JUAZEIRO DO NORTE
2019
ROMILSON DA SILVA NOGUEIRA
JUAZEIRO DO NORTE
2019
ROMILSON DA SILVA NOGUEIRA
BANCA EXAMINADORA
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Primeiramente à Deus, que me deu força para encarar as dificuldades desse ciclo, e
me mostrou muita luz para seguir a diante.
A minha tia Alaide, que sempre esteve comigo fazendo do meu caminho o dela, no
qual eu sou muito grato por tudo que ela fez e faz por mim.
A minha mãe biológica Rozalva, que se fez presente em minha vida, me dando
forças e torcendo por minhas conquistas.
A minha avó Lourdes (in memorian), que desde que seus olhos se fecharam para o
mundo, sempre vive em mim uma saudade eterna, mas sei que, de algum lugar, ela olhar por
mim.
Ao meu avô Chico (in memorian), que me ajudou bastante nessa caminhada e não
conseguiu alcançar essa vitória que ele tanto esperava, sou eternamente grato.
A minha irmã Raiane, que passou todas as tormentas e angustias desse ciclo comigo
me dando amor e me incentivado a seguir em frente.
A minha filha de quatro patas Susi, que me dá o imenso prazer de ter sua companhia,
me ensina todo dia o que é fidelidade e amor incondicional.
Ao meu amigo Ruan Carlos, que é mais que um amigo, um irmão que está sempre
comigo compartilhando as alegrias e tristeza, amizade que quero carregar para a vida.
A Camilla Matias que embarcou comigo nessa temática e aprendemos muito juntos
compartilhando esse prazer pela terra e pela construção civil.
Aos meus amigos, Ana Rayanne, Danilo, Felipe, Juvêncio e Lourena, no qual
vivemos muitos momentos maravilhosos juntos, aproveitando nossa vida social da melhor
forma possível, essencial para o nosso crescimento.
Aos meus amigos Aline, Ayalla, Ana Vanessa, Rudson e Victor que desde do
ensino médio estão comigo, mostrando a força que tem uma amizade verdadeira.
A minha amiga Alessa que está vivendo essa metamorfose ambulante da vida
comigo, muito obrigado por todo o amor. E meu compadre Igor pela sua amizade.
Aos meus amigos de estágio, Mariana, Fabricio Oliveira, Fabricio Souza, Lael
Leal e Artur, foram tantas trocas de conhecimentos de valor imensurável.
À minha orientadora Fabiana por toda paciência e atenção, muito obrigado por
todo conhecimento repassado, e pela pessoa maravilhosa que tive o prazer de conhecer.
“Nunca deixe que lhe digam que não vale a
pena acreditar no sonho que se tem ou que os
seus planos nunca vão dar certo ou que você
nunca vai ser alguém...” (Renato Russo)
RESUMO
This work presents a study for the physical-mechanical characterization of rammed earth and
the main material used in this method is the earth. The justification for choosing this technique
is based on the possibility of improving the quality of sustainable buildings and developing
high-performance, economic construction systems. For this purpose, a bibliographical review
was carried out on the constructive method and the characterization of the earth, through
laboratory tests. In order to guarantee better resistance results for the rammed earth,
geotechnical tests were performed to define parameters that will be used to achieve the best
yield of the rammed earth. Thus, the soil under study was stabilized and tensile and compressive
strengths were obtained, with norms with 10% cement added. It is hoped that the studies carried
out will serve to guide future works in construction with earth, to encourage the use of
techniques, such as rammed earth, that generate less negative environmental impacts.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14
1.2 Objetivos.................................................................................................................... 15
2.2.1 Adobe.......................................................................................................................... 16
5 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 49
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 50
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
As construções com terra surgem de maneira mais oportuna, pois são caracterizadas
por baixos consumos de energia e de emissões de carbono, por estarem associadas a baixos ou
quase nulos níveis de poluição e ainda por serem responsáveis por níveis de umidade interior,
benéficos em termos de saúde humana. Assim, esse tipo de construção apresenta vantagens
competitivas frente às construções convencionais, o que lhes asseguram um futuro promissor.
O público alvo desse método são comunidades em áreas rurais ou pessoas que
desejam adotar um método construtivo que minimizem os impactos ambientais e que ofereçam
melhorias na qualidade de vida.
Esses métodos construtivos com terra podem se tornar uma forma de contornar
alguns problemas de precariedade e falta de habitação. Nos países ibero-americanos, continua
o esforço de pesquisadores em promover inovações tecnológicas fundamentadas em modernos
conceitos de racionalidade, qualidade e sustentabilidade, adotados na construção civil em geral,
e em transferir a tecnologia com o foco voltado principalmente para a produção de residências
de interesse social (NEVES, 2004).
O tema do trabalho se insere no âmbito de solução construtiva sustentável e carece
de um estudo mais aprofundado. Assim, buscou-se realizar um estudo com o intuito de verificar
as propriedades da matéria prima utilizada para a construção da taipa e suas limitações.
1.2 Objetivos
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Em linhas gerais os métodos mais utilizados no Brasil podem ser descritos como
apresentados nos itens a seguir.
2.2.1 Adobe
Figura 1 - Adobe
a) Observação da cor: a matéria orgânica exibe usualmente aos solos uma cor
escura, a qual costuma aparecer nas primeiras camadas de solo. Os solos pálidos
significam a presença de areias quartzosas ou feldspáticas. Já os solos com cor
vermelha, podem ter essa cor devido à presença de óxidos de ferro.
b) Teste do cheiro: um solo orgânico é identificado por um cheiro forte de húmus,
o qual é potenciado pelo aquecimento ou umedecimento desse solo.
c) Teste do tato: ao esfregar-se uma amostra de solos entre as mãos, percebe-se a
presença de um solo arenoso pelo fato de ser áspero. Solos plásticos ou viscosos
quando úmidos, indicam elevada quantidade de argilas.
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i) Teste de resistência à secagem: com solo retido numa peneira com malha de 1
mm, tomam-se três porções, que são ligeiramente espalmadas de forma a ficarem
com 1 cm de espessura e 5 cm de diâmetro. Em seguida colocam-se essas
amostras ao sol para secar. Analisando a dureza do solo, através do seu aperto
entre o polegar e o indicador podemos classificar o solo como argila se não se
desfizer, como argila arenosa ou siltosa se a amostra se desfizer após algum
esforço e uma areia se o solo se desfizer facilmente.
De acordo com Ponte (2012), estabilizar a terra significa alterar um sistema terra-
água-ar, procurando melhorar as suas propriedades finais, principalmente ao nível de
resistência, ou adequá-las a um determinado objetivo. A estabilização é feita agindo na textura
e na estrutura da própria terra, e pode ocorrer através de três processos, descritos a seguir.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Após a coleta, as amostras de solo foram secas ao ar, até próximo da umidade
higroscópica, destorroada e quarteada como preconiza a ABNT NBR 6457.
Para a mistura dos solos foi utilizada 70% do solo predominantemente arenoso e
30% do solo predominantemente argiloso, como mostra a Figura 12. Essa dosagem foi
escolhida para alcançar uma proporção aproximada a considerada ideal por Neves e Faria
(2011), que é de 30% de argila e 70% de areia.
Densidade real dos grãos, ou massa específica real dos grãos, é a relação entre a
massa de uma amostra de solo e o volume ocupado pelas suas partículas sólidas, sem considerar
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A moldagem dos corpos de prova solo-cimento para paredes monolíticas não possui
norma regulamentadora, porém, pela semelhança do material da taipa com outros estudos de
solo-cimento as normas brasileiras serão adotadas e adaptadas nesse trabalho.
As normas semelhantes a taipa como a ABNT NBR 12024 e ABNT NBR 12025,
não citam o número de corpo de prova que devem compor a amostra. Entretanto, a ABNT NBR
12253 recomenda o mínimo de 3 corpos de prova. Porém, do ponto de vista estatístico esse
número de amostra reduzido não é significativo. Assim, para esse estudo será adotado apenas
2 corpos de provas por amostra, cujo valor adotado será a média.
Para moldagem a ABNT NBR 12024, estabelece um corpo de prova cilíndrico com
diâmetro de 100 mm e altura de 127,3 mm. Porém, este molde se mostra inadequado quanto a
geometria, a relação entre a altura e o diâmetro da seção transversal, h/d é igual a 1,27 e, de
acordo com Beer e Johnston Jr (2006) e Hamassaki e Santos (2013) a relação entre a altura e o
diâmetro da seção transversal, h/d não poderia ser inferior a 2, para que haja uma região central
ao longo do corpo de prova na qual ocorra distribuição uniforme de tensões, já que quanto mais
próximo das extremidades (regiões de aplicação da carga), menos uniformes são as tensões.
Este princípio é obedecido pela norma brasileira para concreto, ABNT NBR 8522 que
estabelece 1,98 ≤ h/d ≤ 2,02.
Assim, foi adotado um molde cilindro para os corpos de prova com altura de 200
mm e 100 mm de diâmetro, como mostra a Figura 15.
Após a mistura de solo está previamente seca e destorroada, de acordo com o item
3.1.1, é feita a mistura dos materiais seco, como ilustra a Figura 16.
De acordo com a umidade obtida no item 3.1.2.5 foi calculada para uma certa
porção de solo a quantidade de água necessária, e feita a mistura até completa homogeneização,
como mostra a Figura 17.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A densidade real dos grãos foi de 2,684 g/cm³, cujo cálculos são relatados no
Apêndice A.
CURVA GRANULOMÉTRICA
100
PERCENTAGEM QUE PASSA (%)
90
80
70
60 Composição:
50 Pedregulho 0%
Areia grossa 1,5%
40
Areia média 50,5%
30 Areia fina 30%
20 Silte 6%
Argila 12%
10
0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)
Fonte: Autor (2019).
De acordo com o regulamento suíço para construção com terra D 0111 (SAI, 1994),
recomenda-se as zonas assinaladas dentro do diagrama representado na Figura 23, no entanto,
essa amostra não se encaixaria nessa zona da taipa, assim, não seria totalmente adequado para
sua produção.
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O ensaio de compactação foi utilizado para obter a massa especifica seca máxima
e a umidade ótima, essa, será utilizada na mistura para obter a máxima compacidade do solo.
Assim a umidade ótima obtida foi de 10,7% e a massa especifica seca máxima de 2,005 g/cm³,
como ilustra a Figura 24, cujo os cálculos estão presentes no Apêndice A.
1,95
1,9
1,85
y = -0,0117x2 + 0,2518x + 0,6503
1,8 R² = 0,9523
1,75
1,7
6 7 8 9 10 11 12 13 14
Umidade (%)
Fonte: Autor (2019).
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A amostra é classificada como uma areia média argilosa de acordo com o Sistema
Unificado de Classificação do Solo (SUCS), e A-2-4 de acordo com a Highway Research Board
(HBR).
A Tabela 1, apresenta uma síntese dos parâmetros que a ABNT NBR 13553
preconiza e os resultados obtidos do solo em estudo.
Sendo aplicado uma força até a sua ruptura por tração indireta (ruptura por
fendilhamento), como ilustra a Figura 28.
A ABNT NBR 13553, preconiza que a resistência média à compressão simples, aos
7 dias, deve ser igual ou superior a 1,0 MPa, porém, não considera a função estrutural da mesma.
Já a ABNT NBR 12253, foi considerada como referência para a análise, a mesma
orienta que a resistência média à compressão seja igual ou superior a 2,1 MPa, aos 7 dias, porém
os parâmetros que estão envolvidos à taipa, diferem da pavimentação.
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5 CONCLUSÕES
Em termos de exigências individuais a terra pode não ser o melhor material, não é
tido como melhor isolante térmico, ou quanto à melhor resistência à compressão, nem dispensa
totalmente a manutenção. No entanto, a terra consegue desempenhar um pouco de todas as
funções necessárias a um edifício e de forma satisfatória. Diante das necessidades ecológicas,
do esgotamento de recursos, da crise econômica e energética, a terra é uma solução bastante
viável.
Este trabalho pretendeu resgatar tecnologias e materiais rudimentares de grande
importância para a construção civil. A análise físico-mecânica da taipa foi realizada para
comprovar que uma construção com terra e uma quantidade mínima de aditivo pode ser muito
resistente.
Para isso, os ensaios laboratoriais foram indispensáveis, pois eles resultaram em
valores exatos que garantem o máximo aproveitamento das propriedades da terra. Já os ensaios
de campos, foram feitos apenas para uma primeira análise da tipologia do solo.
Em relação a aplicação dos resultados obtidos, a principal utilidade é orientar a
escolha da terra, e na escolha do teor de cimento, para atingir uma determinada resistência à
compressão desejada ou estabelecida por norma.
Entretanto, houve dificuldade para comparar os resultados obtidos nesse trabalho
com os encontrados por outros autores porque, inexistem normas especificas para a
caracterização física e mecânica da taipa, e a variação de composição granulométrica do solo e
suas possibilidades de estabilizantes permitem uma série de escolhas.
Os resultados obtidos são promissores, no sentido de alcançar os objetivos
propostos para o trabalho, fornecendo subsídios para futuras pesquisas. Assim, deseja-se que
em um futuro próximo, sejam criadas novas normas junto à Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT).
O presente trabalho ainda permite uma série de possibilidade de estudos futuros a
serem realizados, como:
Análise estrutural da taipa de pilão;
Avaliação da produtividade da taipa de pilão;
Análise de viabilidade da taipa de pilão;
Estudo do conforto térmico da taipa de pilão.
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REFERÊNCIAS
______. ABNT. NBR 7180. Determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 1984.
______. ABNT. NBR 6457. Amostras de solo – Preparação para ensaios de compactação e
ensaios de caracterização. Rio de Janeiro, 1986.
______. ABNT. NBR 6458. Grãos de pedregulho retidos na peneira de abertura 4,8mm –
Determinação da massa específica aparente e da absorção de água. Rio de Janeiro, 2016.
______. ABNT. NBR 6459. Solo – Determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro, 2017.
______. ABNT. NBR 7181. Análise granulométrica de solos. Rio de Janeiro, 1984.
______. ABNT. NBR 12024. Solo-cimento – Moldagem e cura de corpos de prova cilíndrico
– Procedimentos. Rio de Janeiro, 2012.
______. ABNT. NBR 12025. Solo-cimento – Ensaio de compressão simples de corpos de prova
cilíndricos – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2012.
______. ABNT. NBR 12253. Solo-cimento – Dosagem para emprego como camada de
pavimento – Procedimento. Rio de Janeiro, 1992.
______. ABNT. NBR 12253. Solo-cimento – Dosagem para emprego como camada de
pavimento – Procedimento. Rio de Janeiro, 1992.
______. ABNT. NBR 7222. Concreto e argamassa – Determinação da resistência à tração por
compressão diametral de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2011.
______. ABNT. NBR 13553. Materiais para emprego em parede monolítica de solo-cimento
sem função estrutural – Requisitos. Rio de Janeiro, 2012.
______. ABNT. NBR 11798. Materiais para base de solo cimento – Requisitos. Rio de Janeiro,
2012.
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basálticas na fabricação de blocos de terra comprimida. In: IV Congresso de Arquitetura e
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186 p.
LIMITE DE LIQUIDEZ
Nº de golpes 23 35 36 17 27
Cápsula 24 B4 E1 C4 P1
Tara 7,94 6,56 7,11 7,57 7,29
MBU 20,78 15,53 15,88 15,3 15,36
MBS 18,69 14,15 14,49 13,9 13,99
Fonte: Autor (2019).
1º 2º 3º 4º 5º 6º
Massa do cilindro + solo (g) 4226,8 4305,5 4407,6 4563,9 4553,8 4495,8
Massa do solo (g) 1907,80 1986,50 2088,60 2244,90 2234,80 2176,80
Massa especifica (g/cm³) 1,790147 1,8519 1,920129 2,031818 1,999385 1,915297
Fonte: Autor (2019).
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