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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI

CENTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ROMILSON DA SILVA NOGUEIRA

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DA TAIPA DE PILÃO

JUAZEIRO DO NORTE
2019
ROMILSON DA SILVA NOGUEIRA

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DA TAIPA DE PILÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada


ao Curso de Engenharia Civil da Universidade
Federal do Cariri, Campus Juazeiro do Norte,
como requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientadora: Profa. Ma. Antonia Fabiana


Marques Almeida

JUAZEIRO DO NORTE
2019
ROMILSON DA SILVA NOGUEIRA

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DA TAIPA DE PILÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Engenharia Civil do Centro de
Ciências e Tecnologia da Universidade Federal
do Cariri, como requisito à obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em: ___/___/___.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Profa. Ma. Antonia Fabiana Marques Almeida (Orientadora)


Universidade Federal do Cariri (UFCA)

___________________________________________________

Profa. Ma. Ana Verônica Gonçalves Borges


Universidade Federal do Cariri (UFCA)

___________________________________________________

Profa. Ma. Sofia Leão Carvalho


Universidade Federal do Cariri (UFCA)
Ao autor do meu destino, Deus.
À minha tia Alaide.
À família e amigos.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus, que me deu força para encarar as dificuldades desse ciclo, e
me mostrou muita luz para seguir a diante.
A minha tia Alaide, que sempre esteve comigo fazendo do meu caminho o dela, no
qual eu sou muito grato por tudo que ela fez e faz por mim.
A minha mãe biológica Rozalva, que se fez presente em minha vida, me dando
forças e torcendo por minhas conquistas.
A minha avó Lourdes (in memorian), que desde que seus olhos se fecharam para o
mundo, sempre vive em mim uma saudade eterna, mas sei que, de algum lugar, ela olhar por
mim.
Ao meu avô Chico (in memorian), que me ajudou bastante nessa caminhada e não
conseguiu alcançar essa vitória que ele tanto esperava, sou eternamente grato.
A minha irmã Raiane, que passou todas as tormentas e angustias desse ciclo comigo
me dando amor e me incentivado a seguir em frente.
A minha filha de quatro patas Susi, que me dá o imenso prazer de ter sua companhia,
me ensina todo dia o que é fidelidade e amor incondicional.
Ao meu amigo Ruan Carlos, que é mais que um amigo, um irmão que está sempre
comigo compartilhando as alegrias e tristeza, amizade que quero carregar para a vida.
A Camilla Matias que embarcou comigo nessa temática e aprendemos muito juntos
compartilhando esse prazer pela terra e pela construção civil.
Aos meus amigos, Ana Rayanne, Danilo, Felipe, Juvêncio e Lourena, no qual
vivemos muitos momentos maravilhosos juntos, aproveitando nossa vida social da melhor
forma possível, essencial para o nosso crescimento.
Aos meus amigos Aline, Ayalla, Ana Vanessa, Rudson e Victor que desde do
ensino médio estão comigo, mostrando a força que tem uma amizade verdadeira.
A minha amiga Alessa que está vivendo essa metamorfose ambulante da vida
comigo, muito obrigado por todo o amor. E meu compadre Igor pela sua amizade.
Aos meus amigos de estágio, Mariana, Fabricio Oliveira, Fabricio Souza, Lael
Leal e Artur, foram tantas trocas de conhecimentos de valor imensurável.
À minha orientadora Fabiana por toda paciência e atenção, muito obrigado por
todo conhecimento repassado, e pela pessoa maravilhosa que tive o prazer de conhecer.
“Nunca deixe que lhe digam que não vale a
pena acreditar no sonho que se tem ou que os
seus planos nunca vão dar certo ou que você
nunca vai ser alguém...” (Renato Russo)
RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo para caracterização físico-mecânica da taipa de pilão e o


principal material utilizado nesse método é a terra. A justificativa para escolha dessa técnica
sustenta-se na possibilidade de melhorar a qualidade das edificações sustentáveis e desenvolver
sistemas construtivos econômicos e de alto desempenho. Para isso, realizou-se uma revisão
bibliográfica sobre o método construtivo e a caracterização da terra, através de ensaios
laboratoriais. De forma a garantir melhores resultados de resistência para a taipa, foram
realizados ensaios geotécnicos para definir parâmetros que serão utilizados para atingir o
melhor rendimento da taipa. Assim, o solo em estudo foi estabilizado e foram obtidas
resistências à compressão e tração, adequadas as normas com adição de 10% de cimento.
Deseja-se que os estudos realizados sirvam para nortear futuros trabalhos em construção com
terra, com o intuito de incentivar o uso de técnicas, como a taipa de pilão, que gerem menos
impactos ambientais negativos.

Palavras-chaves: Taipa de pilão. Caracterização físico-mecânica. Construção sustentável.


ABSTRACT

This work presents a study for the physical-mechanical characterization of rammed earth and
the main material used in this method is the earth. The justification for choosing this technique
is based on the possibility of improving the quality of sustainable buildings and developing
high-performance, economic construction systems. For this purpose, a bibliographical review
was carried out on the constructive method and the characterization of the earth, through
laboratory tests. In order to guarantee better resistance results for the rammed earth,
geotechnical tests were performed to define parameters that will be used to achieve the best
yield of the rammed earth. Thus, the soil under study was stabilized and tensile and compressive
strengths were obtained, with norms with 10% cement added. It is hoped that the studies carried
out will serve to guide future works in construction with earth, to encourage the use of
techniques, such as rammed earth, that generate less negative environmental impacts.

Keywords: Rammed earth. Physical-mechanical characterization. Sustainable construction.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Adobe ....................................................................................................................... 17


Figura 2 - Taipa de mão ............................................................................................................ 17
Figura 3 - Taipa de mão ............................................................................................................ 18
Figura 4 - Caminhamento das cargas ....................................................................................... 19
Figura 5 - Componentes do taipal............................................................................................. 20
Figura 6 - Taipal tradicional ..................................................................................................... 20
Figura 7 - Ciclo da terra ............................................................................................................ 22
Figura 8 - Composição indicada para blocos e taipa ................................................................ 27
Figura 9 - Zona recomendada para taipa e adobe ..................................................................... 28
Figura 10 - Escolha do estabilizante ......................................................................................... 28
Figura 11 - Coleta do solo ........................................................................................................ 31
Figura 12 - Mistura do solo ...................................................................................................... 32
Figura 13 - Curva granulometria do solo A .............................................................................. 33
Figura 14 - Curva granulometria do solo B .............................................................................. 34
Figura 15 - Molde do corpo de prova ....................................................................................... 35
Figura 16 - Mistura seca solo-cimento ..................................................................................... 36
Figura 17 - Mistura úmida solo-cimento .................................................................................. 37
Figura 18 - Teste da umidade ................................................................................................... 37
Figura 19 - Prensa hidráulica elétrica ....................................................................................... 38
Figura 20 - Curva granulométrica da mistura do solo .............................................................. 41
Figura 21 - Composição indicada para blocos e taipa .............................................................. 41
Figura 22 - Escolha do estabilizante ......................................................................................... 42
Figura 23 - Zona recomendada para taipa e adobe ................................................................... 43
Figura 24 - Curva de compactação ........................................................................................... 43
Figura 25 - Corpo de prova antes da ruptura axial ................................................................... 45
Figura 26 - Corpo de prova após ruptura axial ......................................................................... 45
Figura 27 - Corpo de prova antes da ruptura diametral ............................................................ 46
Figura 28 - Corpo de prova após a ruptura diametral ............................................................... 47
Figura 29 - Calibração do densímetro ...................................................................................... 55
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Parâmetros da ABNT NBR 13553:2012 ................................................................. 44


Tabela 2 - Parâmetros da ABNT NBR 11798:2012 ................................................................. 44
Tabela 3 - Resultado do ensaio de resistência a compressão ................................................... 46
Tabela 4 - Resultado do ensaio de resistência a compressão diametral ................................... 47
Tabela 5 - Estudo de estabilização solo-cimento de diversos autores ...................................... 48
Tabela 6 - Ensaio de umidade .................................................................................................. 53
Tabela 7 - Ensaio de massa específica...................................................................................... 53
Tabela 8 - Peneiramento grosso................................................................................................ 53
Tabela 9 - Sedimentação com defloculante .............................................................................. 54
Tabela 10 - Peneiramento fino.................................................................................................. 54
Tabela 11 - Limites de consistência ......................................................................................... 55
Tabela 12 - Teor de umidade .................................................................................................... 56
Tabela 13 - Massa específica .................................................................................................... 56
Tabela 14 – Classificação (HBR – AASHO) ........................................................................... 57
Tabela 15 – Classificação (SUCS) ........................................................................................... 57
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14

1.1 Justificativa ............................................................................................................... 15

1.2 Objetivos.................................................................................................................... 15

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 15

1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 16

2.1 Origem da construção com terra ............................................................................ 16

2.2 Tipos de construção com terra ................................................................................ 16

2.2.1 Adobe.......................................................................................................................... 16

2.2.2 Taipa de mão.............................................................................................................. 17

2.2.3 Taipa de Pilão ............................................................................................................ 18

2.2.3.1 Exigências arquitetônicas para a construção da taipa de pilão ................................ 19

2.2.3.2 Método construtivo ..................................................................................................... 20

2.3 A terra como material de construção ..................................................................... 21

2.4 Caracterização dos solos .......................................................................................... 23

2.4.1 Ensaios de campo ...................................................................................................... 23

2.4.2 Ensaios de laboratório............................................................................................... 25

2.4.2.1 Métodos de classificação de solos.............................................................................. 26

2.4.3 Seleção e dosagem da terra ....................................................................................... 29

2.4.4 Estabilizadores da terra ............................................................................................. 29

2.4.4.1 Estabilização mecânica .............................................................................................. 29

2.4.4.2 Estabilização física..................................................................................................... 29

2.4.4.3 Estabilização química ................................................................................................ 30

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 31

3.1 Caracterização do solo ............................................................................................. 31

3.1.1 Coleta e preparação da amostra................................................................................ 31


3.1.2 Ensaios de laboratório............................................................................................... 32

3.1.2.1 Teor de umidade ......................................................................................................... 32

3.1.2.2 Densidade real dos grãos ........................................................................................... 32

3.1.2.3 Análise granulométrica .............................................................................................. 33

3.1.2.4 Limites de consistência ............................................................................................... 34

3.1.2.5 Ensaio de compactação .............................................................................................. 34

3.2 Produção dos corpos de prova ................................................................................ 35

3.2.1 Planejamento do ensaio ............................................................................................ 35

3.2.2 Preparação da amostra.............................................................................................. 36

3.2.3 Moldagem dos corpos de prova ................................................................................. 38

3.3 Caracterização mecânica da mistura solo-cimento ............................................... 38

3.3.1 Ensaio de resistência à compressão axial ................................................................ 39

3.3.2 Ensaio de resistência a tração por compressão diametral ....................................... 39

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 40

4.1 Caracterização física do solo ................................................................................... 40

4.1.1 Ensaio de umidade .................................................................................................... 40

4.1.2 Densidade real dos grãos........................................................................................... 40

4.1.3 Análise granulométrica ............................................................................................. 40

4.1.4 Limites de consistência .............................................................................................. 42

4.1.5 Ensaio de compactação ............................................................................................. 43

4.1.6 Avaliação da amostra de solo .................................................................................... 44

4.2 Caracterização mecânica do solo-cimento ............................................................. 45

4.2.1 Ensaio de resistência à compressão axial ................................................................ 45

4.2.2 Ensaio de resistência à tração por compressão diametral ....................................... 46

4.2.3 Comparação dos valores de resistência .................................................................... 47

5 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 49

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 50

APÊNDICE A - ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DO SOLO ..................... 53


ANEXO A – TABELAS DE CLASSIFICAÇÃO DO SOLO ............................... 57
14

1 INTRODUÇÃO

Pensar no uso da terra como material de construção é de extrema importância frente


aos desafios que os países em desenvolvimento vêm enfrentando, especificamente porque uma
das principais causas do grande déficit habitacional está diretamente associada à falta de
recursos financeiros por parte da população.
Após a revolução industrial, as técnicas de construções tradicionais como: adobe,
taipa de pilão e taipa de mão vêm sendo abandonadas e ainda existe um preconceito quanto a
esses tipos de construções. Por outro lado, a preocupação com o meio ambiente tem provocado
um crescimento significativo nessa forma de construir, tendo em vista que a construção civil é
uma das atividades que mais consomem energia e recursos naturais.
Em comparação com outros produtos utilizados em geral na construção, pode-se
afirmar que a construção em terra é sustentável sob dois pontos de vista. Primeiro, no que diz
respeito ao transporte do solo, pois o solo obtido num local próximo representa um menor gasto
energético e o outro ponto de vista é a reutilização quando demolido o edifício (BEJA, 2013).
O emprego do solo para a construção em terra, embora não possa ser considerado
como uma utilização de um recurso renovável, também não pode ser associada aos impactos
tradicionais da atividade extrativa.
A arquitetura contemporânea em terra apresenta exemplares de qualidade estética,
estrutural, com respeito ao conforto, ao meio ambiente e ao usuário. Esse material de construção
de excelência pode ser utilizado de maneira sofisticada e inventiva (MAIA, 2016).
A taipa de pilão é um método construtivo de paredes monolíticas de terra crua
compactada, que utiliza o próprio solo em sua forma natural ou com aditivos (SATO, 2011).
O solo é tido como quase exclusivo material de construção. As propriedades dos
solos que mais condicionam o comportamento da taipa estão relacionadas com sua própria
constituição, nomeadamente no que se refere à fração argilosa e à sua interferência no
comportamento à água e na resistência à compressão (SANTANA; FARIA, 2005).
Neste contexto, este trabalho aborda um breve histórico das construções com terra,
seguida de suas propriedades, bem como os métodos construtivos com terra utilizados no Brasil.
Posteriormente, será feita a análise da taipa de pilão, com suas exigências arquitetônicas e seu
método executivo, a aplicação de métodos para ensaios de campo e ensaios laboratoriais. Por
fim, a confecção de corpos de prova para determinação da resistência a compressão e tração,
para possibilitar sua avaliação estrutural.
15

1.1 Justificativa

As construções com terra surgem de maneira mais oportuna, pois são caracterizadas
por baixos consumos de energia e de emissões de carbono, por estarem associadas a baixos ou
quase nulos níveis de poluição e ainda por serem responsáveis por níveis de umidade interior,
benéficos em termos de saúde humana. Assim, esse tipo de construção apresenta vantagens
competitivas frente às construções convencionais, o que lhes asseguram um futuro promissor.
O público alvo desse método são comunidades em áreas rurais ou pessoas que
desejam adotar um método construtivo que minimizem os impactos ambientais e que ofereçam
melhorias na qualidade de vida.
Esses métodos construtivos com terra podem se tornar uma forma de contornar
alguns problemas de precariedade e falta de habitação. Nos países ibero-americanos, continua
o esforço de pesquisadores em promover inovações tecnológicas fundamentadas em modernos
conceitos de racionalidade, qualidade e sustentabilidade, adotados na construção civil em geral,
e em transferir a tecnologia com o foco voltado principalmente para a produção de residências
de interesse social (NEVES, 2004).
O tema do trabalho se insere no âmbito de solução construtiva sustentável e carece
de um estudo mais aprofundado. Assim, buscou-se realizar um estudo com o intuito de verificar
as propriedades da matéria prima utilizada para a construção da taipa e suas limitações.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho foi analisar as propriedades físico-mecânica da taipa


de pilão, afim de garantir sua resistência e durabilidade ao longo dos anos.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Realizar caracterização físico-mecânica da taipa de pilão;


b) Analisar as propriedades do solo a ser utilizado na produção da taipa de pilão e
a possibilidade do uso de estabilizantes, realizando para isso ensaios
laboratoriais;
c) Analisar as propriedades mecânicas da taipa de pilão.
16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Origem da construção com terra

A origem do uso da terra como matéria-prima não é consensual. A construção com


terra remonta a épocas antigas da pré-história uma vez que o homem sempre necessitou de
abrigo (BEJA, 2013).
De acordo com Neves (2004), a terra tem sido um dos materiais mais utilizados
pelo homem, tanto em construções de caráter popular como em edifícios representativos e
monumentos.
Segundo Fernandes (2013), o Brasil é o país da América Latina que apresenta maior
patrimônio construído em taipa. Esta técnica, abandonada há anos, foi recuperada e está na base
da arquitetura contemporânea brasileira que emerge em diversos estados. Essa técnica foi
inserida pelos portugueses, até então, os índios não usavam a terra para construir.
As técnicas mais utilizadas de construção com terra foram a taipa de pilão, o adobe
e a taipa de mão ou pau-a-pique (NEVES, 1995).

2.2 Tipos de construção com terra

Em linhas gerais os métodos mais utilizados no Brasil podem ser descritos como
apresentados nos itens a seguir.

2.2.1 Adobe

O adobe é um sistema construtivo da classe de alvenaria, é uma mistura de terra


devidamente selecionada, água e fibras. O tipo de solo usado na sua fabricação é,
preferencialmente, uma areia argilosa, isto é, um solo cuja proporção de areia é maior do que a
de argila. Na mistura geralmente é adicionada palha picada ou outras fibras, para melhorar sua
resistência à tração no processo de secagem. O amassamento é feito tradicionalmente com os
pés ou por animais e moldados em fôrmas de madeira ou metálicas, deixando-os secar sob o
sol ou à meia-sombra (BANDEIRA, 2009). A Figura 1 ilustra essa técnica do adobe.
17

Figura 1 - Adobe

Fonte: Adaptado de Bandeira (2009).

2.2.2 Taipa de mão

A taipa de mão também conhecida como taipa de sopapo ou pau-a-pique. Sua


estrutura caracteriza-se pela combinação de madeira, bambu, varas, palhas, fibras, com a terra
e eventualmente, aglomerante. Resumidamente, a técnica consiste em uma estrutura portante,
de madeira, unida por entramados reticulados de madeiras ou varas e coberta com uma massa
plástica de terra. Em geral, os efeitos da retração da massa de enchimento muito pronunciados
exigem um revestimento posterior à secagem para deter o efeito desagregador (NEVES, 2004).
A Figura 2 ilustra o método da taipa de mão.

Figura 2 - Taipa de mão

Fonte: Adaptado de Bandeira (2009).


18

2.2.3 Taipa de Pilão

De acordo com Minke (2015), a técnica consiste na compactação in situ de terra


previamente umedecida, numa cofragem constituída por elementos verticais e paralelos entre
si, a uma distância igual à espessura da parede e ao comprimento do bloco pretendido. A terra
é vertida para o interior da cofragem, o material é compactado de forma manual ou mecanizado,
até atingir um nível de densidade adequado, incrementado à sua resistência. Essa ação repetitiva
é responsável pelo surgimento da parede, que após a retirada do molde está pronta para o uso,
como ilustra a Figura 3.
Dentre as diversas técnicas de construção com terra, a taipa de pilão se diferencia
por apresentar as seguintes características (HOUBEN; GUILLAUD, 1994 apud BANDEIRA,
2009):
a) Quanto ao sistema construtivo: sistema monolítico - produzido com terra
compactada em moldes, formando uma peça monolítica;
b) De acordo com a quantidade de água adicionada: estado úmido/seco – o material
é trabalhado com certa quantidade de água, emprestando-lhe uma consistência
para ser prensado, apiloado e compactado.

Figura 3 - Taipa de mão

Fonte: Adaptado de Bandeira (2009).


19

2.2.3.1 Exigências arquitetônicas para a construção da taipa de pilão

A taipa de pilão possui elevada resistência à compressão e baixa resistência à tração.


Então, devem-se prever as devidas soluções quando o caminho das forças configurarem
momentos de torção, de flexão ou esforços de cisalhamento na parede. A resultante das forças
nas paredes de taipa deve ser sempre perpendicular à superfície resistente. Deve-se evitar que
as paredes de taipa recebam cargas horizontais, conforme ilustra a Figura 4 (NEVES; FARIA,
2011).
Figura 4 - Caminhamento das cargas

Fonte: NEVES, FARIA (2011).

Deve-se projetar a proteção contra a água, especificamente as chuvas e umidade do


solo que penetra por capilaridade. Largos beirais, base impermeável ou revestida, aplicação de
hidrofugante nas paredes e execução de calçadas e drenos podem promover a proteção
necessária e ampliar o ciclo de vida da edificação (MAIA, 2016).
Outro aspecto fundamental no projeto das construções em taipa diz respeito às
dimensões das fôrmas que sempre devem ser compatíveis com a modulação das paredes,
podendo haver certa flexibilidade que possibilite a construção de paredes de tamanhos
diferentes, alcançando melhor rendimento do sistema. Elas representam um custo significativo
na obra e têm relação direta com a produtividade devido ao grande número de repetições das
atividades de montar e desmontar. Então, o projeto das fôrmas e modulação do projeto devem
receber grande atenção conjunta (NEVES; FARIA, 2011).
20

2.2.3.2 Método construtivo

Para iniciar a construção, é necessário ter uma fundação sólida de concreto ou


pedras. Assim, evita-se a ascensão da água por capilaridade e os esforços provenientes da
estrutura podem ser distribuídos igualmente (SATO, 2011).
A técnica é realizada com recurso a uma cofragem, formada por pranchas de
madeira desmontáveis, designada taipal ou enxamél, como ilustram as Figuras 5 e 6. As
camadas de terra são compactadas com 10 a 15 cm de altura. A compactação quando feita de
forma manual são utilizadas pilões, maços ou malhos. Este processo de apiloar requer rapidez
para que a compactação seja realizada com a terra na umidade correta para que se obtenha a
coesão desejada (TORGAL; EIRES; JALALI, 2009).

Figura 5 - Componentes do taipal

Fonte: TORGAL; EIRES; JALALI (2009).

Figura 6 - Taipal tradicional

Fonte: TORGAL; EIRES; JALALI (2009).


21

Quando a compactação é mecanizada, esta é realizada segundo os mesmos moldes


que a taipa tradicional, diferindo apenas na qualidade e dimensões da cofragem e no meio de
compactação. A compactação é realizada através de um compactador pneumático, que
compacta camada de 20 cm a 30 cm de cada vez. Esse processo produz paredes tão resistentes
quanto às de concreto, isso porque a compressão faz com que as paredes, depois de secas,
fiquem compactadas, sólidas e mais resistentes. A compactação faz com que as paredes tenham
baixa retração, não apresentando, assim, trincas e rachaduras (SATO, 2011).
A mão de obra nas técnicas de terra batida inclui a preparação, o transporte e a
construção. No método manual são de 20 a 30 h/m³, já no método mecanizado a mão de obra
diminui para 10 h/m³ (MINKE, 2015).

2.3 A terra como material de construção

Como material de construção, a terra apresenta características discorridas nesse


trabalho que todo construtor tem que conhecer antes de iniciar qualquer projeto ou obra.
Segundo Minke (2015), as construções com terra crua têm as vantagens e
desvantagens apresentadas a seguir, quando comparado com construções que utilizam materiais
industrializados.
Dentre as vantagens, o autor cita:
 Regula a umidade do ambiente: a terra crua tem a capacidade de absorver e
liberar a umidade mais rapidamente e numa maior extensão do que qualquer
outro material de construção, o que lhe permite equilibrar a temperatura interior;
 Armazena calor: como todos os materiais densos, a terra armazena o calor
durante sua exposição aos raios solares e perde-o lentamente quando a
temperatura externa estiver baixa;
 Economia energética e diminuição da poluição ambiental: diferente de outros
materiais comumente utilizados, a terra praticamente não produz poluição
ambiental, pois para preparar, transportar e manusear utiliza apenas 1% da
energia despendida se comparada com construções similares em concreto
armado ou tijolos cozidos;
 Processo reciclável: construções com terra podem ser demolidas e
reaproveitadas diversas vezes, como mostra a Figura 7.
22

Figura 7 - Ciclo da terra

Fonte: Adaptado de Ponte (2012).

 Economiza materiais e custos de transportes: o solo é frequentemente encontrado


no local de uma obra, quando escavado para as fundações pode ser utilizado em
seguida para a construção, e mesmo que seja transportado de outros lugares,
ainda assim será mais econômico do que os materiais industriais;
 Ideal para autoconstrução: tendo a orientação de uma pessoa com conhecimento
e experiência, as ferramentas para construção com terra são simples e de baixo
custo.

Dentre as desvantagens, o autor cita:


 Não é um material padronizado: sua composição depende das características
geológicas e climáticas da região. Podem variar composição, resistência
mecânica, cores, texturas e comportamento. Para avaliar essas características são
necessários ensaios que indicam a necessidade ou não de aditivos;
 Ocorre retração: devido a evaporação da água utilizada para preparar a mistura,
poderão ocorrer fissuras e trincas. A relação de encolhimento linear é
normalmente entre 3% e 12% em técnicas de terra úmida e entre 0,4% e 2% com
misturas secas;
 É permeável: as construções com terra estão mais suscetíveis às águas, sejam
pluviais, do solo ou de instalações.
23

2.4 Caracterização dos solos

Os solos são constituídos por um conjunto de partículas minerais e vazios,


preenchidos por água ou ar. As partículas, de maneira geral, encontram-se livres para deslocar
entre si. Em alguns casos, uma pequena cimentação pode ocorrer entre elas, mas num grau
extremamente mais baixo do que os cristais de uma rocha ou de um metal ou nos agregados de
um concreto (PINTO, 2006).
O comportamento de um determinado solo é função da quantidade de argilas, siltes
e areias, existentes nesse solo e também da quantidade de água presente e não só da água capilar
retida nas vizinhanças dos pontos de contato das partículas sólidas e da água adsorvida, que
envolve as partículas com dimensões inferiores a 0,002 mm.
A caracterização da fase mineral de um determinado solo é conduzida através de
uma série de ensaios que permitem quantificar diversos tipos de propriedades, nomeadamente
a sua granulometria, o seu comportamento mecânico e o seu comportamento à deformação para
um determinado nível de umidade (TORGAL; EIRES; JALALI, 2009).

2.4.1 Ensaios de campo

Esses ensaios permitem para determinadas situações, algumas conclusões iniciais


sobre que tipo de solo existe disponível no local do trabalho. São comumente realizados pela
comunidade que adota a técnica como método construtivo sem acompanhamento técnico
especializado. Segundo Eusébio (2001), os ensaios de campo são:

a) Observação da cor: a matéria orgânica exibe usualmente aos solos uma cor
escura, a qual costuma aparecer nas primeiras camadas de solo. Os solos pálidos
significam a presença de areias quartzosas ou feldspáticas. Já os solos com cor
vermelha, podem ter essa cor devido à presença de óxidos de ferro.
b) Teste do cheiro: um solo orgânico é identificado por um cheiro forte de húmus,
o qual é potenciado pelo aquecimento ou umedecimento desse solo.
c) Teste do tato: ao esfregar-se uma amostra de solos entre as mãos, percebe-se a
presença de um solo arenoso pelo fato de ser áspero. Solos plásticos ou viscosos
quando úmidos, indicam elevada quantidade de argilas.
24

d) Teste do brilho: uma bola de solo ligeiramente umedecida e recentemente


cortada por uma faca, apresentará superfície opaca se houver predominância de
silte ou uma superfície brilhante se houver predominância de argila.
e) Teste de aderência: na bola de terra com que foi executada o teste do brilho,
ensaia-se a penetração de uma espátula. Se a penetração é difícil e a terra adere
à espátula, trata-se de um solo argiloso. Caso a espátula, entre e saia com
facilidade, o solo é eminentemente saibroso.
f) Teste de sedimentação: com recurso a um frasco com um litro de volume, enche-
se até ¼ da sua capacidade com solo e completa-se com água. Agita-se, deixa-
se repousar uma hora, e repete-se o procedimento 2 vezes. Posteriormente mede-
se a espessura das camadas, de areia, de silte e de argila.
g) Teste visual por peneiração expedita: utilizando um solo seco, completamente
solto e com recurso a duas peneiras da série ASTM, nº 200 (com malha de
abertura 0,075 mm) e nº 10 (com malha de abertura 2 mm), passa-se o solo na
peneira n° 200 e a parte retida neste é passada depois na peneira nº 10. Por
comparação do tamanho dos montículos de solo que passam em cada peneira é
possível uma classificação grosseira do solo. O solo será argiloso se o montículo
que passou (areia e silte) na peneira nº200, for maior, em peso, que o montículo
do solo retido. Se, no entanto, o montículo de material que ficou retido, for em
maior quantidade que aquele que passou o solo é tido como arenoso ou
pedregoso. Para a utilização da peneira nº10, estaremos em presença de solo
pedregoso quando o montículo de solo passado for inferior ao retido e será um
arenoso no caso contrário.
h) Teste de retenção de água: faz-se uma peneiração de solo por uma peneira com
malha de 1mm. Com o material retido faz-se uma bola do tamanho de um ovo e
junta-se água para a manter unida sem que ela se cole às mãos. Pressiona-se a
bola na palma da mão e em seguida golpeia-se fortemente com a outra mão. Se
forem necessários 5 a 10 golpes para a água aparecer a superfície e se a bola ficar
esmigalhada, trata-se de um solo composto por areia fina ou silte grosso. Se o
mesmo resultado com 20 a 30 golpes e a bola não ficar esmigalhada, trata-se de
um silte ligeiramente plástico ou de uma argila siltosa. Já se não houver nenhuma
reação, trata-se de um solo com elevada quantidade de argila.
25

i) Teste de resistência à secagem: com solo retido numa peneira com malha de 1
mm, tomam-se três porções, que são ligeiramente espalmadas de forma a ficarem
com 1 cm de espessura e 5 cm de diâmetro. Em seguida colocam-se essas
amostras ao sol para secar. Analisando a dureza do solo, através do seu aperto
entre o polegar e o indicador podemos classificar o solo como argila se não se
desfizer, como argila arenosa ou siltosa se a amostra se desfizer após algum
esforço e uma areia se o solo se desfizer facilmente.

2.4.2 Ensaios de laboratório

Os ensaios laboratoriais seguem procedimentos normatizados e são realizadas para


o melhor conhecimento sobre o comportamento do solo. Dentre eles, temos:

a) Teor de umidade: ensaio no qual se calcula a diferença da massa entre o solo


úmido e o solo seco, que corresponde à massa existente na amostra de solo
(BEJA, 2013).
b) Matéria orgânica: um dos métodos para a determinação da quantidade de matéria
orgânica é por titulação, utiliza-se uma estufa a 400 ºC, queimando a matéria
orgânica, e depois determina-se a porcentagem de matéria orgânica presente no
solo (BEJA, 2013).
c) Análise granulométrica: para materiais granulares emprega-se o método do
ensaio por peneiramento, enquanto para os materiais finos, adota-se o
procedimento do ensaio de sedimentação, valendo-se da lei de Stokes: a
velocidade de queda de partículas esféricas num fluido atinge um valor limite
que depende do peso específico do material da esfera, do peso específico do
fluido, da viscosidade do fluido e do diâmetro da esfera. Colocando-se uma certa
quantidade de solo em suspensão em água, as partículas cairão com velocidades
proporcionais ao quadrado de seus diâmetros (PINTO, 2006).
d) Limites de consistência: também conhecidos como limites de Atterberg, os
limites de consistência são constantes físicas que permitem inferir para a fração
de solo inferior a 0,4 mm, o seu comportamento quando em presença de água.
Os limites de consistência compreendem o limite de liquidez (LL), o limite de
26

plasticidade (LP), o índice de plasticidade (LL – LP) e ainda o limite de retração


(LR). O limite de liquidez é definido como o teor em água obtido no aparelho de
Casagrande, o qual consiste num prato côncavo preenchido com uma pasta de
solo, no qual é traçado um rasgo que se volta a unir numa distância de 1 cm após
25 ressaltos. O limite de plasticidade é definido com o teor de água de um rolo
de terra o qual se separa para um diâmetro de 3 mm. Se o rolo se partir com
menos de 3 mm, tem água a mais e a experiência deve repetir-se com menos
água. Se o rolo se partir com um diâmetro superior a 3 mm, a experiência deve
repetir-se com um teor de água superior (PINTO, 2006).
e) Ensaio normal de compactação: com a amostra de solo previamente seca ao ar e
destorroada, inicia-se acrescentando-se água até que o solo fique com cerca de
5% de umidade abaixo da umidade ótima. Com o solo uniformizado coloca-se
no cilindro padrão e submete a amostra a 26 golpes de um soquete com massa
de 2,5 kg e caindo de 30,5 cm. A porção do solo compactado deve ocupar cerca
de um terço da altura do cilindro. O processo é repetido mais duas vezes,
atingindo uma altura um pouco superior ao cilindro. Determina-se a massa
específica do corpo de prova, e com uma amostra do solo compactado determina-
se a umidade. Repete-se o teste com cerca de 2% de umidade a mais, e obtém-
se novos valores. A operação é repetida até que se perceba que os valores da
densidade seca regrediram (PINTO, 2006).
f) Ensaio de resistência à compressão simples: o ensaio consiste em levar à ruptura
um cilindro de terra, por aumento da carga axial (BEJA, 2013).

2.4.2.1 Métodos de classificação de solos

As classificações geotécnicas têm como objetivo associar as propriedades físicas


do solo ao seu comportamento nas diversas obras civis. Na Engenharia Rodoviária, duas
classificações são tradicionalmente utilizadas: a Highway Research Board (HRB – AASHO) e
a classificação unificada - Unified Soil Classification System (SUCS). Tais sistemas baseiam-
se na granulometria do solo e nos limites de consistência para fins classificatórios (PESSOA,
2004).
O método SUCS, classifica os solos em três grandes grupos: solos grossos, finos e
turfas. A classificação do solo por esse método está detalhada no Anexo A.
27

Já a classificação AASHTO, reúne os grupos em função da granulometria por


peneiramento, limite de liquidez e limite de plasticidade, assim como o IG (Índice de Grupo),
esse é tradicionalmente utilizado na classificação de solos para uso em pavimentação. A
classificação do solo por esse método está detalhada no Anexo A.
A classificação do solo também pode ser feita quanto a empregabilidade em
construções com terra. Neves et al. (2011) recomendam as regiões indicadas no diagrama
triangular apresentado na Figura 8, para produção de blocos de terra comprimida (BTC) e taipa.

Figura 8 - Composição indicada para blocos e taipa

Fonte: Neves et al. (2011)

Outra recomendação para a escolha da técnica é o regulamento suíço para


construção com terra D 0111 (SAI, 1994), são recomendadas as zonas assinaladas com base nos
limites de consistência apresentado na Figura 9, para produção de taipa e adobe.
28

Figura 9 - Zona recomendada para taipa e adobe

Fonte: Adaptado do regulamento suíço D0111 (SAI, 1994).

Quando o solo, da forma que se apresenta, não é adequado granulometricamente


para produção de nenhuma das técnicas de construção com terra, recomenda-se sua
estabilização física ou estabilização química, essa feita pela adição de algum agente
estabilizante (PINTO, 2016).
Houben e Guillaurd (1995), por exemplo, recomendam a escolha entre os
estabilizantes betume, cimento e cal, de acordo com o diagrama apresentado na Figura 10, a
partir da porcentagem de partículas menores que 0,08 mm e no índice de plasticidade do solo.

Figura 10 - Escolha do estabilizante

Fonte: Houben e Guillaud (1995).


29

2.4.3 Seleção e dosagem da terra

Inicialmente é feito o questionamento se o solo disponível perto do local da


construção é adequado para a mesma. Se não for, qual o solo ou mistura poderia ser empregado.
As principais razões que limitam a utilização de solos ou mistura de solos são sua
trabalhabilidade e sua resistência após a estabilização (ABIKO, 1980).
Para se obter um painel monolítico resistente e durável, a seleção correta da mistura
é crucial. A porcentagem ideal do solo para a construção da taipa de pilão é de 30% de argila e
70% de areia, além de necessitar maior quantidade de areia, o solo também deve ter sua curva
granulométrica bem distribuída, assim, se obtém maior massa específica na compactação
(NEVES; FARIA, 2011).

2.4.4 Estabilizadores da terra

De acordo com Ponte (2012), estabilizar a terra significa alterar um sistema terra-
água-ar, procurando melhorar as suas propriedades finais, principalmente ao nível de
resistência, ou adequá-las a um determinado objetivo. A estabilização é feita agindo na textura
e na estrutura da própria terra, e pode ocorrer através de três processos, descritos a seguir.

2.4.4.1 Estabilização mecânica

Causada pelo apiloamento típico da técnica da taipa de pilão, onde a força de


compressão eleva a densidade e diminui a porosidade do solo.

2.4.4.2 Estabilização física

Corresponde à correção granulométrica da terra, basicamente adicionando a fração


que falta ou procurando eliminar a predominância de certo elemento. Solos arenosos
estabilizador para solos argilosos, e solos argilosos estabilizador para solos arenosos.
30

2.4.4.3 Estabilização química

A depender da mistura podem ocorrem reações químicas que modificam as


propriedades da terra. Tais estabilizadores podem ser:

a) Cimento: usado para estabilizar solos arenosos. A estabilização através do


cimento Portland, consiste na mistura da terra com cimento para aglutinação dos
grãos de areia e das partículas de argila, capaz de se opor às variações de volume
da argila e da sua absorção de água. Aumenta sua resistência, sua capacidade de
carga e sua durabilidade sob estado de tensão e condição de umidade adversa
(MOURA, 1987 apud SATO, 2011). Solos com teores de argila maiores do que
20% na granulometria não são recomendados para essa estabilização (MAIA,
2016). A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) recomenda adição
de 10% de volume de cimento no solo (traço 1:10) como parâmetro básico,
podendo ser diminuída a quantidade de cimento para o caso de maior controle
de qualidade na fabricação dos blocos ou dos painéis monolíticos (ABCP, 2000);
b) Cal: usado para estabilizar solos argilosos. Os íons de cálcio da cal são trocados
com os íons metálicos dos argilo-minerais (Alumínio, Magnésio, Ferro e Zinco),
resultando em fortes aglomerações das partículas finas e impedindo a penetração
da água, e sua reação com o CO2, forma o calcário que influencia a estabilização
da terra (MINKE, 2015);
c) Asfalto: pela dificuldade em se misturar com o solo, usa-se a emulsão asfáltica,
que é o asfalto com água, ao se misturar com o solo, evapora-se a água e a
emulsão forma um filme em torno das partículas, aglomerando-as e impedindo
a entrada de água (SATO, 2011);
d) Fibras naturais: constituem um dos aditivos mais comuns, principalmente no
controle de fissuração e retração, distribuindo as forças por toda a massa de terra.
Técnicas como a taipa, com baixo nível de retração, as fibras não têm vindo a
ser tradicionalmente empregues (PONTE, 2012);
e) Resinas e silicatos: pode ser usado como consolidantes, na forma de uma pasta
para corrigir trincas, fissuras ou falhas que venham a aparecer. Aplicado diluído
sobre a superfície da taipa quando não for coberta com reboco ou outros
materiais de acabamento (NEVES; FARIA, 2011).
31

3 MATERIAIS E MÉTODOS

A estruturação adotada para o estudo da caracterização físico-mecânica da taipa de


pilão, iniciou-se com pesquisas bibliográficas, apresentada no capítulo anterior e que se
prolongou ao longo de todo o trabalho.
O presente capítulo descreve os principais procedimentos adotados na realização da
etapa experimental do trabalho. Alguns destes procedimentos obedecem a normas técnicas
vigentes, outras são adaptações de normas técnicas às características particulares do material
estudado.
Sucintamente, são apresentados os ensaios para caracterização do solo, produção
dos corpos de prova e caracterização mecânica da mistura solo-cimento.

3.1 Caracterização do solo

3.1.1 Coleta e preparação da amostra

O solo utilizado foi coletado em dois locais diferentes, devido à dificuldade de


localizar em um único ponto as frações arenosas e argilosas desejadas. O solo A
predominantemente arenoso foi coletado no Campo Experimental da Universidade Federal do
Cariri (UFCA), como mostra a Figura 11 à esquerda. E o solo B predominantemente argiloso
foi extraída de uma jazida localizada na Região Metropolitana do Cariri (RMC), no Distrito
Malhada, na zona rural do município de Barbalha, como mostra a Figura 11 à direita.
Figura 11 - Coleta do solo

Fonte: Autor (2019).


32

Após a coleta, as amostras de solo foram secas ao ar, até próximo da umidade
higroscópica, destorroada e quarteada como preconiza a ABNT NBR 6457.
Para a mistura dos solos foi utilizada 70% do solo predominantemente arenoso e
30% do solo predominantemente argiloso, como mostra a Figura 12. Essa dosagem foi
escolhida para alcançar uma proporção aproximada a considerada ideal por Neves e Faria
(2011), que é de 30% de argila e 70% de areia.

Figura 12 - Mistura do solo

Fonte: Autor (2019).

3.1.2 Ensaios de laboratório

3.1.2.1 Teor de umidade

Para obter o teor de umidade foi empregada a metodologia descrita no anexo da


ABNT NBR 6457.

3.1.2.2 Densidade real dos grãos

Densidade real dos grãos, ou massa específica real dos grãos, é a relação entre a
massa de uma amostra de solo e o volume ocupado pelas suas partículas sólidas, sem considerar
33

a porosidade. Sua obtenção é necessária para o cálculo do ensaio de sedimentação e determinar


índices físicos do solo. Esse ensaio é baseado na ABNT NBR 6458.

3.1.2.3 Análise granulométrica

A análise granulométrica foi realizada através da metodologia apresentada na


ABNT NBR 7181. O procedimento utilizado para a composição granulométrica do solo foi
feito em duas etapas: peneiramento e sedimentação. No peneiramento a amostra foi passada em
uma série de peneiras com abertura de malha de 50,0 mm até a de 0,075 mm. A sedimentação
foi realizada com adição de defloculante, que tem como objetivo dispersar as partículas do solo,
para que estas fossem depositadas isoladamente e suas dimensões determinadas. Os solos
utilizados na mistura apresentam as seguintes curvas granulométricas dadas nas Figuras 13 e
14.

Figura 13 - Curva granulometria do solo A

Fonte: Xavier (2015).


34

Figura 14 - Curva granulometria do solo B

Fonte: Uchôa (2019).

3.1.2.4 Limites de consistência

O ensaio do limite de liquidez segue a metodologia preconizada na ABNT NBR


6459. Já o ensaio do limite de plasticidade segue a metodologia da ABNT NBR 7180. Para
determinação do índice de plasticidade faz-se a diferença entre o limite de liquidez e limite de
plasticidade.

3.1.2.5 Ensaio de compactação

O ensaio de compactação segue o método preconizado na ABNT NBR 7182. A


energia aplicada no ensaio foi a Energia de Proctor Normal, como a granulometria do solo é
fina foi adotado o cilindro pequeno, no qual o solo foi compactado em 3 camadas, com 26
golpes por camada.
35

3.2 Produção dos corpos de prova

A moldagem dos corpos de prova solo-cimento para paredes monolíticas não possui
norma regulamentadora, porém, pela semelhança do material da taipa com outros estudos de
solo-cimento as normas brasileiras serão adotadas e adaptadas nesse trabalho.

3.2.1 Planejamento do ensaio

As normas semelhantes a taipa como a ABNT NBR 12024 e ABNT NBR 12025,
não citam o número de corpo de prova que devem compor a amostra. Entretanto, a ABNT NBR
12253 recomenda o mínimo de 3 corpos de prova. Porém, do ponto de vista estatístico esse
número de amostra reduzido não é significativo. Assim, para esse estudo será adotado apenas
2 corpos de provas por amostra, cujo valor adotado será a média.
Para moldagem a ABNT NBR 12024, estabelece um corpo de prova cilíndrico com
diâmetro de 100 mm e altura de 127,3 mm. Porém, este molde se mostra inadequado quanto a
geometria, a relação entre a altura e o diâmetro da seção transversal, h/d é igual a 1,27 e, de
acordo com Beer e Johnston Jr (2006) e Hamassaki e Santos (2013) a relação entre a altura e o
diâmetro da seção transversal, h/d não poderia ser inferior a 2, para que haja uma região central
ao longo do corpo de prova na qual ocorra distribuição uniforme de tensões, já que quanto mais
próximo das extremidades (regiões de aplicação da carga), menos uniformes são as tensões.
Este princípio é obedecido pela norma brasileira para concreto, ABNT NBR 8522 que
estabelece 1,98 ≤ h/d ≤ 2,02.
Assim, foi adotado um molde cilindro para os corpos de prova com altura de 200
mm e 100 mm de diâmetro, como mostra a Figura 15.

Figura 15 - Molde do corpo de prova

Fonte: Autor (2019).


36

As normas brasileiras para solo-cimento não preveem a determinação da resistência


a tração, mas por considerar um parâmetro importante para avaliação do desempenho estrutural
do material, neste trabalho será ensaiada a resistência quanto a tração através do método indireto
pela compressão diametral.
Portanto, para o estudo optou-se por moldar 8 corpos de prova de cada traço, sendo
4 para determinação da resistência a compressão e 4 para determinação da resistência a tração,
rompidos com tempo de cura de 7 e 14 dias.
Com objetivo de melhorar as propriedades finais de resistência da taipa, estabilizou-
se quimicamente com o cimento, esse foi adotado pois a mistura de solo é predominantemente
arenosa, a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) recomenda a adição de 10% de
volume de cimento no solo, porém, nesse estudo será adotado uma variação de 2,5% do
recomendado, assim, foi adotado as frações de 7,5, 10 e 12,5%. O cimento adotado foi o
Cimento Portland Composto com Pozolana, CP II-Z-32 RS da marca Votoran, pois é o mais
acessível no âmbito dos materiais de construção.

3.2.2 Preparação da amostra

Após a mistura de solo está previamente seca e destorroada, de acordo com o item
3.1.1, é feita a mistura dos materiais seco, como ilustra a Figura 16.

Figura 16 - Mistura seca solo-cimento

Fonte: Autor (2019).


37

De acordo com a umidade obtida no item 3.1.2.5 foi calculada para uma certa
porção de solo a quantidade de água necessária, e feita a mistura até completa homogeneização,
como mostra a Figura 17.

Figura 17 - Mistura úmida solo-cimento

Fonte: Autor (2019).

A verificação da umidade pode ser obtida empiricamente moldando-se um bolinho


entre os dedos e a palma da mão, ao se abrir a mão o bolo deverá ter a marca deixada pelos
dedos, e quando partido ao meio não se esfarela, como ilustra a Figura 18.

Figura 18 - Teste da umidade

Fonte: Autor (2019).


38

3.2.3 Moldagem dos corpos de prova

Após a preparação da amostra foi feita a compactação em três camadas de iguais


alturas, o número de golpes foi definido de acordo com o item 3.1.2.5, para a última camada foi
utilizado um funil encaixado na gola do molde para auxiliar na compactação, por fim, foi feito
o arrasamento com régua biselada.
Os corpos de prova foram desmoldados e a cura ocorreu ao ar livre, pois tentou-se
aproximar da condição mais semelhante a prática.

3.3 Caracterização mecânica da mistura solo-cimento

A caracterização mecânica é dada pelos ensaios de resistência à compressão axial e


a resistência à tração por compressão diametral. Os corpos de provas foram rompidos na prensa
hidráulica elétrica com capacidade de 100 tf da Solotest, como ilustra a Figura 19.

Figura 19 - Prensa hidráulica elétrica

Fonte: Autor (2019).


39

3.3.1 Ensaio de resistência à compressão axial

O ensaio de resistência à compressão axial foi realizado de acordo com a ABNT


NBR 12025, substituindo o Corpo de Prova 100 mm x 127,3 mm pelo Corpo de Prova 100 mm
x 200 mm, proposto no presente estudo.

3.3.2 Ensaio de resistência a tração por compressão diametral

O ensaio de resistência a tração por compressão diametral foi realizado de acordo


com a ABNT NBR 7222, onde houve alteração no tamanho do corpo de prova como visto
anteriormente no ensaio de compressão axial.
40

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são apresentados os resultados dos ensaios de caracterização física


do solo, da resistência à compressão axial e diametral.

4.1 Caracterização física do solo

4.1.1 Ensaio de umidade

A porcentagem de umidade média presente na amostra de solo foi de 1,81%, cujo


cálculos são apresentados no Apêndice A.

4.1.2 Densidade real dos grãos

A densidade real dos grãos foi de 2,684 g/cm³, cujo cálculos são relatados no
Apêndice A.

4.1.3 Análise granulométrica

A curva de distribuição granulométrica do solo e sua composição em função da


dimensão das partículas é apresentado na Figura 20 e o os dados do ensaio com seu respectivo
relatório de cálculo estão apresentados no Apêndice A.
41

Figura 20 - Curva granulométrica da mistura do solo

CURVA GRANULOMÉTRICA
100
PERCENTAGEM QUE PASSA (%)

90
80
70
60 Composição:
50 Pedregulho 0%
Areia grossa 1,5%
40
Areia média 50,5%
30 Areia fina 30%
20 Silte 6%
Argila 12%
10
0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
DIÂMETRO DOS GRÃOS (mm)
Fonte: Autor (2019).

Com a granulometria, Neves et al. (2011) recomendam as regiões indicadas no


diagrama triangular da Figura 21, para produção de blocos de terra comprimida e taipa. Logo,
a amostra estudada não se encaixa nessa faixa proposta.

Figura 21 - Composição indicada para blocos e taipa

Fonte: Neves et al. (2011).


42

4.1.4 Limites de consistência

Os ensaios para determinação dos Limites de Consistência apresentam os seguintes


resultados: Limite de Liquidez (LL) obteve-se um valor de 20%, e o Limite de Plasticidade
(LP) foi de 14%, com isso, o Índice de Plasticidade (IP=LL - LP) foi de 6%. Os resultados estão
detalhadamente apresentados no apêndice A.
A literatura frequentemente cita o índice plasticidade como um dos indicadores para
a escolha do estabilizante, por exemplo Houben e Guillaud (1995), recomendam o uso de
cimento para este solo com IP = 6% e aproximadamente 30% de partículas menores que
0,08mm, conforme o diagrama da Figura 22.

Figura 22 - Escolha do estabilizante

Fonte: Houben e Guillaud (1995).

De acordo com o regulamento suíço para construção com terra D 0111 (SAI, 1994),
recomenda-se as zonas assinaladas dentro do diagrama representado na Figura 23, no entanto,
essa amostra não se encaixaria nessa zona da taipa, assim, não seria totalmente adequado para
sua produção.
43

Figura 23 - Zona recomendada para taipa e adobe

Fonte: Adaptado do regulamento suíço D0111 (SAI, 1994).

4.1.5 Ensaio de compactação

O ensaio de compactação foi utilizado para obter a massa especifica seca máxima
e a umidade ótima, essa, será utilizada na mistura para obter a máxima compacidade do solo.
Assim a umidade ótima obtida foi de 10,7% e a massa especifica seca máxima de 2,005 g/cm³,
como ilustra a Figura 24, cujo os cálculos estão presentes no Apêndice A.

Figura 24 - Curva de compactação

s (g/cm³) Curva de Compactação


2,05

1,95

1,9

1,85
y = -0,0117x2 + 0,2518x + 0,6503
1,8 R² = 0,9523

1,75

1,7
6 7 8 9 10 11 12 13 14
Umidade (%)
Fonte: Autor (2019).
44

4.1.6 Avaliação da amostra de solo

A amostra é classificada como uma areia média argilosa de acordo com o Sistema
Unificado de Classificação do Solo (SUCS), e A-2-4 de acordo com a Highway Research Board
(HBR).
A Tabela 1, apresenta uma síntese dos parâmetros que a ABNT NBR 13553
preconiza e os resultados obtidos do solo em estudo.

Tabela 1 - Parâmetros da ABNT NBR 13553:2012


ABNT NBR 13553:2012 - Parede monolítica de solo-cimento
Parâmetros Requisitos Resultado Conclusão
Material que passa na peneira de 4,75 mm 100% 100% atende
Material que passa na peneira de 0,075 mm 15 a 50% 33% atende
Limite de liquidez (LL) ≤ 45% 20% atende
Índice de plasticidade (IP) ≤ 18% 6% atende
Quantidade de matéria orgânica não cita - -
Fonte: Autor (2019).

De acordo com a ABNT NBR 11798, pode-se resumir os parâmetros exigidos e


comparar com os obtidos em estudo, como mostra a Tabela 2.

Tabela 2 - Parâmetros da ABNT NBR 11798:2012


ABNT NBR 11798:2012 - Base de solo-cimento
Parâmetros Requisitos Resultado Conclusão
Classificação de acordo com ASTM D 3282 A1, A2 ou A2 atende
A4
Material que passa na peneira de 75 mm 100% 100% atende
Material retido na peneira de 19 mm ≤ 30% 0% atende
Material retido na peneira de 4,75 mm ≤ 40% 0% atende
Fonte: Autor (2019).

Portanto, o solo em estudo atende a totalidade dos requisitos estabelecidos pelas


normas brasileiras sobre solo-cimento.
45

4.2 Caracterização mecânica do solo-cimento

4.2.1 Ensaio de resistência à compressão axial

No ensaio de resistência à compressão axial, a força é aplicada na direção do eixo


dos cilindros, como ilustra a Figura 25.

Figura 25 - Corpo de prova antes


da ruptura axial

Fonte: Autor (2019).

Essa carga axial é gradualmente aumentada até ocasionar a ruptura do corpo de


prova, como representada na Figura 26.

Figura 26 - Corpo de prova após ruptura axial

Fonte: Autor (2019).


46

Conforme proposto no item 3.2.1, os corpos de provas foram rompidos e os


resultados obtidos estão presentes na Tabela 3.

Tabela 3 - Resultado do ensaio de resistência a compressão


RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL
7,5% DE CIMENTO 10% DE CIMENTO 12,5% DE CIMENTO
7 dias 14 dias 7 dias 14 dias 7 dias 14 dias
Carga (tf) 1,56 1,18 2,09 1,76 2,74 2,73 2,89 2,86 2,78 2,89 2,97 2,99
Tensão (MPa) 1,99 1,50 2,66 2,24 3,49 3,48 3,68 3,64 3,54 3,68 3,78 3,81
Tensão Média (MPa) 1,74 2,45 3,48 3,66 3,61 3,79
Fonte: Autor (2019).

4.2.2 Ensaio de resistência à tração por compressão diametral

Para o ensaio de resistência à tração por compressão diametral o corpo cilíndrico


foi colocado com o eixo horizontal entre os pratos da prensa, como mostra a Figura 27.

Figura 27 - Corpo de prova antes da ruptura


diametral

Fonte: Autor (2019).


47

Sendo aplicado uma força até a sua ruptura por tração indireta (ruptura por
fendilhamento), como ilustra a Figura 28.

Figura 28 - Corpo de prova após a ruptura


diametral

Fonte: Autor (2019).

Conforme proposto no item 3.2.1, os corpos de provas foram rompidos e os


resultados obtidos estão presentes na Tabela 4.

Tabela 4 - Resultado do ensaio de resistência a compressão diametral


RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DIAMETRAL
7,5% DE CIMENTO 10% DE CIMENTO 12,5% DE CIMENTO
7 dias 14 dias 7 dias 14 dias 7 dias 14 dias
Carga (tf) 1,21 1,14 1,31 1,23 1,69 1,8 1,78 1,98 1,8 1,9 1,95 2,1
Tensão (MPa) 0,35 0,33 0,38 0,35 0,48 0,52 0,51 0,57 0,52 0,54 0,56 0,60
Tensão Média (MPa) 0,34 0,36 0,50 0,54 0,53 0,58
Fonte: Autor (2019).

4.2.3 Comparação dos valores de resistência

A ABNT NBR 13553, preconiza que a resistência média à compressão simples, aos
7 dias, deve ser igual ou superior a 1,0 MPa, porém, não considera a função estrutural da mesma.
Já a ABNT NBR 12253, foi considerada como referência para a análise, a mesma
orienta que a resistência média à compressão seja igual ou superior a 2,1 MPa, aos 7 dias, porém
os parâmetros que estão envolvidos à taipa, diferem da pavimentação.
48

A amostra em estudo a partir do teor escolhido de 7,5% de cimento, já estaria apta


a ser utilizada para a taipa, pois se apresenta acima da resistência necessária pelas normas
citadas anteriormente.
A Tabela 5 apresenta os resultados de diversos autores sobre os estudos de
resistência da parede monolítica de solo-cimento nos mais variados teores, e tempo de cura.
Dentre os autores apresentados, o trabalho de Milani e Silva (2012), é o que
apresenta uma composição granulométrica mais próxima do solo em estudo, assim, com o
mesmo percentual de cimento e tempo de cura. Os resultados de resistência à compressão em
estudo são próximos aos resultados obtidos pelos autores anteriormente citados.

Tabela 5 - Estudo de estabilização solo-cimento de diversos autores


COMPOSIÇÃO TEMPO RESISTÊNCIA À RESISTÊNCIA
GRANULOMÉTRICA TEOR DE
DE CURA COMPRESSÃO À TRAÇÃO
CIMENTO
AUTORES AREIA SILTE ARGILA (dias) (MPa) (MPa)
7 1,92 0,276
14 1,94 0,279
28 1,93 0,278
Sato (2011) 40% 60% 5%
60 1,92 0,276
120 1,94 0,279
180 1,93 0,278
7 2,91 -
10%
28 4,93 -
7 2,32 -
11%
28 4,03 -
7 2,22 -
12%
Kolling et al. 28 3,56 -
9,8% 33,8% 56,4%
(2012) 7 2,44 -
13%
28 4,18 -
7 2,61 -
14%
28 4,4 -
7 2,52 -
15%
28 4,08 -
Milani e Silva
77% 5% 18% 10% 7 1,91 -
(2012)
Milani, Castro
e Bertocini 82% 18% 0% 10% 7 3,01 -
(2012)
Fonte: Autor (2019).
49

5 CONCLUSÕES

Em termos de exigências individuais a terra pode não ser o melhor material, não é
tido como melhor isolante térmico, ou quanto à melhor resistência à compressão, nem dispensa
totalmente a manutenção. No entanto, a terra consegue desempenhar um pouco de todas as
funções necessárias a um edifício e de forma satisfatória. Diante das necessidades ecológicas,
do esgotamento de recursos, da crise econômica e energética, a terra é uma solução bastante
viável.
Este trabalho pretendeu resgatar tecnologias e materiais rudimentares de grande
importância para a construção civil. A análise físico-mecânica da taipa foi realizada para
comprovar que uma construção com terra e uma quantidade mínima de aditivo pode ser muito
resistente.
Para isso, os ensaios laboratoriais foram indispensáveis, pois eles resultaram em
valores exatos que garantem o máximo aproveitamento das propriedades da terra. Já os ensaios
de campos, foram feitos apenas para uma primeira análise da tipologia do solo.
Em relação a aplicação dos resultados obtidos, a principal utilidade é orientar a
escolha da terra, e na escolha do teor de cimento, para atingir uma determinada resistência à
compressão desejada ou estabelecida por norma.
Entretanto, houve dificuldade para comparar os resultados obtidos nesse trabalho
com os encontrados por outros autores porque, inexistem normas especificas para a
caracterização física e mecânica da taipa, e a variação de composição granulométrica do solo e
suas possibilidades de estabilizantes permitem uma série de escolhas.
Os resultados obtidos são promissores, no sentido de alcançar os objetivos
propostos para o trabalho, fornecendo subsídios para futuras pesquisas. Assim, deseja-se que
em um futuro próximo, sejam criadas novas normas junto à Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT).
O presente trabalho ainda permite uma série de possibilidade de estudos futuros a
serem realizados, como:
 Análise estrutural da taipa de pilão;
 Avaliação da produtividade da taipa de pilão;
 Análise de viabilidade da taipa de pilão;
 Estudo do conforto térmico da taipa de pilão.
50

REFERÊNCIAS

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53

APÊNDICE A - ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DO SOLO

Para obter-se o teor de umidade da amostra temos os cálculos presente na Tabela 6.

Tabela 6 - Ensaio de umidade


TEOR DE UMIDADE
Cápsula 17 19 C2
M3(g) 15,61 11,76 15,6
M1(g) 58,89 50,75 53,8
M2(g) 58,21 50,05 53,1
w(%) 1,596 1,828 2,003
wmedio(%) 1,809
Fonte: Autor (2019).

Para obter-se a massa específica do solo, temos os cálculos presente na Tabela 7.

Tabela 7 - Ensaio de massa específica


ENSAIO DE MASSA ESPECÍFICA
r
PICNOMETRO M1(g) M2(g) M3(g) Temp. (ºC) dt
(g/cm³)
PIC 1 50 729,4 698,5 25,9 0,997 2,69401
PIC 2 50 729,27 698,5 26,5 0,997 2,67461
2,68431
Fonte: Autor (2019).

Para a análise granulométrica, temos o peneiramento grosso como mostrado na


Tabela 8, o processo de sedimentação na Tabela 9 e peneiramento fino na Tabela 10.

Tabela 8 - Peneiramento grosso


PENEIRAMENTO GROSSO
Peneira M. Retida M. Acumulada M. Passante P. Passante
N° (mm) (g) (g) (g) (%)
2" 50.00 0 0 1473.35 100.00
1 1/2" 38.00 0 0 1473.35 100.00
1" 25.00 0 0 1473.35 100.00
3/4" 19.00 0 0 1473.35 100.00
3/8" 9.50 0 0 1473.35 100.00
4 4.80 0 0 1473.35 100.00
Fonte: Autor (2019).
54

Tabela 9 - Sedimentação com defloculante


SEDIMENTAÇÃO COM
Data:
DEFLOCULANTE
15.04.2019 Leitura Temp. (ºC)
Hora inicial: Tempo 14 25,5
09:10 30 s 14 25,5
Hora final: 1 min 13 25,5
09:10 2 min 11,5 25,2
4 min 11,3 25,1
8 min 11 25
15 min 10,5 24,8
30 min 10,5 24,3
1h 10,5 24,3
2h 10,5 23,7
4h 10 23,5
8h 10 23,4
24 h 8,5 26,3
Fonte: Autor (2019).

Tabela 10 - Peneiramento fino


PENEIRAMENTO FINO SEM
DEFLOCULANTE
Peneira (mm) Massa retida Mi(g)
1,18 0
0,6 0,73
0,42 2,92
0,18 30,11
0,15 5,35
0,075 7,57
1,38
Fonte: Autor (2019).

A Figura 29 apresenta o gráfico de calibração do densímetro, necessário para


efetuar os cálculos de granulometria da porção fina.
55

Figura 29 - Calibração do densímetro

Fonte: Autor (2019).

Para os limites de consistência temos, a Tabela 11 para obtenção do limite de


plasticidade e limite de liquidez.

Tabela 11 - Limites de consistência


LIMITE DE PLASTICIDADE
Cápsula C2 36 C21 81 98
Tara 15,61 15,66 15,16 17,1 18,56
MBU 17,15 17,03 17,19 19 21,38
MBS 16,96 16,87 16,94 18,8 21,04

LIMITE DE LIQUIDEZ
Nº de golpes 23 35 36 17 27
Cápsula 24 B4 E1 C4 P1
Tara 7,94 6,56 7,11 7,57 7,29
MBU 20,78 15,53 15,88 15,3 15,36
MBS 18,69 14,15 14,49 13,9 13,99
Fonte: Autor (2019).

Para o ensaio de compactação temos um cilindro com volume de 1001,38 cm³ e


massa de 2319,00 g necessários para os cálculos das Tabelas 12 e 13.
56

Tabela 12 - Teor de umidade


TEOR DE UMIDADE
Cápsula 10 98 L04 77 19 C2 30 68 71 64 91 85
M3 (g) 12,45 11,63 12,21 18,91 11,89 15,61 12,09 15,56 11,96 16,76 13,4 12,8
M1 (g) 27,24 34,05 78,3 89,51 69,05 82,48 86,57 72,63 83,79 77,72 35,6 41,2
M2 (g) 26,19 32,94 74,8 83,89 64,47 77,22 79,56 67,31 76,53 71,19 32,9 37,9
W (%) 7,642 5,209 5,592 8,649 8,711 8,538 10,390 10,280 11,244 11,997 13,846 13,147
Wmedio
6,425 7,120 8,624 10,335 11,620 13,497
(%)
Fonte: Autor (2019).

Tabela 13 - Massa específica

1º 2º 3º 4º 5º 6º
Massa do cilindro + solo (g) 4226,8 4305,5 4407,6 4563,9 4553,8 4495,8
Massa do solo (g) 1907,80 1986,50 2088,60 2244,90 2234,80 2176,80
Massa especifica (g/cm³) 1,790147 1,8519 1,920129 2,031818 1,999385 1,915297
Fonte: Autor (2019).
57

ANEXO A – TABELAS DE CLASSIFICAÇÃO DO SOLO

Tabela 14 – Classificação (HBR – AASHO)

Fonte: DNIT (2006).

Tabela 15 – Classificação (SUCS)

Fonte: DNIT (2006).

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