Objetivo: revisar algumas teorias clássicas sobre campesinato que privilegiam greves,
rebeliões, ações contra o Estado como espaço de expressão política dos camponeses,
ignorando que para muitos trabalhadores o que há como disponível para lutar são
formas cotidianas de resistência.
Pra isso, traz dois exemplos baseados em sua experiência na Malásia com produtores de
arroz entre 1978 e 1980. O primeiro foi uma tentativa de boicote por conta da
implementação de colhedeiras automáticas que substituíram o trabalho manual e o
segundo um padrão de furtos anônimos de estoques de grãos de arroz.
P 11 – Indo contra toda uma historiografia que distorce a luta de classes em favor de
uma posição centrada no Estado, Scott mostra que essas formas de resistência cotidiana
não são insignificantes.
2- algumas dessas políticas podem ser mantidas e reforçada com incentivos positivos ou
pode empregar mais coerção.
Entretanto, independente de qual é a politica adotada, o que importa é que a ação do
campesinato tem se transformado ou limitado as opções políticas disponíveis. É através
de formas cotidianas de resistência e não necessariamente através de revoltas ou
pressão política legal que o campesinato tem marcado presença política. Então toda
história ou teoria que queira colocar o campesinato como sujeito histórico, precisa
considerar essas formas de resistir.
Essas formas de resistência não produzem fontes escritas como manchetes nos jornais e
raramente ocorre alguma confrontação dramática que seja digna de noticia. Além disso,
quem produz esses atos de resistência não busca chamar atenção para si pois a
segurança deles se garante através do anonimato. Também é raro que o Estado queira
chamar atenção dando publicidade para a insubordinação. P 14 – Ou seja, há um
silencio cumplice de ambas as partes, o que exclui as formas cotidianas de resistência de
registros históricos.
Se ater a esses registros e ignorar as formas cotidianas de resistência contribui para uma
estereotipação dos camponeses, que são idealizados na literatura e na história como uma
classe que alterna entre períodos longos de passividade com breves períodos de
violência e ira.
Todas as sabotagens que ele narra foram realizadas a noite e por grupos anônimos, que
eram protegidos pelos vizinhos, que mesmo sabendo fingiam ignorância sobre o assunto
quando a polícia tentava investigar.
P 24- Na terceira parte do artigo, ele fala do que pode ser trabalhado como resistência.
Na tentativa de estabelecer uma compreensão mais ampla do termo, ele traça o conceito
de micro-resistência, que seria
Micro-resistência entre camponeses é qualquer ato de membros da classe que tem como intenção mitigar ou
negar obrigações (renda, impostos, deferência) cobradas à essa classe por classes superiores (proprietários
de terra, o estado, proprietários de máquinas, agiotas ou empresas de empréstimo de dinheiro) ou avançar suas
próprias reivindicações (terra, assistência, respeito) em relação às classes superiores.