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O IMPERIO ESGRAVISTA E A REPUBLICA DOS PLANTADORES PARTE A. ECONOMIA BRASILEIRA NO SECULO XIX: mais do que uma plantation escravista-exportadora Jodo Lis Fragos Cx analisemos alguns dados agregados, consoante a tradicional abordagem da historiografia brasileira, chegaremos’ conclusio de que a economia do Brasil, 0 longo do século XIX até 1888, mantém (98 seus tragos bisicos de economia escravista voltada para o mercado internacional. Confrontando-se aestimativa populacional de 1819 com © censo de 1872, verifica-se a ttansferéncia definitiva do eixo econdmico do Nordeste agucarciro para o sudeste cafeeiro. Em 1819, ‘a primeira regiao detinha 31.2% dos cativos do pais; 61 anos depois, 0 Sudeste aparecia com 59% desta populacdo. Perpassando tal fnovimento, nota-se que, a partir de 1831-40, as rendas de exportagio do café ultrapassam as do agicar. “=r stan, egies ela visi widiconalcameot, no doco rer do século XIX, apenas uma mudanga de produto, Ou melhor, a uma modificagio na pauta de exportagao corresponderia um deslocamento do eixo econsmico, ¢ com cle a transferéncia da concentragio de eseravos. Contudo, a economia continuaria escravista ¢ dependente das flutuagoes externas. 145 Este tipo de interpretagio, apesar de conter boa parcela de razio, pode esconder outras informages presentes em outros dados globais 1819, de uma populagio de 3.596.132 habitantes. 69.2% eng. constieuida._por homens livres; em 1872 — ja no period tinal da soravidio — esse numero subiria para 84,7%. Ou seja. além de senhotes escravos éncontramos (rio SeCUTG-RIX € nos anteriores) outras sategorias soviais, outras formas sociais de producto (como 4 outras formas sociais de extorsde de sobretrabalho (a excmplo. da pecuiriaextensiva do Rio Grade Wo Sule de Caliah vo fuueuslen Indo além, vemos que em 1819 a maior provincia escravista do. pats — Minas Gerais — nao estava fundamentalmente ligada a expor- tasdg, as ad mercido interno. Em 1874, nas trés peovinciae ae To Sudeste que concentravam a produgio cafecita (Rio de Janciro, Si0 Paulo ¢ Minas Gerais), 60% da populagao cativa total encontrava-se €m municipios nao-cafeeiros (cm 1883, essacifia cairia para 52.3%), Taisinformagoes. acrescidass anteriores, apontam para importancia das produgées voltadas para o mercado interno. Essas eram capazes de gerar uma riqueza que & medida pelo némero de escravos que deti, ham. Os nimeros hé pouco apresentados sio suficientes para de- onstrate, apesar da bresen sGegemini>da producao escravista- ‘exportadora, 9 pais nio_pode ser limitado @ plantation acucarcira € Complexo do que isso. Por sua vez, as formas de produgio ndo-capitalistas (escravos, camponeses, pedes etc} podiant estar ligadas entre sie com a agricul, {ura escravista-exportadora, Essas ligagoes, além de apontarem para a Gaistencia de um mercado incemo de eacios me eannalng podiam influir nas pris condiaes de reprodugio da agroexportagio escra- vista, j4 que parte dos insumos ¢ alimentos dessa ultima eram produ- zidos ¢m condigbes nao-capiralistas, o que afetava seu custeid-¢ sca comportamento frente as autuagdcs de um mercado internacional dominado pelo modo de producio capitalista. Tal aspecto pode ajudar 8 explicar as assineronias entre a economia’ escravista interna © as Yatlagbes internacionais de pregis, = mere ue os esse mercado pré-capitalista interno (produgao Tacbee eis tlimentos agricolas, de gado, de charque ctc., e suas felagdes entre si ¢ com a empresa escravista-exportadora), somado as demais relagbes decorrentes d fi exportacao, cria um amy oe alee ee dase plo espago para a realizagao de acumulacdes endogenas. Bstas, concudlo, segundo o tipo de negocio, pale eee yodiam variar 146 lc ritmo e de nivel de concentragio de riquezas. Ainda em meados do) 8 SFeulo XIX percebe ses hegemonia do capital mereandl, que: Coase eae tuido a partir de diversos Segmentos do mercado, tinha que se trans.( con femat ern BASOU Tu Ses, invesurse-emn aGuodas paloTiy SRT COTTTIGaO Tosa da reiteracio da estrutura plobal de producay, |e. A realidade aqui apontada coexistiia com o surgimento de novos, elementos a parti dos anos de 1850, A aboligio do trafico interac de escravos, a Lei de Terras 0 Codigo Comercial ambos de 1830} a Lei de Hiporecas (1864)..0 avango das estradas de ferro, ao que se agfega @ propria consolidacdo, no mercado internacional, do modo de producio capitalista — todos esses sio elementos que apontam para tuma sociedade em transformagio. A aboligao do trafico negreiro colocaria limites fisicos @ propria reprodugio de uma das bases que deram vida a sociedade montada no periodo colonial. As reagdes a tal aboligao demossinsiam, ng entanto, ue aquela mesma sociedade (Sua estrutura social, com os seus me- Sirlemnceide diferenciagio econdmico-social) jé tinha deitado raizes profundas, ¢ possuia uma elasticidade superior da propriaescravidio ~ No Sudesce, em funcio da cafeicultura e de outtas agriculturas mercantis, hd um reforgo da escravidao no periodo pés-1850. Para isto, essas regides se valem do tcifico inter ¢ intraprovincial, além dos tradicionais mecanismos de diferenciagao econdmica, entre cles o “trifico interclasses” (em que os senhores mais pobres perdem seus escravos para os mais ricos). Calcula-se que, no Rio de Janeiro ¢ Sao Paulo, ainda em 1872, 0 contingente cativa correspondia respecti- Vamente a 21.59% ¢ 46,20% da forca de trabalho daquelas provincias. Em outras regioes do pais, a transigao para o trabalho juridicamente livre se daria mais cedo. No Pernambuco de 1872, os cativos repre: sentavam somente 14,30% da mao-de-obra da provincia; no Centro Oeste (Goids e Mato Grosso), a populagao servil nao passava de 7,8% do nimero total de habitantes naquele mesmo ano; por fim, no Rio Grande_do Sul o contingente escravo significava, em 1883, 8,9% da populagao total. Contudo, tal quadro. rau ia mudanga radical de estruturas., Na verdade, superada a escravido — tanto no Sudeste como no Centto-Oeste e no Newest uatdadss as devdes diferengas iter ¢ intra-regionais — ao que assistimos é & passagem, em particular na_ agroexportacio, para diversos tipos de relagées néo-capitalistas de_ produgio (parceria, colonato, morador etc.). E, na confeccio de tais ‘em sentido estrito nem uma 147 On io implicaria, nestas areas, a” ara administeat « superagio-de-escravidig — teria um papel funda- rental. Por essa Tet, que previa o registro de todas as terras efeti- vamente ocupadas ¢ impedia a aquisigéo daquelas publicas a nao ser por compra — Terr era ransTormada em metcadoriacortenteNo que rio implica a inexisténcia cabal de um mercado de terras anterior a ssa Ici), referendando-se o scu controle por parte dos grupos domi: nantes do pais, Seu resultado pratico foi o de contribuir para a trans Ca Sencar do trabalhador, livre ou ex-escravo, como produtor de sobretrabalho para outros. Com isso, garantia-se a modi- ficagao do regime de trabalho sem grandes perturbacdes para turas preexistentes. Se O que acabamos de expor, todavia, nio deve dar uma im: do século XIX para o XX, a economia apresentava uma precdria divisio = etal do trabalho cum citculacio Timitada de mercadorias, alos indices de mercantilizacao), por outro lado € nesta época que presen- Clamos o erescimento da populaedo urbana, os primeiros passos da istrializagao, com a formacao de scu capital industrial ¢ sua classe operiria, O que importa sublinhar é o carter lent apes. O que impor sublinhar€o eater lento e tenso deta A Reariaaagio po Bsi E SUA PosTERIOR SUPERAGAO TRO-SUL A agricultura cafeeira no Sudeste: nova criagdo do sistema agrario escravista-exportador . A ripida formagio da agricule vont ii io da agricultura cafeeira em uma regiéo de fee ira di-se em uma época marcada, em nivel internacional, ‘pela se B de um ciclo Kondratieff (1815-50). No entanco, em termos da jomia escravista interna, alguns dados indicam que suas autuagées nao acompanham aquela tendéncia. Aj = ndéncia. Apesar de o prego do acticar ¢ait ro va eg nos iS ga ee a a exportado em 5,6%_ a0 ano. O crescimento do ‘exportacao do acuicar entre 7 Doe ae icdcar entre 1797-1807 (na fase A do Kon © 1821-31 (na fase B) foi de 68,4%. Contudo, a sus {asie-das Nuruacies Soloniais nfo se_deve apenss 2s oes, Dead Hnaisdasécula XVIL rz peo 825. no Rio de Janciro, cravos_apresentam uma taxi de cheese ae var branco AS saidas de reses, toucinho ¢ came salgada 148 de Minas Gerais pelo registro do Presidio do Rio Preto entre 1818 ¢ $28 aumentam em mais de 170%, No periodo 1824-30-as saldas de palo mesmo registro, crescem 2 uma taxa anual (17,4 %) superior 0 m Peertadas do café-gelo porto do Rio de Jancio (122%). Perpassando. 4 ioe avimentos temos o proprio crescimenco demografico: a cidade do Ria de Janciro amplia a sua populagio em 159.8% entre 1799 € 1821; a retharca mincira do Rio das Mortes (itea voltida para o abasteciment®—, je 17 ‘Quanto ao trifico ailantico de cativos, de 1795 a 158% 30 ¢ milafticangs pelo porto carioca, a uma taka anual de 5,1% De 1815 até 1830, portanto jd na fase B do ciclo Kondratieff, as impor tagoes de afticanos crescem em uma taxa anual superior a 4% A elogiiéncia desses_nimeros_contratia as_tese: ci vigentes na historiografia Brasileira, acc ncia das | fluruagées coloniais cm relacZo aos ritmos do mercado internacional ‘Ao contrario do que clas propdem, a queda dos precos internacionais tna época tratada nio levou a uma fetragio da aginexportacio ou_do iercado incemo da tes mor conseguinte, as flutuagies y= is dentro de certos parimettos, tinham_vma_relativa, ol Sbtonomia, Reforcando isso, nota-se, como vimos, o erescimento das jprodugves ligadas a0 abastecimento intcrng em um nivel superior ag Gas destinadas a cxpattagio, F isso nos permite rever um outro ponte fambém discutivel, presente na historiografia brasileira (eqimentos ccondmicos Tigados a0 mercado iMtEMM Diferentemente To que se supunha, o mercado interno cas produgdes pasa el possuem uma presenga expressiva. Essa economia é um pouco mais vemmplexa done aina TIES Aomtion scr ead” internacional, ¢ isso pode ser notado mesmo na nova criagéo da agroexportagao em areas de fronteira, movimento no qual participam capitais acumulados no abastecimento interno. Na verdade, a montagem da cafeicultura enquanto sistema agrario escravista ¢ mercantil ndo é 0 unico fenomeno desse tipo presenciado durante os primeiros 50 anos do século pasado. Na passagem do século XVIII para o XIX, encontramos algo semelhante na formagao da agricultura avicita. campos (na segunda metade interno). De 1777 a 1810.0 numero de seus engenhos aumentou em fe 50 para 400); ¢ 71.4% das doagées de sesmarias ocorreram Entre 1780 € 1820. Tais dados, além de contrariarem as opinides que negam a existéncia da reprodugio ampliada da economia colonial, insinuam que estamos frente a um fendmenoligadod continua criagio renovada da sociedade escravista em areas de froneeira, Ba partir de ‘al Tendmeno que devemos entendé. 149 anierno Estimoy diante de uma sociedade onde a produgio ¢ aproptiagi do asabalho excedente nao resuleam inteiramente de condigher Scontmicas no sentido estrito, Ao contrério do capitalismo, para» eal 2 cae gktrt-econdmica nao exerce fungao estrutural & no dnl 4 produgio é regulada por mecanismos autodeterminades, Fra 0 sobtrabathe Sea uae rodutor direto & cariv cas. Esse fendmeno confer Dio cu) do quederslvesee As rlagies socns de subordinate papel Gominantd) i que eas exercenr Tongip door fea Suelo Fescrivn, condo, sem dese prapredade see “Cramer scary Pee PC ceansforma em urn importancia decisiva na feprodugio daquelas relagées sociais de subor, dinagio no temp .¢ essa reiteragao pussa a depender da alienagdo day imereadorias produzidas pelo escravo. Dai que 4 prod do mercantil se trnsforme cm wien nats crsgde eg : ‘seqientemente, d las relagdes de produgi gat bono cometamas difculdades. A socedade cscravista— abstraindo-se as distin 2Ges entre as produs ara Oo ado ints Cas produgdes para o mercado intern Fee cite — apresenta um perfil de tiquezas profundeeee Fistarquizado, Na cidade do Rio de Jancis primeira metade do 0 XIX, 08 inventérios post-mortem mostram que cerca de 14% dos inventarios detém mais de 60% da riqueza, deles controlam menos de 4% desea te lueza, sem computarmos os Escravos ¢ a populagao livre indigente: Por conseguinte, se essa dife- Fenciacio social viabiliza a produc € concentragio do sobretrabalho realeagae dea também cria um mercado restric, difeslionde 9 daquele mesmo sobretrabalho enquanto mercadoria. fart dessasctcunstincias que a continua eoaete da de sistemas agratios Sctavistas mercansis em éreas dé Womt@ia gana ‘Wlgum significado. A recorréncied "s8¢ fendmeno prende-se as proprias resentes na sociedade . Essa nova eriagio, a0 Se repetir no tempo, permite a realizacio do scl do cative” noentantose amet: da forma de extorsio que preset 0 processn Set pestrTuR sci estado mea carder eens, Elzampha-o mercado inte smplia_o mercado interno sem mudst 0 seq Silt ests. B quando casa wagss eg Sem MAT fe siscemas ag qenstde-com_2.montagem da agrosspone do, além la inmanda para 0s segmenioy-escrstatse problemna do waharibem @ transferenca, cn uliga ee Problema da realizagio do sobretrabalho contido na Produgio escra- ©, con 150 enquanto que mais deaSg% Jonial para outro mercado (o internacional), © para outros vista colonial pars modos de partir disto, a expansio da agroexportacao ganha son amtaa que de puesta SUMTORT sacra interna da vo sents, que € 0 de presSH Tr 300 um Sociedade escravista, Dai que ela decorra,em tese Hepaentes pest j sociedade Tao externas F se considerarmos qu sibilita a reiteragio de relagées sociais de subordinagio, esta droes sociais vigg Hes) epee TEDIGHG aripads da canons. -capitalista considerada, a0 contratio . 0 iavestmento Frodutivo do sobretrabalho‘e a subsequence reprodugao ampliada Fendmenos constantes.E sn écomandado por aqueles que se stuame— So ate EST a Te dos miventaiados na praga do Rio de Janeit (1790-1840) que Jetinham, em termos de valor 45.25 ds los us 9.1 oii i 29 s empresas agricolas. A hegemonia desta cl morand| (da acumulaie stsaged) manienee ae se Giftornes: da estrus economies apreendida. Trata-se de uma economiém qu iho escravo ¢ a presenga de formas. Je um¢preciria Tsso se traduz na presenga de Pritieas monopolist eespeculativas (mercado imperieto) no eae ao soma momento Eegtems da fincinaments Gas oma No periodo abordado, tal categoria soca conerlavea igen fas correspondencias sistemg (como se depree me vice rei) £0 tlic de craves, A reposigiofisea dis clases de producto, entre 1811 ¢ 1830, cra monopilizada por 9,4% rafeantes (detinham $7:9% do mereadsy- todos comeroantes dea re Dos 36 comerciantes “mais reputados” do Rio de Jair, segundo 0 vice em 1799, levancamosinventtios,testamentose over ona tmentos relativos a 38% deles, nenhum aprescntava um pasivo comercial superior ao ative Isso vem demons a nanceira frente a apitaise casas mercantsestrang Mo gyeprenendits atodogpsiateiconal | enhine Essa autonomia nos leva nos parkmetros da dependén- sia externa: De um Wid, tems = expanafo da aproexportaglo como ‘ecorréncia de presses internas (eno m Taian atone éstrutura soc is 0, tal movimento de reproducio outro, tal nto Smplida Cantiga he emda de ser comandado. de" dentro dr ia idgeno, no sentid jo economia em que odomig Forma: 10 Social escravista, 181 g i stitui Em movimento que pos- je sistemas agrarios escravistas se constit : 8 o g Pairaclcycceatn as comarsiten do.groso irae que coman: Gata Feprolocia emrlisda da coanomia spuilca dear que sai mulagdo mercantil, enquanto fendmeno estrutural, se desdobra na Tee Greer: mess poses, Gewbabes® © ies le cognciatng Eceninlcasqui abordado em dois movimentos: 18) anrorterie ae produgio, Desse modo, no caso tratado, o capital mercantil nao resume sua agio A apropriagao, via circulagao, de parte do sobretrabalho gerado na produgao. Aqui o capital mercantil vai além, ¢ uma parcela de sua historicamente_definida de _produgao do sobretrabalho. Nao € ne- ‘cessario frisar que essa volta do capital mercantila produgao configura um movimento circular, indispensivel & prépria reprodugdo da so- ciedade apreendida. Anogio de uma rciteragio de criagdo de sistemas agrérios escra- vistas-mercantis em areas de fronteiras, enquanto fendmeno vinculado reprodugio da sociedade escravista, encerra dois significados intima mente ligados. Em primeiro lugar, ele € um movimento que, através, da reprodugio ampliada da economia, viabiliza a reiteragio da so- Gedade consiternta—Pnr segundo Tugar, esse fendmeno é a propria remontagem em escala regional daquela sociedade; isso €, de sua forma de extors: esol balho (trabalho escravo), do predominio da @Cumulagdo mercantil c das diferenciagdes presentes em sua estrutura —— i. Caso utilizemos uma vila do médio vale do Paraiba do Sul como amostragem daquele sistema agririo (no caso, voltado para a expor- tagio de café), temos o quadro de uma estrutura’écondmica pré-capl- talista. Antes de mais nada, encont 108 0 dominio di le ‘elagio social de produgio cuja base é a propriedade sobre o produtor direro, Entre T830 ¢ 1885, pelo menos 1/3 do valor dos inventérios ;ost-mortemartolados paraaVila de Patafba do Sul ¢formado por homens fativos, € até 1865 apenas 6,5% das forcunas levantadas nao compreen dem esse “bem”. A isso agrega- ais que o predominio de empresas “38, Nos inventarios, tem como contrapartida uma fragil divisao nclGe aaa Ne agrcultura escaonaee antl soma mais de 70% do valor das forvunas inventariaon secondo © censo de 1872, 0 conjunto dos comerciantes e das profissoes mecini cas © manuals do chegava a corresponder a 9.0% da populac gconomicamente ativa da regido. Se a isso agregarmos 0 predominio das dividas passivas sobre-as ativas, veremos que tais fatos, além de 152 quidez (numeririo) das empresas agricolas firmarem @ falta de Be iproducéo passava pelo capital conuam que 0 sev processo de re mercaril : nwece igo além, verifica-se que os investimentos em es ssi a de dar tema ees Pa ue Meco valor dos equipamentose instrumentos de trabalho, juntos, no taney conresponder a 10% das aplicagoes na fazenda Se ss inewrporamos a permanéneia dis enna, fies ¢ eavadias como insrUmenton de trabalho bisios entre 1830 ¢ 1885, tems entio Sicos do padrio tecnoldgico vigente no sistema: agricultura CS cn Ei ots lta, staosrente excensiva com baix pls este Fee caae cma agen Cujo funcionamento se di através da incorpor savas ternas ¢ mais Torga de trabalho, sem a mediagio de wm Se NSIneRe eerie na Tavoura. Taitrse, portance, de um STIS Ts simples ow ampliada) consiste na 4 ceseo de produgio agricola, em que a8 matas repetigdo do mesmo processo de p : at ‘Gbsetuem um tabalho adiional na recuperacioe preparo dos solos expliagio da suséncia de mudangas no pad teenoligco agricola {reprodugio extensiva do sistema agrério) passa pela presenga de uma tree de uso da terta que representa um pequeno dispendio de temp a 0 jaquele presente em outtos siste= See ta doarado.e da ‘Tiabagio sistemiticg. E, nessas circunstincias, a mudanga para yi ‘Sistema de uso “menos rudimentar” implicaria o aumento de tempo” SSan E gsareno iment tin s Do que dissemos antes infere-se que, na forma de se pr fo desse sistema aguirio, perpassa um ation att abies sin ie Sie abalhos. com sagaquec St = alguns contemporineos como brutal rorina, na verdade ind) : tin po de vacioalidade econbmig, Por ozo ad, deve Fear claro Ee ees a olégico na lavoura nao Ue essa repetigao do mesmo padrio tecnolégi freon 8 es au os azendivosfssem avessos a mudanas teenies A incorporagao de maquinas de beneficiamento movides a vs ua Cues memos facto demons conta, Fs wigs 98 década de 1870, coexistiam com a rotagio de tetras. entos. Por iltimo, femos que as queimadas nas rogas de café ¢ de alimen Petia ave ‘Sublinhar que essas privicas agricols 36 sio factiveis fm COTES aixa rela¢io populagio-rerra, ou seja, comapresenca de uma fronreirs agricola aberta Deed ns de 200 eseavos, 400 alqueires de tease Tarema cays repr je trabalho por hectare, inferior ao d 153 430 mil pés de cafe), observa-se que, para alm da culeurs do cate uma sere de outrasatividades. A diversidade de culearay (ote eee Ic. iuipa engenhos de caté ¢ atiar, casas de farinha,olaias-Feraias ete.) cde profssdesescr go (roceiros.carpinteiros, fertcitos, enfermcitos etc} sable ciade rma diisio interna do trabalho no interiordas grandesermmrocr, agricolas re ears. esses tragos no devem dar uma imagem distorcida da empresa escravista-mercantil. Ela nio é auto-suficiente, Tal empresa iether abastecia de mantimentos e animais Tornecidos por um mercado surging consttuido por uma varedade de formas ndo-capnal ee Fro ipele unidades camponesas ou escravisss do agne Theo de Minas Gerais femetiam alimentos de origem tal emg imentos de origem vegetal e animal ae Sra Ae Gots Tundadas no trabalho iniamec he Salatiado. enviavam gador as estincar ¢ charqueadas do Sul, baseadas : © ha plantation escravista mars esse merea interno, percebe-se qué a reprodugio da asroceees producto da agroexporiacio, fo reir t.£t condigées nio-captalstay Renee que, a0 reduair os cuios monetaras de epee a planation pote ae dava certa resis ‘Cia € autonomia a groexportagao frente as emake de creado Tncernacionl (mantener re demanda), i = = © fato de no serem auto-suficientes 2 Ato) ge dinds arestado pelo seu frequente Endiviamie O fato de necessi- 1B ra eon gt ere2do imperteto” pars contintara enconeg traduzia spare RITARIO a acumulagio mercantil. O commen de café sharece entao como o-verculo desta suburdinseso. Representante do fatendeito na praca do Rio de Jancino, ele ante wa as funcies eae an as ce calé caer sa “| 48 agricolas © 38 A bastecedor de me 22D com as de linanciador da producio, Como financiador, ele repassavs )& 29 laviador os réditas conseguidos nn oe baneétias do Rio. Nao Sonsiderado. O esquema comegau a sofree modificacdes substantivas chamtir das décadas de 1850 e 1860, com 4 promulgacio do Cédigo ‘omercial de 1850 (que re ularizava a atuagao das casas bancirias), dy San Htiporecas (1864) © com a formacao deum sistema baness 0 154 ‘igo sistema. Esse € 0 caso de Vassouras, onde, entre ues ise G15¢ dos empréstimos foram concedids por eomissti do frendson la que ea amen coments Ui out aspect iid 3 reads da enue agile res pein t reposigao da mio-de-obra. Pela conformagao da p ae iva Nos Municipios cafeeiros até 1850. nora-se a existéncia de ul eamografacscrava modelada pela logic de plawazon. Li Gisara PRERTGTO € apropriacio de sobrertabalho, se manifestava pela wt ss mci 1c pra Men, tornavase possivel através do tric alantco de afcanos. Ex e seus efeitos quanto a desproporcao o, apesar desta ldgica e de seus efeitos 4 ® Cae (880; de 30 escravos — numero relativamente pequeno (nao passaria de um médio lavrador) segundo os padrdes do vale do Par ba cafecito Algo semelhante a essa Gltima realidade ¢ encontrado em Mina Gerais, provincia que, grossa modo, se assentava majorirariaments ‘m uma agropecuaria li cado interno. Segundo os censos minei- ros de 1831 © 184 mil domicilios. 66.7% no contavam com ‘um inico escravo. Isso é um indicador do baixo indice de generalizagio das relagdes escravist ynomia mi brovavelmente a mator parte de suas unidades Gnha por base 0 tabalho familiar (talvex camponés). Porsuavez, n0s6. 583 domino Ee etre ala escravo, a concentragio dessa mio-de-obra se dava em plantéis de 3 a ‘atios (faixaem ques locallzava 28% da popu co escravadaprovincia): nas areas mais mercantilizadas, como a Zor n da Mata mineira, tal cor centragao ocorria nos plantéis com mais de a sane ‘scr Guage sinoeida de Minas Gera Ba, longo do seeulo XIX consis na provincia escravista do pais: 9 ¢ 1872 possufa, respecti maior provincia escravista do pafs: em 181 oss respect vamente, 15,2% ¢ 24,5% da_populagio © wa do Bri Dime ma Uiterensagao candrica Concentragio de suena). Apenes 08% dos domicilios possuia plantéis com mais de 30 escravos. 187 S c ages, teremos, para Minas Gerais Se combinarmos essas informagées, teremos, para Mi ¢ talvez para outras éreas ndo-exportadoras, um quadro inusitado, Iese a sua produgio, por set de alimentos basicos, tinha diante de si uns amplo mercado (formado por milhares de bocas), cuja eapacdade de ° seragio mercantil de iqueza se raduz na capacidade que tinhaaquela& Provincia de comprar escravos numerosos; Minas foi, com efeito, 4 naior provincia escravista do pais c, portanto, « maior compra cativos do pais, até pelo menos 1850. Isso nos apreender o poder de geragio de riquézs mercantl das produto adas para o mercado interno. Exsas u inham_ uma widade geral eza do que as produgoes agroc; as. Contudo, aquelas atividades ligadas ao abastemenvo ‘do possufam a mesma capacidade per capita que as ‘ ‘adons. Newt tig ropriedade cativa era mais generalizada, Imais GOncentrada, isso ¢, as fortunas mercantis per capita —- e sng concentragao na hicrarquia social — cram maiores Sses problemas talvez fiquem mais claros quando nos apercebe- mos de que cada tipo de negocio, se ou externo, possu trags proprios e, consoante estes, padides espe, 0s de acumulacio e de concentragio de riquezas. No comércio interme 2 de alimentos vegetais ¢ ode gado a curta distancia, por exemplo Teale se perde nas mios de uma cadcia intermindvel de imer mmediitios; além do fato de ser a produgio de alimentos ume ta atividades agricolas mais difundidss. O mesmo no ocomte com on egécins externos e 2 longa distancia, onde as necessidades de un, Sep il inicial expressivo e a prescnga de grandes riscosafastaria parte segGmresirios, deixando tas aividades para aqueles de maior tote sehen Poderiam agit em uma situagio de quase monopslio, Ae thes permit auferir altos luros elaivamente. Por conseguinee, 0 camasendo mais volumaso eenccrrando um maior nimerode trocay, Possibilitava taxas de acumulagio empresarial inferiores Aquelas realizadas no comércio exterior Nio pretendemos afitmar que nao existissem pr listas no comércio interno a curta ¢ média distin niimero de armazé: 1850, na Corte, jora de © Onna Sto. a cle ligado ao comércio interno icas monopo- "is €a subida dos pregos dos alimentos na “fo exemplos de tais praticas. Outrossim, hd atividades ‘Omércio interno, possuiam taxas de acumulagio em. “is com as do comércio extemno. Essas atividades, longa distancia ¢ implicarem altos riscos ¢ grandes Sram realizadas por um pequeno niimero de em. Stas condigdes, concentravam em suas mios aacumu, or se fa capitais iniciais, Presarios que, ne 158 ee de indice para ) coy wanton g ios de gado bovino © muar feitos lagio a Corte a Sio Paulo, Parand ¢ Rio Grande STAs send, comin qucocomcre merase as us s de realizagio, consoante as quais as condigd exportadoras do Sudeste, a que desperta maior Entre as dtes ndo-exportadors do Sud sea despertama ssc, talvez pelo pouco conhecim fe de a Minas fexporragées provinciass de 1842 até 1843 aerses de 24 regen de citindas, teafimam a posi inci panos de algodao cquivalem a 7.2% {Quanto aes produts au provavelmente x destinavam em siti anise 20 mead inte ional, crrespondiam a 29,8% do valor das exports prvinis feferimo-nos 20 café (18,8) e a0 tabaco (11%). Nessa listage stam os metas e pedras preciosas see ne mado do Sudestesobetudoatanés de gEnetes Hal 20 Consumo popular eervo (96 os pores. ovenho e came sag somavam 27.7% das export end inn no pe). Apes de ¢ farina de mandioca ede mlho,junces, ng ulttapassvam 0s uritos econdmicos feitos pela provincia em 1846 eas farinhas de ma das vendas), 0s in ovine em 1846 ¢ 1854 demonsisim o peso dessa agrieltra de alimentos no itetior dx cennamie.minei No Gling inguin A seceaaeael a dudes de 36 munelpos (cu nbmerosde habitanes comcaponde 8 mais de 76% da populagi otal mineirs) ¢ se vesfiea que, maoitrit mente, agriculture pects aparecem como os rincipas amos da indstria” lca, Em 10 municipio, fora posivelartoaro mGmere de fizendas. Das 9402 levanadan, 22.5 erm de peels, 20.7% simultancamente de erigio€agrcutura c 46.8% apenas de avour Sendo que por lavoura entendia-se especialmente a producto ee milho, feifio, arroz e mandioca, O mesmo pertil pod no inquérico de 1846. "Algo parecido pode ser dito para ee seus derivados. Apesar de ral cultura produgio de cana-de-agéiear € a ielhanga dos alimentos 159 Yegetais, aparecer de forma inexpressiva na pauta de exportagio pro. 1854 nota-se a larga presenca de engenhos de agicar ¢ apuaenan espalhados por Minas Gerais. Em 33 municipios retenceados comers 3.296 engenhos, dos quais 2.401 (72,8%) estavam voltades pa fabrieagSo de aguardente e os rescantes 28.2% para 4 de sehen 2 rapadura Por outro lado, pelos mesmos inquétitos obsenva-se a pe f ql n se @ pequena gahieslo da xploragiomincira Em INS apenas 6 munapos gee dleclaravam que entre as suas aividades mais importantes encom a mineracio; mesmo ali, a pecuira ea agricultua tinham om nant ae mnerags; mesmo al, ; a tinham um papel de gestae: Em 20 mancpiono numero de engenhor nc benenea o.rt de 8 © 0 de fibics de fro, 39 través desses ntimetos perecbe-se qu i: © que, por tris das exportagoes Geande (e seus derivados) e secundariamente de caféc fore comers Cal Pa sei divisio social do trabalho e um forte comercio none ca cnay2uPosicio 6 referendada quando consideramas que ore ween Existiam, em 26 municipios, 2.766 escabelecimenton cor e cenifea um estabelecimenta para cada 234 habitantes tele comereng S828 localidades.Alguns municipios consistam enn intraprovinciais, como por exemplo Ouro Pray Hy Rel € Diamantina. Outros, como Januitia, Bonftene roduziam ¢ exportavam alin letCiais, o que (como vimos, e: Hens de exportagio de Minas Gerais). Aliés, uma dee queixas fes dos municipios era a falta de bons caminhos or onde pu escoar as suas mercadorias. Por sua ver, a im : Scondmicas voltadas para o mercado é reaf 1878, no qu: et 8. no qual 70,78 dos municipios tecenserdna (70,9% da populagao Para mercado interno, : idessem iportancia das atividades itmada pelo inquérito de ‘uma provincia onde a produgdo para com o Rio de Jancito, provincia que ! Ta raparte do século XIX se constituitis ny tres neal cafesie, Em 1819, Mins Gens une Cor et tava uma populogse aos Janeiro Guntamente com a Carre) apresen- das regioes postaten 10 il Dessoas © 53 anos depois (1672) con us op esse neectivamente, 2.039.735 e 1.057.696 habt “sity nesse intervalo a popuiagéo mincina aumeree em 160 223% e # fluminense (incluindo a Corte) em apenas 107%, Deve-se sublinhar que, nesses anos, o Rio de Janeiro presenciou a montagem ‘eaexpansio de um sistema ageirio escravista exportador em uma area de fronteira. Esse dado nos leva a supor que © mesmo ocorrera em Minas Gerais; s6 que, ali, a nova criagéo fora de sistemas agrérios eseravistas ligados a0 abastecimento interno. O definhamento do escravismo Entre 1830-40 ¢ 1881-85, nos invencirios post-mortem do Paraiba do Sul, 0 ntimero de peés de café por alqueire passa de 42,1 para 1.502, co de escravos por alqucire aumenta de 0,06 para 0,6. Isso significa que, durante 0 periodo, os pés de café e os escravos experimentaram um crescimento, respectivamente, de 3.466,7% ¢ 900%. Acompa- rhando tal ritmo de reprodugio verifica-se a valorizagio per capita das fortunas locais. Calculando em libras esterlinas, nota-se que tal valori- zagao foi de 1507. Esses resultados nos levam a crer que estamos diante de um sistema agrério com uma imensa capacidade de se ampliar (reprodugio ampliada), e que tal capacidade se traduz no enriquecimento geral de sua populacio livre, independentemente do lugar que se ocupe na hictarquia social, Entretanto, mediante uma abordagem mais apurada chegamos a conclusdes um pouco diferentes. O néimero de cativos entre 13 a 40 anos (escravos produtivos) para a provincia do Rio de Janciro cai em 8,6% entre 1872 ¢ 1886; a queda ‘do foi maior pela acio do trifico incere intraprovincial apés 1850. Em Paraiba do Sul, os eseravos com aquela faixa etiria cortespondiam a 66,1% em 1835-39 e, 30 anos depois, equivaliam a somente 45,3% da populagio cativa da regido. Algo semelhante é encontrado para os cafezais; a0 menos mais de 1/5 dos escravos, na década de 1880, ji tinham ultrapassado a idade de 16 anos, passando assim a decait sensivelmente em produgao. Por sua vez, o nlimeto de hipotecas rurais para toda a provincia fluminense, entre 1877 ¢ 1882, cresce 19,4%. Esses Gltimos numeros, que fornecem informagoes sobre as condigdes materiais de reprodugao do sistema, nos apresentam um. Panorama bem distinto daqucle inicialmente exposto. O envelhe- cimento dos escravos e dos cafezais indica o proprio envelhecimento do sistema agririo ¢ a redugao de sua capacidade de reprodugao. Cada ‘ez. tem-se menos terras € menos homens a incorporar, o que € fatal ara uma agriculeura extensiva fundada no trabalho escravo. Dentro desses novos parimetros, a valorizagio dos componentes do sistema agririo, antes de indicar uma reprodugio ampliada © 0 enriquecimento de seus lavradores, aponta para a tentativa de sobre- vivéncia de uma forma de produgio. Nao estamos diante de um 161 processo de valorizagio decorrente de expansio econdmica, mas sim frente a.um processo de “autovalorizagao” de uma forma de produgao que pretende se manter de pé, A redugio do ntimero de esctavos. pox exemple, fez com que 0 seu valor mais que duplicasse: e isso ocorrea em detrimento da procura de saidas imediatas para substitut-los que significaria romper com as relagdes de producao existentes, Deve-se terclaro que esse movimento de resistencia de uma dada Férihiéde produ 10. Minas Gerais, area onde 0 café era minoritario, continuou até o final do séeulo XIX ¢ concentrar a maior parte da populagio cativa do pais. Campos, repiia aguearcira voltada para o mercado interno, apresentava utna tae de erescimento de sua populacio escrava (3,0% a0 ano) superior s Vag souras (0,6% ao ano) entre’ 1872 © 1882; isso significa que Campos absorvia mais escravos do trifico inter e intraprovincial que as frees Ruminenses do café. Mesmo em regides mais pobres, aletadas pela Perda de escravos, tal fendmeno nao foi suficiente para aceleme s transigao para o trabalho livre Por su Nez: nota-se que o processo de definhamento do sistema #gritio 6 perpassado pelo agugamento das diferenciagées econdmices Em 1855-60, 7% da populagao inventariada do Paraiba do Sul concen: fravam 52,6% das fortunas, © 43,8% dos inventariados 6,3% de mone, inventaril e, 25 anos depois, 11% dos recenseados detinham 68,69 da {Huet enquanto que 50% dos inventariados possuiam apenas 16% Tendo em vista que as bases do sistema agrdrio nos deve Periodos ebservados sio, grossa mado, as mesmas, o empobreeimento e deren, {rasio de rendas significam uma redistribuigdo de escravos, terres & safezais na passagem de um periodo para outro. Ein 1835-0, aqueles *R& dos inventariados detinham 6,5% das terras, 6,6% dos esterase ive eaedos $seraves. Em 1880-85, os resultados, para os 50% dos FOR atios s40 um pouco diferentes: eles possuem 1.3% das tere che aaeteca fonda, 4% nao possuiam cativos, No segundo periods dle da erantesmos grupos, 40% nao eram proprietatos de scravos, paces tenn heointerProvincial, essa redistribuigio local de eatives das diferencioceen Pe80 fundamental, Porconseguinte,oaccleramente vagio do. prose, apmioecondmicas surge como mecanismo de preser, vaso 'grdrio tegionalmente dominante. Tal mecanismo também pode ser encontra o-exportadoras. Em Capivari, mais baixos que achamos as pe scravos nos iltimes anos da escravidao, " “T#™0® # Pertas de outto dado se refere 1 vigorava, Essa nogio, mesmo "40 ndo se limitou ao vale cal 4 propria nogio de pobreza que ainda ¢m época de definhamento regional do 162 sistema agririo escravista-mercantil, continuava ainda a se mover dentro dos parimettos desse sistema. Ser pobre significava, entre utras coisas, nao ter escravos. Isso, além de significar a preservagio de uma forma de produgao ja moribunda, implicava um lento proceso de aparecimento de novas formas de riqueza.e de relagées de produgao, Apesar disso, deve-se sublinhar que, no periodo tratado, constata-se a conversio de parte das fortunas agririas em dinheito ¢ em apélices piblicas, 0 que insinua a diminuigéo do ritmo dos investimentos tradicionais, talvez enquanto se aguardava uma definigdo mais clara do que aconteceria as tendéncias econdmicas tradicionais Por Gltimo, devemos voltara frisar que estamos lidando com uma agricultura extensiva. Portanto, sua existéncia, em uma dada regio, tem um tempo de certo modo preestabelecido. Esse tipo de agricultura pode continuar a funcionar depois do esgotamento da regiéo onde até entdo existia, desde que a fronteira agricola esteja aberta ¢ haja mao-de-obra disponivel. E mais ou menos isso que 0 café encontrard em Sao Paulo. Quanto ao vale do Paraiba fluminense, apés a saida do café, ele passaria a ter sua paisagem agréria dominada pela pecuéria extensiva H4algumas provas de que, em parte, as familias dos antigos fazendei do vale flumincnse ceriam emigrado para o novo Oeste paulista freqientes, por exemplo, as queixas do governo provincial do Rio de Jancito sobre a saida de fazendeitos ¢ capitais fluminenses para as matas paulistas. Contudo, 0 destino dos antigos senhores de homens do vale do Paraiba fluminense ainda aguarda pesquisas com bases empiricas mais profundas. Uma questio ainda nao devidamente estudada sobre 0 defi nhamento da escravidio, diz respeito a0 comportamento da clite econdmica do império. Nao me refiro apenas aos grandes senhores de cativos ¢ de terras do vale do Paraiba do Sul das décadas de 1870 ¢ 1880. Estes, em geral jd foram analisados. Como disse anteriormente, fos diltimos anos do cativeiro, observou-se uma tendéncia de concen- tragio de terras e homens em poucas més. Contudo, seria ingenuidade pensar que a elite econdmica da época se limitava a0 grupo agtario — afinal, hd também os grandes financistas, os comerciantes de grosso trato etc. — e, da mesma mancira, nem todas as grandes fortunas sc mantiveram presas i cafeicultura escravista. O que acabei de sugerir talvez fique mais claro através do exem plo de um empresario do vale do Paraiba, o Comendador Manuel de Aguiar Vallim. Esse senhor, ao morrer, em 1878, possuia quatro fazen- das, com um total de 650 escravos ¢ uma fortuna estimada em 217.667 163 libras escerlinas, das quais 2/3 aplicadas em apélices da divida pablica nacional e dos Estados Unidos. Essa composigio da riqueza indica que © comendador optara por um investimento que apesar de mais seguro cra menos rentavel do que a lavoura escravista em finais da década de 1860, momento em que comegara a comprar os titulos do Estado, Seja qual for © motivo que tenha levado 0 comendador a essa atitude, 0 fato € que, a0 comprar as apdlices, retirou do “marcado produtivo” uma quantia equivalente a 28% do caixa (moeda anval) dos baneos comerciais brasileiros ou, ainda 1% de todo o papel-mocda do Brasil no primeito trimestre de 1878. E 0 mais importante, em tal comportamento, é que cle fora acompanhado por outros membros da elite da época. Ou scja, os bardes de Nova Friburgo e de Itapetininga respectivamente com fortuna avaliadas em 774.425 ¢ 715.780 libra estertinas, estavam investindo em atividades menos arriscadas como a compra de iméveis urbanos e apélices puiblicas. Assim sendo, observa Se que uma parcele da elite econémica, a0 contritio de uma parte expressiva dos grandes fazendeiros do Vale, estava se desvencilhando da escraviddo. Tal atitude nao representava a modernizagao da economia, mas, antes, reduzia a capacidade de investimentos do Pais, com isso eontribufa decisivamente para a manutengio de tragos das antigas estrucuras econdmicas. Isto, mesmo apés 2 aboli- gio do cativeiro oe el AAs novas fronteiras: 0 novo Oeste patulista € 08 novos regimes de trabalho na agricultura do Sudeste ; ¢,hmontagem © a expansio da agriculeura do café em Sio Paulo se dé em meio a um tempo de mudanca. Temos a aboligio do tifien autintico de eseravos, a implantagio do Cadigo Comercial a Lei de ffas no mesmo ano de 1850, a Lei de Hipotecas em 1863 c, ainda’ i segunda metade do século RIAs ees sue Tere Fa instauragao de um verdadeit sistemafbanciro) Em T388, 9 abalho escravo seri abotido. Em ni nacional nota-se a fetivagao da hegemonia do capialismo, com o incremento da concor- ‘enc intercapitalista(aparecimento de novas poténeias industiis, rare yaremanha e Estados Unidos) eo inicio da formagdo do capital Tronopolista. Essas modificagdes no cendrio econdmico podem nos ie decaf montagem ¢ expansio do cafe paulist,ultrapassada 2.ve do vale do Para, se faria sob novas condigoes de produgio, no seg eaPialistas, Afinal a Lei de Terassignificou a “cansformagao” da terra em mereadoria corrente, ea aboligao do trifco colocou séras ies reprodugiofisica das relagSes escravistas de producdo, Evy 164 "Ri meados da década de 1860, 0 Nordeste detinha novo Oc eassalari tO, Nao € isso © que OCoTTe iproximada & abuptamente modificada passam a se concentrar no Sudeste. Quinze anos depoi cafeciras desta iiltima regiio encerravam mais de 1/3 da populagic cativa do Brasil. A drea que conheceu a maior taxa de entrada de eseravos, no periode considerado, foi Sio Paul. “esses dados acerca do mercado paulista de eseravos (para onde o teifico interprovineial se dirigia com especial forca) vem demonstrat ‘que a expansio da cafeicultura nesta provincia se faria reproduzinds ‘dip. Até as vésperas da escrava do Brasil. Em 1872, essa posi ¥% do estoque de escravos do pais ‘em parte, as estruturas antigas da ¢: aboligio, os porta-vozes do Oeste paulista no Parlamento € nos mt histérios nacionais no abandonaram a defesa do trabalho cativo. Somente a partir de meados da década de 1880 € que os fazendeiros paulistas adorariam em larga escala o trabalho imigrante 4 reflesio anterior nos ajuda a entender a conjuntura ¢ os meca hismos de funcionamento a partirdas quais se deu a incensificagio d cultura do café em Sio Paulo, Antes de mais nada, @ postura dos favradores paulistas diante da escravido minimiza os cLCapi inTista-modernizador frente aseuhom@logo fluminense, muitas vezcs etinido como retrdgrado. Ambos eram escravistas. SO que o paulista ‘inha diante de si uma fronteira aberta para a expansio de sua agricultura eextensiva, o que jd no ocortia no médio vale do Paraiba do Sul Por outto lado, hi indicios (que precisam ser verificados por pesquisas de base) de que o aprofundamento da cafeicultura no Oeste Paulista (1880-1910), grosso modo, vria a repetir ancigos esquemas ji vistos na montagem da agroexportagio eseravista no vale do Paraiba da primeira metade do século XIX. Naquelas novas terras encontramos agentes similares aos antigo comerciantes de rosso at, Assim como meiros grandes fazendciros da Rio de Janciro, os maiores d Paulo cram homens de negocios (os seus descendentes) cuja acu lagio, que resultara em Tazendas, procedia de diversos segmentos do mercado ainda restrita-marcado ior prdticas monopolistas e especu Tativas, Nora-se, mais uma ver, a ercanil fansformagao do capital &m produgdo e a interagdo de negocios ligados ao abastecimento interno com os voltados para as exportacbes. Esses fazendeiros paulis tas dirigiam importantes sociedades bancinas, ferrovias ¢ casas com Sirias de café. TnfeTizmente, faltam estudos de Ristéria empi am Tandamenco empiricosuficiente, o que nos impede de continuar 165 ter corta independéncia no mundo do trabalho, o que the seria facul- tado pelo tipo de relagao que mantivesse com a terra. Nesse sentido, compreende-se a sua resisténcia ao assalariamento e a0 ‘rahalhn em turmas (regime aplicado na fazenda escravista), ambos vistos com pelos antigos senhores. em meio a esse “confronto” que teria surgido a parceria. Kila mite, bascada nas meias € no trabalho familiar, a transtormacio da exescravo, nesses tempos de transicio, em pequeno produtur Por outro lado, assim como o colonato, a parceria também cone siste em uma relagao nao-capitalista. Uma relagio ndo totalmente regulada pelo mercado, onde o ingrediente de relagdes de pader estar fortemente presente. As duas formas de organizagao do trabalho encer Fam um certo componente camponés; isso é, a base de ambas era 0 trabalho familiar € parte de seu produto (aquele desenvolvido noe “lotes de subsisténcia", pelo menos) era de sua propriedade, podendo ser comercializado. Essa base familiar permitia ao fazendeiro.o use de luma mio-de-obra nio-remunerada (mulheres, eriangas). Por cltimo, 0s tragos dessas relagdes demonstram que clas foram orga um ambiente de frigilcirculagio de merca em um mercado restrito que se ergu trabalho ainda pouco desenvolvida, Ao mesmo tempo, a formacio dessas relagies de produgio se di em um ambiente caracterizado pelo surgimento da Repablica (1889), comp Su sistema federalista e suas oligarquias locas. Essa mudanga Politica implicaria 0 maior acesso dos interesses regionais ¢ de laste a0centro do poder. A elite republicana, a0 contririo daquela que viveu a formacio do Estado Imperial, seria mais representativa, Contuds €ssas modificagies nao significam que o Estado Republicano tenha se tornado mais democratico. Ao invés disso, as classes subaltecnas eons finuavam destituidas de parte substancial de seus direitos de ci adania. No campo, essa situagao se traduzitia no fortalecimenty ip Tandonismo local (coronelismo), o que s6 reforgava os aspectos noo igadas em, idorias e de moedas, ou seja, sobre uma divisio social do eeondmicos presentes nas novas relagdes de produgio. Retornando a0 Rio de Janeiro, deve-se ter cuidado com as gene ional de outros mu- que teriam recebido contingentes humanos Sses Gltimos municipios seriam regides onde 0 nses, daqueles primeiros. E: 168 café, no século XIX escravista, nao teria “dado certo”, tendo desde edo se voltado para a produgao de alimentos; tal € 0 caso de Capivani ¢ Rio Bonito. Outras éteas, como Campos (producio de acticar para o mercado interno) em finsis do século, passariam por uma fase de m resolver 0 problema modemnizagio (usinas de acticar) ¢ consegui Janina passogem d scuo XIX par XX, espera sind mule agio de pesquisas de base oie pod aca ael temo mérito de aprender a formagao do regime de trabalho, no campo fluminense, como resultado da dindmica de diferentes grupos sociais € ndo apenas como a imposigao ia vontade dos ex-senhores : 7 A ncanaprearedade de cstudos Gencontadaemoutaseides do Sulest. Esse €o cso patel de Mins Gerais As informagies dispntees sobre sua zona caeera Zona da Mata mine) sblinham o fechamento da fronteira em 1890 e sua subordinagdo ao capita comercial do Rio de Jano com elemento que restingiam acapaci dade de reprodugo dessa agricul. Em termos de mio-de-obra parece que aqui, semelhanga dos cafeicultores fluminenses,adotas 6 trabalhador nacional sob 0 regime da parceria ¢ do assalariamento temporiio. Quanto as eas nio-eportaora, que concenravam 0 passado o grosso da populagao cscrava da provincia, ainda se aguarda 3 ‘ea fa ous gan do Sudeste £0 Faprto Santo. Em meados « século pasado, part dessa provincia fora ocupad pr fazenderos de café, com seus escravos, vindos do Rio de Janeiro (deslocamento da Frontera). No psaboligo, as relagies de producio se ozaizariam fem torno da parceria ¢ de um esquema que conjugava a pequen: producio (colonos europeus) com o controle, por parte de empresitios aiores, do beneticiamento e da comercializagio do café A Grane: Prormugpane & 0 Caspoxts Livee No NoRDESTE Una Oran TRassigho ; tre 1850 € 1900, 0s preos do agearno mereadointernacional acm a uma taxa anval de 1%. isso se acrescentaa perda pelo aga brasileiro de certas mereados, antes seus tradicionais compradores ssa tendéncia negative afetaria paricularmente a. regides exportadoras do Nordeste do pais a BONO decorrer do século XIX, a posigio de Brasil no, meread internacional de agar seria continuamente alterada. Inicialmente, temos 0 eescimento do agicar de beterraba europe. Surgido Pa 169 supri a falta de eana colonial resultante do bloqueio eontinental de Napoledo, o agicar de beterraba progressivamente conquistaria ¢ mercado europeu, no que seria ajudado pelas medidas protecionistas adotadas pelos paises produtores. Ao redor dos anos de 1840. os produtores de agticar de cana detinham 90% do mercado mundial; em Prinefpios do século XX, estavam reduzidos a apenas 50%, E desne io dizer que tal movimento fora acompanhado pelo declinio do prego daquela mercadoria xeluido do mercado continental europeu, 9 Brasil passaria a vender a maior parte de seu agiicar a Inglaterra. A Lei do Agticar de 1846 (Sugar dd), a0 reduc as tarifas sobre o agticar bruto, beneficiavia as vendas brasieiras. Por volta de 1870-74, a Gri-Bretanha absorvig 76.3% das exportacies de aguicar do Brasil, Contudo, a chegada da beterraba ao mercado inglés, ainda na década de 1870, seria fatal 2 entre 1890 € 1894 apenas 12,6% das exportacdes brasileira de agua se dirigiriam A Gri-Bretanha, ‘om a perda do mercado inglés, o agicar brasileiro se encami- hata principalmente para os Estados Unidos, que em 1885-89 ji compravam 63,1% daquelas exportagdes. Entretanto, o envolvimenta norte-americano na guerra da independéncia de Cuba tenderia prides, de Porto Rico e do Havai, ambos produtotes. de agen Posteriormente, em 1903, a assinatura entre Washington e Haver da dm agitado comercial de reciprocidade colocaria em segundo plano ¢ tratado homélogo assinado com 0 Brasil em 1891. Assim serde: virada do século 0 agiicar brasileiro se veria preterido também na ‘mercado norte-americano, Por tltime, essas perdas para 0 agticar nordestino nao puderam ser Compensadas pelas exportagdes aos paises latino-americanos, nem come faa mercado do Sudeste brasileiro, No primeiro caso, palses Somme México, Argentina e Peru possuiam a sua propria indotis Palos cits. Com respcito ao Sudeste brasileiro, tal mereado era retide Delos producoreslocais deagicar(aexemplo de Campos, Mina; Gece © Sao Paulo) Pelo quadro aqui delineado, era de se esperar que a agroexpor- {asto canavieira nordestina entrasse em declinio, Entretante concn ando tal previsio, nio € isso que se observa, Entre 1800 2 1910, as O27 A asucareiras do Brasil erescem a uma taxa positiva anual de 0.27%. Ao longo do século XIX, 0 numero de Plantagies de cana em Pernambuco aumenta de 500 para mais de doe nf nimero de o eearnas Hetmambucanos, de 1850 a 1880, passade 1.300 pars 1 6S0, © que significa um acréscimo de 27%, 170 Esses nGimeros sio indicadores de que a agricultura canavieira » periodo abordado, passava por um movimento de reprodugo am- Pian, Movimento ese ques como sabumws. de verse du Ponjunturas de mercado ineernacional prejudiciais ao agdcar brasile fimo pv, puts cans de exprtago.an ees tem meio as flutuacdes internacionais desfaorves. aa sponta para uum fenbmeno de dissincronia entre essas flutuagées ¢ 4 i ‘ sriculcura. Tal fendmeno, portanto, pie em diivida ym a estrita dependéncia da agricultura tratada is. Apesar de se poder argumentar que a produgao canavieira nordestina ico registrado nos paises consumi medida compensaria interior daquela as teses que enfat ‘com relagio as furuagies exter a possibilidade do crescimento esteve ligada 20 aumento demogri dores (Estas Unidos e Europa) o que em cera medidacompensati a perdada posigio do Brasil nesses meres enters, parece-nom que 4 possbldade da economia camaicra resist ese ampliarem meio a tendéncias deeinantes de prego esté vinculada também 9 outs conjumto de elementos: Referimonos, 38” priprias | condice éconimico-sociais interas em que aariculeura considerad se repro duria Parece-nos que é, em parte, nesta condigies intenas. ov melhor, na forma social de produge em que se fais 0 ager (n a forma de extrsio de sobretrabalha), que devemos procu a expl- cagio para 0 comportamento da agricultu eles époea apreendida, Ourtossim, 0 estudo dessas condigdes incermss tomna-se mas substanivo na medida em que é na segunda metade do seeulo XIX que se verifies a pusayem do tcabalho excavo par trabalho juridicamence livre e, simultaneamente, a moderniza indistria agucareira (engenhos centrais ¢ usinas) As provincias nordestnas, até a década de 1860, concentravam mais ou menos 50% da populado cata do pas, o que significa dace jue possufam uma soma de excravos superior 3 do conjunto provincia Tepieencado pelo Sudeire, Cleula-se que, entre 1839 = 1850, P nambuco teria importado anvalmente 1.100 escravos e, em alguns anos, tr mil través desses dados ¢ possvel pereeber a resistencia Aa insituigd eservistaem algumas reas do Nordeste,Todavia, come nas demais provintas brasileira, a aboligio do tfico internacional de cativos em 1850 ita abalar a capacidade de reposigfo desta mao bra no Nordeste: para verifier isso, hasta recordar que em Pernarn- buco, segundo o censo provincial de 1842, 54% de sua populaga0c oe s para.a reposigdo da * No cio dis provtacus wordetina ostimites paraa reposicin da mio-de-obra escrava nfo seriam dados apenas pela abolig im 'm outras palavras, Permitiu que os cafcicultore suplantassem os senhoresdeengenhy, fencia ¢ de compra no mercado interno de cativer [ a“rentabilidade” da cconernia do Sade entre outros senhores do Cx ieee ido pagamento de Impostos, a ex le cativos pode subir pa ecas", Na década de 1870, em fungao dhe vee sas rte wordestinas, 0 0 scu auge ¢, em 1887, 0 con) 0 conjunto das apenas 28% da populagao escrava do pais. do devem dar uma imagem distor, Perigo de um; condenavaainds o Cearé, pela ‘bolicio daescravidao alifeita em 1884) i Por outro lado, é necessario lembrar que, dos 21 mil escravosalfortiados entre 1885 ¢ 1888 em Pernambuco, cerca de 40% ficaram obrigados a continuar trabalhando para os seus antigos donos por um prazo de dois a tfés anos, ou a pagar a esses Ultimos a soma correspondente a seu valor. Por sua ve7, 0 tréfico interprovincial c a aboligo da escraviddo nio levariam a desarticulagio da agricultura agucareira nordestina, como ji pode ser inferido do crescimento, antes mencionado, dessa mesma agricultura, Em meados do século XIX, calcula-se que o nimero deescravos superava o de trabalhadores livtes nas plantagées de agticar em uma proporgio de 3 para I. Contudo. a realidade retratada pelo censo de 1872 jé era sensivelmente diferente. Segundo esse censo,em Pernambuco, o ntimero de homens livres ulerapassa o de escravos em todos 0s tipos de ocupacao: para cada escravo, entre os trabalhadores sem profisso definida, existiam quatro livres: entre os lavradores, criados e jomnaleiros, aquela relacao era de um escravo para cinco livres. Para o entendimento dessa passagem do trabalho escravo para o juridicamente livre € necessério se ter em mente algumas das circuns. tancias nas quais ela se processa. Isto €, 0 avanco do trabalho livre se di em condigdes em que: a) nao se veritica um fluxo imigratério, a0 contrério do que ocorrera em Sio Paulo: no Nordeste nao hi uma politica consistente de importagao de trabalhadores estrangeiros: b) nota-se a saida de mao-de-obra na forms do trafico interprovincial; c) nao hé uma mudanca no padrao tecnoligico da lavoura, de manera reduzir 0 nimero de trabathadores, e a sgricultura continua se repro- duzindo extensivamente, através da incorporacio de mais terras e mais homens. © quadro aqui tragado nos leva, em um primeiro momento, @ considerar 0 peso da demografia nordestina, de suas taxas de cres- cimento. Em 1872, a populagio do conjunto dessas provincias repre sentava 46,7% do contingente demogritico do pais, correspondendo assim regido mais populosa do Brasil. Entre 1819 © 1872, essas provincias tiveram um aumento demogrifico da ordem de 171.5 ‘cescimento esse que, mesmo inferior em ritmo ao do Sudesce (que fora de 176,1%), € mais significativo sob certos aspectos. O Sudeste, no século XIX, apresentava ainda varias Areas de fronteira aberta, beneficiando-se assim de fluxos migratorios, o que nao ocorria neces- sariamente com o Nordeste. Desse modo, as taxas de crescimento da ‘demografia nordestina nos apontam para a presenga de uma mao-de~ ‘obra possfvel para substituir aescrava. [sto é, em termos demograficos cera factivel substituir-se trabalho escravo pelo juridicamente livre, 173 contando-se com 0s recursos populacionais intemnos, sem se recorrer a Entretanto, se tivermos em conta 0 tipo de relagao social de produgio que iré substituir a mao-de-obra cativa, ou melhor, se considerarmos que essas novas relagées nao iriam implicar wma mudanca das estruturas econdmicas e sociais estabelecidas no period scravista, devemos ir além do peso da demografia nordestina coms facor, para sublinhar o peso daquelas estruturas e dos mecanistos que permitiram a sua sobrevida para além do trabalho esceavo Um dos elementos dessas antigas estruturas econimicas€ sociais do Nordeste agucarciro, que perpassi a crise do trabalho escrave e que informa de maneira decisiva a “nova” organizagio das relagdes socrais de produsdo, € o controle efetivo dos senhores de engenhos sobre» terra, No decénio de 1850, no municipio pernambucano de dos 84 engenhos registrados, 15% poss fecenseadas. Essa concentracio das terras tenderia ase acentuss see sand: na década de 1850, 0 tamanho médio das propriedades pro dlutoras de alimentos ndo chegava a 350 hectares, e 30 anos depors nap alcangava 166 hectares, Nesse municipio, oito familias ligadas entre conformavam @ oligarquia fundidria local. Resultados semelhareex podem ser encontrados para outros municipios agucareitos: em Sinz nhaéim, quatro familias produziam 37% do agticar de um grupo de 73 enhos; em Nazaré, seis familias controlavam 57.4% de toda Produgio de agicar da tegido, Essas mesmas familias detinher © controle sobre a vida politica de suas localidades. O controle das terra, Permitiria a esses senhores 0 dominio sobre a mao-de- igrac: Ainds no contexto da transigio do trabalho eseravo para ojuridi- so deren ufos devem-se recordar dois fendmenos, O primeito liga se a9 destino do ex-escravo, Apesar de existirem dados sabre areca ing Siscbneia Sts Zonas canavieiras, hd outros que apontam para a ine, Xisténcia de uma emigragio em massa, Isso significa que a abolicao nao Senhonee Osan Petda substancial de mao-de-obra pelos antigos anhores. O segundo fenémeno refere-se as transformacoes no wns algeneaids metade do século XIX. Nesta regiio, pelo mense ae algumas dreas, verifica-se a expansio ou consolidagao da propriedade fundiéria pecuasista. O resultado de tal procemso tena’ expropriagio sive para a zona da mata canavieira Nelamos agora como se organizava o trabalho juridicamente livre no interior dos engenhos. importante frsar que tragos dar fone ne 178 a tole gui saci cata stam antes a boii Ui dos sistemas mais anigos,e que abarcava o mater contingente de ue lbedotes ret prosentes naxengcnhos, erode morador eyrepad. Poresse sistema, 0 tabaihador (morador) recebia um lore de terra, do ate a maiar parce de sua subsisténcia (rogas de alimentos) ¢ gbes, entre elas a d ual reir rat parao engenho. Existam dis tipos de moradores: 0 i ou ts das por semana, eno tablhasse ma, feeb. uma tem nero monetii. O sepundo ip de moradro fori, evi fone fer o cambio, ou seja, 20 ou 30 dias de trabalho gearuico por a a0 enor. Ao mesmo fenip. poe receber ua pace de era superior aod condiceio.ofoeo nha de pagarum fer29popritiri Alen dessas formas de tabsho gratuito, having corte da ae 0 una ee de 625 brags quo mordor eed ara abla, tin Nota-se, assim, que esse tipo de relagio néo capita de pr dugio personifiads no mado, a exempo dagelsinstalads nas plantatons do Suest, no craintcizamente mediatzado pelo mercado €posuia um element campo. Suabae ero abl familie que — através das rogus de subsisténcia — garantia a reprodugio da orca de bao a ser uilzaa plo ser fato ese qu se tari rae unde may contingent Je abahadores lies viz noengenhoeraconsttuid pelos assariadose datas. mao’ pe descs se eampunbs de aalalbes nip quand ¢ soma ermpregidos nos momentos de age da posi agueaten exer des epoeasdecolhete dean, Os sais es del rup, na dead de 180 primis anos da dada seguinte — em uno d prow de mio-de-obra dexencadeads pela produsio de algodio da eons eg de extras de feo —, peta sit, Cons, no al des anos de 1870, verilearsei © movimento nets, ous 0 decinio dos nivie saris em rani das secas que expulsaam muitos dos habitanes do serio para a Zona da Mara (ea agucreia)- Em aguas das ueits do deni de 180, os engentos chez 2 tepistar que 45% de sua mloue-ora era compost pot mitancs sazonais vindos do serto. Entre os asain, apenas os taba Ihaoresquaifcados os igadar servi administauvosoutes & que se encontravam em uma situagosalarial ma ‘um outro “ ” srendamento) se constituia em um o aoe Ge homens ives empregados no processo prodt- ‘ceiro) recebia um lote de terras sistema de trabalho de homens livres tivo do agiicar. O lavrador (rendeiro, par 175 pare colar cane atimentos. Cabs 0 lvrador cular, clhere ransportar a cana para o cngenho do proprietério de terra, Feito isto, tamb de todo melago, aguardente e produtos residuais da cana-de-agiicar. Esse tipo de relagao permitia a0 senhor compartilhar com o lavrador os custos os riscos provenientes da produgio do agticar, no periodo escravista tal relacdo possibilitava ao proprietirio da terra reduzir 0 seu proprio contingente de escravos, jé que ele se valia inditetamente, daqueles sob 0 dominio dos lavradores, Assim sendo, percebe-se que, além de assalariados com baixa remuneracio, 0 trabalho escravo fora substituido por outras formas ‘io-capitalistas de relagoes de produgdo. Essas relagies — ao impli carem um baixo nivel de monctarizagio e 0 uso gratuito, em alguns casos, do trabalho familiar — permitiram aos senhiores de engenhos a redugio de seus custos. Provavelmente sio as caracteristicas ora apon tadas, ou melhor, os tragos das formas de extorsio de sobretrabalho que permitiriam cerca resisténcia da agricultura canavieira frente 3 flucuagées econémicas do mercado internacional, sobretudo as quedas dos pregas do agécar. Por outro lado, tai relagdes de produgao garan tiriam a reiteragdo de elementos da estrutura econdmico-social preexis fente a aboli¢ao, como por exemplo a hierarquia social, com 0 seu ¢levado grau de diferenciacao e concentragao de tiquezas A semelhanga da mudanga do regime de trabalho, a modernizagio da industria acucareira nao levaria a transformagoes substantivas has estruturas ttadicionais da sociedade nordestina. Ao tratarmos das mudangas no processo industrial do agiicar, antes de mais nada é necessério sublinharo ritmo lento delas, Scgundoo inquérito realizado Para Femambuco em 1854, 80% dos engenhos dependiam da tragao animal, 19% da energia hidrdulica e apenas If empregava o vapor, Ap redor de 1871, somente 6% dos engenhos que transportavam o seu hitcat pela Reafeand San Francisco Raitway recorriam i energia a vapor. Contrastando com esse quadro, Cuba, na década de 1860, apreve {ava 70% de seus engenhos movidos a vapor. S6em 1914 & que 1/3 dos Cagenhos nordestinos funcionaria com talenergia, Entre os fatores que explicam tal atraso tecnol6gico encontramos a combinagio de ters ¢ trabalho baratos, associada & lenta acumulagdo de ganhos do engenho tradicional. A taxa de lucros média era de aproximadamente 9% oan, ETAUENO 8 jus ficavam ao redor de 10 a 12% a0 ano, 0 que cvidentemente dificultava grandes investimentos na aquisicio de ‘maquinaria moderna. Apesar de tais fatores, na década de 1870 observa-se que um Brupo grande de senhores de engenho inicia a modernizagio de seus 176 estabelecimentos. Mais tarde, particularmente nas décadas de 1880 ¢ 1890, 0 Estado comeca de fato a fornever subsidios para aqueles que pretendiam modemizar a industria do agdear. Neste processo, a0 que parece, a presenga do capital internacional foi pouco expressiva € as desvantagens comparativas do Brasil no mercado intemacional (frente a Cuba, por exemplo) contibuiram para isso. Por outro lado, as experiéncias de empresas estrangeiras (como as inglesas Central Sagar Factories of Brasil ¢ a North Brazilian Sugar Factories), pelo menos em Pernambuco, nao foram das mais felizes; tais empresas apresentaram grandes déficits e, portanto, um curto tempo de vida. A modernizagio da producao do agticar, primeiramente com os engenhos centrais © depois com as usinas, seria o resultado de em preendimentos de empresicios saidos, alguns, daoligarquia canavicita, subsidiados por auxilios governamentais. Em 1880 ¢ 1889, além das verbas destinadas pelos governos provinciais, os engenhos centrais do Nordeste receberam mais de 70% dos subsidios imperiais (governo central) destinados a esse fim em ambito nacional. Apesar desse auxilio, porém, o projeto de instalagdo de engenhos centrais nao vingou, Uma das razées esta na propria natureza desse tipo de engenho. Ao contririo do engenho tradicional, o central supée, essencialmente, uma divisio de trabalho em que a plantagao da cana aparece dissociada de sua transformagiio em agiicar. Ou seja, os agricul tores de cana, ao invés de beneficis-la eles préprios, a emetem p: engenho central da regiao. Assim sendo, 0 engenho central, sendo fundamentalmente uma “fabrica”, nao possuia, em principio, as stias Préprias plantagdes, 0 que o colocava em estrita dependéncia em relagio aos plantadores de cana, que deviam fornccer a matéria-prima biisica €, por sua ver, ndo deixavam de possuir os seus prép engenhos tradicionais; conseqiientemente, sé forneciam a cana parao ‘engenho central quando os pregos oferecidos por esse compensavam, Por conseguinte, 0 engenho central néo possuia um fornecimento garantido de cana, ficando ao sabor das flutuagées do mercado dessa matéria-prima O mesmo nao ocorreria com a usina. Apesar de também depender da proviso de cana vendida pelos plancadores, a usina possuia a sua Propria lavoura, o que reduzia tal dependéncia, minimizada ainda pela fendéncia dos usinciros a adquirirem novas plantagdes, aumentando assim a sua autonomia. Da mesma mancira que ocoreria com os engenhos centrais, as usinas contaram com forte apoio do Estado, ¢ dos 62 engenhos centrais ¢ usinas montados em Pernambuco até 1910, Pelo menos 2/3 contaram com algum tipo de subsidio governamental, 177 Coneluindo, da_me a lenta modernizagio inddstria do acicar nao impl bandono das técnicas agricolas tradiciona io resultaria também em alteragoes de peso na estrutura econdmico-social do agro nordestino, Pelo contrario, em fungao mesmo do avango das usinas sobre as terras de antigos senhores Jo em artendatarios ¢ fornecedores ica tendeu a ser mais concentradora de riquezas. Por outro lado, na virada do século XIX para 0 XX, 0 agdicar, na sua fase agricola, contiauava a ser claborado majoritaria mente no contexto de relagdes ndo-capitalistas de produgio e por trabalhadores sazonais, que significavam baixos custos de producio de engenho (coma sua transform: Je cana), aquela estrutura econds para os Tonos da terra. Assim sendo, a modernizacao nordestina (usinas © regime de trabalho livre), ao reiterar tragos de antigas estruturas, torna-se conservadora O SUL £0 Cextro-Orste A “PenIPERIA DA PERIFERIY Estdncias e charqueadas: « produgao para o mercado interno AAs provincias doSul (Rio Grande do Sul, Santa Cararina ¢ Parana) constituiam parte daquilo que 9s cientistas sociais costumavam clas- sificar como “periferia da periferia’, Isso é, se a economia escravista. exportadora brasilcira girava em torno do mercado internacional — no qual prevalecia a hegemonia, no século XIX, do modo de produgio capitalista —, por sua vez as produgdes do Sul apareciam como inte. grantes da periferia daqucla economia exportadora. Na verdade, a economia do Sul estava voltada para o mercado interno (fugindo assim. de certo modo, ao modelo exportador brasileiro), abastecendo em particularas dreas escravistay do Sudeste. Constituidas por um mosaico de formas nao-capitalistas de produgao (escravos, pedes e campone- Ses), as producdes do Sul faziam parte do pano de fundo da agroexpor. tagdo do século XIX. Pois, se & certo que a plantation escravista nio cra auto-suficiente €, portanto, se reproduzia no mercado, igualmente € yerdade que parte desse mercado era abastecido € constituido por formas nao-capitalistas de producio, o que dava aquela plantation certa resisténcia € autonomia frente as flutuagées de precos do mercado internacional. Uma hipétese ainda a ser verificada é que tais formas de produgio ndo-capitalistas redefiniam as relagoes de plantation com 0 mercado externo. A seguir procuramos apresentar alguns traco: produgdes do Sul, ; aera ee eee No século XVIII, o Sul apare as regides mineradoras de M fluxo mercantil — que ird deter um dos como area abastecedora de gado nas Gerais. Part passu a recorréncia desse 8 tracos basics da economia do 178 Sul, ou seja, s vinculagio ao mercado interno eseravista—, aestrutura fundidria do Rio Grande do Sul ia se constituindo. Por volta dos anos de 1730, tropeitos € militares reeeber com isso a caracterizacao da propriedade da terrae do gado, com @ surgimento das estancias. Deve-se lembrar aqui que 0 cardter extra econdmico da concentragio de terras (na forma das estincias) no Sul foi reforgado pelo fato de que aquelas doagdes do Estado respondian também’a interesses politico-milicares, devido a proximidade com a regio platina (dominio espankol). A estiincia se constituia na posse de gado € de largas extensies de terras. O trago pré-capitalista dessa unidade & percebido em suas rclagbes de produgio, que apesar de se fundamentarem no trabalh« livre (pedo/gaticho), nao eram assalariadas. O pedo, individuo despro- vido da propriedade da terra, eventualmente podia receber pagamer: tos monetérios; entretanto a sua temunerac.io basica se fazia em forma de casa, comida e 0 direito ao uso de um lore de terra, caso possusse familia. Por outro lado, a estincia se reproduzia de maneira extensiva incorporando mais gado € terras, com baivos recursos técnicos. Essa forma de reprodugao, associada ao carater nao-capitalista das relagoes de producao, assegurava 3 estncia reduzidos custos monetirios de produgio, Em finais do século XVIII, a pecusria gaticha se juntaria a pro dugio industrial do charque, alimento fundamental na dieta dos esera vos. O desenvolvimento desta indtistria no Sul parece estar ligado 3s secas ocortidas no Ceara (provincia nordestina), um dos principais produtores daquela mercadoria. No decorrer do século XIX, o Ric Grande do Sul apareceria como um dos principais abastecedores de charque para 0 mercado nacional, em particular do Sudeste. Com crescimento das charqueadas, verificar-se-ia igualmente a ampliaci« da populacao escrava no Rio Grande, jé que essa era a mio-de-obra bisica daquela inddstria. Em 1858, 25.1% da populagio desta provincia cra escrava. Por outro lado, a consolidagio do bindmio pecusria-char queada levaria a0 dominio, na vida econdmica e politica da provincia de uma classe de estancieiros e charqueadores Ligadas a0 mercado interno, as flutuacées do prego do charque dependiam, em parte, da demanda desse mercado. F aqui encontra mos a concorréncia do charque platino ¢ 0 jogo por parte do mercado consumidor que, se valendo de tal concorréncia, buscava reducir « prego daquela mereadoria fundamental para a reprodugio das relagoes escravistas (em particular as da plantation exportadora). No funciona: mento desse comércio percebe-se que, através do controle dos pregos © capital mercantil dos centros consumidores se apropriava de parte rerras da coroa, iniciande 179 dos lucros gerados por tal mercadoria. Assim sendo, 0 abastecimento

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