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Wy Al sensibilidade a seu favor Pe 4 Pasiepe> SOS eA da Copyright © 1006 by Elaine N. Aron ‘Titulo original: The highly sensitive person altora Rosey M. Boschini Assistente editorial Mlosdngela Barbosa Capa Tilo Fagin Proparagio Maria Alayde Carvalho Projeto grafico © diagramago Marcelo S. Almeida impressio © acabaunento OESP gifica Dodos Inernacionais de Colslogagéo ne Publicacto (CIP) (Cémora Brasileira do liveo, 3 Bros eve, Ea Use sensibildade o sou favor / Elaine N. Aron radugéo Helene Luz. ~ Séo Paula Editor Gente, 2002, ‘Tilo origina: The highly sensitive person Bibiograte ISBN 5 85.7312.377% 1. Adminisrogdo do estreste. 2. Auto-oolizagbo(icologi) 9. Estesse (Psicologia) 4. Sensibidode (rage da personalidede) 9. Timides I. Tilo, 02.4599 cpp-155.232 Tadicos pora catélogo sisemético: 1, Sensibilidade : Trogo da personalidade :Feicologia 155,292 “Todas os dteitos dst gto sd0 reservados 8 Biitora Gente. ‘Rus Pedro Soares de Almeida, 114 50 Paulo, SP (CEP 05020-030. Telefix: (11) 3675-2505 Sit: htps//wrweditoragente.com.be email: gontodditoragente.com be A Irene Bernadicou Pettit, Ph.D. Sendo poeta e camponesa, ela soube plantar esta semente e cuidar dela até que florescesse. A Art, que ama as flores de forma especial — mais um amor que partilhamos. Eu acredito na aristocracia, no entanto — se essa far a palavra corta e se um democrata puder usd-la—, néo na aristocracia do po- der, mas dos sensiveis, dos atenciosos... Os membros dessa aristocra- cia podem ser encontrados em todas as nagdes ¢ classes ¢ em todas as épocas, @ hé entre eles um entendimento secreto quando se encon- tram. Representam a verdadeira tradi¢do humana, a vitéria perma- nente de nossa raga singular sobre a crueldade e 0 caos. Milhares perecem na obscuridade, alguns sGo grandes nomes. Sdo senstveis em relagdo aos outros tanto quanto em relagdo a si mesmos, atencio- sos sem ser piegas, e sua forca ndo estd na ostentagdo, mas no poder de suportar. E, M, Forster, “What I believe”, ‘om TWwo cheors for democracy Sumario io 6 altamente sensivel? Um teste fato de ser altamente sensivel: a (falsa) impres- do inferioridade 2 Who mais fundo: a compreensio de tudo ilo que essa caracteristica sua representa 3 uide goral eo estilo de vida das PAS: ame seu /bobd o aprenda com ele 4 Jura de sua infaincia e adolescéncia:apren- ou proprio tutor 19 23 25, 49 67 95 Cartruio 5 Os relacionamentos sociais: recaida na “timidez” Capiruw 6 O sucesso no trabalho: expresse sua alegria permita que sua luz se espalhe Cariruto 7 Os relacionamentos intimos: 0 desafio do amor sensfvel Capiruto 8 A cura das mégoas profundas: um processo diferente para as PAS Capirono 9 Os médicos, os remédios ¢ as PAS: “Devo dar ou- vidos ao Prozac ou conversar com meu médico a respeito de meu temperamento?” Capiroto 10 A alma ¢ 0 espitito: onde os verdadeiros tesouros se encontram Dicas para profissionais de satide que trabalham com pessoas altamente sensfveis Dicas para professores de alunos altamente sensiveis Dicas para empregadores de pessoas altamente sensiveis Notas bibliograficas 421 149 205 229 251 277 279 281 283 Preféicio “Bebé chorio!” “Medroso!” “Nao soja um estraga-prazores!” Ecos do pasado? E aquele alerta bem-intencionado: “Voce é sen- sivel demais, ¢ isso nao é bom para voc Se vocé era como eu, ouviu muitas coisas assim, coisas que o fize- ram sentir que provavelmente era diferente. Eu estava convencida de que tinha um defeito enorme a esconder e que ele me condenava a Juma vida de segunda classe. Pensava que alguma coisa estava errada om mim, Na verdade, existe algo muito certo em voce e em mim. Se respon- dor “verdadeiro” a doze ou mais das questées do teste do inicio deste livro ou se a descricao detalhada no capitulo 1 parece descrevé-lo (na vordade 0 melhor teste), entdo vocé 6 um tipo muito especial de ser humano, uma pessoa altamente sensivel — que daqui para a frente chamaromos de PAS. E este livro 6 para voce. ‘Tor um sistema nervoso sensivel 6 normal, uma caracteristica ba- #lcamente noutra, Vood provavelmente a herdou. Isso ocorre com cer- 10 Use A sousmupane a seu HAvOR ca de 15% @ 20% da populacio ¢ significa que porcrbe as sutilezas ‘que o rodoiam, 0 que-é uma grande vantagom em manitas situacbes. Significa também que 6 mais facilmente perturbavel quando esti em ambientes altamente estimulantes por muito tempo, sob 0 bomabar- deio de imagens ¢ sons, até sou sistema nervoso ficar exausto, Ser sonetvel, portanta, apresenta tanto vantagens quanto desvantagens. Ei nossa cultura, no entanto, possuir tal caracteristica nfo é com- siderado ideal, « esse fato tem provavelmente causado grande impac- to sobre vac, E possivel que pais e professores bem-intencionados tenham tentado ajudé-lo-a “superé-In", como se fosse um defeito. As outras crfangas nein sempre foram simpiticas, Ae tornarse adulto, provavelmente fot dificil encontrar a carteira @ as rolacionamentos certos ¢ sentir-se seguro ¢ confiante em lermos ger: O queeste liven oferece a vocd ste livro aferoce as informagtex basicaly # dotalhadas de que vact precisa sobre sua caracteristica, dados que nfo existem om nenhum utro lugar. Ele é produto de cinco anos de pesquisa, entrevistas aprofundadas, expetiéncias clinicas,cursos, consultas individuais com centenas de PAS ¢ leituras culdadosas, nas entrelinhas; daquilo que a psicologia jd sabe a respeito desso trago de-personalidade, mas ainda Jo descobriu que sabe. Nos tts primeiras capitulos voce conheceré ‘os fatos bésicos sobre sua personalidade ¢ as formas de lidar com a superestimulacao @ a hiperoxcitacao de seu sistema nervoso. Em soguida, o livre analisa o impacto dessa sensibilidade em sua histéria pessoal, carreira, seus relacionamentos ¢ swa vida interior, Enfoca as vantagens que vocé pode nao ler considerado e oferece con- salhos para os problemas tpicos enfrentados por algumas PAS, como timidez ou dificuldade de encontrar o tipo certo de trabalho. Horemos uma longa jornada, A maioria das PAS que tenho ajuda- do cam as infarmagées que esto neste liveo relata mudangas deeisi- vas em sua vida — ome pedliu que contasse isso a voce, Presser n Uma palavra aos sensiveis-mas-nem-tanto Em primero lugar, se vact oscolheu este livro porque é pai, mae, es: pasa, esposa ou amigo de uma PAS, 6 especialmente bem-vindo. relacionamento com sta PAS melhoraré muito, Em segundo lugar, uma pesquisa telefonica com trezentos indivi: duos de todas as idades escothidos ao acaso revelou que 20% exam ‘extremamente ou bastante sensiveis © aulzos 22% moderadamente sensfveis. Aqueles que se classificam na tltima catogork dom tirar proveito deste livra, ‘Aligs, 42% disseram nao ser de forma alguma sonsiveis — 0 que nos dé uma boa pista des motives por que os altamente sensiveis po «lem sentirse tao completamente destacados com grande parte das pos- soas, Esse, é claro, é @ segmento da populagiio que esté sempre aumen: tando 0 volume do radio ¢ tacanda a tbuzina Indo mais longe. ¢ possivel dizer que todos se tornam altamente sensfveis em alguns mamentos — depois de passar um més a sds uma cabana na montanka, por exemplo, E todos ficam mais se com a idade. Na verdadle, amatoria das possoas, semi uma fageta altamente sensivel que se manifests também po- is im ou niio, tem. em certas situagdes, F algumas palaveas ds no-PAS Algumas vezes ndo-PAS sentem-se exclidas © magoaclas pela idéia de sormos diferentes delas, ¢ isso pode scar como se pensissamas ser de olguma forma melhores, Blas protestam: "Voet quer dizer que ei no sou sensivel?” Um dos problemas ¢ que “sensivel” significa também ser compreensivac escrupuloso, Tanto PAS quanto nao-PAS podem tor ossas qualidades, olimizadas quando estamos nos sentindo bem e aler= as as sutilezas, Quando estén calmas, as PAS podem até mesmo des- fritara vantagem de perceber as mais delicadas nuangas, mas se esto suporexcitadas, estado freqiiente nas PAS, nao so nem um pouea com preensivas nem sensiveis, Pela contxdrio, scus amigos ndo:PAS s vordade mais compreensives em situagées altamente cadticas, ” {Use a senLOADE A SEONG Pensei muilo a respeito de como denominar essa caracteristica. Eu sabia que no queria repetir 0 engano de confundl-la com introversao. timideg, inibigdo e toda uma coleefia de rétules inadequados atribufdos por outros psicélogos. Nenlnum desses termos capta os aspectos neutros, muito menos os aspectos positives de tal caracteristica, “Sensibilidade” expressa o fato neutio de possuir maior receptividade & estimulacio. E achei que estava na hora de combater a visio pejorativa que se tem cas PAS adotando um termo quo pode ser usado a favor delas. Por outro lado, ser “allamente sonstvel” 6 tudo menos positivo para silgumas pessoas, Sentada escravendo em minha casa, num mo- ‘mento em que ninguém esta falanda sobce 0 assunto, farei uma provi- Jo; este livro vai provocar mais que sua cota de piadas ® comentarios maldosos sobre as PAS. Existe uma anergia psicolégica coletiva tre: manda cescando a iddia de sor sonsivel — quase tanto quanto @ que core 0s papéis sexuais, com os qualsa sensibilidade ¢ froqiientemente confundida, (Os mesmos mémeros de bebés masculines ¢ femininos nascom sensfveis, mas nia se espera que os homens tenham tal carac- teristica, ¢.sim as mulheres. Os dois pagam alto prego por essa confi fo.) Portanto, prepare-se para enfrentar essa energia, Proteja sua sen ‘ava comprennsie dela e nfo toque no assunto quando sibilidadees nao parecer pradente. ‘Acimia de tudo, desfrute 0 conhacimento de que existem muitas pessoas como voeé. Nunca estivemos em contato, mas agara astamos, t isso serd bom para nds © para a sociedade, Nos capftulos 1, 6 ¢ 10 comentarei oi maiores dotalhes a importante fungio social das PAS. O que voct precisa Esto livro utilizard uma abordagem de quatro etapas que descobri ser apropriada as PAS. 1. Autoconhecimento, Voce precisa compreender o que significa ser uma PAS, Na tatalidade. Como essa caracteristica interage com outros aspectas de sua personalidade e como aatitude negativa da sociedad afeta yoos. Dopois precisa conhecer também a sensibi Presto, 13 lidade de seu corpo, parar de ignoré-lo porque parece ser fraco @ no cooperar com vrs. Releitura, Voc8 deve fazer uma releitura ativa do passado a 1 desse nova canhecimento: vocd vein ao mundo com alta sensibi- lidade. A matar parte do seus “fracassos” era inevitével porque nem voc8 nem seus pais, professores, amigos o preendiam, Reler sua experiéncia passaca pade levar a uma sélida auto-estima, @ a auto-estima 6 especialmente importante para as PAS, pois fax baixar a biperexcitagio em situagdes novas (¢ por tanto altamente estimulantes) No entanto, essa relettura na 6 automstica. Por isso inchuo “ativie dades” no final dos capitulos quo fiogiientemente a envolvem. eplogas a com- 3 Cure. Voct deve comogar @ Gurar as mégoas mais profindas se ainda nfo 0 fez. Vocg foi uma erianga altamente sen.sfvel. Questées familia- res e escolares, doencas infantis e outros problemas semelhantes a afetaram mais que aos outros. Além disso, era diferente das outras crinngas, e com certeza sofreu com isso, As PAS, prevendo os sentimentos intensos que podem sor desperta- dos, talvez.se afastem de maneira especial do trabalho interior neces+ ssério & cura das mégoas do pasado. O cuidado ca lentidio sto justi- ficdveis, mas vord estaré enganando a si mesmo se demorar demais. 4. Ajuda para sentit-se bom quando se oxpée.ao mundo paraapren- der quando no se expor. Vocé pode, deve e precisa relacionarse com 0 mundo. Omundo com certeza precisa de voc8. Mas deve tor a habilidade de evitar envalver-se demais ou omitirse, Este Livro, livre das mensagens confusas de uma cultura pouce sensivel, aj daa construir essa habilidade Eu the ensinarei também como sua caracteristica afeta os tolacionamontos intimos o discutirei a psicolerapia ¢ as PAS — que PAS precisam de terapia ¢ por qué, de que tipo, com quem e especial- mente como terapia 6 diferente paraas PAS, A seguir farei conside- mg6es sobre as PAS 0 os cuidados médicos mencionando vasta infor- “4 (Use a Sensimubane A Su FOR ji Ss. magdo sobre medicamentos como o Prozac, muito utitizado pelos PAS No final do livro, saborearemos nossa rica vida interior A mew respeito fessora universitiria, psicoterapewte © jd publiquei romances, © mais imporiante, no entanto, ne pine dima PAS como voet. No estou, definitivamente, escravendo 1 Tt alto, inclinando-me para ajudar voc8, pobrezinho, » mane eindrome”. Eu conheco pessoalmente essa nossa caractertslica, Sas antagens ¢ seus desafios ; ve ana tava esa, ex mo escondi par fut do nos da minha faraflia, Na exeola ovitava esportes, jogos © crianit 2) goral. Que mistura de alivioe humilhagao aes quando minha estea ia dava certo ¢ eu era totalmente ignoradat . es cae a cologa extrovertida me-“adatou” como meee Mais tardo, essa amizade continuou, além disso eu estudava dss a maior parte do tempo. Na faculdade minha vida fleow muito Ini ‘hifieil Depois de parar execomesar vétias vores, o que envolvey Wt casamento promaturo que durow quatza anos. Giaiaiats oe a {o com louvor) pela Univorsidade.da California, em Berkeley, passel um bom tempo chorando nos vastidrios ® ae spa seizek ficando louca. (Minha pesquisa demonstra que escondor-se as: freqtientemente para chorar é tfpico das PAS.) sumer {Em minha primoira tentaiva de pes-graduagio, ext nhs um o86r torio e-nele também me éscondia para chorar tentando recuperar ous estucdos no esté tontar 0 donto- Sou psicéloga pesquisadora, pro! calma. Devido a reaches como essa, interrompi m gio de mestrado mesmno tendo sido muitoencorajadaa to vdo, Level 25 anos para conseguir informagdes suficiontes sabre mi a personalidade e poder compreonder minhas reagie eentiio comp! numa vida bem protogida, escrevendo ¢ criando meu lho, Eu me jentia ap mesmo tempo deliciada e envergonhada por nfio estar mundo Ié fora”, Tinha a vaga percepeto do estar perdendo oportunic Prasrkco if dades de aprender, ganhar 0 reconhecimento price le minkas habi- lidades, relacionar-me com todos os tipos cle pessoa. Mas as experién« clas amargas diziam que aquela era a melhor oseolla Cortos acontecimentos perturbadores, no entanto, nao podem ser evitados, Tive de submeterme a uma intervengdo cintirgica e espera- va recuperar-me em poueas semanas. Mas por vérias meses meu cor po parece uma caixa de ressondncia de reagdes fisicas ¢ emocionais. Mais uma vez eu era obrigada a encarar aquele “defeite” que me fazin Wo diferente, Enléo tented a psicoterapia, ¢ tive sorte, Apds algumas sessdes, minha terapeuta disse: “Mas é natural que voeé tenha fieado tao abalada, ¢ uma pessoa extremamente sensivel Oque seri isso, pensei, alguma deseulpa? Ela respondent que nunca havia pensado muito a respetto, mas por sua vivencia parecinm ex tir reais diferengas entre as possoas quanto A tolerabilidade aos es muilose & abertura aos significaclos mas profundos de uma experién: cla, boa ou rim, A seo ver, tal sensibilidade nd seria de modo algum sinal de perturbagao mental, pelo menos ela assim esperava, jd que também era altarn ante sensivel, Eu me lembro deseu sarsiso ao dizer: “Assim como a maioria das pessoas que vale a pena conhecer”. Passei mauitos anos em terapia, enenhum foi perdido, trabalhando Virios aspectos de minha infineia. Mas o toma central foram os resul- tados de minka sensibilidade, Havia aquela minha impressao de ser inferior. Havia também o desojo de sor protegida em troca de minha imaginagio, empatia, eriatividade e visdo, coisas que eu mesma nfo upreciava devicamente, E havia ainda meu isolamento do munda, Mas com o entendimento pude reintegrarme ao mundo, ¢ Hoje sinte grande prazor om fazer parte dele como profissional, compartilhande 1» dom especial que é minha sensibilidade. A pesquisa por ts deste livro Quando o-conkecimento a respeite de minha personalidade mudou minba viel, decidi lor mais sobre 9 assunto, mas nao havia prath monte nada dispon{vel. Pensei quo.o toma mais aproximado fosse a {ntrovorsito, O psiquiatra Carl Jung escroveu sobre ela com muita sa- 16 Use A srsimunane a seu oR hodoria, dosignando-a como a tend@ncia dese voltar para o interior. O wabalho de Jung, ele mesmo uma PAS, tem sido degrande ajuda para inim, mas os textos mais cicntificos a respeito de introversio enfecam ‘9s introvertides como nao socidveis, ¢ foi essa idéia que me levow a \quostionar sea intraversiio ea sensibilidade no cstariam send erro- neamente igualadas ‘Com to pauca informagio para seguirem frente, decidi publicar um aniincio no boletim dirigide aos funcionérios da universidade em que trabalhava na época, Eu me propunha a entrevistar qualquer pessoa -que sentisso ser allamente sensivel a estimulas, imtrovertida ou de rea- ¢a0 emocional muito répica. Em pouco tempo tinka mais voluntérios do que precisava. ‘Em seguida, o jornal local publicou um artigo sobre minha pesqui- sa; Mesmo nfo havendo ng artigo nenhunsa informagio a respeito de como entrar em contato comigo, mais de uma centena de pessoas me tclefonarame escreveramagradecendo, pedinde ajuda eu apenas para dizer: “Eu também", Dois anos depois as pessoas ainda me procura: vam. {PAS fis vezes pensam durante bons tempo antes de agir!) Com base nas entrevista: (quarenta delas de duas ou tres horas cada uma), elaborei um questionérie que disteibuf a milhares de pes- soas om toda a América do Norte, Realizei tambsm uma pesquisa por tolefone ligando para treventas pessoas escalhidas ao acaso, © panto que intoressa a voed é que tudo o que ha neste livre foi baseade em sdlidas pesquisas, minhas ou de outros. Nele utilizo também infor magio obtida através dle observagao sistemética de PAS — dos cursos que fiz, de conversas, consultas individuals @ sessdes terapéuticas. Tais aportunidades cle exploragao da vida pessoal de PAS alcangam os milhares, Mesmo assim, faroi uso do “pravavelmente” e do “tale ve” mais freqiientemente do que vood esta acostumado a ver em li- vros de interesso geral, pois acredito que isso agrade as PAS. ‘A decisiio de realizar essa pesquisa, escrever sobre ela ¢ ensinar faz de mém uma espéoio de pionoira, Mas isso também faz parte da condigao de ser uma PAS. Nés somos com freqti@ncia os primeiros a ver o que procisa sor foito. A medida que for erescendo a confian 4. Foram incluidas no Livro algumas atividades que considlero sites 5. Qualquer das atividades poder Prixioo ” ‘om nossas virtudes, talvez um uiimero cada vez maior de nds venha a se manifestar —a nossa mancira sensivel. Instrucées ao leitor 1. Voltoa ressaltar que, apesar de me dirigir ao leitor como uma PAS, este livro foi igualmente escrito para aquele que deseja compreen- dor as PAS — amigo, parente, consetheiro, empregador, educador ‘ou profissional de-saiide, 2, Paz parte da leitura deste livraa postura de verse como uma pes~ soa que traz uma caracleristica comum a muitas outeas, ou soja, ele ocolaca dentro de uma categoria, A vantagem é que voce pode sentir-se normal ¢ benelici sacia o das pesqyuisas de outros, Mas a todo rotulo falta aquilo que @ tinico. PAS sao extre- mamente diferentes mesmo tendo uma caracterfstica comum., Por favor, lembre-se disso ao prasseguir. se da-expor Ao ler este livro, voc provavelmente passard a enxergar todas as coisas da vida luz do fato de ser altamente sensivel. Isso € espe~ rado, Na verdade, ¢ exatarnonte essa a idéla. A imetsdo total ajuda a aprender qualquer linguagem nova, inclusive uma maneira nova de falar de si mesma, Se as outros ficarem preocupades, chatea- dos ou exclufdos, peca que tenham paciéncia, Chegaré 0 momento em que 0 conceito se estabilizard e voc? jf nie falard tanto na as- sunt, para as PAS. Mas nao vou dizer. lhe que dove faz0-las para aprove' tar plonamente a leitura, Confie em siz intuigao de PAS @ faga 0 que Ihe parecer melhor. despertar fortes sentimentos, $ isso acontecer, aconselho enfaticamente que procure auxilio pros fissional, So voct esté fazendo terapia no momiento, este livro de- veré ajudar no trabalho, As idéias aqui apresentadas podria in= nito, Masa obsorvagiio silenciosa no 6 “normal”. A professora diz: “Os ‘outros estio brincando, por que vocd no?” Para ndio desagradar a pro- fessora nem parecer esquisito, vod talver.tenha superado a relutincia, Mas quem sabe simplesmente nifo conseguiu. Nesse caso, recebia eada voz mais aten¢io — justamente aquilo de que néo precisava, Jens Asendorpf, do Instituto de Psicologia Max Plank, de. Munique, escreveu sobre quanto é normal’ algumas eriangas preferirem brincar Sozinhas. Em casa, os pais geralmente percebem que essa 6 apenas ina parte da personalidade de seu fillto, mas na escola as coisas so, diferentes. Na segunda série, a crianga que brinca sozinha ¢ rejeitada Pelas outras ¢ torna-se motivo de proocupagiio para os professores Para alguns, a hiperestimulagio e a vergonha podem ter levado a0 fomprometimento do desempenho escolar. A maioria, por gostar dé {eltura ¢ estudo, deve no entanto tor tido aprovoitamento excelente, Apenas 0 desenvolvimento das habilidades fisicas e sociais foi com, prometido pola hiperexcitagdo. Para lidar com isso vocé pode tor es: collido um amigo fntimo o talvez tenha ganhado reputagao por ser aquele que inventava os melhores jogos, escrovia as melhores histGrias © fazia os melhores desenhos. Na verdad, se comegou a escola com confianga om si mesmo e em jin catactoristica senstvel, como acontoceu com Charles no capttulo 2, Pode até ter sido um verdadeiro lider. Do contrétio, como disse ina amiga médica que tenho: “Voc8 sabe de alguém realmente gran. de que tenha passado pola escola som problemas?” Os meninos e as meninas na escola Minha pesquisa rovelow que na idade escolar a maioria das PAS do Sexo masculino éra introvertida. Isso faz sentido, j4 que os moninos sensiveis nao sio considerados “normais", Eles procisam ter culddade com grupos © com estranhos para ver como serdo tratados, As meninas sensiveis, como os meninos, geralmente dependem de tina amiga ou duas durante toda a vida escolar. Mas so na maioria dag Vores razoavelmente extrovertidas. Ao contrétio dos meninos, so de: capeeagtem hiperexcitacio ou emocéo estardo apenas fazondo o que so espera delas, Isso pode até tomnd-las mais aceitas pelas outras meninas, asbecto negativo dessa permissio para ser emotivas, no entanto, Pode ser o fato de as moninas jamais serem forgadas a vostit a arma 8 ‘A nMLITURA DE BUA HANES F ADOLISCENCAN sam para sobreviver. As garo- do que os moninos sensiveis preci : A Foden adquirir pouca pratica de controle a oon s com a hiperexcitagao das emogées. esas quando confrontadas com a : Ta para manipular outras prone, Jusive como protecio contra a hiperestimulagio: “Eu vou ¢ eet iver de entrar naquole jogo de novo”. A firmeza honesta necesséria idade adulta nao 6 esperada nem desejada nelas. ‘A inteligéncia privilegiada , voce foi inteligéncia privilegiada, sua foi rotulado como dono de uma i e ee . pode ter sido mais facil. Sua sensibilidade foi compreendida feomo parte de uma caracteristica mais abrangente e socialmente a bom aceita, Existiam maiores informagdes para eigen pls criangas especialmente inteligentes. Um pesquisador™ lemt a plo, que nfo se pode esperar que tais criangas se relacionem cana outras. Os pais nfo estario produzindo um esqu eee mane Ada sou os e oportunidades melhores. Acon- seu filho um tratamento ¢ opo ° Biba Beton quo pais o professores permitam que criangas assim Bic tas xiecnaa. Bose oo Haw nmeliow pan todos cena que fh m da “média ideal”, mas a inteligéncia privilegiada 6 valorizada 0 suficiente para permitir que se quebre qualquer norma, scans ‘Todas as coisas tém porém seus Tados bons e ruins. Seus pais ,fessores podem ter exercido presto sobre voce. Sua autovalorizagio pro! 2 eves eae alent NSO 0 2S cteapeah Aiea, inteligentes”, ficava so: Cr quando nfo estava com os outros “intel proraveliients rojeitad, Hojo jd oxistem orientagdes maine educagaio de criangas de inteligencia privilegiada"®, Eu as a pte que voed as use na paternidade que esté assumindo de si me: Renove a paternidade de sua inteligéncia privilegiada i que 6, néo pelo que faz. Goste de si mesmo pelo que 6, 2 Elogie-se por correr riscos e aprender coisas novas, nao apenas pelos sucessos que alcanga. 1880 0 ajudaré a aceitar os fracassos. 4. Tente no se comparar constantemente 40s outros, Iss0 leva a.com: potigao excessiva. 4. Deasimesmo oportunidades dei i lades de interagao com outras intoligénci Privilegiadas. va Nao se sobrecarregue, Dé-se tempo para pensar e souharacordado, Mantenha suas expectativas om nivel realista Nao esconda suas habilidades, Seja sou préprio advogado, Defenda o direito de ser voce mesmo, Accite ter interesses estroitos tanto quanto amplos. : eexog A respeito do ultimo ponto, talver vood deseje estudar aponag neutrinos © mais nada. Talvez s6 deseje ler, viajar, estudar e conversar até descobrir o sentido da vida humana neste planeta. (Além disso, voce val provavelmente mudar em outro estégio da vida,) Falaremos mais sobre a inteligéncia privil na ; legiada nos adultos (um assunto negli- genciado) no capitulo 6. mens O adolescente altamente sensivel A adolescéncta 6 um periodo dificil paraqualquer pessoa, Mas minhas esquisas demonstraram que a média das PAS relata seus anos do cole. Bial como os mals diffceis ce todos. Hd as mudangas biologieas, eae ausam confusio mental, eo x4pido actimulo de uma responsabilidacle adulta atris de outra: a habilitagdo para dirigir, a escolha da vocagio da faculdado, 0 uso responsivel de élcooleoutras drogas, o risen de ter flhos, passar a ser responsivel por criangas om emprogos de baba monitores de acampamento, além de coists como cuidar de docuunen tos, dinheiro e chaves. Eo maior desafio de todos: 0 despertar dos tat tmentos. sexuais ea dolorosa autoconsciéacia que isso traz. Jovens sen- siveis parecem sentir-se constrangides comos papéis sexuais de vitima U agrossor que a midia sugere ser o que so espera delos, E também possivel colocar no soxo toda a energia © ansiodade Pois encarar a fonte real do angtistia 6 nas dilfcil Pense na presei ue significa fazer escolhas que determivario toda a sua vida som idéia do resultado, na expectativa de saber que vai sair do tinieo lar ue sempre conhocou eter de seguir contente ou pelo menos resolute, ‘A arTUma BI SUA FANE F ADOLASCENCI mente, no medo de que sua “inferioridade” se revele totalmente quando voc nilo conseguir fazer a esperada transigao para a independéncia, Nao constitui surprosa que muitos acolescentes sensiveis enfren- tom a crise destruindo a semente para nao ter do enfrentar o fracasso do nfo desabrochar “certo”. Existem intimeras formas de autodes- tn ar ou ter um filho, aprisionando-se.a um estrito papel prees- tubelecido, abusar do dlcool ou de outras drogas, tornar-se fisica ou mentalmente incapacitado, entrar para algum culto ou organizagao que ofereca seguranca e respostas prontas, suicidar-se. Nao quero di- yer que todos esses comportamentos se originem do fato de ser sensi vel (nem que o eu, sondo a pkmta resistente que 6, ndo va sobroviver ¢ desabrochar mais tarde). Mas essas fugas, dispontveis para todos os adolescentes, também sao usadas por algumas PAS. Muitos, é claro, adiam os encargos da vida adulta entrando para a culdade. (E depois pode vir o curso de pés-graduacao, doutorado, residéncia) Alguns encontram outras maneiras de assumir gradual- ‘mente as responsabilidades da vida adulta. A procrastinagao, ao con- tririo do alheamento, 6 uma boa tética, uma variagio do método de aprendizado que chamo de passo-a-passo. Nunca se sinta mal por usd- lo um pouco. ‘Talvoz vocé tenha adiado o momento de sair de casa, Viveu com seus pais poralguns anos, trabalhando para eles, on foi morar com amigos de sua cidade, com quem estudou, Caminhar paso a passo até tornar-se totalmente adulto realmente dé certo. Um dia, de repente, vod é um adulto que faz aquilo tudo sem nem perceber como chegou IF. HA porém ocasides em que damos um passo grande demais. A fa- culdade pode ser assim para algumas PAS, ‘Tenho conhecido um gran- de ntimero de PAS que desistem depois do primeiro semestre (ou na primeira volta para casa, geralmente no Natal). Nem elas nem seus pais, nem seus conselheiros entondem o verdadeiro problema, a hiperestimulacao de uma vida totalmente nova — novas pessoas, no- vas idéias, novos planos de vida —, além de ter de viver em um dor- mitério barulhento e ficar acordado a noite toda conversando e fazen- do fostas, provavelmente experimentando sexo, dlcoal e drogas (ou cuidando dos amigos durante as conseqiiéncias das experiéncias deles.) ‘A RILETURA De SUA WFANCLA FADOLESCENA 7 Mesmo quando o estudanto senstvel prefere recolher-se © descan- aoe te ® Proseto para fazer 0 quo os outros fanem, eee normal, ‘compan eae: fazer amigos, satisfazor as expectativas de todos 'aiquer problema que voce tenha tido na faculdad, / Nao foi uma falha pessoal sua, vane Nao 6 surpresa quo inenos provével que a mulher t{mida tonha trabalhado ou tenha con- inuado a trabalhar depois de casada, beneficiando-se da tradigao pa- {riarcal de iv da casa do pai para a casa do marido sem ter de apronder a sustentar-so, Na escola, porém, essas mesmas mulheres costumam demonstrar “independ@ncia tranqiiila”, interesse por coisas intelectuais, alto nivel de aspiracdes e direcionamento fntimo”. Dé para imaginar que tal “in- dependéncia tranqiila” gerou na vida dessas mulheres uma tensio entre a necessidade de seguir seu “direcionamento fntimo" ¢ a seusa- Gio de que o tinico ofsis calmo e seguro para elas era o casamento tradicional. Meg Muitas das mulheres que entrevistei sentiam que seu casamento fora um engano, uma tentativa de lidar com a sensibilidade acrescen- tando uma pessoa a sua vida ou assumindo um papel soguro. Nao sei sea taxa de divércios 6 maior entre elas, mas as razbos do divércio podem ser diferentes das de outras mulheres. Parece que em algum momento so igualmente forgadas a encarar 0 mundo sozinhas ¢ en- contrar meios de dar vazao a sua forte intuigao, criatividade e outtos talentos. Se 0 casamento nao Thes dé espago para esse crescimento, transforma-se no trampolim de uma independéncia maior quando fi- nalmente 0 sentem prontas. Marsha foi certamente uma mulher assim. Casou-se cedo © espo- row até 08 40 anos para desenvolver as habilidades criativas o intelec- tuais que eram to evidentes na escola. Para ela (e para cerca de un ‘ergo das mulheres que entrevistei) pode ter havido algo além de sin- ples sensibilidade nessa hesitagio em relagio ao mundo, Essas mu- heres tiveram exporiéncias sexuais perturbadoras — Marsha as tere com seus irmdos. Mesmo quando nao hé abuso sexual oxplicito, sabs- © que todas as mulheres jovens sofrem queda de auto-estima na pie berdade, provavelmente por perceber seu papel de objeto sexual, A garota altamente sensivel sentiré ainda mais essas implicagées e far da autoprotecdo sua mais alta prioridade. Algumas se esforcam paa Parecer pouco atraentes, algumas estudam demais ou treinam demais para ndo ter tempo livre e outras escolhem logo um namorado e fican com ole para que as proteja, uma boa vida familiar seja de i Perearios 0 dolecontes mesmo na momanio oder tnlluencia duradoura do ambiente de casa 4 especialmente forte n PAS. Até a adolescéncia, sua familia ja ensinow muito a respoito da IiHelra como voe8 pode e deve se comportar no munda real, Quando 05 meninos ¢ as meninas sensiveis tornam.-se homens e mulheres Quando os adoloscentes altamente senstveis se tornam adultos Sena pute IeaXOS aumonta. Assim como imperceptiveis variagoes. snuno no inicio de uma jornada, diferengas de or 0 podem fazer Coma ue homens ¢ mulheres cheguem a destinos boo distinton. 4 & homens om geral tem maior auto-estin que as mulheres, Quan- spf e aS Valorizam Bho sensivel, como no easo de Cha Capftulo 1, quando adulto ele tora autoconfianga muito maior, No extee, i als a allamente senstveis cheios de auto. Ne 140 surpreende em vista da rejeicao que sofe Lmestidocombomesstidosdasen ane oa quanalona PAS) rovelou que scasramem mals nee on Hie os Outros homens, tivoram filhos quatro anos ict. uma PAS owa valorizagio ~ lalvez objetivos espirit demorou para dar esos que mulheres timidas, pelo contratio, mais da vida na época certa. If bem [ERR BE FAVE Marsha contou-me que sua lideranca o seu brilhantismo na escola acabaram no primeiro ano de colégio, assim que seus selos se desem volveram (com um volume acima da média). Ela ostava de repente atraindo @ atengio de todas os garotos, Passou a usar casaco para in escola, qualquer que fosse o clima, ¢ tentava ser o mais invistvel que oda, Além disso, as Iideres agora eram, em suas palavras, as “caga- doras de meninos, burras e cheias de isadinhas”, Bla nio podia nilo queria ser uma delas. Mas mesmo assim era sempro assediada pelos rapazes, Um dia dos deles a seguiram ¢ Ihe roubaram um beijo. Ela foi para casa horro- rizada ea0 chegar viu um rato, real ou imagindrio — ola nunon seubo Talos sempre que beijava um rapaz, ‘Acs 16 anos Marsha apaixonou-se pola primeira vez, mas terminow quando sentiu que estavam ficando tntimos demais, Permanecen vie gem at6 05 28 anos, quando foi forgada por um namorado. Depois disso Gntrogava'se qualquer um que insistisso — “menos aos rapes que fu realmente amava”. Em seguida vieram um casamento abusive, a Tonga espera pela coragem de divorciar-se eo infcio da carreira artist Em resumo, mais uma vez o sexo faz diferenca na forma de mani. festagio da sensibilidade. Quando os meninos senstveis so tora, homens, poclem nao conseguir manter o passo com os outros homens, no ritmo ¢ no estilo de vida, Ser sensivel nao é “normal” para os ho, ens, enquanto nas mulheres a sensibilidado 6 esperada, As menines facil accitar o caminho dos valores tradicionais som antes aprender a ser alguém no mundo, Uma conclusao a respeito da maturidade: 1s crescemos em wm mundo altamente social Estamos no final de um capitulo, mas Possivelmente no inicio do tra- batho de toda uma vida: aprender a ver sua inffncia & lus do aay ca: racteristica especial ¢ a renovar sua patemidade quando necessitig Fazendo uma rotrospectiva, vocé veré que hoa parte deste capitulo ‘*respeito do crescimento foi dedicada a seu relacionamento eam os ‘A naLTURA DEA INFANEIA 1 ADOUSNCIA uy — pais, parentes, cologas, professores, estranhos, amigos, na- rad e namoracdas, maridos e esposas, Os seres humanos so an; ei patchns ers tacoas us PAStPasnem quo esté na hora de nos i ieecossperia va sacl PAR 0 para sone palavra que contin TRABALHE COM 0 QUE APRENDEU Reemoldure sua infainciq A esséncia deste capitulo, e talvez deste livio, 6 a releitura de sia vida sob a perspectiva do sua sonsibilidade. f a tarofa de ver sayy fracassos, suas mégoas, sua timido?, os momenios embaracosos ¢ toi o resto de forma nova, uma forma ao mesmo tempo mais frame ptocisa e mais calorosamente compreensiva Liste os principais eventos do sua infanciae adolescucia, ect, dagGos que moldaram a pesson que voc® 6 hoje. Podem ser momentig isolados — uma brincadeira na escola ou o dia em quo seus pais con. aim que estavam se divorciando. Pode ser um conjunto de event, —0 primeiro dia de aula de todos os nos ou ter de ir para o acamp, mento de férias todos os verdes, Algumas lembrangas serdo negative, como ter sido intimidado, maltratado ou provocado,e talvee até tra, méticas @ trigicas. Outras terdo sido positivas, mas mesmo assiy, perturbadoras: uma mand de Natal féias com « familia, sucesso, sem iagies. ee paca at cimento @ petcorra os passos de reformulagiy apresentados no capitulo 1 1. Pense em sua reagio ao ovento ecomo essa reagdo foi vista, Vows sente que reagiu de mancira “erraéa” ou niocomo os outos teriay reagido? Os sontimentos duraran demais? Voce achou que nas nt agi bem? Tentou esconder sua Perturbagao ou as pessoas desco- Te como se sentia e lhe disseram que “jé era demais' inalise sua reacdo a lux do que agora sabe sobre as reagoes aus Capitulo 5 fomdticas de seu corpo ow imagi imagine que eu, a autora, estou explie Soe cando essas reagies a vocé, : j Decida se hd it veg bah ale ite Passa ser feito agora. Se sentir que deve, OS RELACIONAMENTOS lhe com alguém a nova visio que agora tem da situagae ‘ ; D magia. carpus que dé.a ela o devido valor. Talvez possa ser alguém, a soca Tait Prosento naquola épaca o podert ajudar a acrescentar detae ca Acena, Acredito também que 6 itl escrover a antiga experiéne @ nova, conservand 0 eis Ga lo as anotagdes por algum tempo como Caso sinta ser Util, reomoldure nos préximos dias outro evento infantil importante até sentir que passou toda a lista. Nao apresso © proceso. Dé alguns dias para cada evento. Um acontocimento importante precisa de tempo para ser digerido, Recaida na “timidez” “Voc® £ TiMino DEMAIS.” Ouviu isso muitas vezes? Pois terd opi- nido muito diferente depois de ler este capitulo, que discute quando a limidez geralmente acorre mais: nos relacionamentos sociais menos {ntimos. (Os relacionamentos intimos serio discutidos no capitulo 7.) fato que muitos de vocés so socialmente habeis, mas como nio faz sentido consertar o que nao esta quebrado focalizarei aqui um problema Uipico que pede solugio — 0 que os outros chamam de “timidez”, “distanciamento” ou “fobia” social. Mas abordaremos esse assunto © alguns outros comuns as PAS de maneira bastante diferente. Repito que enfocar esses problemas nao significa dizer que as PAS tm necessariamente uma vida social dificil. Mas até mesmo 0 presi- dente dos Estados Unidos ea rainha da Inglaterra devem se preocupar as vezes com o que os outros pensam deles. Vocé provavelmente se preocupa também. E a preocupagiio nos leva a perturbagio, nosso cal- canhar-de-aquiles. Muitas vezes nos dizem: “No se preocupe, ninguém ostd julgan- do voce”, Sendo sensivel, vocé percebe no entanto que as pessoas na verdade estao abservando e julgando, elas normalmente fazem isso. na vida 6 bem mais dificil: conhecer aqueles olharos, aqueles julga mentos silenciosos, e nao se deixar afotar demais, Nao ¢ facil Se voc€ sempre se considerou timido Muitas pessoas confundem sensibilidade com timidoz. E por isso voc8 ouve tanto que 6 “timido demais”. Diz-se que um cao, py cavalo nasceu “arredio” quando 0 animal tem um sistema norvos sensivel (a menos que tenha softido maus-tratos: nesse caso 0 ma apropriado 6 dizer que é um animal “medroso"), Ser imido é tome quo 08 outros no gostem de nds ou nao nos aprovem. Isso significa a Tesposta a uma situagiio, & um determinado estado, nao uma caractes ristica sompre presente, A timidez, mesmo a cronica, nao 6 hordade, sensibilidade sim. Embora a timidez crénica se manifeste mais entee 8 PAS, isso nfo acontece abrigatoriamente. Tanho conhecide muitne PAS que quase nunca so sentem timidas, a Se vocé se sente timido muitas vezes, 6 facil explicar com que qualquer posonfigue asin, inclusive a6 ats Pag eo gum momento do passado voeé esteve em alguma situagao sovial (os. Pecialmente hiperestimutante) ¢ sentiu que incorren em falha, AL. suém disse que voct fez.alguma coisa errada ou parocew nao gostar de voc# ou talvez vocd nao tenha satisfeito as préprias epociat va relagdo a situago, Quem sabe jé estava hiporexcitado, e sua excelente imaginagio previu tudo 0 que podoria dar errado. ae Um fracasso nfo é, em goral, suficiente para deixar ninguém cro; camento timido, mas isso pade acontecer. © que mais normalmenta bade tor ocorrido foi que na vor seguinte em quo se viu na mann situaglo voc® estava mais agitado, com medo de que os fatos se nerann som, Natarceia ver tento str coajoso,mas cones aha eee ° ado repetinse de novo e de novo, numa espiral descendente csindndoseparacularsitadaapumae eee qualquer ocasido que envolva a presenca de outras pessoas! Tire a“ ‘Os anLAGONAMATOS SOC ‘As PAS, por ser mais perturbéveis, t¢m maior chance de entrar ‘nossa espiral. Mas vocé no nasceu timido, apenas sens‘vel, imidez” de seu auto-retrato Acoitar 0 rétulo de “timido” acarreta trOs problemas. Primeito, isso ¢ totalmente incorreto, Nao descreve verdadeiramente vocé, sua sensi- bilidade as sutilezas e sua dificuldade do administrar a hiperexcitagao. Lombre que a hiperexcitagiio nem sempre 6 devida ao medo. Acreditar nisso pode fazer com que se sinta timido, quando nao 6, como vers. Confundir sua'garacteristica com o estado de espirito chamado de timidoz6 natural, uma voz que os socialmente extravertidos constituem 75% da populacao (pelo menos nos Estados Unidos). Quando perce- bem que vocé parece angustiado, os outros nao entendem que a causa disso pode ser a hiperestimulagao. Essa experiéncia nao 6 deles, é sua. Pensam que vocé tem medo de nao ser aceito. & um timido. Esta assus- tado coma rejei¢do. Que outro motivo vocd teria para nao ser sociavel? Algumas vezes voc? tem medo da rejeigio. Por que nao? Afinal, sou ostilo ndo 6 culturalmente o ideal. Mas, sondo uma PAS, as vezes voct simplesmente no quer excitagio demais, Os outros o tratam. como se fosse timido e medroso porque ¢ dificil para eles, pelo menos a princfpio, perceber que apenas escolheu ficar a s6s. Para elos, nin- guém 0 osté rejeitando, vocé é que nesse caso parece rejeitar, (Além compreender 0 que sente porque nasceram carentes de mais ém pro- de nao estimulo para sentir-se bem, as pessoas ndo-PAS podem tamb © préprio medo de rejeigéo, ou seja, atribuirtThe 0 que jotar em v no desojam admitir em si mesmas.) Caso conviva pouco com as demais pessoas, quando deveria fazer 30, saiba que sua atitude aumenta o risco de perder essa habilidade —aconvivéncia. Ela nfo é sua especialidade, mas ropito m0 ser correto concluir que vocé soja timido ou medroso, As pessoas que decidem ajudé-lo quase sempre partom de uma premissa equivocada. Acredi- tam, por exemplo, que Ihe falta conflanga e afirmam que voc! é agra- davel, Querem de fato dizer, porém, que voc tem um: problema — falta-lhe auto-estima, Sem conhecer seu trago biisico, atribuem moti- Defini Infelizmente a palavra timidoz tem algumas conotagées muito negat vas, Nao precisa ser assim. T{mido pode querer dizer também disc to, controlado, atencioso ¢ sensivel. Mas estudos tem demonstra que a matoria das pessoas, em seu primeiro contato cam aquolas qt chamo de PAS, considerou.as timidas o escolhou como palavras equ valentes ansioso, esquisito, medroso, inibido e retrafdo® profissionais de satide mental as classificam a , coisas que '40 com timidez. Apenas as pessoas que jé conheciam bem timidos, como seus conjuges, escolheram termos positivos. Outro og tudo demonstrou que testes usados por psicélogos na mensuracdo da timidez.estio também repletos de termos negativos?, Nao haveria pro- blema se fossem testes de um estado de espfrito, mas normalmente, S80 usados para identificar “pessoas timidas”, que passam entio a Carregat um rétulo. Mantenha-se alerta em relagiio ao preconceito acu! to na palavra “timido” : Definit-se como “timido” leva d auto-sabotagem Uma oxperimentacio psicolégica bastante interessante sobre a timidez {oi realizada por Susan Brodt © Philip Zimbardot, da Universidad Stanford. Ela demonstra por que vocé precisa reconhocor que nae ¢ timido, mas apenas uma PAS que ficou hiperexcitada, Brodt e Zimbardo escotheram mogas estudantes que declararam Ser extromamente “timidas”, especialmente em relacdio aos homens, ¢ outras que ndo eram “timidas” como grupo de comparagao, No estudo, Supostamente relativo aos efeitos do barulho excessivo, cada uma das Jovens passou algum tempo com um rapaz. Este, ignoranda se a jovem era ou nao “timida”, fora instrufdo a canversar com cada uma delnn da mesma maneira, Interessante foi o fato de que algumas das este nao 6 do que a aj ‘gio tanto quanto as ndo-timidas. Chegaram mesmo a tomar iniciativas ¢ontrolando o tema da conversa tanto quanto as outras. O outro grupo de mulheres timidas, que ndo tinha a que atribuir a agitagio, falou menos e permitin que o rapaz conduzisse a conversa. Apés o experi- mento, pedi las. Ele nao foi ¢apaz de distinguir as nio-th haviam acreditado que a causa de sua agitagao fora o barulho. 125 duntos tmidas deixaram-se levar pela impressao de que sua agitagao = coragiio e pulso acelerados — era devida ao excesso de barulho O resultado mostrou que as mocas “timidas” que haviam acredita- taco fora causada pelo barulho mantiveram a conversa se que 0 rapaz tentasse adivinhar quais delas eram timi- as das timidas que ‘sas mogas comportaram-se de manoira menos timida por acreditar que nao havia um motivo social para sua hiperexcitagio. las declara- ram no ter tido timideze também que gostaram genuinamente da expe De fato, quando Ihes foi perguntado se prefeririam estar sozinhas par de um na préxima vez se fossem novamente convidadas a partic ‘experimento de bombardeamento de sons”, dois tergos afirmaram pre- forir nfo ficar a 86s contra apenas 14% das outras timidas e 25% das niio-timidas. Aparentemente essas estudantes tiveram uma experié cia particularmente agradavel apenas porque pensaram que a hiperexci- taco tinha outra causa, diversa da timidez, Lembre-se desse experimento na proxima vez que se sentir hiperex- citado em uma situagao social. Seu coragao pode ficar acelerado por grande numero de raz6es absolutamente nao relacionadas com as pessoas com quem est. Pode haver barulho demais ou vocé pode estar preocupado com alguma outra coisa da qual tenha apenas cons- ciéncia parcial. Portanto, vé em frente, ignore as outras coisas (se pu- der) e divirta-se Apresentei aqui trés razdes para nao chamar mais asi mesmo de timido. & incorreto, negativo ¢ auto-sabotador. E nao deixe também que os outros o rotulem assim. Digamos que é um dever civic erradicar esse proconcvito social. Nao é apenas injusto, como vimos no capitu- lo 1, mas perigoso porque ajuda as PAS pela diminuigao de sua autocont Como encarar seu “desconforto social” O desconforto social (termo que considero melhor que “timidez’ se sempre i e dovido & hiperexcitagio, que o faz agir, falar © parecer so- cialmente pouco habilidoso, ou ao medo antecipado de ficar hiperex- citado. Voc6 teme fazer algo desastrado, néo ser capaz. de pensar em nada era dizer. Mas essa antecipagao, por si 6, jé 6 suficiente para criar a hiperexcitacao assim que se vé na situacai Lembre-se de que o desconforto 6 tempordrio, 0 que he oferece escolhas. Vocé pode suporté-lo. Imagine que est sentindo um frig muito forte, mas que pode suportar. Vocé consegue encontrar biente mais aconcheganto. Vocé pode gerar mam algum calor — acender 0 fogo, ligar o aquecedor — ow pedir que alguém faca isso. Voce pode vestir um casaco. A tinica coisa que no deve fazer é culpar-se por ser mais suscetivel ao frio. ‘O mesmo raciocinio 6 valido em relagdo ao desconforto social caus sado pela hiperexcitagao, Voce pode fazer frente a ele, si ao, mudar a atmosfera so ara ficar mais confortavel, c mos isso mais tarde). Em qualquer dos casos, conscientemente se livraré do desconforto, Assim, esqueca a idéia de que é avesso a situagdes socinis da situae , pedir a outros que o faga on fazer algo omo assuumir uma “persona” (discutire- Cinco maneiras de administrar a hiperexcitacao em situagdes sociais Lembre que a hiperexcitacao nio signitica necessariamente medo, Encontre outras PAS e converse com ¢ las, uma de cada vez. Use técnicas para reduzir a exci Crie uma “persona” ¢ use-a conscientemente. Explique sua caracteristica as pessoas ico, Nunca subestime o poder que existe no simples ato de reconhecer que esté hiperexcitado, talvez por alguma coisa néo relacionada as Pessoas com quem esté, Se voc® for julgado, nao serd sou verdadeiro eu, mas aquele que esté temporariamente alterado pela hiperexcitagao. Quando conhecerem o seu eu trangiiilo, aquele que é sutilmente cons. lente, ficardo bem impressionades. Vocé sabe que tem amigos que 0 admiram por isso. Quando voltei ao curso de pés-graduacio, na meia-idade, no pri- meiro dia, na primeira hora, na sala do café, derramei um copo cheio dle leite por todo 0 corpo e no chao, bem como em todos que estavam. por perto. Ninguém havia esbarrado em mim. Eu esbarrei em alguma_ coisa. Isso aconteceu na frente de todos os meus futuros colegas @ professores, as pessoas que mais desojava impressionar. Ochoque somou-se A minha excitagao, j4 quase insuportivel. Mas, gracas A pesquiga que estava fazendo a respeito das outras PAS, como vocé e eu, j4 sabfaa razdo de ter feito aquilo. Minha incapacidade de transportar aquele Leite era provisivel. O dia foi dificil, mas eu nfo deixei que 6 leite derramado piorasse mou desconforto social. No transcorrer do dia encontroi outras PAS, ¢ isso ajudou muito. ‘Todos nés estavamos derramando leite, por assim dizer, Em situagbes sociais médias espera-se encontrar cerca de 20% de PAS e outros 30%. que se sentem moderadamente sensiveis. Estudos sobre a timidez de- monstram que, num questiondrio andnimo, 40% se declaram timi= dos*, Em uma sala cheia de gente, existe a possibilidade estatfstica de que polo menos uma pessoa tenha 0 mesmo trago de sensibilidade ou esteja sentindo desconforto social, como voce. Procure o olhar dessa pessoa ao tropegar; literal ou metaforicamente, ¢ perceba a expresso de profunda compreensio. Voeé terd um amigo imediato. ‘Ao mesmo tempo, use todas as sugestdes do capitulo 3 para redu- zir a agitacaio. Faga pausas ou uma caminhada. Respire fundo. Movi- mente-se. Analise as opcées. Talvez esteja na hora de sair. Talvez haja um lugar methor para se colocar, perto de uma janela aberta, um cor redor ou uma porta, Pense nos abrigos — que pessoa ou objeto familiar e trangiilo poderia protegé-lo nesse momento? Naquele primeiro dia de curso de pés-graduagio houve momentos ‘em que tive medo de que os professores pensassem que alguma coisa muito errada estava acontecendo comigo. Para as ndo-PAS tamanha agi- {acl significa conflito sério e instabilidade, Por isso usei todos os meus truques —caminhar, meditar, dirigir fora do campus na hora do almo- co, telefonar para casa pedindo uma palavra de apoio. E funcionou. 128 ‘Use & SINGMUIDAD 4 SIU FAVOR Freqiientemente pensamos que nossa agitagao 6 mais perceptivel do que realmente 6. Vocé sabe que boa parte da vida social se da pelo. encontro de uma “persona” com outra, nenhuma das pessoas olha muito além da superficie da outra, Se voc se comporta de forma pre- visivel e diz o que todas dizom mesmo sem sentir vontade, ninguém vai perturbé-lo nem concluir que ¢ arrogante, indiferente, fofoqueiro e coisas assim. As pesquisas indicam, por exemplo, que estudantes ““timidos” tendem a pensar que fazem o melhor que podem em termos sociais, mas seus colegas acham que nao se esforcam bastante’. Tal- vez seja culpa de nossa cultura, que ndo compreende as PAS, mas até que possamos mudar isso vocé tomar sua vida mais facil fingindo ‘um pouco mais, como todo mundo faz. Assuma uma " persona” — 0 termo vem da palavra groga que significa mascara. Por tras da masca- ra voc® pode ser quem quiser. Por outro lado, algumas vezes a melhor titica 6 explicar sua agita- go, Eu muitas vezos fago isso ao dar aulas ou falar para um grupo de estranhos. Digo-lhes que minha voz. vai soar um pouco estridente, mas em poucos minutos estarei bem. Quando estiver com um grupo, explicar sua caracterfstica conduz a uma conversa mais intima a res peito do desconforto social de todos, possibilita-lhe sair antes dos ‘outros sem sentir-se culpado ou The dé a liberdade de fazer uma pausa sem ficar “isolado” quando voltar. Talvez alguém possa reduzir os estimulos diminuindo a iluminagao ou o volume da mtisica ou dei- xando vocd “passar” no momento das apresontages. Quando mencionar que 6 altamente sensfvel, voc@ despertara um dos seguintes esteroétipos, depondendo das palavras que usar: um, na vordade, 6 0 da vitima passiva, fraca e problemdtica. © outro é 0 da pessoa de inteligéncia privilegiada, profunda, de presenga marcante na sala, £ preciso alguma prética para usar palavras que despertem 0 este- re6tipo positivo, Trabalharemos com isso no capitulo 6. Quando tenho de ficar com um grupo por um dia inteiro ou tado 0 fim de semana, geralmente explico que preciso de muito tempo a s6s. Muitas vezes outras pessoas também 0 fazem. Mesmo quando sou a inica a ir codo para 0 quarto ou a fazer longas caminhadas solitarias, aprendi a nao gerar compreensio nem pena, deixando apenas um ar ed. al de mistério para trés, Membros da classe dos “conselheitos reais” po- dom pensar nessa opgiio, Cri um pouco de mistério em torno de vod. Pessoas, estimulos e introversiio Até aqui atacamos 0 “problema” livrando-nos do rétulo de timidez e aprendendo que 6 que acontece conosco é uma hiperexcitagdo cost ‘moira, [gualmente importante é compreender que existe mais de uma ‘maneira de ser socialmente correto. ‘Sua forma social de ser ver de um fato basico: para a maioria, grande parte dos ostimulos pertuybadores do mundo externo vem de outras pessoas, em casa, no trabalho ou em pablico. Somos todos seres sociais que apreciam companhia e precisam depender dos demais, Mas muitas PAS evitam as pessoas que vém em “pacotes” de hiperex- citagaio — 0s estranhos, as grandes festas, as multiddes. Para a maioria das PAS, essa 6 uma tragédia pungente. Em um mundo altamente es- timulante e exigente, todos temos de estabelecer prioridades. Naturalmente ninguém pode tornar-se um especialista em situa (Bos que prefere evitar. Mas a maioria pode administrd-las ow apren= dor a lidar com elas, Adininistrar apenas 6 uma forma aceitavel ¢ inte= ligente de economizar energia para aquilo que realmente interessa ¥ também verdade que algumas PAS evitam estranhos, festas @ ou tras situagbos de grupo por ter sido rejeitadas no passado. Por niio se oncaixar no ideal cultural da pessoa extrovertida, foram duramente julgadas e agora evitam as pessoas com as quais néo se sentem soguras- {sso parece razodvel, apesar de triste, e mio ¢ motive para se envergonhat, No cémputo geral, 70% das PAS tendem a ser socialmente “intro- vertidas”. Isso nao quer dizer que voct nfo goste de pessoas. Significa que prefere ter alguns poucos relacionamentos {ntimos a um grande ‘ireulo de amigos e que geralmente no gosta do grandes festas nem de multiddes. Mesmo pessoas mais introvertidas podem as vezes ser expansivas e apreciar um estranho ou a multidiio. E mesmo a pessoa mais extrovertida as vezes se introverte, Os introvertidos também sto seres sociais. O relacionamento social, na verdade, afeta seu bem-estar mais do que o dos extrovertidos". Bles se importam com qualidade, nfo com quantidade, ' SINSIRIDADE A SEU FAVOR A PAS extrovertida Quero enfatizar que ser uma PAS nao 60 mesma que ser socialment introvertido. Descobri com meus ostudos que os socialmente extro- vertidos entre as PAS somam 30%, Sendo extrovertido, vood tem gran dos circulos de amigos e aprecia estranhos e grupos. Talvez tenha sido criado em uma familia grande, socidvel e amorosa ou em um bairra seguro onde aprendeu a ver as pessoas como fonte de seguranga, € nao como razao para se por om guarda. Apesar disso vocé ainda encontra outras fontes de pertubacao igualmente diffceis, como um longo dia de trabalho ou a permanéncia Por muito tompo no centro da cidade. Quando esta hiperexcitado, voce evita a vida social. (Extrovertidos nio-PAS relaxam melhor na companhia de outras pessoas.) Mesmo que nossa atengao aqui esteja voltada para os habitualmente introvertidos, os extrovertidos também encontrardo utilidade na leitura, Valorizagio do estilo introvertido Avril Thorne, atualmente na Universidade da California, em Santa Cruz, propés-se observar como os introvertidos realmente interage’ Usando testes para identificar estudantes universitérias altamente introvertidas e altamente extrovertidas, ola formou pares de pessoas do mesmo tipo ou de tipos opostos ¢ filmou as conversas. As estudantes altamente introvertidas eram sérias © concentradas. Conversavam principalmente a respeito de problemas e eram mais cautelosas. Demonstraram-se inclinadas a ouvir, entrevistar e dar con- selhos. Parociam concentrar-se profundamente na outra pessoa. No outro extremo, as mogas altamente extrovertidas tiveram con- versas mais “agradéveis”, buscaram concordancla, procuraram seme~ (Os RHLACIONAMENTOS SAS ae Ihangas em seu pasado e suas experiéncias ¢ elogiaram-se mais. Bram ‘{nimadas e expansivas e gostaram de formar par com ambos os tipos, ‘como se sou maior prazer fosse a prépria conversa Quando as extrovertidas formaram par com as altamente introver- tidas, consideraram agradével nio ter de ser tao animadas. E as intro- vertidas avaliaram a conversa com as extrovertidas como “um sapro do ar fresco”. A perspectiva que ganhamos do estudo de Thorne é ¢ada tipo dé ao mundo uma contribuigao igualmente importante. Mas, dovido & pouca valorizagao do tipo introvertido, dodicaremos algum. tompo ao comentario de suas yirtudes Junge o estilo intovertido Carl Jung via a introversio como uma divisio bisica entre os res humanos, causa de grandes embates da filosofia e da psicologia. A maioria doles reduzia-se a discutir se seria os fatos exteriores ou a ‘compreensio interior dosses fatos o fator mais importante do entendi mento de qualquer situagae ou assunto. ; Jung via as duas atitudes om relagio a vida, que a maioria das pessoas alterna, como uma respiragio ~ para dentro @ para fora” Algumas pessoas sao porém consideravelmente exteriores. Mais ainda, para elenenhuma das duas atitudes api relagio dizeta com o fato de sr ow no ocidvel. A introver simplesmenteo ato de estar Vltado pare dentro, em direcio ao suei- to, a0 et, mais do que para o objeto exterior. A introversio vitia de uma necessidale ou preferéncia por prokger o aspecto interior, “sub- jetivo", da vida, dando-Lhe miior valor eparticularmente nao permi~ tindo perturbagies do mundo “objetivo”, ‘Nada serésuficiente para enfatizar ainportancia dos introvertidos na visio de Jung, Elessio a evidléncia viva de quecsse mundo rico e varia- do, com sua exuberante vida inebiante, nao 6 puramente externo, mas que também existe noigterior (..) Sua vida en- sina mais que suas palavas (...) Suavida ensina a outra pos sibilidade, a vida interior, que 6 tao pungentemente necossé- ria em nossa civilizagao", Jung conhecia o preconceito da cultura ocidental contra os intro- vertidos e podia toleré-lo quando vinha dos extrovertidos. Mas sentia que 0 introvertido que se subestima presta um desservico ao mundo, Todos siio necessdrios Algumas vozes s6 precisamos apreciar © mundo exterior como ele 6 Sor gratos aos que nos ajudam, os extrovertidos que conseguem fazer com que completos estranhos estabelecam um vinculo. Algumas vezes Precisamos de uma ancora interior, dos introvertidas que dedicam total atengio as nuangas mais profundas da experiéncia pessoal. A vida nao 6 apenas os filmes que jé vimos nem os restaurantes que conhecemos, Algumas vezes é essencial para a alma discutir quest6es mais suis, Linda Silverman, especializada em criangas de inteligéncia privi- legiada, descobriu que, quanto mais brilhante a crianga, maior 6 a possibilidade de ser introvertida. Os introvertidos sio excepcional- mente criativos, até mesmo em coisas simples como o ntimero de res- Postas inesperadas a um bloco de testes Rorschach", $40 mais flexi veis também, de certa maneira, ja que muitas vezes tm de fazer coisas que 0s extrovertidos fazem todo o tempo — encontrar estranhos ¢ ir a festas. Mas os extrovertidos podem evitar a introversio, a reflexao interior, por anos a fio, Essa maior versatilidade apresentada por al guns introvertidos ¢ especialmente importante em um estégio mais avancado da vida, quando a pessoa comoga a desenvolver aquilo que Ihe faltou até ali, nesse estigio da vida, também, que a capacidade de reflexiio se torna importante para todos. Em resumo, os introvertidos podem amadurecer com maior sabedoria. ‘Voce esté, portanto, em boa companhia. Ignore as farpas a respeito de “animar-se”. Desfrute a frivolidade dos outros e abrace sua especia- lidade. Se nao 6 bom para bater papo, orgulhe-se de seu siléncio. Igual- ‘mente importante 6 permitir, quando seu humor muda e sua parte ex- trovertida se manifesta, que sua conversa seja tao sem-graga e tola quanto tiver de ser. Todos nés nos atrapalhamos quando fazemos algo em que nijo somos especializados. Vocé possui uma parte daquilo que é “bom” Seria pura arrogdncia pensar que qualquer um de nés pudesse ter tudo. Fazer amigos ‘As pessoas introvertilas preferom relacionamentos intimos por muitas razdes. Os intimos compreendem-se apsiam-se. Um bom amigo ou um companheiro pode também perturi-lo mais, mas isso forga ao crescimento interior, freqiientemente uma alta prioridade das PAS, Por causa de sua intui respeito de coisas complicadas como filosofia, sontimentos ¢ conilitos, E dificil fazer isso com um estranho ou em uma festa. Os introvertidos, finalmente, possuem um trago de personalidade que pode torné-los bons nos relacionamentos fntimos —com os intimos oles podem expe- rimentar 0 sucesso social. Os extrovertidos estado certos, porém, quando dizem que “um es- tranho 6 s6 um amigo que eu ainda nao conheci”. Todos os sous amigos mais {ntimos foram estranhos um dia. Quando esses relacionamentos mudarem (ou terminarem) voce vai desejar encontrar novos possiveis amigos intimos. Entio talvez deva lembrar como conheceu seus me- Ihores amigos. do voc) provavelmente gosta de conversar a As boas maneiras ¢ a persona Lembre-se, especialmente se for quase sempre introvertido, de que na maior parte das situagGes voce precisa satisfazor pelo menos as ex- poctativas sociais mnimas. As PAS podem reduair todas as regras de etiquota a uma regra de cinco palavras: minimize a hiperexcitagaio do outro, (Ou de duas palavras: seja gontil.) Um siléncio mortal, se ines- perado, pode causar desconforto a outra pessoa. Tanto quanto ser ex- cessivamente animado, esse 6 0 engano mais freqiiente dos extroverti- dos. O objetivo 6 dizor coisas agradaveis que nao causem surpresa. Isso pode, sim, entediar pessoas que nao sejam sensiveis e gostem de muita estimulagao, Mas, quando voce conhece alguém, deseja que {A SINSINLIDADN ABOU AVON sua excitagio de curto prazo fique controlada mesmo que esse nao soja © problema do outro. Mais tarde poderd ser tio criativo surpreenden+ te quanto queira. (Mas nesse ponto vocs jé estar correndo riscos calcu lados, e qualquer sucesso poderd sor contado coma ponto positivo,) Agora vocé vai precisar de um curso mais avangado sobre personas ou papéis sociais. Ter uma boa persona obviamente significa demons ar boas maneiras ¢ um comportamento previsivel e neutro, Mas a persona pode também ser um pouco mais elaborada, de acordo com a necessidade. Um banqueiro desojaré uma persona sélida e pritica. Se houver um artista em seu interior, o banqueiro dosojaré manté-lo em segredo, Artistas, por outro lado, procurariio manter sua sensibilidade de banqueiro escondida das vistas do piiblico. Estudantes serao es- pertos se parecerem um pouco humildes, professores precisam de- monstrar autoridade. Aiidéia da persona contradliz-a admiragao da cultura norte-america- na pola franqueza e pela autenticidade, Os europeus tém compre ‘or do valor do nao dizer tudo 0 que se pensa, Existem, porém, pessoas que se identificam demais com a prépria persona, ‘Todos n6s conhecemos 0 tipo. Como nfo tém nada por dentro, 6 diff. cil afirmar se sdo desonestas ow falsas. Mas a excessiva identificagaio com a persona 6 rara entre as PAS. Caso ainda pense que estou Ihe pedindo para néo ser sincero, en= care 0 processo como a escolha do nivel apropriado de abertura ao momento e ao lugar. Tome como exemplo a situagiio em que mal co- ahece uma pessoa ¢ ela procura uma amizade que voce nio deseja iniciar. If pouco provavel que vocd rec dizendo: “Sinto que nao quero ser seu amigo intimo”. Vocé achara um pretexto, como dizer que esta muito ocupado no momento, A resposta 6 honesta até certo ponto—se seu tempo fosse infinito, talvoz levasso essa amizade um pouco além, Dizer ao outro algo que 0 coloque no tiltimo lugar de sua lista de prioridades nao 6, em meu ponto de vista, moralmente correto. Boas maneiras ¢ uma boa persona requerem esse tipo de honestidade, que demonstra consideragao salva as aparéncias, principalmente em relagdo as pessoas que nfo conhece bem. © convite para um almogo Oss nnLacronanivras soca, 135 COMO VOCE CONHECEU SEUS MELHORES AMIGOS? Escreva os nomes de seus melhores amigos, cada um om uma folha separada. Depois respondia as seguintes petguntas a respeito do inicio da amizad + As circunsténcias forearam vo8 e falar? + Foio outro que tomou a iniciativa? + Havia algo de incomum na maneira como se sentio? + Vocé estava especialmente extrovertido naquele dia? + Como estava vestido e kno se sentia 0 tespeito de sua aparéncia? + Onde vocé estava? Na escola, no trabalho, em férias, em uma festa? + Qual era a situagao? Quem os apresentov? Conheceram-se por aca~ 50? Um tave de falar com 0 outro a respeta de alguma coisa? 0 que aconteceu? + Como foram 0s primeiros momentos, horas. dias? * Quando e como ficou sabendo que aquela seria uma amizade? Agora procure o que as respostas tém emcomum, Por exemplo: voc® nido gosta de festas, mas pode ter conhecido tis de seus melhares ami~ gos em festas. Alguma das situagdes est ausente de sua vida neste mo- mento, como freqiientar uma escola ou trabshar com outras pessoas? i algo que voce queita fazer a respeito do que aprendou? Prometer ir ‘uma festa por més? (Ou evitarfestas de hoje endiante — festas ndo so lugar ideal para fazer amigos.) Desenvolva maior habilidade social :xistem dois ti pos de informagio sobre habilijades sociais comument® acessiveis em livros, fitas, palestras, artigisou cursos, Um tipo vo#™ dos expectalistas em extoversio, habilis sociais, vendas, ad m> nistragio de pessoal e etiqueta, Essas possoxgeralmente sao espirit u” sas e descontrafdas. Elas falam a respeito de apronder, endo curat, portanto n@o ciminuem sua auto-estima pessupondo que tem U2 problema. Se procurar esses profissionais, cmpreenda que seu obj © ‘Uit A Stnsimtipape «st HvoK sua oxcitagdo do curto prazo fique controlada mesmo que esse nao se} © problema do outro. Mais tarde podera ser tio criativo e surpreen: te quanto quoira. (Mas nesse ponto vocd jé estard correndo riscos calc lados, © qualquer sucesso poder ser contado como ponto positivo,) Agora vocé vai precisar de um curso mais avangado sobre personas ou papéis sociais, Ter uma boa persona obviamente significa demons trar boas maneiras e um comportamento previsivel e noutro, Mas a persona pode também ser um pouco mais elaborada, de acordo com a necessidade. Um banqueiro desejaré uma persona s6lida e pritica. Se houver um artista em scu interior, 0 banqueito desejaré manté-lo em segredo. Artistas, por outro lado, procurardo mantor sua sensibilidade de banqueiro escondida das vistas do publico. Estudantes serio es- Pertos se parecerem um pouco humildes, professores precisam de- monstrar autoridade. A idéia da persona contradiz.a admiragio da cultura norto-america- na pela franqueza ¢ pela autenticidade. Os europeus tem compreen- so muito maior do valor «le nao dizer tudo o que se pensa, Existem, porém, pessoas que se identificam demais com a propria persona, ‘Todos nés conhecemos o tipo. Como nao tém nada por dentro, 6 diff. cil afirmar se sao desonestas ou falsas. Mas a excessiva icentificagiio. com a persona 6 rara entre as PAS. Caso ainda pense que estou Ihe pedindo para nao ser sincero, en- care 0 proceso como a escolha do nivel apropriado de abertura ao momento ¢ ao lugar. ‘Tome como exemplo a situagio em que mal co- nhece uma pessoa e ela procura uma amizade que vocé nao deseja Iniciar. E pouco provivel que vocé recuse 0 convite para um almogo dizendo: “Sinto que niio quero ser seu amigo intimo”. Vocé acharé um pretexto, como dizer que ests muito ocupado no momento, Arosposta 6 honesta até certo ponto—se set tempo fosse infinito, talvez levasse essa amizade um pouco além, Dizer ao outro algo que 0 coloque no ultimo lugar de sua lista de prioridades ndo 6, em meu Ponto de vista, moralmente correto. Boas maneiras ¢ uma boa persona requerem esse tipo de honestidade, que demonstra consideragio ¢ salva as aparéncias, principalmente em rolago as pessoas «ue no conhece bem, COMO VOCE CONHECEU SEUS MELHORES AMIGOS? Escreva os nomes de seus melhores amigos, cada um em ume folha separada, Depois responda as sequintes perguntas a respeito do inicio da amizade: + As circunstdncias forgaram vocé a falar? + Foio outro que tomau a iniciative? + Havia algo de incomum na maneire como se sentia? + Vocé estava especialmente asset naquele dia? ; + Como estavavestido © como se sentia a respeito de sua aparéncia? + Onde vocé estava? Na escola, no trabalho, em férias, em uma festa’ ual era a situagao? Quem os apresentou? Conheceram-se por aca- ‘50? Um teve de falar com 0 outro a respeito de alguma coisa? 0 que aconteceu? + Como foram os primeiros momentos, horas e dias? + Quando e como ficou sabendo que aquela seria uma amizade? Agora procure o que as respostas tém em comum. Por exemplo: vocé nao gosta de festas, mas pode ter conhecido dois de seus melhores ami- gos em fstas, Alguma das stuagoes estéausente de sua vida neste mo- mento, como freqiientar uma escola ou trabalhar com outras pessoas’ Ha algo que vocé queira fazer @ respeito do que aprendeu? Prometer ir 2 uma festa por més? (Qu evitar festas de hoje em diante —festas no sao o lugar ideal para fazer amigos.) Desenvolva maior habilidade social Existem dois tipos de informagao sobre habilidades sociais comumente acessiveis om livros, fitas, palestras, artigos ou cursos, Um. ipo ra dos especialistas em extroversio, habilidades sociais, vendas, ae nistragio de pessoal o otiqueta sas pessoas gralmente so expire. sas ¢ descontraidas. Blas falam a respeito de aprender, e ndo curar, portanto no diminuem sua auto-estina pressupondo que tem um problema. Se procurar esses profissionais, compreenda que seu obje- 16 ‘Us 9 sensintipanr a sty VOR tivo no 6 ser como eles, mas aprender algumas dicas. Procure titulos Como sair-se bem na multiddo ¢ O que dizer em todos os siveis momentos de embaraco. (Eu inventei esses titulos, sempre aj recem novos.) O outro tipo de informagao vem de psicélogos que tentam aj as pessoas a lidar com a timidez. Seu estilo é primeiro deixé-lo preo pado, para que fique motivado, e depois levé-lo passo a passo atra do alguns métodos muito sofisticados e bem pesquisados de mud: de comportamento, Essa abordagem pode ser muito eficiente, mas bém apresenta alguns problemas para as PAS apesar de parecer adequada. Falar em “‘curar” sua timidez ou “vencer sua sindromo” vai despertar a sensagao de que vocd ¢ imperfeito, além de ignorar lado positivo de sua caracteristica inata. Quando ler ou ouvir qualquer conselho, lembre que nao pi aceitar a definigao quo os extrovertidos de plantio tém das habilida: des sociais — manipular o ambiente, sempre conseguir uma boa ret Posta, nunca permitir siléncios “embaragosos”. Voce precisa conhes cer suas proprias habilidades —conversar com soriedade, saber ouvir, permitir siléncios durante os quais pensamentos mais profundos pos sam ser elaborados, Outra posstvel verdade é que vocé ja saiba muito daquilo que es- ses especialistas vao dizer. Selecionei portanto os pontos principais 6s reuni em um pequeno teste para mostrar-lhe o que jé sabe e lhe ensinar um pouco a respeito do restante, VOCE JA CONHECE AS ULTIMAS NOVIDADES PARA SUPERAR 0 DESCONFORTO SOCIAL? Responda verdadsiro ou falso, depois confira as respostas nas paginas 146, 147 e 148, 1. Edtiltentar controlar o “discurso interior” negative, comopor VF exemplo: “Ele provavelmente nao vai gostar de mim” ou "Eu provavelmente vou fracassar como sempre”. Osanisconauneas soos 2. Quando as pessoas ficam timidas, isso se torna Sbvio para os que as rodeiam. 3. Vocé deve esperar alguma rejeicdo e nunca tomé-la como pessoal 4, E.dtilter um plano para superar 0 desconforto social, por exem- plo, tentar conhecer pelo menos uma pessoa nova por semana. 5. Quando fizer seu plano, quanto maiores forem os passos mais dopressa alcancaré 0 objetivo. \_ 6. Emelhor ndo ensaiar o que vai dizer ao novo conhecido ou ‘om uma situago nova. Isso 0 faré parecer tenso e pouco es- pontaneo. 7. Tenha cuidado com a finguagem corporal: quanto menos ela revelar, melhor, 8. Quando estiver tentando iniciar ou continuar uma conversa, faca perguntas levemente pessoais que néo possam ser res- pondidas com uma palavra ou duas. 9. Uma forma de demonstrar que esté ouvindo é inclinar-se para tras, com bragos e pemas cruzados, o rosto impassivel, sem fitar os olhos da outra pessoa. 10. Nunca toque a outra pessoa. 11. Nao leia ojornal antes de sair para encontrar pessoas —isso 6 ira perturbé-lo. 12, Revelagdes pessoais nao so importantes para a conversa, uma vez que vocé fala sobre coisas interessantes. 13. Bons ouvintes repetem aquilo que acabaram de ouvir, refle- tem sobre 0 sentimenta da outra pessoa e reagem com 0s, préprios sentimentos, nunca com idéias. 14, Nao conte aos outros detalhes interessantes a seu respeito. {sso s6 fard com que sintam inveja. 15, Para aprofundar uma conversa ou torné-a mais interessante ppara ambos, algumas vezes 6 itil comentar os préprios defei- tos ou problemas. 16. Tente nao discordar da outra pessoa. VE WE VE VE VF VF VF VE VF VE ‘A SINSITDADE A St FAVOR 17, Quando a conversa faz com que deseje passar mais temy com a pessoa, vocé dave dizer isso a ela, i Baseado em Jonathan Cheek, Conquering shyness(New Yor Dell, 1989), € M. McKay, M. Dewis e P. Fanning, Messages: the chart ‘book (Oakland, Califérnia: New Harbinger Press, Nios sina mal se voc sabe o que deve fazer mas nem sempre faz Gretchon Hill, psicéloga di Psicéloga da Universidad s, inquisi soas timidas © nao-timidas a ae respeito do quo consideravar on timids nt sideravain um com Portamento sproptiad em 25 stasis Socials diferente. Verio ue os timidos sabiam 0 que era esperado doles, mas dizism nito pie -lo. Ela conclui que falta autoconfianga aos timidos: intrinseco que normalmento nos éaribuiel do. Entto.nos diz para ser mais confiantes.E, naturalmente, na val, . E, naturalmente, nao consoguimos, afi ban se a mle, nfo conseguimos, afina, f Hhamos mais uma vez. Talver. essa falta de confianga soja algumas aa justificada por tantas experiénctas de excessiva hiperexcitagdo ara agir apropriadamente, £ natural Sant £ natural que alguns pressuponham na ‘ser cay 2s i a 4 = \pazes i fazer aquilo que sabem ser socialmente correto. Acho apenas que dizer a n6s mosmos que devemo: if 8 quo devemos sr mais confiantes r mente ajuda. Continue com eee abordagem dup io: ents n a lupla vista neste «: tre Dall a hiperexcitagao e valorize seu estilo intravertido, a rutra raziio da incapacidade de por em pritica aquilo que ji sabe a respeito das habilidades sociais sio os velhos padres da inf a infincia, a podem prevalecer, ¢ precisam ser encarados, ou algum sontimen. }© que distrai sua atengfio, Um sinal disso? Vocs fica repetindo coisa como “nao sei por que fiz isso, Eu podi f acts 8 0 soi p isso, Eu podia ter evitado. Simplosment no era eu” ou “apesar de todo 0 esforco, nada est dando corto” O caso de Paula Paula decididamente nasceu altamente sonsivel. Seus pais com entam desde que nascou. Ela sempre esteve consciente de ser ‘Os acionamenTos socials nais sensfvel que os amigos aos sons e A confusio. AO 30 anos, quando ‘entrevistei, era extremamente eficiente em sua profissio, que envol- ‘vin a organizagao dos bastidores de grandes eventos. Mas nao via ne- huma chance de progredir por ter horror a falar em pablico ¢a mul- tiddes om geral, o que a limitava apenas 4 geréncia de um pequeno grupo de funcionéirios. Paula, de fato, havia organizado sua vida em orno das poucas ocasides em que sou trabalho exigia que participasse das rouniées administrativas. Er procisava ensaiar horas antes dessas reunides e cumprir diversos rituais para preparar-se emocionalmente. i havia lido todos os livros sobre como vencer esses medos eempre- ado considerdvel forca de vontade no combate a essas emogGes. Quando percebeu que seu medo era incomum, decidiu tentar tma terapia mais Jonga e intensa. Foi quando descobriu as razées do medo e comegou a trabalhar na solugao do problem: Durante 0 crescimento de Paul (atualmente 6 alcodlatra também.) Sempre fora um homem inteligen- te, analitico, que ajudava os filhos com os deveres de escola, Na ver dade, era muito ligado a todos eles eum pouco menos cruel com Paula 1m o$ meninos, Mas parte dessa atengao pode ter tido um car mfundia . seu pai foi um homem violento que ter sexual, ela comegava a descobrir, ¢ isso com cerleza a De qualquer forma, sua firia era 0 que mais a ‘A mie era muito preocupada com as outras pessoas e sua opini extremamente dependente da vontade de ferro do marido, Era tam: bem um tipo de mértir, concentrando sua vida nos fillhos. Por outro lado, tudo o que se referia A criagiio deles a desagradava, Suas historias de terror explicito a respeito de nascimentos ¢ sua falta do gosto por bebés faziam parecer que a primeira ligagdo de Paula fora tudo menos segura. Mais tarde, a mie fez dela sua confidente, contando-Ihe mais do que uma crianga podia administrar, inclusive um catilogo com pleto das razées pelas quais nao gostava de sexo. Na verdade, ambos os pais Ihe contavam os sentimentos que tinkam um pelo outra, in- 0, clusive suas intimidades sexuais. Com um passado assim, seu “medo de falar em piblico” relacio- nava-se principalmente a uma desconfianga baisica das pessoas. El havia, sim, nascido sensivel ¢ portanto facilmente hipewexcitével. Mas 140 {Ust sesinnnane a SEU MvOR fora também uma crianga de ligagao insegura, o que tornava mais fil encarar situacdes ameagadoras de forma confiante, Sua mae tia, e ensinow-the, um medo irracional das pessoas em geral (n Ihe passou confianga). Por fim, as primeiras tentativas de Paula manifestar opiniao foram recebidas com firia por seu pai. Talvez uma razao extra de seu medo de falar em publico ter sido sentir que sabia demais — a respeito dos possiveis sentiment incestuosos de seu pai por ela ¢ das intimidades dos pais. ‘Quostdes assim nio sao faceis de resolver, mas podem ser trazid 4 consciéncia e trabalhadas por um terapeuta competente. As voz que tém medo de expressar-se so finalmente libertadas. Treinament especifico em habilidades sociais pode mais tarde ser necessdrio, mas. a partir de um ponto em que realmente funcione. Conselhos sociais basicos para PAS Aqui estio algumas sugestdes de situagdes que freqiientemente caus sam desconforto social as PAS. ‘Quando vocé 86 precisa bater papo, Decida se prefere falar ou ouvir. ‘Se profere ouvir, muita gente vai ficar feliz por poder falar. Faga algue mas perguntas espectficas ou apenas pergunte: “O que vocd faz quando unio est em uma festa?” (ou conferéncia, casamento, concerto etc.) Se quisor falar (0 que 0 coloca no controle e evita que fique ente- diado), planeje com antecedéncia falar do assunto que Ihe agrada ea respeito do qual pode discorrer. Como: “Que tempo horrfvel, néio 6 mesmo? Mas pelo menos é melhor para ficar em casa e trabalhar no projeto que estou escrevendo”. A outra pessoa, naturalmente, vai per guntar o que vocé esté escrevendo, Ou entio: "Que tempo horrfvel, ou nem pude treinar hoje”. Ou ainda: “Que tempo horrivel, minhas co- bras detestam tempo assim”, Para lembrar nomes. Voce pode vir a esquecer os nomes das pessoas porque estava distrafdo ou agitado quando foram apresentados. Tento transformar em habito dizer alguma frase que use o nome logo depois de ouvi-lo: “Prazer em conhecé-lo, Arnold”, Depois use-o de novo nos dois minutos seguintes. ‘Tentar mais tarde uma retrospectiva das possoas que conheceu pode ajudar a lembrar seus nomes por mais tempo. Problemas com nomes, no entanto, sdo relativos. Fazer pedidos. Os pedidos pequenos, como solicitar uma infor- magiio, doveriam ser faceis. Mas algumas vezes os colocamos em nossa lista de coisas por fazer e eles simplesmente ficam 4, como se fossem grandes ¢ dificets. Se for possivel, faga os pedidos no momento em que a necessidade surgir ou faga todos de uma vez. quando estiver em um estado de espfrito arrojado. Para pedidos um pouco mais impor tantes, faga com que paregam pequenos. Pense como vai ser rapido e pouco trabalhoso para a pessoa a quem vai pedir. Para os mais impor tantes ainda, faga uma lista de tudo 0 que ¢ necessario, Comece por ter certeza de que estd falando com a pessoa certa, Ensaie antes com alguém, que deverd dar todas as respostas possiveis. Isso nio torna mais fécil, mas pelo menos vocé estaré mais bem preparado. ‘Vender. Francamente, a carreira de vendas nao é comum para uma PAS, Mas, mesmo que no se venda um produto comercial, existem na vida muitos momentos em que se quer vender uma idéia, a capaci- dade para um emprego ou talvez um trabalho criativo. E no caso de voc acreditar que algo pode realmente ajudar uma pessoa ou o mun- do om geral? De maneira mais suave, provavelmente a sua, vender é simplesmente compartilhar com outros aquilo que se sabe a respeito do alguma coisa. Quando compreenderem 0 valor daquilo em que voc acredita, poderé deixar que tomem a propria decisto. Quando hé dinheiro envolvido, as PAS geralmente se sentem cul- padas por estar pedindo “demais” ou “muito pouco”. (E se nos senti- mos inferiores pensamos: “E que valor eu tenho, afinal?”) Normal- mente nao podemos e nio devemos simplesmente desperdigar nosso sorvigo nem a nés mesmos. Precisamos de dinheiro para continuar a dispor daquilo que oferecemos. As pessoas entendem isso, exatamen- te como voce, quando compram algo. Fazer reclamagées. Isso pode ser dificil para a PAS mesmo quan- do areclamagao 6 legitima, Mas vale a pena praticar. A atitude positi- va da forcas aos que freqiientemente se sentem diminufdos apenas ‘por ser quem sio (muito jovens, muito velhos, muito gordos, muito escuros, muito sensiveis etc) [A NATIDADE A SHU AVON Vocé deve, no entanto, estar pronto para as respostas. A raiva 6 a mais perturbadora das emogdes, e por boas razdes, Seu objetivo 6 mobi- lizar-nos para a luta. Ela é hiperexcitante, quer soja sua, quer deles, quer soja de alguém que vocé estoja observando a distancia, Fazer parte de um pequeno grupo. Grupos, classes ¢ comités po- dom serassunto complicado para as PAS, Geralmente assimilam mui- to mais coisas que os outros, mas 0 desejo de no clovar o nivel de excitagdo pode fazer com que fiquem caladas. Gedo ou tarde, porém, alguém vai perguntar o que vocé acha. f um momento delicado, mas importante para o grupo. As PAS, habitualmente caladas, com freqiién- cia deixam de perceber que a possoa silenciosa ganha cada vez mais influéncia cam o tempo, Além de desojar dar-lhe uma chance de falar, © grupo pode ter uma preocupagio inconsciente. Vocé faz parte do grupo ou nao? Vocé esta sentado ali s6 julgando? Vocé esta insatisfei- toe quer deixar o grupo? Se safsse, eles ficariam com essas preocupa- ‘ces, ¢ 6 por isso que os membros silenciosos de um grupo recebom, tanta atengio. Talvez seja por boa educagao, mas 0 medo osté sempre 14, Se nao participar com o nivel exato de entusiasmo, receberd conside- navel atengdo. E algumas pessoas do grupo podem pensar que a me- Ihor dofesa é rejeitd-lo antes que vocé os rejeite. Se niio acredita, tente permanecer calado em um novo grupo pelo menos uma vez e vera como as coisas Considerando toda a energia dirigida ao membro silencioso, se desejar ser mais calado que os outros deve tranqiiilizé-los informando que nao os esté rejeitando nem planejando deixar o grupo. Diga que prefere participar apenas ouvindo, Comunique seus sentimentos posi- tivos em relacao ao grupo se os tiver. Avise que vai falar quando sontir que esta pronto ou pega que Ihe fagam perguntas. Vocé pode também preferir explicar sua sensibilidade. Mas isso significa um rotulo que paderd vir a ser auto-sabotador. Falar ou agir em pitblico. Isso 6 natural para as PAS — 6, sim. (Vou deixar por sua conta imaginar todas as razdes pelas quais 6 mais dificil para nés,) Primeiro, muitas vezes sentimos ter alguma coisa importan- te para dizer que escapou aos outros. Quando os demais ficam gratos Por nossa contribuigdo, nos sentimos recompensados, ¢ na proxima losenrolam, MUIASONAMENTON SOCAN ws ‘vox serd mais facil. Em segundo lugar, nés nos preparamos. Em algu- ‘mas situagdes, como quando voltamos para verilicar se desligamos a torradeira, podemos parecer “compulsivos” para aqueles que néo estao tiio determinados a evitar todas as surpresas desnecessérias (como uma asa incendiada). Mas qualquer um seria tolo se nfo se “superpropa- rasse” para a excitagdo incomum de ter uma platéia, Mais preparados, faleangamos maior sucesso. (Essas so duas razbes pelas quais todos os livros a respeito da timidez podem citar tantos politicos, atores come- diantes que “superaram sua timidoz, ¢ vocé também pode!") A chave, repito, 6 preparar-se, preparar-se, preparar-se. Vocd pro- vavelmente nao tem medo de ler em vor.alta, portanto escreva exata- mente o que quer dizer e, até que se sinta mais seguro, leia. Se isso for pouco comum para a situago, explique algumas boas razées de sua atitude. E faga-o com firmoza, Ler bem também requer preparo e pritica, E necessario usar a 6n- fase certa ¢ conhecer os limites do tempo para poder ler devagar. Mais tarde vocé pode passar a usar apenas anotagdes. Em grupos grandes eu sempre fago anotagdes antes de levantar a mao pedindo para falar ow fazer uma pergunta apenas para garantir que nao terei um “branco” quando me chamarem. (Fago 0 mesmo em qualquer si- tuagao que me deixe hiperagitada, inclusive em consultas médicas.) Acima de tudo, ensaie 6 maximo que puder com uma platéia, re- produzindo a situagio om que vai estar. Use a mesma sala, no mesmo momento do dia, vista as roupas que vai usar, ligue o sistema de som e-assim por diante, de forma a criar 0 menor nimero possivel de ele- mentos novos na situagdo. Esse é 0 maior sogredo do controle do nivel de excitagao. Feito isso, ¢ s6 desfrutar seu desompenho. Eu superei meu medo de falar em pablico ensinando — bom co- mego para uma PAS. Vocd esté oferecendo algo, vocd 6 necessério, @ or isso seu lado generoso assume o comando. A platéia nao espera ser entretida, portanto o que fizer para tornar a situagao mais prazerosa serj recebido com gratidiio, E vocé descobrira que tem verdadeiras inspiragdes quando tiver coragem suficiente para expressé-las. Alunos podem, porém, ser insensiveis as vezes, Bu tive a sorte de comegar em uma faculdade onde a polidez trangitila e as francas ex- a ‘Ue SinsiNITIDADE A sed FAVOR presses de gratidao so a norma. Se vocd puder estabelecer as mesmag normas, isso o ajudaré com suas classes. Alguns de sous alunos tam ‘bém tem medo do falar. Todos podem aprender juntos. E s0 08 outros estiverem observando voce? Estardo realmente? Tal- vez. voc® tenha criado uma platéia interior, a que teme. Talvez carre- ‘gue consigo essa platéia e a “projete” (vendo-a onde nio esté ou pelo. menos nfo tanto quanto imagina), e 08 outros estiverem realmente observando, 6 posstvel pedit= Ihes que no o fagam? Vocé pode se recusar a ser observado ou tentar tirar prazer disso? Veja a hist6ria de minha tinica aula de danga do ventro, Aprender ‘uma habilidade fisica em grupo é quase impossivel para mim porque a hiperexcitacao de ser observada destréi minha capacidade de coorde- nagdo. Eu logo fico para tras e meu desempenho 6 cada vez pior. Nesse caso, porém, desemponhei um novo papel. Eu era a adord= vel eterna professora desligada (essa parte era importante) cuja cabe- a estd sempre nas nuvens e que esqueceu completamente onde dei xou seu corpo. Ela foi posta nessa situacao hilariante e tenta aprender a danga do ventre —e todos aproveitam a aula principalmente para observar sous esforgos. Oresultado foi que eu sabia estar sendo observada, mas tudo bem. Eles riam, mas eu percebia que riam com carinho. A cada progresso que fazia, recebia reconhecimento e elogios imoderados. Para mim, funcionou. Quando se sentir observado novamente, tente enfrentar os olhares e dara si mesmo um rétulo que lhe traga prazer: “Nés, os poctas, no somos muito bons com célculos”. Ou: “O problema de ser um meca- nico nato é que nao se consegue desenhar nada que nao pareca o rior de um motor quebrado”. Algumas vezes a situagio é embaragosa para 0 padrdo de qualquer Pessoa. Entdo vocé fica vermelho e sobrevive. Faz parte do ser humano. Nao acontece tanto assim, Uma ver eu estava na fila, om um evento for- ‘mal, e meu filho de 3 anos arrancou minha saia. Vooé tem uma histéria melhor que essa? Contar 0 vexame depois 6 36 0 que nos resta fazer. to “Os tirAcioNAneTos socis TRABALHE COM 0 QUE APRENDEU aera a enanoe tind Pense em trés ocasides em qué sentiu desconforto social. Se possi vel, escolha trés situagdes bem diferentes de cujos detalhes se lembre bem. Reemoldure uma de cada vez em relagao aos dois pontos princi- pais deste capitulo: a timidez nao 6 a sua caracterfstica, é um estado de espirito que qualquer um pode sentir, e o estilo social introvertido em todos os aspectos tao valioso quanto o estilo extrovertido. 1, Pense em sua reagdo ao acontecido e em como sempre o interpre- tou. Talvez vocs tenha ficado “timido” em uma festa recente. Era noite de sexta-feira, apés um longo dia de trabalho duro. Voce foi arrastado pelas possoas do escritdrio e esperava encontrar alguém que pudesse tornar-se um verdadeiro amigo. Mas os outros sumi- ram e vocé acabou ficando em um canto, sentinde que chamavaa tengo por nfo estar conversando com ninguém, Entio foi embo- ra mais cedo e passou o resto da noite avaliando toda a sua perso- nalidade, sua vida inteira, e sentiu-se um lixo. 2. Analise sua reagao 4 luz do que agora sabe sobre as reagdes auto- méticas de seu corpo ou imagine que estou explicando a voc®: “Ei dé-se um tempo! A sala lotada e barulhenta depois de um dia can- sativo, ser deixado sozinho pelos amigos, todas as suas experién- cias passadas com esse tipo de festa — foi a gota que faltava. Voct gosta de ser introvertido. Va a festas, tudo bem, mas desde que sojam festas pequenas onde voce conhega as pessoas ou escolha alguém que parega tZo sensfvel ¢ interessante quanto voce e saiam, assim que for possivel. Esse 6 0 joito de uma PAS curtir uma festa, ‘Voce nfo timido nem detestavel. Com certeza vai encontrar pes- sdas interessantes e ter relacionamentos intimos — s6 deve esco- Iher bem as situagoes”. {iA WRSICDADE ASU FAVOR 3. Bxiste algo que deseja fazer a respeito disso agora? Talvor. haja um ‘amigo a quem quoira telefonar para combinar passar juntos algum_ tempo— a sua maneira. Respostas do quadro “Vocé jd conhece as tiltimas novidades para superar o desconforto social?” Se acertou doze ou mais, desculpe ter-Ihe dado trabalho. Voct de- veria escrever 0 prdprio livro. Caso contrario, as respostas podem ofe- rocer muita coisa que precisa saber! Verdadeiro, 0 “discurso interior” negativo o mantém perturbado e torna dificil ouvir a outra pessoa. 2. Falso. Vocé, uma PAS, pode percober a timidez dos outros, mas a maioria nao percebe. Verdadeiro, As pessoas podem rejeité-lo por todos os motivos no relacionados com vocé. Se isso o perturba, observe esse sentimen- to por alguns momentos. Depois tente deixar que passe, 4, Verdadeiro. Decida cumprit um ntimero determinado de passos espeefficos por dia, ou semana, por mais nervoso que fique na primeira vez, 5. Falso. Grandes saltos seriam excelentes so vooé pudesse dé-los. ‘Mas como est com um pouco de medo, ¢ com medo vocé pode falhar, deve prometer a sua parte assustada que néo iri depressa demais mesmo tendo a certeza de que o medo sera superado mais cedo ou mais tarde, 6. Falso, Quanto mais ensaiar, menos nervoso ficaré, o que significa que voc® estar mais, ¢ néio menos, relaxado e espontineo. 7. Falso, A linguagem corporal esta sempre dizendo alguma coisa. Um corpo duro e parado pode ser interpretado de varias formas, na maioria negativas. If melhor deixar que seu corpo se movimente mostre interesse, atengio, entusiasmo ou transparente vivacidade. 4. Verdadeiro. Nao hé nada de errado em intrometer-se um pouquinho. A maioria das pessoas adora falar de si mesma e apreciar Interesse ¢ uma leve ousadia, seu 10. uw 12. 14, 15, | Falso. Fique tio perto da pessoa quanto as regras permitirem ¢ for Os ueianonanenos soci ur confortavel, incline-se para a frente, descruze os bragos e as pernas © faga contatos visuais freqiientes. Se o contato visual for muito perturbador, voce pode olhar para o nariz ou a orelha da pessoa — no ¢ possfvel perceber a diferenga. Sorria e use outras expressdes faciais (tendo naturalmente 9 cuidado de nao demonstrar mais interesse do que deseja). Falso, Dependendo da situagao, um ligeiro toque no ombro, brago ou mio, principalmente ao despedir-se, apenas transmite calor. Falso, Uma passada de olhos pelo jornal normalmente vai dar idéias para a conversa deixar vocd em dia com o mundo. Evite apenas as historias deprimentes. Falso. Revelagdes pessoais so importantes se for seu objetivo es tabelecer algum contato, ¢ nao apenas passar o tempo. Isso ndo significa que deva revelar segrodos intimas. Fazer revelagbes pes- soais muito depressa gera hiperexcitactio, além de ser pouco apro- priado. Voce deve perguntar a opiniao da outra pessoa também, 6 claro. Verdadeiro. Alguém diz, por exemplo, que est animado com seu novo projeto. Voce pode dizer: “Puxa, eu ouvi voce comentando animadamente, Deve ser timo”, Ao demonstrar seu sentimento antes de fazer perguntas a respeito do projeto vocé revela sua me. hor ristica, a sensibilidade. Ao mesmo tempo, estara enco- rajando a pessoa a revelar mais sobre sua vida interior, assunto que alias voce prefere, Falso, Naturalmente voc ndo quer se vangloriar, Mas qualquer um gosta de conversar com alguém que valha a pena. Reserve al- gum tempo para escrever as melhores coisas a seu respeito, as ma interessantes, ¢ imagine wma forma de introdu versa. Nao diga “eu me mudei para cé porque gosto de monta- nas", mas “mudei-me para e4 porque comecei um curso de alpi- nismo” ou “cu gosto especialmente das encostas das montanhas como cendrio de minhas fotos de aves raras de rapina”. Verdadeiro — com alguns cuidados. Vooé nao deseja revelar mui- tas limitagies ¢ falhas em seu primeiro contato com uma pessoa -las em uma con- “Use SLADE ABOU TAVOR nom quer parecer autodepreciative demonstrando ser subi ou ignorando o comportamento apropriado. Mas hd certo om admitir sua natureza humana se conseguir ao mesmo temy ; 4 domonstrar que gosta de si mesmo assim. (O Capito Picard, Capi itulo 6 Jornada nas Estrelas: a nova geracdo, tem uma fala que 6 a mi favorita: “Cometi alguns excelentes enganos em minha vida", O SUCESSO tio humilde, sdbio e autoconfiante ao mesmo tempo!) Se a out pessoa revelow algo prngente ou embaragoso, far 0 mesmo o NO TRABALHO tamente tornaré a conversa bem mais profunda, 16.Falso. As pessoas, na maioria, gostam de um pouco de conflit Expresse sua alegria e permita que Além disso, @ motivo da discordancia pode ser importante ps sua luz se espalhe voce ou talvez revele alguma coisa que deve saber a respeito pessoa, 17. Verdadeiro. Espere, naturalmonte, estar corto do que sente ¢ est pronto para uma possfvel rejeicao, DENTRE TODOS OS ‘TOPICS QUE ABORDO em mous seminétios, as vo- cages ea forma de ganar a vida e progredit na profissfo sto as proo- cupagies mais urgentes de muitas PAS, o que faz sentido se consido- rarmos quo néo nos adaptamos bm a ambientes hiperexcitantos, a tonsiio ea longas horas de trabalho. Mas acredito que grande parte de nossa dificuldade estoja na falta de valorizacao de nosso papel, nosso estilo e nosso potencial de contribuicao. Este capttulo abordarg pri- metro seu higar na sociedade e o lugar da vocacio em sua vida possoal. Conhecer sua vocagio tem grande significado pratico, ombora nag pa. rega, Uma vez. que encontre sua verdadeira vocagao, a prépria intui- (20 comegaré a resolver seus problemas profissionais espectfices, (No- tuhum lire pode fazer isso melhor que voc8, pois nenhum deles pode abordarsua situagao, que 6 tinica.) “Vocagis” nao é uma coisa vaga Uma voragio, ou chamado, originalmente referia-se ao apelo da vidla roligioss, Sem ele, na cultura ocidental, as py faziam aquilo que 150. Ust sexsinuionor a stu avon se faz em muitas culturas: 0 mesmo que os pais. Na Idade Média era possivel ser nobre, servo, artesio ¢ assim por diante. Como nos paises cristiios indo-curopeus a classe dos “conselheiros reais religiosos” que mencionei no capitulo 1 era constituida oficialmente por celibatarios, ninguém nascia nessa classe. Era um trabalho exclusivo daqueles que recebiam 0 chamado, Com a Renasconga e 0 crescimento da classe média nas cidades, a8 pessoas passaram a ser mais livres para escolher seu trabalho. A idéia de que existe um tipo de trabalho corto para cada pessoa 6, porém, bastante nova. (Ela surgiu mais ou menos na mesma época de outra idéia: a de que existe uma possoa certa com quem se casar:) Ao mes mo tempo, 0 niimero de vocagbes posstvels tem aumentado muito, assim como cresceram a importancia e a dificuldade de encontrar a pessoa certa para o trabalho adequado, A vocagao de todas as PAS Como mencionei no capitulo 1, as culturas mais agressivas do mun- do, inclusive todas as sociedades ocidentais, derivaram de uma orga- nizagio social original que dividia as pessoas em duas classes: os guer- reiros ¢ reis impulsivos ¢ audazes de um lado ¢ de outro os cultos @ roflexivos jutzes, sacerdotes ¢ conselheiros reais, Disse também que o equilibrio dessas duas classes ¢ importante para a sobrevivencia de luis sociedades ¢ que a maioria das PAS gravita naturalmente a classe dos conselheiros roa Agora, falando de vocagao, ndo pretendo afirmar que todas as PAS virdo a ser intelectuais, teGlogos, psicoterapeutas, consultores ou juizes, apesar cle serem essas as carreiras cliissicas da classe dos conselheiros reais, Qualquer que seja sua carreira, voc provavelmente a desempe- nnharé menos como guorreiro ¢ mais como um sacerdote ou consolhet ro real — de forma refletida em todos os sentidos. Sem PAS om posi- goes-chave da sociedade ou da organizagao, as pessoas de perlil guerreiro tendem a tomar decisoes impulsivas carentes de intuigao, usam abusivamente o poder ea forca ¢ deixam de considerar os aspec- tos hist6ricos e as tendéncias futuras. Nao é um insulto a elas, apenas © 5101880 No THAMALNO 151 sua natureza. (Esse foi o papel de Merlin nas lendas do rei Artur, e personagens semelbantes so encontradas na maioria dos épicos indo- europeus.) Uma implicagao prética da condigao de pertencer a classe dos con- selheiros 6 0 fato de que uma PAS poucas vezes considera que acumu- Jou suficiente cultura ¢ experiéncia, (Acrescento a experiéncia por- que algumas vezes as PAS buscam cultura através da experiéncia.) Qeanto maior a variedade de nossas experiéncias, dentro do dibito daquilo que é razodvel para nds (asa-dolta nao 6 um requisite), mais sébio serd nosso aconselhamento. ‘A educagio das PAS ¢ também muito importante para validar nos- so estilo mais suave e sutil. Acredito que precisamos continuar a ter boa representaciio nas profissdes tradicionais — magistério, medici- na, lei, artes, ciéncias, aconselhamento, religiio vex mais pasando ao dominio das no-PAS. Isso significa que essas necessidades sociais esto sendo tratadas no estilo guerreiro, que con- sidera apenas a expansao ¢ o hucro. Nossa influencia “sacerdotal” tem diminufdo parcialmente em decorréncia de nossa perda de autovalorizacio. Ao mesmo tempo, as profissées em si tém perdido respeito sem nossa contribuigéo mais, gentil © digna. Nada disso supée a existéncia de algum terrivel compl dos nio- sensiveis, A medida que o mundo se torna mais dificil e estimulante, 6 natural que as ndo-PAS sobressaiam polo menos a principio. Mas elas nao brilhardo por muito tempo sem nés. que esto cada A vocagao, a individuagao ea PAS E quanto & sua vocagao particular? Seguindo o pensamento de Carl Jung, encaro cada vida como um processo de individuagao, que 6 des- cobrir a questo particular que voce veio responder na Terra, Essa questo pode ter sido doixada inacabada por um ancestral, mas voce precisa proceder a maneira de sua geracio. E nao é uma questio fiicil, ‘ou nfio seria necessédria toda uma vida para respondé-la, O importante 6 que buscé-la satisfaz profundamente a alma. 152 ‘Ust a SexsitiDADe A 0 FAVOR Era a esse proceso de individuagiio que o estudioso de mitol Joseph Campbell se referia quando exortava seus alunos em conflit vocacional a “buscar a felicidade”®. Ele sempre deixou claro que dizia que fizessem qualquer coisa facil ou divertida naquele momen: to, falava de se envolver com um trabalho que parecesse certo, qt tivesse apelo. Ter um trabalho assim (¢, com sorte, ser pago por isso) uma das maiores béngaos da vida. O proceso de individuagdo exige enorme sensibilidade ¢ intuigl de forma que vocé possa saber que esté trabalhando a questo certa ‘maneira apropriada. Sendo uma PAS, vocé foi projetado para isso com um barco de corrida é projetado para aproveitar 0 vento. Em si amplo, a vocagao da PAS ¢ ter 0 cuidado de exercer bem sua carrei do ponto de vista pessoal. Os empregos ea vacasio Existe, porém, o problema de quem pagaré as PAS para que busquem, a felicidade. Eu concordo com aquilo em que Jung sempre insistiu: 6 um grande erro sustentar financeiramente pessoas do nosso tipo. Se. uma PAS nio for forcada a ser prética, perderd todo o contato com 0 resto do mundo, Ficaré vazia como um fole que ninguém ouve. Mas como ganhar dinheiro e ainda assim seguir 0 chamado? ‘Uma forma ¢ procurar 0 ponto em que o caminho que leva a felici- dade cruza 0 caminho das necessidades do mundo — ou seja, coisas pelas quais o mundo esteja disposto a pagar. Essa 6 a coordenada para vocé ganhar dinheiro fazendo aquilo que ama. Na verdade, a relagao entre a vocagiio da pessoa e seu trabalho remunerado pode variar muito e mudar durante a vida, Algumas ve- os sou emprego 6 apenas uma forma de ganar dinheiro, a vocagio é exercida em seu tempo livre. Um bom exemplo foi Einstein, que de- senvolveu a Teoria da Relatividade enquanto trabalhava como escri- turério em um escritério de patentes, feliz por ter um emprego que no Ihe dava preocupagées e permitia que ficasse com a mente livre para pensar no que realmente importava para ele, Em outros casos podemos encontrar ou criar um trabalho que satisfaga nossa vocagiio. ‘© s0e1ss0 Ho TRAMALNO 153 seja pelo menos adequadamente remunerado. Devem existir muitos possiveis empregos assim ou o emprego satisfat6rio pode mudar con- forme a experiéncia aumenta e a vocagao se aprofunda. ‘A vocagiio e a PAS liberada A individuagao esté relacionada, acima de tudo, a capacidade de ou- vvir sua voz interior ou as vozes que permeiam todo o rufdo interior ¢ exterior. Alguns se deixam aprisionar pelas exigéncias dos outros. Essas exigincias podem ser responsabilidados reais ou idéias ditadas pelo senso comum a respeito do que 6 o sucesso — dinheiro, prostigio, soguranga. E existem as pressdes que passam a exercer sobre nds por estarmos tao empenhados em desagradar a todos, Em dado momento muiltas PAS, se nao todas, so forgosamente levadas aquilo que chamo de “liberagao” mesmo que isso sé acontega na segunda metade da vida. Blas passam a viver em sintonia com sua questo particular e sas vo7es interiores, e nao mais com as questées que os outros Ihes apresentam, Como temos dnsia de agradar, ndio nos liberamos facilmente. Esta- mos excessivamente conscientes do que os outros precisam, Ao mes- mo tempo nossa intuigio se prende a quostdo interior, que precisa ser respondida, Bssas duas fortes correntes conflitantes podem nos sufo- car por anos. Nao se preocupese seu progresso em diregio a liberagao for lento, pois isso & quase inevitével. Nao desejo, porém, alimentar uma imagem idealizada do tipo de PAS que voc® deve ser. Isso, procisamente, nao é liberagao. Liberagao 6 descobrir quem voce 6, e ndo aquilo que voc’ pensa que alguém deseja que venha a ser. Conhega sua vocaciio Alguns podem estar lutando para descobrir sua vocagioe se sentindo frustrados pelo fato de sua intuicao nao ajudar um pouco mais. Infe- lizmente a intuicao pode também atrapalhar, pois traz & consciéncia um mimero muito grande devozes que sugerem possibilidadas de- mais, Sim, seria bom poder sinplesmente servir aos outros sem pen- REEMOLDURE OS PONTOS CRITICOS DE SUA HISTORIA PROFISSIONAL E VOCACIONAL Este pode ser um bom momento para fazer uma pausa @ tentar um reemolduramento, como jé fez em capitulos anteriores. Faga uma lista de suas principais mudangas de emprego ou estagios vocacionais. Escreva coma sempre interpretou esses fatos. Talvez seus pais tenham desejado que fosse médico, mas vocé sabia que néo dava para isso. Sem uma ex- plicagao melhor, pode ter aceitado a idéia de que era “mole demais” ou “néo tinha motivagao”. Escreva 0 que campreende agora, @ luz de sua caracteristica. No caso deste exemplo, o enfoque desumano, infelizmen- te adotado por muitas escolas de Medicina, é profundamente inadequa- do para a maioria das PAS. Sua nova compreensdo sugere a necessidade de fazer algo? No exem- plo, essa nova visdo das escolas de Medicina pode precisar ser apresen- tada a alguns pais caso eles insistam em manter uma opiniio negativa. Talvezo leve a procurar uma escola mais humana oua estudarum assun- to similar, como fisiologia ou acupuntura, que dé espaco para um estilo diferente de educacao profissional, sar em ganho material. Mas isso impediria que se tivesse um estilo de vida com tempo para buscar coisas mais importantes. Ambas as coi- sas excluem a realizagtio de meus dotes artisticos. E eu sempre admi- rei a vida calma, centrada na familia, ou seré que ela deveria ser centrada na espiritualidade? Mas isso 6 to elevado, ¢ eu gosto de uma vida mais préxima da terra, Talvez.eu fosse mais feliz. trabalhan- do para as causas ecolégicas. Mas as necessidades humanas sio tio grandes. Todas as vozes sao fortes. Qual estard certa? Se voce se sente assim invadido por tantas vozes, provavelmente tera problemas com deci sdes de todos os tipos. Isso geralmente acontece com pessoas muito intuitivas. Mas voce precisaré desenvolver habilidades de tomada de decisdo qualquer que seja a carreira escolhida. Entio comece agora Oswensso No-TMANAINO. 155 reduzindo as opgbes a duas ou trés. Quem sabe usando uma lista racio. nal de prés e contras ou entao finja que jé tomou uma decisio defini. tiva e viva com ela por um ou dois dias. Outro problema onfrentado por PAS muito intuitivas e/ou intro. vortidas 6 algumas vezes nao estar bem informadas dos fatos, Doixa- ‘mos que nossos palpites nos guiem. Nés nao gostamos de perguntar. Mas obter informagdes concretas de pessoas reais 6 parte do processo do individuacao, principalmente para os introvertidos ¢ intuitivos, ‘Se sentir que “simplesmente ndo consegue”, estaré revelando o terceiro obsticulo a descoberta de sua vocagio: falta de autoconfianga, Bem no fundo voce provavelmente sabe o que de fato quer fazer. Talvez, tenha escolhido algo em que nao haja chance de sucesso para evitar ter de seguir em frente fazendo tudo 0 que for possfvel. Mas pode ser que ainda esteja confuso em relagao ao que ¢ ou nao capaz de fazer, Por ser uma PAS talvez encontre grande dificuldade em certas ta- refas cruciais, de acordo com seus padrdes culturais, para o sucesso na maioria das profissdes — talvez falar ou mostrar-se em publica, talvez suportar barulho, reunides, trabalho de equipe, politica empre- sarial, viagens. Mas agora jé conhece a causa especffica dessa dificul- dade e pode explorar formas de contornar a hiperexcitagiio que causa, Entio, se encontrar uma maneira de fazer as coisas dentro do proprio estilo, existiré muito pouco que nao seja realmente capaz. de fazer. no entanto bastante compreensfvel que PAS demonstrem falta de autoconfianga, Muitas j4 sentiram ser imperfeitas. Podem ter se esforcado para agradar a ponto de sentir nao ser mais que uma ponte o caminho de outras pessoas ¢ foram tratadas exatamente assim, como se estivessem sob os pés de alguém. Mas como vao s rem sem tentar? Voce diz que tem medo de falhar. Que voz interior esta dizendo isso? Uma voz sabia que o protege ou uma voz erftica que o paralisa Para comegar, acredite que ela esté certa e vacé vai falhar. Esqutega todas as pessoas que tentaram e conseguiram, tema, alids, de tantos filmes. Eu conhego pessoas que tentaram ¢ falharam, Muitas. Podem ler perdido muito tempo e dinheiro, mas mesmo assim estao felizes por tor tentado, Agora estao perseguindo outros objetivos, mais sébias sentir so morto- 156 ‘Ust a siesitupane 4 sm PAYOR com aquilo que aprenderam a respeito de si mesmas ¢ do mundo. E ns verdade, como nenhum esforgo resulta em total fracasso, estilo muito mais confiantes em si mesmas do que quando ficavam sentadas a mar gom do caminho. Vocé pode recorrer a excelentes livros e servigos de escolha vocacional. Apenas considere sua sensibilidade, sempre consciente, um fator importante que a maioria dos conselheiros vocacionais leva em conta. O que outras PAS esta fazendo Pode ser titil saber os tipos de carreira que outras PAS escolherat Nos, naturalmente, levamos nosso toque a tudo, Em minha pesquis telefdnica descobri, por exemplo, que nao havia muitas PAS traba- Ihando com vendas, mas havia uma que vendia vinhos finos. Out vendia iméveis @ disse que usava a intuigaio para encontrar a casi certa para as pessoas. £ possfvel imaginar outras PAS transformando outros empregos — praticamente qualquer tipo de emprego — em trabalho tranqitilo, reflexive ¢ criterioso, como aquelas que me contaram ser professores, cabeleireiros, corretores, pilotos, comissérios de bordo, médicos, en- fermeiros, agentes de seguro, atletas profissionais, cozinheiros consultores. Alguns oficios pareciam obviamente adequados para PAS: marce- neiro, acompanhante, psicoterapeuta, pastor, operador de equipamento pesado (muito barulho mas ninguém por perto), fazendeiro, escritor, artista (vérios), técnico do raios X, meteorologista, especialista das, cientista, encarregado de transcrigdes médicas, editor, da drea de humanidados, contador ¢ eletricista, Apesar de algumas pesquisas demonstrarem que as assim chama- das pessoas timidas ganham menos dinheiro, eu certamente encon- tei muitas PAS em cargos que pareciam bem remunerados — admi- nistradores, gerentes, banqueiros. Talvez. os outros estudos tenham conclufdo que 0s pesquisados designados como timidos eram mal remunerados devido a um desvio de dados semelhante ao que encon- em po- studioso Oweassono teamauno rei: um ntimero de PAS duas vezes maior que de ndo-PAS doclarou- se pai ou mie em tempo integral, donas de casa ou administradores do lar, (Nem todos eram mulheres.) Se forem computados como pes soas nao remuneradas, isso certamente abaixaré a média de renda de seu grupo. Mas essas pessoas naturalmente aumentam a renda da fa- milia ao realizar servicos cujo prego seria alto caso se fossem paga PAS “domésticas” encontram um bom nicho quando decidem ig- norar que a cultura subestima sou trabalho, A verdade ¢ que a cultura se banoficia disso. Pesquisas demonstram continuamente, por exem- plo, que a indefinivel caracteristica da sensibilidade é a chave da boa educagio dos filhos, Transforme a vocacao em trabalho remunerado fem bons livros que tratam do tema de transformar aquilo que vocé ama em algo que Ihe dé um salério, portanto vou, como de costu- me, concentrar-me nos aspectos especialmente relevantes para n6s, ‘Transformar sua verdadeira vocagiio em trabalho remunerado muitas vezes exige a criagio de uma profissiio ou. de um servico totalmente novos, ¢ isso pode significar um negécio proprio ow a criagio de novo cargo no local onde ja trabalha, Pode parecer assustador, a menos que se lombre de fazor isso usando o estilo de uma PAS. Primeiro, livre-se da imagem de trabalho de equipe, de ter de co- nhecer as pessoas certas ¢ coisas assim. Algum trabalho de equipe sompre 6 necessério, mas existem formas bastante eficientes ¢ muito mais prazerosas de uma PAS fazer isso —cartas, e-mails, contato com uma pessoa que tem contato com muitas outras, almogos de negocios fe “interrogar” sou colega extrovertido que vai a todas as conferénc Em segundo lugar, vocé precisa tirar proveito de algumas de suas vantagens. Com sua intuigio, pode estudar as tendéncias e perceber as necessidades do mercado antes dos outros. Se algo chama a sua atengio, existe a passibilidade de que também chame a atengao de outros depois de ouvirem suas razéés. Se seus interesses nao forem muito incomuns, poderio levé-lo a empregos interessantes. Se sio incomuns, vocé seré provavelmente wm especialista de destaque ¢ 158 ‘Use SSIBIDNDE A S1U HOR alguém, em algum lugar, precisaré de seus servigos, especialment depois que divulgar seu ponto de vista, Anos atrds uma PAS que tinha paixio por cinema e video co guiu emprego como bibliotecéria e convenceu sua universidade que deveria ter um departamento de filmes videos de arte. Ela cobeu que essas formas de comunicagao se tornariam vanguarda educagio, especialmente da educagao continuada para o publico, dos compreendem isso hoje, e seu acervo de cinema e video 6 um di melhores do pais. O auto-emprego (ou total autonomia dentro de uma organizagiio) ‘© rumo mais Idgico para as PAS. Vocd pode controlar 0 horério, estimulos, 0 tipo de pessoa com quem vai se relacionar, e nao exist atritos com supervisores nem cologas. Ao contrério de diversos outr empreendedores pequenos ou inexporiontes, voc soré cuidadoso cor © o planejamento antes de assumir qualquer risco. eciso, porém, estar alerta a certas tendéncias. Caso seja wu PAS tipica, vocé pode ser adepto do perfeccionismo, o mais exigente gerente que jé teve. Pode também precisar superar certa falta de foco, Se sua criatividade e sua intuigtio The derem um milhio de idéias, logo tori de deixar muitas delas de lado e precisaré tomar todos os lipos dificeis de decisao. So vocé for também introvertido, tord de fazer osforgo extra para ‘manter-se em contato com o piiblico ou o mercado. E sempre possfvel procurar uma pessoa extrovertida para ter como sécio ou assistente, Na verdade, é uma boa idéia ter s6cios ou contratar pessoas que absor- vam o excesso de estimulo. Mas se tiver alguém como amortecedor entre voce ¢ 0 mundo sua intuicao nao receberd informagées dirotas, ‘@ menos que planeje algum contato real com seus clientes. A vocagdo para a arte Praticamente todas as PAS tém um lado artistico que gostam de ex- pressar ou apreciam profundamente alguma forma de arte. Algumas assumem a arte Como vocagio ou mesmo como meio de vida. Quase todos os estudos a respeito da personalidade de artistas de destaque ir) ‘O sucesso No-TRANALNO, insistem na sensibilidade como ponto central, Infelizmente €85.sen- sibilidade 6 também associada com doenga mental. Acredito que a dificuldade esteja no fato de que nés, 08 artistas, normalmente trabalhamos sozinhos, depurando nosso talent € Nossa sutil visio criativa, Qualquer tipo de distanciamento aument® sen- sibilidade — essa 6 uma parcela das raztes da distanciamento: E as- sim ficamos extra-sensiveis quando chega 0 momento de exPO Nosso trabalho, apresenté-lo, explicé-lo, vendé-lo, ler erfticas a resPeito dele © aceitar a rejeigtio ou os elogios. Hé uma sensagzio de perda © Confu- siio quando terminamos um trabalho ou uma apresentagio de vulto. O fluxo das idéias que brotam do inconsciente ja nao enconta vazio, Os artistas tom maior habilidade para desenvolver e expressat essa forca que para compreender sua origem ou seu impacto quando se manifesta (0 6 de surpreender que artistas se voltem para droga Alcool e medicamentos como forma de controlar sua excitagiio ou reatat 0 con- {ato com sou interior. Mas o efeito de longo prazo 6 um €OFPO ainda mais desoquilibrado. Alm disso, hé 0 mito ou arquétipo dé que qual- quor ajuda psicolégica destruiria a criatividade do artista pot tomné-lo normal dem: Mas 0 artistas altamente sonsivois, om particular, deveriam refle- tir profundamente sobre a mitologia que os corca. O artista intens problemético ¢ uma das figuras mais romanticas de nossa cultura, agora que 0s santos, 0s fora-da-lei e os exploradores estao em extingjo, Lembro-me de que uma professora de redagao criativa listow cetta vez, praticamente todos os autores famosos na lousa © perguntou 0 que tinham em comum, A resposta foi tontativa de suictdio. Nae estou corta do quo a classe entendeu a tragédia do fato tanto quanto aspec- to romintico da carreira que havia escolhido, Mas, sondo igualimente psicéloga ¢ artista, eu enxerguei uma situag’o de seriodade fatal, E freqiiente o aumento do valor do trabalho de artistas que s40 declara~ dos insanos ou cometem suicidio, E 0 fascinio que a vida do hexgi- aventureiro artistico exerce especialmente sobre a jovem PAS pode ser uma armadilha inconscientemente montada pelas pess02S de vida. mundana que ndio dao tempo ao artista que tém dentro de $i ® Quem. 160 (Use a sremuoane a SE vO ‘Osvensio no THARALNO que outros sejam artistas por elas, vivendo toda @ loucura que fnrio com brilho. Nao é necessério que trabalhe por horas intermind mem. A compreensio do impacto dessa alterndncia que descrevi vois, Na verdade, trabalhar poucas horas pode ser um dever seu. & tte o baixo nivel de est'mulo proporcionado pelo isolamento criati melhor nfo fazer alarde disso, mas manter-se saudével e dentro do 0 excesso de estfmulo da exposicao ao priblico pouparia aos artis nivel apropriado de estimulagao ¢ a primeira condigao para que voce sens{veis muito sofrimento. possa ajudar ontras pessoas. A voca¢iio para servir o préximo Alligio de Greg As PAS tendom a perceber enormomente o sofrimento das outras pt Greg era um professor altamente sensivel muito amado ¢ respeitado Soas. Muitas vezes sua intuicao Ihes da a percepcao mais clara do qui por seus alunos ¢ colegas. Apesar disso procurou-me para falar da idéia precisa ser feito. Sendo assim, muitas PAS escolhem carreiras ass de abandonar a tinica profissio que sempre desejara esperando que eu tonciais, E muitas “so consumidas" confirmasse que o magistério nao 6 atividade para PAS. Concardo que é Para ajudar 0 préximo voc@ nao precisa entrogar-se a um trabi dificil, mas penso também que professores bons © senstveis sto essen- que o consuma. Muitas PAS insistem om trabalhar nas frentes de gu ciais para felicidade e o progresso dos individuos e da sociedade. Nao porassim dizer, onde recebem excesso dle estimulos. Elas se sentiri pude suportar a idéia de ver aquela j6ia abandonar 0 barco. culpadas se ficassem atras, enviando outros para fazer aquilo que pi Raciocinando comigo, ele concordou que ensinar era uma voca- Tece to oneroso. Mas penso atualmente que hé pessoas que de fat fo bastante I6gica para uma pessoa sensivel e amorosa, Os empregos sao perfeitas para as linhas de frente e adoram isso. Entao por que relacionados d educagéo deveriam ser adequados a essas pessoas, mas Permitir que satisfagam seus desejos? f necessério haver alguém as pressdes na verdade esto tornando dificil para as PAS permanecer bastidores, também, tragando estratégias de um ponto do qual tenhi no magistério, Ele percebeu que sua missio era mudar as exigéncias a perspectiva do campo de batalha. do trabalho. Esse era de fato seu dever ético. Faria um bem maior Em outras palavras, algumas pessoas gostam de cozinhar ¢ outr recusando-se a trabalhar excessivamente do que desistindo. gostam de lavar os pratos. Por muitos anos ndo fui capaz de permit A partir do dia seguinte, Grog nao trabalhou mais depois das qua- que outras pessoas assumissem a tarefa de limpar depois de eu ter tro da tarde. A simples necessidade de organizar seu hordrio nesse divertido cozinhando, um de meus passatempos favoritos. Até q mntido consumiu boa parte de sua crlatividads, Algumas solugdes finalmente dei ouvidos a alguém quo dizia gostar realmente de lavar_ no eram ideais e perturbavam sua alma escrupulosa. Fle sentiu que a louga —e detestava cozinhar. tinha de esconder seus novos habitos dos colegas € do diretor, mas Houve um vero em que visitei o Rainbow Warrior, do Greenpeace, los acabaram descobrindo, (O diretor aprovou, compreendendo que converse com alguns dos aventuroiros da tripulagio, ouvindo easos Grog realizava bom suas tarefas essenciais e sentia-se mais feliz.) Al- ‘em que ficaram na frente do arpao de enormes navios baleciros ou na guns colegas o imitaram, outros ficaram com inveja ¢ ressentiram-se, mira de torpodos ¢ motralhadoras por dias a fio. Por maior que soja ras nao foram capazes de mudar, Dez anos depois, Greg ainda 6 um ‘meu amor pelas baleias, eu causaria mais problemas do que daria aju- professor de grande sucesso, feliz ¢ saudavel. danessa circunstincia. Mas sei que poderia dar apoio por outros meios,. E verdade que, mesmo exausto, voce ainda presta bons servigos. Resumindo, vocé niio precisa assumir tarefas que provoquem ex- ‘Mas perde contato com suas fontes profundas de energia, assume um cosso de tensiio © excitagio. Outras pessoas se encarregario delas, ¢ 0 comportamento autodestrutivo, martiriza-se ¢ faz com que os outros ‘Use a sinsmuipann 4 stb rAvOR se sintam culpados. No final vai desejar desistir como Greg ou forgado a isso por seu corpo. As PAS ea responsabilidade social Nada do que foi dito acima tem a intongao de tirar ainda mais PAS Iuta por justia social ¢ saneamonto ambiental. Pelo contrério, né precisamos participar dessa lula, mas A nossa maneira. Talvez parcela do que estd errado no governo e na politica nao seja responsi bilidade da direita nem da esquerda, mas da falta de PAS suficient para fazer com que todos parem para refletir sobre as conseqiiénci Nés abdicamos © abandonamos as coisas nas mios dos que so impulsivos e agressivos e conseguem eleger-se para os cargos admi= nistrativos e dali para todas as éreas. Os romanos tiveram um grande general chamado Cincinato. A len conta que ele desejava viver tranqitilamente em sua fazenda, mas foi por duas vezes convencido a voltar a vida ptiblica para salvar sew povo de desastres militares. O mundo precisa persuadir mais pessoas assim a assumir cargos piblicos. Mas, se nfo nos persuadirem, nés deveremos ser voluntirios de vez em quando. AsPAS no mundo dos negécios O mundo dos negécios sem diivida subestima as PAS. Pessoas intuiti- vase de inteligéncia privilegiada, e ainda escrupulosas e determinadas cometer erros, so com certeza funciondrios valiosos. Mas 6 menos provaivel sua adaptagao ao mundo dos negécios enquanto as metiforas dos empreendimentos forem guerra, pioneirismo e expansio. Os negécios podem ser vistos também como uma obra que requer artistas, um exercicio de profecia que pede visiondrios, uma respon- sabilidade social que demanda jufzes, uma tarefa de croscimento que exige as mesmas habilidades de um fazendeiro ou um pai, um desafio dle educacio publica que precisa da capacidade de professores, ¢ as- sim por diante, Mas existom diferengas entre as empresas. Fique alerta a cultura da corporagiio quando assumir um cargo ou tiver a chance de influen- lar essa cultura, Ouga 0 que é dito, mas use também sua intuigio, Quem 6 admirado, recompensado e promovido? Aqueles que demons- {rum obstinag&o, competitividade ¢ insensibilidade? Criatividade 16 GwasionomAMiNe visiio? Harmonia e moral? Atengao ao cliente? Cuidado com a quali- dado? As PAS estario a vontade em todos os casos, exceto no primeiro, A PAS de inteligéncia privilegiada no local de trabalho Fim minha opinio todas as PAS tém intoligéncia privilegiada pela pro. priacaracterfstica. Mas algumas se destacam, Na verdade, uma razaio do surgimento da idéia de PAS “liberadas” foi a mistura aparentemente rara de tragos em adultos de inteligéncia privilegiada revelados estudo apés estudo: impulsividade, curiosidade, forte necessidade de inde pendéncia, alto nivel de onergia aliado & introversao, intuigao, sensibi- lidade emocional e ndto-conformismo”. A inteligéncia privilegiada 6, no entanto, uma caracterfstica com- plicada para administrar no local de trabalho, Primeiro, sua originali- dade pode tornar-se um problema nos momentos de sugerir idéias em situagdes de trabalho de grupo, Muitas organizagdes enfatizam a solu- iio de problemas em equipe exatamente porque isso traz idéias de pes- s0as como vood equilibradas pelas dos outros. A dificuldade surge quan- do todos propdem idéias e as suas parecem obviamente melhores para ‘voc’, mas os outros simplesmente parecem nao perceber isso. Ao acei- tara decisio do grupo voco sent estar sendo desteal consigo mesmo e incapaz de assumir a responsabilidade pelos resultados. Se nao aceita, sente-se alienado e mal compreendido. Um bom supervisor ou getente conheceré essa dindmica e protegerd o funciondrio brilhante, caso con- este poderd oferecor sua inteligoncia a outro empregador. Em segundo lugar, voce pode se deixar excitar intensamente por seu trabalho e sas idéias. Por causa dessa excitaciio pode parecer aos outros que voc® assume muitos riscos. Nao so riscos grandes para voce porque os resultados Ihe parecem claros, Mas vocé no ¢ infalf- vel, ¢ as pessoas a sua volta podem sentir prazer especial com suias falhas, mesmo raras. Além disso, os que ndo compreendem sua inten- sidade dirdo que voce trabalha todo o tempo e poderdo ficar ressenti- ‘OWero NO TEAMING 165 dos — isso prejudica a imagem doles. Para vood, no entanto, trabal Por sou lado, voce talvez. traga a impressao de que os outros torn 6 prazer, Nao trabalhar daria trabalho. Se esse for o seu caso, tal’ 1coa oferecer em troca. Talvez uma sensagio de desapontamento deva manter suas horas extras em segredo, conhecidas apenas por sme o lugar da partilha inicial. Mas afastar-se levaria a maior alien. supervisor. oh4 0 fato de que voce precisa dos outros. O melhor seria nao trabalhar demais. Tente encarar inclusive Uma possivel solugao é nao insistir em demonstrar todos 08 seus excitagaio positiva como um estado de hiperexcitagio ¢ equilibrar ns no local de trabalho. Expresse-se com projetos particulates, ae, balho e recreagio. Isso beneficiar seu desempenho, Janos de auto-emprego futuro ou paralelo e por sua maneira de viyor, Outra conseqiiéncia de sua intensidade 6 sua mente incansét [Em outras palavras, empregue sua intoligéncia privilegiada em acabar por conduzi-lo a outros projetos antes que complete os dé ‘eohérios mais amplos, além da produgio das idéias de destaque om Ihes do anterior, permitindo que outros colham aquilo que plantou, ‘jou emprego. Use-a para obter maior autoconhecimento o alcangar menos que se prepare para isso, 0 que normalmente nao 6 seu esti Imais sabedoria a respeito do ser humano, de seus grupos © Organiza. terd de aceitar o resultado, ‘bes. Quando esse for seu objetivo, poderd sentir-se bem apenas o}- terceiro aspecto da inteligéncia privilegiada, a sensibilidac gervando ou participando como uma pessoa comum, nid espe. emocional, pode envolvé-lo nas complicagées da vida particular ialmente dotada, para descobrir como 6. ‘outras pessoas. Isso ndo 6 bom, especialmente no local de trabalhe Um tiltimo cuidado é permanecer em contato com todos 08 tipos de Vocé precisa estabelecer algumas fronteiras profissionais. Nesse al pessoa, no trabalho e fora dele, aceitando o fato de que ninguém pode biente, em particular, é melhor passar mais tempo com os menos se! relacionar-se com a totalidade de sou ser. Aceitar a solido que acoma- stveis, que podem oferecer-Ihe equilibrio, e vocé a eles, Estabel nha ainteligéncia privilegiada talvez seja 0 mais libertador e fortalecegor fora do trabalho os relacionamentos mais intensos, que oferecem de todos os passos. Mas aceite também 0 oposto — que no 6 necessiyig profundidade emocional que procura. 0 sentir isolado, pois todos somos privilegiados de alguma manelra, Os relacionamentos que oferecem o porto seguro que abriga dé héoutra verdade: ninguém, nem mesmo vocé, é especial a ponte de estar universa tempestades emocionais criadas por sua sensibilidade também de isento do envelhecimento e da morte, que vem ficar fora do ambiente profissional. Nao os procure entre seu: colegas, menos ainda com supervisores. £ demais para eles, que pr Reconheca que sua caracteristica é valorizada dem acabar achando que “ha algo errado com voos”. A quarta caracteristica da inteligencia privilegiada, a intuigao, tale vez parega mégica aos outros. Ninguém vé o que voce vé — esse con traste entre a superficie 6 "o que realmente se passa”. Por isso, assim como acontece em relagio a suas idéias incomuns, ¢ preciso decidir entre ser honesto e aceitar as coisas como os outros as véem, sentin= do-se secretamente um pouco alienado. Por fim, sua inteligéncia especial pode the dar certo carisma. Os demais eventualmente esporardo que vocd os guie em vez de guiar a si mesmos. If uma tentagao envaidecedara, mas talvez acabe parecendo que lhes roubou a liberdade, o que serd de certa forma verdadeiro. Noste ponto espero que vocd jé possa imaginar as muitas raZOes pelag quaisuma PAS 6 valiosa em sou trabalho, quer esteje auto-empregida, ‘quer rabalhe para alguém. Mas conclué que talvez. soja necessétio my;- to osforgo até que as PAS possam desfazer idéias negativas do passco a respeito do trago que tém ¢ de seu verdadeiro valor, Sera impossyal convencer alguém a aceitar esse valor se voc® mesmo nao estiver con. 10 dole, Entao, por favor, faga 0 que se segue, sem falta, Liste todas as caracteristicas possivelmente relacionadas a yma PAS Siga os procedimentos de uma brainstorm e aceite todas aida, som criticas, Nao se preocupe se as nio-PAS apresentam algunas ‘\SRINRIOADL A SHY FAVOR jugbos do troinamento podem ser muito perturbadoras porque voce Wi aprosentar desempenho pior quando esté sob observacao ou {onto hiporexcitado por outro motive — por exemplo, quando re- ‘muitas informagdes de uma s6 vez, quando existe muita gente ‘volta falando ou osforgando-se para aprender, quando imagina todas Jorriveis conseqiiéncias de esquecer algo. $0 for possivel, tente 6 autotreinamento. Leve para casa os manuais rugio ou fique até mais tarde e trabalhe sozinho. Verifique ain- 4s possibilidade de treinamento individual, realizado de ee por alguém que 0 deixe a vontade. Peca que tho ensinem cada so © entio o deixem sozinho para praticar. A seguir, permita s cervado por alguém que nao seja um supervisor, alguém que nfo o {tago bisico, reflexio sobre a imagem tipica de uma PAS, andl PAS que vocé conhece ¢ admira, anélise de si mesmo, consulta livro. Sua lista deve sor longa. Ela fica bastante grande quando fazom em grapo—e ou as incentivo, Portanto, continue até que esteja bastante substancial ‘Agora faca duas coisas: escreva um pequeno discurso que po: usado em uma entrevista e também uma carta mais formal apy do em ambos um ponco de seu potencial e citando sua sensibil Para informar gentilmente sou empregador. ‘Veja parte de um roteiro possivel (um pouco informal para uma Além de mens dez anos de experiéncia com eriangas pes quenas, possuo considerdvel conhecimento da ares grificag © exporiéncia pratica com layout. Vejo em tudo isso uma importante contribuigdo de minha personalidade e de meu ‘onforto femperamento — sou uma pessoa extremamente escrupulo- ‘Voce no precisa de nenhum desconforto nem de pressao extra por 84, perfeccionista e preocupada em realizar um bom trabalho Iuo jé 6 mais sonsivel. Uma situacao pode ser classificada de segura, Ao mesmo tempo, acredito ter wna imaginagao rica, Sem. thas ainda assim ser estressante para voce. Da mesma forma, outros pre fai considerado muito criativo (além de haver sempre .dem nao ter problemas com limpadas fluarescentos, baixo nivel de obtido notas excolentes na escola ¢ ter alto QU. A intuigado Miido de maquinas ou odoros quimicos, mas voed tom. Essa 6 uma em relagdo ao trabalho é um de meus pontos fortes, e sou Guostdo bastante individual mesmo entre PAS. capaz de avaliar a potencialidade de problomas o erros. ai se for nocesséiro reclamar, peserealisticamente 0 que esté eniren- ‘Nao sou, porém, inclinadoa eriar alvorogo. Goslo de mamter ‘| i gle ee fey ecient He ttm ambiente calmo a minha volta, Na verdad, devo dizer que trabalio melhor quando estou calmo e as coisas em redor es. ‘0 trangiilas. A maioria das pessoas acha agraddvel traba, !har comigo, apesar de particularmente gostar tanto de trabalher soainho quanto com um grupo pequeno. Minha independén. Cia nesse sentido e minha competéncia para trabalhar bem iso. Jadamento tém sido outra constante entre minhas habilidades, xe to nervoso. indo, Caso ainda qu sD soais que tem feito para resolver 0 problema. Enfatize sua produth dade e suas realizagées, mostrando que pode fazer mais ainda qua situagao for resolvida (se for realist) Progresso na organizagao Pesquisas sobre oss “timidos” sugerem que essas pessoas recebem me ores salérios ¢ trabalham abaixo de seu nivel de competéncia*, Sus- peito que isso seja verdade no caso de muitas PAS, embora algumas vezes por escolha prdpria. Mas, se vocé deseja uma promogao ¢ niloa estd conseguindo ou se a empresa planeja fazer demissbes @ vod ni quer ser inclufdo, 6 preciso dar atencao a algumas estratégias. As PAS geralmente no gostam de “fazer politica”, Mas event mente isso pode nos tornar objeto de suspeita. Passamos despera dos com facilidade em todos os tipos de situagao, especialmente ficarmos pouco tempo com colegas de trabalho ou no comparti mos com oles nossas Podemos parecer inatingtveis, arrog tes, diferentes. Se niio formos arrojados, daromos a impressio de fra ‘ou desinteressados. Essas impress6es quase nunca tém fundam mas vocé deve ficar atento a tais dindmicas e tracar estratégias p: desfazer essas imagens. Quando for adequado, deixe que conhegam casualmente (ou fe malmente) seus sentimentos positivos em relagéo a oles ou a orgat zagio. Voce talvez pense que esses sentimentos so Gbvios, mas tanto, sendo vocé discreto ¢ os outros pouco perspicazes. Reflita necessidade de falar mais abertamente das contribuigdes que consi« dera estar fazendo, da posigio que gostaria de aleangar dentro da om ganizagio um dia e do tempo que espera por isso. Esteja certo, no entanto, de que nao sera considerado nas proximas Promogdes por escrover todas as semanas a respeito de suas contrie buigdes & empresa, somadas a realizacées profissionais ou possoais: aleangadas em outros momentos. Mas, se for possivel, mostre um re= sumo dessas conquistas em sua préxima avaliagio de desempenho, Soja detalhista. Voc, pelo monos, ostard consciente disso, Se tem resisténcia a essa idéia ou se daqui a um més ainda nfo tiver conseguido fazer isso, analise profundamente as razdes. Parece exibicionismo? Entio considore a possibilidade de prostar um desser- vigo & empresa se nao lembrar a eles seu valor. Codo on tarde voce ficaré insatisfoito ¢ desojard ir mais longe, serd seduzido pelos con- correntes ou demitido e substitufdo por alguém menos competente. preferfvel que os outros percebam seu valor som que vocé tena de lembré-los? Esse 6 um desejo comum que vem da infiincia e é rara- mente satisfeito pelo mundo. Voce na verdade esté realizando muito pouco? Isso incomoda voce? Pode ser que precise manter um registro das conquistas que realmen- to Iho importam — trilhas de bicicross que venceu, livros que leu, conversas que teve com os amigos. Se outra coisa, ¢ nao o trabalho, ¢onsome a maior parte de sua energia, talvez. seja por Ihe dar maior prazer, Existe alguma forma de ser pago para fazer 0 que gosta? Se é a fesponsabilidade por um filho ou parente idoso que consome seu tem- po, sinta orgulho de cumpri-la. Anote-a como mais uma conquista mesmo que nfo possa compartilhd-la com seu empregador. E, por tiltimo, se nao esté fazendo progressos e sente que “alguém © persegue”, 6 bem possfvel que niio tenha entendido nada. Bete encontra Maquiavel Bete, uma PAS, foi minha cliente em psicoterapia. Um dos assuntos de que falava com regularidade era sua frustragdo no trabalho. ‘Torapoutas nunca sabem com certeza o que acontece em situacbes das quais so conhecem uma versdo. Mas parecia que Bete estava realizan- do bons servigos e nunca era promovida, Entio, em uma avaliagdo de desempenho, foi criticada exatamente por comportamentos que pareciam ser os mais valorizados pela maio- ria dos supervisores. Bete comogou a imaginar que sua chefe “a perse- guia”, A chefe tinha uma vida pessoal complicada, e a encarregada anterior alertara que ela poderia “apunhalar pelas costas”. A maior parte dos outros funciondrios nao tinha problemas com a nova supervisora, mas a intuigao de Bete dizia-Ihe que estavam fazen- do concessses para agradé-la porque tinham medo dela. Minha pacien- to, sendo bem mais velha, a via apenas como imatura, nfio como uma amoaga. Por ser também dedicada e escrupulosa, Bete recebia com freqii@ncia elogios dos visitantes, que a consideravam a pessoa mais competente do departamento. Ela pensava nada ter a temer, mas su- bestimou a inveja da supervisora, Afinal, nao gostava de pensar mal do ningué Um dia Bete tomou a iniciativa de pedir a alguém do departamen- to de pessoal para ver sua ficha (o que era permitido naquela empre- sa) e descobriu que a chefe vinha registrando ali anotagdes simples- mente falsas, omitindo as informagoes positivas, Ela finalmente teve de admitir que estava em uma guerra, mas sabia o que fazer. Repetia, particularmente, que niio desojava des ao nivel daquela injusta, Para mim, 0 ponto importante era ajudar Beto a enxergar os vos de ter sido visada, Ela admitiu nio ser a primeira vez em hist6ria profissional. Bu suspeitei que nesse caso a razao fosse a i pressiio, mesmo infundada, de indiferenga e superioridade, amea dora para uma pessoa mais nova e insegura, Mas na raiz de tudo es vaafalha, a verdadeira recusa de admitir 0 conflito que se aproxima Nessa empresa e em outras onde havia trabalhado no passado, Be tornara-se um alvo facil por preferir ficar “separada da turma”. Cot muitas PAS introvertidas, ela ia para o trabalho, fazia bem seu servi evoltava para casa, evitando contatos que aumentassem os estimulos, la me dizia sempre: “Eu nao gosto de fofocar com os outros”. Us consoqiiéncia desse estilo era manter-se pouco informada em relag&o 40 que acontocia em um patamar mais informal. Ela precisaria proje: {ar mais sua persona e bater papo simplesmente para proteger-se, para saber o que se passava, para “ter amigos na corte". A segunda conse qiencia era o fato de, de certa maneira, rojeitar os outros — pelo mex nos era o que oles achavam. De qualquer forma, ninguém tinka nex nhuma motivagio para ajndé-la, e assim a supervisora soube que aquele seria um alvo seguro para atacar. Outro engano compreensivel, t{pico de uma PAS, foi ignorar total= mente 0 lado “escuro” ou as facetas menos desejéveis de sua chefe. Bote tinha na verdade uma tendéncia para idealizar os superiores, Esperava apenas bondade e protegiio das pessoas em comando. Quan- do nao recebeu de sua chefe 0 que esperava, dirigiu-se ao superior dela para pedir ajuda, Mas achou que era “apenas justo” deixar que a ‘moga soubesse que faria isso! Esta, naturalmente, passou-lhe a frente © pOs o gerente contra ola. A outra autoridade superidealizada agin, previsivelmente, como um simples mortal Quando pedi a Bete que fosse mais esperta, mais “politica”, ela a Princfpio achou que estava Ihe pedindo que se “sujasse”, Mas eu sa- bia que toda essa pureza devia estar escondendo uma grande sombra, © com 0 tempo ela encontrou em seus sonhos uma cabra enraivecida vm O wenso no mAMALNO prosa por uma cerca, depois uma pequena “hutadora de rua” e final- mente uma sofisticada mulher de negécios. Cada uma dessas figuras do sonho revelou problemas quo ela de fato ja trazia, mas nunca havia admitido © reprimia veementemente como inaceitaveis. Ensinaram- Ihe como suspeitar pelo menos um pouco de todos, especialmente das pessoas que idealizava (inclusive eu), ; Ao avangar em sua auto-andlise — grande parte obviamente exi- gin considerdvel coragem e inteligencia —, Bete admitiu ter ditvidas. profundas a respeito da motivagao de todas as pessoas, mas tentava sempre suprimir essas suspeitas como repugnantes. Quando tomou consciéncia disso e checou suas desconfiangas, descobriu que poderia confiar mais, ¢ no menos, em algumas pessoas, principalmente em ‘sua intuigdo, agora menos conflituosa, Vocé tera a oportunidade de conhecer o agente de seu poder interior no final deste capitulo. Remorsos: evitdveis e inevitaveis E dificil acoitar todas as coisas que nfo consoguiremos fazer duran- toa vida, Mas isso faz. parte de ser mortal, Como sera maravilhoso se consoguirmos fazer algum progresso, ainda quo pequeno, na diregio da questao que a vida tem para nés. Mais maravilhoso ainda seré conso- guir ser pagos para fazer isso. E serd quase um milagre fazer isso na companhia de outras pessoas, em harmonia e com respolto mttuo. Se vvoc® recebeu essas bengios, valorize-as como merecem. Se ainda conseguiu, espero que tenha agora a percepeao de que isso é possivel. Por outro lado, voc® pode estar Iutando para exercer uma vocagio froqiientemente impedida por outras responsabilidades ou pela ine: pacidade de nossa cultura de Ihe dar o devido valor. Se conseguir nossa luta, provavelmente ser 0 mais sabio alcangar um ponte de pa entre nés, ‘Use a Sensmtibnoe 4 StU FAVOR TRABALHE COM 0 QUE APRENDEU Encontre seu Maquiavel Maquiavel, 0 conselheiro de principes italianos da Renascenga, escreveu com brutal franqueza a respeito de chegar na frente e mans ter-se lé. Seu nome ¢ associado, talvez excessivamente, a manipulas do, mentira, traigdo ¢ todas as outras conspiragées que ocorrem “na corte”, Nao recomendo que se tone maquiavélico, mas asseguro que, quanto maior repulsa sentir polas qualidades dole, maior a necessidade de estar consciente de que elas estao a espreita dentro de vocé e dos outros. Quanto mais alegar que nada sabe de coisas assim, mais pers turbado ficard pelas conspiracées secretas de seu interior. Em resumo, existe um Maquiavel em algum lugar dentro de vood, Sim, ele 6 um manipulador sem escriipulos, mas nenhum principe, especialmente se for gentil, manteria o poder por muito tempo sem. pelo menos um conselheiro de visdo tao impiedosa quanto a dos ini- esse principe som diivida tem. O truque é ouvir Maquiavel, jo. em seu lugar. Talvez vocd j4 conhega essa sua faceta, mas dé corpo a ela. Tente iginar sua aparéncia, o que diz, que nome tem. (Provavelmente ndo seré Maquiavel.) Entéo bata um papo com ela. Deixe que Ihe fale sobre o lugar onde trabalha. Pergunte quem esté agindo para chegar na frente © quem estd perseguindo vocd. Pergunte o que vocé pode fazer para progredir. Deixe que essa voz the fale por algum tempo. Mais tarde, com muito cuidado para mantor seus valores e seu bom cardter intactos, pense naquilo que aprendou. Seré que ficou sabendo, por exemplo, que alguém esté usando téticas injustas e prejudicando com isso voct ¢ a empresa? Sua voz interior estard parandica ow isso 6 algo que voce jé sabia ¢ nao queria admitir? Existe alguma atitude que possa tomar para coibir isso ou pelo menos proteger-se? Capitulo 7 os OS RELACIONAMENTOS INTIMOS O desafio do amor sensivel EsTE CAPITULO § UMA HISTORIA DE AMOR. Ele comega emtando como as PAS se apaixonam ¢ iniciam amizades profundas. Dspois ajuda a fazer 0 gratificante trabalho de manter vivo esse amor, no estilo das PAS. A intimidade com uma PAS: todas as maneiras de conseguir isso Cora tem 64 anos, é dona de casa e autora de livros inkintis, Casou- se apenas uma vez, com seu “tinico parceiro sexual”, ¢ informou- me com firmoza que esta “muito contente com esse aspecto de mi nha vida". Dick, sou marido, é “tudo menos wna PAS* Mas ambos preciam 0 que 0 outro oferece a casamento, especiamente agora que as arestas foram aparadas. Ela aprendeu ao longo ios anos, por exemplo, a resistir aos desejos dele de partilhar 0 ptazsr dos filmes de aventura, da pritica de esqui e de campeonatos emortivos. le vai com os amigos. Mark, com cerca de 50 anos, 6 professor universitirio © poata, um especialista em T, S, Eliot. Nao ¢ casado e vive na Suécia, onde ensina Literatura Inglesa. As amizades so essencials na vida de Mark, Ele desenvolveu a habilidade de encontrar no mundo as pou- cas almas como a sua e cultiva um relacionamento profundo com elas. Suspeito que todos se consideram muito afortunados, Quanto ao romance, Mark recorda paixdes intensas desde a infincia, Adulto, seus relacionamontos tém sido “raros mas pertur badores, Dois ainda persistem. Dolorosos. Nao hd fim apesar de @ porta estar fechada”. Mas lembro que entio sua voz assumiu um tom malicioso: “Mas minha vida é rica em fantasias” Ann também se lembra de paixdes intensas na infiincia, “Sem- pre havia alguém, era uma cruzada, uma busca constante,” Ela ca- Sou-se aos 20 ¢ teve trés filhos em sete anos. Nunca havia dinheiro Suficiente, ¢ as tenses cresciam proporcionais aos abusos do marie do. Depois de ter sido espancada duramente algumas vozes, cla sous be que tinha de partir, crescer © aprender a sustentar-so, Ao longo dos anos existiram outros homens em sua vida, mas nunca se casou de novo. Aos 50, Ann afirma que sua busca do “principe encantado” finalmente terminou. Na verdade, quando perguntei se organizava a vida de alguma forma especial para acomodar sua sen- sibilidade, a primeira resposta foi: “Lu finalnente deixei os homens fora de minha vida, entéo isso nao me perturba mais”, An mas e profundos lagos com os filhos ¢ as irmé: felicidade @ Ann, Kristen, a estudante quo apresentei no capitulo 1, 6 mais uma que ‘mou intensamente durante a infancia. “A cada ano eu escolhia um, Mas, quando fiquei mais velha e as coisas foram ficando mais sérias, quando estava com eles eu queria que me deixassem om paz. Entio houve aquele que acompanhei ao Japao. Ele foi muito importante para mim, mas j4 terminou, gragas a Deus, Agora, que estou com 20 anos, ndo me preocupo muito com os rapazes. Quero primeira saber quom eu sou.” Para quem estava tio preocupada com a prépria sanidade mental, ela parece dofinitivamente si. Lily, de 30 anos, teve uma juventude promfscua para afrontar Sua severa miie chinesa. Hé dois anos, porém, quando a satide sucum- igas inti- proporcionam grande “Binnxaonannvros ios bin aos efeitos de sua vida dissipada, ela percebeu afinal que era infeliz. Durante nossas entrevistas comegou a perguntar-se se teria escolhido uma vida tdo hiperestimulante para distanciar-se da miflia, que via como tediosa e sem o vigor americano. De qualquer forma, quando recuperou a saitde, Lily iniciou urn relacionamento com um homem que considerava ainda mais sensfvel que ela, A principio eram apenas amigos: ele parecia ser tedioso como sua nilia, Mas alguma coisa terna e carinhosa surgin entre eles. Estio morando juntos, mas ela niio se apressa em casar. “Lynn esti na casa dos 20 e casou-se ha pouco tempo com Craig, que compartilha com ela a busca espiritual e um profundo amor, Mas hd o problema do sexo: quanto cada um deseja? Para seguir a tradigao espiritual que ele escolhera, © ela abragou a0 conhecé-lo, Craig vinha se abstendo de sexo, Na 6poca de nossa entrevista, ele havia mudado de idéia, ¢ era ela quem agora queria seguir a tradi- Go da abstinéncia. O acordo que até o momento tem satisfeito a ambos 6 de fazer amor “com pouca freqiiéncia” (ura ou duas vezes por més), mas de forma “muito especial” Essos exemplos ilustram as maneiras ricamente diversas pelas quais as PAS satisfazem seu dosojo muito humano de estar préximas de outras pessoas. Apesar de ainda nao ter dados esstatisticos de lar- ga escala para confirmar isso, obtive através das entrevistas a im- prossfio de que as PAS encontram formas mais variadas de resolver 6 assuntos dessa érea, Blas escolhem com maior freqiiéncia que a populagao em geral a vida de solteiras, a firme mox.ogamia ou ami- zades ¢ relacionamentos familiares profindos em lugar de romance £ possivelmente verdade que dancem ao som dessa cangao de amor diferente por ter histéria de vida e necossidades diferentes. A neces- sidade 6 a mae da invengao, Com toda essa diversidado, nés, PAS, ainda tem1os de considerar alguns pontos em comum nos relacionamentos iatimmos, todos eles com origem em nossa habilidade especial de perce@rber as sutilezas © em nossa maior tendéncia para a hiperexcitagao. 1% As PAS ea paixito Minhas pesquisas sugerem que, quando o assunto 6 amor, nds, P/ aixonamos com maior intensidade. Isso pode ser bom. Es dos comprovam que a visdo da prépria competéncia e a auto-est ma? ampliam-se marcadamente na pessoa apaixonada, Quando 4 pessoa sente-se maior ¢ melhor. Por outro lado, 6 bom conhect algumas das razdes pelas quais nos apaixonamos e que nao ou pouco esto, relacionadas ao objeto desse amor. Antes de comegarmos, porém, escreva 0 que aconteceu em ‘ou mais vezes em que vocé esteve profundamente apaixonado. tio poderd verificar se 0 que descrevo acontecou em seu caso. Reconhego que algumas PAS parecem no se apaixonar jamai (Em geral possuem 0 estilo de ligacio esquivo que descrevi anteri mente.) Mas dizer “nunca amarei” 6 como dizer que jamais chow no deserto. Qualquer um que conhega o deserto Ihe dirs que, qua do chega a chover l4, 6 melhor tomar cuidado. Portanto, se vo‘ acredita que ndo ama intonsamente, deveria ler assim. mesmo — caso de chuva. nos a Quando o amor é intenso demais Antes de abordarmos 0 poderoso tipo de amor ou amizade que lei um relacionamento maravilhoso, talvez esteja interessado no tip mais raro, porém mais famoso e perturbador, do amor imposstvel. Pode acontecer com qualquer um, mas parece acontecer com frex qiiéncia um pouco maior entre as PAS. Como quase sempre essa uma experiéncia muito sofrida para ambos os envolvidos, um pouco de informagio pode ser itil no caso de vir a encontrar-se em uma situagao assim. Esse tipo de amor geralmente nao ¢ correspondido, A propria falta de reciprocidade pode ser a causa da intensidade. Se um relacionamento real fosse possivel, a idealizacio absurda esfriaria & medida que a pessoa passasse a conhecer melhor o ser amado, com todas as suas limitagdes. Mas a intensidade pode também des- Osretacionannrrasoermos truir o relacionamento, Um amor excessivamente intenso 6 muitas vozes rejeitado por ser muito exigente ¢ pouco realista. Aquele que 6 amado freqiientemente sente-se sufocado, ¢ nao realmente ama- do, ao perceber que seus sentimentos néo so levados em conta. E ‘como se aquele que ama nao tivesse compreensao real do ser ama- do, mas apenas uma visio impossivel de perfeigio. E pode vir a aban- donar tudo em nome do sonho da felicidade perfeitas que apenas 0 outro 6 capaz de realizar. ‘Por que ocorre um amor assim? Nao ha respostas ™mas algumas fortes possibilidades. Carl Jung sustentava que os habitualmente introvertidos (na maioria PAS) voltam toda a energia Para dentro de si mesmos para proteger sua preciosa vida interior contra as pertur- bacdes do mundo. Mas ele alertava que, quanto mais bem-sucedi- dos somos em nossa introversdo, maior se torna a Pressio do in- consciente para compensar esse direcionamento intexior. E como se 4 casa estivesse cheia de criangas entediadas (mas Provavelmente de inteligéncia superior) que em determinado momento encontras- sem safda pela porta dos fundos. Essa energia antes reprimida que desperta geralmente se deposita em alguma pessoa (ou lugar ou coisa) que passa a significar tudo para o pobre intro Vertido liberta- do, Vocé se apaixona perdidament verdaide tem pouca relagao com a outra pessoa e mais como tempo que voce demorou para s¢ expor. ‘Muitos filmes e romances retrataram esse tipo de amor. Um clis- sico do cinema poderia ser O anjo azul, sobre um pro fessor univers. tario que se apaixona por uma dangarina, Um livro Cléssico seria O lobo da estepe, de Herman Hesse, a respeito de um }2omem de certa dade altamente introvertido que conhece uma prov cante e joven dangarina ¢ seus amigos apaixonados ¢ sensuais, Em ambos os casos 6s protagonistas mergulham em um desosperangado mundo de amor, sexo, drogas, citime ¢ violéncia — todo 0 estimulo ¢ # Satisfago dos sentidos que seu eu intuitivo e introvertido sempre Tojeitou e com que nao souberam lidar. Mas as mulheres também p #Ssam por isso, como em alguns romances de Jane Austen ou Charlotte Bronté que e isso ‘Use a soasiuionnn a au TAvOR “Osa ACONAMBNTOS BeOS 9 ‘mostram mulheres controladas ¢ introvertidas que softer por um ou 0 animus que nos lovard aonde tanto desejamos it, ag paraiso avassalador, Nos os vemos em pessoas de carne © 080 com as quais desojamas Nao importa quo introvertido seja, voc8 ainda é um ser s partilhar um paraiso terreno o sensual (que geralmente signsfica um Vocé nao pode fugir & necessidade e ao desejo espontaneo de rel ¢ruzeiro por ilhas tropicais ow um fim de semana em tina estagio cionar-se mesmo que o conflitante impulso de proteger-se seja fort de esqui — os publicitérios adoram nos ajudar a projetar esses ar- Felizmente, depois de se expor um pouco e se apaixonar algum: quétipos no mundo exterior). Nao me entenda mal, cate @ osso @ vezes, perceberd que ninguém ¢ perfoito. Como dizem por af, exis fonsualidade sio coisas étimas, mas no irio substitu Ying figura ‘tem outros peixes no mar, A melhor protegao contra a paixito exces uum objetivo interior. E nés sabemos a confusdo que 0 amor divino sivamente intonsa 6 estar aberto ao mundo, nada mais, nada menos, pode causar quando dois mortais comegam a se amar 4 maneira Quando vocd encontra 0 equilfbrio, pode chegar inclusive a encon: humana. trar certas pessoas que o ajudam verdadeiramente a permanec Essa confusio pod, porém, ser aceitavel por algum tempo om cor calmo e seguro. Portanto, jé que vai de qualquer forma ser conquis tos momentos da vida, O romancista Charles Williams esroyeu: “Se tado um dia, pode muito bem misturar-se conosco desde jé io tivermos devogio por aquilo que no final se revela hiso, aquilo Reveja suas histérias de amor e amizade. Elas vieram apés um que no final se prova verdadeiro nunca conseguiré petmangcer” longo perfodo de isolamento? Os amores dificeis ¢ a ligagfo insegura O amor humano ¢ divino ‘omo ja discutimos, os relacionamentos das PAS com tug ¢ todos Outra forma de apaixonar-se intensamente 6 projetar no outro seus sio fortemente influenciados pela natureza das ligaGOes que tive- ansoios espirituais. Novamente a confusdo do ser amado humano. ram na infincia com seus tutores. Como corea de apenas 50% ou com um amado divino seria evitada se voc pudesse conviver com a 60% da populagao teve na infineia uma ligagdo seguret (um dado pessoa por algum tempo. Do contrario, a projegio pode ser surpre- realmente chocante), aqueles que tm tendoncia a relacgnamentos endentemente persistento, cautelosos (ou evasivos) ou. muito intensos (de ambivaléngia ansio- A fonte de um amor assim tem necessariamente de ser muito sa) podem considerar-se bastante normais. Mas suas rcgos a es- importante, ¢ acredito que soja. Como dizem os junguianos, cada ses relacionamentos so muito fortes porque existem nico ambito um de nés possui um companheiro interior cuja missio é nos levar muitos assuntos inacabados. 0s reinos {ntimos mais profundos. Mas 6 possivel que nao conhe- Freqiientemente os que tiveram ligacdes inseguras teytam com camos bem esse companheiro interior ou que muitas vezes, em nos- empenho evitar 0 amor, pois nao querem ferir-se, OW tier. parca so desesperado desojo de encontrar aquele de quem precisamos tan- apenas perda de tempo, ¢ ndo pensar nos motivos de eicarar 0 as- to, cometamos 0 engano de projetd-lo em alguém. Queremos que o sunto de forma to diferente do resto do mundo. Ainds assim, nao companheiro seja real, e ¢ dificil aprender que também aquilo que 6 importa quanto esforgo custe, um dia se véem tentando ierer novae oxclusivamente interior pode ser inteiramente real. mente com que dé certo. Alguém aparece, e parece 8n) arriscar A tradicio junguiana sustenta que om geral 0 companheiro uma ligagZo. Quem sabe hii algo no outro que faz lembr ya pos- interior de um homem é uma alma ou uma figura animica feminina soa segura que passou muito rapidamente por sua vidi gyentual. ede uma mulher 6 um guia espiritual ow animico masculino. Quan- mente estario sentindo desespero bastante para tentét yma nova do nos apaixonamos, portanto, estamos na verdade amando a anima chance, E de repente atacam, como Ellen fez. Apesar de nunca ter se sentido to préxima de seu marido q ele gostaria, Ellen acreditava ter um casamento razoavelmente na época em que terminou sua primeira grande escultura, Mas, Peis que o projeto de todo um ano ficou pronto e foi entregue, ela sontiu estranhamente vazia. Raramente compartilhava esses s mentos, mas um dia percebeu-se falando deles com uma mulher velha, corpulenta, que usava os longos cabelos grisalhos presos ‘um coque. Nunca, antes de tal conversa, ela havia prostado atengao naqi Ia mulher, considerada meio excéntrica pela comunidade, Mas senhora grisalha recebera treinamento de conselheira ¢ sabia ow com empatia. No dia seguinte, Ellon descobriu-se pensando todo tempo na nova conhocida. Queria estar novamente com ela, A mi ther sentiu-se envaidecida por ter uma artista amiga, ¢ 0 relacionamento vicojou. especial cot Mas para a escultora aquela era mais que wma amizado, Era u1 necessidade estranha ¢ desesperada, Para sua surpresa, 0 relaci namento logo assumiu um cardter sexual, e seu casamento fic turbulento, Por consideragao a0 marido e aos filhos, decidiu queria romper, mas no conseguiu. Fra totalmente impossivel Ap6s um ano de cenas tempestuosas entre os trés, Ellen co Gou a pereeber na amiga defeitos insuportiveis — principalmente tomperamento violento, O relacionamento terminou e o casament sobreviveu, mas ela niio entendeu o que hayia acontecido a nao s mos depois, com a psicoterapia. Quando comegou a explorar sua infincia, Bllen ficou sabendo p sua itma mais velha que a mae, sompre muito ocupada, nfo tinha tome Po nem inclinago para bebés. Tendo sida eriaca por uma série de bis, ela lembrava-se de uma, a sonhora North, que mais tarde foi st professora na escola dominical, Essa mulher era extraori boa e calorosa. A pequena Ellen na verdade ponsava qu Bera uma mulher corpulenta e nistica que usava os cabelos grisalhos resos em coque. Ellen crescera c uma programagdo inconsciente. Primeiro, para evitar ligar-se a qualquer pessoa, uma vez que as babés mudavam ‘OsanLAciowaMiatos ios ton- tanto, Em nivel mais profundo estava programada para aguardar al fi jualquer tamente alguém como a senhora North ¢ entao asrisear qualay e sentira por algumas coisa para sentir-se novamente segura como se sentiFa por horas de alguns dias de sua infancia com a verdadeira Senhora Neil NOs todos estamos programados de alguma forma: para era“ @ tentar nos agarrar ao primeiro tipo de pessoa que onal et soguranga, para encontrar os pais perfeitos e os nts to ae para ser altamente cautelosos nas ligagdes com: a a tke ligar.a alguém exatamente igual a quem ndo nos gyal bine mos mudar a historia agora) ow ndo quis que cresc oe encontrar outro porto seguro igual ao que tinhamos quant criangas. . Reveja suas histérias de amor, Voc pode compreandé-as aE de sua ligagao infantil? Terd trazido para elas as gram “ 7 a aie des no satisfltas na infanca? Ter algumas dessas mecesiclades sis nifica apenas tor quantidade do “cola” suficiente para as lisse adultas. Mas 6 0 maximo qu Alga que desc un adulto com necessidadas infantis (por exemplo, munca perder o outro de vista) também tem alguma coisa mal resolvida em Seu pasa ig psicoterapia€ praticamente tnicorefigio onde pocemos desperts para as coisas perdidas, chorar por elas e aprender 4 contola sentimentos perturbadores. co ama es cpa ths ema, B00 IVS vida fique durante certo tempo tao maravilhosamente anormal? Dois ingredientes do amor reciproco Estudando centenas de relatos a respeito de amor (@ amizade) = tos por pessoas de todas as idades, meu marido (um Psi ee as que tem realizado comigo extensa pesquisa sobre relacional os fntimos) e eu chegamos a dois temas que se mostrar mais = eo Primelzo, a pessoa que se apaixona obviamente gost muito de alge que encontrou na outra. Mas a flecha de Cupido geralmente at sd vessa a armadura no momento em que alguém descobre que @ out pessoa gosta igualmente dele. 182 Use SNsinDADE A SIUFAVOR Esses dois fatores — gostar de algo om alguém e descobrir que outra pessoa também gosta de voce — revelam-me a imagem de mundo onde as pessoas transitam admirando-se mutuamente, & pera apenas de que alguém declare seu amor. Essa é uma i importante para as PAS terem em mente porque um dos moment mais oxaltantes da vida 6 fazer ou receber uma declaragaio de Se desejamos intimidade com alguém, precisamos fazer isso! samos aceitar todos os riscos da aproximagao, inclusive 0 risco uma declaragio, Cyrano de Bergerac aprendeu essa ligio. Como a excitagao pode fazer qualquer um apaixonar-se Um homem encontra uma mulher atraente sobre uma ponte sus| que oscila com 0 vento no alto de uma garganta entre montanhas se encontra com a mesma mulher sobre uma firme ponte de madei poucos metros acima de um ribeirdo. Em qual desses locais 6 mi provavel que o homem se sinta romanticamente atraido pela mull De acordo com os resultados de um experimento realizado por me marido e um colega (hoje famoso psicslogo social), muito mais pa x@es nascerdo na ponte suspensa’. Outra pesquisa demonstrou qq existe maior probabilidade de nos sentirmos atraidos romanticamer ‘se estivermos sob qualquer tipo de excitagao, mesmo que soja ter wu discussio ou ouvir a gravagao de um mondlogo humorfstico’ Existem diversas teorias a respeito das razdes polas quais a ex: citagio de qualquer tipo pode levar atrago caso haja uma pessoa adequada por perto. Uma raza pode ser a tentativa de sempre atri- buir a excitagio a alguma coisa e, se possivel, especialmente & atragio. Outra raziio: os niveis altos mas tolerdveis de agitagao es- {Wo associados, em nossa mente, com expansao e excitacdo, ¢ esses estados, por sua vez, associados @ atragao por alguém. Essa desco- berta tem implicagées interessantes para as PAS. Se somos mais facilmente excitveis que outros, na média estaremos mais inclina- dos a nos apaixonar (¢ talvez mais intonsamente) na companhia de alguma pessoa atraente. Reveja suas hist6rias de amor. Vocd havia passado por uma riéncia excitante antes di pe e conhecer ou ao conhecer a pessoa por quem ‘Oa WTLACIONANIRNTOS BTIOR so apaixonou? Apés passar por uma dificuldade, jé se sentiu fortemen- {0 ligado a pessoa que estove a sou lado? Jé se sentiu assim por médi- (08, terapeutas, membros da familia ou amigos que 0 ajudaram a lidar ‘com uma crise ou dor? Analise todas as amizades que teve no colégio ‘o na faculdade, época em que todos experimentam muitas situagdes hovas e excitantes. Agora vocd pode compreender 0 porque. Duas outras razdes que explicam por que as PAS ¢stdo mais inclinadas a se apaixonar as dtividas a respeito do prérpio Outra fonte de grandes amores valor, Uma pequisa revelou, por emeplo, que estucantes cuja auto- gstima estava abalada (por algo que Ihes foi dito durante 0 experi- mento) sontiam-se mais atraidas por um parceiro potencial do que aquelas cuja auto-estima no fora comprometidat. Existe também maior probabilidade de que as pessoas se apaixonem logo apés um rompimento. Como jf enfatizei, as PAS tendem a apresentar baixa auto-estima porque nfo se identificam com o ideal cultural ¢ portanto algumas vezes se consideram felizes simplesmente por conseguir encontrar alguém que as deseje, Mas 0 amor construfdo sobre essa base pode ter um dosfecho infeliz, Talvez venham a perceber mais tarde que a pessoa por quem se apaixonaram era muito inferior a olas ow ndo correspondia de forma alguma a seu tipo. Reveja suas histérias do amor. A auto-estima abalada desempe- nha nelas algum papel? ‘A melhor solugio, naturalmente, 6 fortalecer a auto-estima refor- mulando a vida no bojo de sua sensibilidade, realizando um trabalho interior para solucionar 0 que quer que diminua sua confianga ¢ pas- ando a expor-se ao mundo dentro dos proprios termos, provando a si mesmo que tem valor. Vocé ficaré surpreso ao ver quantas pessoas iro amé-lo tanto exalamente por causa de sua sonsibilidade. Finalmente existe a tendéncia, muito humana, de iniciar ow man- ter um relacionamento apenas por medo de ficar s6, muito vulnerdvel, tendo de enfrontar situagées novas e assustadoras, Acredito ser ess0 SE 184 ‘Use SnsMIDADE A STAVOR 0 principal motivo pelo qual as pesquisas verificam que um tergo estudantes universitérios se apaixona durante o primeiro ano pas do fora de casa’. Somos animais sociais que se sentem mais s com companhia. Mas vocé no deseja aceitar qualquer um s6 pi tem medo de ficar sozinho. O outro, cedo ou tarde, perceberd isso: ficaré magoado ou poderd, tirar vantagem da situagao. Ambos cem algo melhor que isso. Reexamine suas histérias de amor. Vocé j4 se apaixonou ape por ter medo de ficar s6? Acredito que as PAS precisam sentir podem sobreviver pelo menos por algum tempo sem um relacions mento romantico forte. Caso contrério nao estarao livres para es rar pola pessoa de quem gostardo realmente, Se vocé ainda nfo 6 capaz de viver sozinho, nao ha do que envergonhar. Provavelmente alguma coisa destraiu sua confianga mundo ou alguém impediu que voce construfsse essa confianga. se existir possibilidade pratica, faga um esforgo para tentar viver forma independente. Caso parega dificil demais, desenvolva um balho com um terapeuta que Ihe d® apoio ou aconselhamento — guém que néo vé abusar de vocé nem abandoné-lo e que nao ter interesse no desfecho excoto o de vé-lo auto-suficiente. Nom 6 preciso que fique totalmente s6, Existem intimeras possibi- lidades a disposigio, como bons amigos, parentes leais, uma pes: para dividir 0 apartamento e que esteja no momento em casa, dispos amorasos e gatos gostosos de abragan, Aprofindamento da amizade ‘As PAS, em particular, nfo deveriam jamais subestimar as vanta~ gens das amizades profundas. Elas ndo precisam ser to intensas, complicadas nem exclusivas quanto os relacionamentos roménticos, E possivel deixar que alguns conffitos se resolvam sozinhos. Alguns tragos irritantes podem ser ignorados por um pouco mais de tempo, quem sabe por toda a duragio da amizade. E ¢ possivel saber 0 que esperar da outra pessoa sem sofrer dano muito duradouro caso voc8 koja rejeitado ou decida rejeité-la, Ocasionalmente, um relaciona- mento romantico pode nascer daquilo que comegou como amizade, Para aprofundar uma amizade (ou um relacionamento familiar), use lum pouco daquilo que ja sabe sobre os motives saudaveis que levam a ‘amor, Diga & outra pessoa que gosta dela. Nao hesite em partilhar expe- ridncias intensas — passar juntos pelas dificuldades, desenvolver um projeto, formar um time. £ diffcil conseguir algum aprofundamento se tudo 0 que fazem 6 almogar juntos algumas vezes. No processo de par- tifha de experiéncias, vocés fardo revelagdes que, se muituas ¢ apropria- das, se tornardo o melhor caminho para a intimidadet, Encontre a pessoa certa Normalmonte so as nfio-PAS que afinal nos escolhem, Houve 6poca em que a maioria de mous amigos eram pessoas extrovertidas, ndo- tao-sensiveis (mas com certeza muito simpaticas e empaticas), que pareciam meio orgulhosas por doscobrir a escritora reclusa. Foram amizades boas para mim, que trouxeram perspectivas e oportunidades que nao teria encontrado sozinha, Existem no entanto muitos motives pelos quais 6 bom para as PAS estar junto de outras PAS. ‘Uma excelente tética para encontrar outras PAS ¢ pedir que seus amigos extrovertidos o apresentem a pessoas como voce, Mas também pode encontrar PAS pensando como wma — nfo sera em barzinhos, demias nem festas. Com 0 risco de alimentar esterestipos, PAS. podem ser encontradas, por exemplo, em cursos de extensio para adultos, excursdes, igrejas, grupos de estudo de catélicos ou judeus jeressados em conhecer os aspectos mais profundos e mais oso- Léricos de sua religido, aulas de arte, palestras sobre psicologia jun- guiana, leitura de poesias, concertos sinfOnicos, apresentagdes de Gpera e balé, debates que se seguem a essas apresentagdes ¢ retiros espirituais de todos os tipos. Essa lista pode ser boa para comecar. ‘Tondo encontrado outra PAS, ¢ fécil comegar a conversa comen- tando 0 barulho ou excesso de estimulo do lugar onde estéo. Podem entdo concordar em sair dali, fazer uma caminbada, encontrar um lugar tangiiilo, e a partida estaré dada, 186 Us sinsaMiDAbe A SOU PAYOR: A danga das PAS ‘Tenho dito e direi novamente que as PAS precisam de relacioy mentos intimos e podem ser muito habilidosas nisso. Mas precis: estar atentas a parte que deseja introverter-se e proteger-se. Po mos freqtiontemente recair na seguinte danga: Primeiro desejamos ficar intimos e enviamos todos os tipos de si convidando a intimidade. Alguém corresponde, Quer nos vor nos conhecer, talver. tocar. E nés nos retraimos. A outra pessoa esp ra pacientemente por algum tempo, depois se afasta também. Sentim nos sozinhos ¢ enviamos novamente os sinais. A mesma pessoa, outra, tenta outra vez, Ficamos felizes — por algum tempo. Mas pois nos afastamos. Passo a frente, passo atrés, passo a frente, passo atrés — até q ambos ficam cansados da danga. Conseguir 0 equilfbrio entre distanciamento e intimidade po parecer imposstvel. Se vocé tenta agradar os outros, nao atende préprias necessidades. Se tenta agradar apenas a si mesmo, froqii temente deixa de expressar um grande amor no assumo todos compromissos que 0 relacionamento requer. Relacionar-se com alguém semelhante a vocé é uma solugao, ma podem acabar os dois sem contato entre si, dangando em extrem opostos da sala, Por outro lado, 0 relacionamento com alguém qui doseja estar mais envolvido e estimulado pode transformar a dan em verdadeiro suplicio, Nao sei qual ¢ a resposta para voc. Mas sei que as PAS devem continuar na danga ¢ ndo desistir nem dese que ela termine, Ela 6 um fluxo que equilibra as necessidades de cada um e ensina que os sentimentos variam. Vocd adquire graga com 0 tempo, pisando cada vez menos nos pés dos outros. Vamos olhar de perto seus relacionamentos mais fntimos. O relacionamento entre duas PAS A intimidade com outra PAS pode oferecer grandes vantagens. Ambas se sentem, no mninimo, compreendidas, Provavelmente haverd menos Osnnaconauintos emis 187 conflito a respeito de privacidade, Voces certamente terdio passatem- pos semelhantes. ‘As desvantagens esto no fato de ambos terem dificuldade com © mesmo tipo de tarefa, seja perguntar o caminho a estranhos, soja fazor compras. E essas coisas acabam nao sendo feitas. Ocorre que, so ambos tém tendéncia para so afastar das pessoas, nao haverd nin- guém por perto para forga-los a maior intimidade e a encarar a inse~ quranca. Um relacionamento distanciado pode satisfazer os dois, Mas apresenta uma qualidade drida que ndo surgiria se a outra pes- 0a solicitasse maior intimidade. Mas isso, na verdade, 6 assunto de voces. A despeito do que diz.a psicologia popular, se estiverem feli- zes no existe lei, natural ou humana, que os obrigue a intimidade nem @ partilha intensa para que se satisfagam. Minha impresstio 6: sempre que as duas pessoas t@m personali- dades semelhantes a compreensio entre elas & forte ¢ 0s conflitos siio minimos. Isso pode ser tedioso, mas pode também oferecer um porto seguro ¢ tranqiiilo de onde zarpem rumo ao mundo exterior ou interior. Ao voltar um para 0 outro, compartilharao as emogdes de suas experiéncias individuais, Quando 0 outro no é altamente sensivel Qualquer diferenga entre duas pessoas que passam muito tempo juntas tende a crescer, Se voct for um pouco melhor na leitura de mapas ou em assuntos bancérios, sempre fard isso por ambos @ se tornaré o especialista. O problema 6 que, ao se ver sozinho com um ‘mapa ou precisar saber 0 que se passa com sua conta bancdria, aque- Je que “nao sabe” sente-se tolo e desamparado. (Apesar de algumas vezos descobrir, surpreso, que, gragas a observagio, sabe mais do que pensava.) ‘Todos tém de decidir por si mesmos as reas em que aceitam sor inabeis ao lado do especialista e aquelas em que nio querem abso- lutamente ser incapazes, O respeito préprio 6 uma nocossidade, @ nos casais heterossexuais os esteredtipos costumam imperar. Vocd talvez no se sinta bem fazendo que as pessoas de seu TURE SNGiNLIADE A SEUTAVOR sexo geralmente fazem. Talvez, como no caso de meu marido e no ‘meu préprio, sinta-se mal permitindo que os esterestipos se cristae lizem, (Eu gosto de saber como trocar um pneu, ele gosta de saber | como trocar uma fralda,) Essa especializagio 6 mais problematica e dificil de ignore quando se da em relagio ao “trabalho” psicologico. Um cénjuge ser ‘emogao pelos dois, o outro permanece frio. Um lida apenas com sentimentos bons, nélo desenvolvendo resisténcia ao pesar ao med © outro arca com toda a ansiedade e depressio, Quando se trata de PAS, aquele que 6 um pouco menos sensfve torna-se especialista nas situacdes que possam descompensar demais o cOnjuge mais sensivel. (Se ambos sio igualmente sensf veis, podem vir a se especializar om dreas diferentes.) Isso traz. van- tagens para os dois. Existe mais calma — uma pessoa sonte que aju- dae a outra sente que ¢ ajudada. A possoa um pouco menos sensivel pode saber-se indispensavel © considerar essa sensagao bastante gratificante, Enquanto isso, aquele que 6 mais sonsivel percebe as sutilezas pelos dois. Parte desse trabalho pode parecer menos valiosa — ter as idéias criativas, saber por que vivemos, aprofundar as comunica- apreciar a beleza, Mas, se existir entre os dois um lago forte, Provavelmmente sera porque @ pessoa menos sensivel realmente pre- cisa e valoriza aquilo que vocé, o mais sensivel, oferece, Sem isso, todas as coisas oficientes que faz nao serviriam de nada e seriam também menos eficientes, Algumas vezes a pessoa mais sensivel pode percober isso © considerar-se indispensdvel © até superior. Em um relacionamento de muitos anos, os parceitos podem ficar bastante satisfeitos com sua distribuigo de tarefas. Entretanto, ¢ em especial na segunda metade da vida, um dos dois ou ambos podem desenvolver alguma insatisfagdo. O desejo de ser inteiro, de expe- timentar a parte da vida em que nio se especializou, oventualmente se torna mais forte que o dosojo de sor eficiente ou evitar falas, Se a especializagio for extrema, como é possivel om casamentos longos, um dos dois pode tornar-se dependente a ponto pacidade do escolha em relagio & permanéncia no relacionamento, Osnacionsaaeras eras 189, No caso dos sensfveis, a pessoa pode sentir-se incapaz de viver no mundo exterior, @ a outra, incapaz de encontrar o caminho interior, Nesse ponto © que as une jé ndo ¢ amor, mas a falta do altemativa, A solugio 6 dbvia, mas nao 6 facil. Ambos devem concordar que a situagdo deve mudar mesmo que durante algum tempo as coisas ndo corram de forma eficiente como antes. O mais sensivel deve tentar novas tarefas, assumir mais responsabilidades, arranjar-se so- zinho um pouco, © menos sensfvel deve experimentar a vida sem a Contribuigdo “espiritual” do companheiro e fazer contato com as coisas sutis na forma como surgirem em sua percep¢ao. Um pode oriontar 0 outro so conseguir evitar tomar a frente @ assumir 0 comando. Caso ndo consiga, é mais Gtil apoiar a distancia ou até fingir que esquece totalmente 0 outro por algum tempo para que o “amador” jogue na prépria categoria, som sor observado nem sentir vergonha pelos esforcos débeis. Ele sabera quando pedir a ajuda amorosa ¢ especializada se precisar, £ uma cerleza maravi- Ihosa 0, na situagao, talvez soja 0 maior dos presentes. Diferencas no nivel ideal de excitagio Acabamos de analisar uma situagJo em que o casamento torna as coisas quase confortéveis demais para vocé, o “sensfvel". Mas existi- Hio também casos em quo o outro nfo aprociard sua hipersensi bilidade aos estfmulos. Ocasides em que ambos continuam fazendo exatamente a mesma coisa, e para o outro tudo esta muito bem. Qual 60 problema com vocs, afinal? Como responder a um pedido bom-intencionado para “pelo me- nos tentar” © nao ser “estraga-prazeres”? E um dilema de meu pré- prio passado — primeiro na infincia, com minha familia, mais tar- de com meu marido, Se eu dizia nto poder participar, os outros no iam por minha causa, e eu me sentia culpada, ou iam sem mim, e eu sentia que estava perdendo alguma coisa. Que escolha! Por nio com- preender minha prépria caracteristica, a sohicao geralmente era fazer ‘© que fora planejado. As vezes dava certo, outras vezes era uma agonia, e em algumas acabei doente. Nao 6 de espantar que muitas PAS percam contato com sou “eu auténtic ‘Us sointipabe 4 StU FAVOR Em certo ano que passamos na Europa, quando nosso filho era bebé, viajamos por algumas semanas com amigos no veriio. No pri- meiro dia fomos de catro de Paris até a costa do Mediterraneo @ dopois seguimos pela costa da Riviera até a Itélia, Nao haviamos previsto que estariamos fazendo © mesmo que os europous em féri= todos passando ao mesmo tempo de vilarejo em vilarejo, um lome bada apés a outra, as buzinas tocando, motocicletas cortando. Ene quanto isso, n6s cinco tentévamos decidir que cidadezinha e hotel da Riviera transformariam nossa fantasia om realidade apesar dé nao termos reservas nem muito dinheiro. Meu filho mantivera-s feliz por horas me usando como trampolim, mas a certa altura fick cansado @ comegou a chorar e a fazer manha, depois passou a bere rar. O final da tarde nao foi muito divertido. Quando chegamos ao quarto do hotel eu estava ansiosa para pi © menino na cama e poder descansar. Naquela época eu nao sabi que tinha uma caracterfstica especial, s6 sabia do que ou ¢ ele pree cistivamos. Imediatamente Meu marido ¢ nossos amigos, porém, estavam prontos para co- nhecer os cassinos de Monte Carlo. Como muitas PAS, ew na0 gosto de jogar, mas apesar de tudo o programa parecia glamouroso. Sabia que nao suportaria mais aquele esforgo, mas se fosse possfvel en- contrar uma babi... Eu odiava ficar para trés Mas fiquei, afinal, Meu filho dormiu bem, eu fiquei acordada — triste, solitéria, com invoja nervosa por estar sozinha em um lugar estranho, Quando os outros voltaram, 6 claro que num excelente estado de humor, me encheram de hist6rias engragadas ¢ todos os “vocd-devia-estar-lé". Eu nao estava nem tinha dormido ¢ nio con- seguia dormir porque estava irritada porque no tinha dormido! Como eu gostaria de saber entao o que sei agora. A hiperexcitagéo manifesta-se facilmente como preocupagio e arrependimento — qual- quer coisa que esteja A mao —, e ir para a cama nio faz vocé dormir, a perturbagdo nao deixa. Mas mesmo assim 6 0 melhor lugar para estar, E sempre haverd outra chance de visitar Monte Carlo. Acima de tudo, ficar em casa pode ser maravilhoso, uma vez que vocé aceite quo om. certos momentos esse 6 0 melhor higar para voc8. ‘OsnnAconaunerosémwos 1 Em situagdes assim seu par fica em um verdadeiro impasse, De- soja que voc8 v4 e, como jé deu certo algumas vezes no pasado, oxiste @ tentagdo de insistir. Além de sentir sua falta caso vé som voc®, 0 outro poderé achar-se profundamente culpado. Estou convencida de que a PAS deve assumir a responsabilida- do nessas ocasi6es para que ninguém se sinta culpado depots. Afi- nal, 6 vocé que melhor sabe como se sente ¢ 0 que pode aproveitar. Se esta hesitando por medo da hiperestimulagao — ¢ nao devido a0 presente estado de fadiga —, deve pesar esse risco considerando também quanto pode se divertir. (Se voc® traz da infancia um medo excessivo de situagdes desconhecidas, acrescente um pouco mais de peso a balanga para ir.) Vocé deve tomar a decisao e agir. Se sua acdo mais tarde se revelar um engano, foi vocé quem decidiu. Pelo menos tentou, Quando souber que ja est superestimulado e precisa ficar em casa, comunique sua deciso com charme o tente nfo de- monstrar que lamenta, Insista para que todos se divirtam sem voo8. A solidiio no dia-a-dia Outro problema frogiiente no relacionamento com uma pessoa me- ‘nos sensivel 6 sua grande necessidade de solidao simplesmente para poder pensar e digerir os acontecimentos. O outro pade sentit rejeitado ou apenas precisar de sua companhia. Esclarega por que precisa daquele momento pessoal. Estabeleca quando estaré dispo- nivel, e cumpra a promessa. E voces podem ficar juntos, apenas des- ansando em siléncio. Caso encontre resistencia a sua necessidade de solidao (ou a qualquer outra necessidade especial), serd necessirio discutir a questéo profundamente. Vocé tem direito a necossidades ¢ experién- clas diferentes. Mas compreenda que elas no sio as mesmas para seu companheiro ou amigo nem para a maioria das pessoas que co- nhece. Talvez o outro quoira ignorar a existéncia de uma diferenga Go grande entre vocds. Existe o medo de haver alguma coisa errada com voc, um defeito ou uma doenga. ‘Talvez. se manifeste uma sen- sagio de perda por causa das experiéncias que sua caracteristica se 192 [UST A SNSIIDADUA EU FAVOR parece tornar impossiveis para ambos. Eventualmente pode surgit raiva ou a suposigto de que vocd estd inventando tudo isso. £ bom lembrar, com simplicidade muito tato, todas as coisas {que esse trago de sua personalidade traz para 0 casal. E voce deve ter cuidado de nao usar a sensibilidade como desculpa para sempre soguir as coisas & sua maneira. Voc? pode tolerar nfveis altos de mulo, especialmente quando esté com alguém que o faz.relaxar e mite seguranga. Um esforgo sincero para acompanhar algumas vezes amigo ou amado sera bastante apreciado e dara bons frutos. no der certo, vocé tera demonstrado a veracidade de seus limites de preferéncia evitando o “eu ndo disse?”. Estard claro que voce ger mente fica mais feliz, saudvel e menos ressentido quando ambos conhecom e respeitam o nfvel ideal de estimulagao um do outro. Ve se encorajardo mutuamente quando necessério — saia ¢ divirta-se fiquo e descanse — para que 0 nivel de conforto seja proservado. Naturalmente outras questées emergirdo quando voce afirm: suas necessidados. Se o relacionamento jé estiver abalado, apresent sua caracterfstica como uma coisa com a qual seu amigo ou pare ro tem de conviver pode produzir um terremoto mais sério. Mas, © fator de risco j4 estava ali, ndo culpe sua sensibilidade nem a fesa dela, nao importa quanto venham a ser razao de conflito. © medo da comunicagao honesta A sensibilidade pode, acima de tudo, aumentar a intimidade da c municagio, Vocé assimila muito bem as pistas sutis, as nuangas, o paradoxos e as ambivaléncias e os proces compreende que esse tipo de comunicagdo exige paciéncia. Vocé leal, escrupuloso ¢ considera o valor da relagio grande bastante p: desejar dedicar a ola o tempo que for necessério, O principal problema 6, como sempre, a hiperexcitagio. Quan= do estamos nesse estado podemos ser extremamente insensiveis a tudo 0 que nos rodeia, inclusive aqueles que amamos. Podemos res ponsabilizar nossa caracterfstica especial: “Eu estava cansado de mais, perturbado demais”, Mas ainda assim é responsabilidade nossa VMHLACIONAMENTOSFMIOS 195 fazer 0 que for necessdrio para nos comunicar da melhor maneira e fazer com que 0 outro saiba, se possivel com antecedéncia, quando impraticdvel fazer nossa parte. As PAS provavelmente cometem seus principais erros de comu- nicagio por tentar evitar a exaltagdo causada pelas situagdes desa- gradaveis. Acredito que a maioria das pessoas, mas principalmente as PAS, tom horror a raiva, confronts, légrimas, ansiedade, “ce- ngs”, mudancas (que sempre significam porda), julgamento e ver- gonha por nossos erros ou pelos erros de outras pessoas. Por certo racionalmente voc6 ja sabe — através de loituras, experién- cia @ talvez. de aconsellamento profissional — quo 6 necessério enfren- tar tudo isso para que 0 relacionamento permanega vivo ¢ renovado. Mas esse conhecimento racional, por algum motivo, nao ajuda quando chega o momento de mergulhar ¢ trazer a tona os sentimentos. Além disso, sua intuicto est4 sempre a frente, Em seu mundo imaginério semiconsciente, que para vocé ¢ muito real e perturbador, jé explorou os virios rumos que a conversa pade tomar, ¢ eles sao quase todos angustiantes. Existem duas formas de aplacar seus medos. Primeiro, trazer a consciéncia o que esté imaginando e imaginar também varias alter- nativas, por exemplo, como as coisas ficario depois que 0 contlito for resolvido ou como sera caso vocé nio lide com 0 problema, Em segundo lugar, ¢ possivel discutir com sou amigo ou companheiro aquilo que supde ser 0 motivo de niio se abrir mais. Ha uma inevité- vel manipulagdo em frases do tipo “eu gostaria de conversar sobre tal coisa, mas nto vou Conseguir se vocé reagir dessa ou daquela . mas isso pode levar a andlises mais profundas do modo se comunicam. neira como vo A necessidade de afastamento durante os conflitos Casais em que uma das pessoas ou ambas so PAS precisam estabe- lecer algumas regras especiais para as situagGes mais exaltadas em que normalmente se transformam suas discussées. Presumo que voces jé tenham banido o uso de palavras ofensivas, das confidéncias jaa MnLIDADN A SHU TAVON compartilhadas quando se sentiam {ntimos e seguros e da meng agravos passados na discussdo atual. Mas talvez dovam estabel outras regras com o objetivo tinico de administrar a perturbacdo 63 cessiva, Uma delas seria o afastamento. ‘Em geral néo se deve sair no meio de uma discussiio (nem s que “6 melhor parar por aqui”). Mas, quando alguém tem uma gra necessidade de se afastar daquilo por sentir-se acuado e desesps do, as palavras j4 nao adiantam. Algumas vezes isso acontece conseqii@ncia da culpa de enxergar em si mesmo algo muito desa davel. Esse 6 um momento em que o outro deve recuar e demons! consideracao, sem levar aquilo em frente para envergonhar ainda mai © companheiro. Existem situagdes em que aquele quo esté acua ainda sente que esta certo, mas esgotou sous argumontos. As pala: vras so répidas demais, agudas demais, néo hé revide posstvel ge a fiiria, © afastar-so 6 a tinica maneira segura de exprossé-la, Em todos 05 casos voce, uma PAS, provavelmonte se perturba apenas por entender que a discussio rapidamente se transforma em um dos piores momentos de sua vida. Como um relacionamento pode ficar amargo o distante sem a expressia ocasional de reclamacoes legitimas, vocd deseja preservar esses momentos de debate como, momentos que valem a pena, mesmo dolorosos quando ocorrem. Isso é ser civilizado, Nesse caso, afaste-so, Procure uma vlvula de escape. mesmo que apenas por cinco minutos, uma hora, uma noite. Ninguém esti desistindo, s6 adiando. Buscar 0 fim da discussiio pode ser duro para os dois envolvidos, portanto ambos devem concordar em fazer uma pause. Combinem antecipadamente essa regra como boa e segura, ¢ nfo como fuga. Na verdade, essa técnica pode mostrar-se tio boa quo vocés a adotardo hovamente no futuro. As coisas sempre assumem outro aspecto de- pois de um afastamento. O poder da metacomunicagio positiva e de ouvir reflexivamente Metacomunicagao significa conversar sobre 0 modo como voce con- versa 0u como se sente de maneira goral, ndo em momentos estan- On eras 195 ques", A metacomunicagao nogativa usa frases como: “S6 espero que saiba que, apesar de estar discutindo isso com voce, vou fazer 0 que quiser depois” ou “Vocé j4 percebeu que sempre que discuti- ‘mos fica irracional?” Frases assim levam a discussfio para um nivel muito baixo, Evite-as, pois sio armas poderosas. ‘A metacomunicacao positiva, por sua vez, faz. 0 contrério, construin- do uma protegio segura contra o dano que pode advir. Ela diz, por exem- plo: “Eu sei que a discussdo estd séria e pesada agora, mas quero que saiba que desejo realmente resolver isso. I importante para mim, e 6 bom saber que voc6 esta se esforgando para encontrar a solugio comigo”. Esse tipo de comunicagio 6 importante em todos os momentos tensos entre as pessoas. Ela diminui a excitagaio e a ansiedade, fa- zendo com que os envolvidos lembrem que se preocupam um com 0 outro e as coisas provavelmente se resolverdo. Em especial os ca- sais em que um ou ambos sio PAS devem procurar incluf-la em sua caixa de ferramentas. Sugiro também que exporimentem “ouvir reflexivamente”. Essa valiosa ferramenta vem sendo usada desde os anos 1960, e voc® pro- vavelmente a conhece bem. Incluf aqui esse lembrete porque ela jf salvo meu casamento duas vezes, sem exagero. Como poderia dei- xar de mencioné-la? Ela é 0 curinga do amor e da amizade. Ouvir reflexivamonte significa simplesmente ouvir a outra pes- soa, ¢ em espocial ouvir sous sentimentos. Para ter a certeza de que ouviu, vocd nomeia os sentimentos em sua resposta. S6 isso. Mas & mais dificil do que parece. A principio vocé dir que soa meio afeta- do ou “parece um terapeuta”. E parece quando feito isoladamente. Mas essa impressdio pode também ser devida ao desconforto que os sentimentos causam, particularmente em nossa cultura, Acredite, parece bem menos artificial para a pessoa que recebe a atengdo. Assim como bons jogadores de hasquete algumas vezes tém de prati car arremessos e dribles, vocd precisa de pritica para exclusiva- mente ouvir até poder fazer “passes” quando for necessério. Expe- rimente ouvir exclusivamente, puramente, reflexivamente, pelo menos uma vez, de preferéncia alguém que Ihe seja intimo. eeneeenl 196 ‘Usta sinsiiiuDADEA SEU FAVOR: Ainda nao esté convencido? Outra razio para se concentrar sentimentos 6 que eles raramente so mencionados no mundo ext Queremos que recebam o devido respeito pelo menos em nossos cionamentos mais intimos. Os sentimentos sio mais profundos que idéias e 0s fatos na medida em que freqtientemente dao o tom, cont lam ¢ confundem tais idéias e fatos. Se os sentimentos estiverem clar as idéias e os fatos ficardo mais claros também. Ao ouvir reflexivamente durante uma ocasiao de conflito v serd forcado a perceber quando esta sendo injusto e qual é 0 mo de superar certas nogessidades e abandonar determinados habit ‘Tord de reconhecer o impacto negativo que esté causando sem bi car a defensiva, sem se fechar para 0 que nao quer ouvir e sem fi mais exaltado do que pode suportar, obrigando 0 outro a cuidar voc8. Isso nos leva a um t6pico mais profundo, OUVIR REFLEXIVAMENTE Quando estiverem fazendo este exercicio, estabelegam um limite de tempo (dez minutos no minimo, 45 no maximo}, Depois troquem de apéis, dando o mesmo tempo ao outro, sem fazer a troca imediatamen- te. Esperem uma hora ou um dia inteiro. Se 0 assunto for algum conflito ‘ou magoa entre vocés, também esperem antes de discutir 0 que foi dito. Podem tomar notas do que pretendem dizer se quiserem. Mas a melhor alternativa nesse caso ¢ expressar as reagdes que tiveram durante sua vez de ouvir. 0 QUE FAZER 1. Assuma a postura corporal de quem esta realmente ouvindo, Sen- te-se com 0 corpo ereto, bragos e peas descruzados. Incline-se para a frente talvez, Olhe para a outra pessoa. Nao confira 0 relégio. 2. Explicite com palavras ou tom de voz os reais sentimentos que foram expressos. Os fatos séo secundarios e serdo esclarecidos seu tempo — seja paciente. Se suspeitar que ha outros senti- Osnntacionsvieos bres 7 mentos presentes, espere até que eles se manifestem em pala- ‘vras ou fiquem dbvios pelo tom de voz. Para iniciar com um exemplo de certa maneira tolo © demonstrar a idéia de enfatizar o reflexo dos sentimentos, seu companheiro pode dizer "eu nfo gosto do casaco que vocé esté usando”. Nesse exercicio, cujo propésito é enfatizar os sentimentas, vocé diria ‘voce realmente néo gosta deste casaco”, © nfo “vocé realmente nao gosta deste casaco”, 0 que ‘enfatizaria 0 casaco, como se perguntasse 0 que ha de errado com ele, E também nao diria “voré realmente néo gosta que eu use este casaco” porque 0 foco estaria em vocé (geralmente na defensiva). ‘Mas exemplos tolos podem levar bem longe. Seu companheiro responde dizendo “é, esse casaco me faz lembrar o iltimo inverno”, Aqui nao hé nenhum sentimento — ainda. Mas espere. Sou parceiro diz “eu detestei morar naquela casa”. Vocé enfatiza ‘© sentimento novamente dizendo “as coisas foram muito ruins para vocé lé”, endo “por qué?” nem “eu fiz 0 que pude para a gente poder sait de Ki 0 mais cedo possivel”. Logo voeé estaré ouvindo coisas a respeito do Gltimo inverno que nunca soube antes. “Eu nunca tinha percebido antes quanto me sentia so mesmo quando vocé estava na sala.” Coisas que precisam ser discutidas. E nessa direcao que 0 reflexo dos sentimentos pode levar, ao contrério da discussao dos fatos ou de seus préprios sentimentos. (0 QUE NAO FAZER Nao faga perguntas. Nao dé conselhos. Nao mencione uma experiéncia semelhante. Nao analise nem interprete. Nao faga nada que distraia ou nao rete 0 sentimento da outra pessoa. Nao recaia em longos siléncios, deixando que 0 outro faga um monélogo. Seu siléncio é a metade “ouvinte”. No ritmo correto, 0 silncio di a0 outro espago para ir mais fundo. Mas continue fa- 198 Use a sens DADE Ast HOR zendo eco a0 que ouve. Use sua intuigéio para equilibrar o ritmo entre os dois aspectos. 1. Nao importa © que 0 outro diga, néo se defenda nem apresente sua interpretagdo do assunto. Se considerar necessério, esclarega em outro momento que o fato de ouvir néo significou ter concordado. Apesar de a interpretago de um sentimento poder estar errada (e de fazermos coisas erradas por causa do que sentimos}, emogdes nunca so em si mesmas certas nem erradas. Quando ouvidas com respeito ormalmente levam & diminuigo dos problemas, nunca ao aumento. Os relacionamentos intimos como caminho da individuagéio Descrevi no capitulo 6 0 que os psicélogos junguianos denomit de proceso de individuagao, ow soja, seguir © proprio caminho vida ouvindo a voz interior, Outro aspecto do processo 6 ouvir espek ficamente as vozes ou partes de nds que evitamos, despreza ignoramos ou negamos. Essas partes de “sombra”, como os jungufa. nos as chamam, sempre sio necessérias para nos tornar pessoa fortes @ inteiras mesmo quando vivemos metade da vida acredita do que reconhecé-las poderia nos matar. Uma pessoa pode, por exemplo, estar Wo convencida de que sempre forte que jamais seria capaz de admitir nenhuma fraques A Hist6ria © a ficgdo estao choias de ligdes a respoito desse peri 50 ponto cego, que a sou tempo leva a queda, ‘Todos nés jé presenci mos também 0 oposto — pessoas sempre convencidas de que sa fracas, vitimas inocentes que se privam de poder pessoal mas ga- nham o direita de pensar em si mesmas como totalmente boas e nos outros como maus. Algumas pessoas negam em si mesmas a parte que ama, outras negam a parte que odeia. E assim por diante. ‘A melhor maneira de lidar com os aspectos sombrios 6 conhecé-los e fazer alianga com eles. Até este ponto tenho sido elogiosa em relagao ais PAS dizendo que sio conscientes, leais, intuitivas © t@m viséo, mas estaria prestando um desservigo a vocd se nao dissesse que PAS tém_ ‘OseinanonauneTosivrios tantos ou mais motivos que as outras pessoas para rejeltar e negar al- guns aspectos préprios. Algumas PAS negam sua forga, seu poder e sua capacidado de ser duras e insensveis, Algumas negam suas par- les inresponsdvois ¢ pouco amorosas. Outras negam precisar das pe: soas, a necessidade de estar sés e até sua raiva — ou tudo isso junto. Saber de nossas partes rojeitadas é dificil porque nocmalmente te- ‘mos bons motivos para rejeiti-las. Apesar de seus amigos casuais pro- vavelmente conhecerem bastante bem seu lado escuro, com certeza evitam falar disso. Mas om um rolacionamento intimo, principalmente quando as pessoas moram juntas ou dependem uma da outra nas coi sas basicas da vida, é impossivel deixar de ver ¢ discutir — a8 vezes acaloradamente — as respectivas sombras. Na vordade, dizem que um relacionamento fntimo nao comeca até que ambos conhegam esses poctos um do outro e decidam como conviver com eles ot mudé-los. f doloroso e vergonhoso ver seu pior lado revelar-se. Vooé s6 permite que isso acontoca quando 6 forgado pela pessoa a quem mais ama @ sabe que nao sera abandonado por possuir ou falar dessas “hor- riveis” partes secretas. O relacionamento fntimo ¢, portanto, 0 me- Thor meio de apropriar-se de seu lado escuro e ganhar a energia po- sitiva perdida com o nogativo e o individual ao longo do caminho que leva a sabedoria e & plenitude. ‘A autto-expansio nos relacionamentos intimos Nés, os humanos, temos aparentemente forte necessidade de cres- cer, nos expandir — niio apenas ter mais territ6rio, posses ou poder, mas expandir 0 conhecimento, a consciéncia ¢ a identidade. Uma das maneiras que encontramos ¢ somar outros ao nosso eu. Deixa- mos de ser “eu” para ser algo maior: “nés” Quando nos apaixonamos pela primeira vez, a expansao con- soguida com a incluso de outro em nossa vida é répida. Pesquisas a respeito do casamento, no entanto, mostram que apés alguns anos 6 relacionamento so torna muito menos satisfat6rio®, mas a boa co- municagao reduz esse declinio™’. Com 0 proceso de individuagao que acaba de ser descrito, esse deelinio pode ser ainda mai 200 Use snsimnionne so ravon do ow até mesmo neutralizado. Meu marido @ eu realizamos pesquisa que revelou outra forma de aumentar a satisfagdo, Em versos estudos com isados ou em fase de namoro, descol mos que os pares se ¢ mais satisfeitos com o relacionamer quando faziam juntos coisas que definiram de “excitantes” (nfo aps nas “agradaveis”)". Isso parece l6gico: se voce nao pode se expi dir mais incorporando coisas novas do outro, ainda assim pode cri uma associagio entre 0 relacionamento ¢ a auto-expansio fazen coisas novas juntos. A vida pode ser agitada demais, em especial para uma PAS, quando chega em casa voce deseja ficar trangililo, Mas tenha cuida¢ para ndo permitir que a vida fique trangiiila a ponto de voces fazorem nada juntos. Para isso, talvez seja necessério reservar al tempo para coisas menos estressantes. Voce tera de procurar al; que 0 expanda sem excité-lo — um concerto de miisica trangiila especialmente bela, uma conversa sobre os sonhos da tiltima noite, a leitura conjunta de um novo livro de poesia ao pé do fogo. Nao 6 m cessdrio irem juntos & montanha-russa, ¢ 0 relacionamento tem sido uma fonte de conforto para voce, merece que se empenhe em torné-lo uma fonte de anto-expansdo satisfatéria, tia As PAS ea sexualidade Este 6 um t6pico que merece uma boa pesquisa © um livro inteiro, Nossa cultura nos alimenta com informagio excessiva a respeito do que 6 ideal e do que é anormal. Mas isso vem daqueles 80% que nao silo PAS, O que 6 ideal e normal para nés? Nao posso dizer com certeza, mas parece fazer sentido a premissa dle que, se somos mais sensiveis aos estimulos, talvez, sejamos mais sensiveis aos estimus los sexuais, Isso pode tornar nossa vida sexual mais satisfatoria, Pode também fazer com que precisemos de menor variedade. Eos momen- tos em que estamos perturbados pelos estimulos gerais podem afetar 0 funcionamento sexual e o prazer. Vocé sabe o suficiente sobre sua caracterfstica, em teoria e na prética, para avaliar como sua sexua- ‘Osneracionasnnaras 60s wi lidade 6 afetada por ela, Se essa drea de sua vida estiver confusa & tonsa, serd bom realizar um exercfcio de reformulagiio de algumas de suas experiéncias ou emogbes sexuais. ‘As PAS ¢ as criangas ‘As criangas parecem florescor quando seus tutores sio sonsiveis™ Conheco muitas PAS que alcangaram grande felicidade cuidando de driangas, seus filhos ou nfo. Mas conhego também algumas que escotheram nfo ter filhos ou limitaram-se a ter apenas um exclusiva monte por causa de sua sensibilidade, Nélo nos surproende que essa escolha reflita em parte a experiéncia com criangas no passado — foi agradavel ou nao? Quando refletir sobre se deseja ou nao ter filhos, 6 bom Jembrar que 0s filhos ¢ sua futura familia sertio mais adaptados a voce do que os outros. Eles terao sous genes e sua influéncia, Quando as famflias sio barulhentas, tumultuadas e cheias de desentendimen- tos, quase sempre 6 porque seus membros consideram bom assim ou pelo menos aceitével. Sua vida familiar pode ser diferente. Por outro lado, nao se pode negar que criangas aumentam muito ‘os estimulos da vida. Para uma PAS consciente, significam respon- sabilidade tanto quanto prazer. Vocé tem de estar no mundo com elas — na pré-escola, durante o ensino fundamental e depois. f pre ciso ter contato com outras familias, dentistas, ortodontistas, pro- fessores de piano. I uma lista sem fim. Os filhos trazem o mundo inteiro até voc® — assuntos como sexo, drogas, 0 carro que come- cam a dirigir, a formacao universitéria, um emprogo, namorados. E muita coisa para lidar (¢ no se pode ter a certeza de um compa- nheiro durante todo o proceso). Torna-se necessério abdicar de outras coisas para criar filhos — essa @ uma certeza, Nao ha nada de errado em escolher no té-los. Nio so pode ter tudo na vida. Enxergar os limites ¢ prova de inteligéncia, Quando © assunto so criangas, eu costumo dizer que ¢ maravilhoso nao ter filhos. E 6 maravilhoso té-los. Cada escolha tem seu tipo de ma- ravilha. 02 ‘Tach anaTICADTAMOTANOR A sensibilidade enriquece seus relacionamentos Seja vocé uma PAS extrovertida, seja introvertida, sua realizagi social mais gratificante sao os relacionamentos intimos. Essa é uma area da vida em que quase todas as pessoas aprendem mais profun- damente, a0 mesmo tempo alcancando grande satisfacao, e ¢ ond voc pode brilhar. ff possivel ajudar o outro ¢ a si mesmo dedican sua sensibilidade a esses relacionamentos, TRABALHE COM 0 QUE APRENDEU vocé, et e minha (ou no ae eld Este exercicio deve ser realizado com a pessoa com a qual voo® tem um relacionamento fntimo no momento. Se nao tem ninguém para fazé-lo, imagine que o responde com alguém com quem teve um relacionamento no passado ou espera ter no futuro. Nesse caso também poderé aprender muito. Se existe a oulra pessoa e cla nfo lou este Livro, pega-lhe que leia pelo menos o primeiro capftulo e este, tomando notas de tudo aquilo que parecer excepcionalmente relevante para o relaciona- mento, Ler algumas partes em voz alta, juntos, pode ser wtil tam= bém, Entdo programem um momento para discutir as quests adian- te, (Se 08 dois forem PAS, discutam primeiro as respostas de um e depois as do outro.) 1. Quais de suas caracterfsticas que agradam ao outro sao devidas a0 fato de ser uma PAS? 2, Que caracteristicas devidas a sua sensibilidade o outro gostaria de mudar? Tenha em mente que isso nao significa que sejam “ru- ins", mas dificeis em determinadas situacies ou em relagio as caracteristicas ou aos hébitos que o outro apresenta. 6. OsnnLAconanieros nos Que conflitos vocts jé tiveram em decorréncia de sua ristica de alta sensibilidado? Discutam situagdes em que o outro desejaria que vocé levasse em conta 0 fato de ser uma PAS para se proteger melhor. Discutam situagées em que voc® usou sua sensibilidade como desculpa para nfo fazer algo ou como arma em um desentendi- mento. Se essa discussio se tornar acalorada, use 0 que aprendew sobre “ouvir reflexivamente” para conté-la. Existiu alguma outra pessoa altamente sensivel na familia de um dos dois? De que maneira esse relacionamento pode estar afetando o atual? Imagine, por exemplo, uma mulher altamente sensivel casada com um homem cuja mae era altamente senst- vel. © marido pode ter algumas atitudes predeterminadas em relagao a sensibilidade. Ter consciéncia disso pode trazer molhorias ao relacionamento entre os trés — ele, sua esposa e sua mie. wulam o que ambos podem Iucrar com a especial endo um mais senstvel © 0 outro menos. Além da eficiét dos benoficios especificos, cada um de voces gosta de ser neces- sirio polos talentos que tem? Sente-se indispensavel ao outro? Sento-so bom quando faz. algo que o outro nfo ¢ capaz de fazer? Discutam 0 que cada um perde com a especializagio, O que gos- taria de fazer por si mesmo que o outro atualmente faz por voce? Cansa-se da dependéncia do outro quando esti envolvido com sua especialidade? Sente menos respeito por seu companheiro por fazer essas coisas melhor que ele? Isso diminui a auto-esti- ma do outro? : Capitulo 8 - ACURA DAS MAGOAS PROFUNDAS : Um processo diferente para as PAS Lembranga de um amigo sensivel do passado Eu conheci no colégio um garoto chamado Drake. Naquela época ele era o nerd da classe. Hoje eu diria que era uma PAS. Drake tinha muito mais com que se preacupar, no entanto, Ele trazia um problema cardiaco congénito, opilepsia, uma série de alor- gias ¢ uma pole tio clara que nao podia suportar o sol. Incapaz de praticar esportes ou mesmo de ficar ao ar livre, foi completamente exclufdo da inféncia normal de um menino de nossa cultura. Natu- ralmente, tornou-se um amante dos livros ¢ na adolescéncia era to- talmente apaixonado pelas idéias. E apaixonou-se também pelas me- ninas, como a maioria dos garotos de sua idade. ‘As meninas, 6 claro, no queriam nada com ele. Acredito que niio ousvamos receber suas atengdes — sua necessidade de aceita- Gio tornava intenso demais. E seria a morte social para qualquer uma, Mas ele amava uma depois da outra, de qualquer forma, de um jeito imido e sedento que fazia dele uma piada, O ponto alto do ano para alguns de seus colegas de classe foi consoguir pegar um dos 6G hiner NO rejeitados poemas de amor de Drake ¢ o ler em vor. alta para toda. escola. Felizmente, ele fazia parte do programa para alunos de intel cia privilegiada, e em nosso grupo era mais bem aceito. Admiré mos suas dissertacdes e seus comentérios em classe. E ficamos gulhosos quando ele recebeu uma bolsa de estudo integral de ui das melhores universidades. Ir para a faculdade dove tor assustado Drake mais do que to n6s. Significava viver noite ¢ dia com pessoas da propria idade, aqui Jas que haviam tornado sua vida impossfvel durante todo o tempo escola. & claro que nao podia recusar aquela honra, mas como si para ele? Como seria deixar 0 abrigo do lar @ todo 0 apoio médico? ‘A resposta chegou logo apés o primeiro foriado de Natal. Na noite seguinte aos feriados, de volta a sen dormitério na faculdade, Dral se enforcou. As PAS ea cara das feridas psicol6gicas Nao ¢ minha intengao assusté-los com essa histéria — repito que Drake tinha muitas dificuldades. A vida das PAS raramente tem desfecho assim tao trégico. Mas, para que este capitulo seja ttil, precisa servir como aviso, assim como conforto. Os resultados de minhas pesquisas deixam claro que as PAS que passaram por difi- culdados exiremas na infincia ¢ na adolescéncia apresentam muito maior possibilidade de ansiedade, depressio e suicidio até se conscientizar do passado ¢ de sua caracterfstica e comegar a curar as feridas. PAS com problemas atuais sé¢rios também precisam dar a si mesmas atengao especial. As néo-PAS simplesmente nao captam todos os aspectos sutis ¢ perturbadores dessas situagées. Seu trago de personalidade nao 6, em si, um defeito, Mas assim como um ins- trumento ou uma maquina de preciséo ou um animal puro-sangue vocés precisam de tratamento especial. E muitos receberam trata- mento mediocre ou até prejudicial na infaincia. Neste capitulo discutiremos as vérias formas de lidar com as dificuldades passadas e presentes, principalmente pela psicoterapia ‘A COIA DAT MACOS HOWNDAS wr ‘om sentido amplo. Analisarei os prés ¢ os contras da psicoterapia para PAS com sérios problemas, as diferentes abardagens, como ¢s- colher um terapeuta ¢ coisas somelhantes. Mas comecaret com 0 toma das feridas da infincia. Quanta énfase devemos dar a nossa infncia? Acredito sinceramente que nossa vida psicolégica nao pode ser to- duzida ao que aconteceu conosco durante o periodo de crescimen- to, Existo 0 presente — as pessoas que nos influenciam, nossa satide fisica, o ambiente — e existe algo dentro de nés que nos inclta a soguir em frente. Como disso no capitulo 6, a respeito da vocagio, acredito que cada um de nés tem pelo menos parte de uma questio para responder por nossa geragio, a tarefa de fazer nossa época avan- ar um pouco. Embora parega que um passado dificil pode atrapalhar a realizagio desse propésito de vida, algumas vezes pode também servir ao propésito ou ser o propésito — experimentar e compreen- der totalmente certo tipo do problema humano. Desejo também enfatizar um engano comum cametide por muitos psicoterapeutas, aqueles que nfo compreenderam ainda as PAS. Esses orapoutas, naturalmente, procuram algo na inféncia das PAS que ex- plique os “sintomas” que podem ser normais para elas. Consideram que a PAS se resguarda “demais”, relatando sentimentos de distancia- mento “infundados” e demonstrando ansiedade “excessiva” ou “neu- rética” e problemas “incomuns” no trabalho, nos relacionamentos e com a sexualidade. Encontrar uma explicagio ¢ sempre um alivio tan- to para o terapeuta quanto para o cliente, mesmo que seja algo ruim que alguém nos fez © depois esquecemos ou subestimamos, Penso que as pessoas cujas dificuldades reais comegam por seu traco de personalidade (quem sabe mal compreendido ou mal admi- nistrado) ficam bastante aliviadas ¢ apresentam mollaora quando co- nhecem os fatos bisicos da sensibilidade. Pode ainda restar um traha- Iho significativo a ser feito em terapia, como reformular experiéncias © aprender a conviver com a caracteristica, mas 0 foco naturalmen- to so altera. 208 Ui sewsniDADEA NOR ‘Acuna OAT WAGONS FROFUROAS ad Considero também que as pessoas niio saber do que estiio ms, onde acreditava ser apreciado por ser gentil ¢ “diplomético’. do quando dizem: “Ora, vamos! A infincia 6 dificil para todo. M considerava a maioria das outras situacDes sociais muito des do, Nenhuma familia 6 perfeita. Todos tem esqueletos no tanto, E por fim a entrevista voltou-se para 0 assunto de sua re totalmente infantil isso de ficar anos a fio em terapia. Veja s Isa A violoncia. mos ¢ irmas — os mesmos problemas ¢ nao esto fazendo um Dan lembrou as brigas freqiientes com seu irmao, que o segurava cho-de-sete-cabegas. Eles estiio levando a vida em frente”, chiio, esmurrava @ chutava. (As brigas entro irmdos continuam A infancia nao é igual para todos. Para alguns 6 realmente he do uma das formas de violencia familiar menos estudadas.) Bu vol. E podem existir diferengas dentro da mesma famflia, perguntava 0 que mais estaria errado na famflia © por que esse estatisticas da influéncia do ambiente familiar sobre cri guento era tolerado, Perguntei a Dan se a mae 0 considerava uma mesma famflia ndo demonstram coincidéncias'. Seus irmios e anga sonsfvel. irmas tiveram uma infincia totalmente diferente da sua. Vocé “Niio soi. Ela nao nos dava muita atengio. uma posigio diferente, experiéncias diferontes e até uma visio Bandeira vermelha. Gomo se estivesse lendo meus pensamen- ferente de seus pais, pois os adultos mudam de acordo com as {os, ele disse: “Minha mae e meu pai nao eram muito afetivos”. cunstincias ¢ a idade. B, acima de tudo, vocé era altamente sensf Assonti Quem nasce altamente sensivel é mais afetado por todas as. “Na verdade, eram bastante esquisitos. Nao lembro nada positi- sas. Mais que isso, o membro da familia mais sensivel geralment ‘yo a respoito delos. Carinho e coisas assim.” Nesse ponto o estol- também o foco. Principalmente em uma familia conturbada, t gismo cedeu. A histéria da doenga mental da mae, que nunca fora se 0 profeta, por exemplo, ou o harmonizador, 0 prodigio, 0 ah ratada, veio a tona, “Depressio crénica. Esquizofrenia. As pessoas mértir, preceptor, aquele que é paciente, ou o fraco, cuja prote da televisao falavam com ela.” Alcoolismo — sébria de segunda a passa a ser o propésito da vida de todos. Enquanto isso a princi sexta-feira, “bébada e ausento” da noite de sexta-foira até a manbi necessidade da crianga sensivel, que 6 sentir-se segura no mun de domingo. “Meu pai cra alcoGlatra também, Batia nela. Espancava. geralmente 6 ignorada ‘As coisas sempre ficavam fora de controle.” Em resumo, se a “mesma” inffincia ou uma infincia “normal” Quando estava bébada, a mae sempre contava a ele a mesma lo mais diffcil para voce que para outros membros de histéria — a respeito de a mae dela ser uma invélida fria € distanto, familia ou para outras pessoas de passado similar, acredite. E, se sen do ter sido criada por uma série de empregadas e babés, da doenga te que procisa de terapia para curar as feridas da infincia, procul do pai e de ter sido forcada a ficar sozinha com ele dia apés dia Cada infincia 6 uma histéria tinica, que merece ser ouvida onquanto ele mozria lentamente. (A histéria é assim tantas vez Jta de carinho uma geragio apés a outra.) “la solugava sem parar quando contava essas histérias. Era uma boa mulher, Ela era sensivel. Muito mais que eu.” E continuava no mesmo folego: “Mas muito cruel. Sempre encontrava meu calca~ nhar-de-aquiles. Tinha um talento especial para isso”, (PAS nem sempre s4o santas.) Dan Iutava com a terrivel ambivalénoia que surge quando 0 tni- co protetor de uma crianga é uma pessoa perigosa Como Dan sobreviveu A principio, as respostas de Dan a minhas perguntas foram, ainda que extremas, bastante ipicas de uma PAS, Ele se considerava alta- monte introvertido ¢ sempre precisara de muito tempo a sés. Viow Jencia de qualquer tipo The desagradava. Contou-me que gerenciava © escritério de contabilidade de uma grande organizagio néo-lucrae Ele descreveu como so excondia quando era crlanga — em rios, embaixo da pia do banheiro, no carro da famflia, atras do 4 ma jancla. Mas, como em muitas hist6rlas assim, houve uma que fez diferenca, salvando sua alma. A avé paterna, uma rigida, “fanatica por limpeza”. Depois que o marido morreu, nou-se a companheira do pequeno Dan. 4 “Uma de minhas lembrangas mais remotas é estar sentado. trés mulheres, todas na casa dos 60, jogando canastra, Eu tinha ¢ mal conseguia segurar as cartas, mas clas precisavam do parceiro. Quando estava jogando canastra, eu era um adulto tanto © podia dizer a elas coisas que nio diria a mais ninguém," Essa av6 foi a provedora da estabilidade indispensdvel pat aquola crianga altamente sensivel desenvolvesse ostratégias brevivéncia. Dan tinha também uma formidével resistncia. “Minha mae tumava sentar e me passar sermdes do tipo: ‘Por que voce se es! tanto? Nunca vai conseguir ser nada, Nao tem nenhuma chane eu decidi desafié-la.” Ser altamente sensivel ndo exclui de forma alguma a capaci ‘obreviver tenazmonte, E Dan precisou dessa tenacidado, a elo resto da histéria que me contou. Aos 14 anos conseguiu um emprego. Ele admirava o homem: quem trabalhava por ser culto ¢ traté-lo como adulto. “Eu cot nele, ¢ acabei sondo molestado por ele. (Aqui novamente o problema nao 6 apenas o abuso em si, situagio de vida que o potencializou. Devido a infincia que tivera, 4nsia de Dan por carinho deve ter feito com que ignorasse os sutis de perigo. Além disso, deve tor demorado a se proteger por m ter tido ninguém por quem se pautar — ninguém jamais 0 proteg Ele estremeceu. “Entio eu aprendi quo, se fosse capaz de pass Por isso, poderiam fazer qualquer coisa comigo. Nao sentiria a nima diferenga. Se conseguisse passar.” Dan casou-se com uma namorada de infancia que tinha uma milia Wo conturbada ¢ cadtica quanto a dele. Decidiram fazer cor que sua unido desse certo — o deu por vinte anos. Parte do suce: ‘ou-se aos limites firmes que tragaram para a familia, tanto dele juanto dela, "Eu sei como me cuidar agora.” Parte desse aprendizado fora conseguida em trés meses de wicoterapia no ano anterior, quando havia entrado em deprossio pro- inda, Lera também muitos livros a respeito da psicologia da co- Jopondéncia e para filhos adultos de alco6latras. Nunca freqiientou pos, no entanto, Assim como muitas PAS, ele preferia no reve- sua vida em uma sala cheia de estranhos. “Pormitir-me fazer o que prociso fazer tem sido 0 mais importan- Jo, Reconhecer minha sensibilidade e respetté-la, Projetar no trabalho ma calma positiva, direcionada para solugdes. E ficar alerta para iio demonstrar oxteriomente uma pessoa que nio sou no intimo. Porque dentro de mim hé um buraco negro. Algumas veres néio con- sigo encontrar uma tnica razo para continuar vivendo. Simples- nente nao faz diferenca se eu viver ou morrer.” Depois, no mesmo tom de voz, contou-me que tinha um amigo, lum psiquiatra, que 0 ajudava e dois outros amigos que eram seus conselheiros. Disse também saber que da combinagao de sua sensi- bilidade com sua histéria de vida resultava uma grande riquoza. “u fico profandamente emocionado com tudo, Detestaria perder 0 Intenso prazer que isso traz.” E sorriu com coragem. “Apesar da gran- lo solidiio. Aprender a apreciar a dor da vida leva mais tempo, mas a Vida ¢ formada das duas coisas. Eu busco uma resposta espiritual.” E assim Dan sobroviveu. Eo seu passado? No final deste capitulo vocd ter a chance de avaliar sua infanci pensar no que aconteceu na época. Volto a mencionar a conclusio de minha pesquisa discutida no capitulo 4: as PAS sio mais afeta- das por uma inféncia problemstica ¢ manifestam mais depressao ¢ ansiedade quando adultas. Tenha também em mente que, quanto mais cedo o problema ocorreu ou comegou ¢ quanto mais enraizado estava no comportamento de seu tutor principal, geralmente a mae, mais profindos ¢ duradouros serio os efeitos. Voc deve ter muita ‘A CARADALAGOAS HOHUNDAS “ay lay pode-se cobrir todas as opgGes cortando quatro grandes fatias: ‘gnitivo-comportamental, interpessoal, fisica e espiritual. Existem terapeutas que usam todas as quatro, e provavelmente (0 0g molhores. Mas pergunte-Ihes qual ¢ sua favorita mencionando ‘vupecificamente essas quatro, E um desperdicio gastar tempo de te- mpia com alguém cuja filosofia basica nao ¢ aquela que voce prefere. 212 (Us stnsintID4DE A SEU FAVOR. Paciéncia consigo mesmo ao longo da vida, As ferid: das, mas & sua maneira e fazendo uso de qualidades que v teria se nio enfrentasse problemas. Por exemplo: sua maior con: cia, complexidade e compreensao em relagiio aos outros. Nao devemos nos esquecer das vantagens de ser sensiv infancia, mesmo em uma familia problemética. Vocé tinha tendéncia para isolarse e refletir em vez de se deixar envol talmente. Como Dan com a av6, vocé pode ter sabido intuitive onde procurar ajuda. Talvez tonha desenvolvido amplos interiores e espirituais como compensagio. Mou entrevistado mais velho chega mesmo a acreditar qu fancias diffceis sto escolhas feitas por almas destinadas a uma espiritual. Isso as manteria trabalhando em sua vida interior, quanto outros esto voltados para uma existéncia mais comum. diz. um amigo meu, “nos primeiros vinte anos de vida nés mont nosso curriculo e nos vinte anos seguintes o estudamos”. Pat guns esse curriculo equivale ao de um curso de graduagio em Quando adultas, as PAS costumam ter a personalidade adeq para uma vida de trabalho interior ¢ cura, Falando de maneira sua intuigao incomum ajuda a revelar os fatores ocultos mais im tantes. Vocé tem maior acesso ao proprio inconsciente e pt melhor percepgao do inconsciente dos outros e de como isso 0 al Pode também adquirir bom conhecimento do proprio processo —qq do avancar, quando retroceder. Talvez tenha curiosidade sobre a interior, Acima de tudo, tem integridade. Mantém-se comprome' com 0 proceso de individuagdo, nao importa quio dificil seja ent tar certos momentos, certas feridas, certos fatos. Presumindo que vocé soja uma das muitas PAS que tiveram i fancia dificil ou um dificil presente, vamos explorar suas opgées, Cognitivo-comportamental A terapia cognitive-comportamental de curto prazo, cujo objetivo G aliviar sintomas especificos, 6 a mais acesstvel nos planos de satide. Missa abordagem é “cognitiva” porque trabalha com 0 que vocd pensa 6 6""comportamental” porque trabalha a forma como vocé se compor- ta. Geralmente ignora os sentimentos @ 0s motivos inconscientes. Tudo 6 organizado para ser pritico, racional e claro. Perguntario o que vocé deseja resolver. Se sua queixa for ansie do, ensinardo as tiltimas técnicas de relaxamento ou biorregeneragio, Se tome coisas especificas, voce sera exposto a elas gradualmente até que o medo desapareca. Caso esteja deprimido Ihe ensinario a and- liso de suas crengas irracionais de que nfo hé esperanga, ninguém 6 ama, voc nio deveria cometer tantos erros etc. Se os pensamen- tos persistirem, ensinarao formas de estancé-los. Quando voc? no realiza as tarefas espectficas que podem aju- 1 psicologicamente, como vestir-se o sair todos os dias ow fazer amigos, serd auxiliado a estabelecer objetivos. Aprenderé as habili- dades necessérias para alcangar esses objetives e como recompen- sar-se por consegui-los. Se voct estiver lutando contra 0 esgotamento causado pelo traba- lho, por um divércio ou problemas familiares, serd instrufdo a reformular as situagbes de forma a incorporar mais fatos e uma visio mais ampla, que 0 ajudarao a fortalecer-se. Esses métodos podem nao parecer muito profundos nem glamou- rosos, mas geralmente funcionam, e sempre vale a pena tentar. As habilidades aprendidas serdo titeis mesmo que nao resolvam tudo. aumento da autoconfianga por ter solucionado uma dificuldade faz. a vida melhorar. ‘As quatro abordagens E posstvel “partir o bolo” dos métodos de cura de muitas formas longos ou curtos, de auto-ajuda ou com ajuda profissional, em pla individual ou em grupo, tratamento pessoal ou de toda a famfli qualquer, © profissional deve compreender os préprios problemas profundamente, Podem ser necessdrios varios anos para trabalhar sous relacionamentos com 0 terapeuta ¢ todos os outros. Mas algu- mas vezes se alcanca grande progresso em poucos meses, como ‘aconteceu com Dan. ‘Voce pode aprender essi téenicas nilo apenas em psicote mas também em livros. No entanto, sempre é bom ter um nhamento cuidadoso que ajude a vencer as etapas. Voce ¢ um podem fazer isso um pelo outro, mas os profissionais tém exp cia consideravelmente maior. E devem, principalmente, saber quant abandonar uma abordagem ¢ tentar outra, Fisica Interpessoal Abordagens fisicas incluem exercfcios, melhoramento nutricional ou cuidados com alergias alimentares, acupuntura, suplementos de ervas, massagem, tai-chi-chuan, ioga, rolfing, bioenergética, tera. pia pela danga e naturalmente medicagio, espectalmente com drogas antidepressivas e ansioliticas. Na verdade, a abordagem fisica atual- mente se refere principalmente & medicagio prescrita por psiquia- tras, 0 que sera discutido no capftulo 9. Qualquer coisa feita ao corpo mudaré a mente. Esperamos que esse soja 0 caso das drogas desenvolvidas especificamente para esse propésito, Mas esquecemos que nosso eérebro, portanto n0550s pen- samentos, também pode ser modificado pelo sono, por exercicios, alimentagio, ambiente e pelo estado de nossos hormOnios sexais, mencionar apenas alguns fatores que geralmente podemos con. trolar. £ igualmente verdade que qualquer coisa feita mente tam. bém mudaré 0 corpo — meditagdo, contar os problemas pan um migo ou mesmo colocé-los no papel*. Cada sesso de “terapia fala. da” pode mudar o corpo. Nao 6 surpreondente que as trés formas de terapia discutidas — cognitivo-comportamental, interpessoal « fisi- ca — sojam igualmente boas para curar a depressao°. Vocé reaknen- te tem escolha. A psicoterapia de orientagio interpessoal 6 0 que a maioria d pessoas pensa ser a “terapia” propriamente dita. Alguns exem| sio a terapia freudiana, junguiana, de relagio com o objeto, ge: tiana, rogeriana ow centrada no cliente, andlise transacional, & tencial ¢ a maioria das terapias ecléticas. Todas requerem falar fazer uso do relacionamento entre voce ¢ ontra pessoa ou pesso — geralmente um terapeuta, mas as vezes um grupo ou aconse mento em pares. O mimero de teorias ¢ técnicas dessa fatia chega provavelmente centenas, portanto terei de falar em termos gerais, Além disso, a mai ria dos terapeutas usa uma combinagio que atenda as necessidades cliente. I hé ainda a diferenga de Onfase. Alguns fazom da terapia ‘espago seguro para explorar tudo © qualquer coisa, Outros a véem come © espaco especffico para Ihes oferecer uma nova experiéncia em rel do as ligagdes passadas, uma nova programagao mental do que espi rar dos relacionamentos futuros. Alguns dizom que 6 um lugar pat chorar 0 passado e libertar-se dele, dando-Ihe sontido, outros que 6 espago para observar ¢ tentar noves comportamentos ou ainda explo rar seu inconsciente até estar em harmonia com ele. Vocé ¢ seu terapeuta trabalham juntos com seus sentimentos et relagiio a ele (0 terapeuta), outros relacionamentos, sua hist6ri soal, seus Espiritual [As abordagens espirituais abrangem todas as coisas que a pes: sonhos (talvez) ¢ qualquer outra coisa que possa surgin Vostiaioaprendintapeiss converille qasdar duoangs cad ie soas fazom para explorar os aspectos imateriais de si mesmas e do me Faxeetion eiioenunigase yodlnteebbo tiauaticr mundo. Elas nos confortam dizondo que realmente hé algo mais na Desvantagens? Pode-se falar @ falar e nao chegar a lugar algum_ vida além daquilo que vemos. Elas curam ou tornam mais tolerjyeis se 0 terapeuta nao for hébil ou seu verdadeiro problema for outro. as feridas causadas pelo mundo, afirmam que nao estamos pros a cesta situagao, que existe algo além. Talvez exista uma ordem ou plano em tudo, um propésito, | Soma-se 0 fato de que, quando nos abrimos para uma abord: spiritual, quaso sempre passamos a ter exporiéncias que nos vencem de que realmente existe aqui algo mais a saber. Por desejamos uma abordagem espiritual da terapia, qualquer outra 60 pareceria deixar de considerar um aspecto importante da vida, Alguns terapeutas adotam uma orientacdo particularmente esp tual. Pergunte antes de comegar a terapia e verifique se tem comp lidade com essa opgio espiritual espectfica. Vocé pode procurar té ‘bém a ajuda de membros do clero, Iideres espirituais ou outras diretamente associadas com uma religiao on pratica espiritual, caso, pesquise cuidadosamente se existe treinamento adequado psicologia para realizar o trabalho que concordarem fazer juntos, objotivos doles ou da maforia das pessaos. O erro esté em ignorar as Ailurengas de temperamento, Um bom terapeuta cognitivo-comporta~ nontal, porém, estard atento as diferengas individuais, bem como & inportincia da auto-estima e da autoconfianga em todo trabalho psi- ‘poldgico. Considere-se também que as PAS com freqtiéncia preferem uma gbordagem mais “profunda” ou mais intuitiva a uma visio focada hos sintomas superficiais. Esse tipo de resisténcia que alguns sen- tom pelo que 6 pritico @ realista pode, em si mesmo, ser um bom motivo para adotar essa abordagem. As PAS ¢ a abordagem interpessoal A psicotorapia interpessoal apresenta as PAS um largo apelo, @ se pode aprender muito com ela, Desoobrimos nossas habilidades intuiti- ‘yas © nossa profundidade. Aperfeigoamos nossa capacidade de manter telacionamentos fntimos. Com alguns métodos interpessoais nosso inconsciente torna-se nosso aliado em vez de uma fonte de sintomas. ‘A desvantagem 6 que as PAS podem ficar tempo demais em tera- nterpossoal exatamente porque so muito boas no trabalho com detalhes. Um bom terapeuta, porém, insistiré que voc® deve fazer 0 proprio trabalho interior quando estiver pronto. As PAS podem usar fosse tipo de terapia para evitar 0 contato com 0 mundo exterior, & um bom terapeuta tampouco permitiré isso. E hé, finalmente, a forte atrag2o pelo terapeuta com quem so foitas essas exploragdes — chamada transferéncia positiva ou idealizagao. Para as PAS essa atragao 6, em geral, especialmente forte, 0 que pode tomar dispendioso continuar ¢ quase imposs{vel deixar a terapia. As PAS e a abordagem cognitivo-comportamental Se saber que essas quatro abordagens sio boas para as PAS 6 rel te, sem diivida bem mais importante é que sejam adequadas a Fagamos algumas consideragdes. Talvez. todas as PAS devessem expostas a alguns pontos dos métodos cognitivo-comportamentai Como foi discutido no capftulo 2, essas pessoas auferem grande p veito do desenvolvimento pleno das capacidades cerebrais que garantem controle entre os sistemas de ativagao ¢ de pausa para ver ficag&o, Como acontece com os miisculos, um desses sistemas de ate io provavelmente 6 mais forte que o outro. Mas nés podemos for aquele que desejarmos, e a abordagem cognitivo-comportament 6a melhor gindstica dispontvel. Ela 6, no entanto, uma abordagem bastante racional, em geral d senvolvida por nio-PAS que secretamente acreditam, em minha opi que as pessoas sensfveis sto tolas ¢ irracionais. Essa atitude, vin da de um terapeuta ou de um autor de livros especializados, pod diminuir a auto-estima e aumentar a agitacio, especialmente quando nao se consegue alcangar o nivel dos objetivos tracados. Ficaré imple cito que esses objetives so “normais”, no entanto serio na verdade 0 Algo mais a respeito da transferéncia Na verdade, uma forte transferéncia positiva, ou ligagao com o terapeuta, pode ocorrer em qualquer das abordagens, @ isso morece mais comentarios. As transferéncias nio séio sempre positivas, Acredita-se q jam a “migrago" dos sentimentos rprimidos um dia exstnt fu ainda para aceitar preconceito que a cultura tem contra elas © relagao a outras pessoas importantes em sua vida, portanto a Mimplesmente encarar melhor os aspectos de sua personalidade. Em fogundo lugar, @ psicoterapia contém todos os elementos, descritos ‘0 medo (¢ todo o resto) so possiveis. Mas os sentimentos posit pttulo 7, que Iovam as pessoas a so apaixonar, @ as PAS a se (0 terapeuta escolhido por voce obvie~ no geralmente predominam, intensificados pela gratidio, esperang: ajuda e demonstracao de todo tipo de emogao direcionada a py peso ele intense do terapeuta. 1 jnente parecerd desejavel, sibio e capaz. Voce se sentiré apreciado. _ Uma transferéncia positiva forte trax muitos beneffcios. Ao. Bir compartihar coisas qu tela no sor ouvidas ne Hoek it Seier'ser combi terspeuta ou queria por ele; vooe maine hinguém — coisas a respeito das quais voce mesmo tinha medio ce neira tal como nfo tentaria em outras ponsar, Isso torna a situagio muito perturbadora polo risco de irounstdncias. Ao en ‘ Nao estou sugorindo que deva evitar a tera fato de que o terapeuta niio euta no pod nem a pessoa am nem o amigo querido, vocé enfrenta a amarga reali mini a surgimento de uma forte transferéncia. Na verdade, osse pode ser un lidar com ela. Ao perceber a natureza de seus sentimontos — tinal da necessidade de trapia, Nas mes dle um trapenta cOmPT pessoa parece perfeita, estar com ela seria 0 paraiso — vocé poe toa transferéncia sord a maior forga da mudanga, Mas esteja alerta 4 para ndo se ligar prematuramente ao primeiro torapeuta que encontrar pensar num direcionamento mais apropriado para eles. K, fina ai fen & nt Iigado a sou terapeuta apds o final do tratamento. fees ‘edratr 0 prasar da ajuda oda compankia de equ , A transferéncia pode ainda ser o equivalonte a um intenso & As PAS ¢ a abordagem fisica tal nio pode corresponder a ele. (Se 8 doce eee —— coment antidtico. Vood quando procisam deter es precisard do mais ajuda prof de controle fisica e ment coaiaie) Alsgottnitliash Ue proven: ago 9 cana sinta-se cansado e deprimido ou terrivelmente ansios Wares fhisa Greaudindnghistiuae ev ser inesperada, indesejéval isso. As causas dessa espiral descendente podem variar enorme- voi os ia i oe tlaaiaaisbatl om oe auto-estima, fazel mente, Eu tenho visto solugées fisicas, normalmente medicagao, a-abis nauclion gre the singel lependente e envergonhada atuarem com eficdcia em depressies causadas por virus, falha no Pre be ie Mean sentem sua profunda li trabalho, pela morte de um amigo intimo e pela abordagom de anole eee ae brolongar 0 tempo de questdes penosas em psicoterapia. Em todos os aor Give sex Rein aires 48 Ieei ae a : lo. E algo a considerar, deter a espiral fisicamente porque nfo havia outra mane! So muttas as carser’palas.quals a paieates pessoa mudar até que 0 corpo estivesse mais calme. itt csciian le BepEN, = a ita pode ser mai ‘O método mais usual 6 a medicacdo, Mas também vi uma PAS Thschsndladetande vilie-siatier te, ola 6 mais forte quando @ intorromper a mesma espiral tirando férias em algum lugar dos tr6- no desoja fazer essas mudangas. Aeahs Ba © ego nao 6 capaz o -oblemas por certo tempo. Ao retornar, @ Gee GaliM mimuncs aes asia freqiientemente procisam pessoa discutia as velhas questées com nova perspectiva fisiolo- free; Granlés medanges para onsegnir um contato maior cond sia, Em outro caso, em vez de fazor uma viagom, a pessoa teve de para se “libertar” do excesso de socializagio retornar das férias para interromper a espiral de ansiedade. Q ne hom permanecer ‘As PAS podem beneficiar-se especialmente das abordagens fisicas + uma situagiio psicolégica que ameaga sair talmente. Talvez. vocé esteja perdendo 0 sono, 0 — on tudo picos e esquecendo os pr 20 “Uae astnsiitionde 4 St0iAOR cessério era menos estimulagdo. Sua intuiglo pode ser um guia para saber 0 que vocé precisa fazer fisicamente para mi sua quimica mental. Um terceiro caso foi resolvido com cuidadosa orientagio nt cional. Todos os seres humanos variam grandemente em suas cessidados nutricionais @ nos alimentos que precisam evitar, @ PAS parecem variar ainda mais. Quando nos tornamos cronici tw excitados, precisamos de nutrientes corretos, e é justamente nt momentos que prestamos menos atengiio em tais coisas. NOs pi mos até perder o apetite ou tor uma digestdo ruim por retirar do comemos muito pouco do que necessitamos. Bom aconselham nutricional 6 muito importante para as PAS. Em um ponto parecemos menos: desabamos rapidamé quando famintos. Entio faga refeigdes leves e regulares, nfo imy ta quao ocupado ou distraido esteja. Se vocé é uma PAS com des dom alimentar, certamente esté no caminho de sérios problemas resolver isso, Ha muitos recursos para apoid-lo. Quero também mencionar a poderosa influéncia das futuag do nivel dos horménios reprodutores, que suspeito afetem mais PAS, Isso também ¢ verdade na produgao dos hormOnios da tireéi ‘Todos esses sistemas esto ligados, afetando dramaticamente neurotransmissores cerebrais ¢ a hidrocortisona. Um indicio de hormOnios so o problema é um tipo inexplicével de altera humor em que vocé se sente bem em um momento e, em soguidi tudo parece intitil, sem valor. Ocorrem também enormes variagée do energia ou clareza mental. Em todas as abordagens ffsicas, da medicagiio A massagem, lem= bre-se de que voce ¢ muito sensivel! Nos cuidados com a medicacao, pega para iniciar com a dosagem mais baixa. Escolha seu terapeuta corporal cuidadosamente e converse de antemao com ele sobre sua sensibilidade. Essa mengao normalmente lembrara a pessoa de uma. série de experiéncias com outros como voeé, ¢ ela saberd exatamen- te 0 que fazer. (Se isso nao acontecer, voce provavelmente nao pode- 4 trabalhar com esse profissional,) Fique consciente de que podem ocorrer fortes transfer@ncias egy 0s terapeutas corporais, exatamente como no caso 405 Psicotera. peutas. Isso 6 especialmente verdadoiro se eles trabalham suas ques. des psicolégicas também. Essa combinagio pode de fato ser tay jn. tonsa que a julgo quase sempre imprudente, polo menos para as Pag, 0 desejo de ser apoiado, confortado ¢ entendido pode ser explorado 6, até certo ponto, atendido tanto através de palavras quanto de tg. quos. Se ambos vém da mesma pessoa, porém, ¢ mais do que yoga pode desejar, tornando-se muito confuso ou perturbador. Se seu terapouta trabalha tanto com sua mente quanto com soy corpo, soja especialmente cuidadoso ao verificar as credenciais o ye. feréncias dele. Deve ter anos de treinamento em psicologia inter. pessoal, nfo apenas em trabalho corporal. ‘As PAS eas abordagens espirituais ‘Abordagens espirituais costumam atrair muito as PAS. Entre as que entrovistei, quase todas as que tinham necessidade de alguma espe de trabalho do cura interior haviam usado recursos espitituais, Una razio pela qual as PAS sao atrafdas para o espiritual 6 0 fat0 de seqgqq inclinadas a olhar seu interior. Outra ¢ sentir que controlariam situagio estrossantes se pudessem acalmar a excitago vendo a coisas de yy. tra forma — transcendéncia, amor, confianga. Muitas préticas espitituag tam como objetivo atingir exatamente essa espécie de potspectivg muitos tiveram experiéncias espirituais realmente reconforiantes, ‘Ainda assim, ha desvantagens, ou pelo menos perigos, emuma hoy. tual, especialmente so for individual. Primeiro,talvey ag. Jim se evitem outras ligdes, pessoas ou entender o proprio corpo, os pensamentos © sentimenn, Segundo, podem ocorrer transferéncias positivas para movimento gy lideres espirituais, ¢ freqiientemente esses Ifderes ¢ movimentos yjo so qualificados para ajudé-lo a crescer além desse tips qe superidealizagio. Eles podem até alimentar isso, jf que taissentiqn. tos 0 deixam pronto a fazer qualquer coisa que venham a suerir,eslog esto sempre certos de que isso 6 bom para voc®. Eu milo estna falco mar Wai Sanson A HU PAYOR ‘ACURA DAS MAGOAS HOFUNONS 23 apenas de “cultos”, Alguém pode desenvolver a mesma esp superidealizago pelo simpatico ministro de uma das igrojas mais doxas, sendo manipulado da mesma forma, Em terceiro lugar, muitos caminhos espirituais falam da sidade de sactificar a si mesmo, 0 ego, os desejos pessoais. mas vozes alguém abandona seu eu por Deus, algumas vezes | lider (geralmente mais fécil, mas muito mais questiondvel). Ps que hé uma época na vida em quo alguma espécie de sacrifici ego é bastante correta. Ha alguma verdade na visio oriental de 5 desejos do ego sito a fonte do sofrimento ¢ concentrar-se no sado, nos problemas pessoais, desvia a atengio do presente, das ponsabilidades reais, e impede que nos preparemos para o que 4 frente, além do pessoal. Entretanto, tenho visto muitas PAS abandonarem seus ogos e demais. ff um sactificio facil se vocé pensar que seu ego nao muito. Se conhece alguém que tenha verdadeiramente consogui abandonar o ego, tal pessoa irradia tanta espiritualidade que nfo pode deixar de fazer 0 mesmo. Mas um brilho carismético na garantia, Pode simplesmente refletir uma vida calma, bem disci nada, livre de tenstio — bastante rara nestes tempos. A radiante iluminada pode ser confusa psicolégica, social e algumas vezes moralmente, Como se houvesse luzes brilhantes no andar de ci enquanto 0 térreo 6 escuro e malcuidado. Redengio ¢ iluminago reais, tanto quanto podem ser encontra neste mundo, vém através de trabalho drduo que nao se osquiva dé dificeis questées pessoais. Para as PAS, a mais dura de todas tarefas nao 6 de forma alguma renunciar ao mundo, mas sair para mundo ¢ mergulhar nele. A psicoterapia, entretanto, nfo esta necessariamente restrita & solugiio de problemas nem ao alivio de sintomas. Ela pode estar tam- }yém associada ao desenvolvimento da autocompreensio, da sabe- dloria e da parceria com seu inconsciente. Voce pode, naturalmente, prender muito a respeito do desenvolvimento interior por outros invios — livros, palestras, conversas, Muitos terapeutas respeild- yois esto escrevendo livros e dando cursos. Mas as PAS, por ter uma mente especialmente arguta, intuicao e rica vida intima, cos- jumam ganhar muito com a psicoterapia. Bla confirma essas quali- dades ¢ Ihes dé polimento, Com o desenvolvimento do tesouro que ssa parte de nds representa, a psicoterapia se tarna um espago sa- grado. Nao hé nada igual. Especialmente para as PAS: analistas junguianas ¢ psicoterapia de orientagao junguiana ndo para as PAS 6 a tera- pia de orientagao junguiana, iguiana, que segue os mé- todos ¢ os objetivos de Carl Jung, (Se existem traumas de infincia a ser trabalhados, pode estar certo de que os junguianos também tém treinamento nessa érea.) ‘A abordagem de Jung enfatiza 0 inconsciente, assim como todas as “psicologias profundas”, quer a psicandlise freudiana, quer as abordagens de relagdo com o objeto, todas elas incluidas na catego- ia “interpessoal”. A visio junguiana, no entanto, acrescenta a di- monsio ospiritual por entender que o inconsciente esté tentando nos levar a algum lugar, expandir nossa consciéncia além da visio estroita do ego. Estamos constantemente recebendo mensagens, como sonhos, sintomas ¢ comportamentos que nosso ego considera pro- blométicos. Precisamos apenas ficar atentos. 0 objetivo da terapia ou andlise junguiana 6, primeiramente, afo- rocer um reftigio onde 0 material rejeitado ou assustador possa ser examinado em seguranga. O terapeuta é como um experiente guia das solvas. Em sogundo lugar, ela ensina o paciente a também se sentir om soguranga na solva. Os junguianos ndo buscam a cura, mas um A forma do psic A psicoterapia ¢ itil para PAS sem problemas especificos da idade adulta ou da infancia? Se vocé nfo tem traumas sérios nem feridas antigas para curar, pode decidir que, com o conhecimento que este livro prové, nio precisa- 14 de nenhuma outra ajuda na vida, pelo menos agora. “Use AMNGMONDN AMURVOR mm compromisso de vida inteira com 0 proceso de individuagio vés da comunicagio com os reinos interiores. As PAS, que tm contato to fntimo com 0 inconsciente, soi ‘dio vividos e uma atragio tao forte pelo imagindrio ¢ pelo es} niio conseguem desabrochar enquanto nao se especializam nessa faceta. De certa forma os trabalhos junguianos profundos siio um campo de treinamento da atual classe dos conselheiros reais, Voc esti em “andlise junguiana” quando 6 cliente de um ai ta junguiano, uma possoa treinada por um dos institutos junguii Esses analistas, om geral, siio também terapeutas competentes podem fazer uso de qualquer abordagem que pareca benéfica, naturalmente proferem a de Jung. Esse profissional espera po trabalhar com vocé por vérios anos, se possivel duas vezes por mana. E cobra mais caro por ter formagao especializada. Vocd pt colher um psicoterapenta de orientagao junguiana que ndo analista, Procure, porém, informar-se sobre o tipo de treiname que sustenta ser “junguiano”. Alguns profissionais realizaram turas extensivas, cursos, residéncia e um longo trabalho de andl pessoal. A andlise pessoal 6 particularmente importante Ha institutos junguianos de treinamento que oferecem a possil dade de honorérios mais baixos caso voce estoja interessado om rofissional ainda em treinamento — um “analis estagiério” ou “psicoterapeuta interno”. Sao pessoas habilitadas entusiasticas, e vocé pode estar fazendo um bom negécio. O ini problema ¢ encontrar alguém de personalidade adequada a sua, que 6 considerado essencial para o trabalho junguiano ¢ talvez di de conseguir. Thar com um Estoja também alerta em relacao aos junguianos ultrapassadi sexistas ou homof6bicos. A maioria dos junguianos tem atitudes mi sintonizadas com as de sua cultura do que com as da Suiga vitori de Jung. Eles so encorajados a pensar de forma independente. proprio Jung uma vez disse: “Gragas a Dous eu sou Jung, ¢ na junguiano”. Alguns, porém, seguem as idéias bastante estreitas Jung a respeito de sexo ¢ proferéncias sexuais. CURA BATIAAGOAS HOMUNDAS a Algumas observagées finais a respeito das PAS e da psicoterapia Em primeiro lugar, nfo tente agradar as pessoas aceitando um terapeuta que faz de si proprio o centro do processo. O terapeuta deve ser um reftigio grande o suficiente para que voct nao fique sempre em choque com sen ogo, Em segundo lugar, nio se deixe encantar demais pela intensa atengao pessoal (dada pela maioria dos bons terapeutas) durante as primeiras sessdes. Dé tempo a si mesmo antes de criar um envolvimento. Quando tiver iniciado 0 processo, compreenda que o trabalho sera duro © nom sempre agradavel, Uma transferéncia forte 6 apenas um dos exemplos das forcas inexplicaveis libertadas quando voce diz, ao inconsciente que est agora livre para expressar-se. As vezes a psicoterapia se torna extremamente intensa, hiperex- citante demais — mais parecida com um caldeirao fervente do que com um calmo refiigio. Se isso acontecer, voc® @ seu terapeuta de- vem discutir como controlar o fato. Talvez se faga necessdrio wn intervalo, algumas sessées mais calmas, superficiais, de apoio. Essa pausa pode inclusive acelerar seu progresso mesmo que haja apa- rente desaceleragiio. A psicoterapia, no sentido mais amplo, 6 um conjunto de cami- nhos em diregao a sabedoria e a plenitude, Se voce for uma PAS que teve infancia problemitica, tomar esse caminho 6 quase essencial. trabalho profundo, em especial, pode ser também uma espécie de parque de diversdes para uma PAS, Enquanto outros se sentem per- didos, nés nos sentimos mais em casa do que alguém ousaria decla- rar, Essa grande e bela selva nos permite viajar através de todos os tipos de terreno. Por algum tempo, acampamos alegremente com qualquer coisa que nos seja ttil — livros, cursos ¢ relacionamentos. ‘Tornamo-nos companheiros de amadores e especialistas encontra- dos ao longo do caminho. £ uma boa terra. Nao permita que as atitudes da sociedade o afastem do caminho transformando-o na tiltima moda ou em motivo de piada. Existe nele alguma coisa para as PAS que os demais nem sempre sio capazes de apreciar totalmente. csr “Unt a SistiMiuDADE A se TAVON TRABALHE COM 0 QUE APRENDEU Avaliagao das feridas da ir Se vocé sabe que sua infiincia foi razoavelmente feliz e sem acon| cimentos mais sérios, pode pular essa avaliagio ou usé-la para d valor & sua boa sorte e aumentar a compaixdo pelos outros. Pade ptt lar também caso jé tena trabalhado o assunto de forma satisfat Para os outros, a tarefa pode sor dificil e deve ser ovitada se pi Tecer que nao chegou © momento dessa busca de sua histéria. Me mo que a intuigo Ihe diga para seguir em frente, prepare-se p alguns efeitos posteriores. E, como sempre, se ficar mais perturba do que puder controlar, considere a necessidade de terapia. Se vocd seguir em frente deve ler a lista e verificar o que se apli- ca a seu caso, Além disso, marque com um asterisco os eventos dos cinco primeiros anos de vida ¢ com dois o que aconteceu antes que’ completasse 2 anos. Se a situagao se estendeu por muito tempo (de- fina “muito” de acordo com o que Ihe parecer correto), faga um cir culo em redor das marcas. Faga também um efrculo se 0 evento par rece influenciar toda a sua vida até hoje. Essas marcas, asteriscos ou circulos, Ihe dariio uma idéia de onde estdo os principais problemas sem lhes conferir valor numérico. Seus pais sentiam-se infelizes por causa de sous sinais de sensi- bilidade ou geralmento nao sabiam como lidar com eles. Vocé foi uma crianga claramente indesejada. Muitas pessoas diferentes cuidaram de vocé, ¢ néo seus pai outros parentes préximos, * Voce foi superprotegido de forma invasiva Voc8 foi forgado a fazer coisas de que tinha medo, desconside- rando a intuigio do que era bom. * Seus pais achavam que havia algo basicamente errado com vacé fisica ou mentalmente. nem ‘AAAS WAGONS rOrUNDAS aT ocd foi dominado por um dos pais, irma, irmAo, vizinho, colega de escola etc. Voce sofren abuso sexual. Vocé sofre maus-tratos fisicos. Vocé sofreu maus-tratos verbais — foi ameacado, provocado, cri- ticado e recebeu gritos constantemente — ow a auto-imagem que as pessoas préximas Ihe devolviam era extremamente negativa do alguma maneira Vocé nao foi bem-cuidado do ponto de vista fisico (nao tinha co- mida sulicionte etc.) Vocé recebou pouca atengio ow a atengio recebida se devia to- talmente a oxpressivas conquistas que fizess. Um de sous pais ou algum parente proximo era alcodlatra, vi do em drogas ou mentalmente insano. Um de seus pais era fisicamente doente ou incapacitado @ nio estava disponfvol na maior parte do tempo. Vocé teve de cuidar de um de sous pais, ou de ambos, fisica ou emocionalmente. Um de seus pais foi comprovadamente narcisista, sidico ou de dificil convivencia por qualquer motivo. nhanga vocé era a vitima — alvo de maus- ete Na escola ou na vi tratos, provocagé Vocé sofreu outros traumas infantis no devidos a (doonga cronica séria, acidente, deficiéncia fisica, pobreza, ca- laclismo ou seus pais estiveram sob tensio incomum devida a desemprego ou outras causas). Seu ambiente social limitava suas oportunidades ou o tratava como inferior por ser pobre, pertoncer a uma minora ete. Houve em sua vida tansformagdes importantes sobre as quais niio teve nenhum controle (mudangas, mortes, divércio, abando- maus-tratos ‘no ete.), Vocé tinha um forte sentimento de culpa por alguma coisa da qual nao podia falar com ninguém, Voc# desejava morrer. ‘Vocé perdeu seu pai (por morte ou divércio), Ele nilo era pros de voce ow nao se envolveu com sua educagiio, * Voc perden sua mae (por morte ou divércio). Ela nao era ma de vocé ou no se envolveu com sua educagio, * Um dos dois eventos acima foi um caso claro de abandono rejeigiio especifica a sua pessoa ou voce acreditava que al; falha de comportamento sua levou a essa perda. * Um irmio, uma irmi ou outro parente préximo morreu ou se pi deu de alguma forma, Seus pais brigavam continuamente on eram divorciados e vam por sua causa, * Durante a adolescéncia vocé foi particularmente problemat ou suicida ou abusou do alcool ¢ de outras drogas. * Durante a adolescéncia voce teve problemas freqiientes com autoridades. Agora que terminow observe o padrao de suas marcas, asterisc ou circulos. Se nfo houver muitos, comemore e demonstre sua tidao a quem a merece. O registro de algumas marcas provavelmen« te provocou o recrudescimento da dor ou do medo de ser profundae mente afetado e prejudicado, Deixe que a cena completa de sua histéria se revele. Depois volte a atengio para suas melhores carac« lerfsticas, talentos e realizagbes para todas as pessoas solicilas @ todos os acontecimentos que suavizaram as coisas negativas, Dedi- que entdo alguns momentos (quem sabe fazendo uma caminhada) de reveréncia 4 erianga que suportou e colaborou tanto. E pense no que ela precisa agora, Capitulo 9 - OS MEDICOS, - OS REMEDIOS E AS PAS “Devo dar ouvidos ao Prozac ou conversar * com meu médico a respeito de meu : temperamento?” NESTE CAPITULO DISCUTIREMOS COMO sua caracteristica afeta sua reago aos cuidados médicos em geral. Vocd aprender entdo um pou- co sobre 0s medicamentos especificos que pode utilizar ou que Ihe podem ser prescritos considerando-se sua sonsibilidade. Como sua caracteristica influencia os cuidados médicos * Vocé é mais sensfvel a sinais e sintomas fisicos. + Se nao levar uma vida adequada a sua caracteristica, poderd di senvolver mais doengas relacionadas com o estresse ou “psicosso- miticas”, + Vocé é mais sensfvel aos medicamentos*, + Voct é mais sensivel a dor. * Voc 6 mais perturbével, geralmente hiperexcitével, por ambien- tes médicos, intervengdes, exames ¢ tratamentos. + Em ambientes de “tratamento de satide” sua intuigio profunda nao é capaz.de ignorar a presenga sombria do sofrimento ¢ da morte, a condi¢ao humana. ‘OS ETREDR, OF HINEDIOS A as on 20 Wir sesintzoADe 4 0 FAO Em resumo, existem imimeras razSes pelas quais 0 médico pode eo ‘mogar supondo que, em seu ¢aso particular, aquele pequeno sistema “gut 's6 na sua cabeca” o demonstrar essa suposigio, (A mente @ 0 COP? sto obviamente tio intimamente ligados que o problema pode ter sido ‘qusado por um fator psicoldgico estressante, mas os médicos nfo esto {reinados para lidar com isso.) Vood nao quer parecer neurdtico pot J" problemas antes que se tornem mais sérios e ser maravilhos: ci peomn questicone ao-fol rin, enc own encase consciente do que Ihe faz bem. Como jé foi mencionado no capi I cfcoal coca face als os aR en ques casey as criangas altamente sensiveis que nfo vivem sob tensiio tém sal mas. Mas vai embora preocupado e comega a pensar se nao estaria real- invulgarmente boa, Um estudo de longa duragao com adultos mente neurético, Na proxima ver.talvez decida ignorar seus sintomas até conscientes na infincia — trago verdadeiro na maioria das P/ quo fiquom dbvios o suficiente para que qualquer médico possa ver revelou tratar-se de adultos excepcionalmento saudéveis. © me ‘A solugio 6 encontrar um médico que compreenda perfeitamente iio se aplicava aos adultos timidos. Isso sugore que as PAS podem | seu trago de personalidade — uma pessoe que love a sério sua capacl- excelonte satide, mas precisam resolver sua vida social e minimii dade da perceber os aspectos sutis de sua saiide © do suas reagoes 40 os desconfortos nossa area para ter uma vida som tensao e encorajad tratamento. Um sistema de alarme tao bom deveria oncantar qualquer Mas vamos explorar os problemas implicitos nessa lista, pois médico, Ao mesmo tempo, conhecendo sua sensibilidade, ele pode © preocupam. Ser especialmente sensivel aos sinais fisicos mais s agit como 0 especialista trangitilo que lhe assegura niio haver Feal- significa que vocé demonstra propensao a muitos alarmes falsos. mente nada errado. Ele 0 acalma com respeito, som partir do pressu- ilo éprobleme, voot vai no:médien eichece: Sa‘ainda nioitiver! posto de que hd algo errado com voce no aspecto psicol égic Za, Procite tuma.segunde opinil, Deve ser possivel encontrar um médico assim, principalmemte S® Nom sempre ¢ assim tao simples, ndo é mesmo? Os médicos hi voce estiver equipado com este livro pam que ele o leis. em dia podem ser pessoas ocupadas ¢ insensiveis. Vocé geralm ‘Sua sensibilidade aos medicamentos é bastante real. E pode ser chega ao consult6rio um pouco nervoso e hiperexcitado, O que sent intensificada pela hiperexcitagao causada pela preacupagao Com 0S ¢ insignificante, mas o proocupa ou vocé nao teria marcado a const efeitos colaterais (que a maioria das drogasrealmente causa, voc? ta, Sabe que provavelmente Ihe dirao que aquilo nao é nada eo médi esta sendo neurético a toa). Talvez voc8 estivesse perturbado pot vai achar que est fazondo alvorogo por uma ninharia. E esté conscient guma coisa quando tomou a primeira dose » profira esperar pars Ver do que sua sensibilidade as coisas sutis e a hiperexcitagio causa amin reage depois. quaceeiacetmar Palaces Enel atoms Quando tiver a certeza de uma reagdo errada a um med fs O médico, por sua vez, partilha a opinigo cultural e confunde sua acredite nisso. Existem variagdes consideriveis na sensibilidade ® caracteristica com timidoz e introversio, vendo nisso um sintoma de drogas. Exija que os profissionais médicoso tratem de forma respeito- satide mental fraca. Além disso, para alguns médicos em espocial, @ sa em relagio a isso. Se nfio conseguir esse respeito, lembre-se de que sensibilidade 6 uma temfvel fraqueza quo tiveram de reprimir para § 6 o cliente — procure outro lugar. poder sobreviver na faculdade de Medicina. Entdo projetam esse trax Em relagio a hiperexcitagio causada poroutros tratamentos © proce 0 (¢ a fraqueza que associam a ele) nos pacientes que demonstram. dimentos, considere que depara com sensagdes novas @ intensas, cuiel guest de seneibdlidado, froqiientemente invasées ameagadoras a sex corpo. A solugaio, em Pr + Gonsiderando-se todos esses fatos e também a premissa de maioria dos profissionais de sauide de orientagio ortodoxa 6 posta de nfo-PAS, seu relacionamento com eles 6, em geri SIO EAS TAS 23 ‘meiro lugar, 6 explicar pessoa responsével pelo procedimento que vo As solug6es possfveis silo muitas. Voc? pode fazer uma lista de € altamente sensivel. Demonstrando auto-respeito em sua explicag perguntas e anotar as respostas. Pode levar alguém consigo para ouvir Yoo’ conseguir ser tratado com respeito, Essa revelagio, na verd @ fazer as perguntas que nao Ihe ocorrerem. (Desa maneira haverd geralmente 6 bem recebida, O responsavel pelo procedimento pod também outra meméria a ser consultada depois.) E pode ainda expli- tomar medidas especiais para tornar a situagiio mais fécil para voo®, car sua dificuldade. Deixe que 0 profissional 0 acalme conversando E voc®, na verdade, quem deve saber a melhor forma de red sobre assuntos gerais ou usando outro método que prefira. E posstvel tensdo, Alguns proferem que tudo soja explicado, outros preferem o reduzir o nervosismo pedindo a pessoa que o atende que repita as Jéncio, Alguns preferem ter um amigo por companbia, outros pret instrugies e se disponha a atender seus telefonemas para responder a estar 86s, Alguns se dao bem com medicamentos para reduzir a dor ou perguntas que Ihe ocorram depois. ansiedade, outros consideram a perda de controle provocada pela me ‘Tenha em mente também que 6 comum criar uma ligagao com a cago ainda mais perturbadora. E hé muita coisa que voc mesmo po pessoa que estove com voce durante uma experiéncia perturbadora, fazer previamente: familiarizar-se com 0 maior nimero posstvel de fato especialmente se for dolorosa ou emacionalmente desafiadora, No cam- res envolvidos na situagiio, acalmar-se, centrar-se e tranqitilizar-se usa po da medicina ocorre bastante esse tipo de sentimento em relagio a do os meios que conhece e consolar-se apés o procedimento com a um cirungiao ou obstetra (apds um parto dificil). Tosa compreensiio, aceitando todas as reagdes intensas que teve. A hiperexcitago 6 um estado doloroso. Nao hd como contorné-o, A sensibilidade a dor também apresenta grandes variagdes. Al Em situagdes médicas, a dor, 0 envelhecimento e a morte ali ao seu mas mulheres, por exemplo, quase nao tom dor ao dar a luz, e pesq alcance, fica mais dificil ainda, Viver com a consciéncia da morte, no Sas com essas mulheres revelam que raramente tiveram dor em algum entanto, faz sentido para mim se isso servir para aumentar 0 valor que momento da vida*, 0 oposto com certeza também 6 verdade — alg damos ao momento. Quando essa consciéncia se tornar intensa de- mas t¢m muita dor durante toda a vida. Minhas pesquisas demonstt mais, sempre se pode fazer uso da defesa universal, muito titi, cha- ram que as PAS geralmente sofrem mais com a dor. mada negagao. E permita que seus amigos e sua famflia reunam-se em, Nosso estado mental afeta a percepgao da dor, portanto sempre 6 volta para ajudar. Eles também j4 enfrentaram essa questiio ou a en- bom ser um tutor gentil, amoroso, compreensivo e calmo de seu co frentaréo um dia. O momento nao ¢ para sentir-se uma carga. Estamos Po/bebé quando ele sentir dor. f também essencial que aqueles qu todos no mesmo barco. podem ajudé-lo sejam avisados de sua sensibilidade maior a dor. estiverem bem informados sobre o assunto, perceberfio que sua reae Reescreva sua historia médica ‘edo 6 uma variagio normal na psicologia humana ¢ a tratardo adequae damente, (Lembre-se porém de que vocé pode ser também mais sensf- vel aos medicamentos que aliviam a dor.) Obviamente o ponto-chave esté no fato de voce ser mais perturbavel que 0 paciente médio. Mesmo que o profissional de satide seja suficien- temonte sabio para nfo tratar sua caracterfstica como um distiirbio desagradavel, de qualquer forma ele tornaré as coisas mais diffceis, Sua capacidade de comunicar os pensamentos com clareza, por exem- plo, ficard diminuida, Este pode ser um bom momento para fazer, luz de sua caracteristica, a reformulagio de suas experiéncias com tratamentos médicos. Escolha de uma a trés experiéncias significativas de doenga e tra- tamento médico, de preferéncia com hospitalizagio na infincia. Siga entao os tr@s pasos quo ja Ihe sto familiares, Primeiro, pense na for- ma como sempre compreendeu essas experiéncias, talvez levado pe- las atitudes dos profissionais médicos — voce era “senstvel domais”, um paciente dificil, neurético, que imaginava a dor. Depois avalig as experiéncias & luz do que hoje conhece sobre sua caractoristica, fim, reflita se hé algo que precisa ser feito em decorréncia dese conhecimento, como procurar outro médico ou dar este livro a médico atual. Se esse tem sido um aspecto dificil de sua vida, veja tambéi quadto abaixo. ADOTE NOVA FORMA DE LIDAR COM PROFISSIONAIS MEDICOS 1 Imagine uma situagdio médica que para voce é perturbadora, social ‘mente desconfortavel ou problemética por qualquer razdo. Talvez essa reac se deva ao fato de estar despido, apenas com a camisola do hospital, a certos tipos de exame, & perspectiva de tirar sangue ou obturar os dentes, ou porque um diagnéstico ou resultado esté demo- rando ou foi pouco clare, 2. Vejaa situagdo 8 luzde sua caracteristica, inclusive o papel potencial- mente positive que ela pode desempentar. Por exemplo: vocé perce- berd mais depressa se houver algum problema e seguira as instru- ges de maneira mais cuidadosa. Mas, acima de tudo, pense em sua necessidade (e no direita que tem) de que a situagao seja 0 menos estressante possivel, Lembre-se de que todos devem cuidar para que seu corpo ndo receba excesso de hidrocortisona, uma vez que os re- sultados médicos sero melhores se vocé estiver mais calmo. 3. Pense na maneira de conseguir o que precisa, Talver seja algo que voc’ mesmo possa fazer. Mas provavelmente teré de falar pelo me- ‘nos um pouco de sua sensibilidade aos profissionais médicos. Escre- va um roteiro. Certifique-se de que transmitiré auto-respeito e des- pertaré atencao, sem ser rude nem arrogante. Peca a uma pessoa que vocé respeita que leia 0 roteiro. 0 ideal seria alquém envolvido ‘na érea de sade. Ensaie com essa pessoa a conversa que quer ter. Solicite que the diga depois como se saiu, 4, Imagine como aplicar o que praticou na préxima vez que precisar de assisténcia médica, Seria recomendavel voltar a esses pontosna oa sido e praticar mais um pouco para transformar em realidade aquile que imaginou, Um cuidado em relagto aos rétulos médicos Como vocd sabe, os médicos percebem rapidamente quanto nosias atitudes mentais afetam o sistema imunol6gico e a doenga. Eles esto também conscientes de que algumas pessoas, mais que outras, pate- com ter pensamentos e sentimentos que afelam 0 quadro da doema Mas, por estar focados na moléstia, freqiientemente deixam de consi derar a possivel existoncia de aspactos positives de um tipo de peno- nalidade que parece acompanhar determinadas daencas. Digo “pare- co” porque eles ignoram também os preconceitos culturais contra alguns tipos de personalidade que podem na verdade estar causardo o mal, Talvez inadvertidamente perpetuem esse preconceito a0 yro- lamar, com toda a sua autoridade profissional, que determinados tipos de personalidade ow caracterfstica so negativos ou pouco saudéveis. ‘Os sinais de preconceito contra a sensibilidade sao facilmente yor ceptiveis quando se comeca a ler nas entrelinhas, localizando desir ées dela como “sindrome” ou préprias de pessoas “desequilibrads”, que “perdem freqiientemente o controle” ou “super-reagem” ou “incapazes de ver claramente” em decorréncia de alguma coisa cessiva” ou “anormal”, Lembre-se de que esses julgamentos médisos geralmente partem de uma perspectiva de rei-guerreiro do que eta cerrado, perdido, excessivo, adequado ou anormal. Nao esqueca, porém, que existem momentos em que voc8 mesno sente que perdeu 0 equilibrio, esté fora de controle devido a uma sujet reago, Em um mundo altamente estimulante, as PAS demonstam essa tendéncia, especialmente aquelas que tiveram uma infainciaow historia pessoal estressante, Nesses momentos, por favor, permitaque 6s profissionais de satide 0 ajudem com medicacéo mesmo que ofa cam no estilo rei-guerreiro, (Insista apenas em comegar com dows pequenas.) E lembre também que nao deve culpar sua caracteristl A medicagao durante a crise ibilidade, cl yuo. tem f pees aipare CUT Sealer coated Existe uma importante diferenga entre tomar medicagio psicoativa Pm 7 durante uma crise e usé-la para conseguir alteragio de personalidads ‘ longo prazo. Algumas vezes a medicacao 6 a forma mais fécil, ow 2 Por que tomar Prozace outras drogas? mesmo tinica, de sair de um cfrculo vicioso de hiperexcitagdo e im- Tenho sugorido muitas vezes que converse com os profissionais possibilidade de atividade normal durante o dia e sono adequado & cuidam de sua satide sobre sua caracterfstica, No entanto, se fal noite, Em casos assim voce certamente encontraré um médico, como mais cedo ou mais tarde alguém the oferecerd alguma medi o de minha familia, ansioso por The dar uma receita. Talvez encontre “psicoativa” como solugio permanente — talvez um antidepres: 0 extremo oposto, um médico que considere que os estados mentais como o Prozac ou alguma droga ansiolitica como o Valium. Tal dolorosos devem ser suportados, especialmente se a causa for “exter muitos ja tenham tentado medicamentos como esses. Eles podem na”, como o luto ou a ansiedade que precede algum compromisso liteis se voce estiver em crise ou precisar de uma ferramenta p importante. A melhor solucao ¢ decidir antecipadamente o que gosta- controlar temporariamente a hiperexcitacao ou seus efeitos, como na ria de fazer em uma crise, Poder entéo encontrar um médico cuja dormir ow néo comer bem. A questo mais profunda ¢ se deve tom filosofia de medicagao seja igual A sua. Se esperar até entrar em crise, algo mais ou menos permanente para “curar” sou trago especial. vocé e 0s outros poderio sentir que no ha condigdes de tomar tal tos médicos acreditam que sim, Quando eu, por oxemplo, falei a decisio, ¢ provavelmente haverd presso para fazer qualquer coisa médico deste livro, ele ficou bastante animado. “Esse é realmente ti decidida pelo médico que estiver & mao. problema pouco abordado pela medicina. 6 uma pena. Mas gragas | Deus 6 facilmente curdvel, como o diabetes.” E foi logo pegando Medicamentos para interrupgao imediata da hiperexcitagiio rocoitudrio, Soi que s6 desejava ajudar, Mas eu the disse, receio que com gum sarcasmo, que tentaria me agiientar mais um pouco sem remédio F no entanto possivel que vacé sinta que as desvantagens de s caracteristica estiio superando as vantagens ou que gostaria de ex; ‘mentar para ver se algum remédio mudaria as expresses de sua sem= sibilidade. Poderé entao tentar 0 uso de alguma medicagio de longo prazo com 0 propésito de mudar a forma basica de funcionamento de seu cérebro. Eu, particularmente, acredito que uma PAS deve estar muito bem informada antes de tomar essa decisao. Jé ficou provavelmente bem claro que 0 resto deste capitulo nao ird Ihe dizer o que fazer — 0 objetivo 6 informé-lo e ajuda-lo a analisar | todos os aspectos dosse assunto. So incontaveis as drogas psicoativas existentes, mas dois tipos sio ‘ais freqiientemente prescritos para as PAS. O primeiro tipo 6 0 dos ansiolfticos de ago répida como Librium, Valium ¢ Xanex (a maioria provoca sono — algumas vezes uma vantagem, outras no —, mas o Xanex nfo 0 faz). Todos detém a hiperexcitagio em poucos minutes. (Como voce agora ja sabe, hiperexcitagao no 6 0 mesmo que ansieda- de, portanto no aceite o rétulo de “propenso a ansiedade”. A excita- Gao pode ser apenas efeito da hiperestimulacao.) ‘Muitas pessoas garantem que esses remédios fazem dormir ou aju- dam o desempenho em momentos estressantes da vida. Entretanto, se ‘por um lado seus efeitos so de curta duragao, quando tomadas durante longos perfodos essas drogas viciam. Sempre que um novo ansiolitics langado, seus fabricantes alegam causar menos dependéncia que os pre- cedentes, Mas se presume que todas as drogas que levam rapidamente oferecem algum risco de gerar dependencia. O Alcool @ os opidicoos tiram da hiperexcitagio, a cafeina e as anfetaminas nos tiram da apal Todos geram dependéncia. O fato 6 que qualquer coisa que soluci facilmente um problema ser consumida repotidas vezes, a menos 08 efeitos colaterais suporem os beneficios. O cérebro, entretanto, adapta-se as substincias que afotam o nif de excilagio, e voed precisard de uma quantidade cada vez maior pi obter o mesmo resultado, Ha um momento em quo elas comegam prejudicar varias partes do corpo, como 0 figado ¢ os rins. Além 0, seu sistema natural de equilibrio de excitagio ficaré atrofiado, E claro que se onstantemente hiperoxcitado esse si ma jé esta desequilibrado. Uma pausa esporddica obtida com medi ao para conter a ansiedade pode ser o descanso de que voce preci Mas existem outras maneiras de mudar a quimica corporal — ci minhadas, respiragao profunda, massagem, um lanche saudvel, o abrae 0 de alguém que vocé ama, boa mnisica, danga. A lista vai longe. Agentes calmantes “naturais” tém sido usados desde que mordva- mos em cavernas. O chd de camomila é um bom exemplo, assim como chés de lavanda, flor de maracujé, Lipulo ¢ aveia, As lojas de produ. tos alimenticios naturais podem oferecer sugestdes ¢ vendi produtos em preparados para chés ou em c dado se manifestaré também em relagiio a isso — alguns chas funcio- nario melhor do que outros em seu caso, Usado antes de dormir, 0 ché correto proporcionaré um perfodo de sono que geralmente ¢ 0 que ‘voce precisa. Se sua dieta esta pobre em calcio ou magnésio, um su- plemento desses minerais poderé igualmente acalmé-lo, Mas tenha cuidado, drogas “naturais” também sio poderosas, O fato € que seu médico talvez no mencione esses tratamentos mais antigos ¢ mais simples. Os representantes das empresas farma- céuticas os visitam regularmente, mas ninguém vai aos consultérios insistir que se prescrevam caminhad: momila, s ou uma xicara de chd de ca Os medicamentos que amenizam os efeitos da hiperexcitagao prolongada Os antidepressivos constituem a outra abordagem que costuma ser aconselhada para ajudar as PAS a lidar com as supostas ou reais des- vantagens de sua caracterfstica, Durante uma crise cles realmente evi- tam sofrimento e podem até mesmo salvar sua vida, (A taxa de morta- lidade por suicfdio e acidentes entre as pessoas deprimidas ¢ alta.) E podem ajudar também a economizar dinheiro, jé que Ihe permitem continuar trabalhando, quando sem eles no conseguiria, Essas drogas nao eliminam necessariamente todas as emogies. Elas sfo capazes de simplesmente restaurar uma espécie do rede de segu- ranga, evitando que voce caia to fundo quanto antes, Como essas quedas podem ser resultado do esgotamento do cérebro, ¢ niio “natu- rais" em voc®, serd sensato tomé-las para ajudé-lo a voltar ao normal, Quando estiver dormindo © comendo melhor nio precisani mais delas, Os antidepressivos levam de duas a tres a fazer efeito, portanto nao geram muita dependéncia, Nao ha satisfacio imediata. Mosmo assim, algumas pessoas acham dificil desistir doles, © nao 6 possivel deixé-los subitamente sem alguma dificuldade, Nao conhe- ‘co ninguém que tenha vendido seu tiltimo bem material para comprar ‘mais uma dose de antidepressivo, mas de forma subjetiva eles podem se tornar um vicio, Caso vot decida tomar antidepressivos, consulte um psiquiatra com experiéncia na prescrigdo desse tipo de medicamento, alguém que desenvolveu sua intuigao observando ao longo dos anos como pessoas diferentes e seus sintomas reagem a diferentes drogas—outra prova da enorme variedade humana, Um especialista, porém, natu- ralmente acredita no valor de sua especialidade, portanto voc’ s6 deve procurar esse tipo de ajuda apés se decidir por essa apcio. O que fazem os antidepressivos Seu cérebro ¢ feito de milhdes de eéhulas, chamadas neurinios, que se comunicam umas com as outras enviando mensagens através de ra- mificagies. Mas essas ramificag6es no se tocam proprlamente, sim, quando a mensagem chega ao extremo de uma ramificagio, de atravessar pequenos espagos na diregio de outra, como se esti se tomando uma balsa, Essa é wma das razies por que o eérebro 6 méquina magnifica. Para que as mensagens possam saltar 0 espaco entre uma ramific dos neurotransmissores, mintisculas porgdes de substincias liberad nesse espago, Os neurdnios também recolhem seus barcos neurol anissores quando jd nao siio necessdrios, Liberando-os ¢ depois Ihendo-os, cles mantém disponiveis as quantidades certas de nei transmissores. A dopressao parece ser causada pela falta de disponibilidade d certos nourotransmissores. Os antidepressivos fazem com que seu mimero aumonte. Mas nao os acrescentam simplesmente. O cérebro lacrado contra esse tipo de engano. E necessdrio algo que consiga pe- netrar no cérebro e engane os neurdnios fazondo com que recolham medicagio em vez de recolher 0 neurotransmissor. Isso permite que ‘mais neurotransmissores permanegam em circulagio. ‘Na verdade, 6 um pouco mais complicado que isso. O que prova- velmente acontece é que alguns praduzem uma quantidade “oxcessiva” de neurotransmissores recoptores (0 que talvez explique por que as PAS sdo to sonsiveis a estimulos), ficando portanto sem eles mais. depressa, Talvez, sejam produzidos mais receptores em momentos de esgotamento nervoso ou hiperexcitacao duradoura. Outro efeito dos antidepressivos é a redugio do miimero de receptores, provavel razaio pela qual esses medicamentos s6 fazem efeito apés duas ou trés sema- nas, Esse 6 0 tempo necessério para a eliminagio dos receptores. Tal- vez niio seja isso que acontece. Na verdade, ninguém conhece os deta- thes, Voltaremos a isso brevemente. ‘Vocé esti se perguntando por que a hiperexcitagao prolongada leva- ria & depresstio ow seria minimizada por antidepressivos? Quando as pessoas ficam tensas durante longos perfodos — hiperexcitadas —, apa- rontemente acusam baixa quantidade de certos neurotransmissores. (Ou- tras coisas, como certos virus, também reduzem esses importantes flui- dos cerebrais.) Quando essa quantidade 6 baixa, algumas pessoas ficam ubatidas: deprimidas, Mas isso niio acontece com todos, ¢ a razao ainda @ desconhecida. O fato de ser uma PAS nao significa estar automatica- mente inclinado a depressao. A culpa é da hiperexcitagao prolongada. Existe grande ntimero de substéncias neurotransmissoras, ¢ todos 08 anos mais so descobertas, Durante muito tempo os antidepressivos dispontveis atuavam sobre vérios neurotransmissores. Uma das ra- ues da grande agitagdo em torno do Prozac 6 por que atua especifica- ‘mente sobre um tinico neurotransmissor, a serotonina. O Prozac e seus similares — Paxil, Zoloft otc. — silo chamados de “inibidores seleti- vos dos receptores de serotonina”, ou SSRI (sigla em inglés). Nin- guém sabe por que essa soletividade representa uma vantagem tao grande no tratamento de certas dificuldades. Mas os cientistas esto ‘atualmente tentando conhecer melhor a serotonina. A serotonina e a personalidade © que transformou 0 livro Listening to Prozact em best-seller ha al- guns anos foi o fato de Peter Kramer, o autor, expressar a preocupacdo de todos os psiquiatras que haviam descoberto que algumas pessoas medicadas com SSRI “curaram-se” do que pareciam caracteristicas de personalidade bem estabolocidas. Uma dessas caracterfsticas era uma tendéncia inata a “hiper-reagir ao estresse”. Usando um termo nosso, hiperexcitar-se facilmente. Como jé disse, entrotanto, acrediito que devemos ser muito cuida- dosos ao permitir que médicos usem a expressiio “hiper-reagio ao estresse” como descri¢ao de nossa caracteristica basica. Quem decide © que 6 “hiper”? (Eu uso o termo hiperexcitagio em relagio ao nivel ideal de excitagao.) Mas € quanto aos aspectos positivos dessa carac- teristica ¢ os aspectos negatives de uma cultura em que niveis altos de estresse sao normais? N6s nao nascemos realmente com a tendéncia a hhiper-reagir ao estresso”. Nascemos sensiveis, De qualquer forma, Kramer levantou uma fascinante questao social discutindo o fato de uma droga ser capaz, de mudar totalmente a perso- nalidade de alguém. Gomo voce se sente em relagio ao fato de tomnar- se um dia capaz. de mudar de personalidade como muda suas ‘8 que simplesmente nao sabiam como respeitar sua caracteristica @ O que aconteceria & nossa compreenstio do eu se este pudesse dar de si mesmos em uma sociedade pouco sensivel. Como resulta- facilmente alterado? Se alguém toma um medicamento som eram cronicamente hiperexcitados, seus niveis de serotonina um necessidade — apenas para sentit-se “de certa maneira” —, qi “pouco baixos, e 0 Prozac ajudou. Reflita nos outros problemas que diferenga em relagdo As “drogas de rua"? Sera que todos teria yramer considerau resolvidos pelo Prozac — compulsio (excessivo zelo mar Prozac, e depois Super Prozac, apenas para alcangar on hu tentativa de controlar a ansiedade e a hiperexcitaca0?), baixa auto- nivel de competitividade na “érea” de alta tolerancia as tens® stima e sensibilidade a criticas (por ser parte de uma minoria levada a pergunta & qual Kramer retorna uma diizia de vezes: o que p gentir-se inferior?). uma sociedade em que todos optassem por tomar drogas assim? Entao quando uma PAS deve, se é que deve, tomar um SSRI para Estou insistindo no livro de Kramer e nas reagGes a ele imudar caracteristicas de personalidade firmemente estabelecidas? amplamente lido pela classe médica, que hoje iguala a sensibili Muito depende da exata relagio da serotonina ¢ da caracteristica. In- necessidade de Prozac, e também porque Kramer discutiu muito folizmente, ainda é cdo para ter certeza. (Quando existirem mais re questoes sociais e filos6ficas, Se vocé 6 uma PAS tipica, desejard postas, fique alerta ao que for simples demais ou aplicar-se a todos.) siderar essas quest@es, tanto quanto as pessoais, quando the o! Enquanto isso, existem indicagdes de que tudo depende de quio cro- Tem um SSRI ¢ tiver de decidir como reagir, nicamente hiperexcitado voce 6 Alguns macacos nascem com tendéncia’ a fazer pausas para ver!- ficar novas imagens e sons. Essa 6a nossa caracteristica, exceto polas vantagens humanas da compreensio profunda do passado e do futuro e nossa maior habilidade de controlar as pausas para verificagio de acordo com nossa escola. Esses macacos comportam-se como outros macacos durante a maior parte do tempo. Mas quando jovens sto mais lentos em suas exploragées e demonstram niveis de batimentos cardfa- cos mais altos @ varidveis e taxas mais altas de hormonios de estresse, Eles sfo muito semelhantes ds criangas descritas por Jerome Kagan, como foi discutido no capitulo 2. Note que nesse ponte ainda nao A serotonina eas PAS E dificil abranger todos os detalhes das razes por que a serotonin importante, jé que ela 6 0 “neurotransmissor de eleigao” em diferontes éreas do cérebro, Peter Kramer pensa que a serotonina 6 pouco como a policia, Quando ha bastante serotonina, assim co quando a policia esta em patrulha, tudo fica mais seguro e tranqiiil m toda parte. Mas os beneficios sio diferentes, conforme o tipo d problema de cada érea. A policia controla o trafego se houver conge: tionamento e fica alerta ao crime se esse for o problema. De form semelhante, a serotonina interrompe a depressio se alguma érea do cérebro estiver causando depressdo v evita os comportamentos cor pulsivos e perfeccionistas se outra direa os causar. Forcando a analo= gia, com tantos policiais em ronda, uma sombra em uma viela escur pareceria menos perigosa. Essa seria a principal mudanga para as PAS, com seu forte sistema de pausa para verificagao. Mas isso s6 seria verdade com mais serotonina — mais policia na érea — para ajudar, Ao ler os casos relatados em Listening to Prozac, nio pude evitar surpreender-me ao constalar quantos dos pacientes de Kramer eram apresentam menos serotoni ‘A maior diferenga manifesta-se quando esses macacos ficam alta- mente estressados (hiperexcitados) por longos perfodos. Nessos mo- mentos, quando comparads a outros macacos, 05 mais reativos pare- cem ansiosos, deprimidos e compulsivos. Se forem perturbados repetidamonte, mostrardo tal comportamento com maior freqiléncia, © 6 ento quo os nourotransmissores diminuem. ‘Tais comportamentos e mudangas fisicas também se manifestam ‘em qualquer macaco traumatizado na infancia pela separagio da mie’ [interessante que, ao ser traumatizados pela primeira ve7, oqueamenta "A SENSINLIDADE A SHU AVON so os horménios de estresse, como a hidrocortisona, Mas com 0 Po, especialmente na presenga de outros fatores estressantes isolamento, o nivel de serotonina cai e os macacos passam a m permanentemente mais reativos. O que se pode concluir dessos dois estudos 6: 0 que gera o prol 6a hiperexcitagio crOnica, 0 estresse ou o trauma infantil — caracterfstica inata. Vimos isso também no capitulo 2. Criangas veis passam por maior nimero de excitacdes breves, com aument adrenalina, mas permanecem bem so contarem com 0 sentimento seguranga. Quando, porém, uma crianga sensivel (ou qualquer cri se sente insegura, a excitagdo breve torna-se afligio duradoura, aumento de hidrocortisona. Eventualmente a serotonina também (segundo o estudo com macacos.) Essa pesquisa ¢ importante para as PAS. Bla demonstra de bastante concreta por que devemos evitar a hiperexcitacao cré: ‘Sena infancia fomos programados para nos sentir ameagados por 6 nocessério fazer um trabalho interior, goralmente com terapia, ql mude essa programagio, ainda que isso leve anos, Kramer cita evi cias de que a permanente suscetibilidade hiperexcitagao e a dey silo pode desenvolver-se e causar sérios danos se os niveis de serotot ndo voltarem ao normal. Queremos entao permanecer seguros, cansados e com fortes nfveis de serotonina. Isso nos manteré pront para desfrutar a vantagem de nossa caracteristica, a apreciagao sutilezas. Os momentos inevitiveis de hiperexcitagio nao cond aniveis elevados de hidrocortisona por varios dias nem a diminuiga de sorotonina por meses ¢ anos. Se nos livrarmos disso, ainda podere= mos corrigir a situago. Mas isso leva tempo, talvez possamos usar medicamentos por algum tempo come apoio a o3sa corregao. A serotonina e a sensagio de ser vitima Outro fato a mencionar: macacos dominantes, ou pelo menos algumas espécies muito voltadas para a dominancia, tem mais serotonina®. 0 simples aumento de serotonina em um macaco desse tipo torna-o domi- nante em relagdo aqueles que receberam uma droga para diminuir essa ubsténcia, Colocar um macaco assim no topo da hierarquia de domi- ago faz aumentar a serotonina em seu cérebro, Tiré-lo dessa posigao faz. a sorotonina diminuir’, Essa ¢ outra posstvel azo de os médicos dosejarem aumentar sua serotonina — para ajudé-lo a ser mais domi- nante ¢ bem-sucedido em uma sociedade voltada para a domindncia- Bu na verdade nao gosto de comparar macacos “timidos” com hu manos altamente sensiveis, que so diferentes justamente por ter mais aquilo que torna os humanos tao humanos (previsdo, intuigdo, imagi- nago). Mas, se as PAS estdo sujeitas a softer falta de serotonina, pre ciso me perguntar a causa disso. Parece existir a possibilidade de ser mos menos dominantes por ter niveis mais baixos de serotonina, Pelo menos em alguns casos, porém, a sensagio de inferioridade ou o fato de estar em posigo inferior na hierarquia de dominancia podem ser a razio da diminuigio do nivel desse horménio. Sera que 0 baixo nivel de serotonina ea depressio ¢ todo o resto poderiam ser causados pelo estresse de sermos “diminufdos” por nossa cultura? Pergunte-se qual seria 6 nivel de serotonina de criangas chinesas “timidas e sensiveis” que sio os Ifderes admirados por sous cologas de classe (de acordo com os estudos descritos no capttulo 1). Imagine os nfveis de serotonina de seus correspondentes do Canada, que est#0 na posigao mais baixa da hierarquia da classe. Talvez.n6s nio precise- mos de Prozac, Talvez procisemos de respeito! Devemos tentar mudar nossa caracteristica com um SSRI? Gostaria de dispor de dados sobre o efeito desses medicamentos em. PAS nao-deprimidas. Mas o efeito sobre a PAS média ainda nao dizia nada quanto ao efeito que teria sobre vocd. E fato amplamente conhe- cido que o antidepressivo que acaba com a depressio de uma pessoa pode nao ter nenhum efeito em outra. O mesmo deve aplicar-se a rme- dicamentos que alteram a personalidade, Como foi explicado no ca Pt- tulo 2, existem indubitavelmente intimeras formas de ser altamente sonsivel. Essa 6 uma razio para ter cautela com explicagées simplisstas sobre todos os modismos, como a serotonina, quando pensar sobre sua caracteristica. e Eis aqui alguns dos pontos quo eu consideraria para tomar uma Nada disso tem a intengilo de assusté-lo nem de impodir = to? cisdo assim. Primeiro, quanto voc esté insatisfeito por ser como 6 antidepressivos, especialmente em uma crise. (Os Seek a segundo lugar, voce esté disposto a tomar um medicamento pelo no entanto, ic em métindguslnente ficients no combo & depres da vida para manter as mudangas que desoja? & uma decistio que Os efeitos colaterais sio mais desagradaveis, mas essas ave a. os vestudo cuidadoso dos efeitos colaterais potenciais e das conseqi uusadas por mais tempo e parece néo ter demonstrado efoit es i de longo prazo, nenhuma delas ainda conhecida, dessa nova eg cert enete Man ctfptin keer om a eo Oprincipal efvito colateral 6 que, em pelo menos 10% ou 15% ee fe itech. Mhedendevcarihocenk ite aN Pessoas, esses novos medicamentos agem de forma semelhante a livro Listening to Prozac. Kramer, deliberadamente, nfo discutiu. itieas nf mulantes como as anfetaminas (fato pouco divulgado pelo fabri colaterais, demonstrando-se mais interossado no aparece do Prozac, a Eli Lilly"). Algumas pessoas sob a ago do Prozac rel classe de medicamentos que acredita estarao cedo ou tarde isentos © : dic ram falta de sono, sonhos intensos, desassossego incontrolavel, efeitos colaterais significativos, Ele minimiza também as diferengas int ii ssoas a ter reagde sérias: ‘mores, ndusea ou diarréia, perda de peso, dores de cabega, ansio pn pe Leer Oe ae transpiragdo oxcessiva’ ¢ rilhar dos dentes enquanto dormem*, certamente nfio se pode esporar obter todas as informagées dos a) solugaio tem sido a presericéo de drogas ansioltticas, geralmente An tes que estéo fazenclo dinheiro com me modicamentos er para contrabalangar a agitagSo. Eu, particularmente, sentiria certa poczaifsnanem com oannsticos at coins PSE TS perestimam os medicamentos de grande campanha publicitéria’* at trolados. E que o segundo causa dependéncia mo as pequenas folhas de bula com os avisos de efeitos oben Muitas das PAS que conhego e tomaram Prozac ou drogas si produzidas pelas empresas farmacéuticas, que obviamente no se p res pararam porque o remédio nao estava ajudando muito ou porg. cupam com os consumidores além do absolutamente necessiirio. nao gostaram dos efeitos estimulantes. Uma possibilidade 6 o sist de ativagio comportamental descrito no capitulo 2 estar sendo ative O lado escuro do Prozac do para equilibrar 0 sistema de pausa para verificagao. A medicag sisténcia ao descobrir que agora preciso de dois medicamentos Para saber mais a respeito do lado escuro do Prozac, vocb pode 1" portanto, talvez funcione melhor se seu “problema” for um siste ‘Talking back to Prozac, de Potero Gingor Broggin. Eles mostram w™ de ativagao fraco. Os que ficam muito agitados podem ter os dois si tomas fortes. Esses medicamentos as vezes interferem com o desempenho sexual, especialmente dos homens. Um estudo revelou que o Prozac afota a moméria, outro demonstrou que no, Um estudo com animais parece ter revelado que antidepressivos promovem o desenvolvimento de tumores, mas estudos anteriores no demonstraram isso". Seré nex cessério algum tompo para saber se esse 6 um problema sério para os humanos. Os SSRI também sio muito perigosos quando associados a outras drogas, especialmente outros antidepressivos, porque o exces so de serotonina 6 muito prejudicial, podendo inclusive levar a morte. Quando a esmola ¢ demais o santo desconfia, nao 6 mesmo? perspectiva diferente, ainds que algumas vezes superalarmista, indiistria farmacéutica e de seu papel de intimidade excessiva com processos de aprovagio de medicamentos nos Estados Unidos. O e partamento de Medicamentos © Alimentaggio (FDA) nao realiza p' aquisas sobre as novas drogas — apenas as supervisiona. Os estud™™ io feitos por pesquisadores com freqiiéncia financeframente liga’) 08 fabricantes. Ap6s a aprovagio, se surgirem novos efeitos colater®! | empresa naturalmente os minimiza, Caso surja nlguma ago juridi sord resolvida em siléncio, fora dos tribunais. A Eli Lilly tem, de f4""" se oferecido para pagar as despesas legais de qual quer médico prod sado por impericia enquanto prescrever Prozac adequadamente" (Os Breggin informam também que todas as pesquisas rolativas a “tatamento gerenciado” da industria da satide — de que a novos medicamentos foram baseadas em sous primeiros meses co medicagdo pode substituir a psicoterapia esconde, acredito, tratamento de depressio séria. Nesse caso o eérebro obviamente um desejo cinico de permitir que as pessoas sofram (..) () comporta de forma normal, e 0 objetivo é voltar ao normal, Ni ‘serve como pretexto para negar psicoterapia aos pacientes", conhece os efeitos se os tomar com 0 objetivo de eliminar wna ¢: toa inata tiydecoja, mae hescata atin dasdlan age Eu parei de anotar as paginas de referdncia quando chegou a 200 Os antidepressivos nilivacrnicentattl simon ee quo esta fal miimero em que Kramer expressa sua proocupagdo com uma socieda- 'Bles demaoram semanas para fazer efiite porquéiat ai de na qual 0 Prozac fosse usado com excessiva liberdade, tornando as aeaabostiea Aes neeselss."Timypemna kena mation oe pessons mais submissas, egoctntricas ¢ insenstveis, Ele 6 a0 mesmo seule eon pseS080jo¢ei pean desex puxtntinigmeeNla tompo bastante eritico em relagio ao “calvinismo farmacolégico” que A primeira droga de todas as familias de antidepressivos, ineh Bs cree o_o 69 abate ayn ae © Prozac, foi descoberta por acaso. Nao se sabe exatamente como: eS elsioa dlhscabbeapadermeirnt se see alec = . z ets sempre 6 produto de uma mente torturada e sofredora, Que 86 08 mi- nam. E esses produtos certamonte (como se sup6e) interferem toy : ‘faethe encatie do siecion. Oh Soop asteae serdveis (8m pensamentos profundos. Que a ansiedade 6 necesséria ‘metéforas animadoras que afirmam que o Prozac possihilita a sett pora uma existéncia auténtica, Essas s4o questdes sociais importantes cea ae Ee a 4 ser consideradas pelas PAS quando se decidirem por um medica- dico conseguir sintonia fina” ou “restaurar 0 equilibrio” do « “ : ‘taecette ci bisurutnnnshilesenéa" ‘Ne oplatio doe nforens mento que nao seja para ajudar a atravessar uma crise, mas para mu- Wiss SRE CER cna ilo biisico de vida — s\ onalidade co, ao fazer a prescrigio, age “mais como um desajeitado colega pir benteatilo stn divide — she pate escritério que derrama café no computador, excetuando-se 0 fato . - - Prozac ser muito mais potente que a cafeina e sou cérebro extreme Caso vocé decida seguir em frente (ou ja tenha feito isso) to mais vulnerdvel e suscetivel a danos que seu computado Sei que alguns, ou talvez, muitos de vocts, jé esto tomando algum Os Breggin aparentemente emprestam condigées demonfacas SSRI. Outros decidirao fazé-lo. Além dos beneficios que estao Prozac, mas hé um pouco de deménio om todos nés, ¢ 6 mell auferindo, vocés também podem fazer importantes contribuigdes para conhecé-lo do que fingir que nio existe, nosso conhecimento a respeito deles, ¢ os que nao os utilizam serio 0 Um psicopatologista que ganha a vida fazendo pesquisas em ‘grupo de controle”. mais com essas drogas para laboratGrios farmacéuticos disse-me est Kramer questiona se esses medicamentos nio levario consigo nossa convencido de que as empresas estao capitalizando nosso desejo compreenstio do que seja um eu estvel. Nao tenho certoza. Todos os uma soluco magica que simplesmente néo existe. De acordo com. ‘meses muitas mulheres passam por drésticas mudangas de humor e fisio- a maioria de nossos problemas exige autoconhecimento, em geral ogia basica @ continuam sabendo quem so. Elas simplesmente sabem Uido com muita psicoterapia. que so complicadas. Talvez compreendam que tém diversos “eus” so- Peter Kramer, na verdade, concorda: brepostos, que variam de acordo com 0 momento. No caso de usar uma medicagao vocé estaré decidindo que pessoa quer ser. E quem decide? Alguma sélida testemunha interior. A percepgto de que essa parte de sei eu crescerd como munca antes. Vocé faré consideracées a respeito da pessoa que quer ser e estar mais livre para escolher do que jamais esteve. A psicoterapia continua sendo a técnica mais titil no tra- tamento das depressdes menores ¢ da ansiedade. (...) A crenga —nio raro abracada pela politica de redugio de custos do Para uma PAS 6 um momento excitante para viver. Quando p te livro voce talvez. nem soubesse quem realmente 6. Agora, quai conversar com profissionais da drea médica sobre sua caractoristi¢, fizer experimentos com a fisiologia que a explica (ou se recusar a los), seré um pioneiro, Entio que importéncia tem ficar um hiperexcitado de vez em quando? Mantenha a afligdo sob contro siga em frente. TRABALHE COM 0 QUE APRENDEU eaten Pegue uma folha de papel e trace uma linha no centro. A esquerd liste todas as coisas relacionadas, mesmo que vagamente, a sua sen bilidade que gostaria de eliminar se tivesse uma pilula mégica p isso. ff sua chance de dar vazto a todas as desvantagens de ser un PAS que incomodam vocé. f também a oportunidade de sonhar com: pilula perfeita de mudanga de personalidade. (Este exercicio ndo d respeito ao uso de medicamentos em momentos de crise, depressaio sentimontos suicidas.) Agora, para cada tépico que escreveu a esquerda, anote 0 que per deria se esse aspecto negativo de sua sensibilidade fosse climinado pela pflula miraculosa, (Como todas as pflulas, a sua nfo pode manter um paradoxo,) Um exemplo niio relacionado & caracteristica: “teimoe sia” ficaria a esquerda, mas som ela vocé poderia perder a “persistén- ia”, que fica a dircita. Se desejar, atribua 1, 2 ou 3 a cada t6pico da esquerda, de acordo. com a intensidade de seu desejo do se ver livre dele (3 para o quo mais deseja). Faga o mesmo a direita, de acordo com seu desejo de conser- var 0 t6pico, Um total muito mais alto a esquerda sugere quo talvex dosoje continuar procurando por uma medicagao que o ajude (ou que ainda tem dificuldade de aceitar-se como é). : Capitulo 10 "A ALMA EOESPIRITO + Onde os verdadeiros tesouros . Seé encontram HA NAS PAS ALGO DE MAIS ANIMICO e espiritual. Ao dizer alma refiro-me a alguma coisa mais sutil que 0 corpo fisico, mas ainda cor. porificada, como os sonhos @ a imaginagdo. O espirito transcende @ engloba a alma, 0 corpo e o mundo. Que papel a alma ¢ o espfrito devem desempenhar em sua Vida? Diversas possibilidades so ontrelagam nestas tiltimas paginas, inchy sive a visdo psicolégica de que estamos destinados a desenvolver a plenitude tio necessdria a conseiéncia humana, Alinal, tem0s pro. fundo talento para perceber conscientemente 0 que os demais igno. ram ou negam, ¢ 6 a ignorincia que osté sempre e repetidamente cau, do danos. Esto capitulo, entretanto, tem também uma parcela de outras vo. ‘208, menos psicolégicas e mais angélicas e divinas. Quatro sinais reveladores Ao buscar essa lembranca, vejo que foi quase tm momento histérico, a primeira reunido de PAS no campus da Universidade da California, em Santa Cruz, em 12 de margo de 1992, Bu tinha anuneii palestra a respeito dos resultados de minhas entrevistas posquisas e convidara todos os que haviam participado, além. dantos © terapeutas interessados, que acabaram revelando também, PAS. A primeira coisa que percebi foi o sildncio que havia na sala que eu iniciasse a palestra. Nao havia pensado no que deveria ‘mas essa tranqiiilidade bem-educada fazia todo 0 sentido. Mas pouco mais que tranqiiilidade. Era um siléncio palpével, pro! como o de uma floresta, Um ambiente puiblico comum se tr ra pela presenga daquelas pessoas. Quando fiquei pronta para comegar, pude sentir a atengao a O assunto interessava a eles, 6 claro, mas senti que estavam de uma maneira que agora associo a todas as platéias compost PAS, Costumamos ser pessoas muito interossadas em idéias, al vendo todos os conceitos e ponderando todas as possibilidades. _mos também pessoas que oferecem apoio, Com corteza tentamos estragar o momento do outro com cochichos, bocejos, nem ent ou saindo da sala em momentos pouco apropriados. Minha terceira observagao vem de meus cursos para PAS. de fazer varios intervalos, inclusive um em que todos ficam junt em siléncio, para descansar, meditar, rezar ou pensar, como cada escolher. Sei, por experiéncia, que certa porcentagem do piiblico dio fica confusa ¢ até mesmo desassossegada em uma situagio assi ‘Com PAS nunea percebi uma hesitacaio sequer. A quarta observagao: cerca de metade das pessoas que entrevi falou principalmente de sua vida anfmico-espiritual, como se cla definisse. Com as demais, quando perguntava a respeito de vida int rior, filosofia ¢ relacionamento com religito ou praticas espirituais, vozes adquiriam subitamente nova energia, como se eu finalment tivesse chegado ao ponte. Os sentimentos de “religitio organizada” eram muito fortes. Ale guns poucos estavam bastante envolvidos, outros mostravam-se insae tisfeitos e até desdenhosos. Mas a religiao nao organizada imporava; ‘gorea do metade deles seguia alguma pratica diéria que os levava {oriorizagio, rumo a um contato com a dimensao espiritual. ‘Voja 0 que tinham a dizer. Reduzido a pequenos trechos, torna-se ‘Tem meditado durante anos, mas “deixa as exporiéncias passarem”, ‘quase um poema. Faz oragoes diarlamente: “Voc® consegue as coisas pelas quais rexa “Bu me exercito, tento viver de forma honesta com minha nature za humana e animal.” Modita diariamente. Nao tem nenhuma “fé” a nao ser de que tudo vai dar certo. Sabe que existe um espirito, um podor maior, uma forga que guia Se eu fosse homem, teria sido josuit “Tudo que vive ¢ importante, existe algo maior, ou sei “Nos somos da forma como tratamos 0s outros, Religiso? Seria confortante conseguir acreditar.” “Taofsmo, a forga em ago no universo: libertar-se da luta.” Comegoua falar com Deus aos 5 anos, do alto das arvores, 6 guia- do por uma voz em suas crises, é visitado por anjos. Rolaxamento profundo duas vezes por dia. “Bstamos aqui para proteger o planeta,” Medita duas vezes por dia, teve “experiéncias ocetinicas, alguns dias de euforia constante, mas a vida espiritual ¢ desenvolvimen- to e exige também compreensio.” “Bu era ateu até conhecer o Alanon." “Eu ponso em Jesus e nos santos. Sou invadida por ondas de sen- timentos espirituais." Medita, tem visbes, seus sonhos a enchem de “energia radiante”, “Muitos de meus dias sio repletos de graga e jibilo irrosistiveis.” {ual e percepeiio de tudo isso, Essas slo para mim quatro fortes evidincias do que nés, a classe dos consolheiros reais, somos a classe "clerical", que oferece A sociedado um tipo inefiivel de sustentagao, Nao tenho a presun- (glo de defini-la, mas posso arriscar algumas observagdes. ‘Aos 4 anos de idade ouviu uma voz prometer que sempre dela. Diz quea vida éboa, em geral, mas nao 6 confortivel. A vida 6 aprender a respeito de Deus. Ela forma o carater. “Sinto atracao e rejeigdo pela religiao de minha infancia, mas A criagao de um espaco sagrado pre me vi tocada pela transcendéncia, pelos mistérios, ¢ no que fazer a respeito disso.” Gosto da maneira como os antropélogos falam de lideranga ritual e ospago ritual’, Os Ifderes rituais criam para 0s outros as experiéncias que 86 podem ocorrer em um espago ritual, sagrado ou de transicio, a parte do mundo, Experiéncias nesse tipo de espago so transformadoras oferocem sentido. Sem elas a vida torna-se vazia e banal. O Ifderritual dlemarca e protege esse espaco, prepara os demais para que nele en- trom, guia-os enquanto esto lé ¢ ajuda-os a voltar para a sociedade compreendendo o sentido correto da experiéncia, Elas tm tradiciona Inente sido de iniciagao e marcam as grandes transicdes da vida—para idade adulta, o casamento, a paternidade ou a maternidade, a velhice © a morte. Outras siio dedicadas @ cura, a visio ou revelagiio que dé irecionamento ou conduz.a pessoa a maior harmonia com o divino. (Os espagas sagradlos hoje em dia tornam-se rapidamente mundanos Para sobreviver, necessitam de muita privacidade e cuidados. Podem sor criados tanto em consult6rios de psicoterapia como em igrejas, junto em reunides de homens ¢ mulheres insatisfeitos com sua rel ido como em uma comunidade que celebre sua tradigao. Padem sor jgualmente sinalizados por uma ligeira mudanga de assunto ou tom do conversa como pelo ato de vestir um paramento xaménico oudese- nhar um circulo cerimonial. As fronteiras dos espagos sagrados so atualmente mutdveis, simbélicas e raramente visiveis. Enquanto certas experiéncias negativas fazem com que algumas cejeitem qualquer coisa que tente parecer Sagrada, a maioria sen- se em casa nesses espagos. Algumas 0 geram espontaneamente em 1edor. Por isso, com freqtiéncia assumem a vocagio de crid-lo para os outros, ¢ isso faz das PAS uma classe sacerdotal no sentido de ser os que criam ¢ mantém os lugares sagrados nostes agressivos tempos dos uerreiros seculares. Muitas experiéncias religiosas. A mais pura foi quando seu nasceu. Ultrapassou a religifo, foi direto a Deus (através da meditag © aos necessitados. Pratica com um grupo um método espiritual da Indonésia, cando e cantando para alcangar um “estado natural de exist profundamente bem-aventurado”. Reza todas as manhas por meia hora, refletindo sobre o dia ant © 0 que comega: “O Senhor nos dé compreensio, nos mostra 0 caminho”, “Actedito que quando renascemos em Cristo nos sao dadas hal dades para desenvolver, para poder viver na gléria de Deus.” “As verdadeiras experiéncias religiosas manifestam-se na vida ria sob a forma de confianga em que tados os eventos virao ps bem.” “Sou budista-hindu-pantefsta: tudo acontece como deve ser, vemos ser alegres a todo custo e caminhar cercados de beleza. “Freqiientemente sinto-me unido ao universo.” Aquilo em que somos bons: para o que serve? Mencionei quatro experiéncias que tenho tido repetidamente com silencio profundo e espontineo que cria uma espécie de sagrada pi ca coletiva, comportamento atencioso, direcionamento animi A pratica da profecia uta forma de encarar as PAS como “sacerdotes” ver da pi Marie-Louise von Franz, que colaborou intimamente com Ela escroven a respetto daqueles que os junguianos denomin pos intuitivos introvertidos®, na maioria PAS, (Desculpo-me cluir por alguns momentos aqueles que sabem nao pertencer a sos grupos ou a nenhum deles.) Otipo intnitivo introvertido toma mesma capacidade qi 6s intuitivos extravertidos dle farojar o futuro. (...) Mas s ‘intuigao 6 voltada para o interior, ¢ ole é principalmente: tipo de profeta religioso ou vidente, Em nivel primitivo, 6 xama que conhece os planos dos deuses, dos fantasmas @ dos esp{ritos ancestrais ¢ transmite suas mensagens para a tribo. (...) Ele conhece os lentos processos que ocorrem no inconscionte coletivo, “Hoje muitos sao artistas ¢ poetas, e nao profetas e videntes, ¢ p zem um tipo de arte que Von Franz diz. ser “geralmente compree! apenas pelas geragies futuras como representagao do que se proce: no inconsciente coletivo de seu tempo”. Mas os profetas tradici mente dao forma a religido, nao a arte, ¢ todos podemos ver que muito estranho esté acontecendo com a religiao em nossos dias. Pergunte a si mesmo se o sol nasce no este. Veja como se sent respeito de sua resposta “errada”, Porque, afinal, vocé esté errado. O no nasco. E a Terra que gira. E 6 isso que vale a experiéncia pessoal ‘nao podemos confiarnela, ou assim parece. S6 podemos confiarna cié A ciéncia tem triunfado como “a melhor forma de saber todas coisas”. Mas nao esté preparada para responder as grandes quest espirituais, filos6ficas e morais, E assim nos comportamos como elas nao fossem importantes. Mas sao. E esto sempre sendo respot didas, implicitamente, pelos valores ¢ comportamentos da sociedad — que a cidncia respoita, ama, tome @ abandona para definhar se teto nem pao. Quando alguém aborda esas questes explicitamente, 6 quase sempre uma PAS. ‘Atualmente, porém, nem mesmo as PAS sabem com certeza como vivenciar ou acreditar em coisas que nao podem ser vistas, principal- mente considerando tudo em que um dia acreditaram e a ciéncia pro- vou nao ser verdade. Dificilmente podemos acreditar em nossos sen- tidos, que diré em nossas intuigdes, quando 0 proprio fato de que o sol nasce é um tolo engano humano. Vejam todos os dogmas sobre os quais 0s sacordotes o clero sempre insistiram. Quantos deles estao “comprovadamente errados” e—pior ainda —revelaram-se a sorvigo apenas de interessos proprios? ; ‘Nem tudo aquilo que abalou a fé veio diretamente da igreja, H4 também a comunicagio ¢ as viagens. Se eu acredito no paraiso ¢ al- guns bilhdes de pessoas do outro lado do mundo acreditam em reen- ‘carnagdo, como podemos estar todos corretos? Se uma parte de minha roligifo estiver errada, o resto estaré também? Os estuclos comparati- vos das religides nilo provam que tudo 6 s6 uma tentativa de encon- trar explicagdes para os fendmenos naturais? Além disso, ndo hé a necessidade de consolo em face da morte? Entio por que nio viver sem essas suporstigées e muletas emocionais? Além disso, se existe tum Deus, como explicar todos os problemas do mundo? Jé que ostamos falando nisso, explique por que tantos desses problemas foram ¢ sto causados pola religiio. Assim falam as vozes otticas, Existem muitos motivos para afastar-se da religiso. Algims con- cordam com os céticos. Alguns se mantém ligados a algum tipo de forga abstrata ou divindade. Alguns agarram-se mais firmemente que nunca a suas tradigées, tornando-se fundamentalistas. Outros rejei- tam os dogmas como a origem dos grandes problemas do mundo, mas aprociam os rituais ¢ alguns preceitos tradicionals de sua religigo, ha finalmente a nova geragio de seros religiosos que buscam a exporién- cia direta om vez dos ensinamentos das autoridades. Ao mesmo tem- po, sabem que por alguma razdio outros tm experiénctas diferentes, portanto nfo proclamam a sua como a verdade. Podem ser os primei ros humanos a viver com um conhecimento espiritual direto que re- conhocem fundamentalmente incerto. Existem PAS em todas as categoria. Mas acredito, baseada em minhas entrevistas e meus cursos, que a maioria estoja no tltimo geu- 8 SENGIMLIO ADE AU FAVOR po. Como exploradores cientistas, cada um experimenta uma desconhecida e volta para relatar. No entanto, muitos hesitam em relatar, Todo esse assunto de. gifio, conversfo, cultos, gurus e crengas na Nova Era pode ser to fuso. Todos nés jé nos sentimos constrangidos por alguns seres nos, nossos semelhantes, que carregam panfletos e tém um fanético nos olhos. Tememos ser vistos dessa maneira também, A PAS ja tém sido suficientemente marginalizadas por uma cultura valoriza mais o fisico do que a alma ¢ espfrito. ‘Mas a Hist6ria precisa de nds. O desequilibrio entre os segment dos conselheiros reais @ dos reis guerreiros sempre foi perigoso, perigo 6 maior quando a ciéncia nega a intuigao ¢ as “grandes tes” sio respondidas sem reflexao, de acordo apenas com 0 que conveniente no momento. Sua contribuigo nessa drea 6 mais necessdria do que em qualg outa Escreva os preceitos de sua religiio Quer sua religito seja organizada, quer nao, tem alguns preceitos. giro que vocé os escreva imediatamente se possivel. O que vocé at 1a, em que acredita ou o que sabe por experiéncia? Como membro da classe dos conselheiros reais, 6 importante ser capaz de expressar isso. em suas palavras, Depois, se sentir que alguém pode ser beneficiado, comunique & pessoa 0 que escreveu. Caso nao deseje comprometer-se- nem ser dogmatico, faga do sua incerteza e de seu desejo de nao ser um progador o primeiro dos preceitos. Ter crengas nao significa que elas sejam imutaveis nem absolutas, muito menos que devam ser im- postas a alguém, Como inspiramos os outros na busca do sentido da vida Se vocé considera o papel de profeta pouco confortével, eu nfo o cul- po. Mesmo assim, em uma “crise existencial”, poderd se ver levado a subir em um caixote ou até mesmo a um piilpito, Isso aconteceu com AAA HO ESHRITO: 259 Victor Frankl, um psiquiatra judeu aprisionado em um campo de con- centragio nazista, Em seu livro Man's search for meaning, Frankl (obviamente uma PAS) descreve como era com freqiiéncia chamado a inspirar seus com- panheiros de campo, como compreendia intuitivamente suas neces- sidades e quéio desesperadamente precisavam dele. Observa também que sob aquelas circunstancias terriveis 0s prisioneiros que conseguiam apreender uns com os outros algum sentido na vida sobreviviam me- Ihor psicologicamente e, por conseqiléncia, fisicamente também: ‘As possoas sensiveis que estavam acostumadas a uma vida intelectual rica podem ter sofrido grande dor (muitas tinham constituigio delicada), mas o dano A vida interior foi menor Elas eram capazes de fugir de set tertivel ambiente para uma vida interior de riquezas e liberdade espiritual. $6 assim 6 possivel explicar o aparente paradoxo de alguns prisionei- ros fisicamente menos resistentes terem sobrevivido melhor a0 campo que os de naturoza mais robusta, Para Frankl, o sentido nem sempre 6 teligioso. Nos campos, des= cobriu que algumas vezes sua razo de viver era ajudar os demais, Em ‘outros momentos, era o livro que estava escrevendo em retalhos de papel ou seu profundo amor pela vida. Etty Hillesum 6 outro exemplo de PAS que descobriu um sentido ¢ 0 compartilhou com outros naqueles mesmos tempos dificeis. im seu did riof, escrito em 1941 1942 em Amsterdii, podemos vé-la Iutando para compreender e transformar sua experiéncia histérica e espiritualmente —mas sempre no fntimo, Uma suave © trangiila vit6ria pessoal do espf- rito lentamente cresce de seu medo ¢ Stas diividas, Podo-se também per- cober em sua narrativa que muitas pessoas nola encontraram um profun- do conforto. Suas tiltimas palavras, escritas em um podaco de papel Jangado de um caminhfo de transporte de gado quo se dirigiaa Auschwitz, so talvez minhas favoritas: “Deixamos es campos cantando”, Etty Hillesum tinha forte inclinagdo pela psicologia de Jung e pela poesia de Rilke (ambos PAS). A respeito de Rilke ela escreveu: avon Eestranho pensar que (...) (Rilke) seria alquebrado polas circunstancias em que vivemos agora. E isso ndo seria mais uum testemunho de que a vida 6 equilibrada com precisiio? Nao 6a evidencia de que, em tempos de paz e sob circunstiin= clas favordveis, os artistas sensiveis podem buscar entre seus pensamentos mais profundos as expressées mais puras @ adequadas para que em tempos mais turbulentos e desafiado- res outros tenham a possibilidade de buscar neles apoio @ prontas respostas para suas questdes perturbadoras? Uma resposta que j4 ndo podem formular, uma vez que toda a sua energia est voltada para a satisfagfo das necessidades bi cas. Infelizmente, nos tempos dificeis, nos inclinamos a me- nosprezara heranga espiritual de artistas de uma época “mais facil” perguntanda: “Que utilidade esse tipo de coisa tem para nés agora?” Essa 6 uma reac compreensivel, mas de limitada visio. E extremamente empobrecedora’. Em qualquer época o sofrimento toca, em algum momento, a vi de todos. Como vivemos esse momento, e como ajudamos os outros vivé-lo, torna-se uma das grandes oportunidades criativas e éticas pi as PAS. N6s, as PAS, fazemos a nds mesmos e aos outros um grande d servigo quando nos julgamos fracos em comparagio com os guerreiros, Nossa forca ¢ diferente, mas quase sempre mais poderosa, Muitas vee 288 60 tinico tipo de forga que consegue lidar com o sofrimento eo mal, Isso certamente exige igual coragem ¢ cresce com um tipo proprio de treinamento. E nJo esta sempre relacionado a tolerancia, a aceitagiio e & descoberta de sentido no softimento, Hi momentos em que agdes de grande habilidado e estratégia se fazem necessirias, Em uma gelada noite de inverno, durante um blecaute, num barra- cio repleto, prisioneiros desesperados pediram que Frankl Ihes falas- so na escuridiio, Sabia-se que muitos planejavam suicidar-se. (Além da desmoralizacao trazida pelo suicfdio, todos no barraciio eram pus nidos quando isso acontecia,) Ele recorreu a toda a sua habilidade de psic6logo para encontrar as palavras adequadas, e falou, Quando as luzes voltaram, os homens o cercaram para agradecer, com ldgrimas nos olhos. Uma PAS havia ganhado seu proprio tipo de batalha. Nés lideramos a busca da plenitude Nos capitulos 6 e 7 descrevi 0 processo de individuago em termos do conhecimento das vozes interiores. Dessa forma voc® encontra 0 prOprio sontido da vida, sua vocagao. Como escreveu Marsha Sinetar em seu livro Ordinary people as monks and mystics: “O segredo da persona- lidade plona (...) 6 esse: aquele que encontra o que é bom para ele mesmo ea isso se agarra torna-so pleno”. Bu acrescentaria apenas que aquilo a que nos agarramos niio 6 um objetivo fixo, mas um process. Oque Prec sa ser ouvido muda de dia para dia, de ano paraano. De forma semelhanto, Frankl sempre se recusou a comentar um tinico sentido da vida. Porque o sentido da vida difere de um homem para ou- ro, de dia para dia de hora em hora (..) Entender essa questo em termos gerais seria como perguntar ao campedo | de xadrez: “Diga, mestre, qual ¢ a melhor jogada do mun- do?” Simplesmente no existe nenhuma jogada melhor, nem mesmo boa, isolada de uma situagdo particular do jogo (--) Nao se deve procurar um sentido abstrato para a vida’ Buscar a plenitude 6 como seguir em efrculos cada ver: menores através de sontidos diferentes, diferentes vozes. Nunca se chega apesar de haver uma idéia cada vex. mais clara do que est no centro. Mas se realmente andarmos em cfrculos haverd pouca chance para a arrogan- cia, pois estaremos pasando por todos os tipos de experiéncia, ff a busca da plenitude, no da perfeicao, ea plenitude deve, por definigao, abranger que é imporfeito. No capitulo 7 referi-mo a tais imperfeicdes ‘como o lado escuro, aquele que contém tudo o que reprimimos, rejeita- mos, negamos @ niio gostamos em n6s, As esctupulosas PAS sio tao cheias de tragos desagradaveis ¢ impulsos pouco éticos quanto qual- {quer um, Quando preferimos nfo obedect-los, como devemos, eles nao se vo completamente. Alguns apenas se escondem nos portes. ‘Ue 4 SrnantioAD 4 su FAVOR A idéia, quando procuramos conhecer nosso lado escuro, 6 Ihor reconhecer nossos aspectos desagraddveis ou pouco manté-los sob vigildncia em vez de langé-los porta afora, “pari pre”, para que depois se insinuem pelos fundos quando nfio ‘mos olhando. Geralmente as pessoas mais perigosas e em maior moralmente falando, so aquelas que tém certeza de que nunea nada errado, que se consideram totalmente virtuosas ¢ no tom a nor idéia de possuir um lado escuro nem de como ele 6. Oconhecimento do lado escuro garante mais do quemaiores de comportamento ético — sua energia traz vitalidade e profundi a personalidade quando integraco de forma consciente. No cay falei a respeito das PAS “liberadas”, ndo-conformistas e altamente tivas. Aprender um pouco sobre o lado escuro (nunca sabemos nem suficiente) 6 a melhor, ¢ talvez tinica, maneira de nos li mos da camisa-de-forga da super-socializagao em que as PAS mi ‘vores recaem na infancia. A PAS atenciosa ¢ ansiosa em agradar existe em voc8 conhoce ¢ conquista a contribuigio da PAS pod manipuladora, auto-onaltecedora ¢ confiantemente impulsiva, um time em que cada um respeita e controla as inclinagdes do ambas — voc — sio algo muito bom para ter no mundo. ‘udo isso faz. parte da busca da plenitude, e as PAS podem esse importante trabalho humano. A plenitude representa um ap especial para as PAS porque nasceram no extremo de uma dimer —a dimonsio da sensibilidade. Além disso, em nossa cultura apenas somos minoria, mas também considerados longe do ideal. Poi Parecer que deveriamos migrar para 0 outro extremo, deixando nos sentir fracos, inferiores e prejudicados e passando a ser fortes superiores, E este livro encorajou um pouco essa mudanga até agot Achei que era uma compensacdo necesséria. Mas para muitas PAS desafio real é alcangar o meio. Niio mais “timido demais” nem “sonst vel demais", nada demais. Apenas normal. A plenitude é um assunto central para as PAS também em relagio | vida espiritual ¢ psicoldgica porque muitas vezes ja somos bons niss0, ‘Mas se persistirmos nisso excluindo todo o resto estaremos sendo uni-| laterais. Para nés 6 dificil enxergar que a coisa n ‘or monos espiritual, a atitude psicoldgica mais perspicaz pode ser uma proecupacio menor com as percepgdes psicoldgicas. Buscar a plenitu- lo, © niio a perfeigao, talvez seja a tinica forma de compreender essa Além dossas duas consideracdes gerais, 0 caminho da plenitude 6 inuito pessoal mesmo para as PAS. Se nos mantemos interiorizados, remos tentados ou forgados a buscar 0 exterior. Se temos vivido no mundo exterior, teremos de nos interiorizar. Se nos protegemos com rmaduras, teremos finalmente de admitir nossa vulnerabilidade, Mas ho temos sido timidos comegaremos a nos sentir mal intimamente até conseguir ser mais incisivos. Com respeito as atitudes junguianas de introversdo e extroversio, muitas PAS precisam ser mais extrovertidas para tornar-se mais plenas. Bu ouvi dizer que Martin Buber, que escreveu com tanta elogiiéncia @ respeito do relacionamento “cu-tu”, teria dito que sua vida mudou no dia em que um jovem 0 procuron pedindo ajuda, Buber estava ocupado demais, meditando ¢ sentindo-se santo, para dar ouvidos ao jovem. Pou- 0 tempo depois, o visitante morreu em uma batalha. A devogiio de Buber atitude “eu-tu” nasceu no momento em que ficou sabendo da noticia e percebeu a unilateralidade de sua solidao espiritual introvertida. A busca da plenitude pelas quatro funcdes Ninguém, repito, alcanga a plenitude. A vida incorporada do ser hu- mano tom limites, nao podemos ser completos, ao mesmo tempo huz © sombra, macho ¢ fémea, conscientes e inconscientes. Acredito que as possoas podem experimentar relances de plenitude. Muitas tradi- goes descrevem experiéncias de consciéneia pura que ultrapassam 0 pensamento e sua polarizagao. Ela pode ser alcangada através da me- ditagao, uma conscientizagio permeada desse sentimento pode ser 0 fundamento de nossa vida. Mas quando atuamos no mundo imperfeito, usando nosso corpo imperfeito, somos simultaneamente perfeitos ¢ imperfeitos. Como se- res imperfeitos, estamos sompro vivendo apenas uma metade de qual- ‘quer polaridade. Por algum tempo somos introvertidos, e ento precisa- © TRMRAT o esrivro 6s ‘mos nos tornar extrovertidos para alcangar o equilibrio, Por algum te! po somos fortes, depois procisamos ser fracos e descansar, © mu nos obriga a ser de uma tinica forma limitada a cada momento, iio pode ser vaqueiro e bombeiro.” Nosso corpo também impoe limites. Tudo 0 que pademos fazer 6 tentar voltar sempre ao equi Com freqiiéneia a segunda motade da vida equilibra a prim ‘Como se tivéssemos ficado cansados ¢ entediados com certa forma or © tentdssemos 0 oposto. A pessoa timida transforma-se em ci diante. Aquele que se devotava a servir esgota-se e passa a questi ‘como se tornou tao “co-dependente” Em geral, qualquer que seja nossa especialidade particular, 6 pr 80 equilibré-la pelo oposto, aquilo em que no somos bons ou ter medo de tentar. Uma polaridade que os junguianos mencionam sia. ‘duas formas de assimilar informagao, através dos sentidos (apenas os fatos) ou da intuigao (o significado sutil dos fatos), Outra polarida so as duas formas de decidir sobre as informagées que assimilamos, através do pensamento (com base na ldgica au no que parece ser a ver= dade universal) ou dos sentimentos (com base na experiéncia pessoal @ hho que parece ser bom para nds ¢ para aqueles que nos importam). ida um de nds tem sua especialidade entre essas quatro “fune gdes” — sensagiio, intuigdo, pensamento e sentimento®. A das PAS” geralmente ¢ a intuigto (0 pensamento o os sentimentos também so comuns). No entanto, se voce for introvertido — como sio 70% das PAS —, usard sua especialidade principalmente na vida interior. Apesar de existirem testes para determinar a especialidade, Jung acreditava que a observagao cuidadosa era melhor para detectar em que fungdo somos piores. Essa 6 a fungao que geralmente nos humi- tha, Vocé se sente como um amador quando tenta pensar logicamente? Quando deseja determinar seus sentimentos pessoais em relagéo a alguma coisa? Quando precisa intuir o que se passa om um nivel su- til? Quando precisa ater-se aos fatos e detalhes sem elaborar, criar ‘nem viajar por reinos imagindrios? Ninguém consegue ser igualmonte habilidoso no uso de todas as quatro fungdes. Mas, de acordo com Marie-Louise von Franz, que es- creveu um longo ensaio sobre o desenvolvimento da “funcao inferior", ‘© trabalho de fortalecimento dessa parte fraca ¢ um caminho particu Jarmente valioso em diregao a plenitude. Ele nos poe em contato com aquilo quo esta enterrado no inconsciente, e assim conseguimos maior sintonia com a totalidade. Como os irmaos mais novos e tolos dos contos infantis, essa 6 a fungao que traz. 0 ouro para casa. Se voce for do tipo intuitivo (mais comum entre as PAS), sua fun cio inferior pode ser a dos sentidos — ater-se aos fatos, lidar com 08 dotalhes. Os limites dessa funcao revelam-se de forma individualiza- da, Eu, por exemplo, me considero bastante artistica, mas de maneira intuitiva. Tenho facilidade com as palavras, embora tenha idéias de- mais e fale muito. Acho dificil ser artistica de forma mais concreta, Jimitada — decorar uma sala ou um consult6rio, decidir 0 que vestit, Gosto de me vestir bem, mas geralmente acabo usando 0 que outras pessoas compraram para mim, Em ambos os casos o verdadeiro pro- blema estd no fato de ser avessa a fazer compras. Existem tantas col- sas que me estimulam e confundem, além de ter de tomar uma deoi- sdo. Tudo isso —o estimulo sensorial, as questdes préticas eas decises —geralmente é muito dificil para um intuitiva introvertido. alguns intuitivos sao excelentes consumidores. Eles conseguem ver as possibilidades que outros ignoram — como certo objeto vai ficar em determinado ambiente. f dificil fazer generaliza- des a respeito das coisas em que os intuitivos sao bons. Mais facil 6 pensar no estilo. Matemética, culinéria, leitura de mapas e adminis tragio de negécios — cada uma dessas coisas pode ser feita intuitivae mente ou “de acordo com o manual”. Von Franz, comenta que os intuitivos sito levados com maior fire éncia pelas experiéncias sensoriais — mtisica, comida, dlcool ou drogas e sexo". Siio pessoas que perdem todo o bom senso em relagiio 4 essas coisas, Mas sto intuitivas também a esse respeito, enxergando o sentido além da superficie. Na verdade, 0 problema de tentar entrar em contato com a fungao inferior, nesse caso 0s sentidos, esté no fato de que a fungaio dominan= te muitas vezes se sobrepae. Von Franz d 0 exemplo de um intuitive que comega a trabalhar com argila (uma boa escolha para o desenvol- vimento dos sentidos por ser to concreta), mas se deixa levar pela Por outro lade ‘A RENGINLIDADE A BHU AVG idéia de como seria bom'" se 0 trabalho com argila fosse ensinado. todas as escolas, como o mundo inteiro seria diferente se todos m: lassem a argila todos os dias e como ali no microcosmo da argila pode ver tao bem 0 universo inteiro, o sentido da vidal Talvez devéssemos trabalhar nossa fungao inferior princip. to na imaginagdo ou como uma brincadeira muito particular, Mas, acordo com Jung e Von Franz, dedicar tempo a esse trabalho 6 verdadeiro imperativo ético. Grande parte do comportamento col vo irracional que vemos envolve pessoas que projetam suas func inferiores nos outros ow ficam vulnerdveis aos apelos que a midia e Ifderes manipuladores fazem a essa fungao inferior para exploré-l Quando Hitler incentivou o édio dos alemaes contra os judeus, isso apelando para a fungo inferior do grupo particular para 0 qui falava’*, Quando falava para os intuitivas, aqueles com fungao senso= rial inferior, descrevia os judeus como magnatas das financas e cruéis. manipuladores de mercados. Os intuitivos siio em geral pouco priti« cos ¢ inoficientes para fazer dinheiro (inclusive os intuitivos judous) © podem facilmente sentir-se inferiores © envergonhados por seu fra co senso para nogécios — a um curto passo de sentir-se vitimas de qualquer wm que soja melhor nisso do que eles. Como 6 conveniente culpar alguém pela prépria falha! Para os tipos sentimentais, com o pensamento como fungao inferior, Hitler retratava os judleus como intelectuais insensiveis. Para o grupo yoltado para 0 pensamento, com fungao sentimental inferior, ele die zia que os judeus estavam buscando de forma egofsta os proprios inter tresses, sem ética racional universal. E, para os tipos sensoriais, coma intuicao como funcao inferior, os judeus eram acusados de deter co- nhecimentos e poderes intuitivos secretos e mégicos. Quando conseguimos identificar as reagées inferiores da fungao inferior — 0 “complexo de inferioridade”—, somos capazes de por fim a esse tipo de acusagio. Assim, 6 parte de nosso dever moral reco- nhecer exatamente que néio somos inteiros. E as PAS, repito, podem sobrossair nesse tipo de trabalho interior. Aan eo esritero 267 Os sonhos, a imaginagéo ativa e as vozes interiores A busca da plenitude no sentido junguiano encontra também ajuda nos sonhos e na “imaginagao ativa” aliada a esses sonhos, ¢ ambos por sua ‘yez.nos ajudam a dialogar com nossas vozos interiores ¢ nossas partes rojeitadas. Em meu caso os sonhos tém sido mais que meras informa: ‘¢Ges vindas dos inconsciente. Alguns literalmente me salvaram em tem pos de extrema dificuldade. Outros forneceram informagdes que eu, meu ego, simplesmente nao poderia ter. Outros ainda predisseram ou coincidiram com certos acontecimentos de maneira inexplicével. Eu toria de ser uma pessoa muito teimosa e cética para nao aceitar (por mim mesma e por mais ninguém) que alguma coisa me guia. ‘Os naskapis so nativos americanos que viver em pequenas fa~ inflias espalhadas por toda a regiao do Labrador’. Assim, ndo desen= volveram rituais coletivos. Em lugar disso, acreditam em um Grande Amigo que entra em cada pessoa que nasce para Ihe dar sonhos titeis, Quanto mais virtuosa a pessoa (e a virlude engloba o respeito pelos sonhos), maior ajuda receberé do Amigo. Quando perguntam qual 6 minha religido, creio que algumas vezes deveria responder: “ naskapi”, Anjos e milagres, guias espirituais e sincronismo ‘Até aqui discuti a espiritualidade das PAS em relagao a lideranga es- pecial na busca humana do espago ritual, 4 compreensio religiosa, a0 sentido existencial ea plenitude. Alguns de voces podem estar imagi- nando quando irei falar a respeito de suas experiéncias espirituais mais significativas — visdes, vozes, milagres ¢ relacionamento pessoal intimo com Deus, anjos, santos ou guias espirituais. AS PAS tém essas experiéncias em abundancia. Parecemos ser espe- cialmente receptivos a elas. E essa receptividade parece crescer em cer tos momentos da vida — quando fazemos psicoterapia profunda, por exemplo. Jung c! \s experiéncias de sincronismos, posstveis por um “princfpio de relagiio nao causal”, Ele defendia o fato de que, além das relagdes que conhecemo’ (0 objeto A exerce forga sobre 0 objeto B), alguma forga (ainda) no mensurdvel também faz, relagies amava essa entre as coisas. Elas podem, portanto, influenciar umas ds outras tancia. Podem estar préximas, mas de outra forma, nao fisica. Quando objetos, situacées ou pessoas estio ligados virtualm: Porque se harmonizam, isso implica uma organizagao invisivel — guma inteligéncia, plano ou talvez. uma ocasional intervengao di compassiva. Quando meus clientes relatam um acontecimento assi tento gontilmente indicar que algo muito significativo aconteceu (aj sar de deixar que a pessoa decida o seu sentido). Aconselho tam ue registrem tais fatos para dar corpo a um acorvo de evidéncias 4 merecom atengiio menos ortodoxa. Sem isso, tais fatos serdo sot ddos pelas coisas mundanas, ridicularizados polo ceticismo interior abandonados a orfandade por falta do “explicagdes légicas”, Esses so, repito, momentos essenciais que as PAS estdo especi mente aparelhadas para desfrutar e dominar. Nos processos de luto ¢ de cura, que podem ser um amplo aspecto da vida conscientizada, eles apon« tam o que esta além do softimento pessoal ou o sentido que isso carrega, lum sentido que algumas vezes perdemos a esperanga de encontrar. ASSUMA A TAREFA DE PREPARAR O TERRENO ANiMICO-ESPIRITUAL Convido vocé a manter, por apenas um més, um didrio espiritual, um {estemunho de todos os pensamentos e experiéncias relacionados ao ter- ‘eno imaterial. Registre, todos os dias, intuigdes, humores, sonhos, pre= G05 e todos os pequenos milagres e “estranhas coincidéncias”. Nao pre- isa ser nada elaborado nem elogiiente. Deve apenas tornd-lo uma testemunha do sagrado — parte de uma longa tradigdio de escritores de didrios que abrange Victor Frankl, Ety Hillesum, Rilke, Buber, Jung, Von Franz e tantas outras PAS, seus semelhantes, ss Niwa vo srinto 0s visitantes de Deborah ‘Uma série de sincronismos comegou para Deborah com uma tem pestade de neve, rara nas montanhas de Santa Cruz. Durante nossa entrevista ela recordou que na época estava “deprimida, morta, presa ‘um casamento ruim". Por causa da neve, seu marido nfo conseguitt voltar para casa, A noite, pela primeira vez desde 0 casamento, Em lugar disso, um estranho bateu a porta pedindo abrigo. Por alguma’ razao ela nfo hesitou em deixar que entrasse, ¢ eles se sentaram em frente ao fogo conversando sobre assuntos esotéricos até tarde. Bla escreveu 0 que acontecen depois: Ouvi um silvo muito alio e senti wm grande vazio na ca- bega, entéo soube que ole estava fazendo alguma coisa co- ‘igo, mas nao senti medo nenhum. Depois de um perfodo indeterminado de tempo (provavelmente alguns segundos ou minutos), tudo voltou ao lugar em minha mente, eo zum- bido parou. Bla nao comentou nada com o estranho. Mais tarde um vizinho veio e convidou o homem para passar a noite em sua casa, O estranho aparontemente partiu no meio da noite — nfo havia sinal dele a0 amanhecer. ‘Mas, depois que a tempestade passou e as estradas fo- ram abertas, rompi o casamento e tomei o longo caminho, tolalmente diferente, em que estou agora. Minha terrivel de- pressdo terminou naquela noite e minha antiga energia eo bom-astral voltaram. Por isso sempre acreditei que ele devia ser um anjo. Dois anos depois ela recebeu a visita de uma eriatura ainda mais peculiar, Uma noite meu gato miou e pulou das minhas pernas para a porta, ¢ eu abri os olhos alarmada, instantaneamente desperta. Ali aos pés da cama estava uma “crialura” de cer ca de um metro e vinte, sem cabelos, vestida com una espé~ cie de segunda pele e de feigdes minimalistas: fendas em Jugar dos olhos, buracos em vez de nariz, nenhuma orelha, A sua volta havia uma estranha luz feita de cores que eu nao reconheci. Bu ndo senti nenhum medo. Ele transmitiu-me 0 pensamento: “Nao tenha medo. Estou aqui apenas para observd-la”. E eu respondi: “Bem, néo sei se sou capaz de lidar com isso, entdo vou voltar a dormir”. E, surpreenden- temente, foi o que fiz Pola manha Deborah ainda se sentia perturbada e naio comentou exporiéncia com ninguém. Mas depois disso sua vida sofreu uma funda guinada espiritual e “uma série de eventos misteriosos e mara+ vilhosos passou a ocorrer, s6 parando depois de varios anos”. Parte dessa fase mais mfstica levou ao envolvimento com um pro- fessor espiritual carismstico mas instdvel — um dos que descrevi no capitulo 8 que, tendo evolufdo de forma irregular, brilhava muito “no, andar de cima”, mas era sombrio “no térreo”, onde os aspectos prétis Cos e espirituais devem cooperar nas decisies éticas da vida real. Per. cebendo claramente 0 poder dele, ¢ apenas vagamente as fraquezas que tinha e o perigo em que ela mesma se encontrava, Deborah rezou Pedindo para ser guiada: “Se realmente existem anjos da guarda e eu tiver um, por favor, faga-me saber que est por perto” E foi para o trabalho, em um livraria. Ao cruzar a porta de entrada da loja ela viu no chao um livro que havia cafdo de uma das mesas. Quando pegou o livro sentiu o impulso de abri-lo e 0 q) poema chamado “O anjo da guarda”, que comegava as tem um anjo da guarda, ele... Ainda assim ela continuow a seguir o lider espiritual durante bom tempo, mesmo quando ele pediu que todos os seguidores Ihe dessem tudo © que possufam. Dopois disso, sentiu muitas vezes que queria partir, mas no tinha forgas nem vontade de comecar tudo de novo financeiramente. Mas anjo da guarda pareceu lembrar-se dela. Um dia, estando sozinha, rosmungou para si mesma: “Nem um rédio-re- 6gio eu tenho mais!” No dia seguinte, enquanto o grupo fa iu foi um) m: “Sim, vocd Aana £0 esterT0 am passeio no carro que um dia fora sou, ela observou um besouro subin= do uma colina, Pensou tristemente como aquele inseto era mais livre que ela. Mas, em seguida, quanto mais olhava mais percebia que po deria ser igualmente livre e soguiu o besouro. Depois o deixou para ‘nds e foi para seu carro, pois tinham Ihe pedido que dirigisse naquele dia, assim ela estava com as cha Quando entrou no carro para “ir embora om liberdade", deu uma olhada no banco de trés ¢ viu um rédio-relégio do tipo “besouro ne- gro”, exatamente igual ao que doara ao grupo. Quando chegou & casa de uma amiga, percebeu que era seu proprio velho relégio, com o8 arranhdes que conhecia, Ela ndo conseguia imaginar como ele tinha ido parar dentro do carro, Parecia que aquilo, como todo aquele dia, fora obra de seu anjo da guarda. & facil pensar que vocé jamais se envolveria em uma situagao como de Deborah, mas isso acontece com freqiiéncia, especialmente com pessoas de forte motivagio espiritual. Nés procuramos respostas, cer tezas. E alguns possuem esse tipo de certeza, sabem irradid-la e acte= ditam que sua missfo 6 partilhi-la, Eles tém carisma, um ar inogavel, em redor. O problema é que todos os sores humanos so faliveis, mais, ainda quando os outros acreditam que nao sio. Deborah sentiu-se tentada a voltar para esse homem mais de uma ver, Uma amiga avisou quo soria “loca” so fizesse isso. E Deborah rezou pedindo luz. “Se eu estiver pensando de maneira louca, fagae me saber.” E ligou a televisio. Apareceu na tela uma cena muda — absolutamente ne- nhum som — de um filme antigo, 0 tipo de filme dos anos 1950, de um “asilo de loucos” cheio de pacientes obviamen- te pirados! Eu ri alto. Entio me deitei, pedi ajuda ¢ adorme- ci. Quando acordei, “vi” ou senti que estava cercada por um circulo de rosas, cada uma delas protegia uma parte dife- rente de mim, @ senti a presenga de Cristo. Foi a mais tran- qitila folicidade... Na época om que entrevistei Deborah suas experiéncias espirituais, vinham acontecendo cada vez mais em sonhos — talvez uma indica- ied Avon ao de que seus visitantes encontraram uma forma de entrar em tato com ela sem ter de projetar-se como pessoas. Minha experiéncia com sonhos indica que, quanto mais trabalhamos com eles, menor 6 possibilidade de nos encontrarmos em situagdes bizarras, seja em $0 nhos, seja na vida. Quando sua vida espiritual varia como as marés ‘Tenho falaco algumas vezes a respoito da vida antmico-espiritual como um consolo, ¢ acredito que o seja. Mas ela pode ser também oxtromas mente perturbadora pelo menos até aprendermos a por os pés no chao, _ por assim dizer. Nao ¢ facil quando as ondas crescem sobre nds. E as PAS costumam estar no caminho das maiores ondas, talvez, porque sio dificeis de convencer. Lembra-se de Jonas? Terminarei este capi tulo e o livro com a hist6ria de uma PAS muito parecida com ele. Na época desse incidente, Harper, uma PAS altamente inte- Jectualizada (sua fungdo dominante era o pensamento), vivia cronicas mente hiperexcitado. Ele havia passado por quatro anos de psicoterapia junguiana e realmente sabia como falar a lingua: “Sim, Deus 6 bastante real, pois tudo o que 6 psicol6gico ¢ real. Deus 6 nossa projecio psico- 6gica reconfortante do ‘pai imagindrio’”. Harper tinha todas as respos- tas, ainda que com a pitada certa de dhivida, Durante o dia. Anite ele acordava freqtiontemente om depressio profunda, pron- to para suicidar-se. Jé ndo havia incertezas. A luz do dia ele descon- siderava as noites como “nada além do produto de um complexo ma- ternal negativo” que resultara de uma infancia dolorosa e portanto “ndo era uma ameaga real”. Mas entao vinha outra “daquelas noites”, trazendo tanto desespero que sua l6gica e intuigio sé eram capazos de imaginar a morte como solucdo. Alguma coisa dentro dele tentava adiar a execugao da solugao imaginada até que chegasse a luz do dia, quando a pior parte do desespero sempre o deixava. Uma noite, porém, acordou em tal desospero que teve a certeza de néo conseguir resistir até a madrugada. Deitado ali, teve o ponsamen- to muito esponténeo de que a inica forma de continuar vivendo seria tera certeza de que Deus realmente existia ¢ se importava com ele. ‘AA EO ESR Niio como uma projecio, mas como alguém real. O que, naturalmen= to, era impossivel. Era imposs{vel acreditar porque era imposstvel tor cortoza, O que ele desejava era algum “sinal divino”. O pensamento surgitt tio espontancamente quanto o grito de uma pessoa que se afoga. Ele sabia que era uma estupidez. Mas bem diante de seus olhos, ele me disso, surgiu a imagem totalmente espontanes de um acidente de car ro, um acidente pequeno com algumas pessoas paradas em volta, sem forimentos. Esse era o sinal, e aconteceria no dia seguinte. Harper ficou imediatamente desgostoso consigo mesmo por dese= jar de forma tao piegas um sinal de Dous e ter uma idéia caracteristi> camonte negativa do que viria. Sendo uma PAS, ele tinha aversio a situagbes como um acidente, que hiperexcitavam seu corpo e interfe= riam com a rotina. Depois, semi-adormecido ¢ perdido em rumina- Gos sombrias, ole esquoceu aquilo. No dia soguinte o carro quo estava na sua frente na rampa de acess so 8 autopista freou subitamente, e ele também. O carro que vinha atrds soguia-o muito de perto e bateu na traseira. Foi um acidento sobre 0 qual nfo teve nenhuma possibilidade de controle. ‘Mas houve aquela siibita inundagio de sentimento intenso. Nilo foi o acidente. Bu me lembrei da noite anterior.” Ficou maravilhado @ cheio de medo, como se estivesse “olhando diretamente para 0 rosto de Deus”. Oacidente foi sem importancia, ninguém se feriu, e apenas o esca- pamento ¢ o silenciador teriam de ser trocados. Ele, o outro motorista @ 0s passageiros ficaram parados em volta dos carros, recuperando-se © trocando informagdes a respeito das empresas de seguros, exalt mente como na imagem da noite anterior. Cético como era, Harper nao acreditava que desejos conscientes ou inconscientes pudessem tor causado aquilo. Ali estava algo que pertencia a uma categoria to- talmente nova de experiéncias. Um novo mundo. Mas desojaria ole um mundo novo? Sendo uma PAS, nao tinha teza. Por uma semana ficou mais deprimido do que nunca, Durante 0 dia, porém, e nfo a noite. A noite ele dormia bem. Até perceber que cc "URE HexamMtiDAE A MU Hen inconscientemente estava pensando que teria de fazer algo por Deus em troca. Talvez abandonar a carreira e ficar nas esquinas pregando sua 6, E viu que sempre pensara em Deus como alguém que espera que vocé se humilhe em nome Dele, que pague um alto prego por qualquer consolo recebido, que mude toda a sua vida imediatamente, Porcebon também que coorgio e culpa nao pareciam ser a intengio de quom quer que tivesse feito aquilo. Tendo vindo, como viera, em resposta sua negra noite de desespero, o incidente parecia ser uma espécie de con= solo. E Harper comegou a encarar assim o que acontecera. Um conforto, Entio percebeu que, para ser coerente com sua nova experiéncia, teria de deixar de ser tao desesperado ¢ cético. Isso poderia ser muito dificil. Uma responsabilidad acompanhava, afinal, aquela experiéncia, Nesse ponto, totalmente confuso, tentou discutir 0 incidente com algumas pessoas, e uma delas ficou tao perturbada quanto ele. Mas og dois amigos que ele mais respeitava disseram-Ihe que fora apenas uma coincidéncia, “Aquilo me enfureceu, Pelo amor de Deus! Quero dizer, Deus me faz. um favor e supde-se que eu responda: ‘Foi legal, mas na préxima vez quero um sinal que nao tenha nenhuma possibilidade de ser ape- nas coincidéncia’?" Ele estava convencido de que encarar 0 acidente como coincidén- cia era profundamente errado. E decidiu que teria de crescer no ambi- to daquela experiéncia mesmo que levasse toda a vida. Teria de lem- brar-se, Ponderar. Valorizar ao maximo. E maravilhar-se porque ele, que to pouco consolo recebera durante toda a vida, repentinamente fora brindado com um sinal definitivo de amor maior do que a maio- ria dos santos jamais recebera “Que coisa para acontecer a um sujeito como eu”, concluiu, rindo de si mesmo. E, lembrando 0 interesse de minha pesquisa, comple- tou: “Que divina confusio para um sujeito sensfvel como eu”, Nosso valor e nossa parceria Os reis guerreiros nos dizem freqtientemente que ter f6 na realidade do reino anfmico-espiritual é sinal de fraqueza. Eles tomem qualquer nia vo eansto w coisa que enfraqueca sua coragem e seu poder fisico, portanto 86 po dom ver essas coisas como fraqueza dos outros. Mas nés possuimos ‘um tipo diferente de poder, talento @ coragem. Chamar nosso talento para a vida animico-espiritual de fraquoza ou de qualquer coisa ni cida do medo ou da nacessidade de ser consolados é como dizer que o peixe nada por ser muito fraco para andar, que tem uma lamentdvel necessidade de viver na égua porque ¢ medroso demais para voar, ‘Talvez devamos simplesmonte inverter o jogo: os reis guerreitos tém medo da vida animico-espiritual, so fracos demais para ela ¢ niio so capazes de sobreviver sem o conforto da propria visao da realidade, Mas néio temos necessidade de langar insultos se sabemos nosso valor, Sempre chega o dia em que os reis guerreiros ficam felizes por- ‘que temos vida interior suficiente para partilhar com eles, assim como ha dias em que nos sentimos felizes pela especialidade deles. Um brinde a nossa parceria. Que a sonsibilidade seja uma béngio para vooe ¢ para os outros. Que voce desfrute toda a paz @ prazer possivels neste mundo, E que cada vez mais novos mundas possam se abrir para voce com o passar dos dias. TRABALHE COM 0 QUE APRENDEU Faca amizade ou pelo menos as pazes com sua fun Escolha para fazer algo que exia o emprego de sua funedo inferior — de preferéncia nunca experimentado antes e que nao pareca dificil. Se vocé for do tipo sentimental pode ler um livro de filosofia, fazer um curso de Matematica tedrica ou de Fisica, desde que adequado ao seu nivel. Se for do tipo voltado para 0 pensamento, pode ir a um. museu de arte e forgar-se a pelo menos uma vez ignorar o nome da ‘obra e do artista, arriscando apenas uma reacao pessoal perante cada obra. Caso seja do tipo sensorial, pode tentar basear-so na aparéncia. das pessoas que observa nas ruas para imaginar a experiéneia interion, a historia ¢ o futuro de cada uma. Sendo do tipo intuitivo, pode plax nejar as férias colecionando informagGes detalhadas sobre o lugar para, onde vai e decidindo antecipadamente tudo 0 que vai levar e fazen Caso isso soja muito facil para voc8, compre um cquipamento eletré« nico novo — um computador ou um videocassete —, siga o manual de instrugdes para instalé-lo © explore todas as operagdos. Nao vale chamar ninguém para ajudar. Enquanto se prepara gradualmente para a atividade, observe seus sentimentos, suas resisténcias, as imagens que emergem. Nao impor: ta quanto se sinta burro ¢ humilhado por “essas coisas simples que eu nao sou capaz de fazer", Leve sua tarefa a sério, De acordo com Von Franz, isso ¢ equivalente a uma disciplina mondstica, mas personali« vada. Vocé estard sactificando a funcao dominante ¢ trilhando esse outro caminho, mais dificil. Fique especialmente alerta & tentago de deixar a fungao domi- nante assumir o comando, Se for do tipo intuitivo, uma vez decidido © local das férias, mantenha-se firmo, Nao deixe que sua decisdo frégil mas concrota seja ameagada por sua tendéncia a imaginar todas as outras viagens que poderia fazer. Quanto aos aparelhos cletrénicos, fique alerta a tentagio de ignorar 0 manual de instrugdes e comegar a fazer com os botdes e fivs aquilo que parece “ébvio”. Essa seria a in= tuigdo, mas vooé deve ir devagar e compreender cada detalhe antes de assar para a préxima etapa. Dicas para profissionais de saide que trabalham com pessoas altamente sensiveis ‘As PAS intensificam os estfmulos, isto 6, assimilam as sutilezas, Mas ‘experimentam também malor porturbagao em situacdes que outros consideram moderadamente excitantes. Podem portanto, em tm contexto médico, parecer mais ansiosas ou mesmo “neuréticas “Aprossar essas pessoas ou mostrar impaciéncia s6 exacerbaré sua excitagao psicolégica, ¢ naturalmente o aumento da tens&o niio as ajudaré a comunicar-se bem nem a sarar. As PAS geralmente silo muito escrupulosas e cooperam sempre que podem. Pergunte as PAS de que precisam para ficar calmas — siléncio, uma distrago, como uma conversa, ser informadas do que est acontecendo passo a passo ou alguma medicagio. Use a grande intuigao e consciéncia corporal das PAS —seu pacien- te pode ter informagdes importantes. Ninguém ouve nem se comunica bem quando esté agitado. Enco- raje as PAS a trazer companhia que as ajude, a se preparar para a consulta anotando as perguntas e os sintomas, a escrover as instru= "A SENSINLIDADE A S10 FAVOR ‘GGes recebidas ¢ ler para vood no final da consulta, a telefonar caso Jembrem mais tarde outros pontos. (Poucas dessas pessoas abusa 40 disso, e essa “segunda chance” vai diminuir a tenstio das pré= ximas consultas,) Nao se surpreenda nem se aborreca pelo fato de as PAS terem baixo patamar de tolerdncia A dor, melhor resposta a doses “subclinicas" de modicagto ou apresentarem mais efeitos colaterais. Isso faz parte de suas diferengas fisiolégicas, e néo psicolégicas Essa caracteristica nao precisa necessariamente ser medicada, As PAS que tiveram infincia problemética realmente sofrem maior ansiedade e depressio, mas 0 mesmo nao se aplica as PAS que ja trabatharam essa questao ou tiveram uma boa infincia, Dicas para professores de alunos altamente sensiveis Ensinar PAS requer estratégias diferentes das usadas para ensinar outros alunos. As PAS amplificam a estimulagio, o que significa que captam as sutilezas de uma situagio de aprendizado, mas ¢ facil hiperexcité-las psicologicamente. ‘As PAS so geralmente escrupulosas ¢ fazem 0 melhor que po- dom. Muitas so especialmente dotadas. Mas ninguém se desem- penha bem quando hiperexcitado, ¢ as PAS sio mais excitével que 0s demais. Quando estio sendo observadas ou sob qualquer tipo de pressio, quanto mais se esforgam maiores sao as probabili- dades de falhar, o que pode sor bastante desmoralizante para elas Os alunos PAS ficam perturbados ¢ cansados com niveis altos de cestimulagio (por exemplo, uma sala barulhenta) em menos tempo que os demais. Enquanto alguns se retraem, um ntimero significa tivo, especialmente entre os meninos, se mostra hiperativo. Nao superproteja 0 estudante sensfvel, mas quando insistir para que tente coisas dificeis certifique-se de que a experiéncia seja bem-sucedida, Faga concessdes enquanto 0 aluno estiver conquistando sou espa: ¢0 social. No caso de uma apresentagio, procure garantir um ene _ saio ou que possa consultar anotagdes ou ler em voz. alta — algo que baixe a ansiedade e permita que a experiéncia tenha éxito, Nao pressuponha que um aluno que apenas observa soja timido ou esteja com modo, Essa pode ser a explicacdo errada, mas ainda assim pode se transformar em rétulo, Procure conscientizar-se da conotagao cultural que voce dé para a timidez, a introversio, o siléncio e comportamentos semelhantes, Estoja alerta a isso em suas préprias atitudes e nas dos outros alunos. Ensine o respeito as diferengas de temperamento tanto quanto as. outras diferencas. Esteja alerta ¢ encoraje a criatividade e a intuigiio tipicas das PAS, ara aumentar sua tolerdncia as alividades de grupo e sua posig&o social perante os colegas, experimente realizar atividades de dramatizagao ou de leitura dramatica de textos quo os sonsibili- zem ou leia seus textos para a classe. Tenha cuidado para niio os embaragar. Dicas para empregadores de pessoas altamente sensiveis As PAS sao tipicamente muito escrupulosas, leais, vigilantes em relagio & qualidade, boas com os detalhes, de visio intuitiva @ geralmente tém inteligéncia privilegiada, Sao atenciosas em rela- Gio ds necessidades dos clientes e exercem boa influéncia sobre 0 clima social do local de trabalho. Em resumo, sao 08 funciondrios ideais, Toda organizacio precisa de algumas PAS. ‘As PAS intonsificam os estimulos. Isso significa que assimilam as sutilezas, mas também ficam facilmente hiperexcitadas. Portanto, trabalham melhor com menor quantidade de estimulos exteriores. Devem poder contar com siléncio e tranqiiilidade. As PAS nao apresentam bom desempenho quando sao observadas com 0 propésito de avaliagao, Procure outras formas de avaliar seu desempenho, AAs PAS goralmente stio menos socivois durante os intervalos ou ap6s 0 trabalho, pois necessitam desse tempo para digeriz em par= ticular as experiéncias do dia. Isso pode torné-las menos visiveis ou nao tio bem relacionadas dentro da equipe e deve ser levado em conta na avaliago de seu desempenho. As PAS nio costumam apreciar a autopromogtio agressiva e espe- ram ser notadas por sua honesta dedicagio ao trabalho. Nao per- ita que isso o leve a ignorar um funcionario valioso, ‘Uma PAS pode ser a primeira a se perturbar por uma situagiio poue co saudavel no local de trabalho, ¢ isso talvez a faga vista como fonte de problemas, Os demais, porém, também serdo afetados com o decorrer do tempo, ¢ a sensibilidade da PAS pode portanto ajudé- Jo a evitar problemas futuros, Notas bibliograficas Capitulo 1 1 Srmmtav, J. “The concepts of arousal and arousability as used in temperament studies”. In: Temperament: individual differences. Ed, J, Bates eT. Wachs (Washington, D.C.: Associagao Americana do Psicologia, 1994), 117-41. Prom, R. Development, genetics and psychology (Hillsdale, NJ: Erlbaum, 1986). Epwunp, G.; ScHALUNG, D. ; Rissusx, A. “Interaction effects of oxtraversion and neuroticism on direct thresholds”. Biological Psychology 9 (1979), Sruimack, R. “Biological bases of extraversion: psychophysiological evidence”. Journal of Personality 58 (1990), 203-811. Quando nao houver referencias, o ponto apresentado seré oriundo do minhas préprias descobertas. Quando me referir a estudos so- bro introversio ou timidez, estarei presumindo que os sujeitos se- jam em maioria PAS. ‘Koruzca, H. “Extraversion and vigilance performance: thirty years of inconsistencies”. Psychological Bulletin 112 (1992), 239-58. Para quem tem um filho que chora por qualquer coisa. Para quem que se sente ameacado por pessoas intensas. Para quem sente timidez na frente da pessoa que ama. Para quem se sente sensivel demais. Para professores e terapeutas que tém de ajudar pessoas USER Cal. Este livro apresenta algumas opcées para vocé usar a a) sensibilidade. O mundo esta sendo destruido por pessoas - robotizadas. O mundo quer pessoas com afeto e sensibili- dade para ser felizes e criarem felicidade para todos. Ho- mens sensiveis sao valorizados pelas mulheres. Mulheres sensiveis sao valorizadas pelo mercado de trabalho. Pais — Sensiveis escutam seus filhos mesmo no siléncio. As pessoas sensiveis estao em boa companhia, pois um quinto da populacao nasce com sensibilidade exacerbada, e muitos dos grandes artistas e pensadores da Historia eram pessoas altamente sensiveis (PASs). Aqui esta o pri- meiro livro para ajuda-lo a identificar essa caracteristica e mostrar como tirar vantagem dela. A doutora Elaine N. Aron Were ole Me MU Ue MMe tac ul ee recedora. Uma viagem direcionada por nosso interior.

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