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Apropriação de crédito na aquisição de bens

para o Ativo Imobilizado


Resumo:
Estudaremos neste Roteiro alguns procedimentos relacionados ao Ativo Imobilizado e suas
peculiaridades, tais como registro de sua aquisição, as situações em que o contribuinte poderá efetuar o
crédito fiscal destacado em Nota Fiscal, Nota Fiscal de crédito do ICMS mensal, inclusive as regras de
escrituração do Controle de Crédito de ICMS do Ativo Permanente (CIAP). Utilizaremos como base de
nossos estudos o Regulamento do ICMS do Estado de São Paulo.

1) Introdução:
O Ativo Imobilizado é formado por direitos que tenham por objeto bens corpóreos, adquiridos
por empresas comerciais ou industriais com a finalidade de permanecer no estabelecimento
por prazo indeterminado, devido à necessidade de sua utilização para consecução da atividade
fim.
Estes bens são caracterizados como Ativo Fixo quando têm vida útil superior a 1 (um) ano,
cabendo enfatizar a necessidade de sua utilização nos negócios da empresa, ou seja, não se
destinando à comercialização.
Além disso, o Ativo Imobilizado, quando atendidos alguns requisitos da norma tributária serão
considerados para efeito do crédito fiscal de ICMS (Em vigor desde 01/11/1996), dentre eles,
destacamos que, para fazer jus ao crédito do ICMS o bem deverá participar da industrialização
ou da comercialização de mercadorias com saídas tributadas. Não poderá, por exemplo, valer-
se de créditos sobre móveis, equipamentos e máquinas utilizados na área administrativa,
embora usualmente sejam classificados como Ativo Fixo.
Estudaremos neste Roteiro alguns procedimentos relacionados ao Ativo Imobilizado e suas
peculiaridades, tais como registro de sua aquisição, as situações em que o contribuinte poderá
efetuar o crédito fiscal destacado em Nota Fiscal, Nota Fiscal de crédito do ICMS mensal,
inclusive as regras de escrituração do Controle de Crédito de ICMS do Ativo Permanente
(CIAP). Utilizaremos como base de nossos estudos o Regulamento do ICMS do Estado de São
Paulo.
Base Legal: Artigos 20 e 33, III da Lei Complementar nº 87/1996 e; Decreto nº 45.490 de 30/11/2000
(RICMS/2000-SP).

2) Conceito:

2.1) Ativo Imobilizado:


Antes de qualquer coisa, cabe nos observar que a legislação do ICMS do Estado de São Paulo
não definiu o conceito de bem do ativo imobilizado, todavia, a administração tributária deste
Estado já se manifestou no sentido que deve ser utilizado o conceito contábil de Ativo
Imobilizado. Dentre as diversas manifestações do Fisco paulista, podemos citar trechos da
Descisão Normativa CAT nº 2/2000, que bem esclarece o assunto:
Decisão Normativa CAT nº 2/00

(...)
3. E, considerando que a legislação tributária deste Estado não estabeleceu nenhum conceito
de tais termos, mesmo porque há disposição expressa no artigo 110 do Código Tributário
Nacional em sentido contrário – 'a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o
alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado' – devemos buscá-lo nos artigos 178
e 179 da Lei 6.404/76 (conceito contábil).
4. Assim, o Ativo Permanente está 'dividido em investimentos, ativo imobilizado e ativo diferido'
(artigo 178, § 1º, alínea 'c').
5. E, no Ativo Imobilizado, ao que aqui nos interessa, serão classificados os 'direitos que
tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa,
ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial' (artigo 179, inciso IV).
6. 'Desta definição, subentende-se que neste grupo de contas do balanço são incluídos todos
os bens de permanência duradoura, destinados ao funcionamento normal da sociedade e do
seu empreendimento, assim como os direitos exercidos com essa finalidade' ('in' Manual de
Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI – Editora Atlas, 1985, pág. 198).
7. Por sua vez, no Ativo Imobilizado estão os Bens Fixos, que 'são aqueles que representam
capitais aplicados pela empresa em caráter permanente ou quase permanente e destinados a
constituir os meios de produção, com os quais as empresas atingem seu fim', conforme nos
ensina Hilário Franco ('in' Contabilidade Industrial – Editora Atlas).
(...)
9. Não obstante esses diversos termos possuam significados distintos, em termos contábeis,
no cotidiano e em diversas legislações, e até em decisões emanadas do Poder Judiciário,
costuma-se empregá-los como se fossem sinônimos.
(...)

Desta forma, concluímos que, o Ativo imobilizado é representado pelos direitos que tenham por
objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou empresa ou
exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à
companhia os benefícios, riscos e controle desses bens, assim entendido os de propriedade
industrial ou comercial. Podemos citar como exemplo de Ativo Imobilizado os seguintes bens:
a. Benfeitorias em propriedades arrendadas;
b. Computadores;
c. Móveis e Utensílios;
d. Veículos;
e. etc...
Os bens imóveis, tais como galpão, terreno, escritório, também podem ser classificados como
bens do ativo imobilizado, todavia, somente é relevante para o presente Roteiro aqueles que se
caracterizem também como bens móveis e que por essa característica estejam sujeitos à
incidência do ICMS.
Portanto, para determinação do tratamento tributário aplicável às operações com ativo
imobilizado, deve ser observada a definição contábil de Ativo Imobilizado.
Base Legal: Artigo 179, IV da Lei nº 6.404/1976; Decisão Normativa CAT nº 1/2000 e; Descisão Normativa CAT
nº 2/2000.

3) Entrada de bens para o Ativo Imobilizado:


As empresas ao adquirirem bens para seu Ativo Imobilizado destinados à utilização na
comercialização ou industrialização de mercadorias que, serão objetos de saídas tributadas,
farão jus ao crédito do ICMS incidentes na aquisição dos mesmos. Para tanto, serão
considerados o ICMS efetivamente pago no Estado de origem, devidamente destacado em
Nota Fiscal, e o Diferencial de Alíquota pago para o Estado de destino, este quando aplicável.
3.1) Diferencial de Alíquota:
Prescreve o Regulamento do ICMS de São Paulo que nos casos de aquisição interestadual,
realizada por contribuinte do imposto, de bens destinados ao ativo imobilizado do
estabelecimento, será devido, no momento da entrada do bem, o ICMS sobre a diferença da
alíquota interestadual e a aplicada no Estado de destino, o denominado "Diferencial de
Alíquota", ressalvados os casos de isenções expressamente previstas em Lei.
A título de exemplificação, suponhamos que determinada empresa localizada no Estado de
São Paulo adquira uma "máquina de prensar" por R$ 200.000,00 de um fornecedor localizado
no Estado de Minas Gerais, assim, nesta hipótese, teríamos o seguinte cálculo do Diferencial
de Alíquota:
Valor Total do Bem R$ 200.000,00

Alíquota Interestadual 12%

ICMS relativo a Alíquota Interestadual R$ 24.000,00

Alíquota Interna (SP) 18%

ICMS relativo a Alíquota Interna R$ 36.000,00

Diferencial de Alíquota 6%

ICMS relativo ao Diferencial de Alíquota R$ 12.000,00

O ICMS-Diferencial de Alíquota será apurado através da conta gráfica do contribuinte, ou seja,


o adquirente do bem destinado ao ativo imobilizado escriturará em seu Livro Registro de
Apuração, no período em que a mercadoria entrar em seu estabelecimento, da seguinte forma:
a. Como crédito, no quadro "Crédito do Imposto - Outros Créditos", com a expressão "Inciso
I do Art. 117 do RICMS", o valor do imposto pago em outro Estado, relativo à respectiva
operação; e
b. Como débito, no quadro "Débito do Imposto - Outros Débitos", com a expressão "Inciso II
do Art. 117 do RICMS", o valor do imposto decorrente da aplicação da alíquota interna
sobre a base de cálculo correspondente à operação de aquisição.
Como podemos observar, o valor do "Diferencial de Alíquota" fará parte do ICMS calculado no
período de apuração correspondente ao da entrada do bem no estabelecimento, juntamente
com os outros créditos e débitos apurados pela empresa.
O contribuinte deverá, ainda, observar as seguintes disposições previstas no Regulamento do
ICMS do Estado de São Paulo:
a. A Nota Fiscal de aquisição do bem será escriturado no Livro Registro de Entradas,
devendo ser anotado, na coluna "Observações", o valor correspondente ao "Diferencial de
Alíquota", com a utilização das colunas sob os títulos "ICMS - Valores Fiscais" e
"Operações ou Prestações sem Crédito do Imposto";
b. Em havendo devolução do bem, o valor do imposto lançado a débito na apuração deverá
ser lançado como crédito no quadro "Crédito do Imposto - Estornos de Débitos", do Livro
Registro de Apuração do ICMS, com a expressão "§ 3º do Art. 117 do RICMS"; e
c. Na hipótese de o remetente do bem localizado em outro Estado estar sujeito ao Simples
Nacional, o contribuinte paulista deverá escriturar em seu Livro Registro de Apuração do
ICMS, no período em que o bem tiver entrado:
i. Como crédito, no quadro “Crédito do Imposto - Outros Créditos”, com a expressão “Inciso
II do Art. 117 do RICMS”, o valor do imposto resultante da aplicação da alíquota
interestadual de 12% (doze por cento) sobre a base de cálculo correspondente à
respectiva operação ou prestação; e
ii. Como débito, no quadro “Débito do Imposto - Outros Débitos”, com a expressão “Inciso II
do Art. 117 do RICMS”, o valor do imposto decorrente da aplicação da alíquota interna
sobre a base de cálculo correspondente à operação ou prestação aludida no item 1.
Nota Tax Contabilidade:
(1) As empresas paulistas optantes pelo Simples Nacional ao adquirirem de outro Estado
mercadoria destinada ao seu ativo imobilizado, também deverão recolher o Diferencial de
Alíquota, desde que a alíquota interna do ICMS seja superior à interestadual. Porém, o
recolhimento será realizado mediante GARE-ICMS, até o último dia útil da primeira quinzena
do mês subseqüente ao da entrada.

Base Legal: Artigo 2º, VI e § 5º, 115, XV-A e 117 do RICMS/2000-SP.

4) Crédito Fiscal:
Desde a publicação da Lei Complementar nº 102/2000, o registro do crédito fiscal do ICMS
relativo à compra de bem para fazer parte do Ativo Imobilizado é efetuado de forma fracionada,
ou seja, 1/48 (um, quarenta e oito avos) por mês ou outro período de apuração previsto na
legislação, caso o contribuinte venha a utilizá-lo na comercialização, industrialização ou
prestação de serviços tributados, ou operações não tributadas em que haja expressa previsão
de manutenção do crédito do imposto, conforme entendimento já manifestado pela Consultoria
Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo:
Decisão Normativa CAT nº 1, de 25/04/2001 - (DOE de 27/04/2001)

Entende a Consultoria Tributária, com fundamento no artigo 20 da Lei Complementar nº 87/96


(artigo 38 da Lei nº 6.374/89), que dão direito a crédito do valor do ICMS apenas os bens
relacionados à produção e/ou comercialização de mercadorias ou a prestação de serviços
tributadas pelo ICMS, ou seja, quando se tratar dos chamados bens instrumentais, vale dizer,
bens que participem, no estabelecimento, do processo de industrialização e/ou comercialização
de mercadorias ou da prestação de serviços. Neste particular, recomenda-se a leitura da
Decisão Normativa CAT nº 2, de 7 de novembro de 2000, que bem delineou os aspectos
conceituais da dicção ativo permanente.
(...)
Nota 2 : com as alterações da Lei Complementar nº 87/96, introduzidas pela Lei Complementar
nº 102/2000, foi baixada a Lei nº 10.699, de 19 de dezembro de 2000, estabelecendo, entre
outras situações, que a partir das entradas no estabelecimento do contribuinte que tenham
ocorrido ou venham a ocorrer a partir de 1º de janeiro de 2001, o crédito do valor do ICMS
referente a mercadorias destinadas ao ativo permanente será efetuado parceladamente ao
longo de 48 (quarenta e oito) meses (vide artigo 61, § 10, do RICMS).
O valor do crédito a ser apropriado, em cada período de apuração, será obtido multiplicando-se
o valor total do respectivo crédito, segundo o valor constante no documento fiscal
escriturado/lançado no livro Registro de Entradas (sem direito a crédito do imposto), como
também o valor correspondente ao diferencial de alíquota (aquisições de ativo permanente em
operações interestaduais) recolhido na forma regulamentar (artigo 117 do RICMS), pelo fator
igual a 1/48 (um quarenta e oito avos) da relação entre o valor das operações de saídas e
prestações tributadas e o total das operações de saídas e prestações do período, equiparando-
se às tributadas, para esse fim, as saídas ou prestações que tiverem destinado mercadorias ou
serviços ao exterior e as operações ou prestações isentas ou não-tributadas com previsão legal
de manutenção de crédito.
Para fins de apuração dos valores das operações de saídas e prestações, devem ser
computados apenas os valores das saídas que afiguram caráter definitivo, ou seja, que
transferem a titularidade, devendo ser desconsideradas as saídas provisórias, tais como
remessa para conserto, para industrialização, as quais não reduzem estoques, constituem
simples deslocamentos físicos, sem implicações de ordem patrimonial.
(...)

A apropriação da primeira parcela do crédito, calculada à razão de 1/48, deverá ter início no
mês em que ocorrer a entrada do bem no estabelecimento do contribuinte, sendo que, o
quociente (1/48 avos) será proporcionalmente aumentado ou diminuído "pro rata die", caso o
período de apuração seja superior ou inferior a 1 (um) mês.
Relembramos, também, que a Consultoria Tributária já se manifestou no sentido de que os
bens utilizados exclusivamente nas áreas administrativas da empresa, não geram direito ao
crédito do ICMS. Apenas geram direito ao crédito os bens que venham a ser utilizados na
comercialização, industrialização ou prestação de serviços tributados pelo imposto.
Nota Tax Contabilidade:
(2) Os bens imóveis não geram crédito do ICMS, pois estão fora do campo de incidência deste
imposto.
Base Legal: Lei Complementar nº 102/2000; Artigo 61, § 10 do RICMS/2000-SP e; Descisão Normativa CAT nº
02/2000.

4.1) Vedação ao Crédito:


Salvo disposição expressa em contrário, quando a legislação prevê a manutenção do crédito
por exemplo, é vedado o crédito fiscal relativo à bem entrado ou adquirido para compor o Ativo
Imobilizado e ao serviço tomado, quando:
a. alheios à atividade do estabelecimento;
b. previsivelmente, sua utilização relacionar-se exclusivamente com mercadoria ou serviço
objeto de operações ou prestações isentas ou não tributadas, salvo quando houver
expressa autorização de manutenção de crédito; e
c. em qualquer hipótese em que o bem deixar de ser utilizado no estabelecimento para o fim
a que se destinava, antes de decorridos o prazo de 1/48 ou proporção (períodos de
apuração diferente do mensal), a partir da data da ocorrência do fato, em relação à parcela
restante do crédito
Base Legal: Artigos 61, § 10 e 66, I, § 2º do RICMS/2000-SP.

4.1.1) Saídas Isentas ou Não Tributadas:


Conforme mencionado anteriormente, é vedado o crédito fiscal do ICMS se, previsivelmente, a
utilização do bem adquirido estiver relacionado exclusivamente com mercadoria ou serviço
objeto de operações ou prestações isentas ou não tributadas, salvo quando houver expressa
autorização de manutenção de crédito.
Desta forma, na hipótese de o contribuinte adquirir bem para utilização na comercialização ou
industrialização de produtos, bem como na prestação de serviços tributados e não-tributados
(ou isento), deverá ser utilizado uma equação que considere as saídas tributadas e não
tributadas e o total de saídas do período de apuração correspondente, para efeito de cálculo do
crédito a ser apropriado. Para efeitos práticos, sugerimos a seguinte equação:

Valor do Crédito = {[(a + b)/48] X [(d + f)/c]}, onde:

* "a" corresponde ao valor do ICMS constante no documento fiscal;


* "b" corresponde ao valor do ICMS correspondente ao Diferencial de Alíquota;

* "c" corresponde ao total de saídas ou prestações ("d" + "e" + "f");

* "d" corresponde ao valor das saídas ou prestações isentas ou não tributadas

com manutenção de crédito;

* "e" corresponde ao valor das saídas ou prestações isentas ou não tributadas; e

* "f" corresponde ao valor das saídas ou prestações tributadas ("c" - "d" - "e").

Detalhe importante podemos extrair desta equação, qual seja, para efeito de cálculo, serão
equiparadas às operações tributadas as saídas e prestações com destino ao Exterior, além das
saídas de papel destinados à impressão de livros, jornais e periódicos.
Base Legal: Artigo 20, caput, § 5º, incisos I a III da Lei Complementar nº 87/1996 e; Artigo 66, §2º do
RICMS/2000-SP.

4.2) Partes e peças destinadas à construção de bem para o Ativo


Imobilizado:
Nas aquisições de partes e peças destinadas à construção de um determinado bem para a
incorporação ao Ativo Imobilizado do contribuinte, não poderá ser efetuado crédito fiscal do
ICMS na fase pré-operacional deste bem. Desta forma, o crédito somente poderá ser admitido
no período de apuração em que o bem produzido for colocado em funcionamento.
Na escrituração do Livro Registro de Entradas das partes e peças será seguido as regras
abaixo tratadas, ou seja, as mesmas utilizadas para registro de Ativo adquirido pronto ao uso,
mas contabilmente, seu registro deverá ser feito de forma a possibilitar sua identificação como
componente do bem principal, ou seja, do Ativo Imobilizado, o qual, depois de concluída a fase
de sua industrialização, possa ter sua procedência legalmente comprovada.
Base Legal: Portaria CAT nº 41/2003.

4.3) Cálculo do Crédito Fiscal:


Veremos nesse sub-capítulo um exemplo de como efetuar o cálculo do valor do crédito do
ICMS relativo à aquisição de bens para o Ativo Imobilizado. Utilizaremos, como exemplo, a
empresa fictícia Vivax Indústria e Comércio de Eletrônicos Ltda., indústria de produtos
eletrônicos com sede no Município de Campinas, interior de São Paulo.
A Vivax adquiriu em 15/06/2X01 uma "máquina de prensar" pelo valor total de R$ 200.000,00
do fornecedor Tirex Máquinas Industriais Ltda, empresa localizado no Estado de Minas Gerais,
a Nota Fiscal que acompanhou a mercadoria até seu estabelecimento estava com destaque de
R$ 24.000,00 a título de ICMS e, além desse valor, a Vivax recolheu R$ 12.000,00
correspondente ao Diferencial de Alíquota da operação.
No período de apuração de junho de 2X01 a Vivax efetuou um total de R$ 1.000.000,00 em
saídas, tributadas e não tributadas, sendo esse valor, dividido em:
Operação Valor

Exportação R$ 150.000,00

Saídas no Mercado Interno R$ 600.000,00

Saídas Isentas R$ 250.000,00


Para o cálculo do valor do crédito a apropriar da "máquina de prensar", em junho de 2X01,
correspondente a primeira fração do 1/48, utilizaremos a equação tratada no sub-capítulo
anterior. Desta forma, considerando as informações apresentadas pela empresa Vivax,
teremos o seguinte cálculo:
Valor do Crédito = {[(a + b)/48] X [(d + f)/c]} =>

=> Valor do Crédito = {[(24.000,00 + 12.000,00)/48] X [(150.000,00 + 600.000,00)/1.000.000,00]}


=>

=> Valor do Crédito = {[36.000,00 / 48] X [750.000,00 / 1.000.000,00]} =>

=> Valor do Crédito = {750,00 X 0,75} =>

=> Valor do Crédito = R$ 562,50

Como podemos verificar, a parcela correspondente a 1/48 é de R$ 750,00, mas a Vivax poderá
se creditar no mês de junho de 2X01 de apenas R$ 562,50, o que corresponde a 75% daquele
valor. Lembramos, que o valor de R$ 562,50 não será fixo para as 48 parcelas, ou seja,
mensalmente a empresa deverá calcular o valor do crédito, levando-se em consideração às
saídas tributadas e não tributadas do período correspondente.

4.4) Emissão de Nota Fiscal:


O crédito fiscal decorrente da compra de bens para o Ativo Imobilizado será apropriado
mensalmente, por meio da emissão de Nota Fiscal de Entrada, Modelo 1, 1A ou 55 (NF-e).
Referida Nota Fiscal deverá conter, além dos requisitos mínimos para emissão de documentos
fiscais, as seguintes informações:
a. Como emitente, o próprio contribuinte;
b. Como Natureza da Operação: "Lançamento de Crédito - Ativo Imobilizado";
c. Como Código Fiscal de Operações ou Prestações (CFOP): "1.604";
d. Como Descrição do Produtos: "Crédito do Ativo Imobilizado relativo ao mês de MÊS/ANO
no valor de R$ XXX,XX"; e
e. Como valor total do ICMS, a soma de todos os valores calculados e apropriados
mensalmente como crédito no Quadro 5 do "Controle de Crédito de ICMS do Ativo
Permanente - CIAP", modelo D.
Todas as vias dessa Nota Fiscal deverão ser mantidas presas ao bloco, sem destacá-las ou,
no caso de Notas não confeccionadas em blocos, manter unidas todas as vias.
Tratando-se de produtor não equiparado a comerciante ou industrial, o crédito será feito
através de Nota Fiscal de Produtor, aplicando, no que for possível, o procedimento para
emissão da nota acima.
A título de exemplo reproduzimos abaixo modelo de Nota Fiscal de apropriação de crédito de
ICMS sobre bens do Ativo Imobilizado, para tanto utilizaremos os dados da "máquina de
prensar" adquirido pela empresa fictícia Vivax:
Base Legal: Artigo 1º da Portaria CAT nº 41/2003.

4.5) Livro Registro de Entradas:


A Nota Fiscal emitida para apropriação dos créditos do Ativo Imobilizado deverá ser escriturada
no Livro Registro de Entradas do estabelecimento emitente, com a utilização das colunas
"Documento Fiscal", "Operações com crédito do Imposto" e "Observações". No campo
"Observações", recomendamos consignar a expressão "Nota Fiscal relativa ao lançamento de
crédito do ICMS nas aquisições de bens para o Ativo Imobilizado."
Quanto ao lançamento da Nota Fiscal de aquisição do bem, este deverá ser escriturado no
Livro Registro de Entradas do estabelecimento adquirente, utilizando-se das colunas
"Documento Fiscal", "Operações sem crédito do Imposto" e "Observações", neste consignar a
impressão "Aquisição de bem destinado ao Ativo Imobilizado".
A título de exemplo reproduzimos abaixo modelo de Livro Registro de Entradas com a
escrituração das Notas Fiscais explanadas neste Roteiro de Preocedimentos, quais seja, a
Nota Fiscal de aquisição da "máquina de prensar" e a referente ao crédito do ICMS sobre bens
do Ativo Permanente:

Base Legal: Portaria CAT nº 41/2003.

4.6) Controle de Crédito de ICMS do Ativo Permanente (CIAP):


Desde 01/01/2001, a apuração e o controle do crédito do ICMS relativo à aquisição de bem
destinado ao Ativo Imobilizado da empresa, deverá ser feito através do Controle de Crédito de
ICMS do Ativo Permanente (CIAP). Ressaltamos que, atualmente, no Estado de São Paulo,
utiliza-se o CIAP modelo "D" (3) previsto no Anexo 2 da Portaria CAT nº 25 de 02/04/2001.
Desta forma, o contribuinte que quiser apropriar crédito relativo ao Ativo Imobilizado, deverá
escriturar o documento fiscal de aquisição do bem no CIAP, assim como os livros próprios
normalmente exigidos, tal como Livro Registro de Entradas e Livro Registro de Apuração do
ICMS.
Lembramos que o CIAP:
a. deverá ser mantido à disposição do fisco pelo prazo previsto no artigo 202 do
RICMS/2000-SP (5 anos);
b. poderá ser substituído por livro que contenha, no mínimo, as mesmas informações desse
documento;
c. poderá ser escriturado por sistema eletrônico de processamento de dados, hipótese em
que os registros serão mantidos em arquivos magnéticos; e
d. poderá ser utilizado o modelo de CIAP adotado pelo Estado em que estiver localizada a
matriz de estabelecimento filial localizado em São Paulo, na hipótese em que
estabelecimento matriz esteja localizado em outro Estado.
Optando pela escrituração por sistema eletrônico de processamento de dados, o contribuinte
deverá fornecer ao fisco, quando exigido, o CIAP impresso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis,
contado da data da notificação, sem prejuízo do acesso imediato às instalações, equipamentos
e às informações contidas em meio magnético.
Nota Tax Contabilidade:
(3) Para os bens do Ativo Imobilizado adquiridos até 31 de dezembro de 2000 deverá ser
utilizado o CIAP modelo "B" para apuração de estorno do crédito, na forma das regras vigentes
à época.

Base Legal: Portaria CAT nº 25/2001 e; Artigo 61, § 10 do RICMS/2000-SP.

4.6.1) Forma de escrituração e modelo:


A escrituração do CIAP deverá ser feita até o dia seguinte ao da:
a. entrada do bem (ou incorporação, no caso de transposição de estoque);
b. emissão da Nota Fiscal referente à saída do bem; ou
c. ocorrência do perecimento, extravio ou deterioração do bem, conforme o caso.
No que se refere ao aos lançamentos das parcelas de crédito de ICMS (1/48), este deverá ser
realizado até o último dia do período de apuração, não podendo atrasar-se por mais de 5
(cinco) dias.
Para fins de apuração dos valores das operações de saídas tratadas na letra "b" acima, devem
ser computados apenas os valores das saídas que afiguram caráter definitivo, ou seja, que
transferem titularidade devendo ser desconsideradas as saídas provisórias, tais como remessa
para conserto e para industrialização, as quais não reduzem estoques, constituem simples
deslocamentos físicos, sem implicações de ordem patrimonial.
O controle dos créditos de ICMS dos bens do ativo permanente será efetuado individualmente,
devendo a sua escrituração ser feita nas linhas, nos campos, nos quadros e nas colunas
próprias do CIAP (4), conforme modelo abaixo (Ver sub-capítulo 4.5.2).
Nota Tax Contabilidade:
(4) Recordamos que o CIAP poderá ser substituído por livro que contenha, no mínimo, as
mesmas informações do CIAP.
Base Legal: Portaria CAT nº 25/2001.

4.6.2) Modelo:
Reproduzimos abaixo, o modelo de CIAP previsto na legislação que rege a matéria (Modelo
"D"). Para facilitar sua interpretação, utilizamos no seu preenchimento as informações tratadas
no exemplo explanado no decorrer deste Roteiro de Procedimentos.
Base Legal: Anexo II da Portaria CAT nº 25/2001.

4.7) Escrituração Fiscal Digital (EFD):


Os contribuintes obrigados à Escrituração Fiscal Digital (EFD) deverão gerar o respectivo
arquivo com os registros correspondentes ao CIAP, bloco "G", obrigatoriamente, a partir de 1º
de janeiro de 2011.
Base Legal: Ajuste SINIEF nº 2/2009.

5) Operações com bens do Ativo Imobilizado:

5.1) Venda:
No Estado de São Paulo, o Regulamento do ICMS prevê a não-incidência do imposto nas
saídas de bens do Ativo Imobilizado de estabelecimento contribuinte do ICMS.
Assim, na hipótese de venda de bem do Ativo Imobilizado, o contribuinte (Vendedor) deverá
emitir Nota Fiscal, Modelos 1, 1A ou 55 (NF-e), contendo, além dos requisitos exigidos para
emissão de documentos fiscais, as seguintes informações:
a. Como Natureza da Operação: "Venda de bem do Ativo Imobilizado";
b. Como Código Fiscal de Operações ou Prestações (CFOP): "X.551", sendo X: 5 nas
operações internas, 6 nas operações interestaduais e 7 nas exportações;
c. Como Código de Situação Tributária (CST): "X41", sendo "X" a origem da mercadoria
conforme a Tabela A do CST/ICMS (5); e
d. No campo Imformações Complementares: "Não-incidência do ICMS, conforme artigo 7º,
XIV do RICMS/2000-SP.
Nota Tax Contabilidade:
(5) Recomendamos a leitura de artigo de nossa lavra denominado "Código de Situação
Tributária (CST/ICMS)" com objetivo de sanar todas a dúvidas relativa a essa codificação.

Base Legal: Artigo 7º, XIV do RICMS/2000-SP.

5.2) Transferência para outro estabelecimento da mesma empresa:


Também não há incidência do ICMS nas saídas de bens do Ativo Imobilizado de
estabelecimento contribuinte do imposto com destino a outro estabelecimento da mesma
empresa.
Lembramos apenas que, caso a transferência do bem do Ativo Imobilizado ocorra antes de ser
concluída a apropriação do crédito (antes do término do prazo de 48 meses), ficará assegurado
ao estabelecimento destinatário o direito de creditar-se das parcelas remanescentes até
consumado o aproveitamento integral do crédito relativo àquele bem, observado os seguintes
procedimentos:
a. na Nota Fiscal relativa à transferência do bem deverão ser indicados no campo
"Informações Complementares", a expressão "Transferência de Crédito do Ativo
Imobilizado - Artigo 61, § 11 do RICMS/2000-SP", o valor total do crédito remanescente, a
quantidade e o valor das parcelas, o número, a data da Nota Fiscal de aquisição do bem e
o valor do crédito original;
b. a Nota Fiscal prevista na letra anterior deverá ser acompanhada de cópia reprográfica da
Nota Fiscal relativa à aquisição do bem, a qual deverá ser conservada pelo prazo mínimo
de 5 (cinco) anos.
Base Legal: Artigos 7º, XIV, 61, § 11 e 202 do RICMS/2000-SP.

5.3) Conserto, limpeza, revisão, locação ou empréstimo:


A saída de máquinas, equipamentos, ferramentas ou objetos de uso do contribuinte, assim
como de suas partes e peças, com destino a outro estabelecimento para lubrificação, limpeza,
revisão, conserto, restauração ou recondicionamento ou em razão de empréstimo ou locação,
desde que os referidos bens voltem ao estabelecimento de origem, estão beneficiados pela
não-incidência do ICMS.
Importante frisar que, o retorno dos referidos bens ao estabelecimento de origem também
estão beneficiados pela não-incidência do imposto, ressalvadas as hipóteses de fornecimento
de mercadoria com prestação de serviços: a) não compreendidos na competência tributária dos
municípios; ou b) compreendidos na competência tributária dos municípios, mas que, por
indicação expressa de lei complementar, sujeitem-se ao ICMS.
As Notas Fiscais que acobertarem as operações de remessa e retorno deverão ter indicados
no campo "Informações Complementares" do documento fiscal, as seguintes expressões:
a. Nota Fiscal de Remessa: "Não-incidência do ICMS, conforme artigo 7º, IX do
RICMS/2000-SP"
b. Nota Fiscal de Retorno: "Não-incidência do ICMS, conforme artigo 7º, X do RICMS/2000-
SP"
Base Legal: Artigos 2º, III e 7º, IX e X do RICMS/2000-SP.

5.4) Suspensão e crédito integral do imposto:


Nas operações com bens destinados à integração ao ativo imobilizado:
a. o lançamento do ICMS incidente no desembaraço aduaneiro desses bens, sem similar
produzido no País, importados do exterior por estabelecimento industrial paulista, fica
suspenso para o momento em que ocorrer a sua entrada no estabelecimento do
importador;
b. o estabelecimento industrial que os adquirir diretamente de seu fabricante localizado neste
Estado poderá apropriar-se, integralmente e de uma só vez, do montante correspondente
ao crédito do imposto relativo a essa aquisição.
Na hipótese da letra "a", o imposto suspenso deverá ser recolhido no momento em que ocorrer
a entrada do bem no estabelecimento do importador.
Base Legal: Artigo 29 das Disposições Transitórias do RICMS/2000-SP.

6) Infrações e Penalidades:
O contribuinte que não observar os procedimentos obrigatórios previstos na legislação estará
sujeito às infrações e penalidades cuminadas no Regulamento do ICMS, dentre as quais
destacamos:
Infrações Penalidades

Multa equivalente a 100% do valor do


Crédito indevido do imposto, em hipóteses não
crédito indevidamente escriturado ou não
prevista em outros casos específicos, incluída a de
estornado, sem prejuízo do recolhimento
falta de estorno.
da respectiva importância.

Emissão de documento fiscal com inobservância de Multa equivalente a 1% do valor da


requisito regulamentar ou falta de obtenção de visto operação ou prestação relacionada com
em documento fiscal. o documento.

Multa equivalente a 100% do valor do


Emissão de comprovante com indicação "controle
imposto correspondente à operação ou
interno", "sem valor comercial", "operação não
prestação, sem prejuízo da interdição de
sujeita ao ICMS", ou qualquer outra expressão
uso, até que seja substituído ou
análoga, em operação sujeita ao imposto.
regularizado.

Multa equivalente a 1% do valor das


Falta de elaboração de documento auxiliar de
operações ou prestações que nele
escrituração fiscal ou a sua não exibição ao fisco.
devam constar.

Atraso de escrituração do livro fiscal destinado à


escrituração das operações de entrada de Multa equivalente a 1% do valor das
mercadoria ou recebimento de serviço, ou livro fiscal operações ou prestações não
destinado à escrituração das operações de saídas escrituradas, em relação a cada livro.
de mercadoria ou de prestação de serviço.

Multa equivalente a 1% do valor das


Atraso de registro em meio magnético. operações ou prestações não
registradas.

Base Legal: Artigo 527, II, "j", IV, "h" e "q", e V, "e", "g", e "i" do RICMS/2000-SP.

Informações Adicionais:
Este material foi escrito no dia 21/08/2011 e atualizado em 08/09/2013, pela Equipe Técnica da
Tax Contabilidade. Sua reprodução é permitida desde que indicada a fonte: Tax Contabilidade.
Apropriação de crédito na aquisição de bens para o Ativo Imobilizado (Area: Guia do
ICMS - São Paulo). Disponível em: http://www.tax-
contabilidade.com.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=39. Acesso em: 07/11/2013.

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