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Em havendo tal contrato, o clube passa a poder explorar a imagem do atleta. Caso
contrário, pode haver questionamento por parte dos atletas ou de quem seja o detentor
dos direitos sobre a imagem do atleta em razão do uso indevido.
Por outro lado, há o costume de se afirmar que no futebol a imagem do atleta está
automaticamente ligada ao clube. Isso porque, segundo os clubes, a atividade de cada
agremiação se expressa por meio das disputas de competições por parte de suas
equipes. Por conseguinte, muitos entendem que a imagem do atleta está associada à
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BREVES COMENTÁRIOS SOBRE TEMAS
RELACIONADOS AO DIREITO DE IMAGEM NO ÂMBITO
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equipe, pois quem compete e dá ensejo às disputas são esses times. A Sociedade
Esportiva “A”, por exemplo, não pode competir com os atletas do “B” Futebol Clube, mas
apenas e tão-somente contra o próprio “B” Futebol Clube e vice-versa.
Existe, ainda, a questão relativa à imagem coletiva dos atletas. Pode-se entender que a
imagem dos atletas de forma coletiva e com o fardamento oficial do clube captada por
meio de fotos é de titularidade da entidade. E, sem dúvida, parece esse ser o
entendimento mais sensato. Porém, deve-se mencionar que não há nenhum dispositivo
legal que expressamente defina a imagem coletiva dos atletas, tampouco se é de
titularidade do clube. Essa lacuna legal pode levar os atletas que não cederam os direitos
sobre sua imagem ao clube ou que não receberam remuneração pela exposição pública
(como prevê a Lei do Direito de Arena) a pleitear indenização por uso indevido da
imagem.
Por via de regra, o clube só pode ceder os direitos sobre os quais é titular.
Ainda em relação ao tema, uma questão importante tem gerado dúvidas para clubes,
atletas e empresários: quem é o titular dos direitos sobre as fotos, transmissões e outros
meios de reproduções do espetáculo?
Até meados dos anos 80, não eram travadas tantas discussões a respeito desse tema,
uma vez que a valorização dos direitos sobre o espetáculo (incluídas as transmissões de
eventos e reprodução pelos mais diversos meios) é algo que se consolidou apenas na
última década.
Na prática, muitas dessas discussões têm sido estancadas por acordos entre clubes,
atletas, empresas e empresários para divisão de receitas e cessão de direitos sobre o
evento. A quase totalidade dos acordos não tem suporte legal, já que, com exceção da
Lei de Direitos Autorais (aplicada por analogia), não há dispositivos legais que tratem
especificamente do tema.
Isso significa dizer que exatamente pela falta de um posicionamento legal definido e de
uma legislação própria, a tutela dos direitos sobre a imagem e transmissão do
espetáculo esportivo fica à mercê de decisões judiciais, sustentadas por orientação
jurídica aplicada em casos análogos, direito comparado ou por teses que vêm sendo
construídas por advogados com a conjunção de artigos legais de diversos ramos do
Direito.
Para se ter uma idéia da situação em que se encontra a questão apontada neste tópico
do trabalho, analisemos um exemplo do que tem ocorrido em termos práticos: uma
partida entre o Clube “X” e o Clube “Y” disputada pelo Campeonato Carioca no Estádio
do Maracanã. Temos o seguinte:
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– esses direitos podem ser desmembrados e repassados a outros terceiros (outras redes
de televisão) que utilizam apenas parte das imagens (“gols”) em seus telejornais ou
periódicos esportivos;
– a transmissão do evento é gravada e utilizada pelo terceiro detentor dela, quando lhe
convier.
Aplicando-se o disposto no artigo 49 da Lei n. 9.610/98 (Nova Lei dos Direitos Autorais),
parece-nos, pelo menos em princípio, que, se as entidades de prática esportiva ou a
Federação cederam, por escrito, por meio de contrato, os direitos que detinham para
terceiro interessado, esse terceiro interessado passou, então, a ser a titular da
transmissão e, por conseguinte, das imagens captadas durante o evento. E, por ser a
titular desses direitos, cabe-lhe o direito de autorizar os clubes, na forma que lhe
convier, a utilizar as imagens que captou e pelas quais pagou para ser a titular.
Cumpre ressaltar que mencionamos “em princípio” porque toda a questão envolvendo a
cessão dos direitos sobre a transmissão e as imagens captadas nos jogos de futebol vai
depender do que foi expressamente pactuado entre as partes interessadas.
A Lei n. 9.610/98, em seu artigo 49, prevê não só a cessão dos direitos da obra ou do
evento, mas também a autorização para uso, o licenciamento, a concessão, parcial ou
total. Logo, o clube pode ceder o direito de transmissão do evento e se reservar o direito
de uso das imagens captadas por terceiro para uso promocional. Também pode, por
exemplo, em caráter alternativo, autorizar a transmissão de apenas parte do evento, se
assim entender.
Isso nos leva a concluir que é preciso ter um certo cuidado com o uso de imagens
captadas por rede de televisão ou outros meios, como CD-ROM, DVD, CD ou Internet.
Por exemplo, uma eventual previsão contratual em que determinado clube cede a um
terceiro os direitos sobre sua imagem e sua fixação em qualquer tipo de suporte de
formato ou tecnologia existente ou que venha a ser criada, notadamente, mas não se
limitando, por meio de videocassete, televisão, Internet, CD, CD-ROM e DVD, é lícita e
executável, desde que o clube seja o detentor dos direitos sobre as imagens ou tenha
autorização para utilização delas.
A titularidade das imagens ou a autorização para uso delas deve ser verificada no clube.
É fundamental que sejam avaliados contratos e acordos feitos, antes de se iniciar
qualquer ação no sentido de exploração comercial de imagens de jogos, gols e partidas
dos clubes de futebol envolvidos, verificando-se, pormenorizadamente, o que foi
pactuado.
Vejamos:
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A partir dessa disposição, pode-se verificar que o direito de arena não é do atleta, mas
da agremiação que integra, com relação limitadamente ao espetáculo fixado em imagens
e por ela autorizado à exibição pública.
Cabe ao atleta uma participação sobre o direito de arena, que é prevista em lei. Por
outro lado, independentemente do direito de arena, é direito do atleta a exploração de
seu direito de imagem como protagonista do espetáculo.
A utilização pública das imagens dos atletas integrantes das partidas só pode ser
efetivada pelos interessados mediante a autorização prévia, individual dos atletas, que
são os titulares incontestes da imagem, como, aliás, o é qualquer pessoa, ainda que
despida de alguma notoriedade.
Não obstante tal orientação, atualmente a maioria dos grandes clubes brasileiros detém
o direito de exploração de imagem dos jogadores. Não se trata de um contrato de
cessão de imagem pormenorizado, com condições específicas para seu cumprimento,
como ocorre na Europa e nos Estados Unidos. Pelo contrário, a cessão da imagem, no
Brasil, é fruto de um planejamento tributário lançado pelos clubes e atletas para
diminuição no pagamento de encargos trabalhistas. Mas isso, para o caso em análise,
pouco importa.
Os breves comentários acima tecidos procuraram oferecer uma visão geral de algumas
questões diretamente relacionadas ao tema.
lesadas, futuramente, por uso indevido de imagens que não possuem ou não estão
autorizadas a utilizar e explorar.
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