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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação e Humanidades


Instituto de Psicologia
Curso de Graduação em Psicologia

SUELLEN TOLEDO

RACISMO E INTERVENÇÃO MILITAR

Trabalho sobre Racismo e Intervenção Militar


apresentado em exigência à avaliação da disciplina
Relações Sociais de Gênero e Etnia (Eletiva Universal),
ministrada pela Professora Ana Paula (Serviço Social)

RIO DE JANEIRO
MARÇO/2018
Em ação pertencente ao movimento “21 Dias de Ativismo Contra o Racismo” estiveram
presentes na UERJ Thula Pires (doutora em Direito Constitucional e Teoria do Estado, pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atualmente é professora nos cursos de graduação e pós-
graduação do Departamento de Direito da PUC-Rio e Coordenadora-Adjunta de Graduação no mesmo
curso, seus principais temas são: racismo, teoria crítica da raça, decolonialidade, mulheres negras,
direitos humanos e teoria do reconhecimento) e Carlos Alberto Medeiros (jornalista, militante do
movimento negro desde a década de 70 e um dos maiores especialistas no Brasil em Políticas de Ação
Afirmativa e estudioso da questão racial, graduado em Comunicação e Editoração pela UFRJ, com
mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFF).
O assunto abordado se referiu às consequências da intervenção militar no Rio de Janeiro
considerando o racismo existente no Brasil e o agravo no risco que essa situação de intervenção
colocada provoca para a população negra no Rio de Janeiro.
Conforme exposto pelo jornalista Carlos Alberto, o momento que vivemos no Brasil é
contraditório, pois de um lado vivemos um avanço no que diz respeito a questão racial (principalmente
por fruto e consequências de políticas de ação afirmativa com recorte racial) e por outro lado um
retrocesso no ponto de vista político e do processo civilizador (referindo-se à degradação das relações
humanas interpessoais). Carlos nos afirmou que enxerga o racismo brasileiro e as inúmeras mortes que
ele provoca como um efeito colateral de políticas ruins. O medo de subir o morro não existe desde
sempre, ele surgiu na década de 70 e é fomentado pelos aparelhos ideológicos do estado (família,
meios de comunicação e escola – nessa ordem). É um desafio se afirmar como negro em uma sociedade
que vê o negro como inferior. A solução para erradicar o racismo está na criação de políticas boas, que
saiam do teatro da subida e tiroteio no morro.
Thula Pires seguiu o discurso afirmando o quão inconstitucional é a intervenção militar no rio
(que à priori deveria ser um cargo civil). O Estado está fabricando medo, criando problemas para
vender solução às custas de vidas, na maioria vidas negras, mais uma vez efeito colateral de políticas
públicas ruins. Não estamos vendo acontecer a aplicação da Constituição e sim um teatro em ano de
eleição.
Como disse Thula, esse teatro está custando caro pois como lição aprendida do último golpe,
neste os militares estão pleiteando imunidade total, 100% de liberdade para matar, culpados e
inocentes. O papel coadjuvante que os militares vinham cumprindo no Rio passou, serviu como
treinamento para que eles assumissem o palco principal do planejamento (não da ação operacional).
O que está em jogo é a democracia no Brasil, que é a do Ser e do Não Ser, na qual o negro na
maioria das vezes está no lado invisível do Não Ser e precisa gritar para chamar atenção e provocar
mudança e reação nas pessoas de preconceito velado.

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