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18/09/2017 Acarajé é elemento central da cultura afro-brasileira — Portal Brasil

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Cultura

Acarajé é elemento central da cultura afro-brasileira

Culinária regional
Mais do que uma comida rápida de rua, o acarajé é indissociável da cultura do candomblé e da história
dos africanos no Brasil

por Portal Brasil publicado: 01/08/2014 17h25 última modificação: 01/08/2014 17h25
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O ofício das baianas do acarajé foi declarado patrimônio cultural do Brasil e-elemento-central-da-cultura-afro-
em 2012, reconhecendo uma profissão feminina historicamente presente brasileira/@@nitf_custom_galleria)
no País: as baianas de tabuleiro. Nas ruas de Salvador (BA), de outras
cidades do estado da Bahia e, mais recentemente, em outras regiões do
Brasil, as baianas tradicionais encontram-se sempre acompanhadas por
seus tabuleiros, que contêm não só o acarajé e seus possíveis
complementos, como o vatapá e o camarão seco, mas também outras (http://www.brasil.gov.br/cultura/2014/08/aca
“comidas de santo”: abará, lelê, queijada, passarinha, bolo de estudante, e-elemento-central-da-cultura-
cocada branca e preta. Os tabuleiros de muitas baianas soteropolitanas afro-
se sofisticaram: revestidos por paredes de vidro, muitas vezes contêm brasileira/@@nitf_galleria)
caras panelas de alumínio junto às colheres de pau.
Baianas tradicionais encontram-se
O acarajé, o principal atrativo no tabuleiro, é um bolinho característico do sempre acompanhadas por seus
candomblé. Acarajé é uma palavra composta da língua iorubá: “acará” tabuleiros
(bola de fogo) e “jé” (comer), ou seja, “comer bola de fogo”. Sua origem é
explicada por um mito sobre a relação de Xangô com suas esposas, Oxum e Iansã. O bolinho se tornou, assim,
uma oferenda a esses orixás.
A atividade de produção e comércio é predominantemente feminina, principalmente praças, ruas, feiras da
cidade e orla marítima baianas, como também nas festas de largo e outras celebrações que marcam a cultura
da cidade. A indumentária das baianas, característica dos ritos do candomblé, constitui também um forte
elemento de identificação desse ofício, sendo composta por turbantes, panos e colares de conta que
simbolizam a intenção religiosa das baianas. Mesmo ao ser vendido num contexto profano, o acarajé ainda é
considerado, pelas baianas, como uma comida sagrada. Para elas, o bolinho de feijão fradinho frito no azeite
de dendê não pode ser dissociado do candomblé. Por isso, a sua receita, embora não seja secreta, não pode
ser modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos-de-santo.
As mulheres de tabuleiro de ontem e de hoje
A comercialização do acarajé tem início ainda no período da escravidão com as chamadas escravas de ganho
que trabalhavam, nas ruas, para as suas senhoras (geralmente pequenas proprietárias empobrecidas),
desempenhando diversas atividades, dentre elas, a venda de quitutes nos seus tabuleiros. Ainda na costa
ocidental da África, as mulheres já praticavam um comércio ambulante de produtos comestíveis, o que lhes
conferia autonomia em relação aos homens e muitas vezes o papel de provedoras de suas famílias.
O comércio de rua nas cidades brasileiras permitiu às mulheres escravas ir além da prestação de serviços aos
seus senhores: elas garantiam, muitas vezes, o sustento de suas próprias famílias, foram importantes para a
constituição de laços comunitários entre os escravos urbanos e também para a criação das irmandades
religiosas e do candomblé: muitas filhas-de-santo começaram a vender acarajé para poder cumprir com suas
obrigações religiosas que precisavam ser renovadas periodicamente.
Devido a essa liberdade de movimento é que as escravas de tabuleiro eram vistas como elementos perigosos,
tornando-se, por isso, alvos de posturas e leis repressivas.

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18/09/2017 Acarajé é elemento central da cultura afro-brasileira — Portal Brasil
A venda do acarajé permaneceu como uma atividade econômica relevante para muitas mulheres mesmo com o
fim da escravidão. Hoje, atrás das baianas existem famílias inteiras dependendo dos seus tabuleiros: 70% das
mulheres pertencentes à Associação das Baianas de Acarajé e Mingau do Estado da Bahia são chefes de
família. A rotina dessas mulheres é caracterizada pela compra dos ingredientes necessários para o preparo do
acarajé, um trabalho diário e árduo: precisam levantar cedo, ir à feira, buscar produtos de qualidade a preços
acessíveis. O preço do camarão e do azeite de dendê são os que mais variam. Muitas ainda enfrentam
problemas para adquirir tabuleiros novos ou mesmo para guardá-los, deixando-os, muitas vezes, na praia.
“Às vezes nos sentimos órfãs porque trabalhamos sozinhas com nosso tabuleiro, de sol a sol, expostas ao frio,
ao calor e mesmo à violência. Mas somos mulheres negras e perseverantes: se não vendemos hoje,
venderemos amanhã. Somos um símbolo de resistência desde a escravidão”, lembra Maria Lêda Marques,
presidente da Associação que, juntamente com o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá e o Centro de Estudos Afro
Orientais da Universidade Federal da Bahia, fizeram o pedido de registro junto ao Iphan.
Fonte:
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (http://portal.iphan.gov.br)
(http://portal.iphan.gov.br)Ministério da Cultura (http://cultura.gov.br)
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Cultura (http://www.brasil.gov.br/@@search?Subject%3Alist=Cultura), Acarajé
(http://www.brasil.gov.br/@@search?Subject%3Alist=Acaraj%C3%A9), Ofício das Baianas
(http://www.brasil.gov.br/@@search?Subject%3Alist=Of%C3%ADcio%20das%20Baianas), Salvador
(http://www.brasil.gov.br/@@search?Subject%3Alist=Salvador), Bahia (http://www.brasil.gov.br/@@search?
Subject%3Alist=Bahia), BA (http://www.brasil.gov.br/@@search?Subject%3Alist=BA)
Assunto(s): Cultura (http://www.brasil.gov.br/@@search?
skos%3Alist=http%3A%2F%2Fvocab.e.gov.br%2F2011%2F03%2Fvcge%23cultura), Tombamento histórico
(http://www.brasil.gov.br/@@search?
skos%3Alist=http%3A%2F%2Fvocab.e.gov.br%2F2011%2F03%2Fvcge%23tombamento-historico)

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