Você está na página 1de 3

10 MANUAL DE PESQUISA EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS

a solução de um problema” (LEEDY, 1989, p. 5); “é uma atividade de descoberta


de fato” (DOMINOWSKI, 1980, p. 2); “investigação sistemática, controlada, em-
pírica e crítica de hipóteses sobre relações presumidas entre fenômenos naturais”
(KERLINGER, 1970, p. 8).

Uma definição geral é a oferecida por Walliman (2011, p. 7):

Pesquisa é um termo muito geral para uma atividade que envolve descobrir, de forma
mais ou menos sistemática, coisas que você não sabia. Uma interpretação mais aca-
dêmica é que pesquisa envolve descobrir coisas que ninguém mais conhecia. É fazer
avançar as fronteiras do conhecimento.

Nunan (1992) e Perry Jr. (2017) oferecem definições já apontando para as


fases de uma pesquisa. Para Nunan (1992, p. 3), “pesquisa é um processo de
investigação sistemática, consistindo de três elementos ou componentes: (1)
uma pergunta, problema, ou hipótese, (2) dados, (3) análise e interpretação
de dados”. Se um desses elementos faltar, não haverá pesquisa. Para Perry Jr.
(2017, p. 8), “pesquisa é o processo pelo qual perguntas são feitas, e respostas
buscadas por meio de coleta, análise e interpretação de dados”. Na mesma
direção, Lakatos e Marconi (1991, p. 84-85), com base em Bunge (1980, p.
25), afirmam que uma investigação científica atinge seus objetivos quando
segue as seguintes etapas:

(a) descoberta do problema;


(b) colocação (sic) precisa do problema;
(c) procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes para o problema;
(d) tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados;
(e) invenção de novas ideias (hipóteses, teorias ou técnicas) ou produção de no-
vos dados empíricos;
(f) obtenção de uma solução, investigação das consequências da solução obtida;
(g) prova (comprovação) da solução;
(h) correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na ob-
tenção da solução incorreta.
A principal diferença entre os dois primeiros autores e os últimos é que tanto a
proposta de Nunan (1992) quanto a de Perry Jr. (2007) são abrangentes o bastante
para abrigar as pesquisas qualitativas e quantitativas, mas a de Lakatos e Marconi
(1991) definitivamente privilegia as pesquisas de natureza quantitativa que bus-
cam solucionar problemas.
O QUE É PESQUISA 11

A partir das definições aqui apresentadas, podemos concluir: fazer pesquisa é


uma tarefa de investigação sistemática com a finalidade de resolver um problema
ou construir conhecimento sobre determinado fenômeno.

1.2. Tipos de pesquisa


Os tipos de pesquisa podem ser classificados de acordo com

(1) a natureza;
(2) o gênero;
(3) as fontes de informação;
(4) a abordagem;
(5) o objetivo;
(6) os métodos;
(7) os instrumentos de coleta de dados.

1.2.1. Natureza
Tradicionalmente, a pesquisa é dividida, quanto à sua natureza, em duas ca-
tegorias: básica e aplicada. A pesquisa básica tem por objetivo aumentar o co-
nhecimento científico, sem necessariamente aplicá-lo à resolução de um proble-
ma. A pesquisa aplicada também tem por objetivo gerar novos conhecimentos,
mas tem por meta resolver problemas, inovar ou desenvolver novos processos e
tecnologias.

1.2.2. Gênero
Em relação ao gênero, as pesquisas podem ser teóricas, metodológicas, prá-
ticas, ou empíricas. A pesquisa teórica se propõe a estudar teorias, construir
ou modificar uma teoria ou ainda contribuir com novos conceitos. A pesquisa
metodológica é o estudo de métodos e procedimentos de pesquisa. A pesquisa
prática se caracteriza por intervir no contexto pesquisado se apoiando em co-
nhecimentos científicos, e a empírica se baseia na observação e em experiên­
cias de vida.

1.2.3. Fontes de informação


Quanto às fontes de informação, a pesquisa pode ser primária, secundária ou
terciária. A pesquisa primária se baseia em dados coletados pelo próprio pesqui-
12 MANUAL DE PESQUISA EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS

sador como, por exemplo, um banco de dados criado por ele, notas de campo,
gravações feitas com grupos de alunos aprendendo uma língua.

A pesquisa secundária utiliza dados de pesquisas já divulgadas, o que é típico


da revisão bibliográfica, parte essencial de toda boa pesquisa. É necessário saber
o que já foi investigado antes de partirmos para novas pesquisas. A utilização de
um banco de dados coletados por outro(s) pesquisador(es) é um exemplo de pes-
quisa secundária. Segundo Brown (1988, p. 1), esse tipo de pesquisa pode gerar
“insights criativos e produtivos sobre um tópico”.

A pesquisa terciária se baseia em compilações de fontes primárias e secundárias


e se utiliza da consolidação de informações, como os catálogos de bibliotecas e
listas de leitura. Dois bons exemplos são os diretórios de grupos de pesquisa e os
portais de publicações. O Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil2 é um in-
ventário permanentemente atualizado dos grupos em atividade no País. Por meio
desse diretório, podemos localizar os pesquisadores que trabalham com determi-
nado tema, conferir sua lista de publicações em seus currículos na Plataforma
Lattes3 (outra forma de pesquisa terciária) e localizar os textos (fonte secundária)
que nos interessam nos sites dos periódicos.

Um exemplo de portal bastante utilizado no Brasil é o Portal de Periódicos da


Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior4 (CAPES). Trata-
-se, segundo informação do próprio site, de “uma biblioteca virtual que reúne e
disponibiliza a instituições de ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção
científica internacional”. Em maio de 2019, o portal contava

com um acervo de 45 mil títulos com texto completo, 130 bases referenciais, 12
bases dedicadas exclusivamente a patentes, além de livros, enciclopédias e obras de
referência, normas técnicas, estatísticas e conteúdo audiovisual.

1.2.4. Abordagem
Quanto à abordagem metodológica, a pesquisa pode ser quantitativa, qualitati-
va ou mista.

2
CNPq. O que é. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/web/dgp/o-que-e/>. Acesso em: 14 jun. 2019.
3
Plataforma Lattes. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/>. Acesso em: 14 jun. 2019.
4
CAPES. Missão e objetivos. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br/index.php?option
=com_pcontent&view=pcontent&alias=missao-objetivos&Itemid=102>. Acesso em: 14 jun. 2019.

Você também pode gostar