Você está na página 1de 13

MECÂNICA GERAL II

José Floro de Arruda Neto¹, Layse Mylenne de Lira Oliveira², Miguel Ludgero da Silva Júnior³,
Taysa Luana Timóteo Silva4

¹Graduando em Engenharia Civil – UFPE CAA. E-mail: Floro@hotmail.com.br

²Graduanda em Engenharia Civil – UFPE CAA. E-mail: layse3736@hotmail.com

³Graduando em Engenharia Civil – UFPE CAA. E-mail: miguelwindows7@hotmail.com


4
Graduanda em Engenharia Civil – UFPE CAA. E-mail: taysa19luana@gmail.com

Palavras-Chave: Mecânica Geral. Dinâmica. Cinemática. Lei de Newton.

Resumo: Este documento contém informações acerca de cinemática de partículas e cinemática de corpos
rígidos, entrando mais profundamente nas equações de movimento, bem como da resolução de exercícios e
aplicação de métodos numéricos/computacionais.

Caruaru
2019
1. INTRODUÇÃO
O presente relatório tem como objetivo apresentar, de maneira sucinta, a aplicação de
conceitos da Mecânica Dinâmica na resolução dos problemas propostos. Serão abordados
os conceitos relativos à cinemática de partículas, bem como a análise da cinemática de
corpos rígidos, com foco maior no estudo das equações de movimento.
Pode-se definir a cinemática como o estudo do movimento dos corpos, sejam eles
partículas, sistemas de partículas ou corpos rígidos. A cinemática aborda o movimento sem
se preocupar com a sua causa, analisando suas particularidades.
O primeiro problema proposto parte da análise de um trem de pouso dianteiro de um
avião sair ou não do solo, à medida que um trator que reboca o avião é acelerado. A resolução
envolve uma análise conceitual das equações de movimento para um corpo rígido, fazendo
uso da segunda lei de Newton.
O segundo problema propõe a resolução por métodos computacionais, mediante a
implementação de código em MatLab, analisando os resultados para o problema dentro de
uma determinada faixa de condições iniciais, como também para a solução de equações por
meio de iterações.
2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Cinemática de Partículas

2.1.1 A segunda lei de Newton do movimento


A segunda lei de Newton pode ser enunciada da seguinte forma:
“Se a força resultante que atua sobre uma partícula não for nula, a partícula terá uma
aceleração proporcional à intensidade da resultante e na mesma direção dessa força
resultante. (Beer, 2012).”
Para melhor compreensão do que a lei afirma, pode-se analisar, através da figura 1,
diferentes posições de uma determinada partícula, na qual estará sujeita a uma força de
direção e intensidade constantes, para cada caso. Sendo assim, a partícula se move na direção
e sentido da força que atua sobre ela e a intensidade da aceleração é proporcional à força
aplicada.

Figura 1 – Segunda lei de Newton do movimento.

𝐹1 𝐹2 𝐹3
= = = ⋯ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (1)
𝑎1 𝑎2 𝑎3
O valor constante obtido para a relação entre as intensidades da forças e acelerações é
uma característica da partícula que está sendo considerada, chamado de massa da partícula.
Sendo assim, quando uma força F atua sobre uma partícula de massa m, a força F e a
aceleração a devem satisfazer a seguinte relação:
𝑭 = 𝑚𝒂 (2)
Esta relação expressa a segunda lei de Newton, onde tem-se que, como m é um escalar
positivo, os vetores F e a possuem a mesma direção e sentido, bem como a proporcionalidade
de suas intensidades.
Quando uma partícula estiver sujeita simultaneamente a várias forças, a equação (2)
deve ser substituída por:
∑𝑭 = 𝑚𝒂 (3)
Onde ∑F representa a soma, ou resultante, de todas as forças que atuam sobre a
partícula. Se a resultante ∑F das forças for zero, tem-se pela equação (3) que a aceleração a
da partícula também será zero.
2.1.2 Equações de movimento
Considerando uma partícula de massa m sob a ação de diversas forças, é mais
conveniente, para a resolução de problemas que envolvem o movimento de uma partícula,
substituir a equação (3) por equações equivalentes que incluem quantidades escalares.
2.1.2.1 Componentes retangulares
Decompondo cada força F e aceleração a atuantes em uma partícula, tem-se:
∑𝐹𝑥 = 𝑚𝑎𝑥 ∑𝐹𝑦 = 𝑚𝑎𝑦 ∑𝐹𝑧 = 𝑚𝑎𝑧 (4)

Quando um problema envolve dois ou mais corpos, equações de movimento devem ser
escritas para cada um dos corpos.
2.1.2.2 Componentes normal e tangencial

Figura 2 – Componentes normal e tangencial de uma partícula.

Decompondo as forças e a aceleração da partícula em componentes ao longo da tangente


à trajetória (na direção e sentido do movimento) e da normal (apontando para o interior da
trajetória) e substituindo-as na equação (3), obtém-se:
∑𝐹𝑡 = 𝑚𝑎𝑡 ∑𝐹𝑛 = 𝑚𝑎𝑛 (5)
𝑑𝑣 𝑣2
Sendo 𝑎𝑡 = e 𝑎𝑛 = , a equação (5) pode ser escrita da forma:
𝑑𝑡 𝜌

𝑑𝑣 𝑣2
∑𝐹𝑡 = 𝑚 ∑𝐹𝑛 = 𝑚 (6)
𝑑𝑡 𝜌
2.2 Cinemática de Corpos Rígidos

Chama-se de corpo rígido todo o objeto que não pode ser descrito por um ponto. Um
corpo rígido pode ser considerado um sistema de partículas, cada uma com sua massa. A
resultante total das massas das partículas é a massa total do corpo. Seja CM o ponto em que
pode-se considerar concentrada toda a massa do corpo, este ponto será chamado centro de
massa do corpo. Portanto, a forma do corpo, assim como a localização exata dos pontos de
aplicação das forças deverão ser consideradas.

2.2.1 Equações de movimento para um corpo rígido


Considerando um corpo rígido sob a ação de várias forças externas, como mostra a
figura abaixo, pode-se assumir que o corpo é constituído de um grande número n de
partículas de massas Δmi, sendo assim um sistema de partículas.

Figura 3 – Corpo rígido sob a ação de várias forças.

̅ (7)
∑𝑭 = 𝑚𝒂
Onde m é a massa do corpo e ā é a aceleração do centro de massa G.
3. RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS PROPOSTOS

3.1 Problema Conceitual 17.2 – Hibbeler 12ª ED.

Enunciado (retirado do livro):

O Trator está prestes a rebocar o avião para a direita. É possível para o motorista fazer
com o que o trem de pouso dianteiro do avião saia do solo na medida em que ele acelera o
trator? Trace os diagramas cinéticos e de corpo livre e explique algebricamente (letras) se e
como isso pode ser possível.

Figura 4 – Imagem de apoio para o problema conceitual. Retirada do livro.

Resolução:

Primeiramente, traçou-se os diagramas cinéticos e de corpo livre:


Figura 5 – Diagramas cinéticos e de corpo livre.

Onde:

NA =força normal do avião em relação ao solo;

PA = força peso do avião;

T = tração do cabo que liga o avião e o trator;

Fat = força de atrito do conjunto em relação ao solo;

NT= força normal do trator em relação ao solo;

PT= força peso do trator;

Dessa maneira, foi feito o somatório das forças em Y e em X, sendo adotado o


coeficiente de atrito µ, entre as rodas e o plano, estático e cinético iguais. E também a
aceleração do centro de massa é direcionada para direita. Tem-se:

˖ ↑ Ʃ𝐹𝑦𝑎 = 𝑚𝑎 (𝑎𝑔 )𝑦𝑎 (8) (Equação do somatório no eixo Y para o avião);

𝑁𝐴 − 𝑃𝐴 = 0

𝑁𝐴 = 𝑃𝐴
˖ ↑ Ʃ𝐹𝑦ₜ = 𝑚ₜ(𝑎𝑔 )𝑦ₜ (9) (Equação do somatório no eixo Y para o trator);

𝑁𝑇 − 𝑃𝑇 = 0

𝑁𝑇 = 𝑃𝑇

˖ → Ʃ𝐹𝑥𝑎 = 𝑚𝑎 (𝑎𝑔 )𝑥𝑎 (10) (Equação do somatório no eixo X para o avião);

𝑇 + (𝐹𝑎𝑡)ₐ = 𝑚ₐ(𝑎𝑔 ) → 𝑝𝑜𝑖𝑠: (𝑎𝑔 ) = (𝑎𝑔 )𝑦𝑎 = (𝑎𝑔 )𝑥𝑎

𝑇 + (µ𝑁𝐴) = 𝑚ₐ(𝑎𝑔 )

𝑇 + (µ𝑃𝐴) = 𝑚ₐ(𝑎𝑔 )

𝑇 + (µ𝑚ₐ𝑔) = 𝑚ₐ(𝑎𝑔 ) (11)

𝑇 + (𝐹𝑎𝑡)ₜ = 𝑚ₜ(𝑎𝑔 ) → 𝑝𝑜𝑖𝑠: (𝑎𝑔 ) = (𝑎𝑔 )𝑦𝑎 = (𝑎𝑔 )𝑥𝑡

𝑇 + (µ𝑁𝑇) = 𝑚ₜ(𝑎𝑔 )

𝑇 + (µ𝑃𝑇) = 𝑚ₜ(𝑎𝑔 )

𝑇 + (µ𝑚ₜ𝑔) = 𝑚ₜ (𝑎𝑔 ) (12)

Substituindo a equação (11) na (12):

𝑚ₐ(𝑎𝑔 ) − (µ𝑚ₐ𝑔) + (µ𝑚ₜ𝑔) = 𝑚ₜ(𝑎𝑔 )

(µ𝑔)(𝑚ₜ − 𝑚ₐ) = (𝑎𝑔 )(𝑚ₜ − 𝑚ₐ)

(𝑚𝑡− 𝑚𝑎 )
(µ𝑔) = (𝑎𝑔 )
(𝑚𝑡− 𝑚𝑎 )

(µ𝑔) = (𝑎𝑔)

Sendo assim, com esse resultado obtido é possível concluir que o trem de pouso
dianteiro do avião não sairá do chão, isso porque a aceleração do centro de massa do trator
é proporcional ao coeficiente de atrito. Isso significa que quanto maior a aceleração do centro
de gravidade, maior será o coeficiente de atrito, fazendo com que ele fique no chão. Então,
o avião irá para direita em linha reta.
3.2 Problema Computacional 12.C4 - Beer 9ª ED.

Enunciado (retirado do livro):

Figura 6 - Imagem de apoio para o problema computacional. Retirada do livro.

O primeiro passo para a resolução do problema é desenhar o diagrama de corpo livre do


sistema. Assumindo que o bloco esteja em repouso em relação a placa, e usando a segunda
lei de Newton, tem-se:

∑𝑭 = 𝑚𝒂 (3)
Figura 7 – Diagrama de forças para o bloco em questão.

Em que R é a resultante entre as forças de atrito e a normal, Φ é o ângulo entre a força


R e a normal ao bloco.

Fazendo o triângulo de forças, resulta:

Figura 8 – Triângulo de forças.

Usando a imagem acima como referência, pode-se escrever que:


𝑚.𝑔 𝑔.𝜌 𝑔.𝜌 𝑔
𝑇𝑎𝑛 (φ − θ) = 𝑚.𝑎 = 𝑣2
= 𝜌2 .𝑟𝑜𝑡 2 = 𝜌.𝑟𝑜𝑡 2 (13)
𝑛

Porém, a velocidade linear se relaciona com a velocidade angular por meio da relação:
v= 𝜌. 𝑟𝑜𝑡, em que 𝜌 é o raio de giro e “rot” é a rotação.

𝜌=(0,65-0,25.sen(θ)).
Voltando à resolução com os novos dados:

9.81
𝑇𝑎𝑛 (φ − θ) = (14)
(0,65 − 0,25. 𝑠𝑒𝑛(θ). 𝑟𝑜𝑡2 )

Aplicando a função tangente inversa, tem-se:

9.81
Φ = θ + 𝑇𝑎𝑛−1 ( ) (15)
(0,65 − 0,25. 𝑠𝑒𝑛(θ). 𝑟𝑜𝑡 2 )

O bloco não deslizará para valores de Φ compreendidos entre 0 < Φ < Tan (µ), em que
‘µ’ é o coeficiente de atrito estático.
Como o valor do coeficiente estático na questão vale 0,35, foi obtida a seguinte relação
para o ângulo Φ máximo:
0 < Φ < 19,29°.

Ou seja, para resolver a questão, foi desenvolvido um código no MatLab que testa todos
os valores de ângulos entre 0 e 180° na equação (15) e faz a checagem com o intervalo
máximo calculado acima.
A implementação e os resultados encontram-se em anexo.
ANEXO I

%UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO


%CENTRO ACADEMICO DO AGRESTE

%PARAMETROS E VARIAVEIS AUXILIARES UTILIZADAS


i=1;
deslizatudo=0;
angulo=0;
rot=input('Digite o valor da rotação: \n');
fprintf('Com a rotação de %d rad/s não acontece deslizamento para os
seguintes valores: \n',rot);

%A IDEIA É USAR A EQ(15) DESENVOLVIDA NA TEORIA E TESTAR VALORES


%PARA O ANGULO TETA.

while angulo<=90
teta=angulo*pi/180;
l=(9.81/((0.65-0.25*sin(teta))*(rot*rot)));
atan=(9.81/((0.65-0.25*sin(teta))*(rot*rot)));
graus=180*atan/pi;
fi=(90-angulo)+ graus;
if fi<19.39 %Nessa parte iremos verificar se o bloco irá deslizar!
naodesliza(i)=angulo;
fprintf('%d graus\n',angulo);
end
angulo=angulo+1;
i=i+1;

end

%angulos maiores que 90


k=1;
angulo=91;
while angulo<=180
teta=angulo*pi/180;
l=(9.81/((0.65-0.25*sin(teta))*(rot*rot)));
atan=(9.81/((0.65-0.25*sin(teta))*(rot*rot)));
graus=180*atan/pi;
ficima=(180-angulo)+ graus;
if ficima<19.39 %Nessa parte iremos verificar se o bloco irá deslizar!
naodeslizacima(k)=angulo;
fprintf('%d graus\n',angulo);
end
angulo=angulo+1;
k=k+1;
end
ANEXO II
IMPLEMENTAÇÃO DO CÓDIGO PARA A ROTAÇÃO DE 14 RAD/S

IMPLEMENTAÇÃO DO CÓDIGO PARA A ROTAÇÃO DE 2 RAD/S, ONDE É


POSSÍVEL OBSERVAR QUE ACONTECE DESLIZAMENTO PARA QUALQUER
VALOR DO ÂNGULO.

Você também pode gostar