalo de medição de um
1. Verificar o número de algarismos significativos
manômetro que mede desde -1bar até 10 bar.
existentes nas seguintes medições:

a) 1,320 m =
b) 0,050 kg = 7. De acordo com a norma ABNT NBR 5891:1977 –
c) 0,0001 km = Regra de arredondamento na numeração decimal,
d) 9642 m2 = arredonde corretamente para 1 casa decimal.
a) 34,450 m
2. Arredondar as medições para três algarismos b) 23,852 m
c) 8,351 m
significativos:
d) 19,7489 m

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e) 43,4501 m b) Aptidão de um instrumento de medição em
f) 43,852 m fornecer indicações muito próximas, em repetidas
g) 52,3511 m aplicações de um mesmo mensurando, sob as
h) 66,7205 m mesmas condições de medição.
c) Aptidão de um instrumento de medição em
fornecer indicações muito dispersas, em repetidas
8. O que é “Resolução de leitura”?
aplicações de um mesmo mensurando, sob as
a) Menor divisão de um instrumento; mesmas condições de medição.
b) Menor diferença entre as indicações de um d) Aptidão de um instrumento de medição em
dispositivo mostrador que pode ser fornecer incertezas muito próximas, em repetidas
significativamente percebida; aplicações de um mesmo mensurando, sob
c) Maior diferença entre as indicações de um diferentes condições de medição.
dispositivo mostrador que pode ser
significativamente percebida;
d) Menor diferença entre as indicações de um
dispositivo mostrador que não pode ser
significativamente percebida.

9. O que você entende como “Grandeza de influência”?


a) O mensurando
b) Parte do mensurando que não afeta o
resultado da medição
c) Mensurando, mas que não afeta o
resultado da medição deste.
d) Grandeza que não afeta a grandeza
efetivamente medida, mas afeta a relação entre a
indicação e o resultado da medição.
10. O que é “Repetitividade”?
a) Aptidão de um instrumento de medição em
fornecer indicações muito próximas, em repetidas
aplicações de um mesmo mensurando, sob
condições diferentes medição.

4. Erros e Incerteza de medição


erro negativo denota que a medição é menor que o
1. Tipos de erro de medição
valor de referência.
a) Erro de medição
O erro de medição é caracterizado como a “diferença
entre o valor medido de uma grandeza e um valor de b) Erro grosseiro

referência”, isto é: O erro grosseiro, ou acidental, é aquele cuja medição

E = X – VR difere muito das outras, em um conjunto de medições


repetidas. Pode ser causado por diversos fatores tais
Onde,
como:
E = erro de medição
X = valor medido  danos ao sistema de medição;
VR = valor de referência
 leitura equivocada;

 arredondamento mal feito;


Matematicamente o erro1 pode ser positivo ou
negativo. Um erro positivo denota que a medição do  utilização de uma constante multiplicativa errada;

instrumento é maior que o valor de referência e um  conversão de unidade realizada de maneira errada;

1
Quando realizamos mais de uma medição podemos obter diferentes  condições ambientais adversas.
valores para o erro. Neste caso, devemos adotar o maior valor como
o erro de medição.

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O erro grosseiro deve ser descartado. É imprevisível e  classe A1, erro máximo de 1,0%.
não adianta ser tratado estatisticamente. 

O termo tolerância não deve ser confundido com o


c) Erro fiducial (erro relativo) erro máximo admissível, uma vez que a tolerância

Algumas vezes não será conveniente trabalhar estabelece os limites de variação de um determinado

diretamente com o erro de medição (também processo, e o erro de medição pode ou não existir.

conhecido como erro absoluto), pois um erro de 0,2 m, e) Tendência e tendência instrumental
por exemplo, pode ser muito pequeno ou muito grande Tendência é a “estimativa do erro sistemático” [9] e
se comparado ao comprimento medido. tendência instrumental é a “diferença entre a média de
Exemplo: repetidas indicações e um valor de referência” [9].

0,2 m de erro em 20 m corresponde a 1% de erro Ao longo do nosso texto vamos referenciar tendência

0,2 m de erro em 2 m corresponde a 10% de erro como tendência instrumental, pois, na prática, a

0,2 m de erro em 0,2 m corresponde a 100% de erro tendência instrumental é que é avaliada numa
calibração. Matematicamente podemos expressá-la
O erro fiducial é determinado como um percentual
como:
de um valor de referência, ou valor fiducial. Os valores

fiduciais são apresentados, na maioria das vezes, em
T  X  VR
relação à amplitude da indicação de medição (como
Onde,
nos casos de manômetros e voltímetros). Não é raro
T = tendência instrumental
encontrar instrumentos cujo erro fiducial é calculado

considerando o valor da leitura como o de referencia. X = média das medições
E VR = valor de referência
E fiducial 
VR
Onde,
Exemplo:
E = erro de medição
Valor do
VR = valor de referência Medidas Média Tendência
padrão
(mm) (mm) (mm)
(mm)
12,60
d) Erro máximo admissível (erro máximo permissível, 12,60
12,60 12,650 - 0,050
erro máximo tolerado, limite de erro) 12,60
12,60
“Valor extremo do erro de medição, com respeito a Tabela 6 – resultado da medição com paquímetro
um valor de referência conhecido, aceito por
especificações ou regulamentos para uma dada f) Correção

medição, instrumento de medição ou sistema de “Compensação de um efeito sistemático estimado.”


medição.” A correção é igual à tendência com sinal trocado, e
Exemplo: A NBR 14105 define os seguintes erros deve ser somada ao valor das indicações para
máximos admissíveis para manômetros tipo bourdon: compensar o erro sistemático.

 classe A4, erro máximo de 0,10%; No exemplo anterior, a correção seria de (+ 0,050 mm).
 classe A3, erro máximo de 0,25%;
 classe A2, erro máximo de 0,50%; g) Erro de Histerese

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A histerese é a maior diferença entre os valores de peça ou mesmo a massa de um corpo, devemos ter
carga (medição efetuada quando da aplicação de um conhecimento das propriedades dessa grandeza. Se,
sinal crescente em valor) e descarga (medição efetuada dilata com a mudança de temperatura, se muda suas
quando da aplicação de um sinal decrescente em valor) propriedades com a umidade relativa do ar, se evapora
de um instrumento de medição. rapidamente, em fim, devemos conhecer as

A histerese é um fenômeno bastante típico nos propriedades do mensurando.

instrumentos mecânicos, tendo como fonte de erro,


principalmente, folgas e deformações associadas ao b) Valor verdadeiro duma grandeza

atrito. Exemplos típicos de instrumentos que podem


Valor duma grandeza compatível com a definição
apresentar erros de histerese são balanças,
da grandeza.
dinamômetros e manômetros analógicos.

Exemplo: Calibração de uma balança, O valor verdadeiro é aquele que seria obtido por

colocando massas (carga) e retirando massas uma medição perfeita (o que não existe) sendo, por

(descarga). natureza, indeterminado.


Uma vez que o valor verdadeiro é indeterminado usa-se
Valor do Indicação Indicação
padrão kg carga (kg) descarga (kg) ou o valor convencional (o valor atribuído a uma
0 0 0 grandeza específica por um acordo, para um dado
10 11 10
20 19 19 propósito) ou o valor de referência (valor de uma
30 30 30 grandeza utilizado como base para comparação com
40 39 41
50 49 50 valores de grandezas do mesmo tipo).
Tabela 7 – carga e descarga em uma balança

Ao atingir o valor de 100% devemos colocar uma c) Exatidão de medição


pequena massa adicional, de valor maior que a
Grau de concordância entre um valor medido e um
resolução de leitura da balança, e tornar a retirá-la,
valor verdadeiro dum mensurando.
para que o instrumento possa medir o valor máximo na
descarga.
Uma medição é dita mais exata quando fornece um
A partir dos dados da tabela acima percebemos que erro de medição menor. A “exatidão de medição” pode
nos pontos de 10 kg, 40 kg e 50 kg existe uma diferença ser entendida como o grau de concordância entre
entre os valores na carga e na descarga: 1 kg (11–10; valores medidos que são atribuídos ao mensurando.
50-49) para os pontos de 10 kg e 50 kg respectivamente Desta forma, considerando o valor de um padrão de
e 2 kg (41–39) para o ponto de 40 kg. Neste exemplo, medição como o “valor convencional”, a exatidão do
então, a histerese da balança é de 2 kg. instrumento está relacionada à sua capacidade em
apresentar os resultados das medições o mais próximo
4.2. Exatidão x Precisão possível do valor deste padrão.
a) Mensurando
Grandeza que se pretende medir. d) Precisão de medição

Quando desejamos medir uma grandeza, como a Grau de concordância entre indicações ou valores
temperatura de um líquido, o comprimento de uma medidos, obtidos por medições repetidas, no mesmo

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objeto ou em objetos similares, sob condições
especificadas.

A precisão de medição é utilizada para definir a


repetibilidade de medição. Uma medida precisa é uma
medida repetitiva, uma vez que ela tem pouca ou
nenhuma variação dos seus resultados.
Não devemos confundir exatidão com precisão.
Vejamos o exemplo a seguir:
Numa competição de tiro ao alvo, temos quatro atletas,
Figura 11: Conclusão do juiz sobre o atleta B
A, B, C, D. O objetivo é acertar o centro do alvo.

Figura 9: Grupo de atletas numa competição de tiro ao alvo Figura 12: Conclusão do juiz sobre o atleta C

Figura 10: Conclusão do juiz sobre o atleta A Figura 13: Conclusão do juiz sobre o atleta D

Observe que, se um instrumento é exato, ele


também será preciso, uma vez que os valores estarão
próximos do valor verdadeiro e consequentemente
próximos entre si.
O termo “precisão de medição” é algumas vezes
utilizado, erroneamente, para designar a exatidão de
medição.

4.3. Incerteza de medição

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a) Incerteza de medição Para calcular a incerteza de medição diversos fatores
Parâmetro não negativo que caracteriza a dispersão devem ser considerados, tais como:
dos valores atribuídos a um mensurando, com base nas  Desvio padrão experimental de uma
informações utilizadas. serie de medições:
 Incerteza da calibração de
E importante destacar que não existem medidas
instrumentos que estão sendo usados.
sem incerteza! Todas as medições tem uma “faixa” de
 Variação de condições ambientais.
variação”, normalmente representada pelos sinais de
 Incerteza de padrões de referencia,
mais e menos (±), que esta associada a sua incerteza.
entre outros.
Quanto menor for à incerteza, mais “qualificado” é o
A combinação de todas as fontes de variação que
resultado da medição.
podem influenciar uma medição compõe a sua
Além disso, destaca-se que a incerteza vai estar sempre
incerteza de medição.
presente no resultado de uma medida e que este valor
não pode ser corrigido.
b) Calibração
Exemplo 3: Analisando o comprimento de uma caneta
Operação que estabelece, sob condições especificadas,
e considerando a sua incerteza de medição, deve ser
numa primeira etapa, uma relação entre os valores e as
expresso como: (6,01 ± 0,02) cm
incertezas de medição fornecidos por padrões e as
indicações correspondentes com as incertezas
associadas; numa segunda etapa, utiliza esta
informação para estabelecer uma relação visando a
obtenção dum resultado de medição a partir duma
indicação.

NOTA 1: Uma calibração pode ser expressa por meio


duma declaração, uma função de calibração, um
Analisando o exemplo acima, percebemos que não diagrama de calibração, uma curva de calibração ou
temos mais um resultado pontual para o comprimento uma tabela de calibração. Em alguns casos, pode
da caneta. consistir duma correção aditiva ou multiplicativa da
O resultado da medição vem acompanhado pela indicação com uma incerteza de medição associada.
incerteza de medição. A incerteza de medição define o NOTA 2: Convém não confundir a calibração com o
intervalo no qual, com uma probabilidade de 95,45% 2, ajuste dum sistema de medição, frequentemente
encontra-se o valor verdadeiro do mensurando. denominado de maneira imprópria de “auto-
No exemplo, verificamos que o verdadeiro valor do calibração”, nem com a verificação da calibração.
comprimento da caneta está compreendido entre 5,99 NOTA 3: Frequentemente, apenas a primeira etapa na
cm a 6,03 cm. Isso significa dizer que, se medirmos 100 definição acima é entendida como sendo calibração.
vezes o comprimento da caneta, encontraremos
aproximadamente 95 medições dentro deste intervalo. c) Verificação
Fornecimento de evidência objetiva de que um
2
Como a incerteza de medição é uma variável probabilística, sempre
dado item satisfaz requisitos especificados.
estará associada a um percentual. Na metrologia, é usual utilizarmos
95,45%. Em alguns documentos, usa-se a expressão
“aproximadamente 95%”.

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A verificação é uma ação que visa o controle de
equipamentos e instrumentos com o objetivo de d) Ajuste dum sistema de medição
garantir a confiabilidade das medições. Conjunto de operações efetuadas num sistema
Segundo o Vocabulário Internacional de Termos de de medição, de modo que ele forneça indicações
Metrologia Legal – (2005). A verificação de um prescritas correspondentes a determinados valores
instrumento de medição é: duma grandeza a ser medida.
Procedimento que compreende o exame, a
NOTA 1: Diversos tipos de ajuste dum sistema de
marcação e/ou a emissão de um certificado de
medição incluem o ajuste de zero, o ajuste de
verificação e que constata e confirma que o
defasagem (às vezes chamado ajuste de “offset”) e o
instrumento de medição satisfaz às exigências
ajuste de amplitude (às vezes chamada ajuste de
regulamentares.
ganho).
Estas exigências regulamentares são definidas
NOTA 2: O ajuste dum sistema de medição não deve ser
através de Regulamentos Técnicos Metrológicos - RTM,
confundido com calibração, a qual é um pré-requisito
e definem critérios técnicos que possam ser avaliados
para o ajuste.
se um determinado instrumento atende aos itens
NOTA 3: Após um ajuste dum sistema de medição, tal
especificados no regulamento. Esses critérios podem
sistema geralmente deve ser recalibrado.
ser:
 Se os erros do instrumento não ultrapassam os
e) Deriva instrumental
erros máximos admissíveis definidos no
Variação da indicação ao longo do tempo,
regulamento técnico específico;
contínua ou incremental, devida a variações nas
 Se o instrumento não sofreu modificações
propriedades metrológicas dum instrumento de
evidentes e alterações de suas características
medição.
metrológicas;
É muito comum um instrumento sofrer variação
 Se o instrumento encontra-se em local
nas suas propriedades metrológicas ao longo do tempo.
apropriado, possibilitando o consumidor
Por exemplo: mudança na sua incerteza de medição
acompanhar as medições, etc....
entre uma calibração e outra.

Não devemos confundir verificação com calibração.


A calibração é uma ação metrológica mais especifica. 2. Incerteza da Resolução de Leitura

Nela determinamos além dos erros de medição do É importante avaliar a contribuição da resolução de

instrumento, sua incerteza de medição. Na verificação, leitura na estimativa da incerteza de medição, pois, não

no máximo determinamos o erro de medição do é nada incomum encontrarmos uma baixa dispersão

instrumento. dos valores obtidos de um processo de medição, o que

Numa calibração emitimos um certificado de caracteriza que a incerteza Tipo A pode ser “zero”.

calibração. Na verificação, emitimos um certificado de Neste caso, dependendo do valor da resolução e do

verificação. tipo de distribuição de probabilidade adotados, esta

Entre uma calibração e outra e comum realizarmos poderá ser uma das maiores, ou a maior, contribuição

verificações intermediárias nos instrumentos de na incerteza final.

medição para verificarmos se seu comportamento está Num processo de medição podemos nos deparar com

dentro do esperado por norma. duas situações:

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a) Conjunto de operações efetuadas num
sistema de medição, de modo que ele forneça
Exemplo: Suponha que o valor da massa de um objeto
indicações prescritas correspondentes a
seja 25,9 g e que a balança digital utilizada para essa determinados valores duma grandeza a ser
medida.
medição tenha uma resolução de 0,1 g. Isto significa
b) Fornecimento de evidência objetiva de
dizer que o menor valor lido é de 0,1 g. Considerando o que um dado item satisfaz requisitos
especificados.
algoritmo existente na balança digital, responsável pela
c) Variação da indicação ao longo do tempo,
digitalização dos valores indicados, o “valor verdadeiro” contínua ou incremental, devida a variações
nas propriedades metrológicas dum
da massa estará compreendido entre o intervalo [25,85
instrumento de medição.
g a 25,95 g]. Valores como 25,96 g, ou maiores, deverão d) Grau de concordância entre um valor
medido e um valor verdadeiro dum
ser arredondados pelo instrumento para 26,0 g; da
mensurando.
mesma forma que valores como 25,84 g, ou menores,
4. Um manômetro, com intervalo de medição 0 a 200,0
para 25,8 g.
bar, apresenta as seguintes características:
Logo, toda vez que a balança indicar 25,9 g teremos
Resolução: 0,4 bar
uma dúvida do “verdadeiro valor” da massa em
Erro máximo: 0,8 bar
questão, ocasionada pela sua limitação de resolução. Erro de histerese: 1,2 bar
Considerando que a probabilidade do “valor
(a) Exprima em termos fiduciais estes
verdadeiro” estar compreendido entre [25,85 g a 25,95
parâmetros, em função do valor final de
g] é a mesma dentro deste intervalo. escala.
(b) Exprima em termos fiduciais estes parâmetros,
em função da indicação quando o valor
4.5. Exercícios medido for 65,0 bar.
1. O que é “Erro de medição”?
5. Um resistor foi medido com um multímetro padrão e
a) Valor da indicação de um instrumento mais o
valor de referência da grandeza de entrada. o valor obtido foi de (15,977 ± 0,008) . Este resistor foi
b) Valor de referência da grandeza de entrada
utilizado na calibração de um outro multímetro, e
menos o valor da indicação de um instrumento.
c) Incerteza da indicação de um instrumento foram obtidas as indicações abaixo (todas em ).
menos o valor de referência da grandeza de
entrada. 15,96 15,97 15,95 15,98 15,98
d) Valor da indicação de um instrumento menos o 15,95 15,96 15,97 15,97 15,98
valor de referência da grandeza de entrada.
Determine:
2. O que é exatidão de medição? a) o valor médio das indicações
a) Grau de concordância entre um valor b) o erro de mediçao do instrumento
medido e um valor verdadeiro dum c) a tendência do instrumento
mensurando.
b) Grau de concordância entre os valores 6. Na calibração de um termômetro de líquido em
medidos de um mensurando.
c) Parâmetro não negativo que caracteriza a vidro (TLV) de mercúrio, foram encontrados, para o
dispersão dos valores atribuídos a um valor do padrão (VP) 20,0 ºC e para o TLV os valores:
mensurando, com base nas informações
utilizadas. 20 ºC;21 ºC; 20 ºC; 21 ºC. Determine:
d) Grau de concordância entre indicações ou a) O erro absoluto deste TLV.
valores medidos, obtidos por medições b) O erro fiducial deste TLV.
repetidas, no mesmo objeto ou em objetos c) A tendência deste TLV.
similares, sob condições especificadas.

3. O que é Verificação

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7. Um manômetro, com tendência de 1 psi, fez uma 10. A figura representa cinco flechadas disparadas
medição de pressão, encontrando 45 psi. Qual o por um atirador. Qualifique o atirador quanto a sua
valor de pressão corrigido? exatidão e precisão.

8. A figura representa cinco flechadas disparadas


por um atirador. Qualifique o atirador quanto a sua
exatidão e precisão.

11. O que é “Erro de medição”?


a) Valor da indicação de um instrumento mais o
valor de referência da grandeza de entrada.
b) Valor de referência da grandeza de entrada
menos o valor da indicação de um instrumento.
c) Incerteza da indicação de um instrumento
menos o valor de referência da grandeza de
9. A figura representa cinco flechadas disparadas entrada.
por um atirador. Qualifique o atirador quanto a sua d) Valor da indicação de um instrumento menos
o valor de referência da grandeza de entrada.
exatidão e precisão.

5. PADRÕES E FAIXA DE TOLERÂNCIA


5.1 Rastreabilidade de Padrões

a) Rastreabilidade é a “propriedade de um resultado


de medição pela qual tal resultado pode ser
relacionado a uma referência através de uma cadeia
ininterrupta e documentada de calibrações, cada uma
contribuindo para a incerteza de medição”.

Os padrões de calibração têm como função principal


transferir exatidão à calibração e garantir a Figura 14: hierarquia metrológica (Fonte: Inmetro)

disseminação da exatidão e da incerteza dos padrões


Observa-se pela Figura 14 que é importante a
de hierarquia superior. No caso mais geral podemos
disseminação das unidades do Sistema Internacional de
hierarquizar os níveis de padrões conforme a Figura 14.
Unidades para a garantia da rastreabilidade das
medições realizadas pelos padrões de trabalho.

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e) Padrão de trabalho: “padrão que é utilizado

b) Padrão internacional: “padrão reconhecido pelos rotineiramente para calibrar ou controlar instrumentos

signatários de um acordo internacional, tendo como de medição ou sistemas de medição”.

propósito a sua utilização mundial”. Representam as


unidades de medição das várias grandezas, com a maior 5.2. Faixa de Tolerância
precisão e exatidão possíveis, obtidas pelo uso de A faixa de tolerância estabelece os limites dentro dos
técnicas avançadas de produção e medição. Não estão quais devem se situar o parâmetro de interesse. Por
disponíveis para o usuário comum. exemplo, um eixo com diâmetro nominal de 15 mm e
classe de ajuste que apresenta uma faixa de tolerância
c) Padrão nacional: “padrão reconhecido por uma 0 , 014
de 15  0 , 013 mm, ou seja, o eixo poderá estar
autoridade nacional para servir dentro de um estado ou
compreendido entre os valores de 14,987 mm e 15,014
economia, como base para atribuir valores a outros
mm.
padrões de grandeza do mesmo tipo”. São os
Outro exemplo: se a produção de parafusos numa
dispositivos mantidos pelas organizações e laboratórios
fábrica deve ter diâmetros de (10,00 ± 0,50) mm,
nacionais das diferentes partes do mundo.
significa que os valores extremos dos diâmetros dos
Representam as quantidades fundamentais e derivadas
parafusos devem estar entre 9,50 mm e 10,50 mm.
e são calibrados de modo independente através de
Logo, este é o intervalo de tolerância aceitável para
medições absolutas. O Inmetro é o responsável pela
cada parafuso.
manutenção dos padrões nacionais no Brasil, tanto
Para determinar se o valor de uma grandeza encontra-
para os existentes em seus laboratórios próprios
se dentro de um intervalo de tolerância é necessário
quanto para os encontrados nos laboratórios por ele
efetuar sua medição. Deste modo, a escolha do sistema
designado.
de medição adequado e sua respectiva incerteza são
fundamentais para se obter bons resultados.
d) Padrão de referência: “padrão designado para a
Teoricamente, quanto menor a incerteza do processo
calibração de outros padrões de grandezas do mesmo
de medição usado para verificar uma dada tolerância,
tipo em uma dada organização ou local”. No Brasil, o
melhor.
Inmetro é o responsável pela acreditação de
Na prática, percebe-se que o ponto ótimo na
laboratórios, que servem de referência para as
determinação da incerteza do sistema de medição é
calibrações dos padrões de referência encontrados nos
quando seu valor é 1/10 da tolerância, mas em
laboratórios das indústrias, universidades, centros de
processos bem controlados é possível chegar a 1/4 da
pesquisas etc. Não devem ser empregados para o
tolerância.
trabalho diário das medições e, preferencialmente,
Como exemplo, vejamos o caso da fabricação de
devem ser mantidos em condições específicas de
parafusos, considerando que o sistema de medição da
temperatura e umidade. Por exemplo: um voltímetro
fábrica deve ter uma incerteza da ordem de 1/4 da
padrão de 4 ½ dígitos serve para calibrar um voltímetro
tolerância.
de maior incerteza (3 ½ dígitos), que é utilizado nas
medições rotineiras. Logo: U = (0,5 mm)/4 = ± 0,125 mm.

Na indústria, por questões de praticidade e economia


de tempo, não é raro efetuar uma única medição e sem

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compensar a tendência do instrumento de medição.
LIC
Nestes casos, devemos dimensionar a incerteza de
medição considerando a incorporação desta tendência.

Assim, vamos considerar para o exemplo dado o uso de


um paquímetro com as seguintes características:

Tendência = - 0,01 mm;


Figura 15: Intervalo de tolerância
Incerteza = ± 0,05 mm.

Incorporando a tendência do paquímetro na incerteza


Seja LIT o limite inferior da tolerância e LST o limite
final do processo de medição teremos:
superior da tolerância de fabricação. Era de se esperar
Ufinal = +(|USM|+|T|) que se o resultado aceitável (RA) estivesse
Onde |USM| é o módulo da incerteza do sistema de compreendido entre o intervalo LIT  RA  LST
medição e |T| o módulo da tendência. poderíamos aprovar a peça. Porém, em função da
Desta forma, Ufinal = +(0,01 + 0,05) = ± 0,06 mm. incerteza do processo de medição, só é possível afirmar
Este resultado representa aproximadamente 1/8 da que a peça atende à tolerância se estiver dentro da
tolerância, que na maioria dos casos é bem razoável. denominada faixa de conformidade, representada na
figura 15.

Atenção: Sempre que se desejar incluir a tendência na Note que a faixa de conformidade é menor que a

incerteza final, evitando assim as correções, deve-se tolerância original. Para determinar a Faixa de

somar o módulo da tendência (ou erro) com o módulo Conformidade é necessário estabelecer novos limites,

da incerteza. A vantagem deste método é eliminar as denominados “Limites de Controle”. São, então,

sucessivas correções, mas, a desvantagem é aumentar a definidos:

incerteza final do processo. A escolha dependerá de LIC (limite inferior de controle) = LIT + U
cada caso. LSC (limite superior de controle) = LST – U
Ainda restarão ocasiões onde não será possível afirmar, No exemplo do parafuso, o LIC e o LSC, serão:
com segurança, se uma peça está ou não dentro do LIC = 9,50 + 0,06 = 9,56 mm;
intervalo de tolerância. Veja o exemplo da fábrica de
LSC = 10,50 - 0,06 = 10,44 mm.
parafusos a seguir:
O resultado aceitável para a faixa de conformidade
Considere que a produção de parafusos deve ter
deve estar compreendido entre 9,56 mm e 10,44 mm.
diâmetros de (10,00 ± 0,50) mm e que o resultado da
No exemplo, o valor de 10,50 mm estava fora da faixa
medição de um parafuso fosse (10,50 ± 0,06) mm.
de conformidade, mas dentro da faixa de dúvida.
Haveria uma dúvida neste caso, pois o valor inferior da
Resultados acima de 10,50 mm ou abaixo de 9,50 mm
medição é 10,44mm e o superior 10,56mm,
estariam na faixa de não conformidade.
extrapolando o intervalo de tolerância. Por esta razão
devemos caracterizar três faixas do intervalo de
5.3 Exercícios
tolerância: a faixa da conformidade, a faixa de não
conformidade e a faixa de dúvida (ver Figura 15).
1. A polia de um motor deve possuir uma largura de
(25,000 + 0,012) mm e diâmetro de (960,0 + 1,5) mm.
Para medir a largura utilizo um micrômetro com

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incerteza de + 0,002 mm, e para o diâmetro uma trena d) Nacional; internacional; instrumento de
digital com incerteza de + 0,5 mm. Quais devem ser os medição; referência.
limites de controle da fabricação desta polia
considerando os instrumentos de medição? 5. Em uma produção em série de uma peça de
comprimento (15,00 ± 0,05) mm, foi adotado um
2. Um termômetro de líquido em vidro (TLV) apresenta micrômetro para seu controle de qualidade.
o
uma incerteza de + 0,2 C. Qual o maior valor de Considerando a incerteza total do processo de
incerteza que o padrão de calibração do TLV poderá medição como sendo 0,02mm, qual das opções
apresentar para que sua influência na incerteza final abaixo melhor representa o intervalo de aceitação
não seja maior que 2,5%? da peça.

a) (14,98 a 15,06) mm
3. Se a produção de parafusos numa fábrica deve ter
b) (14,95 a 15,05) mm
diâmetros de (10,0 ± 0,1) mm, assinale a alternativa
c) (14,00 a 16,00) mm
que representa o seu intervalo de tolerância.
d) (14,98 a 15,02) mm
a) 0,01 mm
b) 0,1 mm
c) 0,2 mm
d) 0,02 mm

4. Qual a ordem hierárquica dos padrões.


a) Internacional; nacional; instrumento de
medição; trabalho.
b) Nacional; trabalho; laboratorial e instrumento
de medição.
c) Internacional, nacional; referência; trabalho.

6. ANÁLISE DE CERTIFICADOS DE CALIBRAÇÃO


6.1. Critérios de aceitação: Calibrar um equipamento, sem antes definir
Quando realizamos algum exame médico de rotina, critérios para seu aceite, serve apenas para gastar
os resultados sempre vêm com valores de referência dinheiro.
para que os médicos possam comparar nossos valores Logo, CRITÉRIO DE ACEITAÇÃO serve para decidir se
com aqueles que são considerados, para aquela um instrumento de medição está aprovado para o uso
sistemática de exame utilizada, normais. requerido, ou não. Se, ATENDE ou NÃO ATENDE aos
Para a calibração de equipamentos, serve a mesma REQUISITOS de medição determinados pelo MÉTODO.
ideia! Para definirmos os critérios de aceitação, devemos
No entanto, quem define os valores de referência, levar em conta pelo menos os seguintes fatores:
ou seja, os chamados “critérios de aceitação” somos - Erro máximo admissível pelo método.
nós, os usuários do equipamento. - Exatidão requerida pelo método.
- Incerteza máxima aceita para as medições.

Apostila Fundamentos da Metrologia – Prof. Alexandre Mendes – IFRJ – campus Nilópolis – maio 2015 30
Um certificado de calibração, segundo a norma
Por exemplo:
ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005 , deve conter no mínimo
Utilizamos uma balança analítica para pesar os seguintes itens:
determinado reagente. O método requer exatidão  Nome e/ou logotipo da entidade responsável.
mínima de leitura em 0,0010 g.  Número do certificado, em todas as folhas.
Calibramos nossa balança e os resultados foram:  Identificação do instrumento.
- Erro máximo na faixa de uso: + 0,0011 g  Identificação do solicitante.

- Incerteza da balança: ± 0,0003 g  Data da calibração e da emissão.


 Identificação ou descrição do procedimento
Esta balança atende aos CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO
utilizado e a norma de referência, quando
REQUERIDOS PELO MÉTODO?
aplicável.
- Critério de aceitação requerido pelo método: 0,0010 g
 Padrões e equipamentos utilizados com
- Resultado da calibração:
respectivos números dos certificados de
Erro total ou incerteza máxima = |Erro + Incerteza|
calibração, órgão emissor e data de validade.
= |0,0011 + 0,0003 | g = 0,0014g
 Condições ambientais em que foram realizadas
Logo, Erro máximo > Critério de aceitação!
as calibrações.

O que fazer?  Incerteza de medição expressa na mesma

Pode-se buscar o AJUSTE do erro de medição do unidade do resultado da medição e com o

instrumento de medição. fator k declarado.

Em casos extremos, deve-se inutilizar o instrumento de  Resultados obtidos, na forma numérica ou

medição para o método em questão. representação gráfica, em unidades do SI ou


por ele aceitas.

6.2. Avaliação do certificado de calibração  Assinaturas do técnico responsável e do

A análise do certificado de calibração, pelo usuário gerente técnico.

do instrumento, apresenta alguns pontos importantes:


Além do conteúdo mínimo que os certificados
- Permite comparar os erros encontrados com os
devem apresentar, os responsáveis pela análise crítica
erros máximos tolerados, previamente definidos.
dos certificados de calibração DEVEM confirmar que os
- Orienta um parecer aprovando ou não a utilização
CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO definidos foram ATENDIDOS
do instrumento nas condições atuais. A rejeição do
pelo equipamento.
instrumento implica encaminhá-lo para a
MUITO IMPORTANTE:
manutenção ou substituí-lo por um novo. Não cabe ao laboratório que realizou a calibração
julgar a aplicabilidade do instrumento, ou seja, se este
deve ou não sair de uso em função de estar fora de
O usuário não deve utilizar um instrumento que especificação ou se a incerteza declarada
não apresenta condições mínimas de operação, pois comprometerá a avaliação do processo de medição que
o instrumento executa.
isto acarretará custos adicionais, retrabalho e,
possivelmente, descrédito perante o consumidor, caso
6.3. Exemplo da avaliação de certificado de calibração:
o produto produzido apresente dados incorretos.
Digamos que temos um termômetro que foi para
calibração.
- Supondo uma Faixa de Uso: (0 – 6)°C

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- Supondo que o Critério de Aceitação estabelecido E o que são os valores de “Fator k” e “V ef”
foi de erro máximo de 0,8ºC apresentados nos certificados? O que fazer e como
Os resultados apresentados no certificado de avaliá-los?

calibração foram: Estes dados referem-se à Incerteza de Medição (U) da


calibração do termômetro.
Valor
Valor
do Erro U Fator “Fator k” é o valor que expandiu a incerteza para uma
indicado Vef
padrão (ºC) (ºC) k
(ºC) probabilidade de abrangência de 95,45% “de t-
(ºC)
0,0 0,4 0,4 0,1 2,00 Infinitos student”, e o “Vef” são os Graus de Liberdade deste
4,0 4,7 0,7 0,1 2,00 Infinitos valor. Tais dados são utilizados, com grande
6,0 6,8 0,8 0,1 2,00 Infinitos
importância, quando a empresa precisa estimar as
incertezas de suas medições (tema não necessário
Análises:
neste curso). O usuário do equipamento não necessita
Ponto 0,0°C:
avaliar tais dados.
Erro de Medição = + 0,4°C
E quanto aos demais dados, tais como: “Identificação
Incerteza = ± 0,1°C
ou descrição do procedimento utilizado e a norma de
Erro total = |0,4| + |0,1| = 0,5°C
referência, quando aplicável”; “Padrões e
Erro total (0,5) ≤ Critério de Aceitação (0,8):
equipamentos utilizados com respectivos números dos
APROVADO NO PONTO!
certificados de calibração, órgão emissor e data de
validade”; “Condições ambientais em que foram
Ponto 4,0°C: realizadas as calibrações”.
Erro de Medição = + 0,7°C - O procedimento utilizado para a calibração serve para
Incerteza = ± 0,1°C o usuário, que tem conhecimento técnico sobre isso,
Erro total = |0,6| + |0,1| = 0,8°C ver se a calibração foi realizada conforme Norma ABNT
Erro total (0,8) ≤ Critério de Aceitação (0,8): que o fabricante, a especificação, ou a técnica de
APROVADO NO PONTO! medição em si determina (por exemplo).
- Os padrões utilizados apresentam a rastreabilidade

Ponto 6,0°C: das calibrações realizadas. Dizem ao usuário se a

Erro de Medição = + 0,8°C rastreabilidade metrológica foi garantida (e como) pelo

Incerteza = ± 0,1°C laboratório.

Erro total = |0,8| + |0,1| = 0,9°C - As condições ambientais apresentam os valores

Erro total (0,9) ≤ Critério de Aceitação (0,8): destas no momento da calibração, quando isso for

REPROVADO NO PONTO! impactante nos resultados. Basicamente, são


normativas e servem para possibilitar a comparação de
equipamentos calibrados em momentos ou locais
Conclusão:
distintos. Esse dado não é obrigatório, pois depende da
Para este critério de aceitação, com estes resultados de
influência destes parâmetros nos resultados da
calibração, este termômetro deve ter seu uso restrito à
calibração.
faixa de 0,0ºC a 4,0ºC.

6.4. Como evidenciar a análise crítica dos certificados


de calibração:

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Ao receber o certificado de uma calibração, o a) Solicitar ao laboratório que realize um ajuste,
tentando reduzir ao máximo o erro, e, após isso,
usuário deve analisar seus dados, sobretudo, se os
realizar uma nova calibração.
resultados atendem aos critérios estabelecidos, e, com b) Usar o equipamento mesmo assim, sem
nenhuma ressalva, lembrando de calibrar
isso tomar as devidas ações, tais como: liberar o
novamente no período definido.
equipamento para uso; restringir o seu uso a c) Criar correções matemáticas para o erro, e
aplicá-las no uso do mesmo.
determinadas faixas; enviar para ajuste, reparos, e nova
d) Descartar o equipamento.
calibração; ou, até, retirar o mesmo de uso.
4. Para saber se um equipamento é adequando ao uso
Formas de evidenciar a análise crítica dos certificados
pretendido:
de calibração dos instrumentos de medição:
a) Basta mandar calibrar num laboratório
• “Aprovado” no próprio certificado!
acreditado
• “Aprovado com restrições”. b) Basta ser de uma marca conhecida.
c) Deve-se estabelecer critérios de aceitação para
• Através de um formulário próprio para isso.
calibração, enviar à calibração e avaliar os
• No próprio instrumento de medição ou resultados recebidos.
d) Deve-se estabelecer critérios de aceitação e
padrão.
enviar o equipamento à calibração.
• Qualquer outra forma de deixe claro isso!
5. No que consiste uma CALIBRAÇÃO de um
equipamento?
a) no uso do equipamento por pessoal autorizado.
b) Na comparação dos valores obtidos pelo mesmo
6.5. Exercícios
frente a padrões.
1. Como sabemos que um equipamento alcança a c) na manutenção do equipamento.
exatidão requerida para sua medição? d) Na redução do erro de medição do mesmo

a) Comprando de uma marca 6. Para avaliar um certificado de calibração, deve-se ter


reconhecida no mercado. estabelecido, prioritariamente, antes:
b) Mandando para calibração
em laboratório competente. a) A periodicidade de
c) Comparando com outro calibração dos equipamentos
equipamento, na própria empresa. b) Os critérios de aceitação
d) Liberando o seu uso apenas para os resultados
por pessoal treinado. c) O laboratório que irá calibrar
d) Todas acima
2. A importância fundamental em se calibrar um
equipamento consiste em: 7. A incerteza da calibração (item constante num
certificado de calibração de um laboratório com
a) Conhecer os erros e sistema ISO 17025 implantado) significa:
incerteza de cada ponto calibrado, a fim de corrigir,
caso necessário, as leituras do mesmo. a) A margem de confiança das medições.
b) Atender às normas de gestão b) O quanto o valor encontrado pode (dentro de
de equipamentos. uma determinada probabilidade) variar.
c) Obter o certificado de c) O mesmo que o erro.
calibração, que garante que o equipamento está d) Que o laboratório que calibrou não sabe o que
medindo corretamente. está fazendo.
d) Todas as alternativas acima.
8. Calibração significa:
3. Se o certificado de calibração do equipamento
apresentou um erro maior do que o esperado, no a) Fazer o equipamento não ter erros de
entanto, o mesmo não está com suas funcionalidades medição.
afetadas, o que NÃO se pode fazer: b) Ajustar o equipamento para o uso pretendido.
c) A comparação das medições realizadas frente
a valores conhecidos de padrões de referência.
d) Definir as faixas de uso do equipamento.

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c) Descarta-se a necessidade de novas
calibrações futuras.
9. Deve-se enviar os equipamentos para calibração: d) Impede-se o uso do equipamento.

a) Todos e a cada ano


b) Alguns a cada ano
c) Depende da necessidade
d) Sim, mas apenas uma vez

10. Todo e qualquer equipamento deve ser calibrado?

a) Sim, pois não se pode usar nenhum


equipamento sem ser calibrado.
b) Sim, pois se não, leva-se não conformidades
em auditorias.
c) Não. Deve-se avaliar a necessidade das
medições do mesmo frente aos requisitos do
processo.
d) Não. Só precisamos calibrar após alguma falha
encontrada no processo.

11. O que é importante avaliar antes de definir o


laboratório que fará a calibração dos meus
equipamentos?

a) A localização
b) O custo.
c) Se o laboratório tem competência técnica (por
exemplo, se é acreditado pela Cgcre).
d) Se ele tem ISO 9001

12. Quando recebo um certificado de calibração, quais


as informações mais importantes que devo avaliar?

a) Se o laboratório que calibrou o equipamento é


acreditado.
b) Os resultados de erro e incerteza apresentados
c) O nome do signatário autorizado
d) Todas respostas acima

13. Os resultados da calibração não atenderam aos seus


critérios de aceitação, então:

a) Deve-se descartar o equipamento.


b) Pode-se avaliar a possibilidade de ajuste dos
erros, ou o uso do equipamento em outras faixas.
c) Realiza-se uma nova calibração, até que se
obtenha o valor esperado.
d) Alteram-se os critérios para que fiquem
dentro.

14. O resultado da calibração atendeu aos critérios de


aceitação, como se procede em relação ao
equipamento?

a) Coloca-se em uso, sem qualquer outra ação.


b) Evidencia-se a análise crítica, e identifica-se o
equipamento como liberado para uso (de qualquer
forma).

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