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ÉTICA DO ADVOGADO: DOS DEVERES DO ADVOGADO

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Andréia Silva de Oliveira
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Ana Maria

SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO; 2 DEFINIÇÃO DE ÉTICA; 3 CONCEPÇÕES DE ÉTICA E O


EXERCICIO DA ADVOCACIA; 4 DEVERES DO ADVOGADO; 5 CONCLUSÃO;
REFERÊNCIAS.

RESUMO

O presente estudo tem como finalidade explanar a respeito da ética no âmbito dos
direitos e deveres do advogado no exercício da profissão, enquanto pressuposto
indispensável na ordenação dos seus atos, que em seu bojo quer demonstrar como
suas atividades são tendentes à concretização do bem-estar social coletivo e
individual, na garantia da prestação de um serviço digno, justo e honesto, dado à
amplitude de seus efeitos. Parte de uma reflexão a respeito do conceito e utilização
do termo ética, tendo como base o entendimento acerca dos princípios éticos
constitucionais, verificando como o advogado está inserido nesse contexto, num viés
hermenêutico, e por meio também de um ponto de vista histórico, cultural,
neoparadigmático e evolutivo. Dessa forma, há a necessidade de efetivação do agir
eticamente e com profissionalismo dentro de um Estado Democrático, que carrega
consigo princípios que norteiam as condutas de todos nas variadas as esferas da
Administração Pública e privada, onde será observada a finalidade e o compromisso
que esse Estado assegura aos preceitos constitucionais básicos inerentes a figura
essencial desse advogado enquanto elemento integrante desta mesma sociedade
capitalista e mercantilizada.

PALAVRAS-CHAVES: ADVOGADO. DEVERES. DIREITOS. ÉTICA. PRINCÍPIOS.

ABSTRACT
The present study aims to explain ethics in the scope of the rights and duties of the lawyer in the
practice of the profession, as an indispensable presupposition in the ordering of his acts, which in
his head wants to demonstrate how his activities are conducive to the realization of well-being
social and collective, in the guarantee of the provision of a decent, fair and honest service, given
the magnitude of its effects. Part of a reflection on the concept and use of the term ethics, based
on the understanding of constitutional ethical principles, checking how the lawyer is inserted in
that context, a hermeneutical bias, and also from a historical, cultural point of view ,
neoparadigmatic and evolutionary. Thus, there is a need to act ethically and with professionalism
within a democratic state, which carries with it principles that guide the conduct of all in the
various spheres of public and private administration, where the purpose and commitment will be
observed. State asserts to the basic constitutional precepts inherent to the

1 Graduanda do curso de Bacharelado em Direito pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB.


2 Professora do componente curricular Ética Profissional da UNEB.
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essential figure of this lawyer as an integral element of this same capitalist and commodified
society.

KEYWORDS: LAWYER. DUTIES. RIGHTS. ETHIC. PRINCIPLES.

1 INTRODUÇÃO
Os valores de comercialização das relações humanas, presentes na atual
conjuntura brasileira, têm oferecido para a nossa sociedade comportamentos, muitas
vezes pouco condizentes com os valores morais e éticos transmitidos culturalmente.
As pessoas decidem o que fazer avaliando os custos e os benefícios,
desvinculando-se do que seja agir eticamente, afastando-se sobremaneira de suas
próprias convicções morais e de dignidade da pessoa humana.
A partir daí surge a primordialidade dessa abordagem: é possível realmente
que os princípios éticos norteiem os direitos e deveres do advogado na atual
conjuntura econômica, política, social e democrática brasileira, consoante preceitua
a Carta Magna?
Partindo dessa problemática, há uma inquietação em verificar se o fato de que
o nosso Estado Democrático de Direito busca substância nos princípios éticos para
de fato nortear as ações dos advogados, garantindo que seus deveres sejam
cumpridos e seus direitos garantidos.
Por tal motivo, o objetivo é abordar a respeito dessa questão, trazendo para
esse contexto os princípios éticos constitucionais levando-se em consideração suas
influências na atual Constituição Federal. Igualmente, foi necessário, para a
construção deste trabalho, consultas à legislação nacional, sendo válidas as
referências consubstanciadas na Carta Magna, baseando-se das interpretações
jurisprudenciais e doutrinárias, fundamentais para acrescentar ao trabalho um maior
esclarecimento a respeito do que foi proposto.
Por conseguinte, a relevância do tema justifica-se através da defesa do direito
que deve estar cometida a profissionais capazes e idôneos, para o exercício da
advocacia. Estes profissionais devem seguir os princípios ético-profissionais
previstos no Código de Ética da OAB, para assim contribuírem de forma eficaz na
administração da justiça e na aplicação do Direito.
Enfim, a discussão se apresenta em meio a assuntos de extrema relevância
como é o caso das concepções de ética e seus princípios, o Código de Ética, Estatuto
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da Ordem dos Advogados do Brasil, que trazem em seu bojo disposições acerca
desse entendimento.

2 DEFINIÇÃO DE ÉTICA
A ética encontra na mais robusta fonte de inquietações humanas o alento para
sua existência. É na balança ética que se devem pesar as diferenças de
comportamentos, para medir-lhes a utilidade, a finalidade, o direcionamento, as
consequências, os mecanismos, os frutos, etc. Leonardo Boff assevera de modo
conciso que ética “é um conjunto de valores e princípios, de inspirações e indicações
que valem para todos, pois estão ancorados na nossa própria humanidade” (BOFF,
2003, p.1).
Tradicionalmente, entende-se por ética o estudo ou uma reflexão, científica ou
filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações
humanas. Mas também chamamos de ética a própria vida, quando conforme aos
costumes considerados corretos. A ética pode ser o estudo das ações ou dos
costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento.
A Ética, enquanto ramo do conhecimento, tem por objeto o comportamento
humano do interior de cada sociedade. O estudo desse comportamento, com o fim
de estabelecer os níveis aceitáveis que garantam a convivência pacífica dentro das
sociedades e entre elas, constitui o objetivo da ética.
Atualmente, a ética é compreendida como parte da Filosofia, cuja teoria
estuda o comportamento moral e relaciona a moral como uma prática, entendida por
Cortella (2007, p. 103) como o “exercício das condutas”. Além disso, é entendida
como um tipo ou qualidade de conduta que é esperada das pessoas como resultado
do uso de regras morais no comportamento social.
Para Bittar, a ação moral tem que ver com uma determinada forma de se
conduzir atitudes de vida, onde uma única atitude não traduz a ética de uma pessoa,
é imprescindível a observação de seus diversos traços comportamentais.
Para o referido autor, a ética demanda do agente: conduta livre e autônoma,
conduta dirigida pela convicção pessoal, conduta insuscetível de coerção. Considerando
isto, Bittar afirma que os estudos histórico e etimológico do termo "ética" revelam que
éthos está revestido de ambiguidades, o que toma a própria discussão
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da matéria também aberta: éthos (grego, singular) é o hábito ou comportamento


pessoal, decorrente da natureza ou das convenções sociais ou da educação; éthe
(grego, plural) é o conjunto de hábitos ou comportamentos de grupos ou de uma
coletividade, podendo corresponder aos próprios costumes.
José Renato Nalini, define ética como a ciência do comportamento moral dos
homens em sociedade. Considera ciência porque possui objeto próprio, leis próprias
e método próprio na identificação do caráter científico de um determinado ramo do
conhecimento. Onde a moral é o objeto da ética e um dos aspectos do
comportamento humano. Com ênfase maior, o autor afirma que o objeto da ética é a
moralidade positiva, isto é, o conjunto de regras de comportamento e formas de vida
através das quais tende o homem a realizar o valor do bem.
Por fim, Nalini define ética como uma disciplina normativa, não por criar
normas, mas por descobri-las e elucidá-las. Onde seu conteúdo mostra às pessoas
os valores e os princípios que devem nortear a sua existência.
Adentrando a distinção da ética como saber da ética como prática, tem-se que a
primeira estuda a ação humana, como já fora dito, e a segunda, consiste na atuação
concreta e conjugada da vontade e razão que, para Bittar, é simplificado da seguinte
maneira: "A prática ética deve representar a conjugação de atitudes permanentes de
vida, em que se construam interior e exteriormente atitudes gerenciadoras pela razão e
administradas perante os sentidos e os apetites". (BITTAR, 2000). Ou seja, o autor
demonstra que o programa ético é o correspondente guia da ação moral.
Nesse sentido, a moral pode ser considerada o conteúdo da especulação ética,
pois, para o referido autor, trata-se do conjunto de hábitos e prescrições de uma
sociedade. Portanto, não é aconselhável desvincular a ética da moralidade, pois esse
é seu o instrumento de avaliação e crítica. Bittar conclui "A ética deve, com suas
contribuições, tender a fortalecer ainda mais a moral, e isso porque de seus juízos,
proposições, sentenças e afirmações científicas podem resultar aperfeiçoamentos
práticos substanciais para o que efetivamente se pensa e se faz quotidianamente. E
não é excessivo dizer que, feitas essas distinções, deve-se perceber que a interação
do saber ético com a prática ética deve ser intensa. Isso porque a ética demanda
mais que puro discurso, mais que teoria, pois requer prática." (BITTAR, 2000).
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3 CONCEPÇÕES DE ÉTICA E O ADVOGADO


Ética enquanto concepção emerge desde o início da humanidade, devido à
necessidade de se estabelecer regras de conduta condizentes com a pacificação
das relações humanas, pautadas em normas que norteiam os comportamentos dos
indivíduos, aparecendo então como elemento norteador do comportamento humano
em sociedade.
Estudos antropológicos associam o sentido do termo ética, historicamente aliado
à cultura, afastando-se da ideia de costumes perpetuados, vinculando-a a fatores
relevantes, onde as diferenças de tempo e espaço são capazes de tornarem-se
extrínsecas e ordenar o convívio social com ausência de preconceitos.
De acordo com BITTAR (2013),
a ética se constitui somente de dados culturais extrínsecos a
capacidade racional de todos os individuais resistirem às formas
habituais de proceder ao humano, à ética esta destituída de toda
forma de criatividade e inovação na condução da ação humana, a
ética possua o mesmo significado da cultura, a ética não seja passiva
de romper e trazer um novo modelo ou um novo padrão de conduta
entre os homens, do que se praticou ou se praticava no passado.
(BITTAR, 2013)

A história da formação da humanidade, no sentido étnico e de civilização,


carrega consigo uma herança ética, associada à percepção de mundo, direcionando
as escolhas que nem sempre serão iguais. Sendo aceitável que a gênese da ética,
aqui valor social norteador do comportamento humano, está intrinsecamente ligada
às influencias culturais trazidas pela experiência de vida. E podemos ir além quando
associamos também a valores morais, numa necessidade de buscar um mundo mais
justo e honesto.
Eticamente estabelecem-se princípios que pesarão na capacidade criadora do
ser humano quanto às decisões de não viver a sua maneira, mas, pelas ações e
escolhas realizadas, consoante ao bem estar coletivo, no intuito de direcionar o
comportamento das pessoas, conectados a ideia de educação que temos hoje. Na
concepção de CHAUI (2000, p. 347-348) “Ética, é essa educação da vontade pela
razão para vida justa, bela e feliz da qual estão destinados por natureza”.
Para haver ética no exercício da profissão da advocacia são necessários
profissionais preparados, conscientes conhecedores e respeitadores das diferenças,
que saibam distinguir entre o certo e o errado, o permitido e o proibido. Isto porque o
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advogado exerce funções essenciais na vida de todos, principalmente no tocante à


resolução de conflitos, coações humanas das piores espécies, dentre outros aspectos.
As regras encontradas no Estatuto asseveram que
‘“o advogado deve proceder de forma que torne merecedor de
respeito e que contribuía para o prestígio da Classe e da advocacia’,
o Estatuto, estabelece a diretriz de conduta do profissional de Direito.
Isso porque se sobressai, na relação do cliente com o advogado, um
valor fundamental que é a confiança, a fidúcia que emerge o
mandato, para tratar de um interesse jurídico, inserindo-se poderes
para postular, recorrer, transigir, desistir, receber, dar quitação, enfim,
todos os meios necessários para boa e fiel representação em juízo,
ou mesmo fora dele. A valorização dessa confiança decorre da
atuação pontual, de dedicação combativa e obstinada, sem abdicar
da nobreza na conduta, de forma a granjear o respeito do cliente, e
por consequência, o prestigio da profissão.” (MARTINS NETO, 2007)

Diante do exposto, compreendemos que o advogado possui um papel de


extrema importância para a sociedade, devendo ser um alicerce para a preservação
da ordem, assim como um escudo dos cidadãos, a fim de que lhes seja preservado
os direitos reservados na Constituição Federal e demais leis.
O advogado deve zelar pela cultura ética e moral de sua atividade, assim
como as demais carreiras jurídicas também deverão ser e zelar pela boa conduta.
Antes de mais nada ele é o auxiliar da justiça.
Como preleciona Helmo Freitas,
“...a ética não é prerrogativa apenas do advogado, mas de todos os
profissionais que laboram arduamente com o objetivo de obterem seu
sustento e, indo além, ética é um dever de todos, pois dependemos
dela – ou deveríamos depender – em nossas relações não apenas
profissionais, mas também humanas. É um conceito que deve
permear toda a sociedade, independentemente de classeprofissional,
social, sexo ou credo. ”

Assim o que se espera dos novos e futuros advogados será sempre uma
conduta ilibada, prestigiando o que a Constituição Federal proporcionou: ser
essencial para a administração da justiça. Como auxiliares e cidadãos essenciais
para a administração da justiça, os advogados deverão buscar sempre através do
respeito, o zelo, a melhor interpretação da lei, para que de fato se faça justiça.
Enfim, a ética profissional do advogado consiste, portanto na persistente
aspiração de amoldar a sua conduta, sua vida, aos princípios básicos dos valores
culturais de sua missão e seus fins, em todas as esferas de suas atividades.
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Portanto, podemos concluir que a ética disciplina o comportamento do


homem, quer o exterior e social, quer o íntimo e subjetivo. Prescreve deveres para
realização de valores. Não implica apenas em Juízos de valor, mas impõe uma
diretriz considerada obrigatória pela sociedade.

4 DOS DEVERES DO ADVOGADO


O Código de Ética direciona o comportamento das pessoas, pois elas agem
de acordo com os seus princípios e seus valores morais. Na esfera do
comportamento profissional e social esse mesmo código diz que os advogados
devem agir, com dignidade, decoro, zelo e eficácia, para preservar a honra de sua
atividade com probidade e moralidade. Sendo seu dever ser cortês, atencioso,
respeitoso com os que buscam seus serviços.
Trazer à baila esse entendimento é pertinente diante da significação dos seus
direitos e deveres, como também seus reflexos na esfera social, de modo que a
probidade, a moralidade e equidade devem incorporar a conduta mais ínfima do
advogado, de modo a evitar ilícitos e comportamentos ímprobos com a profissão, já
que a prestação de seus serviços está balizada na objetividade, formalidade e
materialidade.
Dessa forma, é cediço que todo o advogado deverá exercer sua atividade de
maneira leal, atendendo aos interesses do seu cliente, sem descuidar-se da ética, do
conteúdo legal e acima de tudo da moral, pois o advogado é um auxiliar da justiça,
portanto também deverá zelar pela mesma.
Por isso o artigo 31 do Estatuto da Ordem, em seu caput, traz que o
advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que
contribua para o prestígio da classe e da advocacia, como também elenca em seus
parágrafos 1.º e 2.º que no exercício da profissão, deve manter independência em
qualquer circunstância e não deve recear de desagradar a magistrado ou a qualquer
autoridade, nem de incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no exercício
da profissão.
Como também aponta em seus Artigos 32 e 33 o seguinte:
Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício
profissional, praticar com dolo ou culpa.
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Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será


solidariamente responsável com seu cliente, desde que coligado com
este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação
própria. Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os
deveres consignados no Código de Ética e Disciplina.
Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do
advogado para com a comunidade, o cliente, o outro profissional e,
ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência
jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos procedimentos
disciplinares.

Importante dizer que muito embora o advogado esteja aliado ao caso de seu
cliente, ele tem o dever de zelar pela justiça acima de tudo, portanto não podendo,
por exemplo, ingressar com lide temerária. A esse respeito afirma Marin que:
Isso não quer dizer que pode ele agir contra o Estado de Direito ou
contra a letra da lei, propondo, por exemplo, uma lide temerária.
Neste caso, desde que coligado com a parte para lesar alguém, o
advogado será solidariamente responsável com seu cliente.

Além do presente Estatuto, o Código de Ética da Ordem dos Advogados traz


inúmeras lições sobre a conduta e imagem do advogado, devendo o mesmo
inclusive zelar por sua imagem.
Ademais para que o advogado possa exercer seu trabalho, agora já
adentrando ao Código de Ética, é necessário que o mesmo preencha os requisitos
do artigo 2º da lei citada, sendo um elemento indispensável à justiça, um verdadeiro
defensor do Estado Democrático de Direito, dos direitos humanos e garantias
fundamentais, da cidadania, da moralidade, da Justiça e da paz social, cumprindo-
lhe exercer o seu ministério em consonância com a sua elevada função pública e
com os valores que lhe são inerentes.
Enquanto deveres do advogado, o parágrafo único, do Art. 2.º, I a VII, do
Código de Ética, de modo taxativo, apresenta uma série deles, dentre estes:
preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando
pelo caráter de essencialidade e indispensabilidade da advocacia; atuar com
destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e
boa-fé; velar por sua reputação pessoal e profissional; empenhar-se,
permanentemente, no aperfeiçoamento pessoal e profissional; contribuir para o
aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; estimular, a qualquer tempo, a
conciliação e a mediação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a
instauração de litígios; e desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo
preliminar de viabilidade jurídica.
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Assim o advogado deve zelar por sua profissão, pelos seus representados,
pela justiça e acima de tudo pela norma legal. A ética é obrigação de todo
profissional, independentemente de sua classe.
Vale dizer ainda que tais deveres éticos não são meras sugestões de
prosseguimento e carreira. Na realidade são institutos legais que acaso sejam
descumpridas irão gerar para o profissional, infração disciplinar.
Por fim, ainda podemos conceber que dentro destes padrões/deveres éticos
do advogado, o mesmo deverá, com certeza, permanecer atualizado diante de fatos
referentes à sua profissão, como é o caso de novas concepções legislativas que vão
surgindo, estudando os novos mandamentos normativos à fim de prestar seu labor
com a máxima qualidade.
Daí a grande defesa a realização de um Exame da Ordem permanente, à fim
de que obrigue aos advogados passarem por uma reciclagem. Sobre isto, leciona
Marin:
“Por fim, o dever de permanente qualificação, realidade atualmente
encampada de forma ímpar pela Ordem dos Advogados do Brasil,
para o bom cumprimento do compromisso social do advogado. Bem
sabemos que a incompetência, infelizmente, pode causar muito mais
prejuízos sociais e individuais que a própria desonestidade, sendo
alguns irrecuperáveis.”

Os advogados devem manter posturas éticas, não infringir o que está previsto
no ordenamento jurídico vigente, uma vez que podem ser alcançados por isso, até
mesmo, exonerados dos cargos que ocupam, devem sim, agindo sob os preceitos
da moral e dos bons costumes, buscar preservar o bom rendimento nas suas
ocupações. Não pode beneficiar ou prejudicar alguém só porque esse alguém é seu
amigo ou não.
Uma vez que de acordo com o princípio da moralidade, deve existir a moral
nas relações humanas, ligando-se a à ideia de probidade e boa-fé, no intuito de
assegurar os bons costumes em suas ações. Pois ser ético é buscar um bem
comum, querer para o outro o que se deseja para si.

5 CONCLUSÃO
O tema abordado abrange a importância de compreender que o ser ético faz
a diferença em diversos setores da vida social, principalmente na seara profissional,
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mais precisamente na questão da prestação do serviço público harmônico e


igualitário, no intuito de preservar o bem social.
Levando a uma compreensão de que a ética não é apenas um elemento
estrutural de uma sociedade, que se assenta nas leis e normas escritas e não
escritas, ela requer a capacidade crítica de pensar sobre o processo de descobrir ou
fazer associações, de presumir, de supor, de comparar, e de tantas outras questões
fundamentais para a construção do pensamento.
É um pensar não apenas para modelar indivíduos pela norma da
comunidade, mas de formar seres humanos livres e por isso os princípios éticos são
elementos norteadores de nossa Carta Magna.
Por estas características, acreditamos que o presente trabalho demonstra sua
importância salutar para os estudantes de Direito e demais profissionais na área
jurídica, dando-lhes de forma clara os subsídios fundamentais para a compreensão
dos mecanismos de atuação dos mecanismos éticos na profissão do advogado,
através de uma linguagem acessível, alcançando o máximo de compreensão,
abrindo os nossos olhos acerca das novas realidades sobre o tema em questão,
num caminho de formação de consciência crítica.
Enfim, acreditamos que a preocupação do advogado deve ser com o
cumprimento do ser ético em sua seara profissional e pessoal, pois assim é possível
contribuir para o crescimento de uma sociedade que grita por transparência, com
trabalhos éticos e honestidade por parte de todos que de alguma forma fazem parte
de um bem maior, a garantia da harmonia social e cidadania. Assim, esse entender
produzirá a pertinente reflexão da emergente necessidade de associar os atributos
éticos aos deveres do advogado, no cotidiano de seus labores e atitudes, como ser
social.

REFERÊNCIAS

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