Você está na página 1de 4

ROTEIRO PALESTRA DE 17/8/2018 (repetida em 6 e 7/11/18)

O que somos nós?

Em junho falei sobre A Grande Transição e o que vem ocorrendo do ponto de vista
planetário, que envolve o sistema solar, e como isso traz para a Terra a nova luz,
que nos prepara para futuramente sairmos da 3ª e rumarmos para a 5ª dimensão.
Trouxe algumas informações sobre os espíritos que estão reencarnando na Terra,
descritos por Joanna De Angelis no livro Jesus e Vida. E disse que nada cai do céu,
só a luz, mas que ela vem também para iluminar a nós mesmos. E na ocasião
prometi que em agosto voltaria ao tema, mas para falar especificamente sobre a
parte que nos toca individualmente nessa transformação.

A primeira pergunta de O Livro dos Espíritos é ‘O que é Deus?’. A pergunta feita por
Kardec aos espíritos não foi Quem é Deus, e sim o que é Deus?

Roberto fez uma palestra belíssima sobre essa pergunta há alguns anos, e destacou
que a gente acha que Deus é “alguém”, um ser como nós, e logo de entrada Kardec
pergunta O que é Deus? E eu pergunto: E nós, o que somos nós?

Alguém aqui já se perguntou o que somos nós?

Vou fazer uma pergunta para vocês pensarem rapidamente na resposta, em silêncio:
vocês conhecem alguém bem sucedido?

Em quem vocês pensaram: em alguém que fez uma boa carreira, ganhou dinheiro,
formou família, educou bem os filhos ... por aí?

Trigueirinho, que não é um espírita como nós – já expliquei em outra palestra que
não somos espíritas kardecistas, somos espíritas cristãos. Trigueirinho não é um
espírita cristão, não tem como farol as mensagens do Cristo, ele é um espiritualista,
como todos os que acreditam em reencarnação. Trigueirinho tem mais de 81 livros
publicados e a obra dele não tem fins lucrativos. Conheci Trigueirinho aqui na Casa
do Coração em uma história curiosa, mas que certamente não foi mero acaso.

Bem, Trigueirinho, diz que se fizermos para alguém a pergunta sobre o que ela está
fazendo nesse planeta, a resposta será sempre da 3ª dimensão: que veio para
trabalhar, fazer carreira, cuidar da família, e que depois da missão cumprida irá
retornar à pátria espiritual. Ele diz que as pessoas desencarnam sem saber o que
vieram fazer na vida, e na hora da morte se perguntam, “mas o que eu fiz?”. Cresci,
fui à escola, tive filhos ... pronto! E o que está acontecendo agora, para onde eu vou?
O que de fato eu fiz da minha vida?

Ele diz que as pessoas fazem as mesmas coisas a cada encarnação, e que em
algum momento terão que despertar, terão que perceber que apesar de essenciais
no plano físico, não viemos aqui cuidar dessas coisas tão básicas. Como vivemos
em um mundo material, temos e criamos necessidades, e o trabalho também é para
o nosso desenvolvimento, mas é só? Mas isso é tudo?

1
Quando eu falei sobre a grande transição planetária, foi para mostrar que estamos
numa espécie de última chamada, já que a cada encarnação retornamos ao mundo
espiritual quase do mesmo jeito que chegamos aqui.

No livro Quem Perdoa Liberta, do autor espiritual José Mário, psicografado por
Wanderley Soares de Oliveira, o espírito Maria Modesto Cravo, revela que no
Hospital Esperança – onde se desenrola a trama do livro – há o registro dos
seguintes dados:

• 70% das pessoas cumprem apenas 20% do que planejaram em sua


programação reencarnatória;
• 23% conseguem atingir apenas 50% do que se propuseram;
• 5% não cumprem nada, quer dizer, se desviam completamente do que
planejaram para sua reencarnação
• e apenas 2% completam totalmente a sua programação, ou seja, aproveitam
bem todos os minutos de sua vida, esses são chamados de completistas por
André Luiz no livro "Missionários da Luz", psicografado por Chico Xavier.

Voltando a Trigueirinho, ele diz que somente parte da Humanidade vai despertar, a
grande maioria nasce e morre sem saber onde está, o que é e para onde vai depois
daqui. E ele diz que agora, com esse despertar, as pessoas estão começando a ficar
desconfiadas de que não sabem. E acredito que está muito claro quanto estamos
sendo muito cutucados em nossas vidinhas para perceber isso.

E Trigueirinho então nos diz que a primeira pergunta que devemos nos fazer é O
que sou eu? E a seguir, devemos perguntar: O que eu vim fazer nesse mundo?

Ele fala que em alguns momentos a vida fica difícil, e se pergunta porque será que
isso acontece, já que o Universo é perfeito, tudo flui com perfeição no Universo, a
natureza produz e dá as suas respostas, então por que conosco há momentos tão
difíceis?

Ele fala também que essa luz do sol central (que é o sol de Alcione, sobre o qual eu
falei em junho) está transmitindo energias que irão mudar a Terra. E eu acrescento e
reforço: já estão mudando e isso vai se dar com ou sem a nossa participação.

Ele diz que a transição vem para purificar, mas que será uma transição trabalhosa
para nós, porque na Terra há muita resistência, e que essa mudança é para
encarnados e desencarnados. Não adianta pensar “poxa, bem que eu poderia
desencarnar para me livrar dessa!”, porque tem gente que quer tanto se manter na
mesma posição que acha até melhor morrer do que ter o trabalho de pensar sobre si
mesmo, mas, saibam, tudo o que nos afeta, afeta também o mundo espiritual. Lá
como cá as exigências são as mesmas. Deus, Jesus e suas legiões de trabalhadores
estão nos dizendo: cresçam!

A Terra é lugar de seres aprisionados ao próprio ego. E as mudanças que a gente


tanto aponta do lado de fora, julgando os outros, criticando, estão acontecendo
conosco e nos afetam internamente e também nosso corpo físico. As adaptações

2
estão em andamento, isso independe de nós, mas a nossa reforma íntima só
depende de nós. A luz está sendo jogada para clarear a nossa visão sobre nós
mesmos, mas a gente teima em virar os holofotes para os outros ... A gente sabe
direitinho do que os outros precisam para se melhorar, é ou não é? A gente é
enciclopédia cheia de saber sobre os outros e com isso não olha para onde
deveríamos, que é para dentro de nós mesmos.

No livro Fonte Viva, a dupla Chico Xavier / Emmanuel destaca a transformação


íntima como a grande cura que o espiritismo pode nos ofertar. A gente vem à Casa
espírita em busca do passe, do alívio das dores, mas Chico e Emmanuel dizem que
o passe é uma mera chuveirada energética. O trabalho necessário mesmo é o nosso
trabalho interno, e essa é a grande cura que a Casa espírita oferece, mas é preciso
ter ouvidos de ouvir.

O médico Andrei Moreira, palestrante e autor espírita que preside a Associação dos
Médicos Espíritas de Minas Gerais diz que o Evangelho não é um código de conduta
moral, com leis que devem ser obedecidas, que ele é um “enunciado das leis divinas
a ser percebido e introjetado”. Percebem a distância entre um código de conduta
moral com força de lei de um enunciado a ser percebido e introjetado?

Os acontecimentos da vida são parte de um projeto mais amplo, e não um simples


jogo de vontades divinas ou obra do acaso. O espiritismo só recentemente adotou a
expressão karma, que é conjunto de ações dos homens e suas consequências, o
espiritismo, por meio da obra de Kardec, apresenta um conceito mais abrangente:
que é a Lei de Causa e Efeito.

O conceito de karma sugere uma dívida a ser resgatada, a lei de causa e efeito nos
apresenta a ideia de que o futuro depende das ações e decisões do presente, assim
uma causa positiva gera uma efeito positivo, enquanto que uma causa negativa gera
um efeito igualmente negativo.

Na visão espírita cada ser humano é um espírito imortal encarnado, que herda as
consequências boas ou más de suas encarnações anteriores.

Jesus nos disse “pedi e obterei”, porque o que nós precisamos está aqui, à nossa
volta, disponível. A gente é que segue em frente como se tivesse outro objetivo que
não aquele que viemos aqui buscar. A gente passa a vida “batido” e aí surgem as
inconformidades, os desajustes, aquilo que Trigueirinho questiona: por que o
Universo é perfeito e a nossa vida não é? Tropeçamos no que é o nosso caminho e
vamos para a direção oposta, sempre em busca de algo que não está aqui.

No livro As Dores da Alma, de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito


Hammed, diz o seguinte: “Eis aqui um fato incontestável da vida: o amadurecimento
do ser humano inicia-se quando cessam suas acusações ao mundo”, só aí
assumimos que tudo o que acontece conosco diz respeito somente a nós mesmos.

3
O nosso processo de mudança interior, de aceitação de que somos os responsáveis
pela nossa evolução, é lento. Lacan fala em 3 tempos lógicos: instante de ver, tempo
de compreender e momento de concluir.

Se nós entramos aqui é porque o instante de ver já se deu, estamos no tempo para
compreender, e isso precisa de ... tempo! Mas é preciso darmos os primeiros passos,
abrirmos nossos canais, afinarmos a nossa sintonia. Lembrem de Emmanuel, que
citei há pouco: a transformação íntima é a grande cura que o espiritismo pode nos
ofertar. Estamos aqui no nosso tempo de compreender buscando isso, então é
preciso arregaçar as mangas e começar a trabalhar nessa transformação. Como eu
disse, a luz nova cai da céu, mas a nossa transformação é trabalho nosso, e trabalho
duro, árduo. Eu digo para mim mesma que tenho que sair daqui melhor do que entrei
todos os dias. Todos os dias eu penso nisso e todos os dias trabalho e me dedico a
isso.

O que eu sugiro como caminho dessa conscientização é o da leitura da mensagem


espírita. Cada um, individualmente. Esse o caminho para responder à nossa questão
inicial e às demais que vêm a partir dela, que são:

Quem ou o que eu sou eu?


O que faço aqui na Terra?
De onde eu vim?
Para onde eu vou?

A resposta a essas perguntas nos dará o sentido da vida. E como encontrar as


respostas? Nós dispomos de um guia. Não estou falando dos nossos guias e
mentores, eles falam muitas vezes, a gente é que não quer ouvir. O guia ao qual me
refiro é O Livro dos Espíritos, ele responde a cada uma das questões acima, mas ler
e não “perceber e introjetar” é o mesmo que não ouvir nossos guias e mentores, não
ouvir os ensinamentos das palestras e, pior de tudo, continuar vendo “a vida passar”,
como diz a música de .

Nós, espíritas cristãos, temos ao alcance das mãos a possibilidade de compreender


a nossa vida como o que ela é: uma jornada evolutiva, e mais do que isso, podemos
programar um destino melhor para nós nas próximas encarnações. Então, vai perder
essa oportunidade?

Uma ótima sessão a todos, e que essa doce harmonia permaneça no nosso
ambiente.

Helena de Castro Affonso


Casa do Coração
Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2018.

Você também pode gostar