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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP


DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE
CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

TÉCNICO AUXILIAR DE SAÚDE

UFCD 6558
A ATIVIDADE PROFISSIONAL DO TAS

Índice

Introdução..........................................................................................................................................4

Âmbito do manual.........................................................................................................................4

Objetivos.........................................................................................................................................4

 Explicar a importância de respeitar os princípios de ética no desempenho das suas


funções de Técnico/a Auxiliar de Saúde.....................................................................................5

 Explicar a importância da sua atividade para o trabalho de equipa multidisciplinar....5

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 Explicar a importância de assumir uma atitude pró-ativa na melhoria contínua da


qualidade, no âmbito da sua ação profissional.........................................................................5

 Explicar a importância de cumprir as normas de segurança, higiene e saúde no


trabalho assim como preservar a sua apresentação pessoal..................................................5

 Explicar a importância de agir de acordo com normas e/ou procedimentos definidos


no âmbito das suas atividades....................................................................................................5

 Explicar a importância de adequar a sua ação profissional a diferentes públicos e


culturas...........................................................................................................................................5

 Explicar a importância de adequar a sua ação profissional a diferentes contextos


institucionais no âmbito dos cuidados de saúde.......................................................................5

Conteúdos programáticos.............................................................................................................5

Carga horária.................................................................................................................................6

1.O/A Técnico/a Auxiliar de Saúde..................................................................................................7

1.1.Perfil profissional.....................................................................................................................7

1.2.Direitos e deveres do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde perante o utente que recorre aos
serviços de saúde........................................................................................................................15

1.2.1.O papel do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde perante os direitos e deveres da


pessoa que recorre aos serviços de saúde...........................................................................15

1.2.2.O dever de respeitar e promover a liberdade e privacidade do utente: criança,


adolescente, jovem, idoso, marginal ou carenciado...........................................................16

1.2.3.Os deveres para com a família do utente..................................................................18

1.3.O papel do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde na equipa de saúde.....................................19

1.3.1.Estrutura hierárquica.....................................................................................................19

1.3.2.Contextos de atuação do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde.........................................21

1.3.3.O/A Técnico/a Auxiliar de Saúde nas equipas multidisciplinares de saúde...........24

1.3.4.As competências sociais e relacionais do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde..............25

1.4.Apresentação pessoal e fardamento..................................................................................27

2.Conceitos de moral ética e bioética...........................................................................................27

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2.1.A moral, a ética e bioética: conceitos e fundamentos.....................................................27

2.2.A teoria e a prática (princípios associados).......................................................................29

2.3.Declaração Universal sobre direitos humanos e Bioética (UNESCO/2005)...................31

2.4.A Comissão de Ética para a Saúde (CES)..........................................................................32

2.5.Boas práticas.........................................................................................................................32

3.As implicações éticas no desempenho das funções do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde......34

3.1.Acesso à informação e confidencialidade..........................................................................34

3.2.Direitos humanos e humanização na saúde......................................................................34

3.3.Protecção da intimidade e privacidade dos utentes.........................................................35

3.4.O segredo profissional..........................................................................................................36

3.5.Fronteiras e limites na atuação...........................................................................................36

3.6.Princípios e normas de conduta: distinguir atos lícitos e não lícitos no âmbito da


atividade profissional...................................................................................................................37

3.7.O utente, a família e os profissionais de saúde................................................................39

4.Direito de trabalho.......................................................................................................................40

4.1.Contrato de trabalho............................................................................................................40

4.2.Regime das faltas, férias e licenças....................................................................................42

5.O sistema de avaliação de desempenho...................................................................................46

5.1.Linhas orientadoras de um sistema de avaliação de desempenho................................46

5.2.Modelo de avaliação de desempenho................................................................................47

6.Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) para a área da Saúde..............................................48

Bibliografia........................................................................................................................................51

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Introdução

Âmbito do manual

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de


curta duração nº 6558 – Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde,
de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.

Objetivos

 Identificar as principais atividades do perfil profissional do/a Técnico/a Auxiliar de


Saúde.
 Identificar os direitos e deveres do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde.
 Identificar o papel do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde nos diferentes contextos de
atuação.
 Identificar quais as implicações éticas que um/a Técnico/a Auxiliar de Saúde deve
ter em conta no seu desempenho profissional.
 Identificar a legislação que enquadra o seu vínculo contratual.
 Identificar as principais linhas de orientação de um sistema de avaliação de
desempenho.
 Explicar que as tarefas que se integram no âmbito de intervenção do/a Técnico/a
Auxiliar de Saúde terão de ser sempre executadas com orientação e supervisão de
um profissional de saúde.
 Identificar as tarefas que têm de ser executadas sob supervisão direta do
profissional de saúde e aquelas que podem ser executadas sozinho.
 Explicar o dever de agir em função das orientações do Profissional de saúde e sob a
sua supervisão.

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 Explicar a importância de respeitar os princípios de ética no desempenho das suas


funções de Técnico/a Auxiliar de Saúde.
 Explicar a importância da sua atividade para o trabalho de equipa multidisciplinar.
 Explicar a importância de assumir uma atitude pró-ativa na melhoria contínua da
qualidade, no âmbito da sua ação profissional.
 Explicar a importância de cumprir as normas de segurança, higiene e saúde no
trabalho assim como preservar a sua apresentação pessoal.
 Explicar a importância de agir de acordo com normas e/ou procedimentos definidos
no âmbito das suas atividades.
 Explicar a importância de adequar a sua ação profissional a diferentes públicos e
culturas.
 Explicar a importância de adequar a sua ação profissional a diferentes contextos
institucionais no âmbito dos cuidados de saúde.

Conteúdos programáticos

 O/A Técnico/a Auxiliar de Saúde


o Perfil profissional
o Direitos e deveres do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde perante o utente que
recorre aos serviços de saúde
 - O papel do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde perante os direitos e
deveres da pessoa que recorre aos serviços de saúde
 - O dever de respeitar e promover a liberdade e privacidade do
utente: criança, adolescente, jovem, idoso, marginal ou carenciado
 - Os deveres para com a família do utente
o O papel do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde na equipa de saúde
 - Estrutura hierárquica
 - Contextos de atuação do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde
 - O/A Técnico/a Auxiliar de Saúde nas equipas multidisciplinares de
saúde
 - As competências sociais e relacionais do/a Técnico/a Auxiliar de
Saúde
o Apresentação pessoal e fardamento
 Conceitos de moral ética e bioética
o A moral, a ética e bioética: conceitos e fundamentos
o A teoria e a prática (princípios associados)
o Declaração Universal sobre direitos humanos e Bioética (UNESCO/2005)
o A Comissão de Ética para a Saúde (CES)
o Boas práticas
 As implicações éticas no desempenho das funções do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde
o Acesso à informação e confidencialidade

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o Direitos humanos e humanização na saúde


o Proteção da intimidade e privacidade dos utentes
o O segredo profissional
o Fronteiras e limites na atuação
o Princípios e normas de conduta: distinguir atos lícitos e não lícitos no âmbito
da atividade profissional
o O utente, a família e os profissionais de saúde
 Direito de trabalho
o Contrato de trabalho
o Regime das faltas, férias e licenças
 O sistema de avaliação de desempenho
o Linhas orientadoras de um sistema de avaliação de desempenho
o Modelo de avaliação de desempenho
 Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) para a área da Saúde

Carga horária

 25 horas

1.O/A Técnico/a Auxiliar de Saúde

1.1.Perfil profissional

De acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações:

O/A Técnico/a Auxiliar de Saúde é o/a profissional que auxilia na prestação de cuidados de
saúde aos utentes, na recolha e transporte de amostras biológicas, na limpeza,
higienização e transporte de roupas, materiais e equipamentos, na limpeza e higienização
dos espaços e no apoio logístico e administrativo das diferentes unidades e serviços de
saúde, sob orientações do profissional de saúde.

ATIVIDADES
1. Auxiliar na prestação de cuidados aos utentes, de acordo com orientações do
enfermeiro.
1.1. Ajudar o utente nas necessidades de eliminação e nos cuidados de higiene e
conforto de acordo com orientações do enfermeiro;

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1.2. Auxiliar o enfermeiro na prestação de cuidados de eliminação, nos cuidados de


higiene e conforto ao utente e na realização de tratamentos a feridas e úlceras;
1.3. Auxiliar o enfermeiro na prestação de cuidados ao utente que vai fazer, ou fez,
uma intervenção cirúrgica;
1.4. Auxiliar nas tarefas de alimentação e hidratação do utente, nomeadamente na
preparação de refeições ligeiras ou suplementos alimentares e no acompanhamento
durante as refeições;
1.5. Executar tarefas que exijam uma intervenção imediata e simultânea ao alerta
do profissional de saúde;
1.6. Auxiliar na transferência, posicionamento e transporte do utente, que necessita
de ajuda total ou parcial, de acordo com orientações do profissional de saúde.

2. Auxiliar nos cuidados post-mortem, de acordo com orientações do profissional


de saúde.

3. Assegurar a limpeza, higienização e transporte de roupas, espaços, materiais


e equipamentos, sob a orientação de profissional de saúde.
3.1. Assegurar a recolha, transporte, triagem e acondicionamento de roupa da
unidade do utente, de acordo com normas e/ou procedimentos definidos;
3.2. Efetuar a limpeza e higienização das instalações/ superfícies da unidade do
utente, e de outros espaços específicos, de acordo com normas e/ou procedimentos
definidos;
3.3. Efetuar a lavagem e desinfeção de material hoteleiro, material clínico e
material de apoio clínico em local próprio, de acordo com normas e/ou
procedimentos definidos;
3.4. Assegurar o armazenamento e conservação adequada de material hoteleiro,
material de apoio clínico e clínico de acordo com normas e/ou procedimentos
definidos;
3.5. Efetuar a lavagem (manual e mecânica) e desinfeção química, em local
apropriado, de equipamentos do serviço, de acordo com normas e/ou
procedimentos definidos;
3.6. Recolher, lavar e acondicionar os materiais e equipamentos utilizados na
lavagem e desinfeção, de acordo com normas e/ou procedimentos definidos, para
posterior recolha de serviço interna ou externa;
3.7. Assegurar a recolha, triagem, transporte e acondicionamento de resíduos
hospitalares, garantindo o manuseamento e transporte adequado dos mesmos de
acordo com procedimentos definidos.

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4. Assegurar atividades de apoio ao funcionamento das diferentes unidades e


serviços de saúde.
4.1. Efetuar a manutenção preventiva e reposição de material e equipamentos;
4.2. Efetuar o transporte de informação entre as diferentes unidades e serviços de
prestação de cuidados de saúde;
4.3. Encaminhar os contactos telefónicos de acordo com normas e/ ou
procedimentos definidos;
4.4. Encaminhar o utente, familiar e/ou cuidador, de acordo com normas e/ ou
procedimentos definidos.
5. Auxiliar o profissional de saúde na recolha de amostras biológicas e
transporte para o serviço adequado, de acordo com normas e/ou procedimentos
definidos.

COMPETÊNCIAS
SABERES
Noções de:
1. Alcoolismo e a toxicodependência.
2. Alimentação, nutrição, dietética e hidratação: conceitos, classificação,
composição dietética dos alimentos, necessidades no ciclo de vida e terapêuticas
nutricionais.
3. Acesso à saúde.
4. Doenças profissionais: tipologia e causas.
5. Ergonomia: conceito.
6. Estruturas Prestadoras de Cuidados de Saúde: diferentes contextos.
7. Grupos: conceito e princípios de funcionamento.
8. Hepatite e tuberculose.
9. Interculturalidade e género na saúde.
10. Morte e luto.
11. Necessidades humanas básicas.
12. Negligência, mal tratos e violência.
13. Políticas e orientações no domínio da saúde.
14. Direitos e deveres da utente que recorre aos serviços de saúde.
15. Qualidade em saúde.
16. Saúde mental: doença mental e alterações/perturbações mentais: conceito
17. Sistemas, subsistemas e seguros de saúde.
18. Trabalho em equipa: equipas multidisciplinares em saúde.
19. VIH-Sida.

Conhecimentos de:
20. Lavagem, desinfeção, esterilização: princípios, métodos e técnicas associadas.
21. Pele e sua integridade: estrutura, funções, envelhecimento e implicações nos
cuidados de saúde, fatores que interferem na cicatrização, conceito de ferida aguda
e crónica.

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22. Privacidade e intimidade nos cuidados de higiene e eliminação; fatores


ambientais e pessoais propiciadores de conforto e desconforto.
23. Acompanhamento da criança nas atividades diárias: especificidades.
24. Acompanhamento do utente com alterações de saúde mental nas atividades
diárias: especificidades.
25. Acompanhamento do utente em situação vulnerável nas atividades diárias:
especificidades.
26. Acompanhamento do idoso nas atividades diárias: especificidades.
27. Acompanhamento nas atividades diárias ao utente em final de vida:
especificidades.
28. Armazenamento e conservação de material de apoio clínico, material clínico
desinfetado /esterilizado: métodos e técnicas.
29. Atendimento telefónico e presencial em Serviços de Saúde;
30. Circuitos de informação e mecanismos de articulação entre unidades e serviços.
31. Comunicação e interculturalidade em Saúde.
32. Comunicação e o Género em Saúde;
33. Comunicação na interação com indivíduos: em situações de vulnerabilidade;
com alterações sensoriais; com alterações de comportamento, e/ou alterações ou
perturbações mentais.
34. Comunicação na interação com o utente, cuidador e/ ou família.
35. Confeção de refeições ligeiras e suplementos alimentares.
36. Cuidados de apoio à eliminação: materiais, técnicas e dispositivos de apoio,
sinais de alerta.
37. Cuidados de higiene e conforto: materiais, técnicas e dispositivos de apoio.
38. Cuidados na alimentação e hidratação oral: técnicas, riscos e sinais de alerta.
39. Direitos e deveres do Auxiliar de Saúde.
40. Equipamento de proteção individual (utilização e descarte).
41. Equipas multidisciplinares nos diferentes contextos da saúde.
42. Erro Humano: Conceito, causas e consequências.
43. Etapas do ciclo de vida do homem.
44. Anatomia e fisiologia do corpo Humano: noções gerais.
45. Sistemas circulatório, respiratório, nervoso, músculo-esquelético, urinário,
genito-reprodutor, gastrointestinal, neurológico, endócrino e os órgãos dos
sentidos: sinais e sintomas de alerta de problemas associados: noções gerais.
46. Lavagem de materiais e equipamentos utilizados na lavagem, higienização e
desinfeção de instalações/superfícies do serviço/unidade: métodos e técnicas.
47. Lavagem e desinfeção de equipamentos do serviço/unidade: métodos e
técnicas.
48. Lavagem e desinfeção de materiais hoteleiros, apoio clínico e clínico: métodos e
técnicas.
49. Lavagem e higienização de instalações e mobiliário da unidade do utente:
processo, métodos e técnicas.

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50. Legislação de enquadramento da atividade profissional.


51. Legislação no âmbito da prevenção e controlo da Infeção.
52. Logística e reposição de materiais.
53. Manutenção preventiva de equipamentos próprios a cada serviço.
54. Medidas de prevenção, proteção e tipos de atuação no âmbito da SHST.
55. Sistema integrado de emergência médica.
56. Tratamento de resíduos: recolha, triagem transporte e acondicionamento e
manuseamento.
57. Perfil profissional Auxiliar de Saúde: contexto de intervenção.
58. Posicionamento, mobilização, transferência e transporte: conceito, princípios, e
ajudas técnicas.
59. Prevenção e controlo da infeção: princípios, medidas e recomendações.
60. Princípios éticos no desempenho profissional.
61. Qualidade e higiene alimentar.
62. Primeiros socorros.
63. Técnicas de banho na cama e na casa de banho.
64. Técnicas de fazer de desfazer camas, berços e macas desocupadas.
65. Técnicas de vestir e despir.
66. Técnicas preventivas de controlo e gestão do stress profissional nomeadamente
em situações limite, sofrimento e agonia.
67. Tipologia de equipamentos de serviço/unidades no âmbito dos cuidados diretos
ao utente.
68. Tipologia de materiais de apoio clínico e material clínico.
69. Tipologia de materiais de cada serviço: tipo de utilização, função e mecanismos
de controlo de gastos associados.
70. Tipologia de materiais e produtos de higiene e limpeza da unidade do utente:
tipo de utilização, manipulação e modo de conservação.
71. Técnicas de cuidados ao corpo post-mortem.
72. Tipologia de produtos de lavagem, desinfeção, esterilização: aplicação e
recomendações associadas.
73. Tipologia de resíduos
74. Tipologia de roupa.
75. Tipologia e características dos serviços/unidades no âmbito dos cuidados
diretos ao utente: consultas, serviço laboratório e patologia clínica, farmácia,
estomatologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, imagiologia-diagnóstico e
terapêutica, cardiologia, pediatria, ginecologia e obstetrícia, fisioterapia e
reabilitação, urgência, neurofisiologia e electroconvulsivoterapia, ortopedia e
traumatologia, medicina nuclear e farmácia.
76. Transporte de amostras biológicas: procedimentos e protocolos.
77. Tratamento de roupas – recolha, manuseamento, triagem, transporte e
acondicionamento.

SABERES-FAZER

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1. Aplicar as medidas de prevenção, proteção e tipos de atuação no âmbito da


higiene e segurança no trabalho.
2. Aplicar as técnicas de higienização das mãos, de acordo com normas e
procedimentos definidos.
3. Aplicar as técnicas de lavagem (manual e mecânica) e desinfeção aos
equipamentos do serviço.
4. Aplicar as técnicas de lavagem (manual e mecânica) e desinfeção a material
hoteleiro, material de apoio clínico e material clínico.
5. Aplicar as técnicas de lavagem higienização das instalações e mobiliário da
unidade do utente/serviço.
6. Aplicar as técnicas de tratamento de resíduos: receção, identificação,
manipulação, triagem, transporte e acondicionamento.
7. Aplicar as técnicas de tratamento de roupa: recolha, triagem, transporte e
acondicionamento.
8. Aplicar as técnicas de tratamento, lavagem (manual e mecânica) e desinfeção
aos equipamentos e materiais utilizados na lavagem e higienização das
instalações/superfícies da unidade/serviço.
9. Aplicar normas e procedimentos a adotar perante uma situação de emergência
no trabalho.
10. Aplicar normas e procedimentos de qualidade.
11. Aplicar os métodos e técnicas de lavagem, desinfeção e esterilização de
materiais
12. Aplicar técnicas de apoio à eliminação manuseando os dispositivos indicados:
cadeira sanitária; arrastadeira; urinol; fralda; saco de drenagem de urina (despejo).
13. Aplicar técnicas de apoio à higiene e conforto, na cama e na casa de banho.
14. Aplicar técnicas de apoio na alimentação e hidratação oral.
15. Aplicar técnicas de armazenamento e conservação de material de apoio clínico,
material clínico desinfetado/esterilizado.
16. Aplicar técnicas de comunicação na interação com o indivíduo com alterações
sensoriais.
17. Aplicar técnicas de comunicação na interação com o indivíduo em situação de
vulnerabilidade.
18. Aplicar técnicas de comunicação na interação com o indivíduo, cuidador e/ou
família com alterações de comportamento ou alterações ou perturbações mentais.
19. Aplicar técnicas de comunicação no atendimento presencial e telefónico em
serviços de saúde.
20. Aplicar técnicas preventivas de controlo e gestão do stress profissional
nomeadamente em situações limite, sofrimento e agonia.
21. Cumprir e aplicar procedimentos definidos.

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22. Preparar e aplicar os diferentes tipos de produtos de lavagem, desinfeção e


esterilização.
23. Preparar um tabuleiro de alimentação, segundo plano alimentar/ dietético,
prescrito.
24. Preparar, acondicionar e conservar alimentos frescos e confecionados, para
pequenas refeições e suplementos alimentares, prescritas em plano
alimentar/dietético.
25. Utilizar e descartar corretamente o equipamento de proteção individual
adequado.
26. Utilizar o equipamento de proteção individual adequado.

SABERES-SER

1. Adaptar-se e atualizar-se a novos produtos, materiais, equipamentos e


tecnologias.
2. Agir em função das orientações do profissional de saúde e sob a sua supervisão.
3. Agir em função de normas e/ou procedimentos.
4. Agir em função de princípios de ética.
5. Agir em função de diferentes contextos institucionais no âmbito dos cuidados de
saúde.
6. Agir em função do estado de saúde do utente, segundo orientação do
profissional de saúde.
7. Agir em função dos aspetos culturais dos diferentes públicos.
8. Assumir uma atitude de melhoria contínua.
9. Concentrar-se na execução das tarefas.
10. Trabalhar em equipa multidisciplinar.
11. Agir em função do bem-estar de terceiros.
12. Comunicar de forma clara e assertiva.
13. Cuidar da sua apresentação pessoal.
14. Demonstrar compreensão, paciência e sensibilidade na interação com utentes.
15. Demonstrar interesse e disponibilidade na interação com utentes, familiares
e/ou cuidadores.
16. Demonstrar interesse e disponibilidade na interação com os colegas de
trabalho.
17. Demonstrar segurança durante a execução das tarefas.
18. Autocontrolar-se em situações críticas e de limite.

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1.2.Direitos e deveres do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde


perante o utente que recorre aos serviços de saúde

1.2.1.O papel do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde perante os direitos e


deveres da pessoa que recorre aos serviços de saúde
Os profissionais de saúde estão adstritos ao cumprimento dos deveres éticos e princípios
deontológicos a que estão obrigados pelo respetivo título profissional, exercendo a sua
profissão com autonomia técnica e científica e respeitando o direito à proteção da saúde
dos utentes e da comunidade, e estão sujeitos, para além da observância do dever de
sigilo profissional, ao cumprimento dos seguintes deveres funcionais:
a) O dever de contribuir para a defesa dos interesses do utente no âmbito da
organização das unidades e serviços, incluindo a necessária atuação interdisciplinar,
tendo em vista a continuidade e garantia da qualidade da prestação de cuidados;
b) O dever de esclarecer devidamente o utente sobre os cuidados a prestar e
prestados, na medida das suas competências, assegurando a efetividade do
consentimento informado.

Os profissionais de saúde têm ainda o direito:


 De obter do utente todas as informações necessárias para obtenção de um correto
diagnóstico e adequado tratamento.
 De obter a colaboração do utente, e o respeito e aceitação das indicações que lhe
são por estes fornecidas;
 De ser respeitados pelo utente, no âmbito das suas funções e na sua capacidade de
zelo pelas normas e funcionamento dos serviços

No âmbito destes direitos e deveres, devem contribuir para promover os seguintes direitos
dos utentes:
 Direito a ser tratado no respeito pela dignidade humana
 Direito ao respeito pelas suas convicções culturais, filosóficas e religiosas
 Direito a receber os cuidados apropriados ao seu estado de saúde, no âmbito dos
cuidados preventivos, curativos, de reabilitação e terminais
 Direito à prestação de cuidados continuados
 Direito a ser informado acerca dos serviços de saúde existentes, suas competências
e níveis de cuidados
 Direito a ser informado sobre a sua situação de saúde
 Direito de obter uma segunda opinião sobre a sua situação de saúde

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 Direito a dar ou recusar o seu consentimento, antes de qualquer ato médico ou


participação em investigação ou ensino clínico
 Direito à confidencialidade de toda a informação clínica e elementos identificativos
que lhe respeitam
 Direito de acesso aos dados registados no seu processo clínico
 Direito à privacidade na prestação de todo e qualquer ato médico
 Direito, por si ou por quem o represente, a apresentar sugestões e reclamações.

1.2.2.O dever de respeitar e promover a liberdade e privacidade do


utente: criança, adolescente, jovem, idoso, marginal ou
carenciado

O respeito pela pessoa pela sua dignidade intrínseca, constitui um fundamento essencial
para a prestação de cuidados de saúde. A pessoa, com a sua dignidade própria em
resultado da sua condição natural de ser humano, considerada como único na relação
profissional do técnico de saúde, mas sendo portador de uma dignidade inerente a essa
condição e por isso anterior.
Quando uma pessoa que se entrega ao cuidado do técnico de saúde, passa este a
responsabilizar-se pela satisfação das suas necessidades de cuidados, essenciais à sua
sobrevivência. É esta pessoa inserida no mundo que a rodeia, com os seus princípios de
vida e os seus valores, a sua cultura e as suas convicções religiosas, ideológicas e políticas
que se apresenta una à relação de cuidado, que constitui o principal objeto do respeito
demonstrado.
É o respeito pela unidade do todo humano e não apenas por alguma das suas dimensões
que podem apenas teoricamente separar-se, que constitui uma razão fundamental para a
escolha das intervenções que respondam aos problemas éticos com que o técnico de saúde
se defronta.
O respeito que dá importância aos projetos individuais, mas ao mesmo tempo suporta a
construção desses projetos no sentido da humanidade da vida. Um respeito que se traduz
em presença capaz de transmitir a segurança necessária para lidar com situações de
doença particularmente dolorosas. O respeito que se transforma num agir concreto, no
exercício de um papel profissional que implica a responsabilidade pelo Outro.
O respeito pela pessoa constitui assim uma manifestação da capacidade de tomar o Outro
ao seu cuidado, não apenas na dimensão estrita da prestação de determinada intervenção,
mas numa atitude cuidativa global de resposta às necessidades de cuidado apresentadas.

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Uma atitude que mesmo que o julgado necessário ultrapasse a esfera profissional do
técnico de saúde, o obriga a encaminhar para outro profissional que se encontre em
condições e esteja vinculado ao dever de agir.
Deste modo, guiar o seu agir no respeito pela pessoa e pela sua dignidade, implica
procurar o bem-estar como finalidade, em vez de estabelecer objetivos parcelares que
tenham em vista apenas alguns aspetos da situação de saúde/doença da pessoa em causa.
O respeito pela vontade do Outro, implica que a pessoa se encontre em condições
adequadas de consciência. Alterações da formação da vontade, devido a estados de
doença, de envelhecimento ou à menoridade são realidades com as quais o enfermeiro lida
no seu exercício quotidiano.
Respeitar a autonomia do Outro pressupõe que a pessoa se encontre com capacidade
plena de decidir sobre a sua vida. A não ser que, havendo alterações da consciência, não
havendo vontade atual, seja possível conhecer a vontade da pessoa anteriormente
manifestada.
Através da recolha de informação junto dos familiares, por exemplo, é muitas vezes
possível conhecer em que sentido a pessoa dirigia e pretende orientar a sua vida, pelo que
se torna viável respeitar a vontade anteriormente demonstrada.
No caso das crianças, o regime jurídico português estabelece um princípio que respeita a
possibilidade do menor participar nas decisões de saúde. É estabelecido que a criança
participe na construção da decisão sobre as intervenções a ela dirigidas, na medida da sua
capacidade. A menoridade não surge assim como um limite à participação do próprio em
matéria de consentimento em saúde.
Estes princípios hoje consagrados na lei, ficaram patentes no estudo como aplicados pelo
enfermeiro na construção da decisão ética de enfermagem. Com efeito, verifica-se um
recurso a familiares para recolher informação sobre a vontade anterior da pessoa, quando
esta se encontra impossibilitada de o manifestar no momento.
O respeito pela vontade apresenta-se assim como fundamento que determina a decisão
ética do técnico de saúde, independentemente da idade ou das limitações circunstanciais
da pessoa em causa. Um respeito que não se assume como absoluto, mas que entra na
construção da decisão sem afetar a dignidade da pessoa humana.

1.2.3.Os deveres para com a família do utente

Antes de se poder definir as intervenções dos profissionais de saúde, no sentido de ajudar


aqueles que têm um familiar doente, o profissional deve ter consciência da compreensão e
perceção da doença, por parte da família.

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

A ocorrência de doença e consequentemente hospitalização por parte de um dos elementos


da família desencadeia alterações no seu estilo de vida, sendo mais ou menos graves
consoante o papel que o indivíduo doente desempenha no seu grupo familiar. Esta
perturbação do equilíbrio gera situações de stress e ansiedade em todos os seus membros.
É importante que a família tenha confiança nos profissionais e que tenha consciência que
tanto ela como o seu ente querido podem beneficiar da exteriorização desses dados, na
medida em que é através deles que nos é possível estabelecer um diagnóstico e fazer um
plano de cuidados sempre com o objetivo de melhor cuidar o utente e não o privar da
aproximação com a família.
O papel dos profissionais de saúde é determinante no envolvimento da família, já que,
esta, deve fazer parte integrante do processo de cuidados durante o período de
internamento a que o seu familiar foi sujeito.
A integração dos familiares, não se torna pois tarefa fácil, já que, exige, dos profissionais
de saúde, disponibilidade e sensibilidade para esta situação, devendo encarar todo este
processo como um esforço compensatório no que respeita a uma maior humanização e
melhoria dos cuidados.
A família é, assim, o elemento fulcral para a continuidade dos cuidados, pelo que a sua
participação na prestação de cuidados é fundamental, havendo da parte do profissional de
saúde a preocupação de estabelecer uma relação cada vez mais próxima com o elemento
cuidador, para garantir a qualidade destes cuidados após a alta hospitalar.

1.3.O papel do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde na equipa de


saúde
1.3.1.Estrutura hierárquica
A lei estabelece os requisitos indispensáveis ao desempenho de funções e os direitos e
deveres dos profissionais de saúde, designadamente os de natureza deontológica, tendo
em atenção a relevância social da sua atividade.
Todos os trabalhadores, independentemente do posto de trabalho que ocupam estão
sempre sujeitos a uma relação de hierarquia. Esta hierarquia não existe somente em
termos de organização estrutural de determinada atividade mas também em termos de
relações de dependência, de subordinação e sancionatórias.Em todas as atividades e
empresas, independentemente do número de trabalhadores e da complexidade da

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

atividade exercida estabelecem-se relações de hierarquia que permitem estruturar a


prestação de trabalho estabelecendo diferentes patamares de responsabilidade.
Hierarquicamente, o técnico/a auxiliar de saúde desenvolve a sua atividade na estreita
dependência e supervisão do enfermeiro.
O conteúdo funcional da categoria de enfermeiro é inerente às respetivas qualificações e
competências em enfermagem, compreendendo plena autonomia técnico-científica,
nomeadamente, quanto a:
a) Identificar, planear e avaliar os cuidados de enfermagem e efetuar os respetivos
registos, bem como participar nas atividades de planeamento e programação do
trabalho de equipa a executar na respetiva organização interna;
b) Realizar intervenções de enfermagem requeridas pelo indivíduo, família e
comunidade, no âmbito da promoção de saúde, da prevenção da doença, do
tratamento, da reabilitação e da adaptação funcional;
c) Prestar cuidados de enfermagem aos doentes, utentes ou grupos populacionais
sob a sua responsabilidade;
d) Participar e promover ações que visem articular as diferentes redes e níveis de
cuidados de saúde;
e) Assessorar as instituições, serviços e unidades, nos termos da respetiva
organização interna;
f) Desenvolver métodos de trabalho com vista à melhor utilização dos meios,
promovendo a circulação de informação, bem como a qualidade e a eficiência;
g) Recolher, registar e efetuar tratamento e análise de informação relativa ao
exercício das suas funções, incluindo aquela que seja relevante para os sistemas de
informação institucionais na área da saúde;
h) Promover programas e projetos de investigação, nacionais ou internacionais,
bem como participar em equipas, e, ou, orientá-las;
i) Colaborar no processo de desenvolvimento de competências de estudantes de
enfermagem, bem como de enfermeiros em contexto académico ou profissional;
j) Integrar júris de concursos, ou outras atividades de avaliação, dentro da sua área
de competência;
l) Planear, coordenar e desenvolver intervenções no seu domínio de especialização;
m) Identificar necessidades logísticas e promover a melhor utilização dos recursos,
adequando -os aos cuidados de enfermagem a prestar;
n) Desenvolver e colaborar na formação realizada na respetiva organização interna;
o) Orientar os enfermeiros, nomeadamente nas equipas multiprofissionais, no que
concerne à definição e utilização de indicadores;
p) Orientar as atividades de formação de estudantes de enfermagem, bem como de
enfermeiros em contexto académico ou profissional.

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

Um supervisor é um líder capaz de promover, acompanhar, supervisionar e monitorizar, os


vários projetos de forma sistemática e sistémica. Este facto atribui à supervisão: a missão
de compreender e estimular o potencial de cada um para o coletivo, a responsabilidade de
participar na conceção e desenvolvimento de um projeto, o conhecimento da função dos
vários intervenientes e a utilização de estratégias de dinamização.
A relação de supervisão implica uma relação de comunicação entre profissionais, sendo
importante na prática reflexiva introduzir a noção de distanciamento do supervisor em
relação ao contexto e ao supervisado.

Assim, o processo supervisivo em contexto da prática clínica permite:


 Desenvolver uma aprendizagem centrada na prática;
 Utilizar soluções baseadas na evidência;
 Trabalhar as estratégias de pensamento em enfermagem, os focos de intervenção e
as matrizes para a decisão;
 Envolver a equipa na formação e trabalhar a relação com os pares;
 Transformação do conhecimento pelo sujeito;
 Confirmar saberes e conferir significados;
 Favorecer a consciencialização “ter uma ideia mais informada e consciente de si,
dos outros e do contexto, bem como a sua posição face a todos estes.

1.3.2.Contextos de atuação do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde

De acordo com o Decreto - Lei nº 231/92, compete aos Assistentes Operacionais entre
outras funções as seguintes:
 Colaborar sob supervisão, na prestação de cuidados de higiene e conforto aos
doentes.
 Auxiliar nas tarefas de alimentação.
 Preparar o material para a esterilização.
 Ajudar nas tarefas de recolha de material para análise.
 Velar pela manutenção do material utilizado nos cuidados prestados aos doentes.
 Assegurar o serviço de mensageiro e proceder à limpeza específica dos respetivos
sectores, assim como dos seus acessos.
 Assegurar a manutenção das condições de higiene nos respetivos locais de
trabalho.

Com base nas funções que lhe são atribuíveis, enumeram-se as principais atividades que
deverão desenvolver ao longo dos diferentes turnos de trabalho.

TURNO DA MANHÃ:
 Receber a “ passagem de turno “

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

 Proceder à preparação de três carros de higiene de acordo com listagem de


material previamente existente
 Transportar ao laboratório produtos para análise
 Proceder à entrega dos pedidos de exames radiológicos, no serviço de radiologia
 Levar ao Serviço de Alimentação os pedidos de dietas para os doentes
 Transportar à farmácia os pedidos de medicamentos inexistentes na UCI
 Colaborar com os técnicos de radiologia na execução de Rx de rotina
 Colaborar na prestação dos cuidados de higiene e conforto, sob orientação do
enfermeiro responsável.
 Colaborar na administração de alimentos aos doentes (Pequeno Almoço e Almoço)
 Fornecer e retirar urinóis e arrastadeiras, sempre que forem solicitadas
 Efetuar a limpeza dos diferentes sectores da unidade, de acordo com a Norma de
Limpeza
 Proceder à limpeza e desinfeção das unidades dos doentes, de acordo com a Norma
de Limpeza da unidade
 Preparar o material a enviar à esterilização
 Efetuar a reposição do material em cada unidade do doente, de acordo com
listagem da constituição da unidade
 Colaborar no transporte de doentes para execução de exames complementares de
diagnóstico ou para o Bloco Operatório
 Efetuar a troca do carro de medicação e trazer o material que tenha sido pedido aos
Serviços Farmacêuticos
 Remover os resíduos sólidos no final do turno ou sempre que necessário
 Remover sacos da roupa suja e proceder ao respetivo transporte para a desinfeção
 Efetuar a " passagem de turno "

TURNO DA TARDE:
 Receber a “ passagem de turno “
 Proceder à limpeza dos diferentes sectores da unidade, de acordo com a Norma de
Limpeza da UCI
 Colaborar na administração de alimentos aos doentes (Lanche, Jantar e Ceia)
 Receber o material proveniente da esterilização e conferi-lo
 Efetuar semanalmente a conferência do material esterilizado existente, de acordo
com listagem existente para esse efeito
 Deslocar-se ao serviço de Aprovisionamento a fim de trazer o material de consumo
clínico, se necessário
 Colaborar na arrumação do material de consumo clínico, no dia em que o mesmo é
fornecido
 Colaborar com os enfermeiros na realização de cuidados de higiene e conforto
 Colaborar na realização de eventuais exames complementares de diagnóstico /
tratamento
 Proceder à limpeza das unidades sempre que se justifique

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

 Cumprir as tarefas protocoladas e calendarizadas, relativamente à Norma de


Limpeza da unidade
 Fornecer e retirar urinóis e arrastadeiras, sempre que forem solicitados
 Ajudar os enfermeiros sempre que para isso seja solicitado
 Remover os resíduos sólios e roupas sujas sempre que necessário, transportando-as
para a desinfeção
 Efetuar a reposição do material a existir em cada unidade do doente
 Transportar produtos para análise ao laboratório
 Proceder à entrega dos pedidos de exames radiológicos, no serviço de radiologia
 Colaborar no transporte de doentes para execução de exames complementares de
diagnóstico ou para o Bloco Operatório
 Efetuar a " passagem de turno "

TURNO DA NOITE:
 Receber a “ passagem de turno “
 Proceder à execução de nastros para a fixação dos tubos traqueais, se necessário
 Efetuar a montagem de espátulas e corte de tiras de adesivo, se necessário
 Dobrar sacos de diversas cores e arrumá-los nas respetivas caixas, na sala de sujos
 Retirar os resíduos sólidos e sacos de roupa suja no final do turno ou sempre que
se justifique
 Proceder à limpeza das unidades se tal se justificar
 Colaborar com os enfermeiros na realização de cuidados de higiene e conforto
 Colaborar na realização de eventuais exames complementares de diagnóstico /
tratamento
 Colaborar no transporte de doentes para execução de exames complementares de
diagnóstico ou para o Bloco Operatório
 Proceder à limpeza dos diferentes sectores da unidade, de acordo com a Norma de
Limpeza da unidade
 Efetuar a reposição do material a existir em cada unidade do doente
 Efetuar a reposição de material na sala de trabalho
 Colaborar na recolha de espécimes para análise
 Transportar ao laboratório os produtos para análises
 Efetuar a “ passagem de turno “.

1.3.3.O/A Técnico/a Auxiliar de Saúde nas equipas


multidisciplinares de saúde

Ocorreu uma profunda mudança na carreira dos profissionais que exerceram funções de
Auxiliar de ação Médica. Com a nova designação de Técnico Auxiliar de Saúde e um novo
referencial de formação com conteúdos e elementos para o desenvolvimento de
competências mais diversificadas, algumas delas tendo feito parte das funções próprias da
carreira de Enfermagem, é-lhes conferido um nível 4 de qualificação no Catálogo Nacional

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

de Qualificações.Isto traduz-se na aquisição de uma maior responsabilidade e autonomia


em diversas áreas de intervenção.

De acordo com o Quadro Europeu de Qualificações, os profissionais com esse nível de


qualificação deverão possuir conhecimentos factuais e teóricos em contextos alargados,
deverão possuir aptidões cognitivas e práticas necessárias para conceber soluções para
problemas específicos, bem como gerir a própria atividade segundo as orientações
estabelecidas no contexto de trabalho, sendo estas previsíveis mas suscetíveis de
alteração.
Também lhes compete supervisionar as atividades de rotina de terceiros, assumindo
determinadas responsabilidades em matéria de avaliação e melhoria das atividades.
A este processo de mudança no perfil competencial necessário para o exercício das
atividades definidas no Catálogo Nacional de Qualificações para Técnico Auxiliar de Saúde,
acrescem alterações no domínio da reforma da administração pública (AP),
especificamente, no quadro legal relativo à gestão dos recursos humanos.
Esta alteração legislativa sobre as políticas e práticas de gestão de recursos humanos na AP
está patente no conteúdo das representações sociais dos inquiridos. Por exemplo, na
evocação efetuada por estes profissionais é evidente a questão da transição de Auxiliar de
ação médica para a carreira geral de Assistente operacional.
Em conjunto, o conteúdo funcional definido na LVCR para a carreira e categoria de
Assistente operacional e o perfil profissional referido no Catálogo Nacional de Qualificações
para Técnico/a auxiliar de saúde, colocaram estes profissionais num contexto de profunda
reestruturação em que as suas competências e formas de atuar assentam num novo
paradigma.
Há a necessidade de informar e envolver estes profissionais na gestão da mudança de
forma a potenciar uma melhor adaptação às novas exigências profissionais. Por outro lado,
é essencial o treino para capacitação funcional (técnica e comportamental) de forma a dar
resposta aos novos requisitos e competências exigidas para o exercício das atividades
definidas.
A promoção para implicação dos profissionais com o processo de mudança deve ser não só
concreta, através da implementação de novas práticas de trabalho, mas também
psicológica.
Uma eficaz mudança organizacional pressupõe que exista, simultaneamente, uma eficaz
mudança no sistema de crenças e representações dos indivíduos implicados.

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

1.3.4.As competências sociais e relacionais do/a Técnico/a Auxiliar


de Saúde

Face às características da relação de ajuda o técnico/a de saúde terá que ser portador de
determinadas competências pessoais e requisitos profissionais, devendo para isso
desenvolver as suas capacidades intelectuais, afetivas, físicas, sociais e espirituais.
O técnico/a de saúde que ajuda deve possuir algumas capacidades, nomeadamente:
 Ter capacidade de especificar e fazer especificar;
 Ter capacidade de respeitar-se a si mesmo e ao utente;
 Ter capacidade de ser congruente consigo mesmo e na relação com o utente;
 Ter capacidade de ser simpático;
 Ter capacidade de confrontar-se e confrontar os outros;
 Ter capacidade de escuta.

Igualmente importante é que o técnico/a de saúde desenvolva e utilize as competências da


relação de ajuda para assegurar um ambiente encorajador e estimulante. Assim, as
competências são as seguintes:
Clarificação:
O técnico/a de saúde deve ajudar o utente a perceber com maior clareza o seu problema
ou as suas soluções;
Empatia:
O técnico/a de saúde deve reconhecer os sentimentos e ter a capacidade de se colocar no
lugar do utente, de compreendê-lo e transmitir ao utente essa compreensão; “a enfermeira
empática usa momentaneamente as emoções do cliente com a finalidade de o
compreender inteiramente mas é essencial que se mantenha consciente de sua própria
individualidade”;
Respeito mútuo:
O técnico/a de saúde deve respeitar o utente como pessoa humana, com as suas
características individuais, suas crenças e valores; “ Respeitar o ser humano é acreditar
profundamente que ele é único e que devido a essa unidade só ela possui todo o potencial
Especifico para aprender a viver de forma que lhe é satisfatória”.
Congruência:
Corresponde á concordância entre o que o técnico/a de saúde pensa e sente, e aquilo que
exprime durante a relação de ajuda; “ A congruência tem as suas raízes na espontaneidade
e na segurança interior, as quais proporcionam o prazer de se ser verdadeiramente aquilo
que se é”.
Escuta ativa:
O saber escutar traduz-se por um comportamento físico (postura); observação (olhar o
outro) e o escutar propriamente dito (audição). Estas atitudes demonstram o interesse e a

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

atenção dispensadas ao utente, devendo o técnico/a de saúde estar atento á mensagem


verbal e gestual.
Confrontação assertiva:
O técnico/a de saúde confronta o utente com a finalidade de lhe proporcionar novas
perspetivas que o possam motivar a mudar comportamentos para uma vida mais saudável.
Aceitação incondicional do direito da pessoa doente:
O técnico/a de saúde deve aceitar o outro tal como este é sem avaliação com juízos de
valor e sem preconceitos. Deve aceitar tanto o doente agressivo, como o doente exigente
ou com qualquer outro.
Autenticidade:
Evidencia a relação consigo próprio e manifesta-se pela capacidade do técnico/a de saúde
se manter, ele próprio, nas suas interações com o doente, de ultrapassar as atitudes
convencionais e de lhe juntar o que há de mais verdadeiro e de mais real. Esta atitude
supõe espontaneidade e sinceridade, assim como ausência de comportamentos defensivos
por parte do profissional.

1.4.Apresentação pessoal e fardamento

O uniforme é o espelho da instituição. Ele não apenas identifica a função do funcionário,


mas também reflete a postura e a imagem da entidade. De maneira subjetiva, o uniforme
transmite ao utente o conceito da instituição em relação à qualidade de seus serviços.
No dia-a-dia de trabalho nas Instituições, surge também a necessidade de utilização de
farda/uniforme, nomeadamente para identificar e proteger os Profissionais e também para
proteger os utentes.
Os uniformes deverão estar sempre limpos e arranjados. Se não forem postos no princípio
do dia podem causar problemas de higiene, pois transportam bactérias. O pessoal deve
cumprir as instruções do estabelecimento no uso de uniformes, equipamento de proteção e
luvas.
Sendo as instituições de saúde locais onde o risco de ocorrência de infeções é bastante
grande, é de extrema importância que sejam cumpridas algumas regras relativamente a
este aspeto:
 Não utilizar pulseiras, anéis ou objetos de adorno nas mãos

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 Lavar sempre as mãos no início de cada turno, antes e depois de ir comer, antes e
depois de ir à casa de banho
 Lavar sempre as mãos ou desinfetá-las com solução alcoólica, quando transita de
doente para doente
 O uso de luvas não invalida a lavagem das mãos
 O fardamento próprio da unidade não deve ser utilizado quando se desloca ao
exterior
 É fundamental a utilização de material de proteção universal (luvas, máscara, etc.)
devendo usá-lo de forma correta e adequada a cada caso.

2.Conceitos de moral ética e bioética

2.1.A moral, a ética e bioética: conceitos e fundamentos


A Consciência Moral é a capacidade que o homem tem de conhecer os valores e
mandamentos morais, e de aplicá-los em diferentes situações. Supõe uma hierarquia de
valores e consiste na capacidade do ser humano formular juízos sobre os atos passados,
presentes e intenções futuras.
Condições necessárias para que se seja moralmente responsável:
 Ter consciência das intenções e consequências dos seus atos
 Não ser coagido por outrem a agir.
O conceito de consciência moral é deveras importante para adquirirmos um conhecimento
acerca do ser humano porque nele se inter-relacionam natureza e carácter, inteligência e
moralidade. O que origina o ser humano a distinguir entre o bem e o mal em algo que é
alvo de estudo permanente na nossa sociedade.
A palavra Ética deriva do termo Grego “ Ethos”, usado pela primeira vez por Aristóteles. É
uma reflexão sobre os princípios que se baseiam na moral, ou seja é o modo de ser e de
atuar do homem, estabelece normas gerais de comportamento deixando a cada indivíduo a
responsabilidade pelos seus atos concretos.
A Ética é o campo do conhecimento que se debruça sobre o estudo dos valores e virtudes
do homem, propondo um conjunto de normas de conduta e de postura para que a vida em
sociedade se dê de forma ordenada e justa.
Assim, a ética, para além do estudo das vertentes filosóficas e conceituais da conduta
humana, tem forte componente de aplicação, traduzido na análise e compreensão dos
aspectos éticos de um problema pessoal ou social. Trata-se da deliberação sobre os
aspectos éticos com repercussão individual ou coletiva no quotidiano da humanidade.

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Quando se fala de ética, fala-se de reflexão sobre os nossos atos, o nosso carácter,
personalidade. Quando aceitamos a ética, como sendo um conjunto de regras a orientar o
relacionamento humano no seio de uma determinada comunidade social, podemos admitir
a conceptualização de uma ética deontológica, uma ética voltada para a orientação de uma
atividade profissional.
A ética não envolve apenas um juízo de valor sobre o comportamento humano, mas
determina em si, uma escolha, uma direção, a obrigatoriedade de agir num determinado
sentido em sociedade.
A Bioética pode ser entendida como ciência, disciplina ou movimento de intervenção social
e centra a sua atuação, fundamentalmente, no agir da pessoa humana e nas
consequências que daí resultam, pretendendo com isso melhorar as realidades da vida e do
viver. É sobre ela que se alicerçam reflexões sobre a forma como o ser humano, dotado de
racionalidade, dá continuidade à sua espécie e se relaciona entre si e com o meio
ambiente.
A Bioética passou de ciência ou teoria para movimento cultural e social – no fundo,
corresponde à necessidade que a presente sociedade tem de conciliar os conceitos da
moralidade com os conflitos éticos resultantes do evoluir da biomedicina e da tecnologia
científicas, sob pena de comprometer os destinos da vida humana.
A Bioética é uma nova expressão do dever em face da vida”, e como esta reflexão, longe
de ficar circunscrita ao círculo dos cientistas, estendeu-se paulatinamente quer aos
responsáveis políticos, quer à sociedade política em geral”.

2.2.A teoria e a prática (princípios associados)


Quatro princípios da ética biomédica
O respeito pela autonomia
A interpretação mais adequada do respeito pela autonomia abarca o reconhecimento de
uma obrigação fundamental de assegurar, de forma igual, aos pacientes dos serviços de
saúde, o direito de escolherem, aceitarem ou declinarem a informação. Tanto a informação
e a escolha forçadas quanto a revelação incompleta são contraditórias com esta obrigação.
Por outras palavras, os profissionais de saúde deveriam sempre informar-se junto dos
pacientes, dos seus desejos de receber informação e tomar as suas decisões, não
assumindo que pelo facto de pertencerem a uma determinada comunidade, estes partilham
totalmente da visão do mundo e dos valores por ela defendidos.
O fundamental está no respeito pelas escolhas autónomas das pessoas em particular. O
respeito pela autonomia não constitui um mero ideal nos cuidados de saúde, mas uma

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obrigação profissional. E a escolha autónoma configura um direito e não um dever dos


pacientes.
O princípio da não maleficência
O princípio da não maleficência afirma a obrigação de não causar danos aos outros, ou
seja, de não fazer ou promover o mal a uma pessoa. Na ética médica associa-se à máxima
“primum non nocere”, que significa que em primeiro lugar não se deve causar danos.
As normas abrangidas pela não maleficência apenas exigem a contenção intencional de
atos que causem mal ou dano, tendo as suas regras a forma de proibição, ou seja, de “não
fazer”, ao passo que as de beneficência requerem uma ação direta de ajuda, seja
prevenindo ou eliminando o mal ou dano, seja promovendo o bem.
O princípio da beneficência
Para a ética biomédica é central fornecer benefícios; prevenir e eliminar danos; pesar e
balancear os possíveis bens de uma ação contra os seus custos e possíveis danos. Além do
mais, há uma implícita assunção da beneficência nas profissões da saúde e no seu contexto
institucional, sendo o seu objetivo, racional e justificativo, a obrigação de promover o bem
dos pacientes, ultrapassando o simples evitar danos.
No objetivo do princípio da beneficência positiva encontra-se um conjunto de regras morais
mais específicas: como proteger e defender os direitos dos outros; prevenir os danos que
possam ocorrer a outros; eliminar as condições que podem causar danos a outros; ajudar
as pessoas com incapacidades; e ajudar as pessoas em perigo.
Princípio da justiça
A justiça distributiva abarca a distribuição justa, equitativa, apropriada e determinada por
normas justas que estruturam os termos da cooperação social. Refere-se à distribuição dos
direitos e responsabilidades na sociedade, incluindo os direitos civis e políticos.
Entre os princípios materiais de justiça distributiva encontram-se os seguintes:
• A cada pessoa uma parte igual;
• A cada pessoa de acordo com a sua necessidade;
• A cada pessoa de acordo com o seu esforço;
• A cada pessoa de acordo com a sua contribuição;
• A cada pessoa de acordo com o seu mérito;
• A cada pessoa de acordo com as transações do mercado livre.
É possível concluir que os portadores de incapacidades funcionais necessitam de cuidados
para alcançar um nível melhor de função e ter uma justa chance na vida, ou seja, como
não são responsáveis pela sua condição, a regra da justa oportunidade requer que
recebam tudo que os possa ajudar a atenuar ou corrigir os maus efeitos para a saúde
causados pela lotaria da vida.
Por outro lado, se a pessoa for responsável pelas suas incapacidades, o direito aos
cuidados de saúde encontra-se mais fragilizado, sendo justo considerar a hipótese de
negar-lhe tal benefício.

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Frente à regra da justa oportunidade, a questão primária é saber se o governo se deveria


envolver ou não na alocação e distribuição dos cuidados de saúde, ao invés de deixá-los ao
sabor do mercado. Neste sentido, admitem que a regra de capacidade para pagar não deve
constituir o único princípio de justiça distributiva a pautar o acesso aos bens e serviços de
saúde.

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2.3.Declaração Universal sobre direitos humanos e Bioética


(UNESCO/2005)

Em Outubro de 2005, a Conferência Geral da UNESCO adotou por aclamação a Declaração


Universal sobre Bioética e Direitos Humanos.
Pela primeira vez na história da bioética, os Estados-membros comprometeram-se, e à
comunidade internacional, a respeitar e aplicar os princípios fundamentais da bioética
condensada num texto único.
Ao tratar das questões éticas suscitadas pela medicina, ciências da vida e tecnologias
associadas na sua aplicação aos seres humanos, a Declaração, tal como o seu título indica,
incorpora os princípios que enuncia nas regras que norteiam o respeito pela dignidade
humana, pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais.
Ao consagrar a bioética entre os direitos humanos internacionais e ao garantir o respeito
pela vida dos seres humanos, a Declaração reconhece a interligação que existe entre ética
e direitos humanos no domínio específico da bioética.
A presente Declaração tem os seguintes objetivos:
(a) Proporcionar um enquadramento universal de princípios e procedimentos que
orientem os Estados na formulação da sua legislação, das suas políticas ou de
outros instrumentos em matéria de bioética;
(b) orientar as ações de indivíduos, grupos, comunidades, instituições e empresas,
públicas e privadas;
(c) contribuir para o respeito pela dignidade humana e proteger os direitos
humanos, garantindo o respeito pela vida dos seres humanos e as liberdades
fundamentais, de modo compatível com o direito internacional relativo aos direitos
humanos;
(d) reconhecer a importância da liberdade de investigação científica e dos benefícios
decorrentes dos progressos da ciência e da tecnologia, salientando ao mesmo
tempo a necessidade de que essa investigação e os consequentes progressos se
insiram no quadro dos princípios éticos enunciados na presente Declaração e
respeitem a dignidade humana, os direitos humanos e as liberdades fundamentais;
(e) fomentar um diálogo multidisciplinar e pluralista sobre as questões da bioética
entre todas as partes interessadas e no seio da sociedade em geral;
(f) promover um acesso equitativo aos progressos da medicina, da ciência e da
tecnologia, bem como a mais ampla circulação possível e uma partilha rápida dos
conhecimentos relativos a tais progressos e o acesso partilhado aos benefícios deles

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decorrentes, prestando uma atenção particular às necessidades dos países em


desenvolvimento;
(g) salvaguardar e defender os interesses das gerações presentes e futuras;
(h) sublinhar a importância da biodiversidade e da sua preservação enquanto
preocupação comum à humanidade.

2.4.A Comissão de Ética para a Saúde (CES)

A Comissão de Ética para a saúde (CES), é um órgão colegial e consultivo, multidisciplinar


e independente.
No âmbito da sua atividade, cabe a esta Comissão proceder à análise, reflexão e divulgação
de temas da prática biomédica e da saúde em geral que envolvam questões de ética,
emitindo, quando for caso disso, pareceres sobre os mesmos.
Cabe ainda a esta CES, de um modo particular, zelar pela observância de padrões de ética
no exercício das ciências médicas e da saúde em geral, principalmente ao nível dos
cuidados de saúde primários, de forma a proteger e garantir a dignidade e integridade da
pessoa humana, assegurando a correspondente qualidade de vida e salvaguardando o
exercício do consentimento, livre e esclarecido, como base do respeito pelo princípio da
autonomia, por parte dos utentes, e o direito de objeção de consciência, por parte dos
profissionais de saúde.

2.5.Boas práticas
As intervenções de saúde são realizadas com a preocupação da defesa da liberdade e da
dignidade da pessoa humana e do profissional
São valores universais a observar na relação profissional:
a) A igualdade;
b) A liberdade responsável, com a capacidade de escolha, tendo em atenção o bem
comum;
c) A verdade e a justiça;
d) O altruísmo e a solidariedade;
e) A competência e o aperfeiçoamento profissional.

São princípios orientadores da atividade profissional:


a) A responsabilidade inerente ao papel assumido perante a sociedade;
b) O respeito pelos direitos humanos na relação com os clientes;
c) A excelência do exercício na profissão em geral e na relação com outros
profissionais.

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O profissional de saúde, assume o dever de:


a) Cumprir as normas deontológicas e as leis que regem a profissão;
b) Responsabilizar-se pelas decisões que toma e pelos atos que pratica ou delega;
c) Proteger e defender a pessoa humana das práticas que contrariem a lei, a ética
ou o bem comum, sobretudo quando carecidas de indispensável competência
profissional;
d) Ser solidário com a comunidade, de modo especial em caso de crise ou
catástrofe, atuando sempre de acordo com a sua área de competência.
O profissional de saúde, sendo responsável para com a comunidade na promoção da saúde
e na resposta adequada às necessidades em cuidados, assume o dever de:
a) Conhecer as necessidades da população e da comunidade em que está inserido;
b) Participar na orientação da comunidade na busca de soluções para os problemas
de saúde detetados;
c) Colaborar com outros profissionais em programas que respondam às
necessidades da comunidade.
Como membro da equipa de saúde, o técnico de saúde assume o dever de:
a) Atuar responsavelmente na sua área de competência e reconhecer a
especificidade das outras profissões de saúde, respeitando os limites impostos pela
área de competência de cada uma;
b) Trabalhar em articulação e complementaridade com os restantes profissionais de
saúde;
c) Integrar a equipa de saúde, em qualquer serviço em que trabalhe, colaborando,
com a responsabilidade que lhe é própria, nas decisões sobre a promoção da saúde,
a prevenção da doença, o tratamento e recuperação, promovendo a qualidade dos
serviços.

3.As implicações éticas no desempenho das funções


do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde

3.1.Acesso à informação e confidencialidade

O doente tem direito a ser informado sobre a sua situação de saúde. Esta informação deve
ser prestada de forma clara, devendo ter sempre em conta a personalidade, o grau de
instrução e as condições clínicas e psíquicas do doente.

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

Especificamente, a informação deve conter elementos relativos ao diagnóstico (tipo de


doença), ao prognóstico (evolução da doença), tratamentos a efetuar, possíveis riscos e
eventuais tratamentos alternativos.
O doente pode desejar não ser informado do seu estado de saúde, devendo indicar, caso o
entenda, quem deve receber a informação em seu lugar.
A informação clínica e os elementos identificativos de um doente estão contidos no seu
processo clínico.
O doente tem o direito de tomar conhecimento dos dados registados no seu processo,
devendo essa informação ser fornecida de forma precisa e esclarecedora.
A omissão de alguns desses dados apenas é justificável se a sua revelação for considerada
prejudicial para o doente ou se contiverem informação sobre terceiras pessoas.
No respeito pelo direito à autodeterminação, o profissional de saúde assume o dever de:
a) Informar o indivíduo e a família no que respeita aos cuidados de saúde;
b) Respeitar, defender e promover o direito da pessoa ao consentimento informado;
c) Atender com responsabilidade e cuidado todo o pedido de informação ou
explicação feito pelo indivíduo em matéria de cuidados de saúde;
d) Informar sobre os recursos a que a pessoa pode ter acesso, bem como sobre a
maneira de os obter.

3.2.Direitos humanos e humanização na saúde


A dignidade humana é um direito humano fundamental, que adquire particular importância
em situação de doença. Deve ser respeitado por todos os profissionais envolvidos no
processo de prestação de cuidados, no que se refere quer aos aspetos técnicos, quer aos
atos de acolhimento, orientação e encaminhamento dos doentes.
É também indispensável que o doente seja informado sobre a identidade e a profissão de
todo o pessoal que participa no seu tratamento.
Este direito abrange ainda as condições das instalações e equipamentos, que têm de
proporcionar o conforto e o bem-estar exigidos pela situação de vulnerabilidade em que o
doente se encontra.
O profissional, no seu exercício, observa os valores humanos pelos quais se regem o
indivíduo e os grupos em que este se integra e assume o dever de:
a) Cuidar da pessoa sem qualquer discriminação económica, social, política, étnica,
ideológica ou religiosa;
b) Salvaguardar os direitos das crianças, protegendo-as de qualquer forma de
abuso;
c) Salvaguardar os direitos da pessoa idosa, promovendo a sua independência
física, psíquica e social e o autocuidado, com o objetivo de melhorar a sua
qualidade de vida;

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

d) Salvaguardar os direitos da pessoa com deficiência e colaborar ativamente na


sua reinserção social;
e) Abster-se de juízos de valor sobre o comportamento da pessoa assistida e não
lhe impor os seus próprios critérios e valores no âmbito da consciência e da filosofia
de vida;
f) Respeitar e fazer respeitar as opções políticas, culturais, morais e religiosas da
pessoa e criar condições para que ela possa exercer, nestas áreas, os seus direitos.

3.3.Protecção da intimidade e privacidade dos utentes

A prestação de cuidados de saúde efetua-se no respeito rigoroso do direito do doente à


privacidade, o que significa que qualquer ato de diagnóstico ou terapêutica só pode ser
efetuado na presença dos profissionais indispensáveis à sua execução, salvo se o doente
consentir ou pedir a presença de outros elementos.
A vida privada ou familiar do doente não pode ser objeto de intromissão, a não ser que se
mostre necessária para o diagnóstico ou tratamento e o doente expresse o seu
consentimento.
Atendendo aos sentimentos de pudor e interioridade inerentes à pessoa, o profissional de
saúde assume o dever de:
a) Respeitar a intimidade da pessoa e protegê-la de ingerência na sua vida privada
e na da sua família;
b) Salvaguardar sempre, no exercício das suas funções e na supervisão das tarefas
que delega, a privacidade e a intimidade da pessoa.

3.4.O segredo profissional

Todas as informações referentes ao estado de saúde do doente – situação clínica,


diagnóstico, prognóstico, tratamento e dados de carácter pessoal – são confidenciais.
Contudo, se o doente der o seu consentimento e não houver prejuízos para terceiros, ou se
a lei o determinar, podem estas informações ser utilizadas.
Este direito implica a obrigatoriedade do segredo profissional, a respeitar por todo o
pessoal que desenvolve a sua atividade nos serviços de saúde.
O técnico de saúde obrigado a guardar segredo profissional sobre o que toma
conhecimento no exercício da sua profissão, assume o dever de:
a) Considerar confidencial toda a informação acerca do destinatário de cuidados e
da família, qualquer que seja a fonte;

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

b) Partilhar a informação pertinente só com aqueles que estão implicados no plano


terapêutico, usando como critérios orientadores o bem-estar, a segurança física,
emocional e social do indivíduo e família, assim como os seus direitos;
c) Divulgar informação confidencial acerca do indivíduo e família só nas situações
previstas na lei, devendo, para tal efeito, recorrer a aconselhamento deontológico e
jurídico;
d) Manter o anonimato da pessoa sempre que o seu caso for usado em situações de
ensino, investigação ou controlo da qualidade de cuidados.

3.5.Fronteiras e limites na atuação


A responsabilidade traduz uma obrigação que o indivíduo tem em dar conta dos seus atos e
suportar as consequências dele. Um indivíduo responsável – é aquele que age com
conhecimento e liberdade suficiente para com os seus atos possam ser considerados como
dignos, devendo responder por eles, é ainda um indivíduo que dentro de um grupo pode
tomar decisões.

A relação entre o Profissional/ Utente resulta na forma como o Profissional deve cuidar do
Utente, com respeito, como uma pessoa que tem o direito de tomar as suas decisões de
ser autodeterminação e que merece a defesa ou a confidencialidade das suas informações.
Na modalidade dos atos jurídicos intencionais é possível distinguir-se a vontade humana,
sendo que esta é considerada para o direito, como a génese da voluntariedade de
determinar Direito – vontade expressa de uma certa ação. Noutros casos para além dessa
voluntariedade, atende-se também ao facto de o agente querer expressar uma
determinada conduta de pensamento.
A vontade funcional encontra-se sempre nos atos intencionais, não tendo no entanto em
todos eles a mesma extensão, processando-se a distinção nos termos seguintes. Em certos
atos jurídicos intencionais, a vontade, embora se refira aos efeitos do ato, não estipula
esses efeitos.
Os efeitos do ato indeterminado, não são fixos tão só pela norma jurídica, como também
pelo agente. Nem a norma nem o agente determinam os efeitos do ato em termos
absolutos. A norma confere uma certa liberdade ao agente na determinação dos efeitos.

3.6.Princípios e normas de conduta: distinguir atos lícitos e não


lícitos no âmbito da atividade profissional

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

Noção de facto jurídico: É todo o ato humano ou acontecimento natural juridicamente


relevante. Esta relevância jurídica traduz-se principalmente, senão mesmo necessariamente
na produção de efeitos jurídicos.
A constituição de uma relação jurídica depende sempre de um evento, evento esse a que o
Direito reconhece relevância como fonte de eficácia jurídica. A delimitação de facto jurídico
é tarefa que cabe ao próprio Direito.
A criação de efeitos jurídicos cabe à norma jurídica. Daí que, os factos jurídicos constituam
a caracterização das situações que sob forma hipotética a norma faz depender a produção
de efeitos de Direito.
O critério de distinção entre atos lícitos e ilícitos é o de conformidade com a lei, projetando-
se esta distinção igualmente no regime dos efeitos jurídicos do ato, é uma distinção
privativa dos atos jurídicos.

A razão de ser desta delimitação reside na circunstância de a ilicitude envolver sempre um


elemento de natureza subjetiva que se manifesta num não acatamento, numa rebeldia à
Ordem Jurídica instituída.
Neste sentido, envolve sempre uma violação da norma jurídica, sendo nesse sentido a
atitude adotada pela lei a repressão, desencadeando assim um efeito tipo da violação – a
sanção. Os atos ilícitos, são contrários à Ordem Jurídica e por ela reprovados, importam
uma sanção para o seu autor (infrator de uma norma jurídica).
Os atos lícitos são conformes à Ordem Jurídica e por ela consentidos. Não podemos dizer
que o ato ilícito seja sempre inválido. Um ato ilícito pode ser válido, embora produza os
seus efeitos sempre acompanhado de sanções. Da mesma feita, a invalidade não acarreta
também a ilicitude do ato.
A distinção entre atos jurídicos simples ou não intencionais ou calculados, não põe em
causa o problema da intervenção da vontade, não obstante se atenda à relevância da
vontade no regime dos efeitos jurídicos do ato. Há certos atos jurídicos que bastam com a
vontade do agente, dirigida a uma conduta em si mesma.
Esta conduta, tem no entanto de ser querida pelo agente e necessita sempre de uma ação
humana – sendo esta apta e suficiente para que se produzam os efeitos previstos na forma
jurídica.
Os atos ilícitos envolvem sempre uma violação da norma jurídica, sendo nesse sentido
atitude adotada pela lei a repressão, desencadeando assim um efeito tipo da violação – a
sanção. São contrários à Ordem Jurídica e por ela reprovados, importam uma sanção para
o seu autor (infrator de uma norma jurídica).
Os atos lícitos são conformes à Ordem Jurídica e por ela consentidos. Não podemos dizer
que o ato ilícito seja sempre inválido.

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

Um ato ilícito pode ser válido, embora produza os seus efeitos sempre acompanhado de
sanções. Da mesma feita, a invalidade não acarreta também a ilicitude do ato.
Os atos jurídicos intencionais, podem distinguir-se entre determinados e indeterminados.
Há nestes atos jurídicos aquilo a que alguns autores chamam: a nota finalista da conduta
humana.

3.7.O utente, a família e os profissionais de saúde


Sem dúvida que o hospital é um espaço social, por isso naturalmente vê-se confrontado
com relações institucionais complexas e diversificadas, que podem dificultar a aplicação de
um modelo pluridimensional, de olhar virado também para a família.

O hospital deve construir-se também como agente de transformação social, ser gerador de
novos conhecimentos e questionar-se sobre as suas próprias práticas numa atitude
reflexiva.
O hospital deve ser formado de uma cultura prospetiva de relação com o exterior, dinâmica
e criativa, e estar disposto a correr riscos e a gerir o imprevisível. Na realidade, o doente
tem direito a receber ensinamentos necessários para compreender e cooperar no
tratamento, preparar-se para o autocuidado e para adquirir o maior grau de autonomia e
independência que o seu estado permita evitar recaídas ou novas crises, bem como
prevenir a doença em geral e promover a sua saúde e dos seus. Nesta preparação deve-se
incluir a família.
Esta preparação só será bem-sucedida se programada e realizada durante o internamento
e não apenas no momento da alta, pois este momento para além do poder ser breve,
também pode ser um momento onde as emoções, preocupações e a ansiedade perturbam
a aprendizagem, essencial à continuidade dos cuidados. A que os serviços públicos de
saúde, se constituam e funcionem de acordo com os seus legítimos interesse.
Parece-nos, que se promovermos a participação da família nos cuidados ao utente
internado, estamos de algum modo a minimizar a solidão (a separação com o meio
exterior), a permitir que o utente seja um sujeito determinado, quer pela sua história quer
pela sua identidade, e não um refém infalível do nosso sistema de saúde.
Se é verdade que muitas vezes a forma de cuidar das nossas instituições conduz a família a
uma perda de dinamismo e criatividade, também é verdade que as famílias vêem os
profissionais como aqueles que “ tudo deverão fazer “.
Neste sentido, é urgente promover não apenas politicas para a família, ajudando-a
mediante a atribuição de recursos adequados e de instrumentos eficazes de apoio quer na

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

educação dos filhos quer no cuidado dos anciãos, evitando o afastamento do núcleo
familiar e reforçando os laços entre gerações.
A carta dos direitos da família considera que “... O sistema amplo, onde existir, deve ser
estimado e ajudado, a fim de cumprir o seu papel tradicional de solidariedade e assistência
mútua, respeitando ao mesmo tempo os direitos do núcleo familiar e a dignidade pessoal
de cada membro... “.
Ao imaginarmos uma situação de internamento hospitalar que tradicionalmente permite a
presença física dos familiares por mais ou menos uma ou duas horas por dia, parece-nos
difícil que este direito seja respeitado.

Também relativamente aos direitos e deveres sociais, a constituição da República


Portuguesa (1997), refere-se entre outros, ao direito da família. O artº 67 (1996:34) afirma
que:
“... A família como elemento fundamental da sociedade, tem direito à proteção da
sociedade e do estado e à efetivação de todas as condições que permitam a realização
pessoal dos seus membros...”
Um maior envolvimento da família ajuda a manter o lugar do utente na família,
promovendo a continuidade entre o meio social e o meio hospitalar. Poderem participar e
sentirem-se incluídos aumenta o sentimento de utilidade, atenuando desta forma a
ansiedade e stress a que foram sujeitos.
O envolvimento não só assegura cuidados mais consistentes para o utente, mas é também
muito benéfico para a família, dando-lhe um sentido de cumprimento e utilidade.

4.Direito de trabalho

4.1.Contrato de trabalho

Noção de contrato de trabalho


Contrato de trabalho é aquele pelo qual uma pessoa singular se obriga, mediante
retribuição, a prestar a sua atividade a outra ou outras pessoas, no âmbito de organização
e sob a autoridade destas.
Presunção de contrato de trabalho
Presume-se a existência de contrato de trabalho quando, na relação entre a pessoa que
presta uma atividade e outra ou outras que dela beneficiam, se verifiquem algumas das
seguintes características:

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

a) A atividade seja realizada em local pertencente ao seu beneficiário ou por ele


determinado;
b) Os equipamentos e instrumentos de trabalho utilizados pertençam ao beneficiário
da atividade;
c) O prestador de atividade observe horas de início e de termo da prestação,
determinadas pelo beneficiário da mesma;
d) Seja paga, com determinada periodicidade, uma quantia certa ao prestador de
atividade, como contrapartida da mesma;
e) O prestador de atividade desempenhe funções de direção ou chefia na estrutura
orgânica da empresa.

Contratos de trabalho a termo resolutivo certo


Para satisfação de necessidades urgentes de pessoal que possam comprometer a regular
prestação de cuidados de saúde, os serviços e estabelecimentos que integram o Serviço
Nacional de Saúde podem, a título excecional, celebrar contratos de trabalho a termo
resolutivo certo, até ao prazo máximo de um ano, obedecendo a um processo de selecção
simplificado precedido de publicitação da oferta de trabalho pelos meios mais adequados e
de decisão reduzida a escrito e fundamentada em critérios.
Quando a duração inicial dos contratos celebrados nos termos do número anterior não
atinja o limite de um ano, os mesmos podem ser renovados até ao máximo de duas vezes,
devendo a sua duração global, incluindo renovações, observar o limite máximo de um ano.
A faculdade a que se referem os números anteriores é limitada aos seguintes grupos
profissionais:
a) Pessoal médico;
b) Pessoal de enfermagem;
c) Técnicos superiores de saúde;
d) Técnicos de diagnóstico e terapêutica;
e) Auxiliares de ação médica;
f) Pessoal com destino ao exercício de funções de secretariado clínico.

Para efeitos do disposto nos números anteriores, o número máximo de contratos a celebrar
é autorizado pelo Ministro de Estado e das Finanças, sob proposta do Ministro da Saúde.
Compete à Administração Central do Sistema de Saúde, IP, com observância do limite
previsto no número anterior, a fixação de quotas para a contratação de pessoal por cada
região de saúde, cabendo à respetiva administração regional de saúde (IP) a sua
distribuição pelos serviços e estabelecimentos.
A celebração de contratos nos termos dos números anteriores é da exclusiva competência
dos titulares dos órgãos máximos de gestão dos respetivos serviços ou estabelecimentos de
saúde.

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

Os titulares dos órgãos previstos no número anterior enviam, trimestralmente, à


administração regional de saúde (IP) territorialmente competente os elementos
sistematizados relativos aos contratos celebrados e aos contratos objeto de renovação,
bem como à fundamentação das respetivas necessidades.

4.2.Regime das faltas, férias e licenças


Férias
Direito a férias
O direito a férias é um direito fundamental atribuído ao trabalhador. Este não pode, em
princípio, recusar este direito e não podem ser substituídas por compensações financeiras.
O direito a férias adquire-se com a celebração do contrato de trabalho, vence-se no dia 1
de Janeiro de cada ano e refere-se, em regra, ao trabalho prestado no ano anterior.
No ano de admissão, os trabalhadores só têm direito ao gozo de férias após 6 meses
completos de trabalho.
O direito a férias deve ser exercido de modo a proporcionar ao trabalhador a recuperação
física e psíquica, condições de disponibilidade pessoal, integração na vida familiar e
participação social e cultural.
Duração do período de férias
Os trabalhadores têm direito a um período de 22 dias úteis de férias por ano.
Este período pode ser aumentado no caso de o trabalhador não ter faltado ou ter apenas
faltas justificadas no ano a que as férias se reportam, nos seguintes termos:
a) Três dias de férias, até uma falta ou dois meios-dias;
b) Dois dias de férias, até duas faltas ou quatro meios-dias;
c) Um dia de férias, até três faltas ou seis meios-dias.
No ano de admissão, os trabalhadores têm direito a gozar 2 dias úteis de férias por cada
mês de duração do contrato, até ao máximo de 20 dias úteis.
O trabalhador pode renunciar ao gozo de dias de férias que excedam 20 dias úteis, ou a
correspondente proporção no caso de férias no ano de admissão, sem redução da
retribuição e do subsídio relativos ao período de férias vencido, que cumulam com a
retribuição do trabalho prestado nesses dias.
No caso de se mudar de ano civil antes dos seis meses de contrato, ou antes de gozado o
direito a férias, o trabalhador pode gozá-las até 30 de Junho do ano civil seguinte. Neste
caso, porém, os trabalhadores não podem gozar mais de 30 dias úteis de férias nesse ano.
Se o contrato de trabalho não atingir seis meses, o trabalhador tem direito a dois dias úteis
de férias por cada mês completo de contrato. Nestes contratos, o gozo das férias ocorre
imediatamente antes da cessação do contrato, salvo acordo das partes.
Marcação do período de férias
As férias são marcadas por acordo entre os trabalhadores e o empregador.

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

Se não houver acordo, cabe ao empregador marcar as férias que não podem ter início em
dia de descanso semanal do trabalhador. E, estas só podem ser marcadas entre o dia 1 de
Maio e 31 de Outubro.
Na marcação das férias, os períodos mais pretendidos devem ser distribuídos, sempre que
possível, beneficiando alternadamente os trabalhadores em função dos períodos gozados
nos dois anos anteriores.
Salvo se houver prejuízo grave para o empregador, devem gozar férias em idêntico período
os cônjuges que trabalhem no mesmo local, bem como os trabalhadores que vivam em
união de facto ou economia comum.
O gozo do período de férias pode ser interpolado, por acordo entre o trabalhador e o
empregador, devendo, porém, ser assegurado o gozo de um mínimo de 10 dias úteis
consecutivos.
Exercício de outra atividade durante as férias
O trabalhador não pode exercer qualquer outra atividade remunerada durante as férias,
salvo se já a viesse exercendo cumulativamente ou o empregador autorizar a isso.
Faltas
Noção
Falta é a ausência do trabalhador no local de trabalho e durante o período em que devia
desempenhar a atividade a que está adstrito.
Nos casos de ausência do trabalhador por períodos inferiores ao período de trabalho a que
está obrigado, os respetivos tempos são adicionados para determinação dos períodos
normais de trabalho diário em falta.

Tipos de falta
As faltas podem ser justificadas ou injustificadas.
São consideradas faltas justificadas:
a) As dadas, durante 15 dias seguidos, por altura do casamento;
b) As motivadas por falecimento do cônjuge, parentes ou afins, nos termos do
artigo 251º;
c) As motivadas pela prestação de provas em estabelecimento de ensino, nos
termos do art. 91º;
d) As motivadas por impossibilidade de prestar trabalho devido a facto que não seja
imputável ao trabalhador, nomeadamente doença, acidente ou cumprimento de
obrigações legais;
e) As motivadas pela necessidade de prestação de assistência inadiável e
imprescindível a filho, a neto ou a membro do agregado familiar de trabalhador, nos
termos dos artigos 49º,50º ou 252º;
f) As ausências não superiores a quatro horas e só pelo tempo estritamente
necessário, justificadas pelo responsável pela educação de menor, uma vez por

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trimestre, para deslocação à escola tendo em vista inteirar-se da situação educativa


do filho menor;
g) As dadas pelos trabalhadores eleitos para as estruturas de representação
coletiva, nos termos do artigo 409º;
h) As dadas por candidatos a eleições para cargos públicos, durante o período legal
da respetiva campanha eleitoral;
i) As autorizadas ou aprovadas pelo empregador;
j) As que por lei forem como tal consideradas.

Comunicação da falta justificada


As faltas justificadas, quando previsíveis, são obrigatoriamente comunicadas ao
empregador com a antecedência mínima de cinco dias.
Quando imprevisíveis, as faltas justificadas são obrigatoriamente comunicadas ao
empregador logo que possível.Prova da falta justificada
O empregador pode, nos 15 dias seguintes à comunicação referida no artigo anterior, exigir
ao trabalhador prova dos factos invocados para a justificação.

Efeitos das faltas justificadas


As faltas justificadas não determinam a perda ou prejuízo de quaisquer direitos do
trabalhador, salvo o disposto a seguir.
Sem prejuízo de outras previsões legais, determinam a perda de retribuição as seguintes
faltas ainda que justificadas:
a) Por motivo de doença, desde que o trabalhador beneficie de um regime de
segurança social de proteção na doença;
b) Por motivo de acidente no trabalho, desde que o trabalhador tenha direito a
qualquer subsídio ou seguro;
c) A falta para assistência a membro do agregado familiar;
d) Todas aquelas que sejam consideradas justificadas por lei quando excedam 30
dias por ano;
e) As faltas autorizadas ou aprovadas pelo empregador.

Efeitos das faltas injustificadas


As faltas injustificadas constituem violação do dever de assiduidade e determinam perda da
retribuição correspondente ao período de ausência, o qual será descontado na antiguidade
do trabalhador.
Tratando-se de faltas injustificadas a um ou meio período normal de trabalho diário,
imediatamente anteriores ou posteriores aos dias ou meios-dias de descanso ou feriados,
considera-se que o trabalhador praticou uma infração grave.
No caso de a apresentação do trabalhador, para início ou reinício da prestação de trabalho,
se verificar com atraso injustificado superior a trinta ou sessenta minutos, pode o

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empregador recusar a aceitação da prestação durante parte ou todo o período normal de


trabalho, respetivamente.
Conceito de licença
Considera-se licença a ausência prolongada do serviço mediante autorização.
Tipos de licenças
As licenças podem revestir as seguintes modalidades:
a) Licença sem vencimento até 90 dias;
b) Licença sem vencimento por um ano;
c) Licença sem vencimento de longa duração;
d) Licença sem vencimento para acompanhamento do cônjuge colocado no
estrangeiro;
e) Licença sem vencimento para exercício de funções em organismos internacionais.
A concessão das licenças depende de prévia ponderação da conveniência de serviço e da
ponderação do interesse público.

5.O sistema de avaliação de desempenho

5.1.Linhas orientadoras de um sistema de avaliação de


desempenho
A avaliação de desempenho é um sistema formal e sistemático que permite apreciar o
trabalho desenvolvido pelos colaboradores de uma organização. Em termos gerais,
qualquer sistema de avaliação de desempenho pode ser conceptualizado como integrando
um conjunto de três componentes: os objetivos, os instrumentos e os procedimentos.
A avaliação de desempenho permite manter um controlo sobre a evolução da atividade,
constituindo um instrumento fundamental de desenvolvimento da relação entre a
organização e os seus trabalhadores, através do momento de autorreflexão e discussão
crítica de resultados que proporciona entre supervisores e subordinados.
Os principais objetivos que levam as organizações a implementar um sistema de avaliação
de desempenho se prendem com a satisfação de três necessidades, sendo uma da
organização e duas do indivíduo:
 Ao nível da organização, a avaliação de desempenho ajuda as decisões
administrativas ligadas às transferências, às remunerações, etc.
 Ao nível do indivíduo, permite que o avaliado conheça a apreciação que é feita
acerca do seu desempenho e permite ao avaliador aconselhar o colaborador no seu
percurso profissional.

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A avaliação de desempenho permite apoiar as decisões de ação disciplinar, dar feedback,


desenvolver o empregado, servir de critério para as promoções, para a selecção, para a
formação/supervisão e para o diagnóstico e desenvolvimento organizacional.
A avaliação do desempenho do potencial humano, passa por medir o trabalho individual, o
trabalho em equipa, a interação entre as equipas, assim como o conjunto das práticas de
gestão dos RH. É fundamental que as práticas internas estejam adequadas ao ambiente
externo da empresa.
Quando nos concentramos no caso especifico do sector da saúde, o sistema de avaliação
de desempenho visa detetar os fatores que influenciam o rendimento profissional e
recolher as necessidades de formação, ao mesmo tempo que é utilizado como uma das
bases para fundamentar as promoções dos trabalhadores.

5.2.Modelo de avaliação de desempenho

Lei n.º 66-B/2007, de 28 de Dezembro, institui o sistema integrado de gestão e avaliação


do desempenho na Administração Pública (SIADAP), aplicando-se aos desempenhos dos
serviços públicos, dos respetivos dirigentes e demais trabalhadores, concretizando uma
conceção integrada dos sistemas de gestão e avaliação, permitindo
A avaliação e gestão do desempenho enquadram-se no processo de modernização da
Administração Pública, com o objetivo da melhoria contínua dos serviços.
Para que esta melhoria contínua seja possível será necessário desenvolver uma cultura de
gestão orientada para resultados com base em objetivos previamente estabelecidos,
mobilizando os trabalhadores em torno da missão essencial do serviço, orientando a sua
atividade em função de objetivos claros e critérios de avaliação transparentes.
O SIADAP encontra-se dividido em três subsistemas de avaliação de desempenho: SIADAP
1, direcionado para os serviços; SIADAP 2, direcionado para os dirigentes; e, por ultimo, o
SIADAP 3, direcionado para os trabalhadores.
O SIADAP 3, diz respeito à avaliação de desempenho dos trabalhadores, e é realizado com
uma periocidade de um ano. Se o avaliado, se encontrar no serviço à menos de seis meses
a sua avaliação será realizada em conjunto com a avaliação do ano seguinte.
A avaliação do desempenho dos trabalhadores é efetuada com base nos parâmetros de
Resultados e Competências.
Os resultados são fixados, anualmente, pelo menos três objetivos para cada trabalhador,
sendo que para cada objetivo deve ser estabelecido o indicador de medida de
desempenho.
Os objetivos a fixar devem ser, designadamente:

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 De produção de bens e atos ou prestação de serviços;


 De qualidade, orientada para a inovação, melhoria do serviço e satisfação das
necessidades dos utilizadores;
 De eficiência, no sentido da simplificação e racionalização de prazos e
procedimentos de gestão processual e na diminuição de custos de funcionamento;
 De aperfeiçoamento e desenvolvimento das competências individuais, técnicas e
comportamentais do trabalhador.
As competências são escolhidas de entre as constantes da lista aprovada para o respetivo
grupo profissional em número não inferior a cinco para cada trabalhador.
É instituída a Comissão Paritária, a funcionar junto do dirigente máximo de cada serviço,
com competência consultiva e tendo por objetivo apreciar propostas de avaliação dadas a
conhecer a trabalhadores avaliados antes da homologação. É composta por 4 vogais: 2 em
representação da Administração (sendo um membro do Conselho Coordenador da
Avaliação); e, 2 representantes dos trabalhadores.

6.Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) para a área da


Saúde

Estatuto dos profissionais de saúde (Lei de Bases da Saúde)


Os profissionais de saúde que trabalham no Serviço Nacional de Saúde estão submetidos
às regras próprias da Administração Pública e podem constituir-se em corpos especiais,
sendo alargado o regime laboral aplicável, de futuro, à lei do contrato individual de
trabalho e à contratação coletiva de trabalho.
A lei estabelece, na medida do que seja necessário, as regras próprias sobre o estatuto dos
profissionais de saúde, o qual deve ser adequado ao exercício das funções e delimitado
pela ética e deontologia profissionais.
Aos profissionais dos quadros do Serviço Nacional de Saúde é permitido, sem prejuízo das
normas que regulam o regime de trabalho de dedicação exclusiva, exercer a atividade
privada, não podendo dela resultar para o Serviço Nacional de Saúde qualquer
responsabilidade pelos encargos resultantes dos cuidados por esta forma prestados aos
seus beneficiários.
É aplicável ao pessoal do SNS o regime dos funcionários e agentes da administração
central, com as alterações previstas no presente Estatuto e nas leis que especialmente lhe
respeitem.

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A legislação especial pode estatuir sobre carreiras próprias, duração dos períodos de
trabalho, defesa contra os riscos do exercício profissional e garantia de independência
técnica e científica quanto a profissionais que prestam cuidados diretos.
Tendo em vista assegurar, com carácter de subordinação, a satisfação de necessidades
transitórias e urgentes em serviços e estabelecimentos de prestação de cuidados de saúde
integrados no Serviço Nacional de Saúde, podem ser celebrados, mediante despacho de
autorização do Ministro da Saúde, contratos de trabalho a termo certo para o exercício de
funções correspondentes às das carreiras médica, de enfermagem, de técnico superior de
saúde, de técnico superior de serviço social, de técnico de diagnóstico e terapêutica, de
auxiliar de ação médica e de auxiliar de apoio e vigilância.
Pode, excecionalmente, em termos devidamente fundamentados, recorrer-se à contratação
de outro pessoal que se mostre absolutamente indispensável a garantir apoio
imprescindível à prestação de cuidados de saúde e desde que esgotadas as hipóteses de
recursos aos instrumentos de mobilidade existentes na Administração Pública.
As administrações regionais de saúde devem enviar trimestralmente ao Departamento de
Recursos Humanos da Saúde listagens nominativas do pessoal contratado nos termos do
presente diploma.
Contratação coletiva
Âmbito
Designa-se contratação coletiva a negociação levada a cabo pelas entidades empregadoras,
por um lado, e as associações sindicais em representação dos trabalhadores nelas filiados,
por outro, com vista à celebração de um acordo coletivo de trabalho onde são regulados
diversos aspetos da relação laboral.
Na contratação coletiva as partes encontram-se num plano de igualdade, não podendo
uma delas impor a sua pretensão à outra.
A entrada em vigor de um acordo coletivo de trabalho, pressupõe, necessariamente, a
concordância de ambas as partes relativamente ao teor do seu clausulado.
Ao Estado compete promover a contratação coletiva, de modo que os regimes previstos em
acordos coletivos de trabalho sejam aplicáveis ao maior número de trabalhadores e
entidades empregadoras públicas.

Princípio do tratamento mais favorável


As disposições de instrumento de regulamentação coletiva de trabalho só podem ser
afastadas por contrato de trabalho quando este estabeleça condições mais favoráveis para
o trabalhador.
Forma de instrumento de regulamentação coletiva de trabalho

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

O instrumento de regulamentação coletiva de trabalho reveste a forma escrita, sob pena de


nulidade.
Limites do conteúdo de instrumento de regulamentação coletiva de trabalho
O instrumento de regulamentação coletiva de trabalho não pode:
a) Contrariar norma legal imperativa;
b) Regulamentar atividades económicas, nomeadamente períodos de
funcionamento, regime fiscal, formação dos preços e exercício da atividade de
empresas de trabalho temporário, incluindo o contrato de utilização;
c) Conferir eficácia retractiva a qualquer cláusula que não seja de natureza
pecuniária.
d) O instrumento de regulamentação coletiva de trabalho pode instituir regime
complementar contratual que atribua prestações complementares do subsistema
previdencial na parte não coberta por este, nos termos da lei.

Bibliografia

AA VV. Carta de direitos do doente internado, Ed. Ministério da Saúde/ Direcção-Geral de


saúde
AA VV., Qualidade em saúde – Boas práticas de atendimento , Separata técnica – Revista
Qualidade em Saúde, 2003
Aleixo, Fernando, Manual do Assistente Operacional, Ed. Centro Hospitalar do Barlavento
Algarvio., EPE, 2008
Neves, Carlos, Bioética: temas elementares, Ed. Fim de século, 2001
Sites Consultados
Catálogo Nacional de Qualificações
http://www.catalogo.anq.gov
Direcção-Geral do emprego e das Relações de Trabalho
http://www.dgert.mtss.gov.pt/
Ordem dos Enfermeiros

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Ufcd 6558 – A Atividade profissional do/a técnico/a auxiliar de saúde

http://www.ordemenfermeiros.pt/
Portal da saúde
http://www.portaldasaude.pt/

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